quarta-feira, 15 de junho de 2011

Editora Delicatta (Participe da Antologia Delicatta VI)


Por um valor de 3 de R$ 70,00 participe da publicação do livro Antologia Delicatta VI - Poesia, contos e crônicas, receba 10 exemplares e concorra a um total de R$ 6.000,00 em prêmios em dinheiro.

Datas dos eventos:

Dia 14/11/2011 - Pré lançamento, Sarau e premiação: Itaú Cultural, Av Paulista, 149, a partir das 18hs

Dia 15/11/2011 - Sarau e Tarde de autógrafos na Livraria Saraiva Mega Store, Shopping Center Norte a partir das 15hs

Além da participação na coletânea, publicamos também seu livro solo:

Por um valor de 4 x de R$ 400,00

PUBLIQUE SEU LIVRO COM A EDITORA DELICATTA E AUTOGRAFE EM 14/11/2011

60 páginas
14x21
ISBN
Papel miolo 75gr
Capa 250gr 4 cores
Com orelhas
Capa Laminado brilhante
100 exemplares

PROMOÇÃO VÁLIDA SOMENTE ATÉ 20 DE JUNHO COM AS ESPECIFICAÇÕES ACIMA

VEJA O LANÇAMENTO DE 2010

http://www.youtube.com/watch?v=kt5Ruk1ZIBU

Abraço,
Luiza Moreira
Editora Delicatta
www.antologia-delicatta.com

Fonte:
Texto enviado pela Editora Delicatta

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 234)

Casarão da Poesia, em Currais Novos
Uma Trova Nacional

No refúgio desmanchamos,
quando ficamos a sós,
esses nós que carregamos
no fundo de todos nós!
–SELMA PATTI SPINELLI/SP–

Uma Trova Potiguar

Ao rever o sítio antigo
do meu passado risonho,
a saudade andou comigo,
lembrando sonho por sonho.
–JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN–

Uma Trova Premiada

2004 - Nova Friburgo/RJ
Tema: REFÚGIO - M/H

Velho pomar, foste um dia,
o meu refúgio mais terno:
viste brotar a poesia
em meu primeiro caderno!...
–ERCY Mª MARQUES DE FARIA/SP–

Uma Trova de Ademar

A mais triste Solidão
que os seres humanos têm
é abrir o seu coração...
Olhar e não ver ninguém!
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Enganam-se os ditadores,
que, no seu furor medonho,
mandam matar sonhadores,
pensando matar o sonho!
–JOUBERT DE ARAUJO/ES–

Simplesmente Poesia

–IARA MARIA CARVALHO/RN–
Destino

Nasci da poeira
e as estrelas
e sobreviverei
até o dia
em que me varrerem
pra baixo
da terra úmida.

Estrofe do Dia

Quando a tarde chega ao fim,
na terra esfria o calor,
a abelha volta ao cortiço,
o sereno cai na flor,
é quando a lua de prata
dança por cima da mata,
deixando o chão de outra cor.
–JOÃO PARAIBANO/PB–

Soneto do Dia

–HERMES FONTES/SE–
Solenemente

Juro por tudo quanto é jura...Juro,
Por mim, por ti, por nós...por Jesus Cristo,
Que hei de esquecer-te! Vê-me ...Estou seguro
Contra teu sólio cuja dor assisto.

E visto que dúvidas tanto...visto
Que ris do que é solene, te asseguro,
Juro mais: pelo ser em que consisto!
Por meu passado! Pelo teu futuro!

Juro pela Mãe Virgem Concebida!
Pelas venturas de que vou ao encalço!
Por minha vida...Pela tua vida!

Juro por tudo que mais amo e exalço:
E depois de uma jura tão comprida
Juro...Juro qu'estou jurando falso!.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Ialmar Pio Schneider (Mulheres nos Romances de Machado de Assis)


Quando permaneço, por instantes, analisando os trinta e um volumes da coleção dos livros do mestre do Cosme Velho, um sobressai entre os demais. É dele que me aventuro a discorrer, ou melhor, de onde retirei motivos para alguns versos de minha lavra. Acrescento que foram impressões de leitura que já me proporcionaram escrever algumas modestas poesias.

Há muito anos, li pela primeira vez, o romance Quincas Borba, de Machado de Assis, para o qual compus dois sonetos, sendo que um aproveitando o seu final, e que é assim:

“Eia! lamenta dos dois recentes mortos,
se lágrimas tiveres pra chorar,
se só tiveres risos a lhes dar
pois ri nem que sejam risos tortos.”

Só quem amou assim deveras, sabe
que se pode morrer também de amar,
e o afeto que às vezes não nos cabe
é uma desgraça que nos vai matar.

“O Cruzeiro que a divinal Sofia
não quis fitar, como Rubião pedia,
está tão alto pra não discernir

os risos e as lágrimas dos vivos”
que sofrem cá no mundo por motivos
alheios ao seu modo de existir.

Jornal de Novo Hamburgo
em 29.9.2010


Este soneto foi extraído, em parte, do maravilhoso romance de Machado de Assis, Quincas Borba, no enlevo final da leitura.

E o outro, descrevendo o tema romântico do livro, intitulei de Amor Proibido

– Pobre Rubião que quis o amor proibido,
o louco afeto que não era seu,
e sem desabafar num só gemido
nos mares da loucura pereceu.

Sofia há de lembrar o seu pedido
que sem saber por que não atendeu,
e o distante cruzeiro enaltecido
continuará brilhando lá no céu,

como chamando a cativante bela
que calma se aproxime da janela
e que venha fazer-lhe companhia.

E o vento desfolhando as lindas flores
há de chorar incompreensões de amores
por uma voz pungente de elegia…

Pudera haver tanta imagem em páginas de romance de quem sofreu por amor ? Basta ler o Prólogo da 3ª Edição, escrita pelo próprio Machado de Assis: “A segunda edição deste livro acabou mais depressa que a primeira. Aqui sai ele em terceira, sem outra alteração além da emenda de alguns erros tipográficos, tais e tão poucos que, ainda conservados, não encobririam o sentido.

Um amigo e confrade ilustre tem teimado comigo para que dê a este livro o seguimento de outro.

– “Com as Memórias Póstumas de Brás Cubas, donde este proveio, fará você uma trilogia, e a Sofia de Quincas Borba ocupará exclusivamente a terceira parte.” Algum tempo cuidei que podia ser, mas relendo agora estas páginas concluo que não. A Sofia está aqui toda. Continuá-la seria repeti-la, e acaso repetir o mesmo seria pecado. Creio que foi assim que me tacharam este e alguns outros dos livros que vim compondo pelo tempo fora no silêncio da minha vida. Vozes houve, generosas e fortes, que então me defenderam; já lhes agradeci em particular; agora o faço cordial e publicamente.” 1899. M. de A.

O perspicaz crítico literário Franklin de Oliveira, assim se expressou a respeito do romance, falando de algumas mulheres que povoam as obras de Machado de Assis:

Também aquela imagem do negativismo machadiano encontra contestação em suas figuras femininas. O único ser generoso, em Quincas Borba, é uma mulher: Fernanda. E generosas são as suas mulheres, mesmo quando nos parecem emaranhadas numa oculta lascívia, como Capitu, Fidélia, Flora, Virgília e a Sofia, que passeia o seu mistério nas páginas deste romance.”

Nenhum outro escritor brasileiro perscrutou tanto a alma feminina quanto Machado de Assis, fazendo com que as personagens fossem atraentes e misteriosas. A leitura dos seus livros sempre vale a pena, considerando o estilo elegante e a escrita escorreita. E por isto mesmo é sempre atual e exigível para os vestibulares. Leiam-no !

Fonte:
Texto enviado pelo autor

Monteiro Lobato (Histórias de Tia Nastácia) XLIV - História dos Dois Ladrões


Era uma vez um boiadeiro lá do sertão, que tinha cara de bobo e fumaças de esperto. Um dia veio ao Rio de Janeiro gastar os cobres duma boiada. Logo que desceu do trem e ia se encaminhando para um hotelzinho próximo, foi abordado por um homem de cara ainda mais boba que a sua.

— Boa noite, meu senhor! — saudou o homem humildemetne.

O boiadeiro respondeu com um "boa noite" desconfiado, e foram andando juntos. O homem começou a contar uma história muito comprida. Disse que era da roça e estava completamente zonzo naquela capital. Não conhecia ninguém, não sabia tomar bondes, atrapalhava-se com qualquer coisinha — e o pior de tudo era o medão de ser roubado.

— Isto aqui — disse ele — é gatuno de todos os lados. Ninguém pode confiar em ninguém. Os piratas não dormem. Se a gente está com dinheiro no bolso, eles conhecem pelo cheiro — e tanto fazem que deixam uma pessoa limpa.

— Se o senhor tem tanto medo, é sinal de que está empatacado — disse o boiadeiro.

O homem correu os olhos, com desconfiança, dum lado e doutro; depois respondeu quase num cochicho:

— O senhor adivinhou. Todo o meu medo vem de trazer no bolso um pacote de notas no valor de dez mil cruzeiros, que lá na minha terra me encarregaram de entregar à Santa Casa. Mas não sei onde é a Santa Casa. Se pergunto, ensinam-me errado — ou então desconfiam de que estou com dinheiro.

E deu um suspiro. Depois continuou:

— Aquela gente lá da roça não imagina o que é isto aqui. Nem eu imaginava coisa nenhuma. Se soubesse, não vê que não me encarregava deste maldito dinheiro. Dez mil cruzeiros! Se perco o pacote, ou se algum pirata me passa a perna, vão dizer por lá que roubei — e fico desacreditado.

— E que pretende fazer? — indagou o boiadeiro.

— Minha idéia é descobrir um homem de bem que queira encarregar-se da entrega do dinheiro. Mas não acho esse homem. As caras desta terra não me inspiram a menor confiança. Só a sua. Assim que vi o senhor, tive um pressentimento no coração: "Aquele, sim, aquele tem cara de homem de bem." Por isso me aproximei.

O boiadeiro ficou muito lisonjeado com a boa idéia que o homem fazia dele.

— Lá isso, sou. Graças a Deus tenho um nome limpo. Quem quiser tratar com pessoa séria, me procure.

O homem do pacote suspirou.

— Deus seja louvado! Custou, mas achei. Meu coração não nega. Quando o vi descendo esta rua; palpitei cá comigo: "Meu salvador vai ser aquele homem..."

— Mas de que maneira acha que eu possa servi-lo? — perguntou o boiadeiro.

— Dum modo muito simples. Eu lhe dou o pacote dos dez mil cruzeiros e o senhor faz a entrega à Santa Casa.

Os olhos do boiadeiro brilharam.

— Pois estou às suas ordens — disse ele. — Neste mundo um tem de servir o outro. Já que lhe inspiro tanta confiança, disponha dos meus préstimos.

— Ora graças! — suspirou o homem, tirando o pacote do bolso. Era um pacote de notas graúdas, muito bem amarrado, com uma de cem cruzeiros em cima.

— Pois aqui está o pacote, meu senhor. E eu fico imensamente agradecido da sua bondade, Ah, nem imagina o peso que me tira do coração! Uf! Esse dinheiro estava me deixando doido...

O boiadeiro pegou no pacote e foi abrindo a mala para guardá-lo.

— Espere — disse o homem. — Eu tenho no senhor a mais absoluta confiança, mas sempre é bom que me dê uma garantiazinha — aí um dinheirinho qualquer, porque afinal de contas eu acabo de lhe entregar dez mil cruzeiros. Dez mil cruzeiros é uma fortuninha...

O primeiro ímpeto do boiadeiro foi restituir o pacote. Depois mudou e disse, pondo a mão no bolso:

— Serve uma garantia de mil e quinhentos cruzeiros? É todo o dinheiro que tenho no bolso.

O homem cocou a cabeça vacilante. Afinal resolveu:

— Serve. É pouco, mas serve...

O boiadeiro puxou os cobres e deu a de mil e quinhentos cruzeiros. Despediram-se cada qual seguindo numa direção.

— Dez mil cruzeiros! — foi murmurando o boiadeiro. — Dez mil cruzeiros! Para que precisa a Santa Casa de tanto dinheiro? Muito melhor eu distribuir isto lá pelos pobres da minha terra — pelo menos metade. É justo que a outra metade fique comigo, em pagamento do trabalho...

No hotel pediu um quarto, onde se fechou para contar o dinheiro. Só encontrou aquela nota de cem cruzeiros. O resto era papel de jornal...
============
— Isso é o célebre conto-do-vigário, vovó! — gritou Pedrinho. — Todos os dias leio nos jornais coisas assim — e só me admiro de ainda haver gente que vá na onda. Como há bobos no mundo!...

— Como há patifes, isso sim — emendou dona Benta. — O segredo do conto-do-vigário é que um quer passar a perna no outro. Trata-se dum duelo entre dois tipos de ladrões — o ladrão esperto e o ladrão bronco. O bronco apanha o pacote — o esperto apanha a garantia. Eu, se fosse a polícia, punha os dois na cadeia.

— Mas isso não é história do folclore — disse Narizinho.

— Como não? Se é um produto do povo, é folclore do legítimo. Note que o principal elemento de todas as histórias é o logro. Seja príncipe ou jabuti, um logra o outro. A variedade está só nos jeitinhos do logro. O conto-do-vigário é um desses mil jeitos do esperto apanhar o dinheiro do bronco — num caso em que o bronco também é ladrão.

— Ah! — exclamou Emília. — Eu é que queria que alguém viesse para cima de mim com um pacote da Santa Casa...

— Que fazia?

— A coisa mais simples do mundo. "Quer garantia, meu caro senhor? Pois então abra o pacote e tire quanto quiser." Bastava isso.

— Bom, essa é a resposta natural duma pessoa honesta — mas quem cai no conto não é honesto. Assim que vê o pacote já fica assanhado para pegar o dinheiro, e portanto fará tudo, menos abrir o pacote.

— E agora? — perguntou Pedrinho.

— Agora chega — disse dona Benta. — Vocês já devem estar empanturrados de histórias.

— Eu confesso que estou — disse Emília. — Estou cheinha de reis e príncipes e princesas encantadas e velhas corocas e jabutis e veados e onças. Sinto até um gostinho de jardim zoológico na boca.

— Também eu estou farta — disse Narizinho. — Histórias do povo não quero mais. De hoje em diante, só as assinadas pelos grandes escritores. Essas é que são as artísticas.

— Bem — concluiu dona Benta. — Da próxima vez contarei só histórias literárias, isto é, as escritas pelos tais grandes escritores. Agora cama! Narizinho já bocejou três vezes...

E a criançada foi dormir.

FIM

Fonte:
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. SP: Brasiliense, 1995.
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source

Alerta (Errata nos Jogos Florais de Santos)


Em virtude de erro de digitação (minha), a trova abaixo (Reage se a sorte inglória) estava de autoria de Eduardo A. O. Toledo, quando na verdade é de Edmar Japiassú Maia. Então, faltou a trova do Toledo (O destino, sobretudo,) que também já está colocada na postagem.

Reage se a sorte inglória
em teu destino é chegada,
que há uma noite obrigatória
entre o poente e a alvorada!
EDMAR JAPIASSÚ MAIA (Rio de Janeiro/RJ)

O destino, sobretudo,
numa visão alongada,
é uma incerteza de tudo
ante a certeza do nada!
EDUARDO A. O. TOLEDO (Posuo Alegre/MG)

Aos autores das trovas, os meus pedidos de desculpas pela falha.
José Feldman

XV Jogos Florais de Santos (Classificação Final)


Homenagem

Ao identificarmos os classificados nos Nossos Jogos Florais, grande foi a emoção quando, cdoração ainda bastante dolorido pelo recente falecimento do nosso querido Irmão MILTON NUNES LOUREIRO, vimos seu nome surgir de um dos
envelopes. Milton Marcava sua presença em Santos, como prometera, há dois meses atrás!

Assim, em justificadíssima homenagem, substituímos a Menção Honrosa que conquistara, pela classificação extra de Vencedor, que outro título não merece quem levou a termo vinte e dois Jogos Florais à frente da UBT/Niterói, por ele presidida por tantos anos! Deixa saudades nosso querido irmão!

Sendo um mistério profundo,

que a gente nunca pressente,
Destino é força do mundo
regendo a vida da gente...

MILTON NUNES LOUREIRO - VENCEDOR

CONCURSO NACIONAL / INTERNACIONAL
Tema: Destino


VENCEDORES


Destino, fado ou o que for
isso tudo é só brinquedo.
- Na história real do amor,
cria o amor seu próprio enredo.
A. A. de ASSIS (Maringá/PR)

Desde os tempos de criança,
meu destino faz trapaças:
enche as taças de esperança
e depois...derruba as taças!
EDMAR JAPÍASSÚ MAIA (Rio de Janeiro/RJ)

Reage se a sorte inglória
em teu destino é chegada,
que há uma noite obrigatória
entre o poente e a alvorada!
EDMAR JAPIASSÚ MAIA (Rio de Janeiro/RJ)

O destino, sobretudo,
numa visão alongada,
é uma incerteza de tudo
ante a certeza do nada!
EDUARDO A. O. TOLEDO (Posuo Alegre/MG)

Convivem dentro de mim,
o “eu profano” e o “eu divino”;
um demônio, um querubim,
formatando o meu destino!
FRANCISCO DE NEVES MACEDO (Natal/RN)

Sou tal qual um beduíno,
na vastidão do deserto,
levado pelo destino
para o meu destino incerto!
FRANCISCO NEVES DE MACEDO (Natal/RN)

Sem pretensão, eu domino
os fados que são só meus...
Quero levar meu destino
para os destinos de Deus!
JOÃO FREIRE FILHO (Rio de Janeiro/RJ)

Em nosso viver diário,
de contratempos sem conta,
a gente monta um cenário,
chega o destino e desmonta!
JOSÉ TAVARES DE LIMA (Juiz de Fora/MG)

E por falar em destino,
seus caminhos desconheço.
Como entender o divino
se nem o humano conheço.
JOTA DE JESUS (Saquarema/RJ)

O destino traiçoeiro
separou-nos, sem piedade,
mas o amor fez do carteiro
o porta-voz da saudade.
WANDA DE PAULA MOURTHÉ (Belo Horizonte/MG)

MENÇÕES HONROSAS

Qual o vento, quando muda,
leva a nuvem que o céu cobre,
muita vez pequena ajuda
muda o destino de um pobre.
A. A. DE ASSIS (Maringá/PR)

Por perguntas sem respostas...
Por mil escolhas erradas...
Ah!, Destino, em tuas costas
quantas culpas são lançadas!...
ARLINDO TADEU HAGEN (Belo Horizonte/MG)

Aquele amor do passado
só na lembrança ficou,
pois nosso encontro marcado
o destino desmarcou!
CLENIR NEVES RIBEIRO (Nova Friburgo/RJ)

O destino é meu parceiro
quando, em meio à tempestade,
eu tenho por timoneiro
o próprio Deus da verdade.
FLÁVIO ROBERTO STEFANI (Porto Alegre/RS)

Papel limpo...cristalino,
a vida é assim, como deve.
A história do seu destino
você mesmo é quem escreve...
GILVAN CARNEIRO DA SILVA (São Gonçalo/RJ)

O sonho, às vezes tão lindo,
é uma pipa que à tardinha,
quando no céu vai subindo,
o destino corta a linha.
HEGEL PONTES (Juiz de Fora/MG)

Mesmo que eu renove as trilhas,
desviando a caminhada,
não escapo às armadilhas
que o destino põe na estrada!
JOSÉ LUCAS DE BARROS (Natal/RN)

Destino, esta vida atroz
é jogo no qual te fartas
de triunfar sobre nós,
que nunca damos as cartas!
NEWTON VIEIRA (Curvelo/MG)

No amor eu fui peregrino,
só você me conquistou...
Eu não mudei meu destino,
mas o meu, você mudou!
RODOLPHO ABBUD (Nova Friburgo/RJ)

Destinho - senhor medonho -
que, às vezes, com falso embalo,
mostra a magia de um sonho,
mas não nos deixa alcançá-lo.
THEREZA DA COSTA VAL (Belo Horizonte/MG)

MENÇÕES ESPECIAIS

No meu barco repentino,
vou remando, sem estrilo:
- eu não sei o meu destino,
Deus sabe mas faz sigilo...
AÍLTO ROGRIGUES (Nova Friburgo/RJ)

Destino! É dada a partida...
O trem resfolega...e sai,
E a gente embarca na vida,
sem saber por onde vai!
ANTÔNIO CARLOS T. PINTO (Brasília/DF)

Não culpes o teu destino,
mas levanta resoluto!
Não temas o sol a pino,
que a seu tempo vem o fruto.
CARLOS ALBERTO DE ASSIS CAVALCANTI (Arcoverde/PE)

Soam plangentes os sinos
nos ritos dos funerais...
Por diferentes destinos,
temos destinos iguais.
DULCÍDIO DE B. M. SOBRINHO (Juiz de Fora/MG)

Trovador, terceira idade,
destino as horas vazias,
para que a própria saudade,
escreva as minhas poesias!
EDERSON CARDOSO DE LIMA (Niterói/RJ)

Meu destino é nau sem fim
que o mar da vida levou...
Nem disse de onde eu vim,
nem disse para onde eu vou!!!
EDUARDO A. O. TOLEDO (Pouso Alegre/MG)

Meu destino eu mesmo imponho,
senhor dos meus universos...
Não posso abdicar do sonho
que enche de amor os meus versos!
GILVAN CARNEIRO DA SILVA (São Gonçalo/RJ)

Olhei-te...Também me olhaste.
E o destino, sedutor,
camuflou todo o contraste
nas cegas tramas do amor!
MARIA HELENA O. COSTA (Ponta Grossa/PR)

Perdi...E a sorte malsino
se amor não me tens, agora...
No jogo do teu destino
fui carta jogada fora!
THEREZA DA COSTA VAL (Belo Horizonte/MG)

Sonhar com dias risonhos,
impõem-nos desde menino,
mas não ensinam que os sonhos
não mudam nosso destino.
WANDIRA FAGUNDES QUEIROZ (Curitiba/PR)

Quando o destino me lança,
em tristes vielas tortas,
eu sinto o sol da Esperança,
revivendo auroras mortas...
YVONE TAGLIALEGNA PRADO (Belo Horizonte/MG)
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CONCURSO ESTADUAL (SP)
Tema: Onda


VENCEDORES


Dos beijos que cegaram,
não guardo saudade alguma,
foram ondas que passaram
sem sequer deixar espuma...
ALBA CHRISTINA CAMPOS NETTO (São Paulo/SP)

Nas ondas sentimentais
que o meu barco sempre avista,
posso encontrar temporais,
mas meus sonhos vão na crista.
ALBA CHRISTINA CAMPOS NETTO (São Paulo/SP)

Abre o mar meu relicário
e oferece à lua cheia,
lindas conchas de um rosário,
que as ondas deixam na areia.
CAMPOS SALES (São Paulo/SP)

Sobre as ondas sem receio,
o jangadeiro arredio,
lembra um peão de rodeio,
domando um potro bravio.
CAMPOS SALES (São Paulo/SP)

No meu corpo, mar revolto,
quando o desejo me invade,
o teu vulto “surfa” solto
nestas ondas de saudade.
DOMITILLA BORGES BELTRAME (São Paulo/SP)

Às vezes, em desatino,
eu vou perguntando assim:
por que as ondas do destino
vão te afastando de mim?
IZO GOLDMAN (São Paulo/SP)

Junto à praia, a contrastar
com a fúria das marés,
as ondas calmas do março
beijam de leve, meus pés!
RENATA PACCOLA (São Paulo/SP)

Morena, que te amo tanto,
e desprezas meus desvelos:
deixa afogar o meu pranto
nas ondas dos teus cabelos...
SELMA PATTI SPINELLI (São Paulo/SP)

O vento, zéfiro alado,
cavalga a onda e ponteia:
e a onda, num rendilhado,
vem descansar sobre a areia.
SELMA PATTI SPINELLI (São Paulo/SP)

Quando chegou, foi sincero:
- Sou onda do mar, meu bem.
Depois se foi...e eu espero...
toda a onda...vai e vem!
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA (São Paulo/SP)

MENÇÕES HONROSAS

A beleza do luar
e a solidão que me invade,
me lavam a mergulhar
numa onda de saudade.
ARGEMIRA FERNANDES MARCONDES (Taubaté/SP)

Neste mar de guerra e paz
alternando luz e treva,
a vida é onda que traz,
a morte é a onda que leva.
CAMPOS SALES (São Paulo/SP)

Qualquer onda eu desafio,
sou surfista destemida
neste imenso mar bravio
que nós chamamos de Vida!
ERCY MARIA M. DE FARIA (Baurú/SP)

Ondas...mansas ou revoltas,
em noites de lua cheia
criam mil pérolas, soltas
com que o mar enfeita a areia...
HÉRON PATRÍCIO (São Paulo/SP)

Olho as ondas se batendo
no penhasco, junto ao mar,
parecem sonhos morrendo,
beijados pelo luar.
LYGIA T. FUMAGALLI AMBROGI (Taubaté/SP)

Ondas vão, mas voltarão...
Na praia fica a cismar
que elas servem de lição
para eu ir, depois voltar.
MARIA IGNEZ PEREIRA (Mogi Guaçu/SP)

Sua lembrança me alcança
e a saudade me desperta
mas, as ondas da esperança
morrem na praia deserta!...
MARILÚCIA REZENDE (São Paulo/SP)

Foi uma noite de amor
mas partiste no arrebol
me deixando o teu calor
entre as ondas do lençol....
MARINA BRUNA (São Paulo/SP)

O vento faz serenata
e o mar se põe a cantar
versos, em ondas de prata,
de uma poesia... ao luar...
ROBERTO TCHEPELENTYKY (São Paulo/SP)

Falou de amor...achei graça...
e quase que eu disse não!
Mas, para minha desgraça,
“fui na onda” da paixão.
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA (São Paulo/SP)

MENÇÕES ESPECIAIS

Nosso amor sem sintonia,
nos deixou com igualdade,
ondas curtas de alegria,
ondas longas de saudade.
ALBA CHRISTINA CAMPOS NETTO (São Paulo/SP)

Velho mar, o seu bailado
das ondas nos vem provar,
que nada existe de errado
às vezes em recuar...
ERCY MARIA MARQUES DE FARIA (Baurú/SP)

A onda toda vez quando
na praia vem deslizar,
parece o pranto rolando
dos olhos tristes do mar...
ERCY MARIA MARQUES DE FARIA (Baurú/SP)

As ondas laboriosas
urdindo em verdes teares,
desenham rendas mimosas
para as noivas de seus mares!...
EDNA VALENTE FERRACINI (São Paulo/SP)

Enfrento as ondas bravias
que o mar da vida me traz...
Assim conquisto os meus dias
e tenho noites de paz.
MAURÍCIO CAVALHEIRO (Pindamonhangaba/SP)

Em noite de lua cheia,
numa carícia risonha,
as ondas beijam a areia,
tal qual o poeta sonha!
LUIZ CARLOS JUNIOR (Pindamonhangaba/SP)

Ante o teu corpo, sou cego
tateando com desvelos,
e com meus dedos navego
nas ondas dos teus cabelos...
RENATA PACCOLA (São Paulo/SP)

Já não sou onda que assola
a praia desta paixão,
hoje sou simples marola
no mar do seu coração!
ROBERTO NINI (Moji Guaçu/SP)

Meu destino foi traçado
quando a onda, no convés,
veio forte, e de bom grado,
me fez cair aos teus pés!
SELMA PATTI SPINELLI (São Paulo/SP)

Meus sonhos morrem ou crescem,
retratando esta aparência:
ondas que sobem e que descem
no mar da minha existência!....
MARILÚCIA REZENDE (São Paulo/SP)

CONCURSO LOCAL (SANTOS)
Tema: Jardim


VENCEDORES


Na vida de um trovador....
florindo sonhos diversos,
a Trova é um Jardim de Amor...
Num trevo de quatro versos!!!!
ANA MARIA GUERRIZE GOUVEIA

Se a poesia nasce em mim,
assim como nasce a planta...
Presumo ter um jardim,
na minha alma quando canta...
ANA MARIA GUERRIZE GOUVEIA

Em um jardim da cidade,
tendo a sua companhia,
eu já nem sinto saudade
dasaudade que eu sentia....
ANTÔNIO COLAVITE FILHO

Nos jardins da humanidade
está faltando uma flor...
É a nossa fraternidade
e o seu perfume de amor!
EDNA GALLO

Seja qual for o motivo
segue na doce ilusão,
tendo sempre um sonho vivo
no jardim do coração.
MARIA NELSI SALES DIAS

MENÇÕES HONROSAS

Num jardim – abrindo flores...
Deus fez surgir, majestosa,
a alma dos trovadores,
quando foi abrir a rosa!!!
ANA MARIA GUERRIZE GOUVEIA

Semeio rimas cruzadas
qual jardineiro em labor
para colher, perfumadas
as Trovas, flores do Amor!
ANTÔNIO COLAVITE FILHO

A Lua, não sei por onde,
espera o Sol na jornada
brincando de “esconde-esconde”
nos jardins...da madrugada...
ANTÔNIO COLAVITE FILHO

No meu jardim perfumado
de matizes multicores,
eu vejo Deus disfarçado
no meio das belas flores!
EDNA GALLO

Ao passar pelo jardim
lar da minha mocidade,
tua imagem veio a mim
com a mais doce saudade!
NAIR LOPES RODRIGUES

MENÇÕES ESPECIAIS

As estrelas são no céu
como flores no jardim,
dispersas, soltas ao léu
em primaveras sem fim!
CYNIRA ANTUNES DE MOURA

Meus sonhos de primavera
embalados de paixão,
foram rosas de quimera
nos jardins de uma ilusão!
EDNA GALLO

Flores, luar e jardim,
três belezas reunidas
que fazem brotar em mim
o encanto de nossas vidas.
ILZE DE ARRUDA CAMARGO

No jardim de rima e prosa
do meu peito sonhador
és o cravo e eu a rosa
na primavera do amor....
MARIA NELSI SALES DIAS

Borboletas multicolores
sobrevoam o jardim,
adornando nossas flores
de uma beleza sem fim.
ZAÍRA ALMEIDA GOMES
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Amanhã continua com Trovadores de Origem Hispânica, com o tema Paz

Fonte:
Livreto dos XV Jogos Florais de Santos/ 2011

terça-feira, 14 de junho de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 233)


Uma Trova Nacional

Quase entrou em parafuso,
releu para ter certeza
o telegrama do luso:
"Chego amanhã, de surpresa"...
–LICÍNIO ANTÔNIO DE ANDRADE/MG–

Uma Trova Potiguar

Eu não sei bem se é pecado,
só sei que fiz e não nego;
já roubei um aleijado
para socorrer um cego.
–LUIZ XAVIER/RN–

Uma Trova Premiada

2007 - São Paulo/SP
Tema : FOGO - Venc.

“De fogo”, o Zeca reclama;
– nessa lei eu não me amarro...
Quem criou esse programa
de gastar álcool com carro???
-HÉRON PATRÍCIO/MG-

Uma Trova de Ademar

Ela nunca me corneia,
pois eu sou muito sortudo...
Quem casa com mulher feia
é difícil ser chifrudo!
-ADEMAR MACEDO/RN-

...E Suas Trovas Ficaram

Sem cartola e sem magia
tem muito lalau que enrica!
A verba segue outra via
E somente “Fraude” explica.
-HILDEMAR DE ARAÚJO/BA-

Simplesmente Poesia

–SERGIO AUGUSTO SEVERO/RN–
Bem Aventurados

Bem aventurado o Surdo
por não ter a imposição
de Domingo, no Faustão,
escutar tanto absurdo.

E ao Mudo, também bendigo,
por não repetir Galvão,
ao referir-se ao amigo,
gritar com afetação:

Ronaldinho!!... Ronaldinho!!
(e o atleta, "redondinho",
perde o gol e ajeita a meia).

São Sílvios, Biais, Faustões...
que bom se essas transmissões,
fossem feitas... em Cadeia !!

Estrofe do Dia

No lugar que o moço está
qualquer um velho se arreda,
o moço é quem faz a farra
o velho é quem se embebeda;
o moço leva a topada
e o velho é quem sofre a queda.
–PINTO DE MONTEIRO/PB–

Soneto do Dia

BASTOS TIGRE/PE–
Argumento de Defesa

Disse alguém, por maldade ou por intriga,
Que eu de Vossa Excelência mal dissera:
Que tinha amantes, que era "fácil", que era
Da virtude doméstica, inimiga.

Maldito seja o cérebro que gera
Infâmias tais que em cólera maldigo!
Se eu disse tal, que tenha por castigo
O beijo de uma sogra ou de uma fera!

Senhora! pondo a mão sobre a consciência,
Minha palavra, impávida, protesta
Contra essa intriga da maledicência!

Indague a amigos meus; qualquer atesta
Que eu acho e sempre achei Vossa Excelência
Feia de mais para não ser honesta...

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Monteiro Lobato (Histórias de Tia Nastácia) XLIII - O Alcatraz e o Eider


Havia uma disputa entre o alcatraz (espécie de pelicano) e o eider...

— Antes de mais nada — pediu Narizinho — explique que bichos são esses.

— O alcatraz é uma ave marinha que tem um saco debaixo do bico. Uma ave com fama de ser a mais glutona de todas. Por isso os homens de certas zonas utilizam-na para a pesca. Botam-lhe uma argola no pescoço, debaixo do tal saco, de modo que o alcatraz pesque o peixe mas não possa engoli-lo. E o eider é um patão marinho dos países frios, famoso pela maciez de sua pluma; muito usada para travesseiros e acolchoados.

Bem. O alcatraz e o eider andavam brigando justamente por causa da pluma. Cada qual queria ter o privilégio de produzi-la. Por fim combinaram uma coisa.

Ficaria com o privilégio da pluma o que acordasse mais cedo e avisasse ao outro de que o sol estava nascendo.

Disposto a ganhar a partida custasse o que custasse, o alcatraz resolveu passar a noite acordado. Já o eider tratou de dormir o mais cedo possível. Sono, porém é sono. Quando chega não há quem agüente, de modo que lá pela madrugada o alcatraz estava de não poder mais consigo. Tinha de fazer esforços tremendos para conservar os olhos abertos.

De repente não pôde mais, cochilou — e teve um pesadelo, pondo-se a gritar: "O sol! O sol está nascendo!

A gritaria acordou o eider, que ficou a rir-se de ver o pobre alcatraz naquela luta para resistir ao sono. Por mais que fizesse, o sono o ia vencendo. Afinal sua cabeça pendeu e ele dormiu duma vez.

Justamente nesse instante o sol começou a levantar-se.

— O sol! O sol! Lá vem vindo o sol! Ganhei! — gritou o eider.

E teve de sacudir o alcatraz para acordá-lo.

Desde então ficou o eider com o privilégio das plumas maciíssimas — tudo porque soube fazer as coisas.
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— Está aí um ponto meio duvidoso — disse Pedrinho. — O eider não soube fazer nada — apenas dormiu. Teve sorte, isso sim.

— Espere, Pedrinho. Note que o alcatraz, muito estupidamente, quis forçar a vitória, e a vitória não gosta de vir desse modo. Já o eider respeitou as leis da natureza, não forçou coisa nenhuma.

— Que lei?

— A lei do sono. A sabedoria do eider foi tratar de dormir o mais cedo possível. Era o meio de estar bem acordadinho à hora do nascer dó sol. O alcatraz contrariou a lei do sono — e pá! levou na cabeça,

— Por falar em eider, vovó, não poderíamos criar essa ave aqui? — perguntou a menina. — Teríamos plumas para os nossos travesseiros — coisa muito, melhor que macela.

— Pois eu em vez de plumas de eider preferia papos de alcatraz, para pescar de argola na lagoa — disse Emília.

— Impossível — respondeu dona Benta. — Essas aves não agüentariam o nosso clima.

Muito quente para elas.

— Poderiam dormir na geladeira — lembrou Emília.

— Ei, ei, ei! — exclamou Narizinho. — Eu já andava admirada dum livro inteiro sem uma asneirinha só...

— E agora vovó? — indagou Pedrinho. — Que história vai contar?

— Creio que chega. Com tantas histórias assim, vocês apanham uma indigestão.

— Mais uma apenas, para fechar a série. Pedrinho pensou um bocado.

— Uma de onde?

— Uma do Rio de Janeiro, por exemplo — uma bem carioca.

Dona Benta olhou para o forno. Depois riu-se e contou
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Obs: A pluma do eider chama-se edredão; o mesmo nome «e dá ao travesseiro ou acolchoado que contém pluma.
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Continua… XLIV – História dos Dois Ladrões
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Fonte:
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. SP: Brasiliense, 1995.
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source

Antonio Brás Constante (O Destino do Último Homem Fiel (Homenagem aos namorados))


Seu nome era Sandoval. Ele era do tipo cafajeste. Apelidado na região de “rei dos safados”. Conheceu Albertina e caiu de amores por aquela mulher. Ela, porém, era um poço de desconfiança, que não queria nada com aquele canalha. Mas o amor trilha caminhos misteriosos, transformando aquele calhorda incurável em um obstinado apaixonado.

Ele prometeu que se os dois casassem mudaria seu jeito de ser. Seria o marido fiel que ela gostaria de ter. Ninguém acreditou, nem ela. Porém, de tanto ele insistir, a moça acabou cedendo aos seus encantos de cafajeste convertido em bom moço.

Ela concordou em se casar, mas com uma condição: que ele nunca traísse o seu amor, sob pena de morte. Falava sério, olhando nos olhos dele, pois era uma mulher de palavra. Ele jurou por todas as almas dos parentes que tinha e dos que nem mesmo existiam que seria fiel.

Casaram-se. O tempo foi passando. Ela sempre observadora. Ele sempre demonstrando ser o mais leal possível.

Um belo dia algo aconteceu. Ele perdeu o seu celular. Não soube explicar como, mas perdeu. Procurou por todos os lugares. Ligou para o aparelho e nada.

A mulher, que já estava quase totalmente acreditando na fidelidade do marido, voltou a ter desconfianças sobre sua pessoa. Aquela história não estava bem contada. Um celular não desaparece assim.

O destino, porém, tem caprichos que o próprio amor desconhece. Para azar do infeliz ex-cafajeste, um rapaz achou seu celular sem bateria, colocou-o no bolso do casaco e andando vários dias com ele de um lado para o outro. Após uma bebedeira em uma boate, o referido rapaz acabou deixando o celular em um dos quartos, saindo sem pagar a conta.

A garota que estava com o rapaz, ao perceber que ele tinha sumido enquanto ela estava no banheiro, fica enraivecida pelo não pagamento de seus “serviços”, mas encontra o celular próximo a cama onde estavam as roupas dele. Ela então pede emprestado um carregador de bateria para suas colegas e aciona o aparelho. Vasculha na sua agenda e encontra um endereço denominado “casa” e liga para lá. A esposa de Sandoval atende. A mulher da boate fala poucas e boas do homem que ambas julgam ser a mesma pessoa.

Quando o marido chega em casa, após um dia cansativo de serviço, encontra a mesa toda arrumada. Flores e velas enfeitando o móvel. Pergunta qual o motivo daquilo. Sua esposa lhe responde que naquela noite irão renovar as promessas do casamento.

Ele senta. Ela pega seu prato e lhe serve um delicioso banquete, elaborado com carnes finas, saladas variadas, massas e vinho. Tudo temperado com um poderosíssimo veneno. Afinal, ela era uma mulher de palavra.

Fontes:
Texto enviado pelo autor
Imagem = http://www.oquemeusaojoaotem.com.br

Ialmar Pio Schneider (Homenagens em Soneto VI)


SONETO AO BEATO JOSÉ DE ANCHIETA
Falecimento do poeta e catequista em 9.6.1597 –
In Memoriam – Dia de Anchieta.

Brilhante “Apóstolo do Novo Mundo”,
cuja vida foi toda dedicada,
com amor verdadeiro, tão profundo,
a Jesus e à Virgem Imaculada…

Da ilha de Tenerife era oriundo
e veio prosseguir sua jornada,
cá no Brasil, com ânimo fecundo,
que ele adotou, a sua Pátria Amada !…

Ore por nós, poeta peregrino !
Beato José de Anchieta, seu destino
foi trazer luz aos índios inocentes…

De catequista teve a trajetória;
jamais se apagará de nossa História,
das poesias os seus ensinamentos !

SONETO A MARGUERITE YOURCENAR
– In Memoriam – Nascimento da escritora em 8.6.1903 – . –
ao escritor e jornalista Walter Galvani.

Outrora li “Memórias de Adriano”,
da autora Marguerite Yourcenar,
que tendo sido Imperador Romano,
soube com sapiência governar…

Foram vinte e cinco anos a pesquisar,
disse Walter Galvani em texto lhano,
que a escritora levou para criar
o memorial do grande soberano…

E quinze vezes leu o livro culto,
dizendo “que nos sirva de lição”,
esse trabalho ingente de valor !

Pode deixar… que a frase toma vulto,
e aqui lhe aviso, agora, de antemão,
há de ser minha meta este labor !…

SONETO A TOBIAS BARRETO
– In Memoriam –
Data do nascimento do filósofo e poeta em 7.6.1839 –

Após ler um soneto de Tobias
Barreto de Menezes, meu desejo
de homenageá-lo, agora, neste ensejo,
suscitou minha verve de poesias…

Também, foi mestre nas filosofias,
principalmente as alemãs; e vejo
que inteligência teve de sobejo
para criar ideias e poesias…

“Um condor solitário”, mas autêntico;
pois, não houve, sequer, nenhum idêntico,
que lhe fizesse sombra em altivez…

Porque, filósofo e poeta augusto,
seu estro vai pairar, sem qualquer custo,
nos ares da Nação, sempre… de vez…

SONETO A FEDERICO GARCÍA LORCA
– Nascimento do poeta em 5.6.1899 –
In Memoriam

Por que será que as vozes dos poetas,
que compunham seus versos de magia,
que nem García Lorca e os ascetas,
foram caladas pela covardia?!…

Porém, viveram sua ideologia
e permanecem como se profetas
para um mundo melhor no dia a dia
das pessoas humildes e corretas…

E Federico foi herói no ardor
de pretender o bem da Humanidade
à qual dedicou todo seu amor…

Os poemas, sonetos e canções
vão continuar eternos na verdade
que transmitiram suas emoções…

SONETO A CLÁUDIO MANUEL DA COSTA
– Data do nascimento do poeta em 5.6.1729 –
In Memoriam –

Foi poeta, advogado e fazendeiro,
e quis a liberdade da nação;
pois, diz-se que era um culto companheiro
dos que lutavam p´ra libertação…

Pairam dúvidas do suicídio ou não,
como um ato de fuga derradeiro,
que praticou sofrendo na prisão,
porque não suportou o cativeiro…

Amou Lise que foi seu “doce encanto”,
por ela derramou seu “terno pranto”,
junto aos “piedosos troncos” do arvoredo…

Sua existência trágica, infeliz,
traduz-se nos sonetos em que diz
de um amor de amargura sem enredo…

SONETO A FRANZ KAFKA
– Falecimento do escritor em 3.6.1924 –
In Memoriam –

Escritor, símbolo da resistência,
que em A Metamorfose foi inseto,
mas que tinha, também, inteligência
para exercer o ofício predileto…

“Gregor só costumava ver o objeto”,
enquanto levava sua existência,
e por todo seu mágico trajeto,
foi socialista e ateu na adolescência…

Mas também, outrossim, como anarquista,
participou de algumas reuniões;
entretanto, por fim era sionista…

Depois de formar-se advogado em Praga,
escreveu O Processo por questões
que talvez sejam sua obra magna…

Fonte:
Sonetos enviados pelo autor

Lih Editorial (A Criança em Rimas, de Clóvis Oliveira Cardoso)


Dando início à nossa série de posts sobre as nossas publicações, apresentamos o livro: A Criança em Rimas, de Clóvis Oliveira Cardoso, um projeto super especial feito pelo nosso diretor Hiago Finkermann, em atendimento direto ao autor.

Arranjo dos livros com os encartes

Inicialmente a ideia de Clóvis ( o autor) era publicar 300 exemplares e reservar alguns para os colegas, lançando e vendendo o restante, só que à medida em que a conversa entre ele e Hiago ia evoluindo, a numeração de 100 exemplares para os colegas foi definida.

Encarte com o CD

Clóvis foi quem teve a ideia de oferecer aos 100 amigos um CD, embutido ao livro, com estorinhas infantis. E então Hiago desenvolveu o projeto de criação do encarte de uma forma que este ficasse com aparência simples, dando a impressão de ser feito em casa, por Clóvis mesmo, reforçando ainda mais a aparência de um presente dado a amigos.

Tivemos um problema com o registro do ISBN, no momento de solicitar o código de barras, e então para compensar Hiago teve a ideia de fazer uma surpresa a Clóvis, criando encartes de envelope para os 100 livros que seguiriam com o CD, tornando o projeto ainda mais detalhado e bonito.

Como Clóvis havia esclarecido de que o livro seria para crianças, Hiago também definiu o detalhe da capa em Verniz cintilante completo, para que o objeto parecesse um brinquedo (o que de fato é, só que para o intelecto brincar). Na capa, as imagens de 3 netos do autor em idades variadas, tornaram toda a publicação um caso particular de manufatura, como se o próprio Clóvis tivesse feito à mão cada livro a ser entregue para sua família.

O logotipo da Krioplast na contracapa justifica o apoio cultural, valorizando tanto a marca que produz soluções diversas em plástico quanto a publicação, que exibe beleza até em anúncios. Clóvis Oliveira Cardoso ficará muito contente com essa publicação, mesmo que tenha demorado por conta dos contratempos, a Lih editorial manteve sua proposta de alta qualidade na publicação, a qual você poderá conferir logo mais, podendo comprar esta obra pelo site da Lih.

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Fonte:
Lih Editorial

Lih Editorial (Publicação de Livros)


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Livro Padrão
80 PAGINAS:
Capa: até 4 cores, impressa em CARTAO TRIPLEX 250grs com orelhas de 7cm.
Miolo: Texto em preto, impresso em PAPEL SULFITE 75grs.
Tamanho fechado: 14,00x21,00cm
Acabamento: Capa vincada e laminada. Lomba colada.
Quantidade(s) Preço Unitário Valor Total
100 exemplares 16,79............. 1679,00
200 exemplares 8,92 ............. 1784,00
300 exemplares 6,33 ............. 1899,00
500 exemplares 4,27 ............. 2139,00
1000 exemplares 2,74 ............. 2744,00

Livro Padrão
100 PAGINAS:
Capa: até 4 cores, impressa em CARTAO TRIPLEX 250grs com orelhas de 7cm.
Miolo: Texto em preto, impresso em PAPEL SULFITE 75grs.
Tamanho fechado: 14,00x21,00cm
Acabamento: Capa vincada e laminada. Lomba colada.
Quantidade(s) Preço Unitário Valor Total
100 exemplares 16,79 ............. 1772,00
200 exemplares 8,92 ............. 1983,00
300 exemplares 6,33 ............. 2272,00
500 exemplares 4,27 ............. 2439,00
1000 exemplares 2,74 ............. 2920,00

Livro Padrão
160 PAGINAS:
Capa: até 4 cores, impressa em CARTAO TRIPLEX 250grs com orelhas de 7cm.
Miolo: Texto em preto, impresso em PAPEL SULFITE 75grs.
Tamanho fechado: 14,00x21,00cm
Acabamento: Capa vincada e laminada. Lomba colada.
Quantidade(s) Preço Unitário Valor Total
500 exemplares 6,19 ............. 3095,00
1000 exemplares 4,91 ............. 4191,00
1.500 exemplares 3,62 ............. 5444,00

Livro Padrão
180 PAGINAS:
Capa: até 4 cores, impressa em CARTAO TRIPLEX 250grs com orelhas de 7cm.
Miolo: Texto em preto, impresso em PAPEL SULFITE 75grs.
Tamanho fechado: 14,00x21,00cm
Acabamento: Capa vincada e laminada. Lomba colada.
Quantidade(s) Preço Unitário Valor Total
300 exemplares 9,44 ............. 2834,00
500 exemplares 6,62 ............. 3314,00
1000 exemplares 4,52 ............. 4524,00

Livro Padrão
200 PAGINAS:
Capa: até 4 cores, impressa em CARTAO TRIPLEX 250grs com orelhas de 7cm.
Miolo: Texto em preto, impresso em PAPEL SULFITE 75grs.
Tamanho fechado: 14,00x21,00cm
Acabamento: Capa vincada e laminada. Lomba colada.
Quantidade(s) Preço Unitário Valor Total
500 exemplares 8,20 ............... 4102,00
1000 exemplares 5,77 .............. 5771,00
2000 exemplares 4,22 .............8459,00

Formas de Pagamento

À vista e antecipado: 10% de desconto
2 Parcelas: 1ª na contratação e 40 dias depois, 2ª na entrega do serviço.
10 Parcelas: No Cartão de Crédito Visa e Mastercard, Juros de 3%
12 Parcelas: No Cartão de Crédito, Entrada de no mínimo 40% do valor total, Juros de 2,0% por parcela
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Fonte:
Texto enviado pela Lih Editorial

Olivaldo Júnior (Poema ao 123º Aniversário de Fernando Pessoa)


Ricardo, Alberto, Álvaro ou Fernando,
não importa o quanto passe, Pessoa...
Hoje é dia da pessoa que fez do canto
seu canto, nosso encanto, a Lisboa,
o país que em nós ecoa, caro Fernando...

Nunca estive em mim sem que você,
de um jeito ou de outro, não estivesse,
Pessoa, junto de mim. Eu sou você,
porque você me vê, porque sou breve,
porque vou passar, assim como você,
mas sem me acabar, que somos eternos.

No vento que embaraça meus passos,
no passo que não dou, pelos percalços,
você, poeta, completa mais de cem,
comemora (parabéns!) o próprio bem
de ser mais de um, de ser só Pessoa.

Fonte:
O Autor

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 232)

Pintura de Hans Harp

Uma Trova Nacional

Prefiro a ponte amarrada
com a virtude da embira,
do que a ponte concretada
em pilares de mentira!
–CAMPOS SALES/SP–

Uma Trova Potiguar

Não me importo com a moda,
nem vivo de comentários;
tenho pena de quem poda
os ramos imaginários.
–MARCOS MEDEIROS–

Uma Trova Premiada

1985 - Belém/PA
Tema: PONTE - M/E.

Nossa divergência é clara,
embora eu te guarde estima,
tu és muro que separa,
eu sou ponte que aproxima.
–EDMAR JAPIASSÚ MAIA/RJ–

Uma Trova de Ademar

Deus fez de mim uma ponte
com pilastras de alegria,
e acima dela uma fonte
por onde jorra poesia...
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Quando a noite sobrevém,
a solidão, por maldade,
só traz lembrança de alguém
quando esse alguém é saudade...
–VASQUES FILHO/PI–

Simplesmente Poesia

A minha alma se extasia
em devaneio profundo,
voa nas asas do vento
desperta a paz num segundo,
quando Deus abre a cortina
me mostra a musa divina
da poesia do mundo.
–PROF. GARCIA/RN–

Estrofe do Dia

Nasci para ser assim:
Pra sorrir que só menino,
pra ser sacristão dos versos,
pra badalar no meu sino,
pra dar cangapé na sorte
no areal do destino.
–GERALDO AMÂNCIO/CE–

Soneto do Dia


–MIGUEL RUSSOWSKY/SC–
Solidão

Depois que o amor passou... fez-se o vazio
e o desespero armou a sua tenda,
num leito triste abandonado e frio,
que nem a própria insônia recomenda.

Ficararam três promessas em contenda,
semi murchas e tortas , num desvio.
As ilusões gentis, em minha agenda,
entraram em completo desvario.

Sobrou a solidão que está comigo.
Sou bom anfitrião e dei-lhe abrigo,
pois prefere pessoas com idade.

A solidão é muito inteligente,
vive plantando, a sós, uma semente,
que nasce sob a forma de saudade.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

quinta-feira, 2 de junho de 2011

José Tavares de Lima (Vozes do Coração) Parte I


Amar alguém eu temia...
E acabei, na indecisão,
pagando essa covardia
com a minha solidão!

As penas da vida aceita
sem revoltas, sem reclamos...
pois sempre a nossa colheita
depende do que plantamos...

Assim como todo lume
tem que ter ardor e chama,
também tem que ter ciúme
o coração de quem ama!

Busca no verso a alegria,
se hoje a vida te amargura,
que a vereda da poesia
pode levar-te à ventura !...

Contra a idade não tem fugas...
Mas eu vejo, com desgosto,
que a vida ingrata pôs rugas
antes do tempo em meu rosto!

Crê na vitória e tem calma
ante o revés que alucina...
Quem traz um sol dentro d'alma
não se perde entre a neblina!

Desperta. A noite é de encanto!
E a lua, aflita, no espaço,
já não pode esperar tanto
para ver o nosso abraço!...

De tanto esperar-te e vendo
que a idade avança, severa,
sinto em minh'alma crescendo
o desencanto da espera !...

Enfrente a luta e, persista
se acaso a vitória tarde...
Não há troféus de conquista
nas estantes do covarde!

Espero-a... A noite está fria,
mas não desisto... Ouço passos
e o prêmio da teimosia
vem se acolher nos meus braços!

Esquece a luta perdida
porque, mais que insensatez,
lembrar fracassos na vida
é fracassar outra vez !

Faz da vida uma peleja
pelo bem que tens em mente;
ninguém colhe o que deseja
desejando... simplesmente!

Fazendo um fico insincero
que na verdade deploro,
eu minto que não te quero
para esconder, que te adoro!

Felicidade, me resta
sonhar contigo e mais nada;
já que a sorte, em tua festa,
não permite a minha entrada!

Festeiro de alma iludida,
disfarçando a sorte ingrata,
faço uma festa da vida
mesmo que o vida me bata! ...

Lembra, em tua majestade,
quando o orgulho te arrebata,
que é no espelho do humildade
que a grandeza se retrata!

Meu maior contentamento
é quando, amorosa, dizes
que eu sou o melhor momento
dos teus momentos felizes !

Muita gente, na velhice,
não sonha mais... tem saudade
Corno se o sonho exigisse
certidão de nossa idade!...

Não deixa de ser valente
quem lutando fracassar...
Perder lutando é acidente;
Covardia é não lutar!

Nem a derrota embaraça
quem luta e nunca esmorece;
pois sabe que a nuvem passa
e o sol de novo aparece!

Nos obstáculos que enfrentas
sê forte e perseverante:
- é no rigor das tormentas
que se mede o navegante! ...

Nossa união que eu aceito
como a dádiva mais grata,
é nó-cego tão perfeito
que nem a morte desata !

O amor vem, não se procura...
Chega sutil, de repente,
como uma luz que a ventura
acende dentro da gente!

Partiste... Em meu desatino
vejo, ante o sonho desfeito,
que o pranto - intruso inquilino
fez domicílio em meu peito!

Pode ser falso o teor
que este conceito resume:
mas eu não creio no amor
de quem não sente ciúme

Pratica o bem desde agora,
pois com urgência é preciso
que no rosto de quem chora
faças brilhar um sorriso!...

Recebo cartas... Centenas!...
Eu trocaria, porém,
todas elas por apenas
uma que espero e não vem...

Se a sorte não me convida,
teimoso, forças concentro
e entro na festa da vida
como 'penetra'... mas entro! ...

Se não crês em Deus porque
não crês no que nunca viste,
lembra que o cego não vê,
mas sabe que a luz existe!...

Todo o bem que o amor resume
acaba em desilusão,
quando a sombra do ciúme
envolve a luz da razão

Venci distância e cansaço
para abraçar-te ... no fim,
quando cheguei, teu abraço
não esperava por mim...

Voltaste tão diferente
da mulher que foi tão linda,
que embora estejas presente
não sei se voltaste ainda!...

Fonte:
Colaboração de Darlene A. A. Silva
LIMA, José Tavares de. Vozes do Coração.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 231)


Uma Trova Nacional Alinhar ao centro
Eu faço um apelo mudo
na velhice que me alcança:
- Destino, tire-me tudo
mas não me roube a esperança!
–MARINA BRUNA/SP–

Uma Trova Potiguar

Musa, fonte inspiradora,
deusa que embala a poesia;
do poeta é protetora
com toda soberania.
–ADELANTHA SOUZA DANTAS/RN–

Uma Trova Premiada

2011 - Ribeirão Preto/SP
Tema: VÍCIO - 1º Lugar

Oferecendo a miragem
de uma vida sem escolta
o vício vende passagem
para a viagem sem volta.
–OLYMPIO COUTINHO/MG–

Uma Trova de Ademar

Tem cão que mora num morro
e outro morando em mansão...
Porque nem todo cachorro
leva uma vida de cão!
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Se o amor é um sacrifício,
não duvides, nem um pouco:
iria até para o hospício,
para amar-te como um louco.
–JORGE MURAD/RJ–

Simplesmente Poesia

–PAULO SETÚBAL/SP–
Só Tu

Dos lábios que me beijaram,
Dos braços que me abraçaram
Já não me lembro, nem sei...
São tantas as que me amaram!
São tantas as que eu amei!

Mas tu - que rude contraste!
Tu, que jamais me beijaste,
Tu que jamais abracei,
Só tu, nest'alma, ficaste,
De todas as que eu amei.

Estrofe do Dia

O aguaceiro no rio
desce fazendo manobra,
não procura um só desvio,
espuma fazendo dobra,
grande empecilho ou miúdo
passa por cima de tudo,
leva o que tiver na frente;
até o próprio rochedo
parece tremer com medo
dos abraços da corrente.
CANCÃO/PE–

Soneto do Dia

–GILSON FAUSTINOMAIA/RJ–
Um Filho de Santana do Matos

Pode um filho fugir da mãe querida,
mesmo sendo inda tenro, esse menino;
percorra pelo mundo outro destino,
sempre a mãe lhe dará uma acolhida.

Sua terra natal é sua vida.
Amar o antigo berço é dom divino.
Ali Deus colocou, do pequenino,
o início dessa estrada percorrida.

Em Santana do Matos tua história
estará para sempre na memória
do povo teu irmão do antigo lar.

Não preciso nem mesmo ser profeta,
pra saber, Ademar, que és o poeta
mais nobre e mais querido do lugar.

Fonte:
Textos enviados pelo autor

Ialmar Pio Schneider (Homenagens em Soneto V)


SONETO A DANTE ALIGHIERI –
Data de nascimento do poeta: 29.5.1265 – In Memoriam –

Diz-se que teve apenas três paixões:
a política, a poesia e Beatriz...
Assim viveu invernos e verões,
cantando seu amor p´ra ser feliz !

“A Divina Comédia” e as canções
que fez à sua amada tudo diz;
foram suas sublimes obsessões
desde os seus devaneios juvenis...

Há tempos li sua obra genial:
Inferno, Purgatório e Paraíso;
e senti quanto é monumental...

“Deixai aqui todas as esperanças,
ó vós que entrais.” Se não se perde o juízo,
o percurso é de trevas e esquivanças...

SONETO A RAUL BOPP
– Data de falecimento do poeta em 2.6.1984 – In Memoriam

Ilustre seguidor do “movimento
antropofágico”; Cobra Norato,
original poema do talento
desse escritor em seu desiderato...

“Nas terras do Sem-Fim”, é seu intento
morar, enfim, sem qualquer aparato,
co´a filha da Rainha Sofia e o vento:
“sumo sem rumo no fundo do mato”.

Sempre será lembrado, foi pioneiro
do nobre Modernismo Brasileiro,
criando imagens simples, infantis...

Tendo sido um poeta inovador
seus versos falam alto pela cor
das matas do Amazonas no matiz!

SONETO A VOLTAIRE
– Falecimento do escritor em 30.5.1778 – In Memoriam

Ialmar Pio Schneider

Disse Voltaire em Cândido ou o Otimismo:
“Devemos cultivar nosso jardim!”
E porque defendia o Liberalismo,
foi perseguido sempre até o fim...

Lutou por suas ideias, outrossim,
sem jamais aderir ao conformismo,
e pelo seu caráter foi, enfim,
nobre filósofo do Iluminismo.

“Não concordo com nenhuma palavra
que dizes, mas defenderei até
a morte teu direito de dizê-lo”.

Esta frase genial de sua lavra,
vem confirmar um símbolo de fé
que deveremos ter como modelo...

Fonte:
Sonetos enviados pelo autor

Monteiro Lobato (Histórias de Tia Nastácia) XLII – Peixes na Floresta


Era um camponês que tinha uma esposa muito faladeira. Um dia em que ele achou um tesouro enterrado na floresta, trouxe-o para casa e disse à mulher:

— Acabo de descobrir uma grande fortuna, mas temos de escondê-la. Onde será?

A mulher achou melhor enterrarem o tesouro debaixo do assoalho da isbá em que moravam. O camponês concordou. Mas assim que a mulher foi ao poço buscar água, tirou o tesouro dali e escondeu-o em outro lugar.

A mulher veio com a água.

— Mulher mulher — disse o camponês — é preciso que ninguém saiba que temos este tesouro aqui debaixo do assoa lho. Muito cuidado com a língua, ouviu?

Mas como não tinha a menor confiança nela, armou um plano.

— Olhe, amanhã iremos à floresta apanhar peixes. Dizem que estão aparecendo em quantidade.

— O quê? Peixes na floresta? Onde já se viu isso?

— Na floresta você verá. Madrugadinha o camponês levantou-se

e foi à vila. Comprou uma porção de peixes, uma porção de aletria e uma lebre. Passou depois pela floresta, espalhando tudo aquilo em vários pontos. A lebre ele fisgou num anzol de linha comprida e jogou n'água.

Chegando em casa, almoçou e convidou a mulher para irem à floresta. Foram. Que beleza! Peixe por toda parte, um aqui, outro ali, outro acolá. A mulher, com gritos de surpresa, ia acomodando a peixada na cesta.

Depois deu com a aletria pendurada de uma árvore.

— Olhe, marido! Aletria pendurada em árvore!...

— Não me espanto de coisa nenhuma — disse o homem. — Nestes últimos dias tem chovido muita massa dessa, que fica assim pendurada das árvores. Mas a gente da aldeia já apanhou quase tudo.

Nisto chegaram à lagoa, onde ele jogara a lebre.

— Espere um pouco, mulher. Esta manhã pus aqui uma linha de anzol com isca para lebre d'água. Vou ver se apanhei alguma.

Puxando a linha apareceu no anzol uma lebre. — Como é isso? — gritou a mulher. — Lebre d'água? Que coisa espantosa! Nunca ouvi dizer de lebre que morasse em água!...

— Nem eu, mas o fato é que pesquei uma.

Voltaram para casa com aquela lindíssima colheita e a mulher passou o dia a preparar os peixes e a lebre.

Uma semana depois em toda a redondeza só se falava no tesouro que o camponês descobrira. As autoridades mandaram chamá-lo.

— É verdade que achou um tesouro na floresta?

O camponês riu-se.

— Tesouro, eu? Ah, quem me dera achar um!

— Mas sua própria mulher anda assoprando no ouvido de toda gente que você achou um tesouro e o escondeu debaixo do assoalho da sua isbá.

— Minha mulher anda a dizer isso? Coitada! É uma louquinha que não sabe o que diz.

— É verdade, sim! — gritou a mulher, furiosa. — Ele achou um tesouro, que eu ajudei a enterrar debaixo do assoalho! Louca, eu! É boa...

— Quando foi isso? — perguntou o camponês.

— Na véspera daquele dia em que juntamos peixe na floresta.

— Peixe na floresta? — repetiu o homem, fazendo cara de não entender.

— Sim. No dia em que choveu aletria e você pescou uma lebre d'água.
As autoridades convenceram-se de que a mulher era mesmo louca, e como na busca que deram nada encontrassem debaixo do assoalho da isbá, o caso morreu. O camponês esfregou as mãos, de contente.

— Veja se eu fosse me fiar nela! Estava hoje desmoralizado e com o meu rico tesouro perdido...
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— Que complicação para chegar a esse resultado! — exclamou Narizinho. — Esse camponês sabia a mulher que tinha.

— E que grande maroto! — disse Pedrinho. — Logrou a mulher, logrou as autoridades — logrou todo mundo. Freguês mais escovado ainda não vi.

— E isbá, dona Benta, que é? — perguntou Emília.

— É o nome das casas da roça lá na Rússia, em geral de madeira. Casa de roça, aqui nós chamamos rancho, casebre, casa de sapé, mocambo e outras coisas assim. Lá é isbá.

— Gostei da história dos russos — disse Narizinho. — Está pitoresca. Vamos ver outra de lá mesmo.

— Não. Para variar contarei uma de outra terra muito fria, a Islândia.
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Continua… XLIII – O Alcatraz e o Eider
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Fonte:
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. SP: Brasiliense, 1995.
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 230)


Uma Trova Nacional

Choro não é argumento,
quem grita perde a razão,
somente o entendimento
resolve qualquer questão.
–ZÉ REINALDO/AL–

Uma Trova Potiguar

Cultuar o amor, entre os povos,
nos torna, um ser pertinaz,
estreitando, laços novos,
para que, tenhamos paz...
–FABIANO WANDERLEY/RN–

Uma Trova Premiada

2006 - Nova Friburgo/RJ
Tema: FRONTEIRA - M/H

Sem preconceito ou pudor,
mas de emoções verdadeiras,
grandes momentos de amor
não delimitam fronteiras!...
–HERMOCLYDES S. FRANCO/RJ–

Uma Trova de Ademar

Se a inspiração me inebria,
com temas, os mais dispersos;
mato a sede de poesia
na eterna fonte dos versos...
ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Seu "lenço de despedida"
o vento não mais o solta,
que o trem da linha da vida
só tem ida, não tem volta!
–JOSÉ MARIA M. DE ARAÚJO/RJ–

Simplesmente Poesia

–ROSA REGIS/RN-
Saudade da Minha Infância

Eu queria ser criança novamente
Para jogar dedola na calçada;
Brincar de esconde-esconde e de pegada,
Sem malícia. E, inocentemente,
Brincar de cavalinho com Vicente.
De dona-de-casa e cozinhado;
De tica, de biloca, de roçado
E de boneca, ser mamãe, fingindo.
Saudosa disso tudo, eu lembro rindo,
Com imensa saudade do passado.

Estrofe do Dia

Uma velha rezadeira,
Um “véi” fazendo cigarro,
um pote velho de barro
e aquela boa parteira;
um chá de erva cidreira
pra qualquer tipo de dor...
Um cavalo corredor
e um menino “maluvido”;
“isso é cagado e cuspido
paisagem do interior.”
–ADEMAR MACEDO/RN–

Soneto do Dia

–SÔNIA SOBREIRA/RJ–
Tenho Pena

Tenho pena dos que sofrem na vida,
neste mundo, tão mau, tão inclemente,
dos que morrem sem culpa, do inocente
que sozinho, nem sabe o que é guarida.

Da montanha, calada e soerguida,
que altiva enfrenta as águas da vertente,
do mar, enfurecido de repente,
das ondas que se curvam na descida.

Tenho pena do brilho das estrelas,
dos cegos que jamais poderão vê-las
e do tempo que mostra a realidade.

Tenho pena das lágrimas vertidas,
da ilusão cujas asas são partidas,
de um sonho que deixou tanta saudade!

Fonte:
Textos enviados pelo autor