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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Antonio Roberto De Paula (Meu Lugar)

Tela  de Edgar Werner Osterroht
(retrata o Maringá Velho em 1952) 
Foi um tempo bom. Em que não havia tantas casas, não havia tanta gente. Você identificava um a um. Nas noites quentes, as pessoas colocavam cadeiras em frente à rua e ficavam até altas horas da noite quente conversando com os vizinhos.

O tempo não corria. Correr pra quê? Ia gostosamente devagar. A gente saboreava cada estação, cada jardim que renascia, cada chuva… A vida havia privilegiado todos nós. Pode parecer exagero, mas hoje é possível dizer que fizemos parte de um paraíso sem termos tido a noção disso.

O tempo foi passando. A máquina do tempo foi acelerando cada vez mais. Bruscas mudanças foram ocorrendo. Nosso lugar, uma perfeita obra de arte, foi sendo alterado até perder quase que completamente a identidade. De original ficamos nós, acuados.

Hoje, as casas estão coladas umas nas outras. Os carros aceleram no asfalto. Pessoas vêm e vão e eu não as conheço. E vez de cercas de balaústres, muros altos e grades. Na noite, estamos todos entricheirados.

O tempo corre. Já não consigo acompanhá-lo com a mesma eficiência. Vasculho recordações para tornar mais leves os dias. Deito na cama e sonho. Dou risadas com os amigos olhando para a rua vazia e o céu límpido. Uma buzina me acorda. O barulho me avisa que o paraíso ficou só na memória.
Fonte:
Da minha janela – 2003

Gente de Minha Terra: Antonio Roberto de Paula (1957)

O jornalista Antonio Roberto de Paula, sócio-proprietário da TV Clipping Maringá, nasceu na cidade paulista de Lupércio, em 17 de junho de 1957. É o primogênito dos quatro filhos de Alcebíades de Paula Neto e Rita Andrade de Paula. A mudança para Maringá ocorreu em 1959. De Paula concluiu o curso primário em 1967, em Engenheiro Beltrão (PR), onde a família residiu até meados de 1972.

Em 1968 estudou no Seminário Verbo Divino, em Ponta Grossa. De 1969 a 1976, fez o ginásio e o científico, como eram chamados na época os ensinos fundamental e médio, nos seguintes estabelecimentos de ensino de Maringá: Santo Inácio, Instituto de Educação, Gastão Vidigal e Paraná.

Foi aprovado no vestibular do curso de Letras na UEM (Universidade Estadual de Maringá) em 1981, mas desistiu do curso. Em 2001, formou-se em Jornalismo pelo Cesumar (Centro Universitário de Maringá). Em 2003, fez o curso de pós-graduação Língua Portuguesa – Teoria e Prática, pelo Instituto Paranaense de Ensino e Univale (União das Escolas Superiores do Vale do Ivaí). Atualmente, cursa Mestrado em Letras na UEM.

Sua monografia de conclusão do curso de graduação foi a apresentação do livro Os homens da Folha do Norte do Paraná , jornal maringaense fundado em 1962, pelo primeiro arcebispo de Maringá, dom Jaime Luiz Coelho, e que teve suas atividades encerradas em 1979.

Antes de atuar profissionalmente na imprensa, De Paula foi escriturário na Transparaná (1977), funcionário público municipal ( 1977 a 1979), tendo trabalhado na extinta Codemar (Companhia de Desenvolvimento de Maringá) e Secretaria de Fazenda; bancário ( 1979 a 1985), no Centro Regional do Bradesco-Maringá; e foi proprietário do Bar do Toninho ( 1985 a 1990), na avenida Dr. Alexandre Rasgulaeff, no Jardim Alvorada, em Maringá.

Desde a adolescência escreve poesias, contos, crônicas e artigos, inclusive com publicações desde a década de 1970, nos jornais O Diário do Norte do Paraná , O Jornal de Maringá e Jornal do Povo . Sua primeira experiência efetiva no jornalismo ocorreu em 1975, no Colégio Estadual Dr. Gastão Vidigal, com o jornal Skeletus , do CETA (Centro Estudantil Tristão de Athaíde).

Publicado até 1977, o Skeletus tinha como editores, além de De Paula, seus amigos Mário Sérgio Recco, José Miguel Grillo, Nivaldo Gôngora Verri, Edson Cemensati e Edson Luiz Matias. Em 1981, foi colaborador do Vôo Livre , suplemento de O Diário publicado às sextas-feiras, editado por Mário Sérgio Recco.

Seu primeiro emprego efetivo na imprensa foi no Jornal do Povo, em 1991, como colunista de futebol amador, passando depois para a editoria de esportes e escrevendo a coluna Visão de jogo. Neste mesmo ano atuou como comentarista da extinta Rádio Metropolitana (Rádio Jornal).

Em 1992 e 1993 trabalhou como comentarista em transmissões de futebol amador pela RTV Maringá. Em 1993, deixou o Jornal do Povo e se transferiu para a sucursal do Correio de Notícias, jornal curitibano que encerrou as atividades na cidade no ano seguinte. Lá, foi colunista e editor de esportes.

Ainda em 1993, deixou a RTV indo para a TV Maringá (Band) para ser editor, pauteiro e produtor do programa diário Esporte por Esporte , onde permaneceu até 1995.

Neste período, De Paula também foi produtor e comentarista do programa Atalaia Esportiva, da Rádio Atalaia de Maringá. De 1995 a 1997, trabalhou no O Diário exercendo as funções de editor de esportes, colunista do DNP Esporte, repórter de matérias políticas e locais, pauteiro e secretário de redação.

De 1997 a 1998 foi repórter da Revista M-9. De 1997 a 1999 escreveu crônicas, artigos, poesias e contos na coluna Linha Expressa, no Jornal do Povo. Em 1998 e 1999 atuou como editor-chefe do departamento de jornalismo da TV Cidade – Sistema NET. Em 2000, foi repórter, pauteiro e colunista do jornal Hoje Maringá.

De Paula e o jornalista Cláudio Viola são parceiros em composições em que incluem os hinos do Maringá Futebol Clube (1996), do Grêmio Maringá (2000) e as músicas Maringá Velho, gravada em 2003 pela cantora maringaense Márcia Mara, e Cabrito na horta , classificada no Femucic (Festival de Música Cidade Canção), gravada por Helington Lopes (que também foi um dos compositores) e o grupo Receita do Samba.

Em 2002, abriu com a jornalista Simone Labegalini a TV Clipping Maringá. No início de 2003, De Paula trabalhou como produtor, repórter e comentarista do programa Estação Comunitária , da Rádio Comunitária São Francisco FM, do Jardim Alvorada, retornando no ano seguinte. Foi responsável juntamente com seu filho Guilherme Tadeu de Paula da sucursal em Maringá do jornal londrinense Paraná Shimbun, em 2003 e 2004, e um dos produtores do programa Beca TV , da TV Clipping Maringá, com Guilherme Tadeu e Allan Oliveira, em 2004. Em 2003, publicou o livro Da minha janela, de crônicas, artigos, poemas, contos inéditos e já publicados.

Em 2004 lançou o livro A história política de um cabo de José, de Maria e de todos os Santos , em que narra a história do vereador maringaense Cabo Zé Maria e seus dez anos de mandato. Em 2005, dirigiu o videodocumetário Crônica democrática de uma cidade brasileira , sobre as Eleições 2004, numa produção da TV Clipping Maringá, com roteiro de Guilherme Tadeu de Paula e fotografia e montagem de Allan Oliveira.

Foi nomeado assessor de imprensa da Câmara Municipal de Maringá em 1997, vindo a ocupar a chefia do setor no final de 1999, onde permanece até hoje.

Fonte:
TV Clipping Maringá . http://www.tvcm.com.br/

domingo, 15 de julho de 2012

Olga Agulhon (O Dito e o Não Dito)

As palavras são cruéis e desobedientes;
não são humildes servas.
Fazem-nos cócegas
e depois que saem da boca
não tornam a ela,
por mais que imploremos:
mas também não vão embora;
ficam ressoando no ar
e nos perseguem para sempre.
Por isso, busco o silêncio;
só ele nos deixa em paz.
As palavras...
prefiro prendê-las no papel.
Se viro a página
ou fecho o livro,
as silencio.
Vingo-me.
Torno-me rei.
-
Fonte:
AGULHON, Olga. O Tempo. Maringá: Midiograf, 2003.

sábado, 19 de maio de 2012

2º Mutirão Artístico Maringaense (19 a 26 de Maio)


Democráticos Bar, Rua Paranaguá, Nº 78 Zona 07. Maringá/PR (Av. Colombo, ao lado do posto de gasolina)

19 de Maio – Sábado

A partir das 17hs


MÚSICA: Rael Toffolo apresentando duas obras eletroacústicas e Ingazeiro representando a cultura nordestina com o seu maracatu

TEATRO: Taaly Segatti "Mundo Moderno" (Chico Anisio) e "Jesus no Xadrez" (Chico Pedrosa), além de poema musicado pelo grupo Cordel de Fogo Encantado.

ESCULTURA: Marcelo Monteiro irá demonstrar algumas técnica da escultura em tempo real criando peças em miniatura em bastões de giz tipo escolar.

GRAFITE: René Meyring e sua criação visual em tempo real

MESA DE LITERATURA E QUADRINHOS: Damien Campos, Ângela Ramalho e Vera Margutti

CINEMA: curta-metragens de Hygor Zorak

LITERATURA: Exposição permanente dos textos dentro dos menus e nas camisinhas de cerveja com todos os artistas (Alexandre Gaioto, Ângela Ramalho, Cléia Garcia, Damien Campos, Hygor Zorak, Luigi Ricciardi, Marcelo Aires, Marcio Domenes, Marco Hruschka, Miriam Ramalho, Nelson Alexandre, Roberth Fabris, Thays Pretti e Vera Margutti)

FOTOGRAFIA: Exposição fotográfica dos artistas Alessandra Lopes, Amanda Antunes, Ana Luíza Verzola, Bárbara Neves, Carolina Justi, Fernanda Inocente, Hygor Zorak, Isa Angeliotto, Izadora Amaral e Bruna Siena & Venilson Santos.

PINTURA: Exposição das pinturas dos artistas Cristiane Inokuma, Marcos Molinari, Sara Vieira e Wagner Dantas.

MÁSCARAS: Andy Ferrari e sua exposição de máscaras.

21 de Maio – Segunda

A partir das 20hs


CINEMA: Curta-metragem do grupo de artistas (Tamires Belluzzi Freitas, Fernanda Eda, Gabriela Petrucci, Karina Azevendo e Patrícia Adrian)

MESA DE LITERATURA E QUADRINHOS: Marcele Aires e Miriam Ramalho. Marcele Aires irá expor seus livros “Que transpõe o halo (poesia, 2010)” e “Ausências em monólogos (ficção, 2011)”.

LITERATURA: Exposição permanente dos textos, poemas e contos dos os artistas Alexandre Gaioto, Ângela Ramalho, Cléia Garcia, Damien Campos, Hygor Zorak, Luigi Ricciardi, Marcelo Aires, Marcio Domenes, Marco Hruschka, Miriam Ramalho, Nelson Alexandre, Roberth Fabris, Thays Pretti e Vera Margutti.

FOTOGRAFIA: Exposição permanente dos trabalhos dos artistas Alessandra Lopes, Amanda Antunes, Ana Luíza Verzola, Bárbara Neves, Carolina Justi, Fernanda Inocente, Hygor Zorak, Isa Angeliotto, Izadora Amaral e Bruna Siena & Venilson Santos.

PINTURA: Exposição permanente com todos dos artistas Cristiane Inokuma, Marcos Molinari, Sara Vieira e Wagner Dantas.

MÁSCARAS: Exposição permanente com Andy Ferrari

22 de Maio – Terça

A partir das 20hs


CINEMA: Curta-metragens de Hygor Zorak

MESA DE LITERATURA E QUADRINHO: O quadrinista Diego Jolly irá expor seus trabalhos ao estilo “narrativas gráficas”. O quadrinista Hálisson Júnior da Silva e Cléia Garcia e seus trabalhos em zines, blogs, folder e quadrinhos.

DANÇA: Júnior Paiva irá apresentar uma performance, dança contemporânea, da canção “Imagine” do Jhon Lennon (versão Glee)

MÚSICA: Najara Nogueira

LITERATURA: Exposição permanente dos textos, poemas e contos dos os artistas Alexandre Gaioto, Ângela Ramalho, Cléia Garcia, Damien Campos, Hygor Zorak, Luigi Ricciardi, Marcelo Aires, Marcio Domenes, Marco Hruschka, Miriam Ramalho, Nelson Alexandre, Roberth Fabris, Thays Pretti e Vera Margutti.

FOTOGRAFIA: Exposição permanente dos trabalhos dos artistas Alessandra Lopes, Amanda Antunes, Ana Luíza Verzola, Bárbara Neves, Carolina Justi, Fernanda Inocente, Hygor Zorak, Isa Angeliotto, Izadora Amaral e Bruna Siena & Venilson Santos.

PINTURA: Exposição permanente dos trabalhos dos artistas Cristiane Inokuma, Marcos Molinari, Sara Vieira e Wagner Dantas.

MÁSCARAS: Exposição permanente com Andy Ferrari

23 de Maio – Quarta

A partir das 20hs


MÚSICA: Contos musicalizados de Dalton Trevisan na performace vocal de Alexandre Gaioto. Damien Campos, violão voz e violoncello, declamando seus poemas e canções.

MESA DE LITERATURA E QUADRINHOS: Exposição dos poemas e textos impressos de Hygor Zorak e Thays Pretti

CINEMA: Curta do grupo de artistas Tamires Belluzzi Freitas, Fernanda Eda, Gabriela Petrucci, Karina Azevendo e Patrícia Adrian.

LITERATURA: Exposição permanente dos trabalhos dos artistas Alexandre Gaioto, Ângela Ramalho, Cléia Garcia, Damien Campos, Hygor Zorak, Luigi Ricciardi, Marcelo Aires, Marcio Domenes, Marco Hruschka, Miriam Ramalho, Nelson Alexandre, Roberth Fabris, Thays Pretti e Vera Margutti.

FOTOGRAFIA: Exposição permanente dos trabalhos dos artistas Alessandra Lopes, Amanda Antunes, Ana Luíza Verzola, Bárbara Neves, Carolina Justi, Fernanda Inocente, Hygor Zorak, Isa Angeliotto, Izadora Amaral e Bruna Siena & Venilson Santos.

PINTURA: Exposição permanente dos trabalhos dos artistas Cristiane Inokuma, Marcos Molinari, Sara Vieira e Wagner Dantas.

MÁSCARAS: Exposição permanente com Andy Ferrari.

24 de Maio – Quinta

A partir das 20hs


MÚSICA: Paulinho Schoffen

MESA DE LITERATURA E QUADRINHOS: Alexandre Gaioto e Roberth Fabris

CINEMA: Curta-metragens de Hygor Zorak

LITERATURA: Exposição permanente dos trabalhos dos artistas Alexandre Gaioto, Ângela Ramalho, Cléia Garcia, Damien Campos, Hygor Zorak, Luigi Ricciardi, Marcelo Aires, Marcio Domenes, Marco Hruschka, Miriam Ramalho, Nelson Alexandre, Roberth Fabris, Thays Pretti e Vera Margutti.

FOTOGRAFIA: Exposição permanente dos trabalhos dos artistas Alessandra Lopes, Amanda Antunes, Ana Luíza Verzola, Bárbara Neves, Carolina Justi, Fernanda Inocente, Hygor Zorak, Isa Angeliotto, Izadora Amaral e Bruna Siena & Venilson Santos.

PINTURA: Exposição permanente dos trabalhos dos artistas Cristiane Inokuma, Marcos Molinari, Sara Vieira e Wagner Dantas.

MÁSCARAS: Exposição permanente com Andy Ferrari.

25 de Maio – Sexta

A partir das 20hs


MÚSICA: Tapa na Macaca e Corda Crua

TEATRO: Taaly Segatti "Mundo Moderno" (Chico Anisio) e "Jesus no Xadrez" (Chico Pedrosa), além de poema musicado pelo grupo Cordel de Fogo Encantado.

MESA DE QUADRINHOS E LITERATURA: Nelson Alexandre e Marco Hruschka

CINEMA: Curta-metragens de Hygor Zorak

LITERATURA: Exposição permanente dos trabalhos dos artistas Alexandre Gaioto, Ângela Ramalho, Cléia Garcia, Damien Campos, Hygor Zorak, Luigi Ricciardi, Marcelo Aires, Marcio Domenes, Marco Hruschka, Miriam Ramalho, Nelson Alexandre, Roberth Fabris, Thays Pretti e Vera Margutti.

FOTOGRAFIA: Exposição permanente dos trabalhos dos artistas Alessandra Lopes, Amanda Antunes, Ana Luíza Verzola, Bárbara Neves, Carolina Justi, Fernanda Inocente, Hygor Zorak, Isa Angeliotto, Izadora Amaral e Bruna Siena & Venilson Santos.

PINTURA: Exposição permanente dos trabalhos dos artistas Cristiane Inokuma, Marcos Molinari, Sara Vieira e Wagner Dantas.

MÁSCARAS: Exposição permanente com Andy Ferrari

26 de Maio – Sábado

A partir das 17hs


MÚSICA: Rafael Morais e Média Clássica

TEATRO: Taaly Segatti "Mundo Moderno" (Chico Anisio) e "Jesus no Xadrez" (Chico Pedrosa), além de poema musicado pelo grupo Cordel de Fogo Encantado.

MESA DE LITERATURA E QUADRINHOS: Luigi Ricciardi, Márcio Domenes e Luciano Vidal

ESCULTURA: Marcelo Monteiro

DANÇA: Larisse Farias, Dança do Ventre

CINEMA: Curta do grupo de artistas Tamires Belluzzi Freitas, Fernanda Eda, Gabriela Petrucci, Karina Azevendo e Patrícia Adrian.

LITERATURA: Exposição permanente dos trabalhos dos artistas Alexandre Gaioto, Ângela Ramalho, Cléia Garcia, Damien Campos, Hygor Zorak, Luigi Ricciardi, Marcelo Aires, Marcio Domenes, Marco Hruschka, Miriam Ramalho, Nelson Alexandre, Roberth Fabris, Thays Pretti e Vera Margutti)

FOTOGRAFIA: Exposição permanente dos trabalhos dos artistas Alessandra Lopes, Amanda Antunes, Ana Luíza Verzola, Bárbara Neves, Carolina Justi, Fernanda Inocente, Hygor Zorak, Isa Angeliotto, Izadora Amaral e Bruna Siena & Venilson Santos.

PINTURA: Exposição permanente dos trabalhos dos artistas Cristiane Inokuma, Marcos Molinari, Sara Vieira e Wagner Dantas.

MÁSCARAS: Exposição permanente com Andy Ferrari

Fonte:
http://mutiraoartisticomaringaense.blogspot.com.br/p/programacao-cultural.html

segunda-feira, 7 de maio de 2012

2. CIELLI e 5. CELLI na Universidade Estadual de Maringá


2º CIELLI - Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários
5º CELLI - Colóquio de Estudos Linguísticos e Literários 

Apresentação 

O II Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários (II CIELLI) e V Colóquio de Estudos Linguísticos e Literários (V CELLI), proposto pelo Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Estadual de Maringá, é um evento acadêmico-científico que tem por objetivo congregar pesquisadores atuantes no Brasil para discussão, reflexão e divulgação de produção acadêmica, técnica e cultural em Letras, Línguística e áreas afins.
Em sua segunda edição de caráter internacional, de 13 a 15 de junho de 2012, com a presença de conferencistas de universidades estrangeiras e a participação de estudiosos do Brasil em mesas-redondas e proposição de simpósios, o evento consolida-se como espaço de ampla divulgação e de permutas acadêmicas. 

Programação 

O Programa do evento contará com a seguinte estrutura: 

Conferências

Roger Chartier (França): Literatura e cultura escrita: estabilidade das obras, mobilidade dos textos, pluralidade das leituras.

Carlos Reis (Portugal): Estudos narrativos: estado da questão e a questão da personagem.

Mesas-redondas

O evento contará com 6 mesas-redondas para debate de temas de interesse da área de Estudos Linguísticos e Estudos Literários.

Minicursos

Serão ofertados 10 minicursos nas áreas de Estudos Linguísticos e Estudos Literários (ministrantes convidados pela Comissão).

Simpósios

27 Simpósios na área de Estudos Linguísticos: mínimo de 12 participantes e máximo de 24.

25 Simpósios na área de Estudos Literários: mínimo de 12 participantes e máximo de 24.

Sessões de comunicações

Para alunos de graduação que desenvolvam projetos de Ensino, Pesquisa ou Extensão.

Obs: a programação Geral do evento será divulgada em breve.

Simpósios - Estudos Literários 

LTR1 - A LITERATURA EM DIÁLOGO COM OUTRAS ARTES
Coordenadores: Mônica Luiza Socio Fernandes / Marly Gondim Cavalcanti Souza 

LTR2 - A LITERATURA JUVENIL: DO MERCADO ÀS INSTÂNCIAS DE LEGITIMAÇÃO
Coordenadores: Alice Áurea Penteado Martha / Vera Teixeira de Aguiar 

LTR3 - AS ARTES NARRATIVAS E O PANDEMÔNIO DA CONTEMPORANEIDADE
Coordenadores: Marisa Corrêa Silva / Acir Dias da Silva 

LTR4 - DIÁLOGOS COM A LITERATURA PORTUGUESA
Coordenadores: Antonio Augusto Nery / Rosana Apolonia Harmuch 

LTR5 - DIDÁTICA DA DIMENSÃO ESTÉTICA DA LEITURA
Coordenadores: Neide Luzia de Rezende / Robson Coelho Tinoco 

LTR6 - HISTÓRIA, MITO E PAISAGEM NA LITERATURA PORTUGUESA
Coordenadores: Clarice Zamonaro Cortez / Maria Natália Ferreira Gomes Thimóteo 

LTR7 - LEITURA LITERÁRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS: SUPORTES E GÊNEROS
Coordenadores: Renata Junqueira de Souza / Ana Lucia Espíndola 

LTR8 - LETRAMENTOS LITERÁRIOS: PRÁTICAS DE LEITURA E DE ESCRITA
Coordenadores: Mirian Hisae Yaegashi Zappone / Célia Regina Delacio Fernandes 

LTR9 - LITERATURA, CINEMA E TELEVISÃO: CONFLUÊNCIAS INTERSEMIÓTICAS
Coordenadores: Wellington Ricardo Fioruci / Ana Maria Carlos 

LTR10 - LITERATURA E CIÊNCIAS HUMANAS: LIMITES, APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS
Coordenadores: Edison Bariani Junior / Márcio Scheel 

LTR11 - LITERATURA E HOMOEROTISMO
Coordenadores: Emerson da Cruz Inacio / Jorge Vicente Valentim 

LTR12 - LITERATURA E IMPRENSA
Coordenadores: Jaison Luís Crestani / Daniela Mantarro Callipo 

LTR13 - LITERATURA INFANTIL E ENSINO: ROTAS, DESVIOS E DESAFIOS
Coordenadores: José Nicolau Gregorin Filho / Thiago Alves Valente 

LTR14 - LITERATURA SEM MORADA FIXA - ESPAÇOS E MOBILIDADES
Coordenadores: Paulo Astor Soethe / Wolf-Dietrich Sahr 

LTR15 - NARRATIVAS DE SUPERAÇÃO E DE ANIQUILAÇÃO NAS LITERATURAS AMERÍNDIAS, AFRICANAS E AFRO-DESCENDENTES
Coordenadores: Divanize Carbonieri / Alvany Rodrigues Noronha Guanaes 

LTR16 - O DEMONÍACO NA LITERATURA
Coordenadores: Antonio Carlos de Melo Magalhães / Salma Ferraz 

LTR17 - O PAPEL DO TEATRO NA LITERATURA BRASILEIRA
Coordenadores: Alexandre Villibor Flory / Allan Valenza da Silveira 

LTR18 - O ROMANCE BRASILEIRO
Coordenadores: Rosana Cássia Kamita / Regina Célia dos Santos Alves 

LTR19 - O SUJEITO LEITOR, A LEITURA E O ATO DE LER NA LITERATURA, NA EDUCAÇÃO E NAS MÍDIAS
Coordenadores: Raquel Lazzari Leite Barbosa / Sérgio Fabiano Annibal 

LTR20 - PSICANÁLISE E TEORIA CRÍTICA ARTICULADAS PARA A LEITURA E ANÁLISE DO TEXTO LITERÁRIO: O MAL ESTAR E A VIOLÊNCIA EM QUESTÃO
Coordenadores: Rosana Cristina Zanelatto Santos / Susylene Dias de Araújo 

LTR21 - REPRESENTAÇÃO/CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES NA LITERATURA DE AUTORIA FEMININA BRASILEIRA
Coordenadores: Lúcia Osana Zolin / Nincia Cecilia Ribas Borges Teixeira 

LTR22 - REPRESENTAÇÕES DO SUJEITO FEMININO: GÊNERO, SEXUALIDADE, IDENTIDADE, HISTÓRIA
Coordenadores: Cecil Jeanine Albert Zinani / Salete Rosa Pezzi dos Santos 

LTR23 - SOB O SIGNO DA CONVERGÊNCIA: ARTICULAÇÕES ENTRE TEORIA E PRÁTICAS DE SALA DE AULA NO ENSINO DE LITERATURA
Coordenadores: Márcio Roberto do Prado / Jaime dos Reis Sant Anna 

LTR24 - TRANSCULTURAÇÃO E HIBRIDISMO EM LITERATURAS PÓS-COLONIAIS
Coordenadores: Sérgio Paulo Adolfo / Alba Krishna Topan Feldman 

LTR25 - VIOLÊNCIA E TRISTEZA NA NARRATIVA DE FICÇÃO DO SÉCULO XX
Coordenadores: Alamir Aquino Corrêa / Jaime Ginzburg 

Simpósios - Estudos Linguísticos 

LNG1 - A GRAMÁTICA DISCURSIVO-FUNCIONAL E OS ESTUDOS DE GRAMATICALIZAÇÃO - INTERFACES POSSÍVEIS
Coordenadores: Edson Rosa Francisco de Souza / Ana Cristina Jaeger Hintze 

LNG2 - CONCEPÇÃO INTERATIVA DE LINGUAGEM E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: ABORDAGENS E REFLEXÕES TEÓRICO-PRÁTICAS
Coordenadores: Alba Maria Perfeito / Terezinha da Conceição Costa-Hübes 

LNG3 - DISCURSIVIDADES EM DIFERENTES SUPORTES MIDIÁTICOS
Coordenadores: Fernando Felício Pachi Filho / Renata Marcelle Lara Pimentel 

LNG4 - DISCURSO E SUJEITO: ABORDAGENS TEÓRICO-ANALÍTICAS EM TORNO DA SUBJETIVIDADE, DO CORPO E DA FALA PÚBLICA
Coordenadores: Pedro Navarro / Carlos Piovezani 

LNG5 - DISCUTINDO O ENSINO DE PORTUGUÊS COMO L1, L2, L2E
Coordenadores: Darcilia Marindir Pinto Simões / Maria Suzett Biembengut Santade 

LNG6 - ELEMENTOS DE LINGUÍSTICA PARA O TEXTO LITERÁRIO
Coordenadores: Jeane Mari Sant´Ana Spera / Marco Antônio Domingues Sant´Anna 

LNG7 - ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA CONTEMPORANEIDADE
Coordenadores: Adriane Teresinha Sartori / Sílvio Ribeiro da Silva 

LNG8 - ESTUDOS DO LÉXICO E DA GRAMÁTICA
Coordenadores: Magdiel Medeiros Aragão Neto / Morgana Fabiola Cambrussi 

LNG9 - ESTUDOS GEOSSOCIOLINGUÍSTICOS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Coordenadores: Vanderci de Andrade Aguilera / Catarina Vaz Rodrigues 

LNG10 - FERRAMENTAS DE ENSINO E PRÁTICAS EM SALA DE AULA
Coordenadores: Cláudia Valéria Dona Hila / Elvira Lopes Nascimento 

LNG11 - FÓRMULAS E ESTEREÓTIPOS: RELAÇÕES E CONDIÇÕES DE FUNCIONAMENTO
Coordenadores: Sírio Possenti / Sonia Aparecida Lopes Benites 

LNG12 - LEITURA E ESCRITA: ESTUDOS PSICOLINGUÍSTICOS E INTERFACES
Coordenadores: Vera Wannmacher Pereira / Onici Claro Flôres 

LNG13 - LER NA ATUALIDADE: HISTÓRIA, PRÁTICAS E DISCURSOS
Coordenadores: Luzmara Curcino Ferreira / Henrique Silvestre Soares 

LNG14 - LETRAMENTO, ETNOGRAFIA, INTERAÇÃO E APRENDIZAGEM
Coordenadores: Neiva Maria Jung / Cristina Marques Uflacker 

LNG15 - LINGUÍSTICA FUNCIONAL: TENDÊNCIAS E INTERFACES
Coordenadores: Maria Regina Pante / Elódia Constantino Roman 

LNG16 - O CAMPO PARADOXAL DAS IDEOLOGIAS, ENTRE IDENTIFICAÇÕES, SIMETRIAS E RUPTURAS
Coordenadores: Helson Flávio da Silva Sobrinho / Maurício Beck 

LNG17 - O SUJEITO NA LÍNGUA E NA HISTÓRIA: DA QUESTÃO DA SUBJETIVAÇÃO
Coordenadores: Alexandre Sebastião Ferrari Soares / Roselene de Fatima Coito 

LNG18 - O TEXTO ESCRITO E FALADO: ASPECTOS COGNITIVOS E SOCIOINTERACIONAIS
Coordenadores: Paulo de Tarso Galembeck / Isabel Cristina Cordeiro 

LNG19 - ORALIDADE, LETRAMENTO E SUAS RELAÇÕES
Coordenadores: Elaine Cristina de Oliveira / Cristiane Carneiro Capristano 

LNG20 - PARA A HISTÓRIA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: ESTUDOS DIACRÔNICOS EM DEBATE
Coordenadores: Fabiane Cristina Altino / Elvira Barbosa da Silva 

LNG21 - PRÁTICAS DE LINGUAGENS EM ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS
Coordenadores: Wagner Rodrigues Silva / Cristiane Carvalho de Paula Brito 

LNG22 - PRATICAS DISCURSIVAS POLÍTICAS E MIDIÁTICAS NA CONTEMPORANEIDADE
Coordenadores: Maria Celia Cortez Passetti / Roberto Leiser Baronas 

LNG23 - RELAÇÕES DE COERÊNCIA NO TEXTO E NA GRAMÁTICA
Coordenadores: Juliano Desiderato Antonio / Maria Beatriz Nascimento Decat 

LNG24 - REVISÃO E REESCRITA DE TEXTOS
Coordenadores: Raquel Salek Fiad / Renilson José Menegassi 

LNG25 - SEMÂNTICA, ENUNCIAÇÃO E POLÍTICA
Coordenadores: Sheila Elias de Oliveira / Soeli Maria Schreiber da Silva 

LNG26 - SUJEITO E RESISTÊNCIA EM PÊCHEUX E EM FOUCAULT
Coordenadores: Ismara Tasso / Suzy Lagazzi 

LNG27 - TRADUÇÃO, CULTURA & CONTEMPORANEIDADE
Coordenadores: Rosa Maria Olher / Ana Maria de Moura Schäffer 

Minicursos 

1- Técnicas narrativas em jogos digitais: a ilusão da interatividade”
Maurício da Silveira Piccini (PUCRS)

2- Introdução à Gramática Discursivo-Funcional (GDF)
Taísa Peres de Oliveira (UFMS)

3- Identidade e nacionalismo às avessas na obra de Oswald de Andrade
Lourdes Kaminski Alves (Unioeste)

4- O ensino de leitura mediado por computador: uma reflexão sobre a relação didática entre teoria e prática
Denise Bértoli Braga (Unicamp)

5- Plínio Marcos: entre o lírico, o marginal e o político
Wagner Corsino (UFMS)

6- Exclusão e identidade: questões de ética
Maria José Rodrigues Faria Coracini (Unicamp)

7- Poética da Criação e da Crítica: Romantismo, Modernidade e Escritura
Márcio Scheel (Unesp)

8- Introdução à Teoria da Gramaticalização
Edson Rosa Francisco de Souza (UFMS)

9- Leitura e escrita: teoria e ensino em perspectiva psicolinguística e interfaces com outros modelos da Linguística e com a Literatura
Vera Wannmacher Pereira (PUCRS) e Onici Claro Flôres (Unisc)

10- Traduzindo para o Espanhol na Wikipédia
Artur Emilio Alarcon Vaz (Furg) e Daniele Corbetta Piletti (Furg)

Obs.: Serão ofertadas sessenta (60) vagas por minicurso

O Resumo dos simpósios será colocado no blog pouco a pouco.

Fonte:
http://www.cielli.com.br/programacao_geral 

terça-feira, 1 de maio de 2012

Olga Agulhon (O Presente do Vovô)


Eu era a caçula de seis irmãos e morávamos na fazenda que meu pai possuía, perto da cidade.

Estudávamos na escolinha que havia na cabeceira da fazenda, perto da qual também existiam uma pequena mercearia e a igrejinha. Ali eram feitas grandes quermesses e vinha gente de toda a vizinhança, o que realmente lotava o lugar, pois em nenhuma das fazendas de café havia menos que cinco famílias.

Como eram gostosas aquelas festas! A de São João era um estouro. Tinha a reza do terço, hasteamento das figuras dos santos nos mastros, queima de fogos, quadrilha, comidas típicas, fogueira e outros folguedos. À meia-noite, várias pessoas passavam descalças sobre as brasas da fogueira. Lembro-me de que, desde muito pequena, brigava contra o sono para estar acordada nesse momento. Pensava que um dia também teria a coragem e a fé, que, segundo os praticantes, eram os únicos segredos para não queimar os pés.

O Natal, então, era pura alegria. Ficávamos sempre encantados com o presépio da igreja e emocionados com o momento que representava o nascimento de Jesus, quando uma criança da comunidade, vestida de anjo, entrava na gruta para colocar o menino Jesus na manjedoura. Todos batiam palmas com intensidade, muitos deixavam rolar algumas lágrimas e alguns, dentre eles minha mãe, choravam mesmo.

Quando voltávamos para casa, o Papai Noel já havia deixado o presente ao lado do sapatinho posto na janela.

Meu avô Antônio cantava e tocava sanfona em todas essas festas. Todos gostavam dele e, muitas vezes, convidavam-no para contar causos, como diziam os colonos.

As pessoas reuniam-se no terreirão da fazenda, sob a luz das estrelas e do lampião de gás, para ouvi-lo contar suas histórias, que faziam pequena a noite, trazendo mais rápido o raiar dos dias de domingo.

Quando minha avó morreu, vô Antônio tornou-se amargo e triste. Já não brincava conosco, nem cantava, nem tocava, nem contava histórias.

As festas, sem a sua presença, não tinham mais a mesma alegria, e as noites tornaram-se mais longas. Talvez quisesse que todos sentissem, tal como ele, a falta da vovó. Achavam falta dele e lembravam do motivo de sua ausência e de sua tristeza. Conseqüentemente, recordavam da vó Ana. Era assim que eu pensava, ou penso agora, não sei.

Vovô realmente não se conformava com a morte da companheira de mais de cinqüenta anos. Dizia não poder imaginar o que teria feito para que ela partisse sem ele.

Prometeu, então, que esperaria por ela em silêncio, para poder ouvir quando ela o chamasse.

Disse-me, um dia, que só tocaria novamente a sua sanfona quando vovó viesse buscá-lo. Tocaria e cantaria para ela e para se despedir de nós e deste mundo.

As pessoas, inclusive meus pais, achavam que vovô havia ficado louco, ou melhor, que ele já estava caduco, gagá. Diziam que ele, de tanto inventar histórias, chegara ao ponto de inventar uma na qual realmente acreditava.

Eu não entendia, porque todos os que diziam essas coisas também sempre disseram que vovô era um homem honesto, honrado e que sua palavra valia tanto quanto uma nota promissória. Então, vovô não mentia e, portanto, eu acreditei nele.

O certo é que se passaram mais de três anos e vovô permanecia quase sem conversar, sentado na varanda, em sua cadeira de balanço, com a sanfona ao lado.

Naquela noite, véspera de Natal, estávamos todos reunidos na varanda, clara pelo brilho da lua cheia, passando o tempo com conversa fiada até que chegasse a hora de dormir e o Papai Noel pudesse entrar sem ser visto.

Quando o sono já se aproximava, notei que vovô sorria, olhando longe, lá fora, para o carreador.

De repente, pegou a sanfona e começou a tocar e cantar baixinho, com a voz sem treino, rouca e cansada.

Assim que terminou a canção, fechou os olhos; e permaneceu ali, com a sanfona sobre o colo e um sorriso no rosto, segundo a minha lembrança de menina.

Meus pais choraram muito, mas eu não consegui encontrar motivo para ficar triste; só achei que ele tinha recebido o seu presente antes da hora.

Ninguém viu vovó vir buscá-lo, como ele dizia que aconteceria, mas acreditei ter sentido a sua presença. Então me explicaram que isso era coisa de crianças pequenas, que do mesmo modo que os vovozinhos, já gagás, confundiam suas histórias e seus sonhos, confundiam a realidade e a fantasia; e acreditavam em Papai Noel.

Novamente não entendi, porque aquilo que senti, sabia ter sentido.

Ao amanhecer, o presente do Papai Noel estava lá, ao lado do sapatinho posto na janela.

Fonte:
Academia de Letras de Maringá

sábado, 13 de agosto de 2011

Jorge Fregadolli (Livro de Trovas)


O homem nasce, cresce, morre,
deixa o mundo, a ilusão.
O que ninguém jamais esquece,
seu caráter, retidão.

No Rotary ou no lar,
é bom praticar o bem.
E deixe o tempo passar,
pra viver feliz também.

Bendito o irmão que na roça
puxa a enxada e planta o grão.
Tirando da terra a nossa
diária alimentação.

Neide Rocha Portugal,
pintora, jaz consagrada.
Poeta internacional…
nas telas, idolatrada!

Sem amor e sem carinho
vive o homem a lamentar.
Deixa o calor de seu ninho,
prá buscar noutro lugar!

Antenor, na plena idade,
chamou de Cidade Canção,
Maringá, bela cidade.
Aclamada pela multidão.

Por amar nossa Maringá,
divulgo meu amado chão!
– Lugar melhor não verá
meu torrão, meu coração!

Do arco-íris, o sinal
rebrilhando em Maringá,
nos mostra que a catedral
é benção ao Paraná!

Oh, bem-vindos, trovadores,
daqui, ali e acolá.
Trazendo sonhos e flores,
à radiante Maringá.

As garças brancas voando,
já no silêncio da aurora…
O seu sustento buscando,
ao romper da primeira hora.

Borboleta beijoqueira
dá beijos em cada flor.
Voando solta, fagueira,
vai fecundar seu amor.

Laura, tão querida tia,
será sempre a mãe amada.
Com gratidão, todo dia,
eternamente, idolatrada!

Na terra, no céu, no mar,
somos todos peregrinos.
A ciência há que buscar
os grandes e os pequeninos.

Arma-se a lona do circo,
todos os dias, no meio da rua.
Artista, enfrenta o risco…
o sorriso é marca sua.

Chove-chove, chuva amiga,
é benção à plantação.
Multiplica o fruto, a espiga,
dá mais vida e força ao chão!

– Que tamanho tem o mundo?
– Contém tudo, é o universo.
São seus sonhos mais profundos!…
Ele está em cada verso.

Fonte:
Olga Agulhon e Eliana Palma (orgs). Academia de Letras de Maringá: VII Coletânea 2011.

domingo, 10 de julho de 2011

Renato Benvindo Frata (As Botinas de Couro Cru)


Quarta das cinco cronicas vencedoras do V Concurso Literário “Cidade de Maringá” (Cronicas Vencedoras) Troféu Laurentino Gomes.
Renato Benvindo Frata é de Paranavaí/PR.
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Juvenal correu para a vitrine cobiçar o belo par de botinas de couro cru ali exposto. Fazia tempo que ele as vira e se apaixonara à primeira vista. Encostou-se no vidro, correu o palito entre os dentes e pensou: – vocês vão ser minhas, bichinhas… Ato contínuo, foi fazer seu serviço de entregar couve à freguesia.

Tarefa cumprida, voltou à venda e pediu para vê-las. Alisou-as, cheirou-as, imaginou-se com elas nos pés diante do altar a receber as bençãos do casamento. Sorriu de orgulho pelo amor de Julinha, a noiva, que também fazia seu enxoval. Confirmou o preço, fez as contas e viu que ainda não tinha o suficiente.

Na lerdeza do pangaré que puxava a carroça, foi matutando para encontrar o meio de conseguir o dinheiro das botinas. Não poderia vender as galinhas, já que elas eram poedeiras, e os ovos, o seu sustento; nem a cabrita Lindoca, que lhe fornecia o leite diário e um queijinho de vez em quando. – Êta pobreza! – excomungou -, até que lhe surgiu uma idéia fabulosa: e se vendesse o leitão que o futuro sogro comparara para o casamento? – Não, – refutou – não daria certo. Se descobrisse a velhacagem, o sogro desfaria tudo, até o casamento; e sem Julinha não conseguiria viver. Mas as danadas das botinas não lhe saíam da cabeça. Volta e meia se via calçado com elas a rodopiar no salão improvisado no celeiro que o sítio abrigava.

Pelo sim, pelo não, resolveu: levou o porco do outro lado da cidade e o vendeu. E com ar muito sério contou que o bicho havia sumido. – Que fazer? – perguntou triste o sogro, ao que Juvenal remendou: – o povaréu que se farte com o que for servido, ora essa. – E Saiu, para não encompridar a conversa.

À véspera do casamento, com o dinheiro contado, correu à venda e comprou as botinas. Nem deixou que as embrulhassem: e feliz da vida iria se preparar para a felicidade completa junto de Juliana. Experimentou o terno, arrumou o nó da gravata, enfiou o par de meias e se sentou para calçar as botinas. Puxa daqui e dali, exclamou: – Ô diabo! Estavam apertadas. Mais um puxão e elas entraram machucando os pés, que não suportariam por muito tempo. O casamento estava chegando, e trocá-las por outras não poderia…

Bom matuto. Juvenal encheu-as com milho e despejou em cima um caneco de água. A umidade faria os grãos incharem, e com isso o couro ficaria mais frouxo. Levou-as à um quaradouro à porta do celeiro – já enfeitado para a festa -. para que o sereno ajudasse no inchaço dos grãos de milho, e dormiu sonhando com a vida nova, com Julinha pelada, com as couves, com as botinas e com o sucesso que fariam.

No raiar do sol pulou nas calças, e de chinelos nos pés saiu para pegá-las e calçá-las. Parou estupefato. Lindoca, na escada do celeiro, mastigava com paciência de cabra o último pedaço do segundo pé.

Fonte:
AGULHON, Olga e PALMA, Eliana. V Concurso Literário “Cidade de Maringá”. Maringá: Academia de Letras de Maringá, 2011.
Imagem = Calçados da Serra

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Fábio Augusto Antea Rotilli (O Celeiro)


Terceira das cinco cronicas vencedoras do V Concurso Literário “Cidade de Maringá”

Lá estava ele a escovar o potro. Ela entra:

- Oi! Careçu falá coce! Vim mi discupá!

Tinha-o traído. O que diria? Não há desculpas quando se joga assim. Na real, ela nem sabia o que fazia ali – apenas sentia responsabilidade, um peso que devia expiar de alguma forma. O capataz, num ímpeto de dignidade, fitou-a severamente. Ela desmanchou-se. Gostava dele. Mas o outro era patrão – dizia-se – no norte. Era melhor a razão, melhor que o coração. E os dois ali, no celeiro... foi quando o rapaz, sentindo que tinha direitos, se aproximou dela, ousadamente. Ela ficou. Queria também. O sexo deles era bom. E o lugar, sugestivo e discreto. Então se atracaram. Bichos no celeiro. Os animais eram cúmplices, nisso partilhavam as mesmas essências. Ao se demorar no monte de feno, eles não se saciavam... a apoteose se estremava em meio aos bichos presos. Eles, sempre bichos presos, gozando derradeiro momento de liberdade.

Depois do ardor e do fogo nas ventas, o relaxamento e o apaziguamento. Foi quando dialogaram:

- Sim, bem, vou sim’bora cum Eli! Eli num discunfia di nóis.

- Pois vá! – qui aprovu! Num ti póssu mantê!

Eram xucros que se entendiam, brutalmente. O supetão e o arrebatamento eram seu dialeto. Mas no coração eram anjos de simplicidade, cujo sexo selvagem se traduzia numa honestidade da carne.

E foi ali que se despediram: no celeiro. Lugar de guardar tralha, grãos e bens vivos. O que ela não sabia é que, dele, foi celeiro: foi carregando sua semente, que o outro adubará e cujo fruto terá por seu.

Fonte:
AGULHON, Olga e PALMA, Eliana. V Concurso Literário “Cidade de Maringá”. Maringá: Academia de Letras de Maringá, 2011.
Imagem = http://pt.dreamstime.com/

terça-feira, 5 de julho de 2011

Élbea Priscila de Sousa e Silva (Pequena e Doce Crônica)


Segunda das cinco cronicas vencedoras do V Concurso Literário “Cidade de Maringá” (Cronicas Vencedoras) Troféu Laurentino Gomes.

ÉLBEA PRISCILA DE SOUSA E SILVA
(Caçapava/SP)
PEQUENA E DOCE CRÔNICA

A sua despensa era o seu “celeiro”.

Ali ela guardava ovos de suas adoradas galinhas, as quais batizava: Branquinha, Dengosa, Gorda, Andeja e por aí afora. Estocava o feijão mulatinho da última safra, o arroz vermelho, socado no pilão, a farinha de trigo integral, as frutas do pomar... Ah! E os potes de geléia e vidros de conserva e a ardida e deliciosa pimenta dedo-de-moça... e os doces cristalizados e a goiabada cascão... e os queijos e manteiga...

Aquele celeiro de provisões e guloseimas era o orgulho de minha mãe. Era parte de seu doce mundo.

Quando chegava uma visita inesperada, ela me chamava:

- Querida, vá até o “celeiro” e traga queijo, geléia, manteiga, que eu já vou aprontar um café para a nossa amiga. E também, traga broinhas de fubá e caramelos para as crianças...

A mesa do café ficava um sonho só, com a toalha branca, de linho bordada, herança da vovó, e com os guardanapos ao lado das xícaras de porcelana. Era uma festa para os olhos e paladares.

Nós morávamos na roça, mas... cultura vem do berço, e aqueles requint3es todos acariciavam a alma de mamãe e de todos nós, filhos e marido.

Aquela mesa era o carinho concretizado de seu espírito sensível.

Quando ela se foi, com ela se foi o “celeiro”.

Ninguém continuou a tradição porque os tempos são outros...

A fazendo foi vendida, os filhos partiram e papai mora comigo.

Eu lhes conto, porém, um segredo: ele, o celeiro, se transferiu para o meu peito, e aí está sempre repleto de doces sabores, de olores suaves e da presença etérea e eterna de uma adorável quituteira.

O “celeiro” e ela vivem aqui, em cores, em meio às demais lembranças, em branco e preto.

Fonte:
AGULHON, Olga. PALMA, Eliana. V Concurso Literário “Cidade de Maringá”. Maringá: Academia de Letras de Maringá, 2011.

domingo, 3 de julho de 2011

André Telucazu Kondo (Celeiro da Infância)


Uma das cinco cronicas vencedoras do V Concurso Literário “Cidade de Maringá” (Cronicas Vencedoras) Troféu Laurentino Gomes. Será postada, cada dia, uma das cronicas vencedoras até totalizar as cinco vencedoras.

A estrada que levava à fazenda do meu tio era cercada por eucaliptos. A porteira de madeira, com os braços abertos, me recebia com carinho. Eu ainda era criança quando entrei no celeiro da fazenda pela primeira vez. Na época, havia uma grande coruja branca morando lá, sempre de olhos bem abertos. Era como se ela fosse uma grande avó, só observando as estripulias que meus primos e eu aprontávamos. Fazíamos bagunça, ela piava, nós riamos.

De todas as brincadeiras no celeiro, a mais divertida era com certeza subir a escada do silo e saltar no mar de milho. "Nadávamos" por horas, sem nos importar com nada, sem nos importar com o tempo. Mas, infelizmente, o tempo se importava e passou...

Já adulto, voltei à fazenda. A porteira de madeira era agora de ferro. Os novos tempos exigiam mais segurança, pois a fazenda já havia sido roubada várias vezes. E o celeiro? Desapareceu. Os novos tempos exigiam mais economia, e estocar os grãos ficava mais barato no celeiro da cooperativa local. E as crianças? Cresceram. Os novos tempos exigiam um comportamento mais sério delas.

Bateu uma saudade grande, enquanto eu caminhava pelo local em que um dia o celeiro existiu. Um dos meus primos estava se preparando para casar, minha prima já tinha até filho e o outro primo estava se formando na faculdade. Eu caminhava sozinho pelo vazio de um celeiro que já não existia mais.

Foi então que o vento soprou e me trouxe uma pena branca. Apanhei-a no chão e sorri. Aquela singela pena deu asas à minha saudade. Fechei os olhos e ouvi uma grande coruja branca piar, enquanto meu mundo se acabava em um dourado e imenso mar de milho.

Ao abrir os olhos, eu vi que o celeiro não estava mais lá, simplesmente porque, agora, não era mais o celeiro que guardava a minha infância, mas era eu quem guardava o celeiro, dentro do peito.

Fonte:
AGULHON, Olga e PALMA, Eliana. V Concurso Literário "Cidade de Maringá". 1. ed. Maringá: Academia de Letras de Maringá, 2011.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Antonio Augusto de Assis (Tábua de Trovas)


1.
Sorria, amigo, sorria!
Pois, neste tempo de tédio,
qualquer sinal de alegria
é sempre um santo remédio!
2.
Sorriso não paga imposto;
esbanja, portanto, o teu.
Sorrindo com graça e gosto,
acendes também o meu!
3.
Irmanemos nossas vidas
em comunhão generosa,
tal como vivem unidas
as pétalas de uma rosa!
4.
Sonho um mundo redimido,
que, movido a coração,
lance flechas de Cupido,
não petardos de canhão!
5.
Eu tenho fé nas pessoas,
em todas, sem exceção,
que todas elas são boas,
quando lhes damos a mão!
06.
De quantas bênçãos se tecem
as vidas fortes, sofridas,
que de si mesmas se esquecem
para cuidar de outras vidas!
07.
Criado por Deus, o rio
nasce limpo e, como nós,
traz consigo o desafio
de limpo chegar à foz.
08.
Jardineiro, que me encantas,
que bonito é o teu labor!
Tens o dom de com mãos santas
do esterco extrair a flor!
09.
Bem-te-vi que bem me vês,
bem-visto sejas também,
hoje e sempre e toda vez
que bem me vires… Amém!
10.
Eu sei por que o passarinho
canta gostoso e se inflama:
é que ele tem no seu ninho
uma família que o ama!
11.
Valente, o verde resiste
à foice, ao fogo, ao trator.
– É a vida que, dedo em riste,
enfrenta o seu matador!
12.
Quem ama não mata a mata;
quem ama planta, recria.
Quem ama protege e acata
o verde, a vida, a alegria!
13.
Dói muito ver um canário
cantando humilhado e triste
em troca do vil salário
de um punhadinho de alpiste!
14.
Treme o mundo e se consome
ao som de um terrível brado:
– o grito que sai com fome
da boca do injustiçado!
15
Jogado no mundo, ao léu,
rezava o orfãozinho assim:
– Cuida bem, Papai do Céu,
dos que não cuidam de mim!
16.
Matam crianças na rua,
hoje ainda, que que é isto?
– É que Herodes continua
caçando o Menino-Cristo!
17.
“Bem-vinda à vida, criança!”,
diz o parteiro sorrindo.
E a frase é um hino à esperança,
no seu momento mais lindo!
18.
É mais que um beijo, é uma prece,
aquele beijo miudinho
com que a mãe afaga e aquece
os seus filhotes no ninho!
19.
Ouvi um menino uma vez
mandar aos pais um recado:
– Eu sou o amor de vocês
que se fez carne… Obrigado!
20.
Cuide bem do seu bebê;
forme-o forte, sábio e puro.
Ele é a porção de você
que vai viver no futuro!
21.
Brincam na praça os pequenos:
castelos, canções, corrida…
São seus primeiros acenos
aos grandes sonhos da vida!
22.
Nas costas, leva a criança
seus livros numa sacola;
nos olhos, leva a esperança
como colega de escola!
23.
O agricultor que semeia
o arroz, o milho, o feijão
trabalha com Deus à meia
na Obra da Criação.
24.
O sol engravida a chuva,
e a terra se faz seu ninho;
no ninho se faz a uva,
e a uva desfaz-se em vinho!
25.
O fruto é um santo produto
do mais generoso amor.
Por isso é que antes de fruto
quis Deus que ele fosse flor.
26.
Numa harmonia perfeita,
completam-se o fruto e a flor:
ele alimenta, ela enfeita;
ele dá força, ela o amor!
27.
Deus fez a Terra… e, ao fazê-la,
deu-lhe o toque comovente:
fez o céu para envolvê-la
num pacote de presente!
28.
Belo sonho o que aproxima
estrelas e pirilampos…
– Elas são eles lá em cima;
eles são elas nos campos!
29.
Mesmo soltas e espalhadas,
as pétalas são formosas;
porém somente abraçadas
é que elas se tornam rosas!
30.
Ó Deus, que nos deste a flor,
e as crianças e as estrelas,
dá-nos agora, Senhor,
a graça de merecê-las!
31.
De dia caleja a palma
o irmão que cultiva o chão.
De noite alivia a alma
nas cordas de um violão!
32.
A vida jamais se encerra…
e é bom sermos imortais.
– Amar você só na Terra
seria pouco demais!
33.
– Quantas águas, canoeiro,
o senhor já canoou?…
– Talvez menos, seresteiro,
que as que o senhor já chorou!
34.
As almas, se generosas,
percorrem árduos caminhos…
Só no céu elas e as rosas
ficam livres dos espinhos!
35.
É quando a ofensa mais dói
que o perdão tem mais encanto:
– nele há a nobreza do herói
e a fortaleza do santo!
36.
Feliz o idoso que, esperto,
se ampara nesta verdade:
quanto mais velho, mais perto
das bênçãos da eternidade!
37.
Trate o velho com respeito;
dê-lhe o amor que possa dar.
Mas não lhe roube o direito
de a si mesmo governar!
38.
Todo idoso é um professor;
curvo-me e beijo-lhe a mão.
No mínimo, ensina amor,
hoje máxima lição!
39.
Certeza só têm os rios
sobre aonde vão chegar…
Por mais que sofram desvios,
seu destino é sempre o mar!
40.
Ismo, ismo, ismo, ismo…
e o medo está sempre em alta…
– Experimentem lirismo,
que talvez seja o que falta!
41.
O lírio, a lira, o lirismo;
o amor, a festa, a canção…
Que pena que o consumismo
transforma tudo em cifrão!
42.
Anoitece… Bela e nua,
a rosa põe-se a orvalhar-se…
– Um raiozinho de lua
virá com ela deitar-se!
43.
Astronauta, não destrua
meu direito de sonhar…
Deite e role sobre a Lua,
porém me deixe o luar!
44.
Tem muito mais graça a vida
quando a gente tem com quem
repartir bem repartida
a graça que a vida tem!
45.
De barro se faz o homem,
e de luz principalmente.
O barro, os anos consomem;
a luz eterniza a gente!
46.
Na porta da eternidade,
documento não tem vez.
– O cartão de identidade
é o bem que em vida se fez!
47.
O livro mudou o enredo
da história da humanidade:
– Antes dele, a treva e o medo;
depois dele a liberdade.
48.
Na biblioteca há mil sábios
a nosso inteiro dispor.
– Sem sequer abrir os lábios,
cada livro é um professor!
49.
Vai, riozinho, sem pressa…
lembra ao mar, sem raiva ou mágoa,
que ele é grande, mas começa
num modesto olhinho d’água!
50.
Acaso fizeste a Lua?
Acaso fizeste a rosa?
Então que ciência é a tua,
tão solene e presunçosa…
51.
Milhões e milhões de estrelas…
Que utilidade terão?
– Só sei, meu irmão, que ao vê-las
sinto Deus no coração!
52.
Olhem a rosa os que ainda
costumam dizer-se ateus.
– Ela é a resposta mais linda
quanto à existência de Deus!
53.
Quem tem amigos leais
tem muito o que agradecer:
bons amigos valem mais
que o mais que se possa ter.
54.
Coragem de gente grande
é aquela em que se distingue
alguém assim como Gandhi,
São Francisco, Luther King!
55.
Ave-Maria, uma prece
tão gostosa de rezar,
que às vezes mais me parece
cantiguinha de ninar!
56.
Ouço ainda, ao longe, o canto
de um velho carro de boi…
– Lembrança de um tempo e tanto,
que há tanto tempo se foi!
57.
Vestem-se as águas de prata,
saltam no espaço vazio.
Findo o show da catarata,
sereno refaz-se o rio…
58.
Olha lá o ipê florindo,
ele sozinho, na praça…
Florindo, lindo, se rindo
para a cidade que passa!
59.
Leves, ao longe, ora em bando,
ora dispersas, esparsas,
parecem anjos brincando
de lenços brancos – as garças!
60.
Curvada ao peso da idade,
a vovó, serena e bela,
distrai o tempo e a saudade
entre o novelo e a novela…
61.
Ah, meu rio, de repente,
o que foi feito de nós?
Ficou tão longe a nascente…
vemos tão próxima a foz!
62.
Como é bom saber que o filho
vida afora alegre vai,
dando forma, força e brilho
aos sonhos do velho pai!
63.
A bênção, queridos pais,
que às vezes sois mães também.
Em nome de Deus cuidais
dos filhos que d’Ele vêm!
64.
Quanto mais rápido passa
o tempo a mim concedido,
mais grato eu sou pela graça
de cada instante vivido!
65.
Vem, vem, onda bela, vem
nossas lágrimas lavar…
Leva-as todas, lava-as bem,
faz delas um novo mar!
66.
Em resposta à ofensa e à intriga,
ensina o amor: “Faça o bem!”
– O amor é sábio: não briga,
perdoa cem vezes cem!
67.
Num lugar pequenininho,
fez o amor uma capela.
Veio a fé e fez um ninho
de esperanças dentro dela!
68.
Se aos heróis e aos grandes sábios
devemos tão bela herança,
muito mais a quem nos lábios
traz o canto da esperança!
69.
O grande tenor se cala
ante o pássaro silvestre.
– É o discípulo de gala
querendo escutar o mestre!
70.
Quantas bênçãos traz a chuva
quando rega a plantação:
benze o trigo, benze a uva,
benze a vida em cada grão!
71.
Importa pouco a mobília,
importa pouco a fachada…
O amor que envolve a família
é só o que importa, e mais nada!
72.
Não “Pai meu”; “Pai nosso” eu digo,
e ao próximo estendo a mão.
Lembro assim que, mais que amigo,
o próximo é amigo e irmão!
73.
Morre o sábio… enorme bem
perde o mundo em tal momento.
O que ele tinha, herda alguém;
não no entanto o seu talento!
74.
Palavras produzem fartas
e tão belas construções:
com elas fez Paulo as Cartas,
fez os seus versos Camões!
75.
A palavra acalma e instiga;
a palavra adoça e inflama.
– Com ela é que a gente briga;
com ela é que a gente ama!
76.
Há de chegar o momento
da correção dos papéis:
mais valor terá o talento
do que as pedras dos anéis!
77.
Trabalhas tanto, formiga,
enquanto, ó cigarra, cantas.
No entanto, basta de intriga:
– são duas tarefas santas!
78.
Se alguém se torna importante,
por certo alguém o ajudou.
Mesmo o Amazonas, gigante,
de afluentes precisou!
79.
Ninguém se julgue o primeiro
a fazer seja o que for.
Bem antes do jardineiro,
já havia no mundo a flor!
80.
Hoje é simples ir à Lua,
fica ali… basta um voozinho…
Proeza é cruzar a rua
para abraçar o vizinho!
81.
Cidadania é civismo,
sobretudo é comunhão;
é ajuda mútua, é altruísmo,
partilha justa do pão.
82.
Grande mesmo é quem descobre
que ser grande é ser alguém
que abre espaço para o pobre
tornar-se grande também.
83.
Que alegre alívio provoca,
na alma e no coração,
o abraço que a gente troca
numa troca de perdão!
84.
Um vaga-lume, isolado,
é só uma pobre luzinha;
no entanto, aos outros somado,
clareia a roça inteirinha!
85.
Deus não vem na grande nave;
Deus não vem no furacão.
Deus vem qual brisa suave,
e entra em nosso coração!
86.
Terno, amigo e generoso,
quis Deus se configurar
no abraço do pai saudoso
no filho que volta ao lar!
87.
Deus não põe ponto final
na biografia da gente.
– Quer nossa alma, imortal,
junto à d’Ele, eternamente!
88.
A vida no mundo é um treino,
a etapa em que o Treinador
nos prepara para o reino
definitivo do amor!
90.
Quando criança eu queria
ser piloto de avião…
Fiz-me poeta, e hoje em dia
meus vôos bem mais alto vão!
90.
Olhe os poetas e as aves…
Veja que, embora não plantem,
Deus lhes retira os entraves
e apenas pede-lhes: – Cantem!
91.
Tão bela, tão generosa,
símbolo eterno da paz,
pede desculpas a rosa
pelos espinhos que traz!
92.
Se lhe derem mais apoio;
se ele vir que o bem faz bem,
tenha certeza: há de o joio
tornar-se trigo também!
93.
Com que suave ternura
tece a canária o seu ninho!
– Mãe é assim, dengosa e pura…
a nossa e a do passarinho.
94.
Hoje eu sei qual a razão
de a planta gerar a flor:
É a sua retribuição
a quantos lhe dão amor!
95.
O verbo se faz beleza:
faz-se estrela e chuva e flor;
faz chamar-se Natureza,
e nela se faz expor!
96.
Quem preza a vida divide-a,
como o cedro acolhedor
que adota por filha a orquídea,
e dá-lhe suporte e amor!
97.
Benditas sejam as vidas
que, alegres, serenas, santas,
vivem a vida envolvidas
em levar vida a outras tantas!
98.
Todos vós que estais cansados,
vinde a mim – diz o Senhor.
Vinde e vede, irmãos amados,
como é grande o meu amor!
99.
Vem vindo um tempo sem bombas,
sem tanques e sem canhões.
Falcões darão vez às pombas,
e os fuzis aos violões!
100.
Dirá Deus: “Faça-se a paz,
e todos dêem-se as mãos!”
E então, meu filho, verás
que lindo é um mundo de irmãos!

Fonte:
ASSIS, Antonio Augusto de. Tábua de trovas. Maringá – 2004.

terça-feira, 9 de março de 2010

Emílio Germani (O Vinho)


O sangue da terra é presença constante na casa do lavrador de origem italiana.

A recepção das visitas é sempre com uma bela jarra de vinho branco ou tinto, segundo a hora em que é servida.

Não há gaúcho italiano que não tenha seu vinho, não há vinho que não seja consagrado pelo suor e o trabalho dessa gente laboriosa de Caxias, Bento, Mato Perso e arredores, o ano inteiro zelando seu parreiral.

Nas refeições e nos momentos de descanso, festivos ou de alegres comemorações, sem escurecer os seus horizontes de esperança, o vinho nunca está só.

Em sua índole indomável e varonil, nos momentos de solidão ou melancolia, recordando a vida dura do começo, com a sanfona resfolegando melodias folclóricas, canta, bebe, brinda pelos feitos do passado, na esperança das realizações do futuro, das mulheres que amou, da casa que construiu e do vinho que nunca faltou.

As pendências desaparecem quando alegres bebem. Seja de manhã, de tarde ou à noite, reina alegria. Nada turva a harmonia da numerosa família.

O tinto ou o branco de Caxias ou de Bento, de aroma e sabor agradável, lembrando o amor e o trabalho árduo de sol a sol, anos e anos seguidos, cuidando a propriedade e criando os filhos, olhando para o futuro da vida digna que levam, para a consagração do pão e do vinho, ergueram-se altares em toscas ermidas.

O vinho na colônia italiana é a luz da vida, sob o fulgor das estrelas. Depois de um santo trabalho coletivo, de homens e mulheres decididos, o vinho é um personagem indispensável nas conversas e na harmonia ombro a ombro.

Bendito o vinho puro e caprichado, tradição da Serra Gaúcha!

Fonte:
Emílio Germani. Folhas Esparsas. Maringá: Ed. do Autor, 2009.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Secretaria da Cultura de Maringá (Programação de fevereiro/2010)



CLUBE DE LEITURA (entrada franca)

Dia 06/02 – Livro: “Lavoura Arcaica”, de Raduan Nassar. Biblioteca Centro, às 10h00.

CLUBETEEN (entrada franca)

Livro: “Crepúsculo”, de Stephenie Meyer, às 15h00.
Dia 12/02, na Biblioteca Operária.
Dia 24/02, na Biblioteca Palmeiras.

Livro: “Eclipse”, de Stephenie Meyer.
Dia 23/02, na Biblioteca Alvorada, às 15h00.

Livro: “O amanhecer”, de Stephenie Meyer.
Dia 25/02, na Biblioteca do Mandacaru, às 14h00.
Dia 26/02, na Biblioteca Centro, às 15h00.

CLUBINHO DE LEITURA/TEATRO DE SOMBRAS (entrada franca)

Livro: “O Grúfalo”, de Júlia Donaldson.
Dia 10/02 – Biblioteca Palmeiras, às 10h00.
Dia 11/02 – Biblioteca Mandacaru, ÀS 14h00.
Dia 13/02 – Biblioteca Centro, às 10h00.
Dia 19/02 – Biblioteca Alvorada, às 15h00.
Dia 26/02 – Biblioteca Operária, às 15h00.

Livro: “O pavão do abre-e-fecha”, de Ana Maria Machado.
Dia 19/02 – Biblioteca do Mandacaru, às 14h00.

Livro: “Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias”, de Ruth Rocha.
Dia 23/02 – Biblioteca do Mandacaru, às 14h00.

CONVITE AO TEATRO (sempre no Teatro Barracão, às 21h00, entrada franca).

Dias 05, 12, 19 e 26/02 – Peça: “Zabelê, Caxinguelê e o Romance Perfumado”, com a Cia FANTOKIDS de Bonecos, para todas as idades.

PROJETO FÉRIAS NA BIBLIOTECA / Oficina de poesias para adolescentes (entrada franca).

Dias 01, 03 e 05/02 – Biblioteca do Mandacaru, das 14h00 às 16h00.

Fonte:
Academia de Letras de Maringá

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

IV Colóquio de Estudos Linguísticos e Literários (IV CELLI)

O IV Colóquio de Estudos Linguísticos e Literários (IV CELLI), proposto pelo Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Estadual de Maringá, é um evento acadêmico-científico que tem por objetivo congregar pesquisadores atuantes no Brasil para discussão, reflexão e divulgação de produção acadêmica, técnica e cultural em Letras, Línguística e áreas afins.

Em sua quarta edição, o evento amplia esse público, acolhendo, também, professores, pesquisadores e alunos de instituições estrangeiras, configurando seu caráter internacional. Assim, o I Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários (I CIELLI) passa a se constituir em um espaço de ampla divulgação e de troca de experiências acadêmicas, por meio de conferências com convidados do exterior, de mesas-redondas, de minicursos e de simpósios nas áreas de Literatura e de Linguística

ATENÇÃO!

As inscrições para participação no evento estarão disponíveis no menu a partir das 13h00m do dia 16 de Janeiro de 2010 (sábado).

Com o pagamento de uma inscrição cada participante poderá:

1) Submeter até 2 (duas) comunicações, desde que seja para Simpósios diferentes. Em caso de trabalhos em co-autoria os dois autores deverão recolher a taxa de inscrição.
(Os interessados em participar do CIELLI, com apresentação de trabalho, deverão escolher os Simpósios em que gostariam de participar e selecionar o simpósio desejado na hora da inscrição.)

2) Se inscrever em 1 (um) Minicurso (no limite das vagas).
(Os interessados em participar de MINICURSOS, deverão selecionar o minicurso desejado no ato da inscrição. Não será permitido se inscrever em nenhum dos minicursos após a efetivação da inscrição.)

Local de Realização

Programa de Pós-Graduação em Letras - Universidade Estadual de Maringá
Av. Colombo 5790 - Jardim Universitário - Maringá - Paraná - Brasil - CEP 87020-900

Período
9, 10,11 de junho de 2010

Carga Horária
40horas

Estrutura do evento
- Conferências
- Mesas-redondas
- Minicursos nas áreas de Estudos Linguísticos e Estudos Literários (ministrantes
convidados pela Comissão)
- Simpósios: - 12 Simpósios na área de Estudos Linguísticos
(mínimo de 12 participantes e máximo de 36)

- 12 Simpósios na área de Estudos Literários
(mínimo de 12 participantes e máximo de 36)

Inscrições
Períodos de pagamento:

valores para o período de 02/01/2010 a 28/02/2010
alunos da graduação com trabalho = R$ 60,00;
alunos da graduação sem trabalho = R$ 40,00;
alunos da pós-graduação sem trabalho = R$ 60,00;
alunos da pós-graduação com trabalho = R$ 80,00;
demais participantes sem trabalhos = R$ 80,00;
demais participantes com trabalhos = R$ 100,00.

valores para o período de 01/03/2010 a 30/03/2010
alunos da graduação com trabalho = R$ 80,00;
alunos da graduação sem trabalho = R$ 60,00;
alunos da pós-graduação sem trabalho = R$ 80,00;
alunos da pós-graduação com trabalho = R$ 100,00;
demais participantes sem trabalhos = R$ 100,00;
demais participantes com trabalhos = R$ 120,00.

valores para período de 01/04/2010 a 30/04/2010
alunos da graduação com trabalho = R$ 100,00;
alunos da graduação sem trabalho = R$ 80,00
alunos da pós-graduação sem trabalho = R$ 100,00;
alunos da pós-graduação com trabalho = R$ 120,00;
demais participantes sem trabalhos = R$ 120,00;
demais participantes com trabalhos = R$ 150,00.

Comitê Científico do Evento

Será constituído pelos membros da comissão organizadora e pelos coordenadores dos Simpósios.

Como participar?

A estrutura do evento prevê duas formas de participação:
- Coordenação de Simpósio
- Comunicação em um dos Simpósios propostos

Os Simpósios são organizados por dois coordenadores. Para encaminhar uma proposta de Simpósio basta acessar o link no menu lateral, selecionar o simpósio desejado e, na página do simpósio, clicar em . O interessado será encaminhado para a página de e deverá preenhcer o formulário de inscriçao, enviar o resumo de sua comunicaçao e gerar o boleto para pagamento.

As propostas de comunicações deverão ser encaminhadas até o dia 22 de fevereiro de 2010, diretamente para os coordenadores dos Simpósios, que terão até o dia 28 de fevereiro de 2010 para analisar as propostas de comunicação oral recebidas e para apresentar a composição final dos seus Simpósios (com a lista de participantes e os resumos aprovados, em ordem de apresentação).

Caberá aos coordenadores dos Simpósios o recebimento dos resumos, a emissão dos pareceres de seleção dos integrantes dos Simpósios (no mínimo 12 e no máximo 36 participantes), bem como a seleção, a avaliação e a revisão dos trabalhos completos submetidos à publicação em forma de Anais.

Os Simpósios que não receberem o número mínimo de inscrições até a data prevista no cronograma serão cancelados, e os resumos a eles submetidos poderão ser remanejados, a critério da Comissão, para outros Simpósios conforme a temática indicada. A avaliação dos resumos (aprovado/rejeitado) será realizada exclusivamente pelos coordenadores do Simpósio integralmente por meio da página do evento. A divulgação da composição dos Simpósios será feita pela Comissão Organizadora, a partir de 30 de março de 2010.

Publicação dos Trabalhos Apresentados

A Comissão publicará os trabalhos apresentados em forma de Anais por ocasião da realização do evento. Os textos completos deverão ser encaminhados pelos coordenadores dos Simpósios à COMISSÃO até 30 de abril de 2010.

ATENÇÃO:

- A opção para enviar propostas de Comunicações para os Simpósios estará disponível no link , somente após a publicação da lista de Simpósios aprovados.

- Os menus na cor verde da barra lateral estão temporariamente inativos e serão disponibilizados de acordo com as datas previstas no cronograma geral do evento. Solicitamos que visitem o site nas datas previstas, para acompanhar o andamento das propostas e realizar as etapas necessárias para completar a sua inscrição.

Prezados Pesquisadores, Professores e Alunos de Mestrado/Doutorado

Gostaria de informá-los sobre o simpósio que o Dr. Thomas Bonnici (UEM) e o Prof. Sérgio Paulo Adolfo (UEL) estarão coordenando no Primeiro Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários que acontecerá em 9-11 de junho de 2010 na Universidade Estadual de Maringá, Maringá PR.

Quem se interessar em apresentar trabalhos, por favor, consulte o simpósio 28 em "Estudos Literários" (http://www.cielli.com.br/simposio-28), intitulado RETRATOS DA DIÁSPORA AFRICANA NAS LITERATURAS DO SÉCULO 21. Acessando o endereço acima poderá fazer sua inscrição no 1º CIELLI e enviar seu RESUMO aos coordenadores (e-mails embaixo) para fazer parte do SIMPÓSIO 28.

Thomas Bonnici (UEM)
Sérgio Paulo Adolfo (UEL)

RETRATOS DA DIÁSPORA AFRICANA NAS LITERATURAS DO SÉCULO 21

Thomas Bonnici bonnici@wnet.com.br
Sérgio Paulo Adolfo benin69@hotmail.com

Esta proposta de simpósio quer reunir pesquisadores, professores e acadêmicos de programas de pós-graduação, para discutir as situações, tensões, imagens e os desafios da representação ficcional da diáspora africana na primeira década do século 21.

Caracteriza-se este simpósio pela atualização dos temas abaixo mencionados (mas não exclusivamente) nos romances publicados desde 2000. Embora ‘literatura negra’ seja controverso, o termo compreende as vicissitudes de sujeitos africanos e seus descendentes não apenas como objetos temáticos em romances, mas especialmente como enunciadores dos mesmos.

A diáspora africana não se limita somente às circunstâncias atuais na África, mas a todas as migrações, forçosas ou não, pré-transnacionais e transnacionais, que se tornaram objetos de narrativas ficcionais. Portanto, investigação sobre narrativas baseadas em ‘testimonio’ de escravos, especialmente brasileiros, e sobre a repercussão da diáspora atual envolvendo condições de exclusão e inclusão ou negociações de identidade poderá fazer parte deste simpósio.

As narrativas ‘negras’ ou de autoria negra sob análise terão a maior abrangência possível não apenas em seu espaço geográfico (por ex. Angola, Moçambique, Nigéria, Caribe, Estados Unidos e Europa) ou em sua condição histórica (a escravidão, o período pós-Independência; o neocolonialismo, as guerras), mas também nos temas filosóficos e éticos abordados (migração, hibridização/mestiçagem, racismo, políticas de pertenças, multiculturalismo, entremeio, identidade e alienação, transculturação, negociação de identidades, convivialidade, desestabilização do termo ‘nação’ e outros).

Um outro aspecto da diáspora africana que poderá ser contemplado no simpósio é a resistência, violenta ou discursiva, do sujeito diaspórico no contexto de sua convivência com a sociedade hegemônica branca. O tema de guerra e de conflitos sociais, respectivamente nas narrativas africanas e da diáspora, acoplado ao tema da legitimidade ética da violência poderão revelar o rompimento com as condições eurocêntricas e o processo de subjetificação do africano ou do negro diaspórico.

As narrativas ficcionais retratando essa negociação cheia de tensões podem representar estratégias de revide violento como também a carnavalização subversiva contra o branco predominante e suas artimanhas para manter-se no poder. O feminismo negro, o qual rompe o essencialismo na narrativa hegemônica branca, é um importante tema que permeia a narrativa do século 21 e revela a extensão do progresso na participação política da mulher negra onde quer que esteja, nas favelas sul-americanas, no sul dos Estados Unidos, nas cidades europeias ou em países pós-coloniais e pós-apartheid.

Os temas deste simpósio, portanto, revelarão a pluralidade e a profundidade da diáspora africana na literatura recente num mundo globalizado e abrirão perspectivas para várias pesquisas e linhas de pesquisas sobre um assunto ou frequentemente relegado ao esquecimento ou minimizado em sua importância devido à escassa conscientização sobre esta dívida que a sociedade ocidentalizada deve ao negro diaspórico.

Palavras-chave: Literatura negra; diáspora africana; narrativa; ficção do século 21.

Apoio
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
PLE - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM-PR
DLE - Departamento de Letras - UEM - PR

UEM - Universidade Estadual de Maringá
PLE - G-34 - Câmpus Maringá - Maringá - Paraná - Brasil - CEP 87020-900 - (44) 3261-4830

Fonte:
Colaboração do Dr. Thomas Bonnici(UEM)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Florisbela Margonar Durante (Cristais Poéticos)

LUZES

A cidade dorme
e do alto do meu edifício
observo o silêncio escorrer pelas ruas
e se perder no lusco-fusco de luzes
que rompe a escuridão.

Também a luz do seu olhar
se projeta no espaço
e como um facho de estrelas
ilumina as trevas
que anoitecem meu coração.
*

PRESENTE

Eu aceito você
como a ordem natural da vida;
como um rio imutável
cumpre o seu destino;
como a árvore fixa há séculos
vive o drama das pessoas,
mas continua impassível;
como a certeza de um dia
ensolarado ou chuvoso
pouco importa, pois
o dia é sempre presente,
e presente de Deus.
*

TODA VEZ QUE É NATAL

Toda vez que é Natal
meu coração tinge-se
de vermelho, verde,
prata, dourado,
numa profusão de cores
que alegram tua festa, Senhor.

Toda vez que é Natal
as luzes das janelas,
das casas, dos edifícios,
transformam minha cidade
numa grande árvore natalina
para te bendizer, Senhor.

Toda vez que é Natal
quisera ser o bálsamo
para curar o enfermo,
o alimento para saciar o faminto,
a alegria para curar as tristezas,
a mão que se estende solidária, Senhor.

Toda vez que é Natal
quisera que a minha poesia,
ainda que tardia,
fosse um hino de louvor
derrubando muro, fronteiras,
no coração dos homens, Senhor.

Toda vez que é Natal
sinto-me criança ainda,
por acreditar em Papai Noel,
em milagres de amor
que possam transformar nosso Planeta
no Paraíso que nos deixaste, Senhor.
*

VENHA

Venha,
sinta a brisa suave da manhã
num misto de aromas agrestes
com sabor de hortelã.

Venha,
contemple o brilho das estrelas
nas fagulhas douradas
que abrasam meu olhar.

Venha,
observe as arquiteturas arrojadas
de concreto e metal da cidade
que argamassam o nosso amor.

Venha,
veja o tapete azul e verde
e o manto de estrelas
com que Deus nos presenteou.
–––––––––––––––––––––––

Sobre a Autora

Florisbela Margonar Durante (1947)
Nasceu em Itajobi – SP, no dia 10 de dezembro de 1947.

Professora de Língua Portuguesa e Inglesa e respectivas Literaturas com especialização em Língua Portuguesa.

Pertenceu à União dos Escritores de Maringá – UEMA.
Cadeira nº. 38 da Academia de Letras de Maringá. Patrono: Tomás Antônio Gonzaga
Participou da Coletânea de Poetas de Maringá II, de todas as Coletâneas da Academia de Letras de Maringá e do livro: Maringá – Um olhar feminino em cores e versos.
É autora do livro: Photo – grafando o amor.

Fonte:
Academia de Letras de Maringá