segunda-feira, 16 de junho de 2008

Érico Veríssimo (O Tempo e O Vento)

O Continente
Intercalada pela história do sítio ao sobrado, onde morre Florêncio Terra e a filha recém-nascida de Licurgo, durante uma revolta em 1895, onde aparecem também os jovens Rodrigo e Toríbio Terra Cambará. Conta-se 150 anos da história do RS até aquele ponto pela vida da família Terra Cambará. A primeira parte é A Fonte, já que o que se segue é a história do personagem que se torna a fonte do qual surge toda a família.

É a história do mameluco Pedro Missioneiro, que nasceu em 1745, morou nos Sete Povos das Missões e adquiriu de um padre (seu padrinho, que o batizou com o nome de um homem que um dia quis matar pela amante antes de se tornar padre) uma adaga que passa pela família. Pedro tinha visões que se realizavam, dizia ser filho da Virgem Maria e sai da Missão três meses após a morte de Sepé Tiaraju.

A parte é Ana Terra. Ana é a jovem filha de Maneco Terra que ajuda Pedro Missioneiro a se curar após cair ferido, já homem, em seu rancho. Ana Terra se apaixona por Pedro e dele engravida, passando assim a ser desprezada pelo pai e os irmãos, que matam Pedro. Quando o rancho é atacado, seu pai, seu irmão (o outro se mudara e abrira uma venda) e dois escravos são mortos e ela é estuprada, mas sua cunhada e as crianças se salvam disto tudo escondidos. Após enterrar os cadáveres, ela segue para as terras do Coronel Amaral para ajudar na fundação de um povoado chamado Santa Fé. Lá se torna a parteira. Já Um certo Capitão Rodrigo conta a história de Rodrigo Cambará, um anti-herói que chega ao povoado de Santa Fé e se apaixona por Bibiana, neta de Ana Terra e filha de seu único filho Pedro. Bibiana era disputada pelo jovem Bento Amaral, o que leva Rodrigo e ele a duelarem de arma branca. Rodrigo entalha um P na cara do outro, mas leva um tiro traiçoeiro antes de por a perninha do R. Quando o padre lhe visita para dar a extrema-unção, Rodrigo lhe dá uma figa e começa a melhorar. Rodrigo mais tarde se casa com Bibiana, também apaixonada, apesar de contrariada pelo pai Pedro Terra.

Rodrigo abre um negócio com Juvenal Terra, primo de Bibiana e começa a se degenerar, traindo Bibiana, bebendo e jogando. Quando uma das filhas do casal, Anita, morre, Rodrigo está jogando e é avisado do estado da menina, mas demora a ir para casa. Quando o faz, revolta-se em negação mas finalmente sucumbe ao choro. Redime-se e torna-se melhor que antes, bebendo após isso tudo um único gole, quando nasce sua nova filha, Leonor, que passa a ser companhia de seu primeiro filho Bolívar. Rodrigo vai então para a Guerra dos Farrapos e, ainda durante a guerra, volta para Santa Fé atacar a residência dos Amarais. Ele ama Bibiana mais uma vez e promete voltar, mas cai com um tiro no peito durante um ataque.

A teiniaguá conta sobre Luzia, Florêncio e Bolívar. Florêncio é o filho de Juvenal e melhor amigo de Bolívar durante a infância. Luzia é a neta de um agiota que se estabelece em Santa Fé. Doente mental, Luzia é sádica, como a teiniaguá, uma lenda gaúcha que conta de uma princesa moura transformada em cobra com cabeça de diamante que gosta de ver outros sofrerem, mas sua beleza atrai todos os homens, incluindo Florêncio e Bolívar. Ela se casa com Bolívar depois que este volta da guerra, muito perturbado. Lentamente eles começam a se afastar dos amigos. Por fim (quase tudo isto observado pelo ponto de vista do médico da cidade, Carl Winter) ela demonstra todo sadismo ao continuar em Porto Alegre durante uma visita mesmo estando uma epidemia do cólera acontecendo. Ao voltarem, ambos se trancam no quarto após uma violenta discussão de Luzia com Bibiana.
Luzia se sente presa a Santa Fé. Bibiana, que estimulara a união para passara a viver no Sobrado, construído no terreno da casa de seu pai e tomado pelo agiota, sabe como Luzia é má. O doutor finalmente fala com Bolívar e este revela que tudo que queria era fugir para uma guerra. Como eles estão de quarentena no Sobrado, obra de vingança do Coronel Bento Amaral por ser Bolívar filho do homem que lhe talhou o rosto, Rodrigo sai atirando do Sobrado contra os homens que lhe prendiam humilhantemente em casa e cai morto, enviuvando Luzia e deixando órfão de pai seu filho Licurgo.

A Guerra conta a história dos anos finais de Luzia e sua disputa com Bibiana pelo amor de Licurgo enquanto este cresce. Luzia está na época com um tumor no estômago, e a preocupação principal de Bibiana é permanecer no Sobrado. Luzia, ao final, perde a guerra não declarada, pois o que queria era um filho cosmopolita, e Licurgo continua em Santa Fé. Ismália conta a história de Licurgo já mais velho trabalhando em Santa Fé com seu melhor amigo, o jornalista Toríbio, pela proclamação da República, tudo enquanto envolvido com o casamento com a prima Alice, filha de Florêncio Terra e a amásia, Ismália. Ismália é uma china (palavra usada até hoje em partes do Rio Grande do Sul que designa uma "mulher da vida") submissa a Licurgo do qual este gosta e permanece assim pelos anos que seguem e engravida dele. A luta pela República enfim tem sucesso e a rivalidade dos Terra Cambará com os Amaral continua com Alvarino e Licurgo, como antes fora com Bento e Rodrigo. As continuações são O Retrato e O Arquipélago.

O Retrato

Dividido em quatro partes, conta a história da família Terra Cambará até 1945, completando junto com o Arquipélago mais 50 anos da história do RS. Rosa-dos-ventos conta da chegada de Rodrigo Cambará do RJ logo após a deposição de Getúlio Vargas em 1945, visto apenas sob o ponto de vista dos habitantes da cidade fofocando sobre seu passado e sobre sua atual situação de saúde, política e família, com opiniões variadíssimas. Aparece aqui a explicação para o título do livro: o retrato é uma pintura feita por um pintor de Rodrigo com vinte e quatro anos em que a própria personalidade de Rodrigo, junto com seu passado presente e futuro, parece transpirar.

Chantecler mostra o jovem Doutor Rodrigo Terra Cambará chegando a Santa Fé em fins de 1909, idealista, pensando em revolucionar a cidade. Sua primeira empreitada é a campanha civilista pelo candidato Rui Barbosa para presidente, pela qual ele funda o jornal A Farpa. Usando "A Farpa" Rodrigo e seus amigos, especialmente o pintor espanhol anarquista Pepe Garcia, que como o Doutor Winter se sente preso misteriosamente a Santa Fé. Pepe trabalha como tipógrafo n'A Farpa e Rodrigo escreve artigos em favor de Barbosa. Mas Hermes da Fonseca vence a eleição e Rodrigo se desilude com a política. Rodrigo também age com um desprendimento total em relação a dinheiro, presenteando e ajudando muitos, como o jovem Marco a quem ele dá dinheiro para começar uma fábrica, e os vários pobres das favelas de Santa Fé aos quais ele atende gratuitamente, distribuindo comida e alimentos no inverno, apesar da reprovação do anarquista Pepe e de seu positivista amigo, o Tenente Rubim.

No plano romântico Rodrigo se enamora de Flora e corteja-a do modo tradicional, muito a contragosto. Sua carne é fraca, no entanto, e ele acaba por se deitar algumas vezes com uma jovem Caré tal qual o pai e outras jovens. Mas ainda assim continua pensando em sua Flora, filha de um arruinado estancieiro, Aderbal Quadros. Também deve se destacar que Santa Fé está toda preocupada com a passagem do cometa Halley, já que diziam que este destruiria a Terra ou envenenaria a todos com sua cauda. O título deste segmento, Chantecler, deve-se ao personagem de uma peça de Rostand que estréia em Paris durante esta época, no qual o personagem principal é um galo imponente que se ilude achando que o sol não nasce sem o seu cantar, tal qual Rodrigo se vê como uma figura capaz de corrigir todos os males de Santa Fé.

A sombra do anjo conta a história de Rodrigo já casado e com dois filhos em 1914-15, numa Santa Fé sem Pepe e com adversários inertes. Rodrigo continua fazendo clínica e morando na cidade, enquanto o pai e o irmão passam a maior parte do tempo no Angico, a fazenda da família. O que move a história é, no plano político, a candidatura ao Senado do Marechal Hermes da Fonseca, seu desafeto, e no plano pessoal a paixão que Rodrigo sente por Toni Weber. A família Weber é uma família de músicos austríacos que chegam a Santa Fé, com quem Rodrigo primeiro não simpatiza por serem da pátria aliada a Alemanha a quem odeia em tempos de guerra. Mas após ouvi-la passa a simpatizar com ela e se apaixona por Toni. Quando estes são roubados por seu empresário, Rodrigo arranja que possam permanecer na cidade, trabalhando no cinema às custas de Rodrigo. Numa das visitas ao Sobrado ele finalmente conquista Toni, que também o ama. Eles passam a se encontrar, pouco mas intensamente na casa dela.

Um dia ela vai ao hospital de Rodrigo (ele clinicava lá e o doutor Carbone operava) e conta a ele que está grávida. Rodrigo pensa em aborto, em casa-la, em tudo. Mas nada adianta, pois quando ela está para se casar com um colono, ela se mata. Rodrigo confessa ao irmão e ao padre, que cuidam dele. Quando ele vai para o Angico, tenta disfarçar mas acaba contando ao pai, que se desaponta com ele. Rodrigo fica então em sua cama, quase enlouquecido, pensando, delirando, com o mal que fizera àquela que ama. Uma vela para o Negrinho conta já em 1945 sobre os filhos de Rodrigo Cambará reagindo a conjuntura político-familiar do momento. Floriano está a visitar o cemitério e vê a tumba de Toni Weber sem conhecer a história por trás da moça, pensando numa história para escrever. Fala com Pepe no bar, que diz que Rodrigo o traiu e traiu o Retrato. Depois começa a inventariar a família e a pensar no irmão mais novo, o comunista Eduardo. Eduardo está enquanto isto a fazer um discurso comunista na praça a frente do Sobrado enquanto Rodrigo convalesce. Após o discurso Floriano e Eduardo discutem e Rodrigo chama Eduardo para conversar. Floriano vai até o pátio com Maria Valéria, que acende uma vela para o Negrinho do Pastoreio (reza a tradição que ele acha o que foi perdido) para que os Terra Cambará encontrem o que perderam.

O Arquipélago

O Arquipélago continua coma história da família Terra Cambará com o Dr. Rodrigo. Entrelaçada por Reunião de Família, a história da família se reunindo após a queda de Vargas, com Rodrigo a beira da morte em 1945 continua a história de Rodrigo e Toríbio. Depois de dois infartos e sofrendo de edema pulmonar, Rodrigo passa ao tempo todo acamado, com a amante num hotel da cidade (ela veio do Rio de Janeiro por conta própria), e os filhos desentendidos.

Floriano, o intelectual passivo está apaixonado por Sílvia, mulher de seu irmão Jango, um homem simples. Eduardo milita o comunismo e ataca o pai até em praça pública, enquanto Bibi simplesmente se sente deslocada em Santa Fé, com o segundo marido. Maria Valéria está cega e Flora mantém um casamento apenas de fachada com Rodrigo. A maioria do tempo vêem-se discussões políticas entre Rodrigo, Tio Bicho (amigo da família e confessor de Floriano), Irmão Zeca (filho bastardo de Toríbio que se tornou irmão marista), Terêncio Prates (sociólogo formado pela Sorbonne e estancieiro), acabando sempre na figura de Getúlio Vargas que Rodrigo tanto defende. Rodrigo enquanto isto também desobedece às ordens de Dante Camerino, seu médico (ele chegou a ter um encontro com a amante) e Floriano confessa a Tio Bicho o que sente por Rodrigo.

As anotações (Caderno de Pauta Simples) de seu filho mais velho, o escritor Floriano, também intercalam a história. Elas são um preenchimento de lacunas sobre acontecimentos menores da história; reminiscências de infância e adolescência, onde se lembra como se sentia por Rodrigo, o colégio interno onde era um dos amantes da mulher do diretor (eram ambos pederastas); impressões sobre o dia-a-dia daquela reunião; memórias de quando era professor universitário de Literatura Brasileira em São Francisco, onde reencontra Mandy Patterson, a americana que namorara no RJ e o afastou de Sílvia. E aparece também um germe para o romance que pretende escrever, fechando duzentos anos de história, que é na verdade a história da própria família Terra Cambará, dando caráter autobiográfico ao personagem (ele vai afinal, escrever o livro que agora lemos), começando pela história de Pedro Missioneiro, uma que ele não chegou a conhecer já que Ana Terra nunca revelou.

Essas duas últimas citações dão caráter autobiográfico a Floriano, já que o autor foi professor de Literatura Brasileira e, bem, escreveu esta história. A primeira parte é O deputado, que conta sobre Rodrigo em 1922, deputado estadual chimango. Mas a desilusão com o partido que ele e seu pai passam a sofrer leva ele a renunciar ao cargo com um discurso inflamado na assembléia municipal. Passa então mais uma noitada no Rio e volta para Santa Fé e discute política com os amigos e se prepara psicologicamente com o irmão para a revolução que eles temem que virá. Lenço encarnado conta sobre a revolução de 23 e a participação dos Cambarás.

Por causa das fraudes nas eleições estaduais, começas uma luta entre os borgistas (chimangos, situação, inimigos dos Cambarás) e assisitas (maragatos, oposição, derrotados pela fraude, ironicamente com a participação dos ex-inimigos jurados dos Cambarás) A revolução começa em janeiro e as tropas dos maragatos se reúnem, mas só partem com o consentimento e sob o comando de Licurgo quando Alvarino Amaral decide lutar separado. É um sinal das cicatrizes que ficaram da revolução de 95, quando a filha de Licurgo, seu sogro e um agregado morreram. A coluna dos Cambará leva Miguel Ruas, o promotor que nem sequer gaúcho era; Liroca, quixotesco; a Cacique Fagundes e Juquinha Macedo, dois chefes tradicionais (o primeiro morre); caboclos pegos no meio do caminho (vários dos quais morrem); Rodrigo, Toríbio e Licurgo. Eles marcham pelo estado, andando mais que lutando, e por estas batalhas caem uns e tomam-se munição e outras coisas. Ruas morre na tomada de Santa Fé e Licurgo numa das últimas batalhas, com Rodrigo ao seu lado gritando por um médico, esquecido que ele mesmo era um.

Por todo este tempo as mulheres e crianças ficam no Sobrado, Flora desesperada (este capítulo revela que Flora conhece as escapadas do marido, a de Toni Weber em especial) e Maria Valéria cuidando de tudo. A revolução acaba em outubro, com vários mortos e uma paz que manda que o governador reeleito Borges de Medeiros não o seja mais e outras concessões. Um certo Major Toríbio é a parte que relata sobre os três anos seguintes, as revoltas contra Artur Bernardes, presidente na maioria do tempo em que isto se passa (Washington Luís toma posse mais para o fim). Toríbio se junta, contra a vontade de Rodrigo, a Coluna Prestes. Mas ele só é visto mais ao final da história, que se passa a volta de Rodrigo, chocado pela morte da filha (ele leva um ano para se recuperar, ainda assim nem muito) e ainda perturbado com a do pai. Mostra também a partida do quieto Floriano, já com jeito para letras, para estudar em Porto Alegre. Quando finalmente recebe notícias de seu irmão, vindas do já tenente-coronel Rubim, Rodrigo parte para o Rio e Toríbio é liberto da prisão.

Chegando ao Sobrado, Toríbio conta de sua experiência com a Coluna Prestes aos mais chegados e como só se salvara de morrer porque um militar cujo a vida Rodrigo salvou era o responsável pela execução. Mas foi preso ainda assim. É importante dizer também que, desiludido com a medicina após a morte de Alicinha, Rodrigo vende a farmácia e a Casa de Saúde aos médicos que o ajudavam, Dante Camerino e Carlo Carbone, fecha o consultório e entrega a administração do Angico ao sogro. O cavalo e o obelisco é a história da Revolução de 1930, mostrada desde poucos meses antes até poucos dias depois. A medida que a tensão cresce vai mostrando-se a confusão de sentimentos sobre o Getúlio Vargas que Rodrigo esgosta e vem a admirar tanto mais tarde.

Como o pai, Rodrigo é obrigado a se aliar com os antigos inimigos (Laco Madruga dessa vez) relutantemente. Floriano, já mais velho, parasitando de modo ainda mais relutante em Rodrigo e sentindo-se mal por isso é obrigado pelo pai. Homem de paz, quando durante a tomada da guarnição federal de Santa Fé o pai é ameaçado de morte por um homem que era amigo, Floriano não o mata em defesa do pai, mesmo depois que este já havia sido alvejado pelo Tenente no ombro. Floriano foge então sendo chamado de covarde pelo pai. O homem, Tenente Bernardo Quaresma, estava acuado no escritório, não tendo sentido a explosão das granadas por estar acompanhado de um cachorro, que depois assombrou Santa Fé. Rodrigo acaba por dar o primeiro dos tiros que mata este Tenente, que era apaixonado pela mulher com quem Rodrigo estava traindo Flora na época, uma poetisa. Rodrigo passa a se atormentar pela morte de Quaresma a partir daquele dia. Depois ele se encontra com Getúlio Vargas na estação, faz um discurso dramático e parte para o Rio de Janeiro.

Noite de Ano-Bom mostra um único dia: 31/12/1937. Começando com o enterro da mãe de Arão Stein, que se encontra na Guerra Civil na Espanha, financiado por Rodrigo. Eduardo, influenciado por Stein, já principia a militar o comunismo. Floriano se sente um covarde por não ter revelado à Sílvia seus sentimentos, que agora percebe o quanto eram profundos ao vê-la, no dia de seu noivado com Jango. Então se lembra do relacionamento com a americana no RJ que o afastou de Sílvia. Já aqui a história se foca mais em Floriano que Rodrigo e mostra o quão corrompida foi a família desde 1930.

O noivado realiza-se sob um clima pesado com Rodrigo defendendo, apesar de ainda não ter digerido, o Estado Novo de todos, inclusive seu irmão Toríbio. Escala também o nazi-fascismo em Santa Fé. Corre tudo relativamente bem, exceto pelo desentendimento entre Toríbio e Rodrigo, até que alguém propõem um brinde à Getúlio Vargas e ao Estado Novo. Toríbio se revolta, faz um pequeno escândalo e sai com Floriano para um baile numa das favelas de Santa Fé. Tentando seduzir uma jovem mulata, mete-se numa briga com o outro pretendente. Floriano ainda ataca um de seus inimigos com uma garrafada (gesto que não pode realizar em prol do pai), mas muita tarde. Toríbio é ferido na virilha e se esvai em sangue, chegando morto ao hospital, suas últimas palavras sendo "Um piazinho de merda..".

Do diário de Sílvia vem o preenchimento dos anos seguintes à tragédia, com impressões sobre seus sentimentos em relação a Floriano, quase idênticos aos que este sentia; o casamento infeliz e sem amor com Jango; as dúvidas quanto a sua religiosidade; a correspondência com Floriano; as confidências com e de Arão Stein (de volta da Espanha. Mais tarde expulso do PC, começa a enlouquecer) e Zeca (já usando o nome de Irmão Toríbio). Lembra-se também da infância infeliz e como idolatrava a "gente do Sobrado", sentindo-se em incesto quando dorme com Jango. E registra as reações em relação à guerra, a volta de Pepe Garcia e o que Floriano lhe escreve dos EUA. Encruzilhada, a última parte, tem um título que define a situação em que a família, p país se encontra naquele final de 1945: estão numa encruzilhada da vida.

Começa a história com Arão Stein, enlouquecido pela expulsão do PC se matando, enforcado na figueira na paraça central de Santa Fé. Em seguida passa-se seu funeral e enterro (Rodrigo não fica sabendo), onde Rodrigo, Zeca e Roque Bandeira discutem mais uma vez. Stein é enterrado sem ter a alma encomendada, como todo suicida. No Sobrado, Floriano se cruza com Sílvia, abraça-a e beija-a, mas ambos se separam e ela foge. Depois ele e Sílvia tem uma conversa séria e ela lhe entrega para ler seu diário. Antes de lê-lo, Floriano tem a conversa definitiva no qual desabafa tudo o que pensava e sentia sobre sua relação com o pai, cortando definitivamente o cordão umbilical que os prendia, reconciliando-se com ele e consigo mesmo. Rodrigo, já liberado por Dante para voltar ao Rio, manda Sônia, sua amante de volta antes e planeja romper com ela. Floriano sobe até seu refúgio no sótão e lê o diário de Sílvia, sente-se afinado, inveja Zeca por ter com ela uma intimidade que ele nunca terá e finalmente lê a última frase onde ela revela estar grávida. Rodrigo e Flora ouvem isto e ficam felizes. Rodrigo prepara-se então para voltar ao RJ, mas morre antes.

Seu funeral se processa como era de se esperar. Na noite de Ano-Bom acontece a festa tradicional, morre Laco Madruga, vê-se todos os personagens por uma última vez e muito é revelado. Floriano planeja construir as pontes que ligarão sua ilha a este Arquipélago de pessoas. E ao final, enquanto o neto de Alvarino Amaral, admirador do escritor e conterrâneo Floriano Cambará, compõem seu primeiro poema e pensa em se aconselhar com ele, Floriano escreve as primeiras linhas de seu romance catártico que contará a história de sua família: as primeiras palavras de O Tempo e O Vento.

Fonte:
http://www.coladaweb.com/resumos/tempovento.htm

Fiódor Dostoiévski (1821 - 1881)

Fiódor Mikhailovich Dostoiévski (Moscovo, 11 de Novembro de 1821 — São Petersburgo, 9 de Fevereiro de 1881), ocasionalmente grafado como Dostoievsky, foi um dos maiores escritores da literatura russa. É tido como o fundador do existencialismo, mais frequentemente por Notas do Subterrâneo, descrito por Walter Kaufmann como a "melhor proposta para existencialismo já escrita."

Sua mãe morreu de tuberculose quando ele era ainda muito jovem, em 1837. Em 1839 também perde o pai, alcoólatra e depressivo, que nunca se conformou com a morte da mulher. É aceito hoje, porém sem provas concretas, que o doutor Mikhail Dostoiévski, seu pai, foi assassinado pelos próprios servos de sua propriedade rural em Daravói, indignados com os maus tratos sofridos. Tal fato exerceu enorme influência sobre o futuro do jovem Dostoiévski, que desejou impetuosamente a morte de seu progenitor e em contrapartida se culpou por isso. Motivará o polêmico artigo de Freud: Dostoiévski e o Parricídio.

Estudou contra a vontade numa escola militar de engenharia e entregou-se febrilmente à leitura dos grandes escritores de sua época. Teve também, as suas primeiras experiências dramáticas sob influência de Schiller e Pushkin. Teve sua primeira crise de epilepsia aos dezessete anos, depois de saber que seu pai fora assassinado pelos próprios colonos, que viam nele um homem demasiadamente autoritário. Deixou o exército aos 22 anos para consagrar-se na carreira literária.

Trabalhou como desenhador técnico no Ministério da Guerra, em São Petersburgo. Fez traduções de Balzac e George Sand. Aluga, em 1844, uma casa em São Petersburgo e dedica-se à escrita de corpo e alma.

Em 1849 é preso por participar de reuniões subversivas na casa de um agitador profissional, Petrachevski, e também condenado à morte. No último momento, já no patíbulo, teve a pena comutada. De fato, passou nove anos na Sibéria, no presídio de Omsk foram 4 anos, e mais cinco como soldado raso. Descreveu a terrível experiência no romance Recordações da Casa dos Mortos. Estudos médicos permitiram diagnosticar que sofria de epilepsia temporal. Suas crises sistemáticas, que ele atribuía a "uma experiência com Deus", tiveram papel importante em sua crise religiosa e em sua conversão durante o desterro, quando a Bíblia era sua única leitura.

Essas dificuldades pessoais sem dúvida ajudaram a fazer de Dostoiévski um dos maiores romancistas de todos os tempos. Inspirado pelo Cristianismo protestante, passou a pregar a solidariedade como principal valor da cultura eslava

Aos 25 anos, em 1846, publica seu primeiro romance, Gente Pobre, onde trata da vida simples dos pobres funcionários da burocracia russa, com extraordinário sucesso em toda a Rússia.

Aclamado como gênio pelos mais exigentes críticos da época, entre eles Bielínski, que o considera o primeiro romancista social da Rússia, e Nekrassov que vê em Dostoiévski um novo Gogol, em homenagem ao primeiro romancista russo moderno.

Entre suas obras de maior importância destacam-se os romances O Idiota, Crime e Castigo, Os Demônios e Os Irmãos Karamazov.

Publica também inúmeros contos: O Mujique Marëi, O Sonho de um Homem Ridículo, Bobock e outros; além de novelas: O Senhor Prokhartchin, A Dócil, O Homem Debaixo da Cama, Uma História Suja e O Pequeno Herói. Cria duas revistas literárias: Tempo (Vrêmia) e Época, e ainda colabora nos principais órgãos da imprensa russa.

O reconhecimento definitivo de Dostoiévski como escritor universal surge somente depois dos anos 1860, com a publicação dos grandes romances: O Idiota e Crime e Castigo. Seu último romance, Os Irmãos Karamazov, é considerado por Freud como o maior romance já escrito.

Bibliografia

Pobre Gente (1846)
O Duplo (1846)
Noites Brancas (1848) (ver resumo abaixo)
O Ladrão Honesto (1848)
Uma Árvore de Natal e Uma Boda (1848)
A Mulher Alheia e o Homem debaixo da Cama (1848)
Coração Débil (1848)
Netochka Nezvanova (1849)
O Pequeno Herói (1849)
O Sonho do Tio (1859)
Aldeia de Stiepantchikov e seus Habitantes (1859)
Humilhados e Ofendidos (1861)
Recordações da Casa dos Mortos (1861)
Uma História Desagradável (1862)
Notas de Inverno sob Impressões de Verão (1863)
Notas do subterrâneo (ou Memórias do Subsolo) (1864)
Crime e Castigo (1866) (ver resumo abaixo)
O Jogador (1867) (ver resumo abaixo)
O Idiota (1868) (ver resumo abaixo)
O Eterno Marido (1870)
Os Demônios (ou Os Possessos) (1872)
O Adolescente (1875)
Duas Narrativas Fantásticas (1876)
Os Irmãos Karamazov (1880) (ver resumo abaixo)

Fonte:
http://pt.wikipedia.org/

Fiodor Dostoievski (Crime e Castigo)

Publicado em 1866. Narra a história de Rodion Românovitch Raskólnikov, um jovem estudante que comete um assassinato e se vê perseguido por sua incapacidade de continuar sua vida após o delito.

O livro/novela se baseia numa visão sobre religião e existencialismo com um foco predominante no tema de atingir salvação por sofrimento, sem deixar de comentar algumas questões do socialismo e niilismo.

O personagem principal, apesar de professor de línguas, é um homem extremamente pobre e que vive angustiado pela sombra de se tornar alguém melhor ou fazer algo importante. Ele divide o homem em ordinário e extraordinário, numa tentativa de explicar a quebra das regras em prol do avanço humano.

Seguindo este preceito - fazer algo que mude a sociedade ou em prol dela - o personagem planeja, em meio a uma luta consigo, a morte de uma agiota e, finalmente, cumpre-o.

Antes de fugir da cena do crime, porém, Raskólnikov também comete, a contragosto, levado apenas pela situação de surpresa, o assassinato de Lisavieta, irmã da velha agiota, pois ela havia visto o cadáver recém-assassinado no chão.

Este personagem principal rouba algumas jóias, mas não chega a usufruir deste ganho, e sentindo-se arrependido enterra-as sob uma pedra.

Após tal fato e seus desfechos, o romance relata de maneira detalhista os dramas psicológicos sofridos pelo autor do homicídio, toda a sua saga, sofrimento e arrependimento.

Diversas histórias se desenvolvem de maneira paralela à principal, entre elas um romance da irmã do personagem Raskólnikov e as relações do personagem com Sônia.

Apesar de investigar Raskólnikov, a polícia termina por prender um inocente que se intitulou culpado por uma razão pessoal (bem explicado no livro). Entretanto, o personagem por fim confessa o crime que cometera. A confissão deveu-se, principalmente, à enorme influência de Sônia, que, antes disso, compartilha com Raskólnikov algumas leituras do Novo Testamento.

Por fim, Raskólnikov é preso. Porém, devido à sua confissão, arrependimento e ótimo antecedentes, sua pena acaba por ser reduzida a oito anos em uma cadeia na Sibéria. Durante tal período, Sônia, personagem que a partir de certo momento segue Raskólnikov em todas as situações, manteve-se muito presente, servindo até mesmo de mensageira a sua família em São Petesburgo.

Os flagrantes traços autobiográficos, como adoração pela mãe, o vício do jogo (O Jogador) e a fidelidade psicológica, bem como os traços estilisticos do autor, colocaram esta obra, indubitalvemente, entre as maiores da história da literatura universal e, certamente, junto com Os Irmãos Karamazov, garantiram a Fiódor Dostoiévski a posição de maior escritor russo da história em conjunto com Lev Tolstoy.

Fonte:
http://pt.wikipedia.org/

Fiodor Dostoievski (O Jogador)

Lançado em 1866, cuja história é relatada na 1ª pessoa por Aleksei Ivánovitch, um jovem com grande caráter crítico mas que carece de objetivos na vida.

A história decorre em Roletemburgo, na Alemanha, num ambiente de casinos. Aleksei Ivánovitch trabalha num Hotel para um general, mas cedo começa a aperceber-se que algo não corre bem no seio daquela família.

Polina Aleksandróvna, que mantinha uma relação de amor/ódio com Ivánovitch, pede certo dia ao seu "escravo" (o próprio Aleksei assim se denominava) que fosse jogar na Roleta por ela, pois necessitava urgentemente de dinheiro, porém escapa-se de contar qualquer tipo de pormenores. Aleksei, analisando a presença no Hotel de dois franceses matreiros, Des Grieux e Mlle. Blanche, desconfia que o general e a sua enteada Polina têm uma enorme dívida para com os franceses.

Mantendo diversos diálogos com um inglês seu amigo, Mister Astley, Aleksei Ivánovitch vai desvendando aos poucos o véu: O general havia hipotecado o seu Hotel a Des Grieux, e aguardava, por isso, pela morte de sua avó de modo a que herdasse fortuna suficiente para pagar a dívida. Os planos de Des Grieux e Mlle. Blanche parecem bem encaminhados, até que a própria avó, doente, aparece em Roletemburgo, onde perde propositadamente toda a sua fortuna na roleta, de modo a impedir o casamento entre o seu neto e Mlle. Blanche.

Quando a fortuna se perde, inicia-se uma brutal modificação em quase todas as personagens, que mostram assim os seus fracos e os seus desequilíbrios mentais. Des Grieux desaparece e não mais é visto. Polina enlouquece e foge também com Mr. Astley. O general morre de loucura e Aleksei Ivánovitch estoira toda a fortuna que ganhara na roleta em Paris com Mlle. Blanche, dando uma autêntica réplica de como vivem os jogadores compulsivos: Gastar todo o dinheiro sem preocupações para voltar a apostar na roleta.

Anos depois, Aleksei Ivánovitch encontra mister Astley na Alemanha, que lhe conta que vem da parte de Polina. Astley conta o que Polina sentia por ele, mas afirma que Aleksei, mesmo sabendo do amor de Polina, ficará eternamente agarrado ao jogo por ser um homem destruído. O final trágico confirma-se quando Ivánovitch, recebendo uma pequena quantia do seu amigo Astley, termina a história com um conflito interior: Gastar o dinheiro para ir ter com Polina à Suíça ou gastar tudo na roleta.

Fonte:
http://pt.wikipedia.org/

Fiodor Dostoievski (Noites Brancas)

O livro que mais aproxima Dostoiévski do romantismo, foi escrito em 1848, antes de sua prisão.

Como personagem central se tem o Sonhador, que em uma das noites brancas da capital São Petersburgo apaixona-se por Nástienka. Nesta obra, diferentemente de outras, em que a preocupação social é a diretriz para o enredo, desta vez encontramos um Dostoiévski romântico, lúdico. O personagem principal, que ao contrário das versões teatrais e cinematográficas, não tem nome, vaga errante pela "noite branca" de São Petersburgo.

"Noite branca" refere-se a um fenômeno comum na Europa em que, mesmo à noite, o sol não chega a se pôr completamente, causando uma atmosfera onírica. Um encontro casual muda completamente a vida do até então solitário protagonista: conhece a ingênua e também sonhadora Nástienka, que aos prantos, espera aquele a quem um ano antes tivera prometido o seu amor.

Ao longo das quatro noites seguintes, o protagonista se apaixona pela moça e conhece a sua inusitada história: Nástienka vive atada com um alfinete à saia da avó cega e ao lado da criada surda. Quando um novo inquilino chega a sua casa, ela vê a possibilidade de escapar de sua solidão. O misterioso homem um dia deixa a casa, prometendo que voltaria depois de um ano, quando tivesse condições de casar-se com ela. Quando o protagonista encontra Nástienka na ponte sobre o rio Nieva, estamos exatamente no dia marcado para o reencontro. Mas nenhum dos três personagens pode prever o que o destino preparou para eles. Essa obra teve várias adaptações para o teatro. No Brasil, recentemente , Débora Falabella e Luís Artur, foram dirigidos por Yara de Novaes.

Noites brancas representa o puro romantismo na época de Dostoiévski. o escritor já se encontrava envolvido por este movimento romântico, mas é com esta obra que captamos a essência deste movimento. A decadência espiritual do protagonista encontra-se espalhada por várias simbologias : o quarto decadente, a solidão e isolamento e o amor não correspondido. Só no final (a manhã) poderá dar a luz ao triste protagonista, sendo o seu final incerto...

No cinema, a obra de Dostoiévski recebeu a adaptação do diretor italiano Luchino Visconti, com Marcello Mastroianni e Maria Schell; Le Notti Bianche (1957),que recebeu o Leão de Prata no Festival de Cinema de Veneza, tem trilha sonora assinada por Nino Rota, compositor preferido de Federico Fellini. A São Petersburgo do século 19 é transportada para uma Livorno construída no Teatro 5 de Cinecittá. O roteiro é assinado por Suso Cecchi d'Amico. A TV brasileira também assistiu a uma adaptação da obra de Dostoiévski; Noites Brancas foi exibida como um especial em 1973 na Rede Globo, com Francisco Cuoco e Dina Sfat nos papéis principais, sob a direção de Oduvaldo Viana Filho.

Fonte:
http://pt.wikipedia.org/

Fiodor Dostoievski (O Idiota)

Livro escrito em Florença entre 1867 e 1868, durante quatro meses, por Fiódor Dostoiévski.

Foi bem recebido pelos críticos da época. O escritor inspirou-se em Dom Quixote para escrever essa obra, visto a similaridade do protagonista príncipe Míchkin com o protagonista do romance de Cervantes. A obra foi publicada em 1869.

Enredo

Príncipe Míchkin morou na Suíça por vários anos para tratar de sua idiotia. Quando precisou voltar à Rússia para reclamar uma herança, estando praticamente curado, conhece uma parente distante (Aglaia Epantchiná) e afeiçoa-se a ela. Ao longo do romance, o príncipe mostrará ser honesto, bondoso e romântico, mas terá problemas com isso, pois, os outros acham que isso é sintoma de idiotia.

Personagens do romance
Príncipe Lev Nikoláevitch Míchkin (o idiota) – É o protagonista desta história.
Visto que o mundo contém todo o tipo de espíritos entre o bem e o mal, e, se num extremo pode-se encontrar pessoas abomináveis, infames, corruptas e mais uma quantidade de adjectivos que caracterizam a perversidade, então poderemos ter a certeza de encontrar o príncipe Míchkin sentado no trono no extremo oposto a esta perversidade. Tal como o autor do livro, Míchkin é um doente que sofre de epilepsia, mas não é com certeza por padecer desta condição, o motivo que o fez viver completamente privado de poder racional; o seu apurado senso comum é que o dispensa de necessitar dessa racionalidade que lhe está em falta para poder fazer juízos de valor. Em compensação, é pejado de uma grande generosidade, benevolência e, consequentemente, de muita ingenuidade. No entanto, mesmo acarinhado e bem tratado por todos, embora até sendo visto como um coitadinho devido à sua bondade, não se consegue livrar da chacota e das alfinetadas que frequentemente lhe atiram, como é tão próprio serem lançadas por quem se aproveita da bondade de alguém que, erroneamente, a relacionam com algum tipo de pessoa fraca e débil. Nem suspeitam pois que, por ser conotado como um pateta, um idiota debaixo do olhar de toda a gente, o príncipe seja capaz de ser tão esperto que os restantes, quanto mais detentor de uma mente superior, possuindo um dom intuitivo, praticamente profético, capaz de deslindar a essência do espírito sob os rostos de quem o rodeia, o fundo das pessoas, ou seja, a verdadeira índole de cada um e avaliar na perfeição os seus atributos. Órfão de pais e sendo o último da linhagem dos Míchkin, a história começa quando ele retorna à Rússia para recolher uma herança deixada por um velho amigo e familiar de seu pai.

Rogójin, Parfion
Com esta personagem Dostojevski cria um puro antagonismo relativamente ao príncipe Míchkin. Uma personagem bastante sombria e endinheirada devido ao capital que o seu pai, Semion Parfiónovitch Rogójin, lhe deixou ao falecer. Ele e o príncipe Míchkin conhecem-se logo no início da história, criando-se rapidamente um laço de amizade entre os dois, todavia, o que neste laço que parecia estar bem atado, mais tarde ir-se-ia enfraquecer e tornar numa competição rival pelo afecto de Nastássia Filíppovna, uma mulher que se intromete na amizade entre as duas figuras principais.

Nastássia Filíppovna
Se na sua mocidade era já uma mulher culta, de boas maneiras e com uma notável presença de espírito, mais tarde iria mudar radicalmente o seu comportamento. Mesmo ainda antes de a conhecer, foi para o príncipe Míchkin uma das mulheres pela qual ele se apaixona imediatamente, quando, na casa dos Epantchin, fixa o olhar fascinado para um retrato seu. Devido à morte trágica de seus pais, foi ainda na sua meninice acolhida por Tótski juntamente com sua irmã, falecendo também esta última pouco tempo depois. Seria entregue a vários cuidados durante a juventude. Concluída a sua educação tornara-se então numa mulher adulta, portadora de grande beleza e de grande poder de sedução. Prometia muito para o seu futuro. Contudo, a partir do momento que soube do pretenso casamento de Tótski com uma das Epantchin, torna-se numa mulher completamente diferente, enchendo o coração e a alma de intensa malvadez.

Ivan Petróvitch Ptítsin
É um modesto usuário, amigo de Gavrila e frequente convidado em casa da família Ívolguin. Nutre, ao mesmo tempo, um especial carinho pela irmã de Gravila, a Varvara Ardaliónovna.

Kólia
É um miúdo alegre que se dá bem com toda a gente.

Lébedev
É um bêbado nato.

Ferdíchenko
Um jovem funcionário e um inquilino na casa dos Ívolguin.

Tótski, Afanássi Ivánovitch
É um homem adequado à alta sociedade. Um conservador bem estabelecido e proprietário de numerosas terras, que teve em Nastássia Filíppovna, o papel de orientá-la na sua educação. Enlaça ainda uma grande amizade com o general Epanchin. Sendo o tutor de Nastássia Filíppovna, reparando que ela estava extremamente sozinha na vida, atribui-lhe um dote no valor de setenta e cinco mil rublos. Desejava que ela se case, embora, visse Filíppovna desprendida de tal desejo, permanecendo ela indiferente a vários candidatos altamente classificados. Tótski, conjuntamente o general Epanchin, elaboram uma manobra de casar Filíppovna com Gavrila Ardaliónitch, talvez o único pretendente a quem ela pudesse vir aceitar como marido. E, sendo o próprio Tótski amante da beleza, um entendido no assunto, pretendia assim nesta ocasião casar-se aos cinquenta anos com uma das filhas do general Epanchin.

Pavlíchev, Nikolai Andréevitch
O parente afastado do príncipe Míchkin que pagava a sua manutenção na Suíça para tratamento médico. Dado a sua morte, deixa ao príncipe uma herança avultada de dinheiro.

Schneider
É o médico-professor que assistia o príncipe Míchkin enquanto este passou os anos na Suiça dentro de um sanatório para doentes mentais em tratamento da sua epilepsia.

Daria Alekséevna
Uma amiga de Tótski. Uma personagem muito secundária.

Os Epantchin
Ivan Fiódorovitch Epantchin
É um general com cinquenta e seis anos que se sente na fase ideal da sua vida, em pleno gosto por ele próprio e pela sua família. A fortuna avolumada que juntou deveio-se, substancialmente, do dote de sua mulher quando se haviam casado há já muito tempo, arrecadando apenas uns modestos cinquenta rublos. Dote pequeno, embora importante, que lhe veio servir de base fundamental para negócios posteriores. A sua presente actividade lucrativa é arrendar casas e propriedades, e até uma fábrica nos arredores de Petersburgo, da qual é senhor. A sua família numerosa é composta, no momento da história, pela esposa e pelas suas três filhas adultas.

Lisaveta Prokófievna Epantchiná
É a mulher do general Epantchin, recebendo, assim, o estatuto de generala. É proveniente da linhagem dos príncipes Míchkin, implicando-a ser parente do protagonista da história, o príncipe idiota.

Aleksandra, Adelaída e Aglaia Epantchiná
São as três filhas do casal Epantchin. Umas pequenas princesas, devido à linhagem principesca da mãe. Bonitas, dotadas de cultura e inteligência. Teriam cerca de vinte cinco, vinte e três, e vinte anos respectivamente. A primeira é a mais feliz e a mais simpática, a do meio, a mais enigmática, e por último mas não em último, Aglaia é das três irmãs a mais importante na história, caprichosa e bastante temperamental.

Os Ívolguin
General Ívolguin (Ardalion Aleksándrovitch Ívolguin)
O patriarca da família. Um general na reserva, acabado e amigo da bebida, simultaneamente com uma necessidade compulsiva de mentir, pedindo sempre dinheiro emprestado a toda a gente que lhe aparece pela frente para, enfim, gastá-lo todo em bebida.

Gavrila Ardaliónitch Ívolguin (por vezes Gánia, Gánetchka ou ainda Ganka)
Um amigo e secretário do general Epantchin. Sabendo da amizade que este mantinha com Tótski, acabaria para o interesse de todos por ganhar o consentimento de se casar com Nastássia Filíppovna assim que esta desse sua permissão. Ao mesmo tempo que isto, enquanto que Tótski, o general, e ele próprio congeminavam forças para que o enlace se concretizasse, o seu coração pertencia a Aglaia Epantchiná, alimentando esperanças ocultas para que esta findasse qualquer pretensão do seu casamento com Filíppovna.

Nina Aleksándrovna Ívolguina
É a mãe de Gavrila Ardaliónitch. Uma mulher modesta e digna, embora ressequida e amargurada pela sua vida triste e difícil.

Varvara Ardaliónovna Ívolguina (por vezes Vária)
A irmã de Gavrila Ardaliónitch.

Sujeitos pertencentes ao bando de Rogójin.
Zaliójev, o senhor dos punhos, keller, Lébedev, entre outros…
São uma cambada de salafrários e de trambiqueiros, acompanhando quem lhes for mais conveniente na onda dos seus interesses, sempre com o pretexto de oferecer a protecção e ajuda do bando.

Sobre o livro

Dostoiévski nesse livro fala do nacionalismo russo e do catolicismo eslavo. Com o príncipe, ele tenta resgatar uma figura pura e quase santa de uma sociedade russa que talvez tenha existido. O livro é considerado o mais típico de seu estilo, com abundantes personagens, análises psicológicas, histórias e humor. Pode-se dizer, como será natural, que o livro contém muita coisa da vida do autor e da sua ideologia. Uma semelhança bastante evidente é a de o príncipe também sofrer de ataques epitéticos, a personagem Aglaia crê-se que foi criada a partir de uma mistura entre Ana Korvin Krukovskaia e Paulina Suslova. A primeira mulher foi a quem Dostoiévski fez corte durante algum tempo por correspondência e pediu em casamento, mas esta recusou o pedido por achá-lo de aspecto pouco atraente (a família Epantchin também teria sido inspirada na própria família de Ana Krukovskaia, os Krukovski), a segunda mulher foi na realidade a grande paixão de Dostoievski e a pessoa mais retratada nos seus romances[2].

Ideologia

Os anos em que Dostoiévski viveu na Europa contribuíram para o escritor um forte conhecimento acerca de vários países e de vários costumes da época. Foi uma oportunidade excelente para este poder fazer comparações entre a Rússia da altura e a Europa Ocidental, sempre sob o ponto de vista eslavo. Os avanços técnicos eram notórios na Europa Ocidental com a industrialização que batia largamente a Rússia aos pontos, contudo, a espiritualidade da Rússia revelava-se bastante superior à da Europa Ocidental, e Dostoiévski, que acreditava piamente no renascimento da ortodoxia russa e sendo ele também um devoto da fé ortodoxa, tinha conhecimento desta Rússia e a sua força espiritual. Julgava o sentimento patriarcal e ortodoxo como sendo a única solução verdadeira para realização-pessoal de a Rússia não vir a cair na mesma cultura materialista de afirmação-pessoal que a Europa começava a eleger e até de poder salvar a Europa do seu próprio declínio, daí, sob o desejo de cultivar e propagar esse sentimento eslavo, escreve certas partes do romance acerca da contradição Europa-Rússia

Fontes:
http://pt.wikipedia.org

Fiodor Dostoievski (Os Irmãos Karamazov)

Em Os Irmãos Karamazov, Dostoievski se pôs inteiro. Suas vivências – o período na Sibéria, o pai autoritário, a epilepsia, a morte de um filho – estão todas ali. Mas também está ali um vasto painel da Rússia, de suas variadas classes, de seus homens, mulheres e profetas, os bêbados, os carbonários, os criminosos. É como uma síntese de seus livros anteriores. Se a concepção religiosa de Dostoievski e sua prosa dramática pudessem ser separadas, essa habilidade de mergulhar em vozes interiores e traçar um amplo e complexo painel social não existiria.

E Dostoievski não seria tão caro ao leitor sensível, muitas vezes na adolescência, que é tão tocado por sua intensidade moral, sem precisar adotar seu moralismo. Seu grande contemporâneo e rival, Tolstoi, para ele não ia além da descrição da realidade em seus detalhes, era um “historiador”; para Tolstoi, Dostoievski não conseguia olhar o mundo a distância, para então iluminar o detalhe. Como estuda George Steiner em seu Tolstoy or Dostoevsky – An Essay in Contrast, eles tinham religiões diferentes: o humanitarianismo de Tolstoi, sua utopia coletivista, era para Dostoievski equivalente à promessa de felicidade terrena, como a do Inquisidor; a ortodoxia masoquista de Dostoievski, sua crença no sofrimento redentor, era para Tolstoi uma fuga da paz e da razão.

Em outra passagem conhecida de Os Irmãos Karamazov, o diálogo entre o Diabo e Ivan, o Diabo diz que pode dar a Ivan mais originalidade que um enredo de Tolstoi. Mas nós não precisamos escolher entre Tolstoi e Dostoievski. Apenas ver o que cada um tem de mais original.

Fontes:
http://www.coladaweb.com/resumos/irmaos.htm
http://www.catanduvanarede.com/ (capa do livro)

Cybele Meyer (Resgatando o prazer de aprender)

Desde que eu me conheço por gente, toda vez que alguém pergunta: “O quê você mais gosta de fazer na escola?”, a resposta é sempre a mesma: “Eu adoro brincar no recreio”.

Será que já paramos para analisar esta resposta?

Se desde que eu era criança (eu também respondia assim) até os dias de hoje, a resposta é a mesma, porque então não analisamos este comportamento.

Se por ventura viéssemos a tirar o recreio do período escolar, a criança não gostaria de mais nada?

Sabemos que é no recreio que a criança se sente soberana em suas atitudes e pode exercitar toda a sua criatividade. Há escolas onde o recreio é dirigido. Neste caso, a resposta das crianças, não é mais unânime, pois ao dirigi-la no recreio, estará sendo cerceadas em sua liberdade.

Se, nos propuséssemos tirar pelo menos um dia na semana para observar o comportamento dos nossos alunos no recreio, com certeza, iríamos saber como lidar com eles em sala de aula. É ali que eles são verdadeiros, que eles se mostram sem ressalvas.

Quando voltam suados de tanto correr e brincar, nós, mesmo antes de eles entrarem em classe, já começamos a cobrar silêncio e comportamento estático: “Você já correu bastante, agora sente-se e fique quieto”. Ao sentarem, cada um em seu lugar, ainda sentem correr nas veias o sangue da participação ativa e do interagir sem barreiras. E iniciamos nossa oratória exigindo silêncio absoluto não permitindo qualquer intervenção. Caso o aluno insista, rebatemos sem ao menos ouvi-lo: “Já não brincou o suficiente? Agora, fique quieto e preste atenção”.

Não estou querendo dizer que o professor, ao explicar a matéria, deva permitir que a classe esteja em completo alvoroço. Não, muito pelo contrário, quando se está explicando a matéria é importante o silêncio, uma vez que, é ouvindo que se aprende. Mas, o que deve ser feito antes mesmo de iniciar a explicação, é uma preparação para o assunto que será abordado. Você terá que valorizar o que você vai explicar. Tem que tentar, ao máximo, motivá-los para que prestem atenção. A atenção deve vir pela motivação e não pela imposição do silêncio. Deve alertá-los sobre a parte prática e sobre a utilidade e eficácia do tema em questão. Assim que você sentir que conseguiu atrair para si a atenção da classe, comece a explanação. Se esta explicação for construída sobre um entrelaçamento de raciocínio, alerte-os, antes de iniciar, para que não façam perguntas até você terminar, não desestruturando assim, a seqüência lógica em construção. Logo após a explicação abra espaço para perguntas e comentários. Desta forma, você terá uma classe interessada e participativa. Ainda hoje, há casos em que o desinteresse é rotulado como falta de respeito. É mais fácil atribuir a culpa ao outro do que a nós mesmos.

Será mais conveniente você combinar certos tipos de procedimento e ter um desenvolvimento tranqüilo na classe do que ficar tropeçando no próprio pé em razão de não ter estabelecido regras de comportamento. E o que não foi combinado, não será cumprido e não poderá ser cobrado.

Uma aula dialógica não existe somente porque eu permito que os alunos façam perguntas. Aula dialógica é aquela em que eu induzo os alunos a questionarem e a opinarem sobre o tema. Ao professor caberá aguçar o interesse e o raciocínio do aluno. Desperte neles a dúvida que é o primeiro passo rumo ao conhecimento. Depois de esgotados todos os recursos, caberá ao professor a conclusão e o fechamento do pensamento.

Há quem diga que reproduzir uma aula é sinal de aprendizagem. Na verdade o que indica que houve aprendizagem não é a reprodução de uma aula e sim a produção do conhecimento. O aluno tem que fazer uma releitura do que o professor explicou e depois dar sua versão através do raciocínio. Assim sendo, precisamos desmistificar a versão de que o aluno que argumenta com o professor é um aluno mal educado ou um aluno que desacata o professor. Temos que desmistificar que o “saber” e a “verdade” são atributos somente do professor.

Adotando, o professor, estas posturas, terá ele uma classe produtiva, motivada e participativa. A avaliação passará então a ser uma conseqüência natural da aprendizagem, sem temores e sem traumas. O professor também perderá o hábito de usar a avaliação como um instrumento de poder, ou seja, não usará mais a prova como uma arma para conseguir a disciplina coercitiva, profetizando, concomitantemente, que os alunos terão dificuldades.

Se conseguirmos manter a sintonia e a harmonia entre o professor e os alunos, com certeza, teremos um índice maior de aproveitamento, de interesse e conseqüentemente de aprendizagem.

Então, arregacemos as mangas e caminhemos rumo ao prazer de aprender ligado ao prazer de ensinar.

Fonte:
http://www.duplipensar.net/artigos/2006-Q3/resgatando-o-prazer-de-aprender.html

Publicado em 11.08.2006

AACILUS - Biblioteca Digital em Literatura Portuguesa e Brasileira

A AACILUS, em cumprimento a um dos eixos do projecto com o ACIDI em 2007, no ano de 2008, continuará a divulgar a criação de uma BIBLIOTECA DIGITAL (disponível neste site [http://www.aacilus.org/?q=node/99]na coluna direita, no bloco inferior, cujo o título é BUSQUE SUA OBRA PREFERIDA, LITERATURA PORTUGUESA E BRASILEIRA), com um acervo inicial de 100 livros, e em permanente crescimento, encontra-se disponível para consulta e empréstimos. Além disso, estamos inserindo um site de busca, DOMÍNIO PÚBLICO, por orientação do Ministério de educação brasileiro - MEC, onde se pode consultar e fazer downloads de uma série de obras da Literatura Brasileira e Portuguesa, ou seja, trata-se de uma bela biblioteca digital, desenvolvida em software livre , sendo um lugar onde você pode acessar gratuitamente, veja mais a seguir:

· As grandes pinturas de Leonardo da Vinci ;
· Escutar músicas em MP3 de alta qualidade;
· Ler obras de Fernando Pessoa, Machado de Assis ou a Divina Comédia;
· Ter acesso às melhores historinhas infantis e vídeos da TV ESCOLA
· 732 obras só de literatura portuguesa


Fonte:
Douglas Lara. In
http://www.sorocaba.com.br/acontece

domingo, 15 de junho de 2008

Jane Austen (1775 - 1817)

A Europa do século XVIII passa por importantes mudanças políticas e econômicas. Os tratados de Utrecht (1713-1715) encerram o período da preponderância francesa, que passa a ser britânica. O absolutismo triunfa até meados desse século em boa parte do continente, onde ocorrem diversos conflitos: a guerra da Tríplice Aliança, a guerra da sucessão da Áustria, a guerra dos Sete Anos e outros.

As rivalidades coloniais entre França e Inglaterra pesam muito nas relações entre esses países. Na Índia os britânicos suplantam definitivamente a influência francesa no decorrer da guerra dos Sete Anos.

A partir de 1760 tem início na Inglaterra a Revolução Industrial. A invenção da máquina a vapor é decisiva para a aceleração da série de transformações tecnológicas, econômicas e sociais que só depois de muitas décadas se estenderiam ao continente.

O impacto causado na Europa pela Revolução Francesa em 1789, é tão profundo e marcante que a partir daí tem início outra época, tradicionalmente denominada Idade Contemporânea.

A segunda metade do século XVIII passa a ser denominada Século das Luzes, em virtude do predomínio gradual das idéias de tolerância religiosa e reforma política e social que asseguram maior liberdade individual.

É nesse período de ebulição política na Europa que nasce Jane Austen, em 16 de dezembro de 1775, no presbitério de Steventon Parish, em Hampshire, zona rural da Inglaterra, no reinado de Jorge III.
Jane é a segunda filha e a penúltima dos oito filhos do reverendo George Austen e sua esposa Cassandra Leigh Austen, pertencentes a uma família tradicional e numerosa. Jane recebe em casa a maior parte de sua instrução.

Tem uma infância feliz em meio aos irmãos e a outros garotos, que se hospedam na casa e dos quais o reverendo George é tutor. Amantes do romance e da poesia, para se divertir as crianças escrevem e inventam jogos e charadas, e mesmo sendo uma garotinha, Jane é incentivada a escrever. Desde cedo revela sua inclinação para as letras, ao escrever bilhetes para parentes e amigos em uma época em que escrever cartas é uma espécie de modismo. A leitura pelas crianças de livros da extensa biblioteca do reverendo George fornece material para que escrevam pequenas peças teatrais, que elas próprias representam.

Em 1784, quando seus pais decidem enviar Cassandra – a inseparável irmã mais velha, então com dez anos – para uma escola em Oxford, Jane implora para ser levada junto, no que é atendida. Elas ficam sob os cuidados de uma preceptora; contudo, sem recursos para manter as meninas estudando fora, o pai traz as filhas de volta para casa três anos depois. Jane nunca mais se separaria da família.

Em 1790, com catorze anos de idade, Jane escreve seu primeiro romance, Amor e Amizade, sob a forma epistolar – estilo que nunca seria inteiramente dominado pela escritora. Essa e outras obras escritas anonimamente na adolescência, além de uma coleção de cartas, comporiam os três volumes da coletânea Juvenilia

A vida de Jane Austen até então não é marcada por grandes acontecimentos; nada ocorre que possa perturbar sua existência. Contudo, apesar de tão pouca vivência, do restrito convívio social e de morar sempre em pequenas cidades do interior da Inglaterra, a escritora possui uma visão extraordinariamente cosmopolita.

Transforma-se em uma notável cronista da sociedade inglesa da época, que, ao contrário do que se poderia supor, não é uma sociedade rural típica inglesa, estável, conservadora, e sim uma sociedade burguesa, um mundo fluido e arbitrário em que algumas famílias nadam em dinheiro novo, enquanto outras lutam para manter o pouco que possuem.

Com percepção aguda dos fatos e estilo pacífico, sereno e equilibrado, Jane consegue construir em seus romances uma descrição minuciosa do ambiente a que pertence com uma sutil ironia. Seus primeiros escritos contêm imagens anárquicas e de violência em abundância, e por ser filha de um eclesiástico do século XVIII, isso revela uma ousadia incomum.

O romance Lady Susan, escrito na adolescência, em 1792, é inspirado em As Relações Perigosas, de Choderlos de Laclos, um livro que seria proibido para uma senhorita da pequena burguesia, educada nos rigores do puritanismo. É possível que os pais de Jane não lhe censurem as leituras, pois seu trabalho literário também recebe influência de Sis Charles Dickinson, escrito por Samuel Richardson, e de Tom Jones, de Henry Fielding, livros igualmente considerados escandalosos na época.

A criação aristocrática também aflora na temática dos romances de Jane Austen, sobretudo na caracterização psicológica de suas personagens femininas, verdadeiras heroínas burguesas, cuja preocupação máxima é conseguir um bom casamento. Sem dúvida a principal diferença entre Jane Austen e suas heroínas sensuais é que, no caso destas, não só suas percepções e critérios são importantes como também em geral têm a oportunidade de escolher o próprio destino.
Ainda em 1792, Jane escreve Kitty ou o Caramanchão, e entre 1795 e 1798 Elinor e Marianne, romance epistolar que serviria de base para Razão e Sensibilidade e A Abadia de Northanger, que parodia os livros de terror, muito populares à época, mas que só seria publicado postumamente, e Orgulho e Preconceito.

Em 1795, no final da adolescência, Jane se apaixona por um irlandês encantador chamado Thomas Lefroy, mas o romance não se concretiza e termina no ano seguinte. Essa desilusão amorosa sem dúvida desencadeia em Jane os mesmos sentimentos de vulnerabilidade e de um relativo abandono que marcam sua infância, quando a mãe a deixara juntamente com a irmã Cassandra Elizabeth aos cuidados de uma preceptora em Oxford.

Em 1801, aos 26 anos, muda-se com os pais e Cassandra, para Bath. Após a morte do irmão George, deficiente mental, do pai, em 1805, e da cunhada, que deixa órfãos os onze filhos de seu irmão Edward, ela passa por um período de depressão, durante o qual escreve muito pouco.

Em março de 1807 Jane, Cassandra e a mãe mudam-se para Castle Square, Southampton. Passam a morar com seu irmão Frank, um capitão naval e sua esposa.

Em 1809 as três mulheres transferem-se para uma pequena mas confortável casa cedida pelo próspero irmão Edward em Chawton, próximo a Winchester, no sul da Inglaterra. Jane retoma a atividade literária e começa a preparar a versão final de Razão e Sensibilidade e de Orgulho e Preconceito.

Em 1811, então com 36 anos, publica Razão e Sensibilidade e começa a escrever Mansfield Park, que seria publicado em 1814, ano em que começa a escrever Emma, obra dedicada ao príncipe regente, futuro George IV, e publicada no ano seguinte..

No início de 1817 Jane começa a escrever outro romance, Sanditon, mas poucos meses depois adoece, vitimada por uma complicação pulmonar, e vê-se obrigada a ir para Winchester para se tratar. Porém, fica paralítica e morre em 18 de julho, aos 41 anos de idade. Cassandra está ao seu lado. Uma semana depois é sepultada na catedral da cidade, sem a presença da irmã, já que nessa época mulheres não assistem a funerais.

Além de A Abadia de Northanger, outras obras publicadas após sua morte são Persuasão e Lady Susan, com um prefácio biográfico escrito por Henry, seu irmão predileto. As obras The Watson e Sanditon também são póstumas, mas são trabalhos concluídos.

A linguagem pura e simples, o tom humorístico, sarcástico, a agudeza de espírito e os sempre atuais temas de amor e casamento garantem a imortal popularidade de Jane Austen, cujos romances são frequentemente reproduzidos com sucesso nas telas de cinema.

Ao longo dos séculos, biógrafos e críticos têm se perguntado como a tímida e reservada filha de um clérigo protestante do interior da Inglaterra viria a produzir livros tão sofisticados; como uma mulher de temperamento doce, morta aos 41 anos de idade, solteira e com pouco convívio social, se converteria em autora de romances tão irônicos e profundamente modernos, que não se enquadram em nenhum dos padrões literários característicos de sua época.

Fonte:
http://www.sociedadedigital.com.br/artigo.php?artigo=220&item=3

Jane Austen (Razão e Sensibilidade)

A história tem inicio com o falecimento do senhor Dashwood, que morava nas terras de seu tio que já era idoso e não tinha herdeiros. Assim sendo o senhor Dashwood e sua família herdou as terras após o falecimento do proprietário. Um ano após o ocorrido o senhor Dashwood também veio a falecer, herdando as terras, seu filho John, do primeiro matrimônio, contudo antes de falecer pediu a seu filho que em tempo algum desamparasse sua madrasta e suas irmãs, o que com o apoio de sua esposa, a senhora Fanny, não ocorreu. Obrigando a senhora Dashwood e suas filhas a procurarem uma nova moradia, a esse tempo sua filha mais velha, Elinor estava apaixonada por Edward Ferrars, irmão de sua cunhada, a senhora Fanny.

A senhora Dashwood mudou-se com suas filhas para Devonshire, foram morar nas terras de um parente distante, que as acolheu muito bem. Todas sentiram a mudança de ambiente, mas logo se familiarizaram com a nova vida. Tanto que Marianne, irmã de Elinor, logo provoca interesse no Coronel Brandon, um homem vivido, muito reservado, elegante e de gestos educados, de aproximadamente 35 anos. Porem Marianne o rejeita e, se apaixona por Willoughby de Allenham. O compromisso entre os dois é dado como certo até que Willoughby anuncia sua partida atendendo a uma ordem de sua tia, o que provoca em Marianne profunda tristeza e desilusão.

Coube às irmãs Elinor e Margaret, consolar Marianne, que durante um passeio acabaram por encontrar-se com Edward Ferrars, Marianne por um instante esqueceu sua tristeza e se alegrou com a felicidade de sua irmã Elinor. Marianne notou um anel com uma mecha de cabelo trançado a ele, e logo supôs que a mecha pertencia a sua irmã Elinor, Edward permaneceu na companhia da família Dashwood por uma semana e, partiu em seguida. Elinor procurou ocupar seu tempo para evitar o sofrimento que lhe afligia com a falta de Edward.

Em um baile, por convite de Lady Middleton, as irmãs Dashwood encontram-se com Willoughby, que ignorou a presença de Marianne, provocando constrangimento e sofrimento, Marianne, nada explicou. Elinor pediu a senhora Jennnings que parasse de espalhar boato de que sua irmã estava noiva de Willoughby, pois isso a estava prejudicando. Marianne recebeu uma carta onde Willoughby lhe pedia desculpas pelo seu comportamento no baile e desfez toda e qualquer ilusão de Marianne não sentido de que ele não tinha compromisso algum com ela, e lhe pediu desculpas se assim a fez pensar.

Elinor considerou a atitude da irmã como imprópria e inaceitável. Marianne havia fantasiado um relacionamento que somente existia em sua cabeça sonhadora. O Coronel Brandon revelou a Elinor que Willoughby era um canalha e havia engravidado e abandonado sua filha de criação, Elinor ficou indignada, e contou tudo a Marianne, que ficou chocada, a partir daí, Marianne não mais evitou a presença do Coronel Brandon. As irmãs Steele chegaram a Londres e Lucy foi hostil com Elinor, ao encontra-la ainda em Londres.

O Coronel Brandon se propôs a ajudar Edward e pediu a Elinor para transmitir a oferta. O que foi feito. Viajaram para Cleveland, e lá Marianne ficou enferma, o Coronel ficou muito apreensivo com a saúde de Marianne, e permaneceu com ela até que melhorasse. Com a noticia da eminente morte de Marianne, Willoughby, foi ao encontro desta para se explicar e pedir perdão por todo o sofrimento que lhe causara, foi recebido rispidamente por Elinor, que lhe ouviu pedir perdão pelo sofrimento causado a Marianne, Elinor disse que transmitiria oportunamente o recado, mas frisou bem que nada do que foi dito justificava sua atitude.
Por fim, Marianne se afeiçoa ao Coronel Brandon, casaram-se, e eram o retrato da felicidade. Lucy Steele fugiu com Robert Ferrars, logo depois que ele tomou posse da propriedade que sua mãe lhe deu, quando da deserção de Edward.

Edward pediu Elinor em casamento, o que foi prontamente aceito e comemorado; posteriormente fez as pazes com sua mãe, a senhora Ferrars, e tomou posse de sua parte na herança, o que proporcionou uma vida confortável a sua nova família.

Fonte:
http://www.netsaber.com.br/resumos/ver_resumo_c_2806.html

Jane Austen (Orgulho e Preconceito)

Pela primeira vez publicado em 1813, Orgulho e Preconceito tem sido consistentemente o romance mais popular de Jane Austen. A obra, retrata a vida pacata em uma sociedade rural daqueles dias; e contasobre osiniciais desentendimentos e mais tarde mútua compreensão entre Elizabeth Bennet (cuja vitalidade e humor tem geralmente atraído leitores) e a arrogante Darcy.

O título Orgulho e Preconceito se refere (entre outras coisas) à maneira em que Elizabeth e Darcy se viram pela primeira vez. A versão original do romance, entitulado Primeiras Impressões ,foi escrita em 1796-1797 e provavelmente num formato de troca de cartas. A opinião brincalhona de Jane Austen sobre o próprio trabalho dela, em uma carta à sua irmã Cassandra logo após a publicação, foi: "No todo...Eu estou bem satisfeita ...O trabalho é leve e brilhante; e resplandecente; ele quer (precisa) de forma; ele quer ser alongado aqui e ali com um longo e sensato capítulo, se isso pudesse ser conseguido, se não, de solenes enganosos desvarios, sobre algo desconectado com a estória: um ensaio de escrita, uma crítica sobre Walter Scott, ou a história de Buonaparté, ou algo que formasse um contraste echamasse o leitor (comcrescente deleite) para a diversão e geral paradoxo do estilo geral."

Orgulho e Preconceito pertence ao gênero comédia-romântica e é o mais famoso romance de Jane Austen; e sua introdução é uma das mais famosas linhas da literatura Inglesa---éuma conhecida verdade universal, que um homem solteiro em posse de uma grande fortuna, deve estar querendo uma esposa. Seu manuscrito foi primeiro escrito entre 1796 e 1797 e foi inicialmente chamado Primeiras Impressões, apesar de nunca ter sido publicado com este título.

Após revisado, foi publicado em 28 de janeiro de 1813 pela mesmo Sr. Egerton da Biblioteca Militar, Whitehall,que apresentou Razão e Sensibilidade. Assim como ambos seus predecessores e Northanger Abbey, foi escrito no Steventon, a estória traz o cortejo e casamento no meio dos possuidores de terra nos meados do século 19.

O principal personagem é Elizabeth Bennet, uma bela mulher de 20 anos, possuidora de uma mente ágil e ainda mais ágil língua. A amada irmã mais velha de Elizabeth, Jane, é mais gentil mas igualmente, se não mais, atrativa. Sr. Bennet é um excêntrico que passa a maior parte de seu tempo se escondendo em seus estudos (um refúgio por sua esposa irritante), e o resto de seu tempo fazendo sarcásticos comentários desmerecendo sua família. Uma outra irmã, Mary, é uma pregadora sem-graça, apaixonada por livros, enquanto as outras, Kitty e Lydia, são descuidadas e paqueradoras adolescentes, atraídas por homens de uniforme.Enquanto isso, a queixosa Sra. Bennet está desesperadamente determinada a assegurar bons partidos para as suas 5 filhas, enquanto tenta manter seus nervos em controle.

O estado modesto da família Bennet em Hertfordshire se deve à falta de seus homens---o que significa que um primo, Sr Collins, irá herdar todo o patrimônio com a morte do Sr. Bennet, deixando a Sra Bennet e cada uma das suas não casadas filhas, sem casa e deixadas à viver com uma pequena e insuficiente renda.

Fonte:
http://www.netsaber.com.br/resumos/ver_resumo_c_63.html

Orgulho e Preconceito, de Jane Austen

por Fabio Silvestre Cardoso

Há alguns anos, foi relançada uma coletânea de obras clássicas da literatura universal. Cada livro da coleção custava exatos R$9,90 e tinha como objetivo difundir e incentivar não só a leitura, mas também a literatura – utilizando, como referência, livros de autores consagrados da literatura nacional e estrangeira. Entre os autores dessa coleção estava a escritora inglesa Jane Austen, com a obra Razão e Sensibilidade. À época, por algum motivo, não me interessei nem pelo livro, nem pela autora. E, apesar de ter um grande apreço pela literatura inglesa (Charles Dickens, P.G. Wodehouse, Jonathan Coe), jamais entrei em contato com a literatura de Jane Austen. O meu tempo de despertar aconteceu enquanto lia Desejo de Status, de Alain de Botton.

Na verdade, Botton mencionou a obra de Austen como exemplo para uma de suas teorias justamente quando tratava da forma em que determinados grupos se relacionam, um procurando ter status mais privilegiado que o outro, sempre de acordo com critérios pernósticos, superficiais e prosaicos. Nesse sentido, a literatura da escritora inglesa não poderia ter sido utilizada como melhor exemplo. Em outras palavras, é correto afirmar que, a despeito de não ter sido compreendida em seu tempo, Jane Austen foi quem mais habilmente soube decifrar os sentimentos, os desejos e as ansiedades dos grupos que viviam às voltas com a fogueira das vaidades e da ambição. Tratado de sociologia? Dissertação de Mestrado? Nada disso. Romance inglês, com ironia e sublime elegância.

Antes dos adjetivos, o substantivo. A história de Orgulho e preconceito (Record, 2006, 430 págs.) se passa no século XVIII, na Inglaterra, e trata da trajetória de uma família, a um só tempo, comum e bastante peculiar. Comum porque na residência dos Bennet havia cinco moças que foram criadas com o único propósito de se casar. Peculiar porque essas cinco moças tinham outros atributos além da beleza, dentre os quais cabe destacar a inteligência e a argúcia para enxergar e compreender o caráter para além das palavras e do rígido código de cordialidade que os bons costumes estimavam na época. Cria-se um certo clima de expectativa quando a família Bennet, encabeçada pela matriarca, descobre que dois ricos e saudáveis rapazes (mr. Bingley e mr. Darcy) aparecem na região de Longburn, onde a família Bennet reside. Uma recepção logo é preparada e todas as irmãs, ávidas por um casamento (algumas mais do que outras, é verdade), comparecem. A intriga acontece justamente porque um dos rapazes, mr. Darcy, se mostra por demais orgulhoso para o gosto da família Bennet. E muito embora mr. Bingley caia nas graças dos Bennet, suas irmãs não apreciam tanto o seu interesse na bela Janet Bennet.

Se o plot é aparentemente banal – afinal, relacionamentos sempre são permeados por intrigas, disputas e ciúmes – o que merece destaque no romance de Jane Austen é o fato de a autora conseguir contar essa história sem jamais descer o degrau da leveza. Há um tom delicado em sua narrativa que, se lido de outra forma, pode ser considerado arrogante e elitista. Trata-se, na verdade, de uma leitura equivocada, visto que a escritora propõe uma narração sóbria e bastante detalhada para que o leitor possa entender com argúcia o que cada trecho, cada gesto das personagens possa ser decifrada.

É interessante observar, aliás, como esse viés de leitura em muito se assemelha com a história de Orgulho e Preconceito. Isso porque, assim como uma interpretação do estilo de Jane Austen pode fazer com que alguém pense ser arrogância a simples utilização de um estilo mais refinado, no romance, as personagens também se impressionam com a aparência e com o gênio aparentemente indomável de determinadas personas naquele círculo social. É o que acontece, por exemplo, com mr. Darcy, cujas atitudes fazem com que Elizabeth Bennet crie uma espécie de redoma sempre que tem de se dirigir a ele. Do mesmo modo, o próprio mr. Darcy começa a se sentir atraído pelo comportamento espirituoso e não menos contundente dessa Elizabeth. E o que era rejeição, pouco a pouco, passa a ser atração.

Certamente, alguém dirá que é mais uma prova de que os opostos se atraem. Ou de que ninguém comanda o coração, nem mesmo a razão. Frases que se possuem algum sentido também são eivadas de um embasamento raso e mundano, o que definitivamente é rejeitado e criticado na obra de Jane Austen. Basta ver como a autora, a partir de suas personagens, ironiza a frivolidade e a fraqueza de caráter das pessoas. Nesse ponto, também é correto afirmar que o romance é uma crítica de costumes do seu tempo, uma vez que, pela imitação, chega a satirizar determinados tipos, como o do mr. Collins. Uma pessoa cujo único fim é atingir um status elevado na sociedade, descartando a importância de ter uma opinião mais profunda acerca do mundo que o cerca. Para Collins, o que vale são as aparências e a todo o momento ele quer aparecer como algo que, de fato, não é.

Nesse embate constante entre ver e ser visto, a autora resolve com propriedade a relação existente entre o orgulho e o preconceito. É o que se lê no trecho a seguir: "A vaidade e o orgulho são coisas diferentes, embora as palavras sejam frequentemente usadas como sinônimos. Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vaidosa. O orgulho se relaciona mais com a opinião que temos de nós mesmos, e a vaidade, com o que desejaríamos que os outros pensassem de nós". Não consigo imaginar explicação tão sucinta ou mais exata.

O relançamento de Orgulho e Preconceito aconteceu, coincidentemente ou não, no mesmo ano em que um filme baseado no romance de Jane Austen ganhou as telas do mundo todo, chegando até mesmo a concorrer a algumas estatuetas do Oscar. Não cabe aqui desmerecer o filme, dizendo que o livro é “certamente melhor do que sua adaptação”. Entretanto, não há dúvidas de que a obra da escritora inglesa possui refinamento e que proporciona um raro deleite aos amantes da literatura. Um livro para quem deseja ir além da aparência, dos clichês, sem qualquer preconceito.

Fonte:
http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=1910

Rodamundinho 2008

No dia 24 de julho durante a Semana do Escritor de Sorocaba será lançado o Rodamundinho 2008.

O Rodamundinho 2008 é um projeto do escritor Douglas Lara e do editor Mylton Ottoni, tem o apoio do suplemento infanto-juvenil Cruzeirinho do jornal Cruzeiro do Sul, do Gabinete Sorocabano de Leitura e da Fundec - Fundação de Desenvolvimento Cultural.

A obra é publicada em sistema de cooperativa, reunindo escritores brasileiros e também de diversos países. Experientes ou não, participam pessoas de diferentes áreas e também pessoas que querem publicar os seus primeiros textos em um livro.

O Rodamundinho 2008 é uma coletânea infanto-juvenil que reune 25 autores (textos de crianças e adolescentes) de até 15 anos de idade. Será uma antologia (seleção de textos) reunindo poesias, contos e crônicas com o objetivo de estimular a leitura e a escrita aos jovens sem que eles precisem pagar nada por isso. Cada autor tem quatro páginas para mostrar seu talento que será publicado num belíssimo livro de 100 páginas.

Confira os nomes dos 25 participantes do livro:
André Borges Dias, André Felipe Camargo Bruni, Beatriz Rodrigues Soares, Beatriz Silvério da Rocha, Bianca Marques Milanda, Carolina Arakaki de Camargo, Felipe Giacomin, Isabela Rodrigues Rigo, Jaqueline Andressa Oliveira Manão, José Estevão Pinto de Oliveira, Joyce Souza da Conceição, Júlia Mira dos Santos, Juliana Guimarães Terse, Katherine Martins de Oliveira, Laís Castro Franco de Almeida, Larissa da Silva Vendrami, Laura de Oliveira Marchetti, Laura Mattucci Tardelli, Lucas Geraldo de Milanda Miranda, Luiz Alberto Braga Stopa, Maria Giulia Jacção Alves, Matheus Dantas, Rafaela Moreno Lopes Benevides, Roberta Rodrigues Giudice e Verônica Rodrigues S. Lima.

Fontes:
http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia.phl?editoria=31&id=80511
http://www.leialivro.sp.gov.br/texto.php?uid=17920
http://www.sorocaba.com.br/acontece

Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras

ABL anuncia vencedor do Prêmio Machado de Assis 2008.

O romancista mineiro Autran Dourado é o vencedor do Prêmio Machado de Assis 2008 da Academia Brasileira de Letras.

A instituição também anunciou os ganhadores dos outros prêmios deste ano, como o ABL de Ficção, ABL de Poesia, ABL de Tradução, ABL de Literatura Infanto-Juvenil e o Prêmio Francisco Alves. Este último é conferido uma vez a cada cinco anos e atribuído a uma personalidade que se destaque no campo da Educação ou da Língua Portuguesa.

Os prêmios ABL de Cinema, ABL de História e Ciências Sociais e ABL de Ensaio foram anunciados na sessão da quinta-feira, dia 12/6.

A solenidade de entrega vai acontecer no Petit Trianon, dia 17 de julho, quando a Academia comemora 111 anos de fundação.

Vencedores de 2008

1) PRÊMIO MACHADO DE ASSIS
Autran Dourado

2) PRÊMIO ABL DE POESIA
Izacyl Guimarães Ferreira - "Discurso urbano"

3) PRÊMIO ABL DE FICÇÃO, ROMANCE, TEATRO E CONTO
José Alcides Pinto - "Tempo dos mortos"

4) PRÊMIO ABL DE LITERATURA INFANTO-JUVENIL
Daniel Munduruku - "O olho bom do menino"

5) PRÊMIO ABL DE TRADUÇÃO
Agenor Soares dos Santos
Leonardo Fróes

6) PRÊMIO FRANCISCO ALVES
Paulo Nathanael Pereira de Souza
Carlos Eduardo Falcão Uchôa

Fonte:
Academia Brasileira de Letras
http://www.academia.org.br/

Oficina Poética na Escola do Escritor (SP)

OFICINA POÉTICA: UMA FORMA LIVRE DE SE EXPRESSAR E ESCREVER.

É um curso sobre poesia e sobre o fazer poético. Depois de uma reflexão sobre os conceitos e definições de Poética, respeitando as interpretações subjetivas das pessoas, levantam-se as principais dificuldades para ler poesia como à insensibilidade para compreender as figuras de linguagem.

Mostra-se que em toda lírica há um substrato social e que a poesia deleita e dá alegria profunda. As principais temáticas da poesia universal como autoconhecimento, natureza, cotidiano, infância, amor, morte e a própria poesia são exemplificadas num painel significativo de poetas e poemas inspiradores.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
-Conceitos fundamentais de Poesia
-Das dificuldades em ler poesia
-Poesia? Para quê?
-Do fazer poético
-Painel de poetas, leituras e análises de poemas de Carlos Drummond de Andrade,
Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Cora Coralina, João Cabral de Melo Neto, Adélia
Prado, entre outros.
-Produções livres

Docente: Raquel Naveira: escritora sul- mato-grossense, radicada em São Paulo, autora de diversos livros de poemas e ensaios como: Abadia, Casa e Castelo, Portão de Ferro e Literatura e Drogas- e outros ensaios. Mestre em Comunicação e Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie/SP e Doutoranda em Literatura Portuguesa pela USP. Membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras e do PEN Clube do Rio de Janeiro.

Dias: 17 e 18 de julho de 2008
Horário: das 14h às 17h30
30 vagas
Preço Único: R$ 150,00

Sala de aulas:
Rua Mourato Coelho, 3 93 - conjunto 1 - (esquina com Teodoro Sampaio),
Bairro de Pinheiros, São Paulo, SP

Estacionamentos: em frente no Pão de Açúcar ou na Rua Fradique Coutinho, 492 (ao lado do Correio).

Escola do Escritor
escoladoescritor@escoladoescritor.com.br
http://www.escoladoescritor.com.br/
Telefone: (11) 3034-2981

Fonte:
http://www.escoladoescritor.com.br/

Literatura fantástica em Debate

13/06/2008, no sábado, a Livraria Cultura apresentou uma mesa-redonda que teve como tema a literatura de gênero chamada de Fantasia. No encontro, a presença de escritores e editores do gênero, debatidos temas como o que é fantasia; existe uma literatura de fantasia brasileira?; mercado editorial - o que é lançado no Brasil e o que é lançado no exterior - escolhas e tendências; influência de Tolkien no Brasil; novas tendências como o ''New Weird Fiction'' e a influência de escritores como Neil Gaiman, Terry Pratchett, George R. R. Martin e China Miéville.

Sobre os palestrantes:
* Ana Cristina Rodrigues é historiadora e escritora. Presidente do Clube de Leitores de Ficção Científica, modera diversas comunidades virtuais sobre Ficção Especulativa. Já publicou em diversos sites brasileiros e argentinos, tem um conto na antologia argentina ''Grageas'' e, atualmente, escreve um romance de fantasia inspirado no Renascimento e nas navegações portuguesas.

* Cláudio Villa é escritor e redator, autor do romance de fantasia ''Pelo sangue e pela fé''. Há três anos mantém o blog ''Mundos de Mirr'', em que relata suas experiências, dificuldades e realizações como escritor iniciante no Brasil.

* Gianpaolo Celli é formado em Administração de empresas, editor da Tarja Editorial, escritor e estudioso de ocultismo e esoterismo. Antes de se voltar à literatura, trabalhou com quadrinhos e apresentou matérias e aventuras-solo de fantasia na revista ''Dragão Brasil''. Além de colunista de sites, é co-autor dos livros ''Necrópole - Histórias de vampiros'', ''Necrópole - Histórias de fantasmas'', ''Visões de São Paulo - Ensaios urbanos'' e dos ainda não publicados ''Histórias do tarô'' e ''Necrópole - Histórias de bruxaria''.

* Rogério de Campos foi criador e editor da revista ''Animal'', em 1987, uma das principais publicações da cultura alternativa brasileira dos anos 80. Trabalhou no caderno ''Ilustrada'' do jornal ''Folha de S. Paulo'' e nas revistas ''Bizz'' e ''Set''. Em 1993, fundou a Conrad Editora, lançando as revistas ''General'' e ''Herói'' e foi o responsável pela introdução dos mangás no mercado editorial brasileiro. Em 1989, recebeu o Prêmio HQ MIX de Melhor Editor.

* Silvio Alexandre criou e dirigiu várias coleções de literatura fantástica como a coleção Zenith e a coleção Star Trek, da editora Aleph, além do selo Unicórnio Azul, da editora Mercuryo. Foi editor executivo da Devir Livraria, especializada em livros de RPG, fantasia, ficção científica, horror e quadrinhos. Foi gerente de marketing da Conrad Editora e da Pixel Media, empresas especializadas em quadrinhos. É organizador do ''Fantasticon - Simpósio de Literatura Fantástica'' e dos Festivais de Quadrinhos da Fnac, em São Paulo, Brasília e Curitiba.

* Delfin é coordenador editorial da Editora Aleph e jornalista cultural, especializado no segmento de histórias em quadrinhos. É colaborador da ''Rolling Stone'', ''Globo Online'', ''Overmundo'', ''Universo HQ'', ''Wish Report'' e ''Paralelos''. Também já escreveu sobre o assunto para o jornal ''Correio Popular'', as revistas Semana 3 e Zero. Acumula ainda a função de diretor de arte da Mojo Books. É autor de dois livros, lançados pela cooperativa de autores Edições K: ''Kreuzwelträtsel Redux'' e ''Se eu tivesse um machado''.

* Baseado em profunda pesquisa histórica, Orlando Paes Filho estreou na literatura com o sucesso ''Angus - O primeiro guerreiro''. A série, composta de sete volumes, atravessou fronteiras, entrando nas listas dos livros mais vendidos na China, Rússia, Taiwan, Austrália, Grécia, Coréia e países da América Latina, e terá lançamento em 2008 em mais de trinta países. Em 2006, lançou o ''Diário de um cavaleiro templário'', obra que obteve elogios de renomados historiadores. Além disso, o autor participa anualmente, como expositor, da maior feira internacional de livros, a Feira Internacional do Livro de Frankfurt, na Alemanha, divulgando sua obra, sendo o único autor-expositor do evento.

Fonte:
http://www.literaturalivre.com.br/