segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Ronnaldo de Andrade (Caderno de Trovas)


Abraça-me com ternura,
dá-me um pouquinho de amor,
afasta minha amargura
e apazigua a minha dor.
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Acorda, amor! Veja o sol,
à porta, chamando a gente,
para ver seu arrebol
na casa do sol nascente.
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Acredito ser verdade,
este amor que por mim sente.
Mas vivamos da saudade
do que foi o amor da gente.
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Agora você me diz:
“Por favor, não se acostume...
Não lhe quero, nunca quis;
eu só quis fazer ciúme...”
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Amanhã pode ser tarde,
pra entregar seu coração,
a este alguém que hoje arde,
chora e sofre de paixão.
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As flores do meu jardim
morreram todas depois
que você fugiu de mim,
levando junto nós dois!
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Banhado por seu olhar,
ao som do seu violão,
eu me ponho a passear
nos jardins do coração.
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Chego a perder o sentido
quando me encontro em seus braços,
e fico muito esquecido
no calor dos seus abraços.
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Cheguei ao fundo do poço,
quando você me deixou,
e ao voltar, ainda moço,
a esqueci, você passou!
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Com esta caneta escrevo
esta trova de saudade
para você... mas eu devo
alertar que é de amizade.
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Cuidaste tão bem de mim,
que eu hoje me sinto mal,
por ter te falado assim:
“Acabou, ponto final!”.
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De modo muito singelo
nosso amor galgou vitória...
É grande o nosso castelo,
mas sobressai nossa história!
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Deus lhe pôs no meu caminho,
pra não me ver sofrer mais.
Você, Rosa sem espinho,
calou todos os meus ais.
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Eu chego a perder o sono,
pensando em ti, minha flor.
Não quero ser o seu dono,
e sim o seu beija-flor.
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Fazendo os dias amenos,
acalmo minha agonia,
de quando, dos sonhos plenos,
acordo – a cama vazia!
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Foi o tempo, um adversário,
em meu cenário de amor,
truculento, sanguinário;
mas eu saí vencedor.
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Fui em sua vida um nada,
e nada serei... Assim,
ao me encontrar pela estrada,
vê se não olha pra mim.
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Não sai de minha memória
a nossa história de amor;
você, sua trajetória,
seu desejo abrasador...
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Na tela do meu cinema
você foi e ainda é,
o filme do meu dilema:
amor, angústias e fé!
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Neste poema humilde e breve,
eu choro a perda de alguém,
que esta boca não se atreve
falar seu nome a ninguém.
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Nos palcos de minha vida,
você foi minha Iracema;
a poesia transmitida
na tela do meu cinema!
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Nosso amor é muito lindo
e gostoso de se ver,
que nem mesmo, Amor, fingindo,
conseguirei esquecer.
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Nunca chega o amanhecer,
quando o coração padece
de tanto amor, de querer
alguém que não nos merece!
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Olhe bem para o jardim,
veja como está feliz.
Eu só quero ser assim,
com você, ó flor-de-lis!   
- - - - - –
O nosso amor não é lenda
e nem um conto de fada.
Talvez eu lhe surpreenda:
ele é só amor e mais nada!
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Os sonhos que sonho são
delírios desta minh’alma
que, se entregando à paixão,
perdeu a razão e a calma.
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Percebo que lhe perdi,
mas não deixo de lhe amar.
Foi ótimo o que vivi
com você, meu Céu, meu Mar.
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Perdoe-me se fui covarde,
Não era a minha intenção
dizer a você bem tarde:
– Não me dê seu coração!
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Por causa do teu ciúme
me afastei, fiquei distante;
porém isso não resume
quanto me foste importante.
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Quando você põe em mim
seus lindos olhos azuis,
minha tristeza tem fim
e os meus enche-se de luz.
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Queria ser uma abelha,
pra pousar nessa boquinha
aveludada e vermelha,
que parece uma florzinha.
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Seus olhos são diamantes,
valiosos, minha querida.
São raros, são fascinantes,
por eles dou minha vida.
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Seus olhos têm um feitiço
que me prende e me domina;
eles me fazem submisso
a você, mulher menina.
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Sim, todas estas poesias
e as lágrimas que derramo,
lembram-me todos os dias,
que é você que ainda eu amo.
- - - - - –
Sinto faltar um pedaço
de tudo que existe em mim.
Sou planeta sem espaço
sem você, meu Querubim.
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Sofreu sem fazer alarde,
a dor dum amor desfeito.
Hoje sei bem o quanto arde,
pois sofro do mesmo jeito.
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Sofro de amor, de paixão,
nessa minha vida inglória.
Por não ter mais ilusão,
ponho um ponto nessa história!
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"Trilha amarga. Que desgosto"
sentir o gosto da dor,
e ver em todo meu rosto
as marcas do dissabor! .
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Vá-se embora! Tem razão...
Mas, por favor, não se queixe
se na maré de... ilusão
nunca mais encontrar peixe.
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Vê se acorda, coração,
vive sonhando profundo...
Saiba que o amor é ilusão:
a pior de todo o mundo.

Fonte:
Trovas enviadas pelo trovador.

Um comentário:

Ronnaldo de Andrade disse...

Muitíssimo obrigado, amigo José Feldman, por sua generosidade. Parabéns pelo trabalho que vem desenvolvendo em prol da literatura!