Curadoria: Isabel Furini
1. Lugar
José Feldman
Campo Mourão/PR
A VELHA CHATA
Essa é uma história ridícula,
com certeza é puro papo,
que vivia em uma edícula
uma velha... que era um trapo.
Sempre estava resmungando,
sobre todos, sobre tudo,
e sua vida, estagnando
em seu modo carrancudo.
Passam horas, passam dias,
se esvaindo as alegrias
passa o tempo sem cessar.
Só esta velha não passa,
chata... parece pirraça,
a todos a azucrinar.
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2. Lugar
Atílio Andrade
Curitiba/PR
RUELA
Uma janela
Olhando a lua
Desenha meu mundo
Eterna corrente, bem no fundo
Tentando fugir para a rua
Preso numa (ar) ruela.
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3. Lugar
Solange Colombara
São Paulo/SP
CHÁ DA TARDE
Pequenas emoções são
transmitidas em sorrisos,
são delicadas meiguices
ou apenas algumas velhas mesmices.
Na nostálgica revoada em lembranças
o tempo testemunha vagas peraltices.
Nos sentimentos de lágrimas poéticas
a saudade transmuta-se em crendices.
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4. Lugar
Sonia Cardoso
Curitiba/PR
MULHER IMÓVEL
A mulher imóvel
Não assusta o pássaro
Aquela que se move
Sim.
Não quero assusta-lo
Mas mover-me
E voar como ele.
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5. Lugar
Antonio Castilho
Avaré/SP
A CHUVA
Bendita a chuva que cai
Para molhar a poeira e a poluição
Para melhor a gente respirar
Bendita a chuva que cai
Para evitar as secas
Salvar as lavouras
Para termos arroz e feijão
Para se alimentar
Bendita a chuva que cai
Para salvar as matas
Para os bichos
Não exterminar
Bendita a chuva que cai
Para os rios não secarem
Para termos água
Para beber e o banho tomar
Bendita a chuva que cai
Que é para nos refrescar
E o planeta não acabar
Bendita chuva que cai
Pode até demorar
Mas nunca deixe de aparecer
Pois sem você
Todos nós vamos deixar de viver
Bendita a chuva que cai
Bendita a chuva que cai
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6. Lugar
Gisela Maria Bester
Curitiba/PR
Por horas imóvel
junto à porta de casa
um gafanhoto!
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7. Lugar
Daniel Maurício
Curitiba/PR
Da alma quebrada
Escapa uma essência
Que chega até Deus.
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8. Lugar
Célia Evaristo
Alverca/Lisboa/Portugal
DEIXEM-ME CHORAR
Deixem-me chorar.
Não me limpem as lágrimas, por favor.
Deixem-me desabafar
cada vestígio que ainda sinto de dor.
A mágoa magoa-me a alma,
fere-me sem compaixão.
E quem me magoou a alma
não merece qualquer perdão.
Deixem-me chorar.
Lágrimas doces, que brotam do coração.
Lágrimas salgadas, arrancadas do mar.
Lágrimas perdidas numa oração.
E depois de tanto chorar
as lágrimas secarão nos meus olhos,
ficarei apenas a soluçar.
A fonte que tenho em mim
lá acabará por secar.
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9. Lugar
Daniel Rodas
Campina Grande/PB
RETRATO DE UMA TEMPESTADE
azuis
os ganchos agarram a cerca
arrastando a luz
os cactos
baila o turbilhão de água
o céu que enxágua a vastidão
do pote
o tanque aberto
as crianças na bica
cinco gatos aglomerados no
alpendre
fios elétricos correndo na
ponte
a avó
rezando o terço
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10. Lugar
Daniel Freitas
Belo Horizonte/MG
SINTO MUITO PELA MINHA VIDA LOUCA
Sinto muito pela minha vida louca
Minha loucura solta
É onde me elevo
Se quiser te levo
Uma vida leve
É o que você quer
Mas te ofereço
Poesia intensa para você ler
E se quiser voar
Te empresto minhas asas
Cigarro em brasa
Sinta-se em casa
A visão rasa
E rotulada
Discriminada
Bem vinda
Ao meu mundo
Minha amada
Fonte: Grupo do Facebook “Poetas amigos de Isabel Furini”.
2 comentários:
Ótima postagem, Feldman. Obrigada.
Caro colega escritor Feldman, muito obrigada pela linda postagem. E parabéns pelo seu blogue. Cumprimentos também aos e às colegas poetas, pelos belos poemas. 👏👏👏.
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