sexta-feira, 21 de maio de 2010

Luis Dolhnikoff (Epistemologia da Pesca)


líquidos
os peixes
no vidro mole do mar

remotamente perto
a areia dos meus pés
no vidro moído da praia

e duas hipálages:
peixes não são líquidos
ou meus pés silício

mas carbono
e silêncio
moldados em sólidos macios

que solidez, porém
molda os insólitos vazios
de que os átomos são repletos

entre a nulidade do núcleo
e a distância astronômica
de sua névoa de elétrons?

mas se peixes não são líquidos
há, apesar dos vazios
solidez e, talvez, verdade

(se não a solidez da verdade
a verdade da solidez
dos peixes)

nada, entretanto, é sólido
por culpa, ou do capitalismo
("tudo se desmancha no ar...")

ou do dicionário
em que é sinônimo
(um outro nome) de maciço

e sólido não é isso:
pois um líquido
denso como o chumbo

derretendo
não parece menos
cheio de si mesmo

por outro lado
(ou pelo mesmo: de fora
para dentro)

não há sólidos
que não sejam penetráveis
por alguma radiação

(os transparentes são
transpassáveis pela luz:
sólida nudez)

raios
nas pequenas noites vazias
dos átomos

porém uma pedra
é impenetrável
por outra pedra

pelas fortes correntes
elétricas entre
as nuvens de elétrons

uma rede
de pesca talvez contenha
um bom modelo bidimensional:

a rede é um entrelaço
de nós e de fios
entre os nós

como os peixes
de átomos
e interações entre eles

uma linha
transversal a transpassa
como as ondas

eletromagnéticas
a água
e os peixes

duas redes abertas
uma sobre
a outra

não são, porém, permeáveis
apesar de feitas
na maior parte de vazios:

redes
não são penetráveis
por redes

a solidez
se impenetrabilidade mútua
entre redes íntegras

é um fato
palpável como um peixe
ou seja, uma verdade:

existe a solidez
apesar dos vazios
que a preenchem

daí ser prenhe
de sentido
falar em solidez, em peixes

e na impenetrabilidade
mas não na inexistência
da verdade

deus
diria um pescador
de homens e de sua dor

rede vazia
se não de pescarias
de si mesma

eu replicaria
não fora para ouvidos
de mercadejador:

cerrados
nós górdios que se cortam e
se desfazem

ou não se cortam e
se desfazem
em finas linhas finitas

a rede
a verdade
a impenetrabilidade

Fonte:
DOLHNIKOFF, Luis. Sobre Sisifo. Ateliê Editorial, 2007.

Lançamento do Livro Apenas uma Questão de Trovas, de Ary Teixeira de Oliveira e José Levy de Oliveira

Fonte:
Colaboração da Academia de Letras de Viçosa (Maria Aparecida da S. Simões)

Instituto Memória convida para lançamento do livro de Valdir Comegno, "A Magia do Rádio"


O Instituto Memória Editora e a Livraria Cultura
convidam para o lançamento nacional do livro:
A MAGIA DO RÁDIO

de Valdir Comegno
-------------

Este livro focaliza fatos e personagens marcantes da história do rádio no Brasil, desde sua implantação na década de 20 até a década de 60, quando essa era artística entra em crise, com a rígida censura imposta pelo Regime Militar, culminando com a intervenção da Rádio Nacional e com o fechamento da Rádio Mayrink Veiga.

Apresenta, numa linguagem objetiva e agradável, Histórias e registros peculiares, gostosos de ler e importantes de saber. Ricamente ilustrado, resgata fatos que dão saudades e nomes que avivam memórias e nunca deveriam ser esquecidos.

Nas palavras do Sociólogo Juvenal Alvarenga Jr.:
“Sua leitura será evocativa e emotiva, para quem foi testemunha da marcante presença do rádio, e enriquecerá a cultura dos jovens com dados objetivos e históricos.”

No dizer do jornalista e pesquisador de música brasileira, Thiago Marques Luiz:
“Através deste livro é possível compreender não só a importância da Era de Ouro do rádio no Brasil, mas os porquês que levaram a nossa música de hoje a ser o que ela é.”

SERVIÇO:

Data: 24 de Maio de 2010

Horário: das 19h às 21h30

Local: Livraria Cultura - Conjunto Nacional - Av. Paulista, 2073 - Fone: (11) 3170-4033
____________________________________________
Instituto Memória Editora
Editora Destaque Nacional pela Câmara Brasileira de Cultura
por dois anos consecutivos: 2008 e 2009
(41) 3352 3661 - 3352 4515
http://www.institutomemoria.com.br/
Anthony Leahy - Editor
(41) 3352 3661 - 3352 4515

Fonte:
Instituto Memória

Tasso da Silveira (Poema 17)


Esquece o tempo. O tempo não existe.
Acende a chama às límpidas lanternas.
Nossas almas, a ansiar no mundo triste,
são de uma mesma idade: são eternas.

Se no meu rosto lês mortais cansaços,
é natural. A luta foi renhida:
caminhei tantos passos, tantos passos
para que te encontrasse em minha vida...

Não medites o tempo. Se muito antes
de ti cheguei, para a áspera, inclemente
sina de navegar por este mar,

foi para que tivesse olhos orantes,
e me purificasse longamente
na infinita aflição de te esperar...

Fontes:
Jornal de Poesia
Imagem = http://patriciamellodi.com/

Folclore Português : Distrito de Coimbra (As Arcas de Montemor)

Montemor-o-Velho, por Rui Ornellas
Já diziam os antigos que no castelo de Montemor-o-Velho estão enterradas duas arcas, uma cheia de ouro e a outra cheia de peste. A sua origem remonta ao tempo dos Mouros quando era alcaide naquela cidade um viúvo austero que tinha uma única filha, a quem guardava longe dos olhos de todos como se fosse o maior tesouro do mundo.

Um dia, quando a jovem era já uma mulher, um dos seus fiéis cavaleiros apaixonou-se por ela mas o alcaide nem queria ouvir falar de tal possibilidade. Quando o cavaleiro insistiu, o alcaide resolveu prendê-lo e condenou-o à morte.

Quando a jovem soube da tragédia em que involuntariamente estava envolvida, ainda tentou interceder mas o pai permaneceu insensível às suas súplicas. A jovem que até então não fazia idéia do grande amor que o cavaleiro lhe dedicava, resolveu visitá-lo em segredo nas masmorras. Este amor devia estar já talhado no livro do destino, pois a jovem logo se apaixonou pelo cavaleiro e ambos fugiram do castelo.

A sua captura foi fácil e quando foram levados perante o irascível alcaide, este ainda ficou mais furioso quando soube que a sua filha tinha casado com o cavaleiro. Então, por vingança, resolveu dar-lhes uma prenda maldita: duas arcas, uma com ouro e a outra com peste.

Os jovens que prezavam mais a sua vida e o seu amor que todo o ouro do mundo fugiram do louco alcaide, deixando para trás as duas arcas que nunca ninguém ousou abrir e que ainda hoje estão enterradas nas muralhas do castelo de Montemor-o-Velho.

Fontes:
http://lendasdeportugal.no.sapo.pt/
Imagem = http://contosencantar.blogspot.com/

Lançamento do Livro de Isabel Furini, “Oratória Forense” e Palestra “Como Escrever um Livro”


O Instituto Memória Editora e a Fnac do Shopping Barigui convidam para o Lançamento Nacional do mais novo livro de Isabel Furini:

"ORATÓRIA FORENSE"

Durante o evento, profa. Isabel, que também é autora da obra
"O LIVRO DO ESCRITOR"
e de mais de 20 livros, proferirá a palestra gratuita sobre

"COMO ESCREVER UM LIVRO".
_________

DATA: 26 de Maio
HORÁRIO: 19h00
LOCAL: Livraria FNAC do Shopping Barigui.

Fonte:
Instituto Memória

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Giovanni Leandro (Momentos de uma Vida)


Neste momento da minha vida
o amor anda à procura de abrigo,
mas não encontra quem lhe dê...
Em alguns momentos
este amor clama, suplica, se desespera
a chamar alguém que lhe traga de volta a vida...

Esta vida em que busco tua presença,
mas a ingrata distância insiste em não te trazer...

Me deparo a desenhar na mente
os momentos de afetos, carinhos e carícias
que contigo quero ter...

Em alguns momentos sempre
alguém me chama a lembrar friamente
que estou distante, que estou ficando doido...
me dizendo que você não vai voltar...

Fecho-me em minhas lembranças,
não querendo retornar...
quando te tinha em meu braços,
tive os mais belos momento
que a vida poderia me dar...
lembranças a me deixar doido...

Neste momento da minha vida,
meu coração voa à deriva,
numa busca incessante,
em um vôo cego e desgastante,
à procura dos momentos que quero ter com você...

Meus sonhos são a saída
dessa dor tão desproporcional…
mas quando te tenho de novo,
cuidadosamente tento amenizar esta dor...

Em algum momentos da vida
o espírito se desprende,
e, ao encontrar-te, se rende,
se entrega voluntariamente,
na busca do seu carinho e do seu afeto...

Mesmo no imaginário,
sua presença é tão viva
que me transtorna, me alucina…
chego a sentir tuas mãos a correr meu rosto,
num ritual delicado...

Ter-te sempre aqui dentro
já me serve de alento e me deixa esperançoso
que, no mais breve possível, estarás aqui comigo...

Em alguns momentos da vida tudo tem um fim,
mas sempre se segue um recomeço…
e mesmo que tenha essa cruel distância,
o destino irá te trazer pra mim, meu anjo lindo...

Fontes:
http://blig.ig.com.br/acmpalavrasversos
/

A. A. de Assis (A Língua da Gente) Parte 4



4. Da arte de dar nome

Está escrito: “Formou Deus da terra toda espécie de animais campestres e de aves do céu, e os conduziu ao homem para ver como ele os chamaria...” (Gên 2,19)

Vê-se, pois, que desde sempre teve o homem por função, entre outras tantas, dar nome a tudo o que diante dele exista. Faz isso geralmente de três formas: a) objetivamente, isto é, considerando as características e finalidades da coisa a ser nominada; b) metaforicamente, isto é, dando a uma coisa [por analogia] um nome antes pertencente a outra (aliquid pro aliquo); c) imitativamente, isto é, dando à coisa um nome cuja pronúncia lembre o som natural dessa coisa (onomatopeia).

Nominação objetiva – Inventado, por exemplo, um aparelho capaz de transportar a voz a lugares distantes, deu-se a esse aparelho o nome de “telefone” (tele = longe + fone = som, voz). Assim também “bicicleta” (bi = dois + ciclo = roda); “periscópio” (peri = em redor + scopio = ver); “termômetro” (termo = calor, temperatura + metro = medida).

Nominação metafórica – Por exemplo: os primeiros anatomistas viram certa semelhança entre o bíceps e o rato (mus, muris em latim), e deram-lhe o nome de “músculo” (diminutivo de mus, ou seja, ratinho). “Tíbia” era o nome de uma espécie de flauta; pela semelhança da forma, um dos ossos da perna (canela) passou a ser “tíbia” também. Quando o ovo cai na gordura quente, toma a forma de uma estrela; daí dizermos “ovos estrelados” (embora alguns prefiram dizer “ovos estalados”, talvez em razão do “estalo” ouvido ao se quebrar a casca). Nessa arte a criatividade popular é realmente inesgotável. Os nomes das partes do corpo humano estão presentes em numerosas catacreses (nomes tomados por empréstimo): barriga da perna, boca da ponte, braço de rio, cabeça de prego, dente de alho, mão de pilão, olho d’água, pé de vento.

Nominação imitativa (onomatopeia) – É provável que seja essa a maneira mais antiga de dar nome às coisas. Alguns exemplos: bem-te-vi, cacarejo, ceceio, clique, cochicho, pingue-pongue, pio, quero-quero, reco-reco, ronco, tintim, tico-tico, tique-taque, uivo, xixi, zunzum. E é também assim que as crianças dão nome aos bichos: au-au, có-có, miau, piu-piu...

Fonte:
A. A. de Assis. A Língua da Gente. Maringá: Edição do Autor, 2010

Leopoldo Scherner (Lavo, Lavo o meu Poema)


Lavo, lavo o meu poema
até deixá-lo limpinho
de tudo o que o impede
de ser claro como a água

lavo, lavo o meu poema
com sabão e com escova
quero que seja escovado
da mais mínima sujeira

lavo, lavo o meu poema
que é só meu, mas é de todos,
sendo limpo, sendo lindo,
cada um o julga seu,
todos o querem para si

lavo, lavo o meu poema
lavo, duas, lavo três
lavo quantas forem precisas
as vezes de o bem lavar

Fonte:
SCHERNER, Leopoldo. Traços do Ofício, 2004.

Leopoldo Scherner (1919)



Filho de um construtor de pontes de madeiras que ajudou o rodoviarismo no Paraná no início do século, o velho Paulo Scherner, e de uma filha de italianos, dona Conscia - aparentada aos Groff, da família do pioneiro de cinematografia paranaense João Baptista - Leopoldo é de uma família de 12 irmãos, todos nascidos em São José dos Pinhais/PR.

Aluno de colégios em que havia uma sólida formação - inicialmente no Divina Providência, depois no Serafico, em Rio Negro - "num período em que, naquele colégio, orientado pelos padres franciscanos, tudo me levava a seguir a carreira religiosa" - no início dos anos 30, o ainda adolescente Leopoldo encontrava-se no Colégio D. Pedro II, no Rio de Janeiro - um centro de excelência do ensino brasileiro que tinha, na época, os melhores professores do Brasil. Daí passou para a então recém instalada Faculdade de Filosofia do Rio de Janeiro, outro núcleo que reunia, então, um corpo docente de primeiríssima linha, com professores como Alceu Amoroso Lima, Cleonice Berardinelli e, especialmente, Manuel Bandeira.

Do poeta pernambucano, Leopoldo guardaria as lembranças não só do grande mestre de Literatura Hispano-Americana, mas também do homem afável, elegante, "no qual percebia-se a grandeza desde quando ele entrava no elevador". Manuel Bandeira (1886-1968) foi uma personalidade decisiva em sua formação, embora recorde que "jamais tive coragem de lhe mostrar meus primeiros poemas". Um aspecto do autor de "Estrela da Manhã", lembrado por Scherner:

- "Ele gostava muito de ser fotografado. Estava sempre rodeado de pessoas. Lamento que, por timidez, não tivesse estado mais vezes ao seu lado, quando as imagens eram feitas. Assim mesmo ainda guardo algumas fotos em sua companhia".

Casado com uma fluminense, Alice, Leopoldo retornaria no final dos anos 40 para Curitiba. Aqui faria simultaneamente concurso para as cadeiras de Literatura Portuguesa no Colégio Estadual do Paraná e Instituto de Educação, estabelecimentos padrões de ensino na época, ambos também com excelentes quadros de professores - a maioria hoje nomes de ruas de Curitiba. Uma época de grande dignidade do ensino, com alto nível das aulas e que os professores também tinham um padrão elevado.

- "Não saberia precisar em cifras, mas recordo-me que um professor de carreira no Colégio Estadual recebia quase tanto quanto um desembargador. O que eu não sei é se o professor é que ganhava bem ou os desembargadores eram menos remunerados".

O fato é que, recorda Leopoldo, "era possível aos professores com dois padrões possuírem uma digna residência, um veículo e se dedicarem à sua profissão, com total dignidade. Não se falava em greves, exigia-se aproveitamento e os alunos dos colégios oficiais - especialmente o do Estadual do Paraná - podiam, tranqüilamente, enfrentar os vestibulares com chances de aprovação".

- "Era uma época em que havia tanta valorização ao professor do ensino médio que, na primeira vez que fui convidado para lecionar na Universidade Federal do Paraná, após dar algumas aulas, acabei desistindo e preferindo ficar só no Estado, que pagava melhor". Mais tarde, Scherner voltaria a Universidade, na cadeira de Laertes Munhoz.

Na metade dos anos 50, o antigo ginásio fundado pelo velho professor Costa Viana, em São José dos Pinhais - um dos poucos da Região Metropolitana, que oferecia o curso médio - entrou em crise. Sob riscos de ser fechado, o então deputado Ernesto Moro Redeschi, cunhado de Scherner, propôs sua estadualização e coube a ele reestruturar o estabelecimento - cargo em que permaneceria por mais de dez anos. Nesta época, transferiu seus padrões do Instituto de Educação e, posteriormente, do Colégio Estadual, para dedicar-se exclusivamente ao novo colégio.

Voltando a São José dos Pinhais, sua terra natal, não mais sairia. Mesmo quando, já aposentado, voltaria ao ensino superior, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Nos anos 60 começou a publicar seus livros - "honestamente, nem sei quantos são, sem uma consulta detalhada" - e sua poesia, a partir de "O Dia Anterior ao Primeiro Dia da Criação" refletiria um poeta que, como se define, "é exatamente lírico no que faz e só escreve após muito auto-observação". O que explica sua produção lenta, extremamente cuidada - e que, nestes últimos anos, tem sido econômica, pela impossibilidade de se dedicar mais tempo a esta produção. Na identificação com os jovens, estimulando talentos, Scherner vem sendo, desde os anos 60, uma mola propulsora para que jovens acorajem-se a mostrarem suas produções literárias. Assim era nos tempos em que lecionava nas antigas instalações do Curso de Comunicação da Universidade Católica - do chamado movimento "Close" e que se repetiria, mais tarde, na "Sala 17", resultando, inclusive, uma robusta antologia, "entre os quais estão alguns poetas que seguiram seus passos com segurança".

Tradutor de algumas obras importantes - como intelectual que domina vários idiomas, inclusive o alemão - poeta, lingüista, Scherner cultiva o bom humor. Tanto é que em sua última viagem a Portugal, numa pequena aldeia, um cigano dirigiu-se a ele chamando-o de "Zeca Diabo", por achá-lo parecido com o personagem que Lima Duarte criou na telenovela "O Bem Amado", sucesso na época em Portugal.

"E eu afinal não sou tão parecido assim com Lima Duarte".

Ao contrário de muitos poetas, o professor Leopoldo Scherner não tem gavetas repletas de originais inéditos a espera de um editor. Seu processo de criação é lento, demoradamente pensado e, nestes últimos anos, tem sido bissexto, "especialmente devido a meus múltiplos encargos universitários". Aos 70 anos, completados no dia 22 de julho do ano passado, mas sentindo-se "como um jovem de 25 ou 30 anos", este mestre de tantas gerações está mais ocupado do que nunca. Professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, responde interinamente pela direção do Departamento de Comunicação - no decorrer desta semana deverá ser definido o nome do novo titular desta área - e é também assessor especial do reitor Euro Brandão. Com a viagem do professor Brandão, que na tarde de sexta-feira embarcou para o Japão, suas responsabilidades aumentaram ainda mais.

Organizado ao extremo, com o vigor de quem sempre esteve "próximo, muito próximo dos jovens" - só os cabelos brancos e uma calvície natural em escalada, podem denunciar a idade, pois no mais, há o mesmo entusiasmo e alegria que o caracterizam há mais de quatro décadas como um dos mais respeitados e estimados professores de português, latim e, especialmente, literatura portuguesa.

Reunindo suados dólares para, em julho, comemorar a entrada em seus 71 anos, em Portugal - país que já visitou inúmeras vezes - Scherner comentava ao gravar seu depoimento para a série Memória Histórica do Paraná:

"Os portugueses, gente tão querida, às vezes surpreendem-se porque um professor do Brasil, de sobrenome germânico, tem tanta paixão pela cultura de seu país." Para eles, seria natural, se o meu nome fosse lusitano, mas para um Scherner, interessar-se tanto na língua e literatura de Camões, não deixa de ser surpreendente.

Fonte:
http://www.millarch.org/artigo/scherner-quando-o-ensino-era-risonho-de-muita-competencia

O Mito de Sisifo



Existe uma história grega sobre Sísifo: O Mito de Sísifo. Camus (Albert Camus) escreveu esta história, e ela traz em si um conteúdo muito aproveitador para todo homem e mulher que buscam, na espiritualidade, alcançar a paz e a felicidade que dão sentido à vida. Mas, muitas vezes, essa felicidade e essa paz são buscadas no mundo material e, assim, jamais podem ser alcançadas. Nesses casos, apenas quando a procura pela felicidade material levar uma pessoa a passar por sua impossibilidade é que a busca espiritual começa.

Por isso, a busca pela felicidade material tem realmente uma contribuição muito significativa para a busca pela felicidade espiritual. Cada vez mais que procurarmos a felicidade por meio de prazeres materiais, cada vez mais falharemos. A felicidade material sempre fracassará, é impossível alcançar a felicidade e a paz nas coisas do mundo. E isso é muito interessante, e parece ser muito paradoxal: não só a escada ligada ao céu nos ajuda a chegar lá, mas, ainda mais, e antes disso, a escada que liga ao inferno tem nos ajudado. E, em muitos casos, a menos que a verdade que leva ao inferno se mostre completamente fútil, nenhuma jornada em direção ao céu pode ter início. Até que se torne completamente claro que a estrada na qual uma pessoa está seguindo leva ao inferno, não fica claro qual é o caminho para o céu.

Nesta história mitológica, Sísifo está sendo punido pelos deuses, ele tem de levar uma pedra muito pesada ao topo de uma montanha. Mas essa é somente uma parte da punição que Sísifo recebeu. A outra parte da punição é que assim que ele chegar ao topo -- cansado, suando e sem fôlego por ter carregado a pedra -- a pedra escorrega de seus dedos e volta a cair lá embaixo, no vale. Sísifo volta a descer, e sobe com a pedra para o topo da montanha, e a mesma coisa acontece novamente -- e segue acontecendo de novo e de novo. Essa punição continua, repentindo-se sem parar.

Sísifo volta ao vale e começa a arrastar a pedra outra vez. Todas as vezes ele vai com esperança de que desta vez vai conseguir, que desta vez vai ser capaz de levar a pedra ao topo, e que vai mostrar aos deuses que eles estavam errados, e então eles dirão: "Veja, Sísifo finalmente trouxe a pedra ao topo!". Ele arrasta a pedra novamente, ele tenta com esforço por semanas e por meses e, de alguma forma, meio morto, volta ao topo da montanha. Mas quando está lá a pedra escorrega e volta a cair no vale. E Sísifo desce outra vez.

Você pode dizer que ele é louco: por que não esquece essa idéia e fica onde está? Por que não aceita a situação como ela é? As pessoas estão hipnotizadas, iludidas pelo pensamento de que "para que a felicidade aconteça, é necessário que algo seja feito". Não importa o que -- algo sempre necessita ser feito --, a felicidade nunca pode brotar da situação, do momento como a vida é neste instante. Esse é o pensamento que tem iludido as pessoas e, por causa dele, elas não são capazes de confiar no momento presente. A felicidade está lá no futuro, nunca aqui. Para que o homem possa conhecer o divino e a alegria que brota do divino, ele necessita atingir um estado de profunda entrega. Quando a espiritualidade acontece a alguém, a pessoa sente e vive tal experiência, mas em momento algum se utiliza de suas próprias forças.

Pelo contrário: a experiência só ocorre se nenhum esforço pessoal estiver sendo empreendido. Todos nós queremos viver uma experiência elevada, que nos permita conhecer e comungar com Algo maior do que nós. Nunca buscamos algo menor do que nós mesmos, sempre desejamos as "coisas do Alto". E isso é algo muito saudável/natural. Mas, se as coisas que queremos viver são experiências maior do que nós, porque tentamos fazê-las acontecer com nossas forças? É impossível. Se algo é maior, então não importa o quanto sejamos fortes, não podemos controlá-la. Nós não temos forças para alcançá-la, tudo o que podemos fazer é deixar que ela venha a nós; deixar que o Alto venha até o que está "em baixo". O homem não consegue se elevar ao nível onde Deus se encontra; mas se o homem permitir -- se puder recebê-Lo... a questão é o quanto o homem é capaz de se tornar receptivo -- então o encontro acontece, Deus desce ao nível humano e encontra o homem. A entrega é essencial. E, se não existir a confiança no momento presente, como poderá haver a entrega?

Como a pedra pode ser útil, proveitosa para Sísifo? O que ele ganha com isso? Por que ele a continua carregando? Por que simplesmente não se livra da pedra e se alivia do fardo de toda a situação? Aceite o seu momento presente do jeito que ele é. A felicidade já está aí. Se você realmente consegue perceber isso, então a percepção da espiritualidade logo se desdobrará em sua vida.

Este mito tem grande importância para nós, porque todos nós somos Sísifos. Nossas histórias podem ser diferentes, nossas montanhas podem ser diferentes, nossas pedras podem ser diferentes, mas somos Sísifos. Fazemos sempre as mesmas coisas. Procuramos pela felicidade empreendendo esforços em coisas que se mostrarão completamente inúteis. Usamos e gastamos nossa energia e tempo nas coisas do mundo. Buscamos obter alegria em algum prazer material/mundano e pensamos que ele nos trará a felicidade. Mas as coisas do mundo não nos satisfazem completamente, são efêmeras, e logo sentimos um sentimento de vazio/miséria interior novamente. A pedra sempre cai do topo da montanha e volta para o vale, mas a mente humana (que deve ser transcendida, deixada de lado, para que a espiritualidade comece a ser vivida conscientemente) é muito estranha, ela sempre se consola: "Parece que alguma coisa deu errado desta vez, mas da próxima vez tudo vai dar certo". E assim sempre começa novamente.

O desejo por prazeres materiais tem um papel essencial na busca espiritual, porque o seu fracasso, seu profundo fracasso, pode ser o primeiro passo em direção à busca da alegria espiritual. A pessoa que está à procura de felicidade material também é uma pessoa religiosa. Ela também está procurando a religiosidade, a espiritualidade, mas na direção errada; ela também está procurando a alegria, só que é num lugar onde ela não pode ser encontrada. Ela só procurará na outra direção quando perceber que no mundo material é impossível encontrar.

Esse foi exatamente o caso com Lao-Tsé. Lao-Tsé foi um dos maiores sábios que o mundo já teve; ele viveu na China à época de 600 anos A.C (ele foi contemporâneo de Buda). Mas, antes de alcançar a alegria e a paz da realização espiritual, Lao-Tsé procurou muito, de todas as formas que lhe eram possíveis. Ele buscou no mundo e fracassou. Depois foi procurar obter a Sabedoria lendo as escrituras. Mas mesmo as escrituras pertencem ao mundo, elas não podem por si só levar ninguém a ver o reino de Deus, são apenas instrumentos que auxiliam na caminhada. As escrituras também pertencem ao mundo, são coisas materiais. Elas não são puramente, 100% espirituais; se o fossem, só a leitura faria com que pessoa entrasse em êxtase e alcançasse a iluminação espiritual. Bastaria sua mera leitura sem que fosse necessário fazer nenhum esforço individual. Assim, as escrituras também são meios materiais. Mas, dentre todas as coisas materiais, as escrituras estão no topo, elas são as que estão mais próximas da dimensão espiritual.

Um dia alguém perguntou a Lao-Tsé: "Você diz que não se ganha nada com as escrituras, mas nós temos ouvido que você lê as escrituras." E Lao-Tsé responde: "Não, eu tenho ganhado muito com a escrituras. A maior coisa que aprendi nelas é que nada pode ser aprendido com elas. Isso não é pouco. Não há nada que possa ser aprendido com as escrituras, mas isso também não poderia ser compreendido sem que elas fossem lidas primeiro. Eu li muito, procurei muito -- e então percebi que nada pode ser aprendido com elas".

Essa não é uma recompensa pequena para tamanho esforço. Só quando ficar claro que nada pode ser obtido com as palavras, com as escrituras -- com as coisas do mundo --, é somente então que começaremos a procurar na existência, na Vida. Quando finalmente compreendemos que a felicidade não pode ser encontrada no material, é que podemos começar a procurar por ela em paz. A segunda busca somente começa quando a primeira falha.

Fonte:
http://busca-espiritual.blogspot.com

Luis Dolhnikoff (A Máquina do Mundo)


I

uma coisa
é como a mente funciona

outra
como funciona a linguagem

uma terceira
como mente e linguagem interagem

a quarta
como interagem o mundo e a linguagem

como a mente e o mundo interagem
são os sentidos

a mente de um homem sem sentidos
não interage com o mundo

um homem sem sentidos
não é somente quem desacordado
com sua mente desligada
mas também com a mente desconectada
do corpo

é verossímil manter vivo
um cérebro isolado
desde que alimentado
por um circulador sangüíneo

o horror mais límpido

(o inferno não são os outros
sou eu

eles, se tampouco o paraíso
são portanto o purgatório)

a mente é o que cérebro sente
por si mesmo

mas não em si mesmo:
o cérebro em si nada sente

(cérebros são operados
sem anestésicos)

quando o corpo sente sem sentir
como a dor de um membro amputado
sente uma dor fantasma

o cérebro em si não sente nada:
a mente é a dor fantasma
que o cérebro deveras sente

II

a mente acordada é ela no mundo
(não como um homem no jardim
e sim como um homem à janela)

dormir não é desligar a mente
mas o corpo

desligar o corpo é apagar o mundo

isolar a mente é indistinguir
entre estar acordado e dormindo

dormir é despertar a mente

a mente desperta, isto é
liberta do corpo
nada sabe do mundo

a mente desperta sabe do sonho
e do horror
(o sonho é uma forma de dor)

apagar a mente e o mundo é morrer

apagar a mente é vegetar

vegetais são corpos sem cérebro
(o mesmo
que cérebros sem mente
por exemplo, no coma)

III

como sonha
o cérebro assim que ganha o corpo
logo que o corpo
ganha um cérebro?

o cérebro imerso no corpo
imerso no útero
confunde o útero com o corpo
e o corpo consigo mesmo:
cérebro, corpo e útero
são um
e são um sonho

como sonha o cérebro nascituro?

como sonha o cérebro nascituro
sem corpo?

o cérebro arrancado
não somente do útero
mas do útero do corpo

o cérebro nu
no mundo

não sonha
pois seu sonho era o corpo
e o útero

não pensa
pois pensar era sentir o corpo
e o útero

o cérebro nu
e despido de memórias

IV

o que diferencia
pensar e sonhar?

sonhar é pensar sem o corpo
porém com a memória do corpo

(memórias são sonhos despertos
de acordo com o corpo

sonhos são memórias despertas
pelo sono do corpo)

sonhar com o corpo é pensar

sonhar é uma forma de pensar

V

o corpo sente o mundo
a mente, o corpo

o que o corpo sente e não é o corpo
é o mundo

a mente sente o corpo no mundo

o corpo sem mente não sabe que sente
(a mente sem corpo não sabe o que sente)

o corpo no vácuo sente a si mesmo

a mente sem corpo sente em si mesma

o que a mente sente em si mesma é sonho
e horror

(o que distingue o sonho do horror
é o sonho não saber ser sonho
e o horror saber ser horror:
o horror é o sonho que sabe não ser sonho)

(pesadelos, sonhos que crêem ser o horror)

VI

o corpo no vácuo
não iguala o cérebro no vidro

o cérebro no vidro não sente nada
e sente sentir nada

é cego, surdo e solto
de tudo:
não sente o peso
ou o tato

o cérebro no vidro sente o nada

VII

o cérebro no corpo
estando o corpo no vácuo
sente o corpo
que sente a si mesmo

o cérebro no corpo
estando o corpo no mundo
sente o corpo sentindo o mundo

o corpo no mundo
é o mundo que a mente sente
(como um homem à janela
quando aberta)

no vazio do mundo
o mundo do corpo é o corpo:
numa cela, é a cela:
sob a noite, é a noite
e o chão e o vento
e as estrelas e a distância
e o medo

a liberdade
não é a falta de anteparos
porém a possibilidade
de derrubar paredes
e levantar muros

mundos menores não são prisões maiores

mundos maiores são prisões menores

um mundo encolhido
não é necessariamente pequeno

um mundo ampliado é necessariamente largo

um mundo escolhido é possivelmente adequado

VIII

o cérebro sem corpo não escolhe o mundo

o corpo sem cérebro não escolhe nada

o cérebro sem corpo não vive: sonha

o corpo sem cérebro não vive: vegeta

(vegetais vivem, mas como vegetais)

IX

sentir não é viver

sentir não é pensar

sentir é sentir

pensar não é pensar

pensar é pensar e sentir

o que em mim pensa está sentindo

pensar sem sentir é sonhar

sentir sem pensar é não sentir:
na anestesia
não é o corpo que não sente
mas a mente
(anestésicos agem no cérebro)

pensar é sentir o corpo no mundo
e as palavras na mente

pensar as palavras no mundo
é filosofar

Fontes:
DOLHNIKOFF, Luis. Sobre Sisifo. Ateliê Editorial, 2007.
Imagem = http://portaldoastronomo.org/

Luis Dolhnikoff (1961)


Luis Dolhnikoff (SP, 1961) iniciou sua carreira literária com o livro de poemas Impreciso emigrar (SP, Massao Ohno, 1979).

Depois de um intervalo no qual cursou medicina e letras na USP, retornou com Pãnico (SP, Expressão, 1986, com apresentação de Paulo Leminski).

Em 1987, participa da fundação da editora paulistana Olavobrás, pela qual publicaria Impressões digitais (1990), e Microcosmo (1992), ambos de poemas, além da coletânea de contos Os homens de ferro (1991).

Publicou poemas em Atlas Almanak 88 (SP, Kraft, organização Arnaldo Antunes), na página de arte e cultura Musa paradisiaca (Curitiba, A Gazeta do Povo, 1997, edição de Josely Vianna Baptista e Francisco Faria), na revista Medusa (Curitiba, 2000), na revista Tsé=tsé 7/8 – número especial com 30 poetas brasileiros contemporâneos (Buenos Aires, 2000), na antologia de poesia brasileira contemporânea Moradas provisorias (in Hipnerotomaquia, Ciudad de Mexico, Aldus, 2001, organização Josely Vianna Baptista) e na revista Cult (SP, set. 2002, no. 61).

Colaborou com resenhas e artigos literários em O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, A Gazeta do Povo (Curitiba), A Notícia (Joinville), revista Sibila (SP) e jornal Clarín (Buenos Aires).

Entre 1992 e 1995 coorganizou, ao lado de Haroldo de Campos, o Bloomsday de SP, em que deu a público suas traduções de poemas de James Joyce.

Em 2001 recebeu Menção Honrosa no “Prêmio Redescoberta da Literatura Brasileira”, da revista Cult, com a trilogia poética Consubstanciações I (sendo os jurados os poetas Nelson Asher, Waly Salomão e Cláudio Willer).

Em 1995 muda-se para Florianópolis, residindo no sul da Ilha de Santa Catarina, onde se dedica ao ofício literário.

Fonte:
Jornal de Poesia

Folclore Portugues : Distrito de Coimbra (Os Degolados de Montemor-o-Velho)



Esta lenda aconteceu em tempos muito antigos, quando, em 848, Montemor-o-Velho foi reconquistada aos Mouros pelo rei Ramiro de Leão. Depois da batalha, o monarca de Leão resolveu visitar um seu parente, o abade D. João, que vivia no Mosteiro de Lorvão. Quando lá chegou verificou que o Mosteiro estava em ruínas e que os frades viviam na mais completa miséria, cheios de fome e de frio, devido às guerras constantes que devastavam a região.

Querendo beneficiar os religiosos, doou-lhes as rendas de Montemor e alguns campos em redor da vila, com a condição de no Mosteiro ficarem alguns monges-guerreiros para defesa da vila.

Passado algum tempo, os mouros voltaram a atacar e cercaram Montemor durante muito tempo, começando os bens a escassear. Com a ameaça de uma rendição forçada e temendo os ultrajes que seriam feitos aos velhos, às mulheres e às crianças, cada homem reuniu a família e, encomendando as suas almas a Deus, degolou todos os seus membros, um a um, com o coração dilacerado.

Após este ato sangrento prepararam-se para a derradeira batalha, no exterior da fortaleza, na qual tinham a certeza de morrer. Mas, para grande surpresa de todos e talvez porque extinta a família já não tinham nada a perder, os cristãos lutaram sem medo e venceram esta batalha.

Desolados, os homens choraram a vitória pelo sacrifício inútil das suas famílias mas, quando se aproximavam das portas da fortaleza gritos de alegria ecoaram no ar. Aguardavam-nos vivos os parentes que antes tinham sido degolados e este grande milagre ficou para sempre na memória do povo português através da lenda dos Degolados de Montemor-o-Velho.

Fonte:
http://lendasdeportugal.no.sapo.pt/

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Aviso aos Colaboradores e/ou Leitores


A quantidade de colaborações e pesquisas é muito grande, além do tempo pequeno para tudo, por mais perfeito que tente ser, sendo apenas uma pessoa, podem existir falhas. Caso perceber alguma falha em algum texto, omissão de nomes, de palavras, de resultados de concursos, solicito que ou postem um comentário na respectiva postagem ou escrevam para pavilhaoliterario@gmail.com mencionando a falha para que possa ser corrigida.
Aos colaboradores solicito que me enviem as noticias com os dados corretos para que não haja más interpretações sobre as mesmas. Devemos propagar a literatura além fronteiras com seriedade, para que a nossa cultura seja respeitada e valorizada em todos os locais, nacionais ou internacionais.

Obrigado
José Feldman

Macyra Sotero (Poema à Chuva)


Procuro alguém que assim como eu
goste de chuva…
Não só da chuva que cai , fina e constante,
mas da chuva de temporais, de raios e trovões.
Alguém que goste do após chuva
das ruas enlameadas, do vento no rosto,
das poças d´água e do cheiro da terra molhada…
Procuro alguém que não se sinta triste porque chove
mas saiba ver a beleza triste da chuva.
Procuro alguém que dispense guarda-chuvas
e saiba sorrir criança com a chuva no rosto…
Alguém que sabendo viver a chuva
saiba também apreciar uma chávena de chá ou café
no clima da chuva e da companhia
por trás das vidraças embaçadas.

Fonte:
http://blig.ig.com.br/acmpalavrasversos/

Antonio Brás Constante (Os Pastéis que Viraram Texto [leia enquanto estão quentes])


Muitas das histórias contadas nos recantos deste gigantesco orbe, salgado e molhado, conhecido como planeta Terra, entram em nosso mundo literário pelas vivências de seus habitantes, que as espalham através da cumplicidade entre a boca de uns e os ouvidos de outros. O texto a seguir é algo neste estilo.

Tudo começa com a viagem de um jovem (nem tão jovem) que poderia ser conhecido como: Evaldo da firma de advocacia, Olinto da clínica dentária, Ricardo da padaria, Jorge da borracharia, entre tantos outros nomes, mas que chamaremos nesta narrativa apenas de Osório.

Osório resolveu passar as férias com sua família (esposa e filha) em algum lugar ao norte do País tupiniquim onde eles viviam. Viajaram para um local recheado de praias paradisíacas que pareciam verdadeiros cartões postais e de onde eram vendidos cartões postais repletos de imagens de praias paradisíacas. Vale lembrar que nas viagens tipicamente de férias, tudo tende a ser uma festa. O relógio é esquecido e o tempo passa a fluir livremente, sem importunar ninguém. A rotina dá lugar à sede de se conhecer novos lugares, bares, pousadas, pontos turísticos e restaurantes.

Em uma destas investidas turísticas Osório e família encontram um pequeno restaurante em um dos lugarejos por onde passavam e passeavam. Era um ambiente bem descontraído e agradável, temperado com um aroma delicioso. Após uma rápida consulta ao cardápio, resolvem pedir uma porção de pastéis, sendo seis de queijo e seis de camarão.

Enquanto esperavam a refeição, os três iam matando o tempo curtindo os sons do lugar e a fragrância da culinária local que se espraiava por todo recinto, vinda das outras mesas e da cozinha. Eles pareciam jogar conversa fora, o que não era totalmente verdade, já que seus ouvidos faziam um certo tipo de reciclagem cerebral dos assuntos ali discutidos, ou seja, os diálogos com pitadas de humor eram armazenados na área mental das “vivencias felizes”, as ponderações sobre as belezas do lugar ficavam no compartimento das “boas lembranças”, e qualquer tipo de comentário sobre política era imediatamente descartado, indo parar diretamente na lata de lixo destinada ao esquecimento, para não estragar o passeio.

Mas bastou passar pouco mais de meia hora de tranqüila espera ociosa e o estômago de nossos personagens já começou a querer entrar na conversa, demonstrando um vazio incômodo, que insistia em ser preenchido. Osório resolve chamar o garçom e perguntar sobre seu pedido, o garçom pede um momento, dizendo que já iria verificar e sai, sumindo por entre as mesas.

Mais meia hora se passa até que o garçom retorne. Ele chega avisando que o pedido não foi ainda entregue porque os camarões estavam em falta, podendo ser feitos apenas pastéis de queijo. O estômago de Osório pareceu não ter gostado muito daquela informação, e fez questão de enfatizar isso com ruídos pouco amigáveis. Em um misto de fome, impaciência e raiva, devidamente reprimidas pela boa educação e pelo clima de férias. Ele pede ao garçom que traga pastéis de queijo. Osório fala em um tom ainda tolerante e tentando, dentro do possível, parecer cordial, mas seus dentes semi-serrados deixavam dúvidas se ele estava esboçando uma tentativa frustrada de sorriso, ou se acabara de ser acometido por uma insuportável dor abdominal, proveniente de um ataque de apendicite aguda e inesperada.

Outra meia hora escorre pelos ponteiros do relógio até o garçom reaparecer com um ar de dúvidas e incertezas em seu semblante, e o que é pior, sem nada de pastéis em sua bandeja. Ele olha para Osório que também olha para ele, um silêncio tenso se forma entre os dois, quebrado pela pergunta derradeira do garçom:

- Moço, desculpe perguntar, mas... Vocês vão querer seis ou doze pastéis de queijo?

Fonte:
Colaboração do Autor

A. A. de Assis (A Língua da Gente) Parte 3



3. Mil anos de português

Recapitulando: os romanos chegaram à península Ibérica (onde estão hoje Espanha e Portugal) no século 3o a.C. Na época, a região era habitada pelos celtiberos, comunidade formada pela fusão dos celtas, vindos da Europa central, e iberos, provavelmente originários do norte da África. O latim vulgar, trazido pelos soldados romanos, foi imposto como língua oficial, porém acabou assimilando parte do vocabulário e acentuadas marcas do sotaque e da sintaxe dos povos colonizados. Com o passar dos séculos, foram-se formando os dialetos regionais. Finalmente, consolidou-se como língua geral da península o espanhol, que adotou como padrão o dialeto de Castela e por isso ficou também conhecido como castelhano.

Por volta do ano 1000, ninguém mais falava a antiga língua de Roma, a partir de então mantida apenas em documentos científicos e nos cantos e orações da Igreja. Há quem diga que o latim morreu de parto, no momento em que dele nascia a filha caçula, a língua portuguesa – “última flor do Lácio”.

Na costa ocidental da península Ibérica, ouvindo o murmurar do Atlântico, desenvolvia-se uma bonita região conhecida como Lusitânia – a que Camões chamou de “o mais belo jardim da Europa à beira-mar plantado”. Falava-se ali, no alvorecer do segundo milênio (portanto há mil anos), o que hoje denominamos português proto-histórico – formado a partir do antigo dialeto galaico-português. Em 1095, Afonso VI, rei de Leão e Castela, instituiu na Lusitânia o Condado Portucalense. Sensibilizado pela colaboração que vinha então recebendo do nobre francês Henrique de Borgonha na luta contra os mouros, deu-lhe o rei por prêmio a mão de sua filha Dona Teresa, e com a noiva o governo do Condado. Em 1139, Dom Afonso Henriques, filho e sucessor de Henrique de Borgonha, proclamou a independência do Condado, e sagrou-se primeiro rei de Portugal.

A essa altura já se falava, e começava a aparecer escrito, o português arcaico, assim considerado desde o século 12 até o início do século 16. Dessa época se guardam documentos de precioso valor histórico, tais como as cantigas dos trovadores, novelas de cavalaria, as crônicas de Fernão Lopes e o teatro de Gil Vicente. Mas foi somente a partir de Luís de Camões que a língua assumiu suas características definitivas. Com Os lusíadas inaugurou-se o português moderno. Daí por diante, lendo Vieira, Camilo, Eça, Machado, Pessoa, Bandeira, Drummond, nós lusófonos (Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Goa, Guiné-Bissau, Moçambique, Timor Leste, São Tomé e Príncipe – cerca de 220 milhões de falantes) tivemos apenas de acompanhar a evolução natural do idioma até alcançar a forma atual. Enquanto Seu Lobo não completa a globalização, continuaremos gostosamente a dar o nosso recado em português...

Fonte:
A. A. de Assis. A Língua da Gente. Maringá: Edição do Autor, 2010

Lygia Lopes dos Santos (As Imagens do Ar nos Poemas de Tasso da Silveira)


Oliveira, Roza de. As Imagens do Ar nos Poemas de Tasso da Silveira. Curitiba: SEEC/Imprensa Oficial do Estado do Paraná, 2001.

O livro As Imagens do Ar nos Poemas de Tasso da Silveira foi elaborado a partir de uma dissertação de mestrado de Roza de Oliveira, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A autora faz uma interpretação da obra do poeta paranaense Tasso Azevedo da Silveira, que nasceu em Curitiba, em 1895. O poeta desenvolveu grande atividade intelectual aqui no Paraná, tendo fundado com Andrade Muricy, Oscar Martins Gomes e Lacerda Pinto, a revista " Fanal", em 1911 e mais tarde, em 1914, a revista "Atheneia". No Rio de Janeiro criou as revistas "América Latina", "Terra de Sol" e em 1927 a revista "Festa", que se tornou porta-voz do grupo espiritualista do modernismo brasileiro, por ele dirigido. Seu primeiro livro de versos, "Fio d’Água", foi publicado no Rio de Janeiro, em 1918.

Segundo Roza, foi extensa a atividade criativa de Tasso da Silveira "predominando aí sua produção poética, porém, com variações eventuais para o ensaio, a pregação cívica, a crítica, o ensino em cátedra de literatura, as conferências, os cursos de extensão, o teatro, as traduções de autores famosos, a colaboração na imprensa periódica, a polêmica, inclusive tendo participado de equipes de redação de alguns jornais".

A autora enumera: "A produção poética de Tasso da Silveira consta de 11 livros com 468 poemas, tendo sido alguns traduzidos para o francês, italiano, espanhol, alemão, inglês, húngaro e romeno; outros musicados por compositores de renome como Camargo Guarnieri, Lorenzo Fernandes e Brasílio Itiberê." A sua obra foi apreciada por um número considerável de críticos, como Mário de Andrade, Andrade Murici, Massaud Moisés, Mário da Silva Brito, Leodegário de Azevedo Filho, Alceu Amoroso Lima, e muitos outros.

A Tendência Espiritualista do Grupo Festa

Tasso da Silveira foi condutor e orientador do grupo da Revista "Festa", uma das vertentes do Modernismo Brasileiro. Em seu "espiritualismo", o grupo "Festa" faz a apologia de uma evolução literária mais moderada, que não se desligue das tradições brasileiras e que não se afaste do âmbito universal. Valorizou ainda o misticismo, discutindo temas filosóficos e espirituais, a exemplo dos simbolistas. Sentiu a necessidade de salientar na literatura a característica brasileira, preservando, no entanto, os elementos universalistas, particularmente a influência cristã. O poeta chama esta confluência de forças de "anseio de totalização", que traz para a arte as realidades humanas, transcendentais, materiais e espirituais.

Os 4 Elementos, segundo Gaston Bachelard

A autora se propõe a fazer uma análise da obra do poeta paranaense, seguindo a teoria dos 4 elementos: fogo, água, terra e ar, elaborada pelo filósofo francês Gaston Bachelard. Para ele, todas as imagens poéticas estão vinculadas a um elemento primordial, o que nos proporciona uma nova maneira de abordagem do discurso poético. Partindo da idéia que há um elemento predominante, o filósofo reflete sobre as características inerentes aos quatro elementos, que colocarão ordem no ilusório.

Para esta abordagem, foram escolhidos poemas relacionados ao fogo, à água, ao ar e à terra. Foi percebida na maioria destes versos a presença de dois ou mais elementos. A imaginação não se fixa num único elemento, como a água, porque para o poeta, há também o céu, a terra, o fogo. Mesmo que todos os elementos figurem nas imagens literárias, analisando a obra de um autor, nota-se a sua preferência por um deles. Tasso da Silveira comprovou ter escolhido o ar.

Segundo a autora "Tal princípio de ordenação das imagens desenvolve-se a partir:

de uma tendência psíquica implícita no elemento Ar que é a de se elevar, tendo como imagem arquetípica o sonho do vôo.

Do arquétipo aéreo – o Vento e sua ambivalência.

Da qualidade mais característica do Ar que é a de ser uma matéria sem matéria, isto é, imaterial."

Procura evidenciar que "o elemento Ar fornece ao sonhador a via para a atualização da viagem onírica na qual os termos leveza, ascensão, misticismo e, principalmente o silêncio, participam do lirismo de Tasso da Silveira numa espécie de comunicação com Deus."

O Fogo

O fogo, como realidade evidente, destaca-se como uma das mais repletas de sonho e de humanidade. Nós o encontramos na lareira, no fogão, na vida cotidiana, no brilho dos olhos, no nosso sangue, ilumina a inteligência, impulsiona a nossa vida com o calor dos nossos corpos. Em sua face metafísica, é muitas vezes encontrado no Novo Testamento em várias revelações de Deus.

Vejamos um trecho do poema de Tasso, A CRUZ:

"Das mãos do Senhor erguiam-se labaredas,
Dos pés do Senhor erguiam-se labaredas,
Dos flancos do Senhor erguiam-se labaredas
De dor..."

A Água

A água tende a aparecer nas imagens delicadas, suaves, límpidas, às vezes profundas, femininas, doces; mas também aparece quando a natureza se revolta, nas tempestades, nos cataclismas, no mar enfurecido. A água é bela tanto na suavidade, quanto na turbulência.

A seguir, vemos um trecho do poema FIO D’ÁGUA:

"Fio d’água humilde e brando,
da transparência dos cristais:
tão claro e límpido vais
cantarolando,
que deixas ver lá no fundo,
a areia fina alvejando..."

A Terra

Para Bachelard, a matéria está carregada de experiências positivas, a sua forma é evidente, a sua realidade é impossível de camuflar, porque é areia, húmus, limo, cascalho, rocha, metal, madeira, borracha, montanhas, cavernas, labirintos, raízes, serpentes, etc.

Vejamos a realidade como a viu Tasso em GÊNESE:

O pedreiro preparou a argamassa
E foi juntando pedra a pedra
E erguendo o muro.

Foi lentamente criando
A realidade concreta do muro alto.

Foi lentamente criando
Em gestos essenciais
E em silêncio
Perdido no infinito de si mesmo
Como um Deus!

O Ar

Com a âncora fixada na filosofia de Bachelard, Roza reconheceu o ar, fluido, móvel, leve, reinando nos cumes, nos picos, levando o nosso imaginário a divagar, suave, indistinto, a elevar-se, a desmaterializar-se. "O sonhador aéreo vive intensamente o desejo de se lançar para o alto, isto é, para a luz, para a pureza, para a espiritualidade, adequando-se a uma filosofia do total vir-a-ser..."

Vamos encontrar a leveza do ar no poema A DANÇA DE EROS VOLÚSIA:

O corpo frágil surgiu
De uma névoa longínqua,
Diáfano, leve, imaterial:
No ar sereno traçou um ritmo de encanto,
E tudo em torno
Se imaterializou.

O corpo frágil surgiu
De distâncias ignotas
E ao nosso olhar parado
Abriu-se como uma flor misteriosa
E os pés ágeis criaram
No chão
arabescos inéditos

asas de ave
bêbadas de infinito
debatendo-se tontas
no espaço azul.

Comunhão de idéias

A autora navega através da poesia de Tasso da Silveira, pelo mundo interior do artista, com grande segurança. Há uma grande comunhão de idéias entre o filósofo Gaston Bachelard, Roza de Oliveira e o poeta estudado, o que resultou neste trabalho de alta qualidade. Com sua sensibilidade, a autora conseguiu penetrar no mundo metafísico, astral, atemporal e sublime do artista, interpretando com maestria a filigrana de sua poesia.

Curitiba, outubro de 2001

Fonte:
http://www.utp.br/eletras/ea/eletras3/rese03.htm

Lygia Lopes dos Santos (Matizes do Céu)


Luz do Céu.

A luz do céu de minha terra
despertou os sonhos ingênuos na infância,
a ilusão de alegria que o devaneio encerra,
louca visão que vai longe, perdida na distância.

Alvor do Céu

O alvor do céu de minha terra
alimentou a fantasia no adolescente,
ao imaginar uma aventura além, na serra,
percorrendo o caminho do sol nascente.

Fervor do Céu

O fervor do céu de minha terra
incentivou no adulto a esperança
de batalhar, lutar e vencer a guerra.

Anoitecer do Céu

O anoitecer do céu de minha terra
favoreceu o crepúsculo da alma serena,
culminando no atalho onde a vida desterra.

Fontes:
Simultaneidades.
Imagem = http://escrevendopraviver.blogspot.com/

Folclore Português : Distrito de Coimbra (Os Ferreiros de Penela)

Monumento ao ferreiro. Guillermo Steinbrüggen Lago (1970)
Muito perto de Penela existem dois montes elevados, em forma de cone, que a lenda diz terem sido habitados por dois irmãos ferreiros, Melo e Jerumelo.

Estando cada um em seu monte com a sua respectiva forja, possuíam apenas um martelo do qual se serviam alternadamente. A distância entre o topo dos dois montes era curta, assim de dois quilometros mais ou menos, e os dois irmãos atiravam o martelo um ao outro quando dele precisavam. Decerto que já perceberam que estes irmãos eram gigantes porque de outro modo não teriam força para atirar o martelo.

Um dia, Jerumelo zangou-se com o irmão e atirou-lhe o malho com tanta força que este se desconjuntou, caindo o ferro na encosta do monte Melo com tanta força que lhe fez brotar uma fonte de água férrea. O cabo de madeira de zambujo foi espetar-se na terra a dois quilometros de distância, fazendo nascer um zambujo, que veio dar o nome à povoação de Zambujal.

A prova de que esta história tem um fundo verdadeiro está nas ruínas da forja do irmão Melo, que ainda hoje se encontram no cimo do monte com o mesmo nome.

Fonte:
http://lendasdeportugal.no.sapo.pt/

terça-feira, 18 de maio de 2010

Marlene Rangel Sardenberg (Para Um Poeta)


Deus o fez poeta. Pobre peregrino
neste mundo de sonhos e ilusões!
Forjou-lhe a alma eterna de menino
pra resguardá-lo das decepções

das horas de espera sem chegada
que ele sente e não consegue entendê-las:
como viver na solidão gelada
quando se está tão perto das estrelas!?

Depois de tropeçar no paraíso,
cair de amores, ainda é preciso
da caminhada encontrar a meta?

Pra conviver com as angústias que o consomem,
sofre, então, como homem que é poeta
por viver como poeta, que é homem.

Fonte:
Colaboração de Antonio Manuel Abreu Sardenberg

A. A. de Assis (A Língua da Gente) Parte 2

2. A flor que veio do Lácio

Numa bela região da Itália, tendo por moldura a oeste o mar Tirreno, a leste os Apeninos, ao norte a Toscana e a Úmbria, e a Campânia ao sul, havia o Lácio. Seus habitantes falavam o latim, então modesto ramo linguístico brotado do grande tronco indo-europeu. No Lácio, um pouco segundo a lenda, um pouco segundo a história, no ano 753 a.C., às margens do Tibre, numa paisagem onde a natureza caprichosamente plantou charmosas colinas (dizem que sete), nasceu Roma, a eterna. Mais que a história, manda ainda a lenda (aliás sempre muito mais bonita) que se credite aos gêmeos Remo e Rômulo, mais a Rômulo do que a Remo, a fundação da nobre urbe.

Roma cresceu, virou império, tomou conta de toda a Itália, acabou estendendo o seu poder por meio mundo. Rica e forte, pôde ao mesmo tempo tornar-se importante polo cultural, graças principalmente ao que aprendeu com os gregos. À influência recebida da cultura grega deve-se também, em boa parte, o notável enriquecimento do latim, aos poucos transformado em primorosa língua.
Havia, porém, duas modalidades de latim: o clássico (erudito), usado na produção literária, monitorado pelos gramáticos e adotado como padrão pela restrita roda dos romanos cultos; e o latim vulgar, falado (e raramente escrito) pelos mortais comuns.
De colônia em colônia, ia Roma espalhando mundo afora a sua língua. Em cada região conquistada, a primeira providência dos dominadores era impor o latim como idioma oficial. Não o latim chique dos discursos de Cícero e dos versos de Virgílio, mas o latim povão – a fala descontraída dos soldados e dos barnabés do império. Ocorre ainda que, no contato com os povos subjugados, ia o latim assimilando parte do vocabulário e marcas do sotaque e da sintaxe de cada região. Daí resultou que, passados alguns séculos, não era mais o latim que se falava: eram dialetos, logo consolidados como novos idiomas. Assim se formaram as chamadas línguas neolatinas, entre as quais o italiano, o francês, o romeno, o espanhol, o português.

A chegada dos romanos à península Ibérica (onde estão hoje Espanha e Portugal) data do século 3o a.C. Na época, a região era habitada pelos celtiberos, sabendo-se que por ali também passaram gregos, fenícios, cartagineses e outros grupos. O domínio romano permaneceu até o século 5o d.C., quando a península foi invadida pelos bárbaros de origem germânica. No ano 711, houve nova invasão, a dos árabes. Em meio a todas essas escaramuças, ao se encerrar o primeiro milênio já se definira a língua espanhola, e estava nascendo a língua portuguesa, liricamente rebatizada, muitos séculos depois, pelo poeta Bilac, como “última flor do Lácio”.

Fonte:
A. A. de Assis. A Língua da Gente. Maringá: Edição do Autor, 2010

Sérgio Valério (A Barba)


Valdemar não tirava a sua barba e o seu bigode há 30 anos.

Naquela manhã, ele estava sozinho em casa.

Resolveu mostrar a cara. Pegou o aparelho de barba da mulher e tirou tudo.

De cara limpa, Valdemar foi se vestir.

Colocou o seu terno azul-marinho, a gravata vermelha e olhou-se no espelho. Parecia outro homem. Muito mais moço.

Abriu a porta de casa e deu de cara com a vizinha.

Ela olhou pra Valdemar e é claro não o reconheceu.

Valdemar arriscou um "bom-dia", mas a mulher virou a cara e deu um sorrisinho de lado.

Valdemar pôde ler nos olhos da mulher:

-Coitado do Valdemar. A mulher dele traindo na própria casa.

Valdemar sentiu o rosto ficar vermelho de raiva e de ciúme de si mesmo, mas foi em frente.

Tirou o carro da garagem e enfim, chegou ao trabalho.

Foi entrando no prédio, quando o porteiro falou:

-Você vai aonde moço?

Foi um trabalho danado. Valdemar teve que se identificar.

No escritório, também foi um sufoco aguentar as brincadeiras dos colegas.

No final do dia chegou em casa. Queria ver a cara da mulher quando o visse assim, de cara nova.
Entrou de mansinho. Cláudia estava na cozinha.

Chegou por trás e abraçou-a, em silêncio.

De costas ainda, Cláudia passou a mão em seu rosto e disse:

- Você é louco! Tá na hora do Valdemar chegar, Amauri!

Fontes:
VALÉRIO, Sérgio. O colecionador de histórias. São Paulo: Panorama, 1998.
- Desenho = http://denilsodelima.blogspot.com/

Folclore Português : Distrito de Coimbra (A Raiva do Alva)



A localidade de Pombeiro da Beira tem na sua história uma disputa entre três rios, o Mondego, o Alva e o Zêzere, todos nascidos na Serra da Estrela. Estes três rios envolveram-se um dia numa grande discussão sobre quem seria o mais valente e acertaram numa corrida que esclareceria a questão: quem chegasse primeiro ao mar seria o vencedor.

O Mondego levantou-se cedo e começou a deslizar silenciosamente para não atrair as atenções. Passou pela Guarda e pelas regiões de Celorico, Gouveia, Manteigas, Canas de Senhorim e pela Raiva, onde se fortaleceu junto dos ribeiros seus primos, chegando por fim a Coimbra.

O Zêzere, que estava atento, saiu ao mesmo tempo que o seu irmão. Oculto, por entre os penhascos, foi direito a Manteigas, passou a Guarda e o Fundão, mas logo depois se desnorteou e, cansado, veio a perder-se nas águas do Tejo.

O Alva passou a noite a contar as estrelas, perdido em divagações de sonhador e poeta. Quando acordou, era já muito tarde mas ainda a tempo de avistar os seus irmãos ao longe. Tempestuoso, rompeu montes e rochedos, atravessou penhascos e vales, mas quando pensava que tinha vencido deparou com o Mondego, no momento que este já adiantado chegava ao mar. O Alva ainda tentou expulsar o seu irmão do leito, debatendo-se com fúria e espumando de raiva, mas o Mondego engoliu-o com o seu ar altivo e irônico.

Este lugar onde os dois rios lutaram ficou para sempre conhecido como Raiva, em memória da contenda entre os dois irmãos.

Fonte:
http://lendasdeportugal.no.sapo.pt

Deborah Brennand (Poesias Avulsas)


SÓ ALGUNS CRAVOS

Nada sei de tílias e carvalhos
agapantos, tulipas, jasmins do Cairo.
Conheço bem urtiga, as locas, o mato
algemas de cipós, liana em laços.

Por sorte, só por sorte ainda guardo,
naquele pote a colônia macerada
— dói a alma, dói e não passa —
lembrando a timidez dos bredos
selvagens.

E, agora para enfeitar uma casa
alva casa entre gramas sem trato
vôo pousado, varanda em asas
eu escolhi, só alguns cravos.

Cravos sem sangue, mas... encarnados.


ANJO DA NOITE

Dá-me a ilha de Samos como brinde de noivado
BENGIERD

E sendo o ser todo ser
eu, vetusta ou jovem lusa,
dei o meu olhar de claridade
à vastidão única das brumas
e só no coração uma saudade
era de havidos campos,
campos quase não vistos,
ó enamorado de minha formosura.

Sombria ou ruiva foi a cabeleira
o pouso da coroa em garras.
Abutre no alvor da minha fronte
cravando unhas de diamantes
assim eu disse que as mulheres
não deviam usar trajes escarlates.
Talvez dez dias e oito noites passassem
nas distantes florestas de Lorvão.

E o meu reino era cinzento em culpas,
o meu legado agouro e mal.
Ó enamorado da minha póstuma formosura,
por que de mim tão pouco sabes?

CLARIDADE

Afortunados são os bosques
onde sem bridas
a luz campeia
entre as folhagens

suas crinas douradas

Tão leve se lustra a água
na medida exata
que os rebanhos bebem
junto às raposas

sem temor selvagem.

Por que só a mim discrimina a claridade?

ABRIL

Quem me dera voltar
ao primeiro jardim!
Conduzida por leões
mansos leões em volta
indo e vindo sem as patas
esmagarem as madressilvas.

Depois,

recostada em tronco antigo
da árvore que não existe,
ficar alheia. Esquecida,
até as estrelas surgirem
tal um enxame de abelhas
douradas, picando a sombra.

SEMPRE ALGUMAS LÉGUAS RESTAM

Em todos os sítios
o vento arranca as folhas secas.

Assim, também é certo
a cerca, mesmo caindo, seguir a terra.

Só o rio desata nós de água
em ramalhetes de pedra.

E sempre algumas léguas restam
para chegar ou partir

na claridade dispersa.

DECLARAÇÃO DE AMOR

Ontem disseste
sisudo, como todo saber
— Esta flor é da família das violáceas
o nome correto é — violeta tricolor.

Eu disse — é amor perfeito...

Amarelo e roxo
salpicado de negror
severamente reclamando
gotas de terra nas folhas.

Pensei — será isto perfeito?

SEM PRECONCEITO

Senta no primeiro degrau
o mais baixo, todo esmagado,
onde a pedra se une à terra
sem preconceitos.

Ambas têm veios negros.

E sê atenta aos sinais
a alma é muda. Mas,
o coração entende
e traduz bem

o que ela diz calada.

Escuta e sê atenta
lodo e escorpiões
juntos nas frestas
fingem amorosa inocência.

Sem preconceito, são inocentes?

MEU BEM

A noite não é uma vela
negra e sem lume,
não é um cacho de uvas
sombrio no parreiral.

Não é aquela borboleta
com asas escuras na mata,
menos ainda é um túmulo
com estrelas douradas.

A noite é, meu bem,
só a origem da claridade.

PRISÃO

Vencendo muros de pedras
Flameja do sol o brasão
Ó real castelo em dia aceso,
Ó ruivas folhas do soberano verão
Ó tempo não apertes a corrente
Do meu sonho já agonizante
Crestada é a terra e perto
Deságua um rio de sangue
Na pastagem morta

Do meu coração

CRUEL MENSAGEM

Morto foi o sonho de um jardim
Por um verão servil, de cruel mensagem
E eu vi raízes, a vida agonizando,
Na lâmina acesa de um punhal.

Os musgos, as heras, as papoulas,
Manchavam a grama seca.
E lírios, junto ao sangue das rosas,
Magoados eram o pasto

De cavalos alheios e famintos.

IGUAL A MÃO

Velhas cortinas de renda
Por sonhos bordando brasões
Agulhas trançaram ouro e linha
Em sombras fugazes de flores
Fantasmas de um morto verão.

Cobrindo vidraças, embaçando a vida,
Escondes desvarios, alucinações,
Olhares perdidos de condessas
Caminhos ocultos na distância
E o vento forte, agitando o pano

Com a rudeza de sua mão.

SEMPRE

Assim, além da cerca, eu espero,
O quê? Não sei. Espero.
Embora só o vento chegue
todo arranhado, em gemidos,
caindo e já sem sentidos

Jogue aos meus pés as folhas secas.

DE AMARELO

Hoje devo me vestir de amarelo:
espantar os olhos negros da solidão,
tal a luz do girassol de ouro dourado
que abre pétalas iluminando nuvens.

Quem saberá (nem ela mesma) o artifício
usado para enganá-la? Sonhos? Jardins?
Não digo. Hoje me visto de amarelo
e vou, nos ramos, entoar da ave o canto.

Quero espantar olhos de solidão
que vem das grutas e abandona montes
para comer a relva rubra do meu coração.
Mas hoje, de amarelo, espantarei a fera

Fugindo, à procura de outra vítima:
Quem sabe, a mata?

Fontes:
- Jornal de Poesia.
- Antonio Miranda.

Déborah Brennand (1917)



Deborah Brennand, nascida em 1917 no Engenho da Lagoa do Ramo, município de Nazaré da Mata, pertencente ao estado de Pernambuco, a poetisa freqüentou o ensino básico, médio e superior – este, porém, inacabado – na capital Recife.

Contudo, foi no Engenho S. Francisco que ela viveu grande parcela de sua vida adulta, trabalhando como empresária rural, fato este marcante para os contornos mais basilares de sua imagética bucólica e delicada.

Afeita a encarar a poesia muito mais como um hábito natural e espontâneo, por muito tempo preferiu manter sua obra literária na intimidade – sossegada e distante dos ruídos do prelo.

Porém, foi convencida pelo marido e artista plástico Francisco Brennand, pelo romancista Ariano Suassuana e pelo poeta César Leal a publicar, em pequenas antologias, os poemas que ela teimava em esconder. A crítica especializada considera-a, desde então, uma das maiores poetisas nordestinas de sua geração.

Deborah Brennand estreou com O punhal tingido ou O livros de horas de Dona Rosa de Aragão, em 1965, o ano em que surgiu no Recife um grupo de poetas jovens (Alberto da Cunha Melo, Janice Japiassu, Marcus Acioly, Carlos Cordeiro, Jaci Bezerra, Ângelo Monteiro) que se autodenominaram Geração 65.

Aos 80 anos, Deborah Brennand assumiu uma cadeira na Academia Pernambucana de Letras.

É dolorosa e ao mesmo tempo forte a leitura de Deborah Brennand, no entanto, é igualmente mágico parar sobre seus versos e sentir a metáfora que emociona e, mais que isso, encanta. Outros dos seus livros: Noites de Sol ou As Viagens do Sonho, O cadeado Negro, Pomar de Sombras, Claridade, Maçãs Negras, Letras Verdes.

Livros publicados: O Punhal Tingido ou O Livro das Horas de D. Rosa de Aragão (1965), Noites de Sol ou As Viagens do Sonho (1966), O Cadeado Negro (1971), Pomar de Sombra (1995), Claridade (1996), Maçãs Negras (2001), Letras Verdes (2002), Tantas e Tantas Cartas (2003), Poesia Reunida (2007).

Fontes:
http://www.antoniomiranda.com.br/
http://www.interpoetica.com/rede27.htm
http://www.travessadoseditores.com.br/

Vera Iris Paternostro (O Escritor na TV: a arte de falar)



Em termos gerais, autoridades e políticos não podem deixar de levar em consideração suas aparições nos Telejornais - o poder desses programas obriga-os a terem uma preocupação a mais, e constante, nas suas atitudes do dia-a-dia.

Em termos gerais, também, autoridades e políticos estão despreparados para aproveitar o potencial de credibilidade que uma participação (entrevista coletiva, fala, presença, etc.) em um Telejornal pode conferir.

Uma presença marcante dentro de uma espaço (matéria) nos Telejornais pode se traduzir em pontos positivos, índices de aceitação e (porque não?) em mudança de opinião do telespectador. Por outro lado, a presença evasiva e inconsistente pode prejudicar mais do que a ausência no espaço dos Telejornais. É, como se diz: "faca de dois gumes" e mais até, porque a Televisão trabalha como som e imagem simultaneamente e, sem dúvida, faz deles o seu grande trunfo.

A câmera e o microfone despertam, quase sempre, uma certa insegurança no entrevistado, na medida em que ele, entrevistado, terá o rosto e a voz gravados na fita de vídeo que irá no ar. além disso, câmera e microfone revelam com uma nitidez incomparável o desempenho do entrevistado e o desenvolvimento do raciocínio no momento de explicar um fato ou tomar uma posição. Todos sabemos que as pessoas, em geral, se preocupam com suas aparições em público, e isto fica muito mais evidente no caso da Televisão.

Os nossos Telejornais têm por regra da espaço limitado às falas dos entrevistados. Diz-se que, nos telejornais americanos se um entrevistado não consegue dar seu recado em 15 segundos, ele vai ser, inevitavelmente, "cortado" da matéria ou terá sua resposta "editada", para ficar dentro do limite. Nos nossos Telejornais, esses espaço é um pouco maior - entre 20 a 40 segundos. em casos excepcionais pode ficar acima desse limite. de qualquer forma, uma fala para TV requer uma duração ideal, onde o entrevistado deve esgotar o seu assunto, com começo, meio e fim.

O que se nota, constantemente, é que nem sempre isso acontece e, na maioria das vezes, o próprio entrevistado se esquece disso. Não é um detalhe: é um fundamento básico para que a sua fala seja aceita e principalmente, assimilada pelo telespectador. Com certeza, fazer-se entender deve ser o principal objetivo de quem falar para a TV!

Falar na televisão - e se fazer entender - não é um bicho de sete cabeças. Mas é, muitas vezes, cruel e fatal. A força, a emoção, o conteúdo, a hesitação, o nervosismo, a verdade e a mentira se ampliam e repercutem de forma dinâmica e excepcional.

Não existe uma fórmula mágica para se encontrar a forma de dizer o que se tem para falar. O que existe - e pode ser relacionado - são algumas determinações de como dizer, numa tentativa de readaptar os conceitos preconcebidos de cada um. Assim, vejamos:

O que não é bom:
• - falar difícil, rebuscado ("moradores sob a égide dos traficantes").
• - começar a entrevista com evasivas (hesitar).
• - não concluir o raciocínio.
• - falar sem definições.
• - usar termos técnicos ("meso e microdrenagem").
• - usar termos específicos do meio de trabalho ("o crime tem sempre um móvel").
• - ser redundante - repetir a mesma idéia de forma diferente.
• - falas longas, com muitos exemplos e "vírgulas".
• - cometer erros gramaticais.
• - usar gírias e/ou palavras estrangeiras.
• - usar frases de efeito (chavões).
• - ser demagogo (tentar "enrolar" o telespectador).
• - ler algum papel-lembrete enquanto fala.
• - falar de forma irreverente.
• - falar de forma autoritária ("prendo e arrebento").
• - abaixar o olhar enquanto fala.
• - deixar o olhar perdido.
• - "falar sem parar", emendando frases e assuntos.
• - usar palavras de sentido duplo ("havia infiltrações na Polícia").
• - inflamar-se, exagerar nos gestos e nas expressões do rosto.
• - perder-se em considerações - iniciais e finais - além do tema principal.

O que é bom:

• - usar palavras simples, readaptar o vocabulário.
• - usar a linguagem coloquial, de conversa.
• - falar com clareza e objetividade.
• - ser conciso e sintético.
• - usar a forma direta.
• - ser acessível.
• concluir o pensamento.
• - aproveitar a entrevista para se tornar próximo do telespectador.
• - falar no que acredita para passar credibilidade e confiança.
• - ter conhecimento do que está falando.
• - falas curtas e abrangentes (esgotar o tema em pouco tempo).
• - olhar para a câmera (e não para o microfone) para a qual está falando - eventualmente olhar para o repórter. Se tiver mais do que uma câmera, procurar olhar um pouco para cada uma - pois cada uma representa um telespectador diferente.
• - falar todas as palavras com todas as letras (não comer palavras e principalmente final da frase).
• - terminar a fala e permanecer olhando para a câmera por alguns poucos segundos a mais.
• - usar termos preciso (exatos) para definir alguma coisa.
• - criar interesse no que está falando.
• - ser prudente (não falar além do que deve).
• - manter a postura.
• - justificar o ponto principal mas não se alongar em argumentações.
• - estar atento à pergunta do repórter.
• - se posicionar com clareza, quando tiver que fazê-lo.
• - usar comparações que possam ajudar a esclarecer (evitar confundir o telespectador).
• - transmitir informações consistentes.
• - criar empatia com o público.
• - ser contundente, quando necessário.
• - demonstrar com o olhar o que está sentindo.
• - falar com firmeza.
• - usar um tom de voz adequado (não falar para dentro, baixinho, como se estivesse resmungando).
• - procurar se sentir à vontade diante da câmera e do microfone.

Vale ressaltar que o hábito tornará o entrevistado mais familiarizado com a Televisão. E, vale lembrar que tudo que vai ao ar na TV é efêmero, é esquecido muito rapidamente por quem assiste - até por causa das próprias características de imediatismo e contemporaneidade do veículo. Mas, a presença no espaço dos Telejornais pode ter rendimento máximo quanto mais se assimilar os meios e os métodos. A presença no espaço dos Telejornais pode ser infinita, enquanto dure...

Fonte
Portal do Espirito. http://www.espirito.org.br/

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Arneyde T. Marcheschi (Brincando com os Sonhos)


Escrevendo em desalinho
rebusco no pensamentos
historias minhas com você
que ficaram escritas nas estrelas.
Fragmentos prateados de sonhos
perdidos no infinito da alma
confunde-se com a saudade
nesse labirinto que é o coração
Me perco nas curvas das estradas
no meio de jardins e praças
mergulhando nas nuvens
em busca do meu castelo dourado.
Revivo os dias ,as noites de
intensa magia, paixão e sedução
que vivemos lado a lado
Como num carrossel os sonhos
se perdem em meio a melodias
sustenidos e bemóis
rodopiam sobre minha mente
e vão pousar suavemente nos cometas..
Sonhos do ontem, do hoje
que permeiam minha vida
são como estrelas matutinas
que deixam seus rastos prateados
no meio da via láctea
no meio de mim mesma.

Fontes:
http://blig.ig.com.br/acmpalavrasversos/