faz com que a fome voraz
liberte o gênio da guerra
e mate a Pomba da Paz.
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Bravura é viver sorrindo,
embora seja evidente
que a vida é dor insistindo
em ser mais forte que a gente.
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Com desvelo eu quis mudar
em amor a ingratidão...
Mas ela não pode amar
porque não tem coração.
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Como o Sol buscando a Lua,
atrás dela, pelo espaço,
minha alma namora a tua
desde sempre, sem cansaço.
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Em nossas doces lembranças
vejo-me ainda o menino
que ao tocar em tuas tranças
uniu ao teu seu destino.
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Eu ouço os anjos cantando
aleluias no sol-posto,
ao ver a paz se aninhando
no entardecer de meu rosto.
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Lembrando a garça pousada
na superfície de um lago,
minha mãe, mesmo zangada,
tinha a doçura do afago.
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Minha esperança se ofusca
na magia do sol-posto,
nesta lágrima que busca
o poente no meu rosto.
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Não bebo a última taça,
na morte não acredito...
Eu sei que a vida ultrapassa
as fronteiras do infinito.
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Nossas mãos, de amor carentes,
tão quentes quando se tocam,
são como brasas ardentes,
como dois sóis que se chocam.
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Ontem levei-te em meus braços
aos ardores da paixão!...
E hoje levo meus cansaços
à paz do teu coração.
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Os teus olhos peregrinos,
com seus encantos fatais,
são dois poemas divinos,
são demônios celestiais...
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Por ser um pastor tristonho
que no sonho se afugenta,
não sei se apascento o sonho
ou se o sonho me apascenta.
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Quando ela se afasta eu penso
e chego a crer que é verdade,
que a solidão fez o lenço
para enxugar a saudade.
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Que o exemplo todos tomem
desta verdade madura:
Enxerga mais longe o homem
que tem estudo e cultura.
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Que o poeta, em seu trajeto,
em vez de buscar a glória,
ensine aos homens o afeto
e mude os rumos da História.
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Se o destino desaprova
minha ilusão desmedida,
eu ponho ilusões na Trova
e sigo iludindo a vida.
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Sobre teu colo perfeito,
cintila um Cristo de prata,
mas levas dentro do peito
um demônio que maltrata.
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Sorria!... A vida agradece.
Seja alegre, não desista,
que a sorte mais favorece
a quem se mostra otimista.
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Te dizes tão deserdada
que eu, que do nada venho,
desejo unir o teu nada
ao nada que ainda tenho.
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Teu peito é templo vazio
onde um rabi sonhador,
num sagrado desvario,
prega ao nada Paz e Amor.
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