sexta-feira, 28 de julho de 2017

Trovador Homenageado (Zelito Magalhães)


A brisa que embala o galho,
a flor que brota do chão,
as gotas puras de orvalho,
tudo tem de Deus a mão.

Agi errado, não minto   
cometi tanta faceta!
Por isso, agora me sinto
um Romeu sem Julieta.

A moral de muita gente
é como um rio profundo:
Por cima tão transparente
com tanto lodo no fundo.

A pátria dos desgraçados
não tem bandeira nem nome,
pra que tantos rebuscados
onde se morre de fome?

Bendita sejas, ó trova!
Floresces os dias meus...
Em ti eu vejo a prova
de que estou perto de Deus.

Brincar de amar é brincar
com fogo – toma cuidado!
Porque tu podes queimar,
com o risco de ser queimado.

Buscando novo horizonte
na vida de pecador,
procuro fazer a ponte
que liga a paz ao amor.

Devolvo as cartas a quem
em meu amor não quis crer,
restando os beijos, porém,
que não posso devolver.
   
Eficaz, útil e perfeita
é a dádiva que seja
dada com a mão direita,
que a esquerda não veja.

É linda, é pura, é bela
nossa amizade de irmão,
que liga meu nome ao dela
por um traço de união.

É Natal! Sinos dobrando
em emoção diferente,
parece os anjos cantando
dentro de nós, docemente.

É por demais curioso
ver a lua o mar flertando:
Na cheia – é furioso.
No minguante – fica brando.   

Merece ser imitado
o gesto do mar bravio;
aceita, sem salgado
a água doce do rio.

Na cidade de Natal
vi moça alegremente
usando fio-dental
em lugar que não tem dente.

Nos olhos do sertanejo
que pede ao céu bom inverno,
o sertão sofrido eu vejo
ardendo qual um inferno.

Ó mãe que me deste a vida,
que por mim tanto sofreu.
Em troca, minha querida:
- Vivas tu – que morra eu!

O nosso amor decantei
em feitio de oração,
sendo tão puro, não sei
porque ruiu, veio ao chão.

Ontem passeei com ela,
era noite enluarada.
Eu não sei qual a mais bela,
se a lua ou a namorada.

O Papa Paulo Segundo
ao nos deixar, eu garanto
perdeu um justo o mundo,
mas ganhou o céu um santo.

O poeta é vidente,
inspirado nas estrelas,
pois nem precisa ser crente,
ele acredita sem vê-las.

O poeta, minha gente
não é de todo feliz,
pois nunca diz o que sente,
nem sempre sente o que diz.

O poeta nasce feito,
bem diz o velho refrão:
As rimas lhe saem do peito
forjadas no coração.

Para nos manter de pé   
nesta vida de maldade,
é preciso termos Fé,
Esperança e Caridade.

Passa mais um carnaval,
quantos disfarces... enganos...
Sob a máscara original
a mesma de todos os anos.
 
Quão triste é o ofício
desse coveiro que vai
no auge do sacrifício
enterrar o próprio pai.

Quem bondade mostrar quer
às vezes, perde o que tem,
pois violão e mulher
nunca se empresta a ninguém.

Sempre fiz o meu escudo
desta verdade sagrada,
o pouco com Deus é tudo,
o tudo sem Deus é nada.
                   
Tal qual as nuvens passando
no imenso azul do céu,
também vou assim vagando
por este mundo ao léu.

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