quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Clevane Pessoa (Trovas)

A arte é a essência plástica
a cada coisa do mundo
— a criatividade é elástica
faz o que é raso, profundo

A empregada, despedida,
Sai triste, trouxa na mão...
Leva no ventre, uma vida
Que é do filho do patrão...

A gestante, carinhosa,
"leva" o bebê, comovida...
Sensação maravilhosa:
Guarda, no ventre, UMA VIDA...

A honestidade aprendi
com meu pai, honrado e forte
— igual a ele, nunca vi
ser sua filha, é uma sorte...

Ajudando a toda gente
amando sem distinção
é que ganha o presente
de ter céu com pés no chão...

Ajudar a cada irmão
Fazer tudo o que pudermos
— Pois essa é a nossa missão,
Se o crescimento quisermos...

A minha alma, em plenitude,
Cheia de luminosidade
Faz-se bela, na quietude
Do amor que se faz saudade...

Amo com tal amplitude
Que nem tempo, nem espaço
Reduzem a completude
Transmitida quando abraço

Ao bom Deus, Mariazinha
Pede para devolver
Sua Santa mamãezinha
Que morreu pr’a ela nascer...

Ao ver as meias, coitado
o vovô pensa:-"Já sei!
Essas, dei no ano passado
no retrasado, as ganhei..."

Apesar das tempestades
Meu espírito cansado
Tem reservas de amizade
Pra cada momento errado.

A primeira vez da gente
É gravada por demais!
Mas é como estrela cadente
Que ao céu não volta jamais...

As duas rosas do teu rosto
De róseas, brancas ficaram,
Para mostrar teu desgosto
— Já que os olhos não choraram...

As notas interpretando
Com os pés, pernas, mãos, braços,
A moça que está bailando
Vai "escrevendo" com seus passos...

A solidão que me embala
Canta-me tristes cantigas...
Será que o silêncio fala?
Serão as sombras, amigas?

Às vezes, o Amor, querida
Pode matar a ilusão...
O sol, que dá luz e vida
Traz desgraças ao sertão...

Às vezes, te trato mal
Por coisas tolas, banais
— E até zangada, afinal
Te quero cada vez mais...

A verdade é mole ou dura
dependendo da impressão
— ou é Bem que assim perdura
ou demonstra a escuridão

Ciúme é flor que não se cheira
Por mera premonição,
— Ainda assim, erva traiçoeira
envenena o coração

Com lucidez peculiar
Quantos "doidos" são mais certos
Que os que pensam acertar
Julgando-se muito espertos...

Com uma luz interior
que os "normais" não podem ver,
o cego tem um pendor
para "enxergar" o prazer...

Deixe o orgulho, minha gente...
Abandonem tal pecado!
— No acerto, é ficar contente!
No erro, entender o recado!...

Dentro de mim, choro tanto
— E sorri tanto, o meu rosto!
— Em riso, torno meu pranto,
Para ocultar meu desgosto...

Deus, que escuta toda prece
Atende meu jardineiro
A roseira floresce
E há gerânios, o ano inteiro...

Deve-se amar aos doidinhos
São filhos de Deus, também
Agem como os passarinhos
Não fazem mal a ninguém...

É minha mãe quem me inspira
Os versos do coração:
De seu amor, sonora lira,
Eu tiro qualquer canção...

Em vão espera um brinquedo
um menininho de rua...
Risca no chão, com um dedo,
um foguete e vai prá lua…

Eu fico presa, extasiada,
Nas folhas daquele galho,
Pois amo o que é quase nada
Como o cristal do orvalho...

Eu sou sempre adolescente
Recriando quase tudo
— Inquieta, mas resiliente:
Aço puro, com veludo...

Eu vivo há uns tantos anos
— De angústia, seculares –
Sofri tantos desenganos
Que fiquei imune aos pesares...

Fui "bruxa", ou fada, sabendo
Com as ervas curar doentes,
Bebês à luz, vim trazendo
Fiz brotar muitas sementes...

Gato pardo e belicoso
Arqueia o corpo robusto,
Projeta as unhas, raivoso
Vira um puma no seu susto

Gatos à noite são bardos
E miam versos para a lua
Dizem que então ficam pardos
Parecem da cor da rua…

Há gente que vale nada
— Rouba ideias, trai amigos
Fazendo os outros de escada,
Ocupando seus abrigos...

Há muito "louco" no hospício
Fazendo tanto escarcéu
Por ter passe vitalício
Nos auditórios do Céu...

Há no mistério da fome
este mistério profundo:
É Cristo quem se consome
Em cada pobre do mundo...

Impossível conhecer
Mesmo o presente obscuro:
Tudo pode acontecer
Sem fantasiar o futuro

Jamais terei um presente
qual o que desejo mesmo:
a presença que está ausente
porque no céu caminha a esmo…

Jardineiro os segredos
Das rosas, tem o ceguinho
— "Eu tenho olhos nos dedos
Sei contornar cada espinho"...

Mentiste sempre, é verdade
— Nunca me amaste, afinal!...
Mas não quero a realidade
Mente mais, que não faz mal!...

Meia dúzia de gatinhos,
uns nos outros, enroscados,
são novelos bem quentinhos
parecem interligados

Meu canto é de Amor e Paz
— Sou humilde passarinho
Que trovas, num leva-e-traz
Sai espalhando, de mansinho...

Meu coração galopante
Deixa-me às vezes, sem ar
Por tudo que é discrepante
Do meu jeitinho de amar...

Meu Deus, por que sofro assim,
Pardal em boca de gato?
Se não tens pena de mim,
Como ser intimorato?...

Meu mar de amor é abissal
Insondável, pois profundo:
— Esconde-me assim do Mal
E das invejas do mundo...

Meu mar de amor se renova...
— Será que vou conseguir
Na gota de orvalho — A TROVA —
Pôr meu jeito de o sentir?...

Meu pai, menino crescido
Brinca mais que meus irmãos
— Meu coração, comovido
Vê os calos em suas mãos...

Meu pai tem vista apurada
excelente pontaria...
mas jamais matava nada,
pela sua filosofia...

Meu sobrenome é pessoa
— Uma luz a me nortear:
Ser leal, ser muito boa,
a ninguém prejudicar...

Minha mãe!... Quanta saudade
Da passagem, pela Terra,
De quem me ensinou a bondade
E o perdão – que a paz encerra...

Minha rua, que se aclara
Com a luz do sol, nascente,
À tardinha se prepara
E vai dormir com o poente...

Nada é somente difícil
Tudo, mesmo, pode ser.
— O impossível só é incrível
Até quando acontecer...

Nada pode contestar
O poder da natureza
— Nem o homem a reinventar
O que Deus fez com certeza!

Não desejo nunca o Mal,
mesmo a quem mal me trouxe
A bondade é bambuzal
de mil folhas e som doce...

Não fiquei gorda, nem chata
Ao passar para a meia-idade
Sonho sempre — e intimorata
Sigo, sem indignidade…

Não há mulher que não minta
Nos diz um velho refrão...
— Tem gordura sob a cinta
E diz "sim" quando diz "não"...

Não me atingem as palavras
De calúnia ou de desdém...
Infâmia, tu não me cravas
As invejas de ninguém...

Não tendo, medo de nada,
Vivo porém escondida,
Ocultando essa espada
Que faz-me sangrar a vida...

Na tristeza da saudade,
O coração faz queixume:
Fugiu-me a felicidade
Vai-me chegando o ciúme...

Nenhum carnaval da Terra
traz de volta os que se vão
-a saudade nos encerra
em um fechado salão…

Nesse muros, tão pixados,
Vejo os conflitos do povo
— E sinto que os desgraçados
Querem ser "homens"... De novo!

No mistério dos vitrais
Há captação da energia
Que o Cosmos, às catedrais
Manda em plena luz do dia...

Nos opostos, a atração
Forma, às vezes, completude
Mas noutras, há combustão
Ou barulho em plenitude...

Nossas máscaras do dia
nem sempre nos fazem mal
a esconder dor ou alegria
de um eterno carnaval...

Nossos erros nos apontam
Novas trilhas nos caminhos
E os acertos só despontam
Se afastamos os espinhos

Nos teus olhos, a luz que arde
Faz meu espírito brilhar...
Fui entendê-los tão tarde!
Agora não posso voltar...

No verão, canta a cigarra.
Hino à vida, sem razão,
Pois a vida a que se agarra
Finda em meio da canção

Num mundo de faz-de-conta
O insano, bem contente
Parece dançar na ponta
De uma lança incandescente

O amor materno é meu ninho
— É fogo que não se acaba
— É canto de passarinho
Mesmo se a chuva desaba...

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Clevane Pessoa (Outros Versos)

HAICAIS
( em Haicais, Clevane utiliza o pseudônimo Hana Haruko)

Os risos das crianças:
No cristal, bolas de gude
— luzes trepidantes ­

Pássaros canoros
Energia em expansão
Almas projetadas...

Gestação do arco-íris
Leveza atestando o efêmero
— Bolha de sabão.

Reflexo de prata:
Luar despeja-se no mar
— Espelho do céu

Leve borboleta
Vitória sobre a crisálida:
Pétalas aladas…

Sons de flauta doce:
Murmúrios edulcorantes
- Vento no bambual...

Órgãos musicais
De sonata progressiva:
Cigarra insistente

Armadilha bela:
Luz atraindo mariposa
- Destinação cruel

Força dos opostos
Espirais de eternidade
Yin e yang: você e eu

Pescoços de cisne
Transformam em corações
O espaço vazio…

Mini-borboletas
Orquídeas papilonáceas
- Só não podem voar

Violinista freme
Libélula com o arco
Vibrações no espaço...

Pássaros nos fios
Como notas musicais:
Celestiais canções...

A chuva pingando
Devassa o botão da flor
De / flora antes da hora...

Pele contra pele
Proximidade de cheiros:
Mistura de humores

POESIAS

De Anjos e de Pássaros

-
Ergo olhar deslumbramento
vejo anjos sobre cabeças humanas
dentro da catedral;
Anjos de ferro negro,
esculturas na arquitetura
de formas quase profanas
a romper tradição.

Não desabe ó figura
milenar, tu que estás
bem sobre mim ,
que não rezo orações prontas
e somente sei usar
o verbo molhado em pranto
ou a metáfora cheia de luar.

(...)
Que desabem
sobre as cabeças dos poetas
os passarinhos em alarido
dentro de um mercado,
a parecer kamikaze,
suicida em massa,
ao jogar-se do teto ao chão
apenas para bicar migalhas.

São nosso retrato:
livres, sem sermos canalhas,
videntes com olhos cheios de palhas
a pre/dizer os tempos,
cada fato envolvido
no pacote dos tesouros,
crianças e sábios a um mesmo tempo,
a chamar atenção pelos voos inusitados.

(...)

Prefiro os pássaros vagabundos
das ruas e das igrejas,
mercados e sinais.
Não são artes singulares e belas
nem enfeites de catedrais:
os anjos passarinhos
de Brasília
estão presos a cabos
e suspensos
sobre nossas cabeças
a lembrar talvez pecados ,
talento, criatividade embora.
Já os pássaros – anjos
desde o Egito antigo
têm a missão de carregar almas
entre a vida terrena
e a morada dos deuses.
-
ALEGORIA DAS PALAVRAS SOLTAS
-
Que as mãos dos poetas
libertem as palavras de conceitos e preconceitos antigos.
Que a voz dos poetas entoe cantos inusitados
e muitas vezes inaudíveis aos demais.
Mas que sejam sempre palavras oloROSAS,
a perfumar os poros dos amados e dos amigos.
O que vier a mais, será benesse e lucro, e dividendo
mais importante que a glória
e a libertação do proprio menestrel.
Que os versos sejam livres, com palavras soltas,
a resignificar todas as im/possíveis metáforas!
-
PALMEIRA SOLITÁRIA
para Luiz Lyrio, in memoriam
-
Do alto, para onde cresce
em busca do azul absoluto,
a palmeira (quase) antiga,
bela e conformada,
vê passar o tempo.
Suporta intempéries e poeira
rebrilha rocio ao sol,
na terra das gemas.
Um dia, voltará ao pó
e renascerá no ciclo da vida.
-
A ESSÊNCIA DOS POETAS
-
De metáforas alimenta-se o poeta
mas também dos olores mais fragrantes.
faz das eternidades,
meros instantes,
quando voa nas asas das alegorias...

Mas de denúncia também vivem os seus versos
pois sensível qual bolha de murano
destinada á beleza singular,
aquecido pelo fogo da justiça,
consome-se em seu próprio Gilbratar,
divino e humano,
mero e avatar.

O poeta tem nas mãos,
os segredos da sacra escrita,
consagrada aos deuses da Beleza,
mas também ergue o dedo acusatório:
brilha de indignação seu anular,
pois é humanista, artista, esteta
e sabe colocar-se no lugar
de seu semelhante...

O poeta escreve sobre seus sentires
e sobre os sentimentos alheios.
Sussurra ou brada, conforme a acontecência,
mas é sempre emissário da quintessência
que muitas vezes
nessa Terra não encontra lugar...
-
IMPRESSÃO
-
A terra é mais que amante-amada:
sem ela o tudo cotidiano
vira um quase nada...
Com ela, um mínimo amplia-se
parecendo a maior riqueza do universo
na transmutação dos ciclos...
-
DE UM SONHO
-
Do sonho entressonhado
entreaberta flor
de mil pétalas
holopetalar
traduz-me as sutilezas
e multiplicações
da Palavra...
Cheiro os cheiros,
coloro as cores,
abro o entreaberto
e chego ao self
das revelação.
Ao poeta é permitido sonhar
e sonhando desvendar
o segredo
-
CANÇÃO PARA ELIANE POTIGUARA
-
Sinringe canora,
avis rara,
Eliane Potiguara.

Maracá e pena,
"mejopotara"
cocar e urucum
caneta e papel
diploma e renome:
Eliane Potiguara.

Aluá,beiju,
mani-oca
ocara,
dança e canta
voz baixa e clara,
Eliane Portiguara.

Peixe boi e boto.
uirapuru e boitatá,
igarapé, igara,
o avô rio
peixes oferece,
no livro a letra
aparece, imagina/ação
floresce,
Eliane Potiguara.

Pacifista e guerreira,
um pé no atavismo,
outro no modernismo,
mas sempre fiel às raízes.
Defenda úteros
sagrados à terra
e ás lições de continuidade.
Quer a mata, mora na cidade,
no asfalto não de ara,
mas sua sabedoria dispara
lendas e crenças,
cerimoniais,
fitoterapia ancestral,
sempre atual.
Eliane Potiguara.

Mulher
que sabe o quer
e busca, sobe montanhas
ou busca clareiras
para ela nada ocorre à toa
tudo é vestido
de muito sentido.
Atenta, ouve, fala,
cheira, sente
vê.

Na natureza,
a verdade é muito simples,
nada no mundo para,
tudo é beleza e partilha.
Eliane Poti, Potiguara,
da floresta filha,
da cidade adotada,
adapta-se, jamais é uma ilha
defende as outras mulheres...

Eli, Eliane, Eliane Potiguara,
potiguar, potiguara, poti:
chama a deusa o sol e chama a deusa lua
essa Nação é mesmo tua,
por direito ancestral.
Descendente dos úteros sadios
das mães da Terra brasilis,
você é
andiroba, seringueira,
guaraná e açaí.
roçado e igara,
peneira,
tipi-tipi,paná -paná, ati-ati,
voa, ave,
voa borboleta,
o caldo da mandioca
coa, você é tudo isso e muito mais,
Eliane Potiguara,
mesmo se vestir vestidos citadinos
e aparecer em salões nas festas...
Mas os olhos de castanhas,
os cabelos lisos e escuros,
a cor da pele bonita,
sempre apontam que você
é onça nativa, arara.
Eliane Potiguara,

Pega o microfone, tecla e fala,
defende a mulher ,a criança, a idosa,
pede proteção á iara.
você é forte e poderosa,
Eliane Potiguara,
"Metade Máscara,
Metade Cara"...

Clevane Pessoa (1947)

Clevane Pessoa de Araújo Lopes, nasceu em São José do Mipibu, Rio Grande do Norte, em 1947, filha de Lourival Pessoa da Silva e Terezinha do Menino Jesus da Silva.

Trabalhou ativamente na imprensa de Juiz de Fora-Mg, nos Anos de Chumbo, mantendo a página Gente, Letras & Artes e a coluna diária Clevane Comenta, entre outras- na Gazeta Comercial.

Aos dezesseis/dezessete anos, foi a redatora chefe de Voz das Mil, jornal Literário do Colégio Sagrado Coração de Jesus. Sua  primeira resenha foi publicada na Revista da Presidência, em 1964. Depois, escreveu em jornais por onde passou.

Radicou-se em Belo Horizonte ao se casar com o engenheiro civil Eduardo Lopes da Silva, que então trabalhava na Via Expressa em viadutos e passarelas.

Tendo iniciado Psicologia no CES (Centro de Ensino Superior) de Juiz de Fora, então formou-se na FUMEC desta capital (Belo Horizonte).

Acompanhou o marido a S. Luiz/MA, São Paulo/SP, depois a Belém/PA.

Retornou a Belo Horizonte em 1990.

Foi editora de Literatura e Arte do tablóide de vanguarda Urgente, entre outros, como A Voz de Rio Branco, de Visconde de Rio Branco, MG, onde mantinha “A Voz da Mulher”.

Escreveu na revista "o Lince" e em outras. Atualmente, é psicóloga, ilustradora, palestrista e oficineira de Poesia e Conto.

Até aposentar-se, trabalhou na Casa da Crinaça e do Adolescente do HJK, que fundou e coordenou (SAISCA-Serviço de Atendimento Integral ao Adolescente, seu projeto criado em S.Luiz Maranhão , encampado pelo Ministério da Saúde, tornado OS a posteriori) e levado a Belém , Pará, de 1996 a 1990, quando retornou a BH/MG).Esse projeto, alcança Poesia e Artes, crianças, adolescentes e família, além de atendimento à saúde.

Em 1993, participa intensamente, pelo HJK, com a seção de Psicologia, da organização do Congresso Internacional L’espoir sem Frontiers(Esperança Sem Fronteiras).No evento, desenvolveu uma oficina sobre família e participou de mesas.

Tem livros de poemas publicados:
Sombras Feitas de Luz ;
"Asas de Água"( pela Plurarts),
"A Indiazinha e o Natal"( Edições Haruko) ;
"Partes de Mim"( R & S Gráfica e Editora) ;
"Olhares teares,saberes",(Edit.Popular, S,Luiz-MA);
Erotíssima (selo Catitu);

Seu livro Mulheres de Sal, Água e Afins, publicado pela Urbana Editora, RJ/Libergráfica BH.), reúne contos com protagonismo feminino.

Seu livro "O Sono das Fadas" (selo Catitu-BH) foi lançado na Bienal do Rio em 2009 e em vários espaços e cidades. Em 2011, foi relançado na Livraria Leitura do BH Shopping. Nesse ano, pela Pragmatha, do RS, publicou CENTAURA-poemas .

É verbete no Dicionário de Afrânio Coutinho e no Dicionário de Mulheres de Hilda Huber Flores(RS)

Possui capítulos em co-autoria (Homossexualidade e sexualidade do Adolescente,no compêndio "Adolescência, Aspectos Clínicos e Psicossociais", Edit Arte Med(RS).

Em novembro de 2011, nos III Juegos Florales do aBrace, lança "Lírios sem Delírios", com poemas e desenhos, alguma poesia em espanhol, a maioria em Português, Editora aBrace.

É consultora de teatro, revisora de textos, roteirista de peças teatrais.

No ano de 2007, completou 50 anos de Poesia, pois começou a escrever, publicar e fazer saraus aos dez .

Foi, pela” excelência da obra”, agraciada com o título de” Poeta Honoris Causa", do Clube Brasileiro de Língua Portuguesa, para oito países lusófonos. O título foi concedido por sua Presidenta, a poeta Silvia de Araújo Motta e entregue por Conceição Piló (curadora do Palácio da Liberdade, nesta capital e diretora, em MG, da IWA), no evento “Poesia é Ouro”, em sua homenagem, que aconteceu no Centro de Cultura Belo Horizonte Março/2007), organizado por Karina Campos.

Em maio de 2009, recebe o título de Doutora Honoris Causa em Filosofia (Ph.I.), em sua posse na ALB/Mariana.

Pertence à REBRA, Rede Brasileira de Escritoras, tendo sido convidada por Joyce Cavalccante, sua presidente, para representar a REBRA em MG.

É patronesa da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores, pertence à Academia Virtual Brasileira de Letras à Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN, do virARTE.

Membro da IWA (Estados Unidos) .

Pertence à Rede Catitu de Cultura, é colaboradora da ONG Alô Vida. Por premiações em concursos, pertence ao CLESI(Clube dos escritores de Ipatinga);

Chanceler da Arcádia Litterária de Aracaju. , Membro Honorário de Mulheres Emergentes, Conselheira do Instituto Imersão Latina.

Estudou na SBAAT – Sociedade de Belas Artes Antonio Parreiras, aluna de Clério de Souza, o presidente da entidade. Ilustrava seus textos e de outros autores, em sua página na Gazeta Comercial (Juiz de Fora, MG).

Ilustrou, a bico de pena, "100 Trovas de Juiz de Fora" – Programa Contraponto.

Participou da primeira mostra de arte da FUMEC, quando concluía a faculdade de Psicologia.

Em eventos na Semana da Mulher e da criança, expôs no HJK, em Belo Horizonte, posteres e poemas ilustrados.

Fez 30 capas de pano para a edição artesanal de "Maldita Perfeição", de Jairo Rodrigues.

Ilustrou, revisou e fez a divulgação de "Estalo, a revista", onde escrevia .Ilustrou ainda o espetáculo “Completa Ceia", de poesia erótica, "Brincando de representar', de Virgilene Araújo e outros.

Fez 25 desenhos para a III Edição do "Original-Livro de Artistas", no tema "A Forma do Pote vazio, tendo um dos desenhos apresentado no Palácio Galveias, em Lisboa, em maio de 2010.

Ilustrou seus livros "Asas de Água", Poesias-Edit.Plurart e "Mulheres de Sal, Água e Afins"(contos-Edit.Urbana , Rio de Janeiro/Libergráfica.).

Em 2011, lançou, pela Editora aBrace – da qual é representante em Belo Horioznte-MG- "Lírios sem Delírios, de Poemas, que também traz suas ilustrações.

Desde março de 2009, a mostra Graal Feminino Plural, com seus desenhos e poemas, sobre questões do gênero feminino, circula, a partir da Galeria da Árvore (MUNAP_Parque Municipal Américo Renê Gianetti) , para os Centros Culturais de Belo Horizonte(Pref.Munic.) e Regional Oeste.

A mesma também faz parte, em 2010, do festival Internacional de Cultura e Gastronomia de Tiradentes, no largo das Forras-Espaço Cultural. Banco do Brasil.

Participa de recitais, saraus com leituras e performances de textos.

Humanista, sempre lutou pela criança, família, mulher e adolescentes, sendo pioneira nas ações brasileiras pelo atendimento integral, multidisciplinar à criança e à adolescência (desde os Anos 80).

Pelo Ministério da Saúde, ministrou oficinas em vários Estados brasileiros, quando trabalhava no Hospital Júlia Kubitscheck, no Barreiro de Cima, onde coordenou e criou a Casa da Criança e do Adolescente, com equipe multidisciplinar. A pedido do MS, organizou no HJK, o I Seminário Brasileiro de Saúde Reprodutiva e Sexualidade na Adolescência, no qual foi ainda palestrista, mediadora, debatedora e oficineira de sexualidade humana..

Possui vinte e dois e-books, quatro dos quais infantis, um de memórias, um ensaio, os demais de poesias, gêneros vários ( os e-books podem ser baixados gratuitamente no Recanto das Letras, no site da AVBL e na Vila das Artes, além de Cá estamos Nós e recentemente, no ISSUUM, disponibilizou , pela Catitu, seus livros Erotissima e O sangue das Fadas.

Participa ocasionalmente ou com frequencia dos jornais e revistas virtuais zaP (São Paulo) , DESTAQUE,Revista Nota Independente, Guatá, Gaceta Literália, Isla Negra (Argentina) , aBrace, Varanda das Estrelícias (Portugal) ,Caderno Literário (Pragmatha/RS) ,entre outros.

Possui uma antologia poética em www.direitoepoesia.com e participa de várias coletâneas virtuais , inclusive várias de BLOCOS ON LINE, entre as quais, por três vezes, da SACIEDADE DOS POETAS VIVOS.

Seus textos e poesias estão hospedados em revistas e jornais brasileiros e no Exterior. As páginas mais recentes foram o mini-conto "O Gato", na revista internacional ABRACE (Uruguay- Brasil), artigo sobre Cecília Meirelles ; ensaio A Casta da Dança ,entre outros.

A convite, seu artigo "A Casta da Dança", foi publicado no no Caderno de Dança 2, da Companhia de Dança Contemporânea de Évora,em Portugal.

Colabora e é colunista virtual , inclusive possui uma escrivaninha em www.recantodasletras.com, onde disponibiliza seus textos. Seu site pessoal é http://www.clevanepessoa.net.blog.php

Luta pelos Direitos Autorais, pela propriedade imaterial, pelas minorias carentes, pela ecologia, e, sobretudo, pela PAZ em todos os níveis.

É Dama da Sereníssima Ordem da Lyra de Bronze, delegada de “A palavra do Século XXI, membro da SPVA(Sociedade dos Poetas Vivos e Afins, do RN) , do virArte, acadêmica correspondente de várias academias e outras instituições.

Gravou 48 horas de vídeos para o Projeto Educativo” Saúde, Vida , Alegria, CECIP /Kellog”, sendo responsável por Metodologia Participativa e pelas oficinas com adolescentes de várias classes sociais, institucionalizados, feirantes, mães –meninas, moradores de favelas, classe A etc.

Participa de mais de cem antologias, por mérito em concursos , convite ou por cooperativismo entre escritores e editoras.

No início de 2007, duas mais recentes são Letras de Babel e CuentoGotas, da editora ABRACE, lançadas no VIII ENCONTRO INTERNACIONAL ABRACE (março 2007), em Montevidéu (UY), onde esteve com Ricardo Evangelista e Sueli Silva com o espetáculo “Poetas Quae será Tamen", no qual apresentou, com os artistas, a performance “Predição”. Depois , em Roda ao Mundo 2007, Poetas do Brasil,– Antologia do Proyecto Sur (RS) – neste ano de 2009,participa das antologias aBrace, inclusive a comemorativa dos dez anos desse Movimento Cultural, tendo recebido o troféu aBrace ( pelo ano de 2008), por sua atuação pela cultura e modus vivendi.

Em 2007, comparece com vinte e cinco desenhos no "Livro dos Artistas", projeto de Regina Mello, chamado ORIGINAL . Em 2009, realiza a mostra "Graal Feminino Plural", de desenhos e poemas, atualmente em circuito pelos Centros Culturais de Belo Horizonte.

Em 2011 participa de coletiva do SIAPEMG_Sindicato dos Artistas Plásticos de MG, a convite da organizadora, Iara Abreu, com poemas e desenhos a bico de pena.

Premiada no Brasil e no Exterior em versos e prosa.

Entre os muitos prêmios, destacam-se:
primeiro lugar de Crônica, Troféu Dormevilly Nóbrega ;
Primeiro Lugar de Conto Livre, prêmio Ex-Aeqüo, no ALGARVE, em Portugal, XXIII Jogos Florais.
Recebeu em 2009 o Prêmio mais importante do aBrace, pelo seu trabalho cultural .
Em 2009, teve o poema "O Chão da Nossa terra" classificado em primeiro lugar no FESTINVERNO (Ouro Preto, Mariana).

Em 2010, foi a escritora convidada para o I Encontro de Escritores de Língua Portuguesa em Nartal/RN e recebeu uma placa pela sua contribuição à Língua Portuguesa (UCCLA e Capitania das Artes). A seguir, foi homenageada na Câmara Municipal de São José de Mipibu, sua cidade natal.

Em 2009, tomou posse na ALB, Mariana, na qualidade de acadêmica fundadora, Cadeira 11, Laís Corrêa de Araújo, quando recebeu o título de Filósofa Imortal, Doutora Honoris Causa, PH.I, pela ALB/CONALB. E, no mesmo ano, também tomou posse na cadeira n.5, Cecília Meirelles, na AFEMIL, (Academia Feminina de Letras-Belo Horizonte, MG), para a qual foi votada em novembro de 2008.

Integra a Sociedade dos Poetas Vivos e Afins, de Natal/RN e tem acervo no Memorial da Mulher, da mesma capital, tendo sido convidada para em breve tomar posse na Academia Feminina de Letras do RN.

Em 2010 tomou posse como Acadêmica Correspondente na ALTO-Teófilo Otoni-MG.

Em 2011, tomou posse nas Academias Menotti del Picchia (membro correspondente), no PEN Clube de Itapira, na academia Pré Andina de Artes, Cultura y Heráldica .

Em novembro, tomou posse na AILA, Academia Itapirense de Letras e Artes, na qualidade de Membro Correspondente Titular, cadeira 05, patronímica de Luiza da Silva Rocha Rafael

Em 2009, lançou Olhares, Teares Saberes, pela Edit.Popular, de S.Luiz, Maranhão, que foi apresentado na Bienal do Livro-Rio de Haneiro/2009.

Também lançou O Sono das Fadas (já em e-book), nesse evento, para crianças de todas as idades e Erotíssima, ambos pelo selo Catitu.

Representa a Rede Catitu, o Alô Vida, Mulheres Emergentes.

Em 2010/abril recebeu placa da UCCLA/Capitania das artes, em Natal, RN, no I Encontro de escritores de Língua Portuguesa, sendo a única mulher dos quatro autores homenageados.

Em junho 2010, foi personalidade do Ano-Taubaté/SP e em novembro, Destaque Brasil 2010.

Em novembro de 2010, recebeu a Medalha Tiradentes/FALASP/JF.

Faz parte dos Poetas pela Paz e Pela Poesia e é Consultora de Arte da AMI (Associação Mineira de Imprensa).

Em 2011, recebe a Medalha de Recompensa à Mulher-GOB-RJ, através da ALB/Mariana;

Vem participando de Poetas do Brasil do Proyecto Sur, nos números pares.Por premiação, seletiva ou cooperativismo, participa de mais de noventa antologias.

Cônsul Poeta Del Mundo,
Embaixadora Universal da Paz (Cercle Univ.de Les Ambassadeurs de la Paix-Genebra, Suiça) ;
Poeta Honoris Causa pelo CBLP,para oito países Lusófonos , Patroness da AVSPE ;
Diretora regional do inBrasCi (Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais) em Belo Horizonte ,integra a rede Catitu” na “Núcleo de Entrevistas Clevane Pessoa entre Pessoas,
Representante do Movimento Cultural aBrace (Uruguai Brasil), na capital mineira
Delegada da ALPAS XXI por MG e Bahia.
Presidiu, a convite do fundador da UBT , Luiz Otávio, a seção de Juiz de fora, MG, nos Anos 60, onde também foi empossada no NUME, Núcleo Mineiro de Escritores, após receber seu primeiro prêmio Literário (primeiro lugar de crônica, Troféu Domervilly Nóbrega, )
Pertence à Academia de Trovas do RN desde 1968
e a outras Academias Literárias , na qualidade de Membro Correspondente.

Mantém dez blogs de divulgação culturais, alguns específicos(por ex, para indígenas, para crianças, entrevistas,e tc)

Alguns Livros publicados:

Poesia:
Sombras Feitas de Luz (editora Plurarts);
Asas de Água (Editora Plurarts);
A Indiazinha e o Natal (Ed.Haruko);
Partes de Mim ( RGD Ed.)

Prosa:
Mulheres de sal, Água e Afins – de Contos, em editora do Rio de Janeiro (Urbana) e Libergráfica Editora em Belo Horizonte.
Olhares, Teares, Saberes (selo edit.Popular-S.Luiz-MA)- lançado na Bienal do Livro/Rio
Erotíssima (Selo Catitu) -lançado na Bienal do do Livro /Rio
O Sono das Fadas (Selo Catitu), para crianças até 100 anos-Lançado na Bienal do Livro do Rio.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Trova 266 - Roberto Pinheiro Acruche (São Francisco de Itabapoama/RJ)

Formatação da Imagem com Trova obtida no facebook do autor

Ailton Maciel (Ó Meu Deus!)

I
Ó meu Deus! Ó meu Deus! Destrói a noite.
Eu não suporto o seu cruel açoite
No vento a repicar!...
Eu quero a luz; a noite o ser destrói,
Sua algidez o corpo me corrói
De vício e de pesar!
 
II
Eu sou filho da luz, filho da aurora.
O meu ser purpureja e triste chora
Quando a luz frouxa apaga...
Não me deixes sofrer tanta desgraça,
Senhor, destrói a noite e a traspassa
Pra bem longe... outra plaga!
 
III
Quando à noite me inclino no meu leito,
Me contorço a gemer de todo jeito
A sentir muitas dores;
Depois, quando adormeço - e já bem tarde
O coração fervilha e o peito arde
A sonhar mil horrores!
 
IV
Lembranças muitas tenho do meu bem;
Uma saudade infinda logo vem
Depois... quando desperto!
E sofro angústia... dor... saudade e tédio;
E só os versos de amor são meu remédio.
O meu remédio certo!
 
V
Desprezo o breu e amo o lírio agreste,
Que de alvura a natura lhe reveste,
E transborda de luz.
O branco augusto é a luz que diviniza.
E a luz, pudor e graça simboliza;
E aos bardos seduz!
 
VI
Bendita seja a luz - bendito o dia,
Que transborda de viço e de alegria
Na madrugada em flor!
Te bendigo, ó luz - direção dos mastros
Perdidos em mar - néctar dos astros;
Madona do esplendor!
 
VII
Surgi, luz: - ilumina o meu pensar.
Quero vê-lo divino ao sol brilhar,
Amor reverberando!
Quero subir ao ápice - à fronteira
Onde só brilha luz a vida inteira
O verso alumiando!
 
VIII
Quero subir ao panteon sagrado,
Olhar bem perto o gênio imaculado
Do Deus da inspiração.
Quero ver Vênus - deusa da beleza,
Do formoso, do belo - singeleza;
Dona do coração!
 
IX
Inspira, ó musa, ao poeta um só instante
O viço do pensar inebriante
Que diviniza o verso!
Dai-me luz, ó musa, o verso ilumina-me,
E para o Éden sagrado encaminha-me;
Para a luz do universo!
 
X
Eu sou filho da luz - amo as alturas;
O perfume da flor - das formosuras,
Das candentes donzelas.
Amo o vicejo agreste, a brisa, o vento;
Odeio o mal - o seio purpurino
Das fétidas querelas!
_____________
Ailton Maciel deixou alguns inéditos. Ailton Alves Maciel (nome completo) nasceu em Baturité, Ceará, em 7 de março de 1943. Em vida nada publicou, embora tenha escrito inúmeros poemas, romances e contos. Sua obra mais importante desapareceu. Talvez no incêndio doméstico que quase o matou, em Brasília, onde foi viver (e morrer) no início dos anos 1970. Sua morte clínica se deu no dia 22 de outubro de 1974. Apenas quatro contos se salvaram: "Santa Caçada", "O Touro", "O Careca" e "O Presente da Professora", publicado na revista Literatura n.º 24, de 2003. Outros onze fragmentos encontrados podem ser de contos e romances.
-
Fonte:
Nilto Maciel. In http://literaturasemfronteiras.blogspot.com.br/2008/11/meu-deus-ailton-maciel.html

Jangada de Versos do Ceará (1)

LEONTINO FILHO
(Aracati,1961)
DENTRO DA NOITE, PENSO EM TI


Volta e meia
sigo rumo à ilha do amor
coisas antigas que ficaram
nau perdida no porto abandonado
barco sem vela
que persiste no desenho
formado pelas águas dos rios.

Volta e meia
o fluxo de imagens paira sobre as águas
e sigo devorando
a cauda dos sonhos
retornando ao chão descontínuo da ilusória
estrada do bem querer:
uma outra história.

Volta e meia
o amor perturba o sono descontente das estrelas
e o luar embaraçado
por tantos murmúrios
arma a provisória tenda da paixão:
o meu olhar de neblina
costurado na memória
tece a infância medieval
do teu corpo.
=============================

JOSÉ LINHARES FILHO
(Lavras da Mangabeira , 1939)
A MINHA MAE, HABITANTE DA MORTE


Tua branca rede já não se arma
para a sesta. Todavia guardo,
com o ranger longínquo dos armadores,
a placidez do teu sono
a entreter o meu sonho.
No teu aposento, mansa e invisível, dorme uma ave.
A mesa posta, entre o apetite e a lembrança,
há uma cadeira sem dono.
Falta ao alimento o tempero
que de tuas mãos ninguém pode aprender.
Mas junto a mim esta um cântaro
que se encheu de lágrimas que libertam.
As dálias do jardim continuam a florescer,
cada ano, tão brancas, tão viçosas! Contudo
parecem reclamar a sutileza
de um carinho que o meu sono não esquece...
Teus pincéis dormem
com a resignação de pincéis.
Minha alma imperfeita, a despeito de teres sido
artista perfeita, pede, todo dia,
os últimos retoques.
Santa e elmo,
no navio em que eu encontrar borrasca,
os teus olhos serão santelmo...
No silêncio noturno não se ouvem mais
os passos cautelosos com que fechavas
a janela que dá para a rua,
no entanto percebo,
na lã escura da noite,
o abrigo do teu xale.
=====================================

MYRIA DO EGITO
(Fortaleza)
PINCELADAS TORTURADAS,


esparramando cores
na tela apática,
embebe-se e nasce,
da mão torturada
do pintor.

Feridas jorrando tons,
amarelos desesperados,
vermelhos sangrantes.
E azuis
todas as nuances
mar, noite, água, céu.

Angústia borbulhante
em criação incansável
como se soubesse
que o tempo esvaía-se
como os que partiam
como os que morriam.

Desespero explode
vulcão em erupção.
Alma atormentada
amputando-se.
Faca, orelha, dor,
tela, campo, cor.
Olhar perdido,
sem saber de si.

Perdendo-se
no torturante
pesadelo de criar.

Carente
de um olhar por dentro
da carcaça infame.

Banido.
Tingido de cores
em tela de sombras.

 Teu legado.
que o mundo rejeitou.
espraia-se por
galerias e museus.
Inatingível
e eterno.
Impassível
como as cabeças de cervos
em paredes anónimas,
Conheço tua tortura,
parceiro na loucura,
na busca do ponto final.
==================================

EDUARDO PRAGMACIO DE LAVOR TELLES FILHO
(Fortaleza, 1969)
INVASÃO


Essas imagens perdidas na noite
antes me despertavam encanto,
agora me trazem tormento.

E quando me tocam,
a rosa arranca o espinho,
a taça rejeita o vinho
e o tempo se cobre,
rapidamente,
com um lençol branco de linho.

A imagem
escorrega até a ponta
dos meus dedos,
no íntimo da palavra,
invade o papel.
==============================
 
HORÁCIO DÍDIMO PEREIRA BARBOSA VIEIRA
(Fortaleza, 1935)
A PALAVRA CHAVE

 

 a palavra chave
 já não fecha
 nem abre

 a palavra amor
 muda de cor

 a palavra verde
amadurece

a palavra ave
voa no papel
==========================

CARLYLE DE FIGUEIREDO MARTINS
(Fortaleza, 1899 – 1986)
E S T Ó I C O     


 Pelo caminho estreito em que ora sigo,
Pisando em cardos, sob um céu escuro,
Não vejo a paz serena de um abrigo,
Nem sol que aclare as trevas do futuro.

Encontrar leve alfombra não consigo,
Em toda parte o solo é áspero e duro,
Mas, no árduo impulso do vigor antigo,
Em seguir a jornada me aventuro.

Viva eu a dores infernais sujeito,
Pedradas rudes batam no meu peito,
Pervague à toa, esquálido e sozinho,

Sei que a mágoa da vida é transitória,
E hei de um dia cantar, de amor e glória,
Vendo estrelas e sóis no meu caminho.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Mário A. J. Zamataro (Dois Olhares)

Noite de céu coberto
sem luar
lanterna
estrelas
mas ao longe
um brilho é guia
do andarilho
vacilante

Mesmo o longe
muito longe
não inibe a caminhada
são dois tempos
dois lugares
dois espaços
numa noite

Noite longa
já se arrasta
por estradas
avenidas
ruas tortas
curvas retas
por subidas
e descidas
pradarias
altas serras
vales fundos
cumes rasos
chão batido
asfalto frio
mato ralo
mato grosso
um corguinho*
um rio mais largo
nas esquinas
e nas praças
tantas casas
a cidade

E eis que o longe diminui
mesmo o escuro
a noite cansa
e passo a passo ele andarilho arremete o pó as pedras
vento chuva e tempo tempo]

São dois tempos
dois lugares
dois espaços
numa noite

O andarilho 
enxerga a noite
no horizonte e mais além
nas viradas do terreno
do outro lado da divisa
e a noite é boa
a noite é livre
a noite é clara
é linda a noite
do andarilho
a noite é chama
e ele declama
e se derrama
e se declara
à noite ele ama
a noite é dama e dela emana aquele brilho (brilho ao longe)
do andarilho

Mas andarilha 
ela é também
na mesma trilha
a noite escorre
pelos vãos do tempo tempo
e nos vãos do vento (ui)vento
há muitos vãos
em poucas mãos

São dois tempos
dois lugares
dois espaços
dois olhares
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* Nota:
Corguinho é córrego em linguagem popular. Deve ter nascido do fato de os rios, riachos e córregos serem naturalmente os limites das propriedades.
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Fonte:
CHIARI, Alcir et al. Antologia Novos Autores Curitibanos.  Curitiba: Gusto Editorial, 2013.
Imagem - montagem com imagens obtidas na internet

Marlene B. Cerviglieri (À Hora das Saudades)

Oh! minha Lua Prateada!

Com você eu posso falar!

Que saudade eu sinto das noites frias de junho, onde lá no Terreiro a fogueira ardia em brasa num clarão de tamanho.

Bem antes já se juntavam as madeiras, tudo era em abundância.

Amontoados os troncos, os galhos era só esperar.

Menino ainda sem saber do perigo, e nem mesmo avisado, fazia meus balões para estas noites ir soltar.

Que alegria ver o balão subindo nas suas cores tremendo e o seu fogo até cuspindo.

Ao lado com mesas improvisadas estavam todos os doces, aqueles que hoje não como mais.

Tanta coisa, pé de moleque, cocadinha, batata doce, pinhão cozido e não faltava a canjiquinha e o arroz doce também.

Noutro lado o gostoso bolo de fubá, o milho cozido pronto para mastigar e o quentão só para gente grande tomar.

Ah! que saudades do tempo da roça e do luar.

Cantava-se com a viola tocando, e sanfona fazendo o acompanhamento numa grande alegria.

Meu sonho secreto era ser cantor.

Quando me pegava sozinho cantava com toda minha força com muita alegria no peito.

Saudades das caminhadas no mato procurando os ovos que as galinhas deixavam por lá.

Ir pegar as mangas no chão, pois caíam de montão, não dava tempo de distribuir tudo.

Saudades do vento no rosto, do cheiro de chão!

Do leite quentinho tirado na hora da Mimosa que calma assentia.

Saudades de ir pescar no rio e levar para casa peixes que nunca ninguém viu de tão miúdos. Mas a brincadeira valia.

O tempo passou, o progresso chegou lá também.

O pomar não é o mesmo, as frutas crescem em qualquer tempo!

Os ovos estão guardados recolhidos automaticamente e as galinhas na engorda, presas, coitadinhas.

O leite levam todo embora para ser comercializado.

Tenho saudades sim, mas também estou no novo tempo!

Olha eu aqui escrevendo no computador!

Mas à noite com um olho no céu, procuro a Lua, o luar prateado e se der sorte ainda ouço a voz de um sertanejo cantando sua história, que quase sempre é de amor!

Do sonho de ser cantor, restou a lembrança de um menino que soube aproveitar tudo que a natureza de bom pôde lhe dar.

Na roça, onde meu coração foi morar.
–––––––––––––––––––––-

*Psicóloga e escritora, reside em Ribeirão Preto/SP, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

Fonte:
Revista Literária Café-com-Letras – Ano 11 n.11. Teófilo Otoni: Academia de Letras de Teófilo Otoni, 2013.

Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG (Juventude em Versos Diversos)

JOSÉ FELDMAN*
Saudades

-
Oh! Saudades da juventude,
daqueles dias de outrora,
em que não existia vicissitude,
e eu seguia mundo afora.

Oh! Saudades da juventude,
de quando minha vida era um sonho,
e apesar de toda minha inquietude,
sempre havia um semblante risonho.

Oh! Saudades da juventude,
de um tempo que ficou prá trás,
um tempo em que a solitude,
não era mais que um cartaz.

Oh! Que saudades da juventude,
daqueles tempos de paz!
––––––––––––––––––-
*Escritor, presidente da Academia de Letras do Brasil/Paraná, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
==============================

HELENA SELMA COLEN*
Aos jovens

-
Com o tempo você aprende:
Que a vida é oferecida como um prêmio.
Cultivar esse prêmio é um grande dever.
Que o aprendizado pode perpetuar um bom futuro.
Que o futuro é reflexo do presente.
Que jovem tem o direito de ser jovem.
Mas a obrigação de sentir respeito pelos mais velhos.
Que aquilo que você acredita ser impossível, pode estar acontecendo amanhã.
Que a riqueza pode ser alcançada.
Sem perder a alegria de viver.
Que a felicidade pode ser dividida com outras pessoas.
Que tudo que precisam está ao seu alcance.
É preciso saber procurá-la.
E, acima de tudo, ame.
Ame a Deus e a família. Ame os amigos e os não muito amigos.
Sem desanimar, nunca irá se arrepender.
––––––––––––––-
*Professora, escritora, reside em Ladainha/MG, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni
=======================

CLEVANE PESSOA*
Juventude

-
A juventude mostra uma beleza especial,
pois reúne traços ,força, coragem
para contestar e renovar o Mundo.
Todo o corpo vem da infância,
Com sua carga de vida pura,
Com uma nova existência a possibilitar...
Os órgãos, pouco desgastados,
Quando a saúde impera,
Trazem consigo um vigor
Que se perde depois, sem desejar...
A memória mediata e imediata,
É tão plena de capacidade.
Que os jovens sem perceber,
São capazes de acumular
Informações, lembranças, emoções,
E disputar, desfrutar, narrar,
Tudo que passaram
qual uma ave em voo,
sempre querendo chegar...
Qual uma rosa de pétalas e sépalas perfeitas,
Abrem-se ao beijo de um sol particular!
Ah, se todo esse potencial pudesse ser preservado...
Se os jovens não acabassem as maravilhas
Da vida herdada , com excessos, drogadição,
Se não se expusessem a mil noites indormidas,
à violência, à pressa sem razão!
Se as necessidades do corpo jovem
Não fossem minimizadas pela falta de boa alimentação!
Deveríamos amadurecer a mente, a alma, o espírito,
Mas sem envelhecer , parados
num tempo físico de mais valia,
sem tristezas, mágoas, revoltas,
fome ou violação dos direitos naturais!
A juventude é a verdadeira beleza.
Tudo mais é consolo, é paliativo
À casa corporal que foi bela e agora, em ruínas,
Vai devagar se desgastando
Até ao suspiro final...
–––––––––––––––––
*Escritora, poetisa, membro da Academia Feminina Mineira de Letras, reside em Belo Horizonte/MG, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
==============================

ELBA KHADIJA*
Aos Jovens

-
O refletir e pensar
Ouvir e aceitar,
É o que devemos acatar
Para o nosso bem estar.

Para um futuro brilhante,
Ouvir os sábios
Nos trará glórias
E um saber exemplar.

Educando nossa mente,
Sermos sempre obedientes
Ficaremos à frente
Para as conquistas alcançar.
–––––––––––––––––
*Escritora e poetisa, reside em Paranaguá-PR, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
=======================

FRANSILVA*
Conflito de Gerações

 -
O tempo passa, traz maturidade
Velhas lembranças que se eternizam
Volta e meia traz também saudade
Ou feridas que nunca cicatrizam.

Tempo e experiência, de mãos dadas
Às vezes trazem a sabedoria
Outras tantas, são cruzes ou espadas
Razão de sofrimento e agonia.

Nossa terceira ou, MELHOR IDADE
Lamenta por perder a JUVENTUDE
O jovem busca a maturidade:
Paradoxo em forma de virtude.

Pouco importa a faixa etária
Todas elas são muito importantes
Ainda mais que a faixa é temporária
E os destinos, são itinerantes.
––––––––––––––––––
*Professor, escritor e poeta, reside em Bom Jesus do Galho/MG, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
========================

GLÓRIA BRANDÃO*
Festiva Aurora da Juventude

-
És tu, ser jovem, dono da mocidade
Brisa fresca que invade tua narina
Almejando sorver da vida, toda felicidade
Saiba manejar o lápis para escrever tua sina.

Verdes anos são esses, do teu agora
Vive, pois, esses dias de glória e poesia
Com licitude no desejo que em ti aflora
Colherás flores mescladas de aroma e alegria.

Nos albores fanfarrões da juventude
Esparja belas sementes no teu viver
A vida amiúde, com ledos enganos te ilude
Detentor da juventude, não venhas a padecer.

A aurora da juventude é viçosa e contente
Nesse dilúculo festivo navegam as ciladas
Não penetres em abismo e serás feliz vivente
Assim, tuas pegadas serão por Deus, abençoadas.
––––––––––––––––––––––––––-
*Escritora e poetisa, reside em Itabuna/BA, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
==================================

FRANCISCO ALVES BEZERRA*
Pugilato da razão

-
Surge um facho de luzes, que fazem dos súbitos instantes
Coroa de plumas brilhantes dos páramos azuis.
Ao longe um fraco grito cruza os horizontes
Das páginas do infante livro das luzes.
Nas voltas do século brotam sementes do saber!
E entre as palmas do mundo vão as sementes brotando
E as raízes incólumes vão ficando no solo da amplidão.
E do estrato surgem braços ainda molhados de suor,
Nas mãos um alfarrábio dourado,
Entre os dedos o aljôfar do passado
Com alcunha de esperança do existir.
Mas se o tufão ameaça destruir o Livro Sagrado,
Do esforço grande dos guerreiros verdes,
Surge ao longe sob as imensas plagas
Um forte grito, maior que o infinito,
Mais bravo que Davi.
Meu Deus, que grito é esse,
Que afugenta a tempestade e arrasta o tufão?
Ah! É um grito lançado das páginas brilhantes
Vindo do peito desses bravos estudantes
Do coração do amado Brasil!
E em festa o firmamento aplaude o solo brasileiro,
Que brotou de sementes tão santas
Altaneiras plantas de coração estudantil!
–––––––––––––––––––
*Funcionário Público, escritor, reside em São Bernardo do Campo/SP, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
============================

GESSIMAR GOMES DE OLIVEIRA*
Refém do tempo

-
Juventude,
Fiz o que pude,
Mas, você se foi.

Calmamente,
Lentamente,
Como isso dói!

O tempo passou veloz,
Deixando em todos nós,
Lembranças e cicatrizes.

Hoje sou um idoso,
Desiludido e muito saudoso,
Dos momentos felizes.

Não tenho o vigor de outrora,
Vejo só o correr das horas,
No tristonho rolar do dia.

Ah, se eu pudesse, novamente,
Possuí-la, imediatamente,
Como feliz eu seria!
–––––––––––––-
*Escritor, bancário, reside em Montes Claros/MG, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni
==========================

ANTONIO SÉRGIO TORRES FERREIRA*
Conceito de juventude

-
Como gotas de orvalho,
Que fluem dentre dedos.
Afoitos, vorazes, sem medos,
Vivendo de momentos, atalho.

Doces encantos em faces juvenis,
Forjam personalidades, atrozes,
Permeiam sorrisos em vidas febris,
A vida escoa, tempos velozes.

Momentos de ternura finita,
Encontros de gerações, controversas,
Poesias que nascem em gestos e imitam,
A vida em simples conversas.

Não apenas a esperança do amanhã,
Porém, certezas que englobam experiências,
Todas empreitadas lhe confiadas, pendências.
Serão logo tratadas em todos os temas,
Para produzirem todas as consequências.

Juventude não é apenas não ter idade,
É abrigar no peito um vontade imensa,
Voraz e ter sempre viva a sede do saber e querer,
Como consequência, diariamente oferecidas,
Ter a consciência de absorvê-las com aprazimento.
Para que a experiência do tempo lhe seja amena...!
–––––––––––––––-
*Membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni, titular da cadeira 21.
======================

VERÔNICA VICENZA*
Rejuvenescer

-
Velha, depois da batalha
Chora as cinzas da mortalha
Esquece o sol que ainda brilha
Pensas apenas nos dias de anilha
Em que suportaste o peso da estaca.

Fraca, exausta, cansada...
Envenenada vida dançada
Repousa tua mente
Sossega teu coração
Rejuvenesce calmamente

Abastece-te de paixão
E depois de todo o alívio que sente
Ao esquecer os percalços de vivente
Segue...
Siga jovem, o teu caminho.

Pois a vida é feita das feridas que levamos
Mas também do sucesso das batalhas que travamos.
–––––––––––––––––––––-
*Escritora, poetisa, relações públicas, reside em Águas Belas/DF, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
===============================

LEUSON FRANCISCO DA CRUZ*
A Juventude

-
Tão sábia, às vezes sabiá
Tanto do campo ou da cidade
Também gosta de cantarolar
É gente moça, é mocidade.

Desabrocha como as flores
Alegra o lugar onde está
Perde tempo pra sonhar
Retira em ilusões de amores.

De passagem é passageira
Porque não se deu conta ainda
Pois vaga como uma estrela
Até de passagem é muito linda.

Perde tempo pra pensar
À vezes tem forte reflexo
Outras vezes pra se mostrar
Fica cheia de complexo.

Gosta sempre de criticar
Atitudes dos mais velhos
Às vezes não leva a sério
Que envelhecer é capacitar.

Quando se é jovem ou juvenil
Com a força da jovialidade
É um orgulho para esta idade
Ser chamada, futuro do Brasil.
––––––––-
*É membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni, titular da cadeira 2.
========================

Fonte:
Revista Literária Café-com-Letras – Ano 11 n.11. Teófilo Otoni: Academia de Letras de Teófilo Otoni, 2013.

Lenda da Vela de Natal

Era uma vez um pobre sapateiro que vivia numa cabana, na encruzilhada de um caminho, perto de um pequeno e humilde povoado. Como era um homem bom e queria ajudar os viajantes, que à noite por ali passavam, deixava na janela da sua casa, uma vela acesa todas as noites, de modo a guiá-los. E apesar da doença e a fome, nunca deixou de acender a sua vela.

Veio então uma grande guerra, e todos os jovens partiram, deixando a cidade ainda mais pobre e triste. As pessoas do povoado ao verem a persistência daquele pobre sapateiro, que continuava a viver a sua vida cheio de esperança e bondade, decidiram imitá-lo e, naquela noite, que era a véspera de Natal, todos acenderam uma vela em suas casas, iluminando todo o povoado.

À meia-noite, os sinos da igreja começaram a tocar, anunciando a boa notícia: a guerra tinha acabado e os jovens regressavam às suas casas!

Todos gritaram: “É um milagre! É o milagre das velas!”.

A partir daquele dia, acender uma vela tornou-se tradição em quase todos os povos, na véspera de Natal.

Fonte:
http://natal.com.pt/contos-e-lendas-de-natal

Paulo Walbach Prestes (A Mulher e o Diamante...)


CENTRO PARANAENSE FEMININO DE CULTURA

Garimpando, numa enciclopédia, encontrei a mais brilhante de todas as pedras preciosas que o homem tem conhecimento, e, por sorte, era a que eu tanto buscava para incrustar no meu trabalho.

Minha mente, tão logo, embarcou numa nave de sonhos e fez-me flutuar, num local bastante ensolarado. Parecia eu estar com uma velha bateia, e, nela, uma multidão de cascalhos, negros e toscos cascalhos, trepidando, pelo balançar fremente de minhas mãos, de repente, ali, frente àquele rudimentar berço de esperanças, apenas nós dois, eu e o dia, a vislumbrarmos um minúsculo ponto de luz...

Na plateia, um gáudio clima de expectativa. Os lugares quase tomados. A maioria eram mulheres a dar vida àquela tarde festiva. Todas elegantemente vestidas. Em seus andares irrequietos, teciam os felizes reencontros.

No palco, um piano de cauda, negro como o carbono, contrastando com suas teclas alvacentas; no silêncio de suas cordas, apenas o murmúrio das vozes; ao centro, uma mesa coberta por uma toalha de cerimônias, sob um microfone e uma jarra de água, ambos, à espera da presidente da instituição. Um arranjo de flores oferecia um toque de distinção e alegria ao ambiente.

A plateia, na penumbra - o palco, iluminado, A cerimônia iniciara com a apresentação das personalidades culturais da cidade. A sobriedade da anunciante contrastava com a ansiedade dos convidados.

Uma senhora impecavelmente vestida, chegava à mesa diretora, na expectativa de principiar a leitura central do programa. Num segundo, sua face empalidecera, deixando-a, levemente, com ar de preocupação, pois, ali, percebera, em silêncio, que a última página do que deveria ler lhe escapara. Era o desfecho de sua mensagem que havia escrito na noite anterior. Talvez um zéfiro brincalhão e fugidio tivesse levado a última folha para o infinito. Iria, provavelmente, ler no céu, junto a outras estrelas, que, certamente, não estavam ali... Restou-lhe um ínfimo ponto de angústia que, rapidamente, se desfez. Ninguém havia observado tal fato. O sorriso daquela mulher marcava, levemente, a alegria e a felicidade de estar ali, contando um pouco de uma grande história. Parecia deslizar em palavras, uma verdadeira epopeia. Um pincelar da trajetória daquela entidade que comemora, neste ano, o seu septuagésimo quinto aniversário.

Iniciou a sua fala com a leitura e encerrou, com muita dignidade e competência, o que o papel lhe havia ocultado, sem demarcar alguma diferença entre a leitura pré-estabelecida e a fala improvisada. Havia, nela, um certo brilho. Havia algo de espiritual, iluminando aquele momento. Parecia que centelhas dos céus estavam ali a aplaudir o que acontecia.

"Saudade! Deixa um pouco de si.., leva um pouco de nós..."
Odete Naufall Fruet


A pedra que tanto procurava, estava registrada como um precioso mineral de profundo brilho, formado por carbono puro cristalizado. Recebeu o nome de diamante, por conta do grego, adámas - antos: inflexível – indomável, considerado imperecível, justamente por não haver nada comparável a sua dureza. Da sua beleza e raridade provém ser a mais cobiçada e estimada de todas as pedras, O lançamento do livro fora anunciado e, também solicitada a presença da competente escritora e coordenadora da obra. Outra dama aparece; dessa vez, Vera Buck, uma verdadeira esmeralda a receber o primeiro exemplar. Na página em que a presidente da casa, Chloris Casagrande Justen, faz a apresentação do livro, alguma coisa me sugere a continuar o meu garimpo:

"O livro aqui está, a jóia que todos esperavam:
Na sensibilidade do olhar, na versatilidade das palavras,
nos múltiplos dons que enriquecem o espírito,
a essência da vida e dos tempos,
a jornada inteira do Centro Feminino".

Os pensamentos viajam. A mente voa. O local é a escadaria da Catedral de nossa Curitiba, ainda com sombras de cidade provinciana, em que a mulher ainda deveria ficar no âmbito doméstico, apenas gerenciando a casa.

"Na penumbra da ribalta, vultos se encontram no retecer de uma história".
Ceres De Ferrante


Três jovens moças, com ideias voltadas para o alto e para o futuro, decidem abrir clareiras para tornar os caminhos da mulher mais justos e humanos, e fazer delas, mais um importante instrumento social e cultural, paralelo ao trabalho do homem.

"... a saudade não é acorrentadora e sim um sentimento de uma beleza infinita porque é a evidência de que amamos e fomos amados".
Flora Camargo Munhoz da Rocha


O ano de 1933 foi realmente inspirador. O Centro Paranaense Feminino de Cultura é fundado, abrindo suas portas, ainda numa modesta casa. E na escuridão da caverna do tempo, um clarão de luz. A gestação, a descoberta, a lapidação contínua. As pedras ainda dormiam na brutalidade de seu ser. Sem forma, bruta e espetacularmente negra, tal como a noite, quiçá, salpicada de pontos luzentes. Muitas pedras Jaziam nos caminhos, outras acordavam, nas delicadas mãos dessas três jovens idealistas. As dificuldades escondiam-se entre pedras e cascalhos, A perseverança e o porvir de suas mentes desobstruíam os caminhos, para passar a esperança. A alma sofrida pelas diferenças sociais, iluminava-se com o espírito de luta e determinação.

''Do longo sono secreto na entranha escura da terra, o carbono acorda, diamante!"   
Helena Kolody


O tempo correu. Correu, carregando, no ventre prolífero, muita energia e determinação; pelas veias, corriam a adrenalina de seus ideais, em cada gesto de cansaço, pelas noites mal dormidas, a abertura do sorriso a cada amanhecer; o suor da perseverante luta passou a ser o bálsamo da vontade, da união, da sensibilidade dessas mulheres fortes e gentis, que, sutilmente, traçavam objetivos fiéis aos seus sonhos. Não eram mais três. Eram muitas mulheres, unidas pelo encalço de um futuro promissor.

Os sonhos voaram. As sementes foram suavemente plantadas pelas delicadas mãos e pelos desafios planejados. A colheita tornou-se realidade. Incontáveis aquelas que seguiram seus rastros, na fragrância das flores que orlavam seus caminhos. Muitas pedras toscas serviram de degraus para a íngreme caminhada. Todas essas deusas humanas, uma a uma emprestaram suas forças, incontinente, sem pedir ao tempo uma espera. Todas prestaram seus serviços para a construção dessa verdadeira jóia cultural e social.

"Enfrentou perigos, carregou pesados fardos, correu, recolheu as pedras, vitórias festejou".
Dária Farion

Hoje, estende-se, à história desse templo de cultura, um valioso colar humano; humano e feminino, resistente e insuperável, que atravessou o tempo, através de um trabalho árduo e persistente de verdadeiras garimpeiras, frágeis no aspecto, bravias, corajosas e fiéis nas atitudes.

Cada pedra, uma lapidação - cada sonho, uma canção - cada noite em claro, a luz de um novo dia a iluminar novos caminhos - a cada pranto de impossibilidades, a força e o sorriso das vitórias; mãos calejadas por empunharem a força sobre esmeril - um árduo trabalho realizado; no gáudio de cada conquista, o luzir de cada lágrima a rolar num rio fecundo e transbordante.

"A própria água tem memória; jamais se apaga uma história".
Kathleen Muller

O que nos sugerem estes nomes que formam o desenho abaixo? O que essas palavras interligadas querem retratar no contexto?
-

HOPE
DRESDEM
CULLINAN 1
ESTRELA DO SUL
KOHL I NOOR
FLORENTINO
HOPE
 
-
Existe um paralelo e muita simbologia, num trabalho quase artesanal, incrustando no texto, uma ideia diferente de montar esta crônica. Quase a mesma coisa, seria enumerar aqui todos os nomes enfileirados, no decorrer de todos esses anos, para homenagear a cada uma, assim como, contar pedra por pedra que cobre e veste essa vereda...

Rosy Pinheiro Lima
llnah Secundino
Deloé Scalco -

Além dessas primeiras, outras, igualmente, fizeram brilhares caminhos tortuosos, como Presidentes e administradoras do Centro, assim como todas as mulheres que compõem o Livro dos 75 anos; a cada página, um retrato e uma história fulgurante de um trabalho da brilhante trajetória, desse templo de glórias, que se transformou numa verdadeira preciosidade, que deve servir de exemplo para as gerações seguintes.

As palavras estranhas acima, sugeriam também colocarmos nesta mensagem os muitos nomes que iluminaram e iluminam esse Templo Cultural, mas seria injusto se, porventura, omitíssemos algum deles,..

Então, todas sintam-se abrilhantadas e identificadas, nas entrelinhas desta crônica, já que a maioria reluz, no livro alusivo ao Jubileu de Diamante. Àquelas que, por razões diversas, não constam do Livro, cintilam nos anais da historia heróica deste Centro.

É apenas uma singela homenagem do Centro de Letras do Paraná, através de sua Revista, ao Centro Paranaense Feminino de Cultura, pela glória de galgar um importante espaço, na sociedade cultural paranaense, e alcançar, com méritos, tal tempo de vida, e, sem sombras de dúvida, há, ainda, muito espaço a seguir, muita saúde e, disposição, muito espírito de luta, para poder transpor as tantas caminhadas e batalhas, nos infindáveis anos de vida que hão de vir e porvir pela frente, lembrando que, muitas empresas comerciais, com situações vantajosas e privilegiadas dentro do Estado, com o poder nas mãos e com nomes importantes, feneceram, no meio de seus caminhos, cujos dossiês nos contaram, ter sido, entre tantos fatores, a falta de união, a ganância e a incompetência, sinais que sublinhamos com brilho, às equipes desse Centro.

Assim, ao compormos esta ideia, tecemos um paralelo verdadeiro entre linhas, medidas, pesos, quilates, qualidades, fatores, sonhos, sentidos, ideais e sentimentos, e pudemos definir o valor existente entre o ser matéria e o ser humano, que, simbolicamente, registra este encontro.

"Amizade, troca muda de bem querer, calor humano, mão que se estende, afaga e apoia".
Juril De Plácido e Silva Carnasciali


Desta feita, podemos concordar que o ser humano consegue lançar, com coragem, o seu coração, na igual velocidade de sua mente, onde há respeito, determinação, amor, união, liberdade de expressão e visão. Assim, pode agitar a sua bateia, esmerilhar tantas quantas pedras forem preciso, para transpor seus caminhos; sulcar a profunda rocha e defender todos os anseios, na busca de seus ideais, não importando as demais condições humanas, como cor, raça, idade, sexo...

E assim, o Centro Paranaense Feminino de Cultura, a primeira entidade feminina a desfraldar a bandeira da liberdade de trabalho, de escolha e de luta, pelos anelos de uma melhor e mais justa sociedade cultural, conseguindo incrustar na História do Paraná, em especial, de Curitiba, o brilho incalculável, pela dureza do caráter e pela imperecível vontade de lutar, em favor do bem.

"A cultura paranaense é pujante... e vai em frente!"
Marita França


E a doce senhora, que à mesa diretora pronunciava o seu discurso, numa mensagem de gratidão a todas aquelas mulheres ali presentes e ausentes, iluminava, de certa forma» aquele momento tão esperado, que se cristalizou na memória de todos, como um ponto de referência, de resistência e de amor, representando as demais, num elo, entre o que passou e o que, virá, transmutando tudo, numa corrente, numa oração, e que iluminada pela razão e pela luz de Deus, parecia ser um verdadeiro diamante:

Chloris Casagrande Justen

Mas ela não estava só - muitos nomes, muitas vidas, algumas vieram antes, outras foram juntando-se ao comboio e se fortalecendo e, a cada gestão, vêm deixando lições para novos pensamentos, novas mentes, outros ciclos, sempre com o espírito de alegria,

"Rir como se fosse eterna primavera... como se eu pudesse adormecer entre flores,.."
Janske Schelenker


E o trabalho e o tempo, em suas vidas, trouxeram o Jubileu de Diamante, marco determinante entre o passado, o hoje e o sempre, graças à força e determinação de todas, somadas aos seus nobres sentimentos, por causas igualmente nobres, justas e humanas, que só engalanam e valorizam a própria causa e todos os nomes que as produziram, numa contínua corrente de elos humanos, como um colar feito pelos diamantes de suas almas e pelo luzir de seus espíritos.

"Valorize a alegria sã que transcende problemas e conquista espaço diante dos revezes da vida"
Leonor Lezan


Assim, valemo-nos da simbologia, numa viagem misteriosa entre a literatura, a poesia, a cultura, o trabalho intuitivo feminino, o trabalho de força braçal masculino, a competência, a inteligência e a sensibilidade de ambos, e todos os mistérios profundamente escondidos no universo mineral, concluindo que, a humanidade pode levar um tempo para colher os frutos de seu trabalho, pode levar segundos também; levando em conta que a natureza tem ciclos diversos, atravessa eras inteiras de transformações, mas a geração de um diamante é milenar...

"É ponto pacífico, o valor literário não tem sexo".
Nilcéa Romanowiski


Abaixo, prestamos informações alusivas aos mais famosos diamantes do mundo, lembrando o desenho em forma de um diamante lapidado, anteriormente disposto e, composto por estas denominações:

Dresden, 41 quilates, de 1700, pertenceu a Augusto, o Forte, Duque da Saxônia e atualmente encontra-se no Hall Verde, em Dresden, Alemanha.

Hope, 44,5 quilates, diamante lapidado que apareceu à venda em 1830,tendo sido adquirido por um banqueiro de nome H.T.Hope. Conta a história que este diamante foi roubado e relapidado e passou por muitas mãos,Hoje, encontra-se no Smithsonian Institution, em Washington.

Cullinan 1,530 quilates, lapidado do maior diamante encontrado pelo homem,da empresa de mineração Thomas Cullinan. Adorna o cetro de Rei Eduardo VII e é chamado também como Estrela da Africa.

Koh-I-Noor, 108 quilates, originalmente uma pedra redonda pertencente a um rajá da índia e adquirido pelo Xá da Pérsia (Irã) em 1739 que o denominou Montanha de Luz, pelo seu intenso brilho, significado do nome. Passou por várias rainhas, daí para a Rainha Eiizabeth e hoje está na Torre de Londres.

Xá, 88 quilates, proveniente da Índia, contendo três inscrições de nomes de monarcas, entre eles, o Xá da Pérsia, oferecido ao Grande Czar da Rússia, hoje guardado no Kremlin, Moscou.

Florentino, 137 quilates. O início de sua história mergulha em lenda. Em 1667, pertenceu à família dos Médicis, de Florença, daí o seu nome. Seu paradeiro é desconhecido, desde a primeira Guerra Mundial.

Estrela do Sul, 50 quilates, o famoso pingente, em forma de coração, que sugeriu o romance da tragédia do Filme Titanic.

Fonte:
Revista do Centro de Letras do Paraná. n.53. Curitiba: Progressiva. agosto 2009.
Imagem = rosto de Chloris Casagrande Justen no Diamante Koh-I-Noor, 108 quilates,

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

José Feldman (Aquarela de Trovas n. 8)

Cheia de brilho e de encantos,
loucamente apaixonada,
a lua faz chover prantos
nos olhos da madrugada.
ADEMAR MACEDO – Natal/RN
-
Paquerador, mas casado,
da aliança faz segredo.
Sai por aí, o safado,
com um “bandeide” no dedo...
ADILSON DE PAULA – Joaquim Távora/PR
-
Nosso amor só necessita
de alguns metros de coragem,
porque a fronteira limita,
mas não impede a passagem.
ALMERINDA LIPORAGE – Rio de Janeiro/RJ
-
Este céu desarrumado,
em mil cores desiguais,
é o do dia já cansado
que passa e não volta mais.
AMÁLIA MAX – Ponta Grossa/PR
-
Na busca eterna da paz,
a humanidade se enterra;
seus próprios sonhos desfaz
na luta inglória da guerra!
AMARYLLIS SCHLOENBACH – São Paulo/SP
 -
A vida segue de arrasto,
do sonho nada me resta...
E o que sentia tão vasto,
vejo agora que não presta.
ANTONIO MANOEL ABREU SARDENBERG – São Fidélis/RJ
 -
E’ um fato mais que evidente,
e que a própria Bíblia ensina:
que “a língua do imprudente
é a sua própria ruína”.
AMÍLTON MONTEIRO – São José dos Campos
 

Se alguém te humilha, perdoa,
e se alguém te fere, esquece.
Ódio guardado magoa,
só o amor envolve e aquece.
ARLENE LIMA – Maringá/PR
-
Meu verso não se renova,
pois esta angústia sofrida,
mais do que tema de trova,
é o tema da minha vida!
ARLINDO TADEU HAGEN - Belo Horizonte/MG
-
En la isla de tus brazos
quiero estar. cariño mío.
Ser presa de tus abrazos
para quitar yo mi frío.
CARMEN PATIÑO FERNÁNDEZ - Espanha
-
O pão e o vinho, que trago
à mesa para nós dois,
são muito mais que um afago,
visando o agora e o depois.
CIDINHA FRIGERI – Londrina/PR

Ela é muito pecadora,
se o pecado é querer bem:
na verdade é pe(s)cadora
de trovadores também...
CLEVANE PESSOA – Belo Horizonte/MG
-
O tempo não mede espaços,
passa em corrida fatal,
e o trovador, em seus passos,
nunca passa, é um imortal.
CONCEIÇÃO PARREIRAS ABRITTA - Belo Horizonte/MG
-
Ter sempre a palavra certa
e a mão em paz estender;
ter a mente sempre aberta:
isso se chama viver!
CONCEIÇÃO ASSIS – Pouso Alegre/MG
 -
Senhor, neste amanhecer,
louvo a tua criação:
da aurora ao entardecer,
eu te encontro em meu irmão!
CÔNEGO TELLES – Maringá/PR
-
Olhei a foto atrevida
de uma cena de nós dois:
Era o retrato da vida,
tão diferente depois!
DELCY CANALLES – Porto Alegre/RS
 -

Sofrem tantos na agonia
do delírio, dito "amor";
isso tudo acaba um dia,
faz  frio após o calor...
DIAMANTINO FERREIRA – São Fidélis/RJ
-
O nosso amor escondido,
sem promessa de aliança,
tem o sabor proibido
da fruta da vizinhança!...
DOMITILA BORGES BELTRAME – São Paulo/SP
-

Ora eloquente, ora mudo,
teu olhar é uma charada:
promessa sutil de tudo,
no fútil revés... do nada!
DOROTHY JANSON MORETTI – Sorocaba/SP
-
Não julgues a sorte ingrata,
pois Deus, que tudo divisa,
bem sabe a medida exata
da ajuda de quem precisa...
EDMAR JAPIASSÚ MAIA – Rio de Janeiro/RJ
-
Quando o orgulho é o timoneiro
das viagens da paixão,
qualquer que seja o roteiro,
não encontra a direção!
ELIZABETH SOUZA CRUZ – Nova Friburgo/RJ
-
Minha alma tão pequena
perto de um mar tão profundo
torna-se grande e serena
para as ressacas do mundo.
FÁTIMA PANISSET – São Fidélis/RJ
-
O poeta é um fingidor.
finge tão completamente,
que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente!
FERNANDO PESSOA – Lisboa/Portugal
-
Em seu retorno o barqueiro
joga as redes para o ar,
e prossegue o tempo inteiro,
pescando sonhos no mar...
FLAVIO ROBERTO STEFANI - Porto Alegre/RS
-
Perdido em divagações
sento à beira do caminho...
Como se as recordações
não me deixassem sozinho!
IALMAR PIO SCHNEIDER - Porto Alegre/RS
-
Voy por la vida soñando,
de mil sueños, soñador,
yo  voy riendo, voy cantando…
 ¡soy un nuevo trovador!
JAIME CORREA - Chile
-
Se sofres, poeta, canta,
que essa cantiga, aonde for,
consola, embala, acalanta,
quem vive pobre de amor!
JEANETTE DE CNOP – Maringá/PR
-
Aquellos besos que tiernos
ayer me apasionaron
fueron crueles inviernos
que mi isla destrozaron.
JOSELITO FERNÁNDEZ TAPIA – México
 -
Se este mundo tão bisonho
te nega paz e guarida,
usa o refúgio do sonho,
onde o amor sustenta a vida!
JOSÉ LUCAS DE BARROS - Natal/RN
-
Se somos vidas sozinhas
não culpemos mais ninguém:
tu, prometeste ...e não tinhas;
eu...dei tudo e fiquei sem...
JOSÉ OUVERNEY – Pindamonhangaba/SP
-
Todo filho vem dos pais,
vem o mel da flor silvestre;
não há dor sem dor nos ais
nem discípulo sem mestre.
LAIRTON TROVÃO DE ANDRADE – Pinhalão/PR
-
El sol brinda su magia
a la isla de esplendor,
y la luna ya presagia,
momentos de nuestro amor.
LÍBIA BEATRIZ CARCIOFETTI – Argentina
 -
Palabras aún en distancia
son vida para quien ama,
pueden saciarnos el ansia
amándonos con su llama.
MARIA CRISTINA FERVIER – Argentina
-
A tristeza que me invade,
e que nunca chega ao fim,
é fruto de uma saudade
que nasceu dentro de mim.
MARIA GRANZOTO – Arapongas/PR
-
Não me dêem mais ofertas,
Que não seja a Amizade
Coração - portas abertas
Amigos em Unidade!
MARIA JOSÉ FRAQUEZA – Portugal
-
Sem teu amor e carinho,
brindo à ausência da ilusão...
neste cálice de vinho
com sabor... de solidão!
MARIA LÚCIA DALOCE CASTANHO – Bandeirantes/PR
-
Após o tempo vencido,
nesse teu mundo reverso,
que importa o nome esquecido,
se imortal será teu verso?!...
NEIDE ROCHA PORTUGAL – Bandeirantes/PR
-
No teatro desta vida
cada qual faz sua história:
se não for bem aplaudida
é vaiada e vexatória.
NEI GARCEZ – Curitiba/PR
-
Quando há morte programada
pelos quadrantes da terra,
homens que não valem nada
sentem paz plantando guerra.
NILTON MANOEL - Ribeirão Preto/SP
-
Nas capelas, a candura
das esposas nas novenas.
Fora delas, a aventura
dos maridos “noutras” cenas...
OLGA AGULHON – Maringá/PR
 -
“Tem quantas partes o crânio?”,
pergunta a mestra à piazada.
Responde unzinho, instantâneo:
“Depende da cacetada!”
OSVALDO REIS – Maringá/PR
-
Quando a tarde veste o manto,
torna escura a luz do dia,
saudade, dói outro tanto,
do tanto que já doía.
PROF. GARCIA – Caicó/RN
-
Duas almas deves ter...
é um conselho dos mais sábios:
Uma no fundo do ser,
outra boiando nos lábios.
RAUL DE LEONI – Petrópolis/RJ
-

Minhas trovas são abraços,
mil braços vou abraçar,
nos mil infinitos laços
que a trova sabe engendrar.
ROZA DE OLIVEIRA - Curitiba/PR
-
E’ o abuso da riqueza
e o desprezo à educação
que põe sobre a nossa mesa
a fome, em lugar do pão.
SÔNIA SOBREIRA DA SILVA – Rio de Janeiro/RJ
-
Tenho no meu peito um mar
de amor, imenso e profundo
sonho vê-lo transbordar,
causando enchentes no mundo.
VANDA FAGUNDES QUEIROZ - Curitiba/PR
 -
Romântico e apaixonado,
meu pensamento flutua,
vai ao céu... volta zoado:
Vive no mundo da lua!
VÂNIA ENNES – Curitiba/PR