sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Monteiro Lobato (Emília no País da Gramática) Capítulo VIII: No acampamento dos Verbos

— Agora iremos visitar o Campo de Marte onde vivem acampados os VERBOS, uma espécie muito curiosa de palavras. Depois dos Substantivos são os Verbos as palavras mais importantes da língua. Só com um Nome e um Verbo já podem os homens exprimir uma idéia. Eles formam a classe militar da cidade.

— Mas que é um Verbo, afinal de contas? — perguntou Pedrinho.

— Verbo é uma palavra que muda muito de forma e serve para indicar o que os Substantivos fazem. A maior parte dos Verbos assumem sessenta e oito formas diferentes.

— Nesse caso são os camaleões da língua — observou Emília. — Dona Benta diz que o camaleão está sempre mudando de cor. Sessenta e oito formas diferentes! Isso até chega a ser desaforo. Os Nomes e Adjetivos só mudam seis vezes — para fazer o Gênero, o Número e o Grau.

— Pois os senhores Verbos até cansam a gente de tanto mudar — disse o rinoceronte. — São palavras políticas, que se ajeitam a todas as situações da vida. Moram aqui em quatro grandes acampamentos, ou campos de CONJUGAÇÃO.

Os quatro acampamentos ocupavam todo o Campo de Marte. Cada um trazia letreiro na entrada. Emília leu o letreiro mais próximo — Acampamento dos Verbos da PRIMEIRA CONJUGAÇÃO. Em letras menores vinha um aviso: "Só é permitida a entrada aos Verbos de Infinito terminado em Ar".

— Que quer dizer Infinito? — indagou Narizinho.

— É uma das sessenta e oito formas diferentes dos Verbos, e a que dá nome a toda a tribo.

O acampamento imediato era o da SEGUNDA CONJUGAÇÃO, para os Verbos terminados em Er. O acampamento seguinte era o da TERCEIRA CONJUGAÇÃO, para os Verbos terminados em Ir. Os meninos viram um acampamento mais novo, anexo ao acampamento dos Verbos da Segunda Conjugação.

— Vamos começar nossa visita por aquele — disse Emília —, só porque ele é mais novinho e menor do que os outros.

Dirigiram-se todos para lá, mas o desapontamento foi grande. Encontraram apenas o Verbo Pôr e sua família.

— Ora essa — disse Emília. — Explique, Quindim, o que faz aí esse coruja? Por que não está no acampamento grande junto com os outros?

Quindim suspirou e começou:

— Antigamente Pôr pertencia à Segunda Conjugação e chamava-se Poer. Mas o tempo, que tanto estraga e muda os Verbos, como tudo mais, fez que apodrecesse e caísse o E de Poer. Ficou Pôr, como está hoje. Os gramáticos então criaram uma nova conjugação para ele e seus parentes Compor, Depor, Propor, Dispor, Antepor, Supor e outros. Depois outros gramáticos acharam que não estava bem criarem uma conjugação inteira para um Verbo só, e trouxeram o pobre Pôr e sua família para este anexo da Segunda Conjugação e lhe deram o nome de Verbo ANÔMALO, que quer dizer Verbo Anormal da Segunda Conjugação.

— Que complicação! Seria muito mais simples fabricarem um E novo de pau para substituir o que apodreceu — lembrou Emília.

— Parece simples mas não é. Os gramáticos mexem e remexem com as palavras da língua e estudam o comportamento delas, xingam-nas de nomes rebarbativos, mas não podem alterá-las. Quem altera as palavras, e as faz e desfaz, e esquece umas e inventa novas, é o dono da língua — o Povo. Os gramáticos, apesar de toda a sua importância, não passam dos "grilos" da língua.

— Nesse caso — insistiu Emília —, em vez de xingá-lo de Anômalo, podiam ter posto um letreirinho no pescoço do Verbo: "Ele é Poer; se está Pôr é porque o E apodreceu e caiu". Mas vamos sair do anexo e ver o acampamento da Segunda Conjugação.

Lá estava coalhado de Verbos, a ponto dos meninos nem poderem andar. O momento era bom. O batalhão do Verbo Ter, que é dos mais importantes, ia desfilar. Uma cometa soou e o desfile teve começo.

Esse batalhão compunha-se de sessenta e oito praças, ou PESSOAS, distribuídas em companhias, ou MODOS, e em pelotões, ou TEMPOS. Abria a marcha o MODO INDICATIVO, com trinta e seis soldados repartidos em seis Tempos. Na frente de todos vinha o TEMPO PRESENTE, composto de seis soldadinhos, cada qual com um Pronome no bolso. Os Verbos não sabem andar sós; vivem ligados a alguém ou alguma coisa, que é o SUJEITO; e quando o Sujeito não está presente, botam em lugar dele um Pronome.

Os nomes dos seis soldadinhos do Tempo Presente eram Tenho, Tens, Tem, Temos, Tendes e Têm, e os Pronomes que traziam no bolso eram Eu, Tu, Ele, Nós, Vós e Eles. Seis soldadinhos vivos e enérgicos, que marchavam muito seguros de si.

— Bravos! — gritou Emília. — Pelo jeito de marchar a gente vê que eles têm mesmo. . .

Em seguida veio o Segundo Tempo, cujo nome era PRETÉRITO IMPERFEITO; tinha igual número de soldadinhos, ou Pessoas, embora menos jovens e com caras menos vivas.

Chamavam-se Tinha, Tinhas, Tinha, Tínhamos, Tinheis e Tinham.

— Esses não têm: tinham!. . . — observou Pedrinho. — Por isso estão meio jururus.

Depois veio o Terceiro Tempo, chamado PRETÉRITO PERFEITO, composto igualmente de seis soldados de olhos no fundo, amarelos, magros, com expressão de medo na cara. Eram eles Tive, Tiveste, Teve, Tivemos, Tivestes e Tiveram.

— Estou vendo! — comentou Emília. — Tiveram, já não têm mais nada, os bobos. Bem feito! Quem manda. . .

— Quem manda o quê, Emília? — indagou Narizinho.

— Quem manda perderem o que tinham? Agora agüentem.

Depois desfilou o Quarto Tempo, chamado PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO. Eram também seis soldados — Tivera, Tiver as, Tivera, Tivéramos, Tiver eis e Tiveram.

Depois passou o Quinto Tempo, chamado FUTURO DO PRESENTE, e foram recebidos com palmas por serem soldadinhos dos mais alegres e esperançosos — Terei, Terás, Terá, Teremos, Ter eis, Terão.

— Estes são espertos — disse Pedrinho. — Sabem contentar a todo mundo. Viva o Futuro!. . .

Estava terminado o desfile do Modo Indicativo, que exprime o que é, ou a realidade do momento.

Houve um pequeno descanso antes de começar o desfile do MODO IMPERATIVO, que era orgulhosíssimo. Compunha-se apenas de cinco soldados carrancudos, com ar mais autoritário que o do próprio Napoleão. Eram eles o Tem, Tenha, Tenhamos, Tende, Tenham.

— Só fazem isso — explicou Quindim. — Mandam que o pessoal tenha.

— Tenha que coisa? — indagou Emília.

— Tudo quanto há. Quando o Imperativo diz para você, com voz de ditador: Tenha juízo, Emília!, ele não está pedindo nada — está mandando como quem pode, ouviu?

— Fedorento!... — exclamou a boneca com um muxoxo de pouco-caso.

Depois desfilou o MODO SUBJUNTIVO, com três Tempos, de seis Pessoas cada um. O Primeiro Tempo, de nome PRESENTE, trazia os soldados Tenha, Tenhas, Tenha, Tenhamos, Tenhais e Tenham.

Em seguida desfilou o Segundo Tempo, de nome PRETÉRITO IMPERFEITO, com os seus seis soldados — Tivesse, Tivesse s, Tivesse, Tivéssemos, Tivésseis e Tivessem. E por fim desfilou o Terceiro Tempo, o FUTURO, com os seus seis soldados — Tiver, Tiveres, Tiver, Tivermos, Tiverdes e Tiverem. E pronto! Acabou-se o Modo Subjuntivo, que é o Modo que indica alguma coisa possível.

— Qual o que vem agora? — perguntou o menino.

— Vai desfilar agora o MODO INFINITIVO — respondeu Quindim. — Esse Modo só tem dois Tempos — o PRESENTE IMPESSOAL, com um soldado único — Ter; e o PRESENTE PESSOAL, com seis soldados — Ter,

Teres, Ter, Termos, Terdes e Terem.

— Hum!... — exclamou Emília quando viu passar, muito teso e cheio de si, o soldadinho Ter, do Presente Impessoal. — Este é o tal Infinito, pai de todos e o que dá nome ao Verbo. Um verdadeiro general. Merece parabéns pela disciplina da sua tropa.

Fechava a marcha do Modo Infinito o GERÚNDIO, composto do soldado Tendo, seguido logo depois do PARTICÍPIO, composto também dum só soldado, um veterano muito velho, com o peito cheio de medalhas — Tido.

— Parece o Garibaldi — asneirou a boneca. — Escangalhado, mas glorioso.

Estava finda a revista do Verbo Ter. O rinoceronte perguntou aos meninos se queriam assistir a outras.

— Não — respondeu Narizinho. — Quem vê um Verbo, vê todos. Só quero saber que história é essa de Verbos REGULARES e IRREGULARES. Estou notando ali uma cerca que separa uns de outros.

— Verbos Regulares são os bem-comportados — explicou Quindim —, os que seguem as regras muito direitinhos. Verbos Irregulares são os rebeldes, os que não se conformam com a disciplina. Este Senhor Ter, por exemplo, é Irregular, visto como não segue o PARADIGMA da Segunda Conjugação.

— Que Paradigma é esse agora? — indagou Pedrinho.

— Cada Conjugação possui o seu Regulamento, ou Paradigma, a fim de que todos os Verbos Regulares formem as suas PESSOAS sempre do mesmo modo.

— Que Pessoas, Quindim?

— Os soldadinhos são as Pessoas dos Verbos, creio que já expliquei. Tenho, Tens, Tem, Temos, Tendes e Têm, por exemplo, são as seis Pessoas do Tempo Presente do Modo Indicativo.

— Com que então o tal Ter é irregular, hein? Não parecia.

— E além de Irregular é AUXILIAR. Os Verbos Ter, Ser, Estar e Haver são chamados Verbos Auxiliares porque além de fazerem o seu serviço ainda ajudam outros Verbos. Quando alguém diz: Tenho brincado muito, está botando o Verbo Ter como auxiliar do Verbo Brincar.

— E que outras qualidades do Verbo há?

— Muitas. Verbo é coisa que não acaba mais. Há Verbos DEFECTIVOS, uns coitados, com falta de Modos, Tempos ou Pessoas.

Há os Verbos PRONOMINAIS, que não sabem viver sem um Pronome Oblíquo adiante ou atrás, como Queixar-se. Sem esse Se, ou outro Pronome, ele não se arruma na vida.

Há os Verbos ATIVOS, que dizem o que o Sujeito faz; e há os Verbos PASSIVOS, que dizem o que fizeram para o Sujeito. A frase: Eu comi o doce está com um Verbo Ativo. A frase: O doce foi comido por mim está com um Verbo Passivo (Foi Comido).

Se formos falar tudo, tudo, a respeito de Verbos, ficaremos aqui o dia inteiro. Gentinha que muda de forma como eles fazem, dá pano para mangas! E são exigentíssimos. Uns não sabem viver sem um COMPLEMENTO adiante, e por isso se chamam Verbos TRANSITIVOS. Outros dispensam o Complemento, e por isso se chamam INTRANSITIVOS. Queimar, por exemplo, é Transitivo, porque exige Complemento. Se alguém diz: O fogo queimou, a frase fica incompleta; e quem ouve pergunta logo o que é que o fogo queimou. Essa coisa que o fogo queimou, seja mato, lenha ou carvão, constitui o Objeto Direto de Queimou.

— E os Intransitivos?

— Esses não pedem Complemento, como eu já disse. O Verbo Morrer, por exemplo, é Intransitivo. Quando a gente diz: O gato morreu, a frase está perfeita e ninguém pergunta mais nada. — Eu pergunto! — gritou Emília. — Pergunto de que morreu, e quem o matou e onde jogaram o cadáver.

Quindim coçou a cabeça.
----------------------------
Continua ... Capítulo IX: Emília na casa do Verbo Ser
____________________________
Fonte:
LOBATO, Monteiro. Emília no País da Gramática. SP: Círculo do Livro. Digitalizado por http://groups.google.com/group/digitalsource

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

AVISO DE FÉRIAS


Prezados Internautas

Comunico que não haverão postagens contínuas do blog, em virtude de eu estar viajando por uma semana para São Paulo.

Retornarei no dia 25, quinta-feira da semana vindoura.

Conto com vossa compreensão.
José Feldman

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Torquato Neto (Poesias Escolhidas)


A RUA

toda rua tem seu curso
tem seu leito de água clara
por onde passa a memória
lembrando histórias de um tempo
que não acaba

de uma rua de uma rua
eu lembro agora
que o tempo ninguém mais
ninguém mais canta
muito embora de cirandas
(oi de cirandas)
e de meninos correndo
atrás de bandas

atrás de bandas que passavam
como o rio parnaíba
rio manso
passava no fim da rua
e molhava seu lajedos
onde a noite refletia
o brilho manso
o tempo claro da lua

ê são joão ê pacatuba
ê rua do barrocão
ê parnaíba passando
separando a minha rua
das outras, do maranhão

de longe pensando nela
meu coração de menino
bate forte como um sino
que anuncia procissão

ê minha rua meu povo
ê gente que mal nasceu
das dores que morreu cedo
luzia que se perdeu
macapreto zé velhinho
esse menino crescido
que tem o peito ferido
anda vivo, não morreu

ê pacatuba
meu tempo de brincar
já foi-se embora
ê parnaíba
passando pela rua
até agora
agora por aqui estou
com vontade
e eu vou volto pra matar
essa saudade

ê são joão ê pacatuba
ê rua do barrocão.

COGITO

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível

eu sou eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos segredos dentes
nesta hora

eu sou como eu sou

presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim..

LET'S PLAY THAT

quando eu nasci
um anjo louco muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco, torto
com asas de avião
eis que esse anjo me disse
apertando a minha mão
com um sorriso entre dentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
let´s play that

(musicada por Jards Macalé)

UM CIDADÃO COMUM

Sempre subindo a ladeira do nada,
Topar em pedras que nada revelam.
Levar às costas o fardo do ser
E ter certeza que não vai ser pago.

Sentir prazeres, dores, sentir medo,
Nada entender, querer saber tudo.
Cantar com voz bonita prá cachorro,
Não ver "PERIGO" e afundar no caos.

Fumar, beber, amar, dormir sem sono,
Observar as horas impiedosas
Que passam carregando um bom pedaço
da vida, sem dar satisfações.

Amar o amargo e sonhar com doçuras
Saber que retornar não é possível
Sentir que um dia vai sentir saudades
Da ladeira, do fardo, das pedradas.

Por fim, de um só salto,
Transpor de vez o paredão.

PANORAMA VISTO DA PONTE

Azulejos retorcidos pelo tempo
Fazem paisagem agora no abandono
A que eu mesmo releguei um mal distante.

Faz muito tempo e a paisagem é a mesma
Não muda nunca - sempre indiferente
A céus que rolem eu infernos que se ergam.

Alguns vitrais. E em cinerama elástico
O mesmo campo, o mesmo amontoado
Das lembranças que não querem virar cinzas.

Três lampiões. As côres verde e rosa
A brisa dos amores esquecidos
E a pantera, muito negra, das paixões.

Não passa um rio enlameado e doce
Nem relva fresca encobre a terra dura.
É só calor e ferro e fogo e brasa

Que insistem como cobras enroladas
Nos grossos troncos, medievais, das árvores.
Uma eterna camada de silêncio

E o sol cuspindo chumbo derretido.
O céu é azul - e como não seria?
mas tão distante, tão longínquo e azul...

BILHETINHO SEM MAIORES CONSEQUÊNCIAS

Uma retificação, meu bom Vinícius:
Você falou em "bares repletos de homens vazios"
e no entanto se esqueceu
de que há bares
lares
teatros, oficinas
aviões, chiqueiros
e sentinas,
cheinhos(ao contrário)
de homens cheios
Homens cheios.
(e você bem sabe)
entulhados da primeira à última geração
da imoralidade desta vida
das cotidianas encruzilhadas e decepções
da patente inconsequência disso tudo.
Você se esqueceu
Vinícius, meu bom,
dos bares que estão repletos de homens cheios
da maldade das coisas e dos fatos,
dos bares que estão cheios de homens cheios
da maldade insaciável
dos que fazem as coisas
e organizam os fatos
E você
que os conhece tão de perto
Vinícius "Felicidade" de Moraes
não tinha o direito de esquecer
essa parcela imensa de homens tristes,
condenados candidatos naturais
a títulos de tão alta racionalidade
a deboches de tão falsa humanidade.

Com uma admiração "deste tamanho".
-----

Fontes:
TORQUATO NETO. Os últimos dias de paupéria: do lado de dentro. Org. Ana Maria S. de Araújo Duarte e Waly Salomão. 2.ed. rev. e aum. São Paulo: M. Limonad, 1982
http://www.naoser.hpg.ig.com.br/torquato.htm
http://www.torquatoneto.com.br

Torquato Neto (1944 – 1972)



Torquato Pereira de Araújo Neto (Teresina PI, 1944 - Rio de Janeiro RJ, 1972). Cursou Jornalismo no Rio de Janeiro, por volta de 1966, mas não chegou a concluir a faculdade.

Nos anos seguintes compôs letras musicadas por Gilberto Gil ("Geléia Geral", "Louvação"), Caetano Veloso ("Deus Vos Salve a Casa Santa", "Ai de Mim", "Copacabana", "Mamãe, Coragem") e Edu Lobo ("Lua Nova", "Pra Dizer Adeus").

Entre 1970 e 1972 atuou nos filmes Nosferatu no Brasil e A Múmia Volta a Atacar, de Ivan Cardoso, e Helô e Dirce, de Luiz Otávio Pimentel. No período também criou e redigiu a coluna Geléia Geral no jornal carioca Última Hora.

Em 1973 ocorreu a publicação póstuma de seu livro de poesia Os Últimos Dias de Paupéria, organizado por Ana Maria S. de Coraújo Duarte e Waly Salomão.

Três anos depois, foram incluídos alguns de seus poemas na antologia 26 Poetas Hoje, organizada por Heloísa Buarque de Hollanda em 1976.

Em 1997 foram publicados quatro de seus poemas na antologia bilíngüe Nothing the Sun Could Not Explain, organizada por Michael Palmer, Régis Bonvicino e Nelson Ascher.

Torquato Neto foi um dos compositores mais inovadores da canção popular dos anos de 1970.

Fonte:
http://www.torquatoneto.com.br/

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n.50)


Trova do Dia

Belo mar que amamos tanto,
com rendas brancas vestido.
Brindamos o teu encanto,
maravilhoso, incontido!
ARLENE LIMA/PR

Trova Potiguar

Na montanha a fala boa;
sermão com tanta verdade,
que até hoje ainda ecoa,
no ouvido da humanidade.
LUIZ DUTRA BORGES/RN

Uma Trova Premiada

2009 > Cantagalo/RJ
Tema > EUCLIDES DA CUNHA > 13º Lugar.

Prosando, Euclides da Cunha,
em "Os Sertões", pinta o porte
do sertanejo... que alcunha:
"é, antes de tudo um forte".
MARIA DA CONCEIÇÃO FAGUNDES/PR

Uma Poesia livre

– Shannya Lacerda/RN –
MARVADA

Leve daqui meus males;
a verdura de meus sonhos
acabou em morte! Leve, leve
daqui tudo o que lembrar.
Fadigas, cheiros, sonhos, roupas,
músicas, paisagens, roupas,
cheiros, brigas, recordações...
enfim, leve tudo consigo.
Pois não conseguirei levar comigo
junto às flores de meu caixão.
Vá.
Vá logo,
ou vá-se daqui também comigo!
Leve as agonias, passamentos, roupas;
para onde vou?, não as preciso. Ou preciso?
Se precisar leve-me junto.
Leve junto às roupas que trago
condensadas na pele e as que já nem sinto.

Uma Trova de Ademar

Uma promessa de amor
pode até ser esquecida,
mas, se feita ao Criador,
terá sim, que ser cumprida!
ADEMAR MACEDO/RN

...E Suas Trovas Ficaram

A amizade verdadeira
é infinita como o espaço
mas se estreita e cabe, inteira,
nos limites de um abraço.
WALDIR NEVES/RJ

Estrofe do Dia

Você reza o Pai Nosso e não entende
que pediu a Jesus na oração,
que ele só lhe dê o seu perdão
se você perdoar a quem lhe ofende.
Mas agora que você compreende,
toda vez que estiver ajoelhado
pra rezar um Pai Nosso compassado,
você lembre durante a oração,
que é preciso que exista o seu perdão
para que você seja perdoado.
JOSÉ ACACI/RN

Soneto do Dia

– Florbela Espanca/Portugal–
EU

Eu sou a que no mundo anda perdida,
eu sou a que na vida não tem norte,
sou a irmã do sonho, e desta sorte
sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
e que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
alguém que veio ao mundo pra me ver,
e que nunca na vida me encontrou!

Fonte:
Ademar Macedo

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Trova 185 - Fernando Pessoa (Portugal)

Imagem criada por João Beja. Disponível em http://jobeja.blogspot.com

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n.49)


Trova do Dia

Nos teus braços eu descanso...
Quanta emoção que despertas!
Nos teus olhos de remanso
enxergo um mundo de "ofertas"!
ESTER FIGUEIREDO/RJ

Trova Potiguar

O homem, em sua maldade,
polui a água e insiste
em dar à posteridade
uma herança amarga, triste.
HÉLIO PEDRO/RN

Uma Trova Premiada

2006 > Camboriú/SC
Tema > PESCADOR > Menção Honrosa

Com sua fé que engrandece,
num milagre, o pescador,
a Cristo, então, agradece,
os seus peixes, com amor!
GLEDIS TISSOT/SC

Uma Poesia livre

– Manoel Rodrigues de Lima/SP –
BRINCAR DE AMAR.

Lua tão linda.
Noite tão clara.
Céu de carneirinhos.
Casa à dentro,
Quarto e sala.
Gestos de carinhos.
Lençóis de cetim
Almofadas estampadas,
completam nosso ninho.
Solte seus cabelos.
Tire estes seus óculos
Beba uma taça de vinho.
Tome uma atitude
Tire a minha roupa
Bem devagarinho
E bem devagarinho,
Vamos brincar de amar,
assim como quem brinca
com uma pluma.

Uma Trova de Ademar

Ao seu terno coração
fiz um apelo doído.
Apelei, mas foi em vão...
Seu amor tinha morrido!
ADEMAR MACEDO/RN

...E Suas Trovas Ficaram

Depois que briga e me culpa,
se arrepende do que fez,
e, quando pede desculpa,
começa tudo outra vez ...
ELTON CARVALHO/RJ

Estrofe do Dia

Cada vez mais eu consigo,
separar trigo do joio...
Pra quem precisa de apoio,
meu coração é um abrigo.
Desconhecido ou amigo,
mas seja lá quem ele for
no seu momento de dor
eu ponho a disposição
meu sofrido coração
para os carentes de amor.
FRANCISCO MACEDO/RN

Soneto do Dia

– Amilton Maciel/SP –
AVE DE RAPINA.

Em casa, em meu quintal não tem viveiro,
Nem telas de cercar os animais,
Mas tem aves canoras que o ano inteiro
Vêem cantar e comer frutas demais...

Além dos passarinhos, tem carneiro
E cabritinhos lindos, sem iguais!
Todos passeiam soltos no terreiro,
Convivendo com pombos e pardais!

Assim, a minha casa é divertida,
Com netinhos brincando sem medida
E encantados com os tons do beija-flor!

Dentro de casa ainda tem um gato...
E um cachorro que corre atrás do pato,
Distraindo um decrépito “com dor”!

Fonte:
Ademar Macedo

Monteiro Lobato (Emília no País da Gramática) Capítulo VII: Artigos e Numerais

— E naquela casinha minúscula? — perguntou Emília. — Quem mora lá?

— Lá moram o A, o O, o Um, Uma, umas pulgas de palavrinhas, mas que apesar disso são utilíssimas. A gente não dá um passo sem usá-las. São os ARTIGOS.

— Para que servem?

— Para individualizar um Nome. Individualizar quer dizer marcar um entre muitos. Quando a gente diz: A menina do nariz arrebitado, aquele A do começo marca, ou individualiza, esta menina que está aqui, esta neta de Dona Benta — e não uma menina qualquer. Tudo já fica muito diferente se dissermos: Menina do narizinho arrebitado — sem o A, porque então já não estaremos marcando estazinha aqui. O Artigo Um também individualiza. Em Um Macaco, o Um individualiza, ou marca, um certo macaco entre toda a macacada.

— Mas Um Macaco não diz qual é o macaco. Um Macaco pode ser este ou aquele — objetou Emília.

— Por isso mesmo o O e o A recebem o nome de Artigos DEFINIDOS, e o casalzinho Um e Uma recebem o nome de Artigos INDEFINIDOS. O Artigo O é Definido porque marca com certeza; o Artigo Um é Indefinido porque marca sem certeza.

— A coisa é um tanto complicada; mas sem explicar eu entendo melhor do que explicado demais. Vamos adiante.

Os meninos viram um imenso galpão com a seguinte tabuleta: NUMERAIS.

— Aqui também moram números, Quindim? — perguntou o menino.

— Não — respondeu Quindim rindo —, mas os homens usam palavras para expressarem os números. Os Numerais são as palavras que exprimem números, ordem, múltiplos ou frações. Eles se dividem em: CARDINAIS, como em Um, Dois, Cento e Cinqüenta, Quatrocentos, Dois Mil e Duzentos, Milhão, etc; ORDINAIS, que exprimem ordem, como Primeiro, Segundo, Décimo, Centésimo, Milésimo, etc. Podem ser também MULTIPLICATIVOS, como Dobro, Duplo, Triplo, Óctuplo, etc. E, por fim, podem ser FRACIONÁRIOS, como Meio, Metade, Terço, Quarto, Nono, Décimo, Onze Avós, Vinte Avós, Quarenta Avós, Cinqüenta Avós. . .

— Chega, Quindim — berrou Emília —, já sabemos que os números são infinitos. Senão vamos ficar a vida toda aqui. . .
----------------------
Continua ... Capítulo VIII: No Acampamento dos Verbos

---------------------
Fonte:
LOBATO, Monteiro. Emília no País da Gramática. SP: Círculo do Livro. Digitalizado por http://groups.google.com/group/digitalsource

Antonio Manoel Abreu Sardenberg (Projeto 4 em 1) numero 4


Antonio Manoel Abreu Sardenberg
São Fidélis "Cidade Poema"
MIRAGEM

Fiz da vida tábua rasa
E do raso meu perau,
Do carvão eu fiz a brasa
Do pau-a-pique fiz casa,
Mato a cobra, mostro o pau!

Do tronco fiz a canoa,
Da vara talhei o remo,
Do papel, pipa que voa
Tudo isso é coisa à - toa,
Do nada fiz o extremo!
Com a embira fecho o saco
Do milho faço fubá,
Acredito no meu taco,
Eu dou força para o fraco,
Torço pro forte apanhar.

Da quadra fiz poesia,
Canto a beleza da rosa,
Gosto de vê-la bem prosa
Nem que seja por um dia.

Adoro ver foguetório,
Banda, retreta, folia...
Para mim bom repertório
Tem que ter todo acessório:
Verso...rima...melodia!

Da fé eu fiz a esperança,
O desejo de viver...
Da saudade, a lembrança,
Dos meus tempos de criança
Que não me deixa crescer!

Do pensamento, desejo,
A volúpia de amar,
E depois, num só lampejo,
Fabriquei milhões de beijos
Todinhos para te dar!

Vanda Dias da Cruz
Rio de Janeiro
TEMPO PARA AMAR.

Estou ficando sem tempo para encontrar meu amor
Passam todas as estações e ele não quer chegar
Por que o tempo não para? Eu fico a me perguntar...
Para que eu possa ter tempo e continuar a buscar
Quando o dia amanhece meu primeiro pensamento
É pensar que o lindo dia vai fazer eu te encontrar
Anoitece... eu fico triste...
Olhando o céu estrelado volto a ter a ilusão
Que o tempo me dará tempo para que eu possa amar
Caminhando pela praia até o cansaço chegar
Sento na areia macia para um pouco repousar
Renovando minhas forças volto a ter esperança
Que o tempo vai deixar que o meu amor apareça
De onde eu menos esperar.
E assim vai passando o tempo...
O entardecer da vida chegando..
E como um milagre recebido tu entras em minha vida
No encontro de nosso olhar a busca não foi perdida.

Fernando Pessoa (1888 - 1935) Portugal
SÚBITA MÃO DE UM FANTASMA OCULTO

Súbita mão de algum fantasma oculto
Entre as dobras da noite e do meu sono
Sacode-me e eu acordo, e no abandono
Da noite não enxergo gesto ou vulto.

Mas um terror antigo, que insepulto
Trago no coração, como de um trono
Desce e se afirma meu senhor e dono
Sem ordem, sem meneio e sem insulto.

E eu sinto a minha vida de repente
Presa por uma corda de Inconsciente
A qualquer mão nocturna que me guia.

Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e que me assombra,
E em nada existo como a treva fria.

Antônio Correia de Oliveira
TROVA

Sino, coração da aldeia;
coração, sino da gente:
um a sentir, quando bate;
outra a bater, quando sente!

Fonte:
A. M. A. Sardenberg

domingo, 14 de novembro de 2010

Nogueira Tapety (Cristais Poéticos)



SENHORA DA BONDADE

Não te quero por tua formosura
De rainha da graça entre as mulheres,
Quero-te porque és boa, porque és pura
E ainda mais porque sei que tu me queres.

A beleza exterior nem sempre dura.
E a d'alma, estejas tu onde estiveres,
Ungiras de meiguice e de doçura
Tudo em que a bênção deste olhar puseres.

Eu sou artista: encanta-me a beleza,
Em ti, porém, abstraio-a, inteiramente,
E penso amar-te assim com mais nobreza;

Pois, se te esqueço a forma e a mocidade,
É para amar em ti unicamente
A encarnação suprema da bondade.

HOLOCAUSTO

Eu devia prever que toda essa loucura
E esta dedicação com que te tenho amado,
Não podiam mover-ter a impassível ternura
Pois nunca existiu o bem com o bem recompensado.

Entretanto, bendigo a terrível tortura
E os suplícios cruciais por que tenho passado,
Pois sofrendo por ti, eu sinto que a amargura
Tem o doce sabor de um fruto sazonado.

Olha bem pra mim: vê que vinte e seis anos
Não podiam me ter por tal forma abatido
Nem roubar minha força e vigor espartanos,

Se estou precocemente exausto e envelhecido,
É do efeito fatal dos tristes desenganos
E do atroz desespero em que tenho vivido.

QUOS EGO

Nunca direi que te amo — esta expressão
É muito fraca para traduzir
Esse mundo infinito de afeição
Que de dentro do meu ser anda a florir ...

O que sinto é quase uma adoração,
Um desejo infinito de fundir
Nossos dois corações num coração
E as nossas almas numa só reunir;

É ânsia de ligar, de amalgamar
As nossas vidas que o destino afasta
E que o próprio destino há de juntar;

Uma afeição consciente e excepcional
Que é humana demais para ser casta
E demais pura para ser carnaval.

CANÇÃO DE OUTONO

Outono! Outono! ai! que tristeza
Erra pelo ar e em tudo atua
Amortalhando a Natureza
Em brumas claras como a lua.

Uma cortina branca e fria
Oculta o sol, vela o horizonte,
Despe os rosais a ventania
E a neve gela e embuça o monte.

Outono! outono! O vento Norte
Arranca as flores do arvoredo,
E a mata, triste como a morte,
Cai num silêncio que faz medo.

Ó vento mau que as incolores,
As mortas folhas carregais,
Levai também as minhas dores,
Que eu tenho já dores demais.

Já não se escuta a voz das aves
Nos pinhais todos descobertos,
Cujas sombrias e altas naves
Fazem lembrar templos desertos.

As velhas árvores despidas
São como espectros de gigantes,
Erguendo as mãos emagrecidas,
Num louco apelo aos céus distantes.

Árvores tristes desfolhadas,
De galhos hirtos, a tremer,
Lembrais mulheres desgrenhadas
Depois de noites de prazer.

Qual leão ferido e prisioneiro,
O velho mar furioso ruge,
E toda a noite, o dia inteiro
Troveja, estoura, estronda, estruge.

No mar eu vejo o grande apólogo
Do meu viver de torturado,
Quando ele fala o seu monólogo
De Hamlet estranho e revoltado.

E fico absorto a contemplar
A profundeza dessas águas,
Poucas demais para lavar
O turbilhão de minhas mágoas.

Nem uma flor brilha no campo
De onde emigrou toda a alegria,
E o céu profundo, azul e escampo
É como uma órbita vazia.

Ai! que tristeza e que saudade
Do lindo céu de minha terra
E da profusa claridade
Dos astros de ouro que ele encerra.

Outono! adoro-te a incerteza
Das cores dúbias a Rembrandt,
Envocadoras da tristeza
Que é minha musa e minha irmã.

MANHÃ DE INVERNO

Que esplêndida manhã tranqüilamente muda!
Rebrilha o ouro do sol no azul do céu turquesa,
E a grama a rebentar em pelúcia transmuda
O que há pouco no campo era rude aspereza...

Tudo o que é vegetal em verde se aveluda;
Há como um despertar por toda a Natureza
E a floresta no outono esfolhada, desnuda,
De repente retoma à perdida beleza.

Cada raio de sol, é um turbilhão de vida,
Ao contato do qual estremece a semente
Na umidade da gleba escura, adormecida...

Campânulas em flor abrem profusamente,
E a terra canta, assim, fecundada e florida,
Hinos de aroma à luz e à vida onipotente.

A TEIA DE PENÉLOPE

Penélope tecendo e destecendo a trama,
Num trabalho incessante, improfícuo e exaustivo
Simboliza este amor fatal que nos inflama
A cuja ação ela há de viver, como eu vivo.

Ao seu lado fui sempre inexprimido e esquivo,
Entretanto hoje, ausente, em mim tudo a reclama
E ela que me foi sempre um vulto fugitivo,
Há de a esta hora sentir que sua alma me chama.

Ah! capricho cruel, como dói teu efeito teu efeito
Que me isola inda mais na minha soledade
E um deserto sem fim vem semear no meu peito.

Agora, busco-a em vão na maior ansiedade;
Desgraçado que eu sou, pois nem sinto o direito
De invocá-la através desta amarga saudade.

VERÃO

O verão nesta terra é uma apoteose de ouro,
No ar, nos montes, no céu, na terra difundida,
Feericamente acesa, arde a essência de louro
Numa fulguração de flama enfurecida.

Do reino vegetal o pródigo tesouro,
Brilha febril ao sol, numa messe florida:
Heliantos e paus-d’arco, onde a abelha, o besouro
Se vão nutrir de luz em pólen convertida...

A cigarra sibila o seu chiar penetrante,
E ao longe ouve-se a voz da araponga vibrante
Que estridula e retine a estridente canção.

E seja de manhã, meio-dia ou de tarde,
O sol dominador a cuja ação tudo arde,
Ilumina, flameja: - é o senhor do verão.

TEUS OLHOS

Quanta cousa formosa arde em teus olhos claros,
Extravagantemente esquisitos e raros!

Gemas, topázios, luz, o fulvo dos desertos,
Campos longos, sem fim, de áureos trigais cobertos,
Heliantos de ouro ao sol da primavera abertos,
Paus-d’arco, recordando em seu louro que aberra
As matas do sertão feraz de minha terra,
O espírito da luz, a luz humanizada,
Mais brilhante e maior do que a própria alvorada
Que brilha, mais não vê, nem pode sentir nada!
Astros, planetas, sóis, estrelas nebulosas,
Vivas constelações fulgentes e formosas,
Em claras radiações, febris, transluminosas,
Vias-lácteas ideais, cobertas de ouro em pó,
Todo um céu para o qual sou astrônomo eu só,
E cujo original sistema planetário
Tem por centro este amor imenso, extraordinário
Que é toda a minha vida e há de ser meu calvário.
Ah! quanta cousa existe em teus olhos a arder!
Nem eu mesmo que as vejo, as posso descrever:
O outono na explosão das cores amarelas,
Essas tardes de outubro estranhamente belas,
Feitas para brilhar em geniais aquarelas.
A languidez da lua ungindo largos campos,
Onde arde zizagueando a luz dos pirilampos,
E há também o esplendor dessas manhãs de abril,
Em que a glória imortal do sol primaveril
Bóia como uma flor num grande mar de anil...
E brancuras ideais que a pena não descreve:
As reverberações fantásticas da neve,
A deslumbrante ação das auroras boreais,
E mares a ocultar sob as águas fatais
Um tesouro infinito em rubis e corais...
Ah! quanta cousa existe em teus olhos arder!
Nem eu mesmo que as vejo, as posso descrever...
------
Fontes:
TAVARES, Zózimo. Sociedade dos Poetas Trágicos. Vida e obra de 10 poetas piauienses que morreram jovens. 2 ed. Teresina, PI: Gráfica do Povo, 2004.
– Fundação Nogueira Tapety

Nogueira Tapety (1890-1918)


O poeta Benedito Francisco Nogueira Tapety nasceu na fazenda Canela, em Oeiras, Piauí, no dia 30 de dezembro de 1890. Filho de Antônio Francisco Nogueira e Aurora Leite Nogueira.

Formou-se pela Faculdade de Direito do Recife, em 1911. Fez o curso jurídico assinando Benedito Francisco Nogueira. Conforme Cristino Castelo Branco, seu companheiro de faculdade, a denominação Tapety, apelido de família, ele resolveu incorporar ao próprio nome - Benedito Francisco Nogueira Tapety, literariamente Nogueira Tapety.

Promotor Público, em 1912, da antiga capital do Piauí. Conselheiro Municipal. Idealizou a criação de uma instituição de artífices que redundou, posteriormente, na União Artística Operária Oeirense.

Ano seguinte, Delegado-Geral de Teresina. Assessor do Governador Miguel Rosa.

Jornalista desde o tempo de estudante. Colaborou no "Diário de Pernambuco", do Recife. Na capital piauiense, tornou-se colaborador freqüente de "O Piauí" e enviava trabalhos para "O Diário", de Belém. Adotava o pseudônimo Mesquita Petiguara.

Orador fluente, aos 20 anos, pronunciou conferência no Teatro 4 de setembro, de Teresina, sob o título "A Luz", em que estuda o sol perante a ciência, a religião e a literatura.

Ainda em Teresina, foi professor do velho Liceu Piauiense (atual Colégio Estadual Zacarias de Góes), onde lecionou Filosofia, Psicologia e Lógica.

Ano de 1915, surgiram os primeiros sintomas do mal que o vitimaria, a tuberculose. Buscou cura na Ilha da Madeira, pertencente a Portugal.

Vate primoroso. Integra várias antologias, inclusive a de J. G. de Araújo Jorge, intitulada OS MAIS BELOS SONETOS QUE O AMOR INSPIROU. Sua musa inspiradora foi a conterrânea Marica Sá, que também morreu solteira. Viveram um romance frustrado!...

Ocupante primeiro da Cadeira nº 15 da Academia Piauiense de Letras.

Faleceu no dia 18 de janeiro de 1918 na casa-de-fazenda referida. Sepultado no Cemitério do Santíssimo Sacramento, em Oeiras.

É nome de rua, unidade escolar e conjunto habitacional em sua cidade. Em Teresina, há a rua Nogueira Tapety.

"Arte e Tormento" é sua obra póstuma publicada ao ensejo do seu centenário de nascimento, em 1990.

Povoa o imaginário de todos os que conhecem sua vida e obra.

Fonte:
http://www.fnt.org.br/nogueira_tapety-downloads.php?id=5
http://www.antoniomiranda.com.br/

Ialmar Pio Schneider (Baú de Trovas XIII)


A noite chegou depressa,
no inverno trouxe o frio;
vem a tristeza e começa
a encher meu mundo vazio.

Assim como a vida é breve
e os meus sonhos passageiros,
hoje meu ser não se atreve
em lances aventureiros...

De ti não quero mais nada,
apenas lembrança triste,
pois minh´alma apaixonada
ao teu desdém não resiste !

Eras tu, mulher querida,
o meu precioso troféu,
quando encontrei-te na vida,
parece que entrei no céu !

Eu já fiz diversas trovas
e tantas quadras também,
sempre estou compondo novas
destinadas ao meu Bem !

Eu nunca fiquei sabendo,
se tinhas um outro alguém
e por isso não compreendo
o teu silêncio também !

Hoje levantei mais tarde,
tinha pouco o que fazer;
mas, amor, você me aguarde,
que nunca a pude esquecer !...

Já fiz trovas de improviso
na distante mocidade,
mas, menestrel sem juízo,
delas só tenho saudade...

Luas cheias e as estrelas
povoam o imaginário,
sonhadores, vinde vê-las,
da noite o lindo cenário !...

Mais um ano se passou
e continua a poesia,
que Quintana dos deixou
para nossa nostalgia...

Na breve, efêmera vida,
não saibam, talvez, mas quis,
com a poesia escolhida,
sempre alguém fazer feliz !

Não considero perdida,
aquela ingênua ilusão,
que invadiu a minha vida
num momento de paixão...

Não consigo mais te ver
e procuro te encontrar,
para sentir o prazer
de finalmente te amar.

Nos caminhos da existência,
foram tristes ou risonhos,
os dias de convivência
na imensidão dos meus sonhos...

O meu amor tem segredos
que nunca pude externar;
me invadem todos os medos
de a não poder conquistar !

O pôr-do-sol pede um verso
no fim da tarde que desce,
medito e com Deus converso
nesta trova feita prece.

O sol-nascente desperta,
na imensidão do Universo,
o viajor de vida incerta
e o poeta que faz verso.

Os poemas que ficaram,
quando ingênuo e sem memória,
na sala em que o assassinaram,
hoje contam sua história.

Para conversar com Deus,
olho os céus e me comovo,
mas lembrando os beijos teus,
retorno à terra de novo !

Procurei teu coração
com toda a sinceridade,
mas retorno à solidão
para viver de saudade...

Procuro encontrar-te ainda
para saber como vais
e a tarde que agora finda
me responde: “Nunca mais !”

Quando estas quadras componho,
pensando no meu amor,
a vida parece um sonho,
para eu ser um sonhador.

Quando te vejo e sorris,
não sei que faço, senhora,
para a gente ser feliz
não há dia, nem tem hora!

Quem fizer a gentileza
de não levar por ofensa,
que me ame até na pobreza
sem esperar recompensa.

Quem tiver devotamento
pra algum amor que vier,
vai viver um bom momento,
sejam homem ou mulher.

Quis escrever um soneto,
levando mensagem nova,
mas esbarrei no quarteto,
e então compus esta trova...

Recordo a tua beleza
e também o quanto és boa,
me apaixono, com certeza,
e faço versos à-toa !

Só não compreende a ventura
de um simples beijo roubado,
uma infeliz criatura
que não foi apaixonado.

Tinha um sonho benfazejo,
ao raiar da adolescência,
ser um cantor sertanejo
para as prendas da querência.

Vou reler Mário de Andrade,
os poemas são assim;
falam a realidade:
este, portanto, seu fim.

Fonte:
O Autor

ALB/Mariana (Convite para Diuplomação e entrega de Medalha)

Roberto Pinheiro Acruche (Meus Poemas n. 6)


ESPELHO MEU

Olho o meu rosto refletido no espelho
e pergunto: Quem é você?
-Já vi você antes!... No entanto esqueci-me de perguntar quem é você!
Mas agora, vejo-lhe aparentemente diferente;
o que lhe fez mudar?
-O tempo, o vento, os dias, as noites, os sonhos, as fantasias, os amores, as paixões, as desilusões?
Quem fez estas rugas em seu rosto,
este semblante cansado?
Onde estão o sorriso e o brilho dos seus olhos?
Diga-me, quem é você?
Abra a sua alma, exponha, escancara, mostra o que tem por dentro.
Diga-me, o que fazes aqui?
Por que vieste?
Pra onde irás?
Sem respostas, afastei-me do espelho!

A NATUREZA

Mares, rios, lagos, montanhas,
árvores, animais...
Um conjunto de forças ativas
em todo o universo.
Um fenômeno energético
de potência descomunal.
Maravilha paisagística,
multicolorida,
ricamente pluralizada
capaz de produzir efeitos visuais
extraordinários,
indescritíveis pela palavra humana.
Agente da vida e ocasionadora
da morte.
Alegre, radiante, albina,
esplêndida, fulgurante...
DIVINA!

APÊLO

Mestre, não me abandone,
como preciso de Ti.
Não me deixes tão sozinho,
não me esqueça aqui...

Segure a minha mão,
quero andar com firmeza.
Entre no meu coração,
tire de mim a tristeza.

Quando meu dia chegar,
permita agora rogar,
tenha de mim compaixão...
Acolha a minha alma,
perdoa-me por vacilar,
doa-me a salvação.

DESEJO

Hoje senti uma vontade enorme
de falar com Deus!
Queria lhe dizer algo especial,
algo maravilhoso e não banal.

Pensei escrever um poema,
mas qual seria o tema?

Pensei escrever sobre a minha vida...
Mas o que interessaria a Deus
se a minha própria história está esquecida...

Falar do futuro, coisas do mundo,
do céu, da terra, do mar...
Mas o que falar?

Acabei por perceber
que falar com Deus
não basta querer.
Nem necessariamente soltar a voz
ou mesmo escrever...

Para falar com Deus
basta lhe entregar a alma,
lhe abrir o coração...
Ainda que em total silêncio!

PASSARADA

Gorjeia Passarada,
acorda a minh’alma
com o seu cantar.
Faça vibrar o meu coração
com a sonoridade do seu canto;
traduza a letra dessa melodia
de beleza incomparável;
quero entender a sua canção
e também poder cantar.
Gorjeia Passarada,
deixa a minh’alma encantada
com essa alvorada sonora
que traduz nessa hora
a melodia inigualável
que surge do seu cântico.
Gorjeia passarada...

Fonte:
O Autor

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n.48)


Trova do Dia

Num Brasil de ouvidos moucos
a vida perde os encantos
quando a ganância de poucos
promove a fome de tantos!...
ANTÔNIO JURACI SIQUEIRA/PA

Trova Potiguar

Eu não sei bem se é loucura,
porém me sinto feliz;
imaginando a ternura
dos versos que nunca fiz!...
JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN

Uma Trova Premiada

2009 > Cambuci/RJ
Tema > POETA/POESIA > Vencedora

Eu creio na honestidade,
na justiça clara e reta,
no fim da desigualdade...
Não sou louco!... Eu sou poeta.
OLYMPIO COUTINHO/MG

Uma Poesia livre

– Pablo Neruda/Chile –
SAUDADE.

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

Uma Trova de Ademar

Todos nós somos atores
no teatro da ilusão.
Fingimos que não são dores,
as dores do coração!...
ADEMAR MACEDO/RN

...E Suas Trovas Ficaram

Enquanto choro os fracassos
que a vida me tem imposto,
o tempo imprime seus passos
sobre as rugas do meu rosto!
LAVÍNIO GOMES DE ALMEIDA/RJ

Estrofe do Dia

Pra retratar o sertão
em sete versos apenas,
mergulho na natureza
busco inspirações serenas
e qual um grande pintor
para a obra ter mais valor,
crio minhas próprias cenas!
ADEMAR MACEDO/RN

Soneto do Dia

– Rogaciano Leite/PE –
SE VOLTARES.

Como sândalo humilde que perfuma
o ferro do machado que lhe corta,
eu hei de ter minha alma sempre morta
mas não me vingarei de coisa alguma.

Se voltares um dia à minha porta,
tangida pela fome e pela bruma,
em vez da ingratidão, que desconforta,
terás um leito sobre um chão de pluma.

E em troca dos desgostos que me deste,
mais carinho terás do que tiveste,
e os meus beijos serão multiplicados.

Para os que voltam pelo amor vencidos,
a vingança maior dos ofendidos
é saber abraçar os humilhados.

Fonte:
Ademar Macedo

sábado, 13 de novembro de 2010

Vanda Fagundes Queiroz (Dois Tempos)


Eu ficava à janela olhando o trem.
Qual seria o seu destino?...
Era um fascínio
imaginar, em fantasia,
quanta gente que partia,
enquanto eu ficava à janela olhando o trem.

Hoje voltei. Quis rever meu mundo antigo.
Talvez o anseio de buscar abrigo,
ou a esperança de encontrar comigo,
ou simplesmente ver o trem passar.
Daquela antiga estação,
do meu velho casarão...
nada encontrei, porém.
Onde está a vida que eu achava linda?
Afinal, o que será que resta ainda
de quem ficava à janela olhando o trem?...

Poema Vencedor dos II Jogos Florais de Caxias do Sul, 2010.
------------

Fontes:
Livreto dos II Jogos Florais de Caxias do Sul 2010, doação da trovadora Therezinha Diegues Brisolla.
Imagem = http://www.camposonline.com.br/

Antonio Brás Constante (Rumo ao Universo, mas olhando para os dois lados antes de atravessar a lua)


Viajar pelo universo ainda é uma utopia, mas com todos os avanços tecnológicos que andam ocorrendo a cada dia, existe uma boa possibilidade de irmos para o espaço muitos antes do que imaginávamos, e com isso ganharmos mais espaço, já que nosso planeta esgotou quase todos os seus recursos (e quem sabe até a paciência de ter que nos levar literalmente nas costas).

Quando finalmente possuirmos a oportunidade de singrar o espaço sideral, muitas coisas poderão acontecer, por exemplo: ao dizer que sua namorada é uma deusa de outro mundo, você poderá estar falando no sentido literal. Ao comentar que daria as estrelas como prova de seu amor, você terá a oportunidade de realmente comprá-las e dá-las de presente (mas não acredite muito nisso). Além dos atuais riscos de seu computador ser invadido, também haverá o risco de seu planeta ser invadido.

Ao invés de dizer que Deus é brasileiro, vão dizer que Deus é terrestre, algo que não será bem aceito por outras raças alienígenas, então será cultuada uma percepção mais abrangente (Belém não será um lugarejo na Terra, mas sim, um lugarejo em algum ponto do espaço), enfatizando que o conceito de Deus é algo realmente universal (porém, a ideia de múltiplos universos paralelos ainda não será muito bem aceita). Ele (Deus) não poderá mais ser apenas a imagem e semelhança de um ser humano do sexo masculino, e passaremos a dizer que Ele é a imagem e semelhança da energia vital, porém desconhecida, que fluí através de todos os átomos, mas que desconhecemos porque ainda não dispomos de instrumentos que possam ver esta belezinha (talvez o LHC com o tempo melhore isso). Esta composição energética que permeia os átomos será a única coisa semelhante entre os diversos seres espalhados pelo universo (pelo menos até esse hipotético momento futuro) e que terão muitas vezes uma estrutura molecular bem diferente de tudo eu conhecemos (sem átomos de carbono, por exemplo).

A exportação de produtos ganhará dimensões nunca antes vistas, e poderemos vender carros que servirão de souvenir no mundo dos gigantes de Urkolls, e chegaremos a lançar um best seller “como destruir seu planeta em poucos milênios”. Nossos produtos sofrerão embargos em alguns sistemas solares por considerarem os mamíferos seres impuros, e muitos humanos não vão querer negociar com as criaturas do planeta Demonita (na realidade “demonita” seria um apelido terrestre, pois o nome do planeta seria “Su UeE’tDa” ou algo parecido com isso) justamente por causa da aparência dos habitantes de lá, que teriam a pele avermelhada, chifres, asas de morcego, rabo, e respirariam enxofre, apesar disso seriam criaturas extremamente pacíficas.

Planetas vegetarianos fariam boicote contra o nosso hábito de comer carne por acharem aquilo uma crueldade contra outros animais, e planetas habitados por plantas humanóides fariam boicotes ao nosso hábito de comer legumes, frutas e vegetais pelo mesmo motivo.

O sonho de muitos terrestres passará a ser algo como ter uma casinha em uma das luas do sistema de Andrômeda, um sistema solar com quatro sóis, recheado de praias paradisíacas e uma atmosfera energética (melhor do que qualquer comprimidinho azul). A expectativa de vida de um ser humano normal que vivesse por lá, seria de aproximadamente 350 anos.

O klengol (misto de linguagem de sinais e ruídos aparentemente de voz) tornaria-se a linguagem universal, mas não seria fácil nos comunicarmos através dela, visto que somente possuímos dois braços e, principalmente, porque não temos cauda.

Apesar de toda tecnologia, ainda haveria riscos de apagões estelares, com atrasos em viagens superiores a da luz (teoricamente possíveis através dos chamados “buracos de minhocas”). A cozinha universal contaria com pratos exóticos, inclusive alguns feitos com carne humana. Por isso em alguns lugares você será muito bem apreciado, acompanhado de batatas e um bom vinho do planeta Mytrax+1.

Enfim, várias adequações terão de acontecer para vivermos em harmonia dentro da nossa futura realidade universal, até o dia em que também seja possível viajar entre os infinitos planos de existência, mas isto já é assunto para um próximo texto (ou não).

Fontes:
O Autor
Imagem = http://www.rfranco.org.br

Colombina (Poesias Avulsas)


VERTIGEM

Uma semana só. Nem mais um dia
durou aquela estranha sensação
que nos aproximava, nos unia...
e amor não era e nem era paixão.

Algo em mim te agradava, te atraía.
Tu tinhas para mim tal sedução
que, tendo-te ao meu lado, eu me sentia
a mulher mais feliz da criação.

Uma semana só... No meu caminho
um vislumbre de sol e de carinho:
uma sombra, talvez, na tua estrada...

Sete dias ardentes de Novembro...
Deves ter esquecido. E eu só me lembro
que nunca fui com tanto amor beijada!

EU

Sou só e sou eu mesma. O que pensem e digam
os demais, nada importa; eu tenho a minha lei.
Que outros a multidão, covardemente, sigam,
pelo caminho oposto, altiva, eu seguirei.

Que, sem brio e vergonha, outros tudo consigam
e que zombem de mim porque nada alcancei;
quanto mais, com seu ódio, o meu nome persigam,
tanto mais orgulhosa em trazê-lo, serei.

Às pedradas não fujo e as tormentas aceito;
mas a espinha não curvo em prol de algum proveito,
minha atitude sempre a mesma se revela;

A mim mesma fiel, a minha fé não traio;
e, se em dia fatal ferida pelo raio
tombar minha bandeira eu tombarei com ela!

TARDE DE OUTONO

Foi numa tarde assim. O vento soluçava
Agoirando do inverno a lúgubre hospedagem
No céu pálido, branco, há muito não rodava
Do sol a luminosa e rútila equipagem.

A derradeira flor, no jardim desfolhava
Sua pétalas. Era inóspita a paisagem
Em tudo uma tristeza imorredoira errava
Meu Deus! Que dolorosa e tristonha miragem!

E eu, sonhando, revia em meu dourado sonho,
O meu viver tranqüilo, o meu viver risonho,
Tento junto de mim o teu amor calmo e terno.

Reinava um frio intenso...e tu partiste, envolto
Num último sorriso a murmurar "eu volto"
E não voltaste mais! Voltou somente o inverno...

TROVAS: SAUDADE

A saudade é uma andorinha,
mas uma andorinha estranha:
quando, num peito se aninha,
as outras não acompanha…

Saudade – coisa que a gente
não explica nem traduz;
faz do passado, presente,
e traz sombras, sendo luz…

Saudade – febre que a gente
sem querer, pode apanhar,
nunca mata de repente,
vai matando, devagar…

Saudade – a princípio é pena
que nos deixa uma partida;
depois é dor que condena
a morrer dentro da vida…

se é triste sentir saudade,
muita saudade de alguém,
maior infelicidade
é não tê-la de ninguém.

NÓS DUAS

Parecemo-nos muito; assim dizem - e eu o creio.
Além do mesmo sangue, almas iguais nós temos;
pois, pelo mesmo ideal e com o mesmo anseio,
dentro da vida, nós lutamos e sofremos.

Vemos na arte um refúgio, um oásis, um esteio
para a nossa inquietude, e num barco sem remos
vagamos à mercê do próprio devaneio,
sabendo que jamais à enseada chegaremos...

E, apesar de ela ter todo um sol na cabeça
e o nevoeiro do inverno a minha já embranqueça,
da angústia de minha alma a sua compartilha.

Ela pensa, eu medito... Ela sonha, eu me lembro...
Nossa pobreza é igual de Dezembro a Novembro.
Quem somos, afinal? Apenas, mãe e filha.

EXALTAÇÃO

Olhas nos olhos meus. E eu vejo neste instante
toda a terra subir a um céu que desconheço.
Olho nos olhos teus. E fica tão distante
o mundo: e todo o fel que ele contem, esqueço.

Sorris... e, contemplando o teu lindo semblante,
o ideal de minha vida, enfim, eu reconheço.
Falas... ouço-te a voz, e, impetuosa, radiante,
num gesto de ternura, os lábios te ofereço.

Beijas a minha boca. E neste beijo grande
-- como uma flor que ao sol desabrocha e se espande -- ,
todo o meu ser palpita e freme e vibra e estua.

Tudo é um sonho, no entanto; o seu beijo... o meu crime.
Mentirosa ilusão! Pobre ilusão que exprime
somente o meu desejo imenso de ser tua!

SIMPLICIDADE

Tu não podes saber (e és tão inteligente
E tão conhecedor do mundo) o bem que fazes
Para o meu coração, tão triste e tão descrente,
Quando, com tua voz, a ventura lhe trazes.

Tu não podes saber como é grande o presente
Que me dás cada dia: algumas poucas frases
Repletas de ternura... E, generosamente,
Um sonho de mulher, de longe, satisfazes.

Dirás que é pouco o que me dás. Porém, na vida,
Onde tanta maldade encontrei, é o bastante
Esse bem que me faz a tua voz querida;

E quando para mim esse presente vale,
Tu não podes saber... Nem como é apavorante
Imaginar, que um dia, a tua voz se cale...
------

Colombina (1882 - 1963)



Yde (Adelaide) Schloenbach Blumenschein nasceu na cidade de São Paulo em 26 de maio de 1882, vindo a falecer na madrugada do dia 14 de março de 1963, vítima de um colapso cardíaco. Filha de Otto Schloenbach e de Adelaide Augusta Dorison, Yde fez parte de seus estudos na Alemanha.

Poliglota, falava alemão, francês, inglês, espanhol e italiano. Estudou piano e canto. Poeta e cronista, ela começou a escrever aos 13 anos de idade, tendo seus primeiros poemas publicados em A Tribuna, de Santos. Colaborou em revistas e jornais como O Malho, Fon-Fon, Careta e Jornal das Moças, tendo se utilizado muitas vezes dos pseudônimos de Colombina e Paula Brasil.

Casou-se com Hanery Blumenschein com quem teve dois filhos. Mais tarde, desquitou-se, provocando um escândalo. Descrita pelas sobrinhas-netas como uma mulher elegante, esguia e pequena em que sobressaíam os olhos azuis, Yde foi vítima de críticas veementes por parte de amigos e familiares que não aceitavam seu modo independente de ser. Mulher emancipada para sua época, vivia sozinha, fumava, freqüentava meios literários e organizava serões em sua casa.

Sempre cercada de literatos, em 1932, teve a idéia de fundar a Casa do Poeta Lampião de Gás. À princípio funcionando em sua casa, em 7 de novembro de 1948, a casa foi oficialmente criada. No caso, a escolha do nome da casa foi uma homenagem dos intelectuais que a freqüentavam à sua idealizadora –o nome é o título de um de seus livros. Yde foi uma de suas diretoras, tornando-se a responsável pela edição de seu jornal mensal O Fanal.

Quanto à sua poesia, o amor é o leitmotiv que perpassa pela grande maioria de seus versos. No caso das trovas, preponderam versos que tratam do amor de forma mais inocente. Todavia, em outros poemas, a forma como rompe com as convenções burguesas ao falar dos desejos carnais provocou a crítica impiedosa por parte de muitos amigos e familiares. Um processo que eclode com o lançamento de seu último livro, Rapsódia Rubra: Poemas à Carne - livro composto de poemas eróticos.

Para comemorar seu jubileu de poesia, o Clube dos Artistas e Amigos organizou uma festa em 25 de junho de 1955, data em que Yde recebeu uma menção da Assembléia Legislativa de São Paulo, tendo sido mais tarde homenageada com o nome de uma rua – Rua Poética Colombina, no Butantan. Patrona da cadeira número 37 da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul, ao longo da vida Yde recebeu cognomes como "Cigarra do Planalto" e "Poetisa do Amor".

Obras:
14 dVislumbres. Pref. Luís Edmundo. São Paulo: [s.n.], 1908.
Versos em lá menor. São Paulo: São Paulo Editora Ltda, 1930; 2. ed. Empr. Gráf. Dos Tribunais, 1949.
Lampião de gás. São Paulo: Tip. Cupolo, 1937; 2. ed. [s.n.], 1950; 3. ed. Gráfica Canton Ltda, 1961.
Sândalo. São Paulo: [s.n.], 1941; 2. ed. [s.n.], 1952.
Uma cigarra cantou para você. São Paulo: [s.n.], 1946.
Distância: poemas de amor e de renúncia. São Paulo: [s.n.], 1947; 2. ed. Editora Cupolo Ltda, 1953.
Gratidão. São Paulo: Editora Cupolo Ltda, 1954.
Para você, meu amor. São Paulo: Editora Cupolo Ltda, 1955.
Cantares de bem-querer. São Paulo: Editora Cupolo Ltda, 1956.
Manto de arlequim. São Paulo: Editora Cupolo Ltda, 1956.
Inverno em flor. São Paulo: Editora Cupolo Ltda, 1959.
Cantigas de luar. São Paulo: Gráfica Canton Ltda, 1960.
Rapsódia rubra. Salvador: SENAI, 1961.

Fonte:
Katia Bezerra em http://www.amulhernaliteratura.ufsc.br/

Monteiro Lobato (Emília no País da Gramática) Capítulo VI: Na Casa dos Pronomes



— Chega de Adjetivos — gritou a menina. — Eu não sei por quê, tenho grande simpatia pelos PRONOMES, e queria visitá-los já.

— Muito fácil — respondeu o rinoceronte. — Eles moram naquelas casinhas aqui defronte. A primeira, e menor, é a dos Pronomes PESSOAIS.

— Ela é tão pequena. . . — admirou-se Emília.

— Eles são só um punhadinho, e vivem lá como em república de estudantes.

E todos se dirigiram para a casa dos Pronomes Pessoais enquanto Quindim ia explicando que os Pronomes são palavras que também não possuem pernas e só se movimentam amarradas aos VERBOS.

Emília bateu na porta — toque, toque, toque.

Veio abrir o Pronome Eu.

— Entrem, não façam cerimônia.

Narizinho fez as apresentações.

— Tenho muito gosto em conhecê-los — disse amavelmente o Pronome Eu. — Aqui na nossa cidade o assunto do dia é justamente a presença dos meninos e deste famoso gramático africano. Vão entrando. Nada de cerimônias.

E em seguida:

— Pois é isso, meus caros. Nesta república vivemos a nossa vidinha, que é bem importante. Sem nós os homens não conseguiriam entender-se na terra.

— Todas as outras palavras dizem o mesmo — lembrou Emília.

— E nenhuma está exagerando — advertiu o Pronome Eu. — Todas somos por igual importantes, porque somos por igual indispensáveis à expressão do pensamento dos homens.

— E os seus companheiros, os outros Pronomes Pessoais? — perguntou Emília.

— Estão lá dentro, jantando.

À mesa do refeitório achavam-se os Pronomes Tu, Ele, Nós, Vós, Eles, Ela e Elas. Esses figurões eram servidos pelos Pronomes OBLÍQUOS, que tinham o pescoço torto e lembravam corcundinhas. Os meninos viram lá o Me, o Mim, o Migo, o Nos, o Nosco, o Te, o Ti, o Tigo, o Vos, o Vosco, o O, o A, o Lhe, o Se, o Si e o Sigo — dezesseis Pronomes Oblíquos.

— Sim senhor! Que luxo de criadagem! — admirou-se Emília. — Cada Pronome tem a seu serviço vários criadinhos oblíquos. . .

— E ainda há outros serviçais, os Pronomes de TRATAMENTO — disse Eu. — Lá no quintal estão tomando sol os Pronomes Fulano, Sicrano, Você, Vossa Senhoria, Vossa Excelência, Vossa Majestade e outros.

— E para que servem os Senhores Pronomes Pessoais? — perguntou a menina.

— Nós — respondeu Eu — servimos para substituir os Nomes das pessoas. Quando a Senhorita Narizinho diz Tu, referindo-se aqui a esta senhora boneca, está substituindo o Nome Emília pelo Pronome Tu.

Os meninos notaram um fato muito interessante — a rivalidade entre o Tu e o Você. O Pronome Você havia entrado do quintal e sentara-se à mesa com toda a brutalidade, empurrando o pobre Pronome Tu do lugarzinho onde ele se achava. Via-se que era um Pronome muito mais moço que Tu, e bastante cheio de si. Tinha ares de dono da casa.

— Que há entre aqueles dois? — perguntou Narizinho. — Parece que são inimigos. . .

— Sim — explicou o Pronome Eu. — O meu velho irmão Tu anda muito aborrecido porque o tal Você apareceu e anda a atropelá-lo para lhe tomar o lugar.

— Apareceu como? Donde veio?

— Veio vindo. . . No começo havia o tratamento Vossa Mercê, dado aos reis unicamente. Depois passou a ser dado aos fidalgos e foi mudando de forma. Ficou uns tempos Vossemecê e depois passou a Vosmecê e finalmente como está hoje — Você, entrando a ser aplicado em vez do Tu, no tratamento familiar ou caseiro. No andar em que vai, creio que acabará expulsando o Tu para o bairro das palavras arcaicas, porque já no Brasil muito pouca gente emprega o Tu. Na língua inglesa aconteceu uma coisa assim. O Tu lá se chamava Thou e foi vencido pelo You, que é uma espécie de Você empregada para todo mundo, seja grande ou pequeno, pobre ou rico, rei ou vagabundo.

— Estou vendo — disse a menina, que não tirava os olhos de Você. — Ele é moço e petulante, ao passo que o pobre Tu parece estar sofrendo de reumatismo. Veja que cara triste o coitado tem. . .

— Pois o tal Tu — disse Emília — o que deve fazer é ir arrumando a trouxa e pondo-se ao fresco. Nós lá no sítio conversamos o dia inteiro e nunca temos ocasião de empregar um só Tu, salvo na palavra Tatu. Para nós o Tu já está velho coroca.

E mudando de assunto:

— Diga-me uma coisa, Senhor Eu. Está contente com a sua vidinha?

— Muito — respondeu Eu. — Como os homens são criaturas sumamente egoístas, eu tenho vida regalada, porque represento todos os homens e todas as mulheres que existem, sendo pois tratado dum modo especial. Creio que não há palavra mais usada no mundo inteiro do que Eu. Quando uma criatura humana diz Eu, baba-se de gosto porque está falando de si própria.

— E fora os Pronomes Pessoais não há outros?

— Há sim — disse Eu —, moram aqui na casa ao lado. Uns pobres coitados...

Os meninos despediram-se do Pronome Eu para irem visitar os "coitados" da outra casa, muito admirados da petulância e orgulho daquele pronominho tão curto.

— Parece que tem o presidente da República na barriga — comentou a boneca.

E parecia mesmo. . .

Na outra casa os meninos encontraram os Pronomes POSSESSIVOS — Meu, Teu, Seu, Nosso, Vosso e Seus com as respectivas esposas e com os plurais. Emília, que achava as palavras Meu e Minha as mais gostosas de quantas existem, agarrou o casalzinho e deu um beijo no nariz de cada uma, dizendo:

— Meus amores!

Depois encontraram os Pronomes DEMONSTRATIVOS — Este, Esse, Aquele, Mesmo, Próprio, Tal, etc, com as suas respectivas esposas e parentes. As esposas eram Esta, Essa, Aquela, Mesma, Própria, etc, e os parentes eram Essoutro, Estoutro, Aqueloutro, etc.

— Muito bem — disse Narizinho. — Vamos adiante. Vejo alguns senhores muito conhecidos.

De fato, mais adiante os meninos encontraram os Pronomes INDEFINIDOS, muito familiares a todos do bandinho. Eram eles: Algum, Nenhum, Outro, Todo, Tanto, Pouco, Muito, Menos, Qualquer, Certo, Vários, etc, com as suas respectivas formas femininas e os competentes plurais.

— São umas palavrinhas muito boas, que a gente emprega a toda a hora — comentou Emília, sem entretanto beijar o nariz de nenhuma.

Havia ainda os Pronomes RELATIVOS, quê servem para indicar uma coisa que está para trás. Eram eles: Que, Quem, O Qual, Cujo, Onde, etc, com as suas respectivas esposas e plurais. Quindim exemplificou:

— O Visconde, cuja cartolinha sumiu, está danado. Nesta frase, o Pronome Cuja refere-se a uma coisa que ficou para trás.

De fato, o Visconde havia perdido a sua cartolinha na aventura com as Palavras Obscenas. Deixara-a para trás.

— Continue, Quindim — pediu Emília, e o rinoceronte continuou.

— Temos, por fim, os Pronomes INTERROGATIVOS, que servem para fazer perguntas. Todos usam um Ponto de Interrogação no fim, para que a gente veja que são perguntativos.

E os meninos viram lá os Interrogativos: Quê? Qual? Quanto? Quem?

Emília gostou de conhecer aqueles Pronomes. Ela era a boneca que mais trabalho dava aos Senhores Pronomes Interrogativos.
Continua ... Capítulo VII: Artigos e Numerais

Fonte:
LOBATO, Monteiro. Emília no País da Gramática. SP: Círculo do Livro. Digitalizado por http://groups.google.com/group/digitalsource

Pedro Salgueiro (Sertão de Todos Nós)


Fui, sou e serei, para sempre, apenas um sertanejo exilado no litoral. Nada aqui me diz respeito, por aqui tudo é transitório, passageiro... Apenas espero a triste hora do alegre regresso.

Aos trinta, por puro esnobismo, comprei gaiola na última linha do oceano. Cuidadosamente de costas pro mar, pra que toda manhã pudesse desdenhar meu asco de pequeno-burguês físico mas nunca mental. De lá pra cá andejo em linha reta rumo aos Inhamuns.

Aos quarenta atravessei a fronteira imaginária da 13 de Maio, linha simbólica de todas as Fortalezas. Em sentido contrário aos tolos, tontos suburbanos mentais. Meu voo é de avoante ferida, com tiro de chumbo nas c’roas do rio Acaraú, nas quebradas do Riacho do Gado, por trás da Barra da Oiticica, de lado da Caconha de todos os loucos. Pois em cada quarto de qualquer família pulula um doidinho de testa quadrada, encarnado de sangue da abelha Capuchu...

Enquanto o Diabo, rosianamente, redemoinha no terreiro. Gracianamente seco, corre meu sangue pelas veredas pedreguentas do Carão. Do outro braço, o direito, o sangue das tristes Oliveiras, dos tontos bons da Curimatã, do Jumentão da Maravilha. Apenas quando se estende pelas estradas do Canindé, as palavras vão escasseando, até quase sumirem da voz. Água evaporando na língua morna de todos os nós. De marejado apenas os olhos, único órgão úmido do sertanejo que volta.

Sou filho, pelos dois lados, da primeira geração que saiu do campo, que desbravou a cidadezinha no pé da Serra das Matas. Não sou filho de matuto urbano, mas de matuto dos matos, de pés rachados na urina do lajedo quente. Meu pássaro é o Camiranga de beira de caminho, comedor de Cassaco e Tejubina de grota. Meu ouvido é de rabeca triste cantada por cego em final de feira. Minha casinha é branca, de parede grossa, quase na sombra de uma Jurema imaginária. Mesmo longe de nosso chão, formamos confrarias de quase surdos-mudos. Apenas olhamos para o nascente a perscrutar chuva. E quando ela vier, é certo que vem, virá sempre, um dia. Já nos encontrará de mãos trêmulas e mala pronta.

* Pedro Salgueiro é cearense de Tamboril. Publicou O Peso do Morto (1995), O Espantalho (1996), Brincar com Armas (2000), Dos Valores do Inimigo (2005) e Inimigos (2007), todos de contos; além de Fortaleza Voadora (2007), de crônicas.

Fonte:
http://literaturasemfronteiras.blogspot.com/

João do Rozario Lima (Estante de Livros)



“SALVEM O NOSSO PLANETA”

Esta obra contém vários poemas voltados para a realidade em que se encontra nosso planeta e, provavelmente, sobre o que poderá acontecer no futuro. Ela poderá contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental de modo comprometido com a vida, com o bem estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso, é necessário que cada ser humano reflita, em suas ações e atitudes praticas do dia-a-dia, o que está consumindo as belezas naturais do nosso planeta.

“A cada instante se desatam da árvore da vida inumeráveis folhas substituídas por outras que de novo brotam, não convindo que fiquem despidos o seu tronco e ramos, mas sempre cobertos e frondosos. A árvore da vida é o reino animal, as folhas que caem, os viventes que morrem, surgindo outros de novo que nascem para lhes suceder.” Marquês de Maricá.

Publicada em 2009 pela Editora Baraúna e lançada em 20/08/2010 na 21ª Bienal Internacional do Livro em São Paulo ;
Gênero: Poesias Brasileira
----------------------------------------------------

“CONTOS E FÁBULAS DA AMAZONIA”

Esta obra contém vários contos voltados para a realidade que se encontra nosso planeta e, provavelmente, o que poderá acontecer futuramente com a Floresta Amazônica, onde costumam dizer que é o pulmão do universo.

Ela poderá contribuir com incentivo a leitura, manter a tradição regional de cada etnia e para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental de modo comprometido com a biodiversidade, com o bem estar de cada um da sociedade. Para isso, é necessário que cada individuo reflita em suas ações e atitudes prática do dia-a-dia, o que realmente está fazendo para preservar a vida e as riquezas naturais do nosso planeta.

“ A cada instante, folhas, troncos e galhos de árvores tombam sobre a terra, rios atônitos lançam vômitos de dor. Mares e oceanos reagem com fúrias mortais. Os seres das águas e da terra clamam socorro e inúmeros homens e crianças sonham em voar nas asas da imaginação à procura de um mundo de contos e fábulas em busca de um reino onde encontre homens, fauna e flora vivendo sem pavor” (Maria Cristina Borges).

Publicada em 2010 pela Editora Baraúna e lançada em 20/08/2010 na 21ª Bienal Internacional do Livro em São Paulo ;
Gênero: Contos

Contatos com a Editora
Rua João Cachoeira nº 632 cj, 11 - CEP. 04535.002 Itaim Bibi São Paulo,
Telefone: 11 3167 4261
www.editorabarauna.com.br/
Contatos com o Autor:
E-mail do autor: joanzinhorosario31@hotmail.com
Telefone: 69 3623 3196 e 8481 3844

Fonte:
O Autor

João do Rozário Lima (1955)


Nasceu no Município de São Gabriel da Palha Estado do Espírito Santo em 31 de outubro de 1955, filho de Athayde Martins de Lima e Zita do Rozario Lima.

Mudou-se para o Município de Cacoal, no Estado de Rondônia em 1972, concluindo o Ensino médio no curso do Magistério na Escola Estadual do Ensino fundamental e Médio Bernardo Guimarães.

Prestou concurso municipal em 1997 para o município de Seringueiras, tomando posse na Rede Pública municipal em 1998.

Graduação em Pedagogia pela UNIR (Universidade Federal de Rondônia), especializando-se em Psicopedagogia Clinica e Institucional pela FACIMED (Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal) de 2004 à 2006.

João do Rozario Lima é professor da Escola Estadual do Ensino Fundamental e Médio Oswaldo Piana e Coordenador da Prestação de Compras das Escolas Municipais do Município de Seringueiras Estado de Rondônia.

Fonte:
O Autor

21º Concurso de Contos Paulo Leminski/2010 (Resultado Final)



1º Lugar:
Conto: “Clarice na torre de cristal”
MARIA ADELAIDE DE AMORIM OLIVEIRA
Rio de Janeiro/RJ;

2º Lugar:
Conto: “Agouro”
CÁSSIO PANTALEONI
Porto Alegre/RS;

3º Lugar:
Conto: “Más notícias”
ANGELO PESSOA MARTINS
Cordeiro/RJ

Melhor Conto Toledano:
Conto: “João das Marias”
ROBERTO CARLOS DA SILVA PEREIRA.

Menções Honrosas:
Conto: “José e Chico: Os dois vaqueiros”
ALDY CARVALHO
São Paulo/SP;

Conto “Visita ao museu”
IRLEY THIAGO DE OLIVEIRA
Curitiba/PR;

Conto “Liliana”
PEDRO LÚCIO LITHG PEREIRA
Pedro Leopoldo/MG;

Conto “Pré-natal”
TATIANA ALVES SOARES CALDAS
Rio de Janeiro/RJ;

Conto”Dona Maria”
GEOVANE FERNADES MONTEIRO
Teresina/PI.

Parceria entre UNIOESTE/CAMPUS DE TOLEDO e PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE TOLEDO através da SECRETARIA DA EDUCAÇÃO – BIBLIOTECA PÚBLICA MUNICIPAL

Fonte:
Concurso

III Bienal Internacional de Poesia em São Paulo


Local: Auditório Externo Freitas Nobre da CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO

Data: 4 de Dezembro de 2010 (Sábado)

Horário: das 9:00 às 17:00 horas

Entrada Franca

Organizador do Evento: WILSON DE OLIVEIRA JASA

Entidades organizadoras:
MOVIMENTO POÉTICO EM SÃO PAULO
CASA DO POETA “LAMPIÃO DE GÁS” DE SÃO PAULO
SOCIEDADE MUNDIAL DOS POETAS

Haverá participação de outras entidades

Evento: Declamação de Poesias, Música, Dança Folclórica, Exposição de Livros

Fonte:
Nilton Manoel

Concurso de Trovas da Academia de Trova do Rio Grande do Norte /2010 – Âmbito Nacional (Retificação do Resultado Final)

Por motivo de um erro de concordância em uma das Trovas classificadas (14ª), houve uma pequena mudança na classificação: -------------------
1º Lugar: Inspiração, não me deixes neste mundo imerso em dor! – Sem ti, sou rio... sem peixes... Sou coração... sem amor...! (Marisa Vieira Olivaes/RS) 2º Lugar: Nas asas da inspiração, alço voos de esperanças e na lira da emoção, dedilho velhas lembranças. (Zeni de Barros Lana/MG) 3º Lugar: Na inspiração... devaneios, num ritual sem esperas, dou asas aos meus anseios, recriando primaveras. (Relva do Egypto Resende/MG) 4º Lugar: Voando pela amplidão, com a lira de meus versos, nas asas da inspiração, diviso mil universos... (Ivone Prado/MG) 5º Lugar: Quando rezas em surdina mãe, vejo nos olhos teus, a inspiração que ilumina tua conversa com Deus! (Elen de Novais Félix/RJ) 6º Lugar: Sob os encantos da lua, em profunda inspiração, eis que o poeta flutua sem tirar os pés do chão. (Dulcídio de Barros Moreira/MG) 7º Lugar: És a musa, minha fada meu talismã, meu troféu, minha inspiração sagrada meu pedacinho de céu... (José Moreira Monteiro/RJ) 8º Lugar: Tu és meu sol, minha lira, onde meu ser se completa; porque é teu amor que inspira meu coração de poeta. (Almerinda Liporage/RJ) 9º Lugar: Cantando até mais que o vento sem desafios fatais... Inspiração é o momento que em silêncio canta mais!!! (Ana Maria Guerrize Gouveia/SP) 10º Lugar: Quando a inspiração palpita nos meus dias mais risonhos, cada trova é uma pepita na bateia dos meus sonhos. (José Antonio de Freitas/MG) 11º Lugar: “Bate” a inspiração na gente... Verso nenhum se aquieta, quando Deus, onipotente, nos permite ser poeta! (Roberto Tchepelentyky/SP) 12º Lugar: A noite inteira acordado e a inspiração não chegou. Um poeta amargurado, foi somente o que restou! (Adalberto Prado/PE) 13º Lugar: A inspiração, inconstante, tem caprichos de mulher: chega, às vezes, inebriante e outras, nem chega sequer! (Wanda de Paula )Mourthé/MG) 14º Lugar: Tudo o que é belo no mundo vem da inspiração de Deus, como o azul meigo e profundo que vejo nos olhos seus. (Licínio Antonio de Andrade/MG) 15º Lugar: A luz que o sol anuncia, o amor, magia secreta... Tudo é sonho e fantasia, na inspiração do poeta! (Dirce Montechiari / RJ) Coordenador: Francisco Neves de Macedo Comissão julgadora: Joamir Medeiros José Lucas de Barros Marcos Medeiros Fonte: Ademar Macedo

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Vânia Maria Souza Ennes em Solenidade de Posse na Academia Feminina de Letras do Paraná


Data: 26 de novembro de 2010
Horário: 16:00h
Local: Centro Paranaense Feminino de Cultura
Rua Visconde do Rio Branco, 1717
Telefone 3232-8123

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n.47)


Trova do Dia

Em noites de dissabor,
quando a saudade é cruel,
o poeta imprime a dor
num pedaço de papel!
EDUARDO TOLOI/MG

Trova Potiguar

Nas espirais de fumaça
que se evolam do cigarro...
Menos vida. Que desgraça!
Retornar mais cedo ao barro.
MANOEL DANTAS/RN

Uma Trova Premiada

2010 > São Paulo/SP
Tema > FEITIÇO > Vencedora

Quando o amor se distancia
e o sonho fica apagado,
não há feitiço ou magia
que salve o encanto quebrado...
THEREZA COSTA VAL/MG

Uma Poesia livre

– Gislaine Canales/SC –
AS MÃOS DO MEU AMOR.

As mãos do meu amor
são amantes agradáveis,
gostosas, suaves...
Como pétalas de flor.
O simples toque dessas mãos
me faz sonhar, me faz vibrar...

Eu amo, as mãos do meu amor!

Uma Trova de Ademar

Toda Trova nos fascina,
encanta e nos enternece;
a trova é pura e divina
como se fosse uma prece!...
ADEMAR MACEDO/RN

...E Suas Trovas Ficaram

A saudade é impenitente
e acha que tem o direito
de não ter pena da gente,
quando invade o nosso peito.
EDMILSON FERREIRA MACEDO/MG

Estrofe do Dia

O trovão estronda andando
pelo firmamento infindo,
céu de nuvens se cobrindo
cascatas cantarolando,
o pirilampo voando
em noites de escuridão,
só parece um avião
com a sinaleira acesa;
tudo que há de beleza
Deus colocou no sertão.
LOURO BRANCO/CE

Soneto do Dia

– Francisco Macedo/RN –
A MALDADE NO PÓDIO.

Minha alma de poeta trovador
desespera-se ao ver no dia a dia
os crimes perpetrados contra o amor
e a vitória voraz da hipocrisia.

Podemos constatar a tirania
E a força do malandro estuprador
e a mídia que só tem pornografia
descartando a poesia e o seu valor.

O mal assenhorou-se deste mundo,
nos cargos principais, os vagabundos,
destroem e comandam nossas vidas;

os valores mudaram de repente,
enquanto o mal se faz publicamente,
nós fazemos amor às escondidas!

Fonte:
Ademar Macedo