sábado, 28 de janeiro de 2012

Ademar Macedo (Mensagens Poética n. 457)

Por do Sol em Santos/SP
Uma Trova de Ademar

Em Trovas vou viajando,
num simpósio de amizade,
aprendendo e praticando
lições de fraternidade.
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional


O amor de mãe é sublime,
que se chega à conclusão:
Se amar ao filho for crime
nenhuma mãe quer perdão.
–CARLOS AIRES/PE–

Uma Trova Potiguar


A gente paga a comida,
a gente paga a cachaça,
paga por tudo na vida
mas Amizade é de graça...
–HELIODORO MORAIS/RN–

...E Suas Trovas Ficaram


Família – escola que traz,
com muitas lições de vez,
todo o bem que a gente faz
e todo o mal que se fez.
–CORNÉLIO PIRES/SP–

Uma Trova Premiada


2010 - Brag. Paulista/SP
Tema: CAMINHADA - Venc.


Nesta longa caminhada
que fazemos sempre a sós...
Nem o silêncio da estrada
quebra o silêncio entre nós!
–PROF. GARCIA/RN–

Simplesmente Poesia

UM CONTO DE: BARTOLOMEU CAMPOS QUEIROZ/MG
“HOMENAGEM PÓSTUMA”


Há muitos e muitos anos, não muito longe daqui,
vivia uma menina que sonhava em ter a Lua.
E, por mais que a mãe lhe dissesse que a Lua ficava longe e era fria,
mais a menina chorava e pedia. Para distrair a filha, a mãe tecia e bordava seus
vestidos com luares de prata, pacientemente.
O pai enfiava em fios de seda pérolas brancas e lisas, cultivadas em conchas,
para o colar da menina. Mas nada trazia a felicidade para a filha, que sonhava, dia e noite,
noite e dia, em ter a Lua, mesmo sendo longe e fria.
Muitas vezes, buscando consolar a menina, a mãe dizia: Filha minha, o caminho da Lua
é muito dentro da noite. Em seu escuro, além de estrelas e constelações,
grandes dragões cortam as estradas com raios, trovões e labaredas.
Nas nuvens da noite dormem morcegos com asas longas, capazes de esconder
outros vampiros e demônios. Mas nada desviava o desejo da menina de morar na Lua,
mesmo sendo longe e fria.
Uma tarde o pai não voltou do trabalho. Perdeu-se nas sombras da floresta
colhendo os frutos mais saborosos, fabricados pela ternura das estações,
para presentear à filha. A noite já andava alta, e a mãe, debruçada na janela,
com os olhos fixos no caminho que traria o esposo, caiu em um sono grande e mais profundo
que o firmamento. E a menina, sonhando com a Lua, aproveitou o descuido dos pais
e tomou o caminho de São Tiago, buscando a Lua, longe e fria.
A estrada era feita de neblina e poeira de estrela, brilhante como o vidro.
Mas entre uma estrela e outra havia o nada. E o nada era imenso e vazio.
Ela assentou-se na primeira estrela, debruçada sobre a noite. Muito triste, começou a chorar.
E seu intenso pranto choveu por sobre a Terra. E eram tantas as lágrimas que um oceano,
salgado e misterioso, se formou. A mãe da menina, com medo de se afogar,
pediu ajuda aos céus e transformou-se em espírito das águas.
O pai, sem a esposa e a filha, cheio de amor, salvou-se em um pequeno barco
e passa as noites e noites navegando nos mares, procurando a mulher e a menina querida.
Naquela noite, os soluços da menina chamaram a atenção de um cavaleiro
que galopava pelas estradas de São Tiago. Escutando o pranto, cheio de pena,
aproximou-se da menina. Adivinhando o seu desejo de ter a Lua, mesmo sendo longe e fria,
oferece-lhe ajuda. A menina montou na garupa do cavalo branco.
E, como o cavaleiro era São Jorge, não foi difícil chegar à Lua.
E até hoje, se a noite é clara, a menina desce com a Lua para
o fundo dos mares, rios e oceanos,
visita o espírito das águas e ilumina o caminho para o pescador de estrelas.

Estrofe do Dia

Que o seu lar se transforme num pomar
onde os solos mais férteis, mais humosos,
gerem frutos sadios, saborosos,
sem a água da chuva lhe faltar;
você próprio se empenhe em cultivar
sem fazer concorrência com ninguém,
dando às plantas o zelo que convém
prá que possa colher milhões de quilos;
e no final da colheita dividi-los
com os pobres famintos que não têm.
–PEDRO ERNESTO FILHO/CE–

Soneto do Dia

Apelo
–ENO TEODORO WANKE/PR–


Eu venho das lições dos tempos idos
e vejo a Guerra no horizonte armada.
Será que os homens bons não fazem nada?
Será que não me prestarão ouvidos?

Eu vejo a humanidade manejada,
em prol dos interesses corrompidos.
É mister acabar com esta espada
suspensa sobre os lares oprimidos.

É preciso ganhar maturidade
no fomento da paz e da verdade,
na supressão do mal e da loucura...

Que a estrutura econômica da guerra
se faça em pó! E reinem sobre a Terra
os frutos do trabalho e da fartura!

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Francisco Cândido Xavier (Trovadores do Além) Parte 5


201
Em toda parte encontramos
Este princípio divino:
Deus faz o tempo uniforme,
O homem faz o destino.
LUCÍDIO FREITAS

202
No lar – palácio ridente
Dos mais belos que há nomundo -,
Se o perdão mora na frente,
A paz reside no fundo.
ALBERTO FERREIRA

203
Há na morte uma saudade
Que ninguém no mundo explica:
Quem fica, chora quem foi;
Quem foi, lamenta quem fica.
JOSÉ ALBANO

204
Do Além, onde a luz nos guia,
Sem que se saiba porquê,
Tudo aquilo que se via
É a casca do que se vê.
BENEDITO CANDELÁRIA IRMÃO

205
Felicidade é uma lei
Que se cumpre sem reclamos
Só temos felicidade
Na medida da que damos.
JÔNATAS BATISTA

206
Amor, quando é verdadeiro,
Quanto mais dor mais ardente...
Quanto mais pedras na fonte,
Tanto mais dura a corrente.
TEOTÔNIO FREIRE

207
Mãe distante eternamente?!...
Isso nunca sucedeu.
Toda mãe está presente
Nos filhos que Deus lhe deu.
CELESTE JAGUARIBE

208
Considera os dissabores
Quais furacões de fumaça...
Poeira de muita cores
Que sufoca, ensina e passa...
OSCAR BATISTA

209
Horrível transe sacode
As forças do coração,
Quando a vida diz que pode
E a morte afirma que não.
FRANCISCO OTAVIANO

210
Ser mãe – amor vivo e brando –
É ser fonte de alegria
A desgastar-se, cantando,
Nas pedras de cada dia.
MARIA CELESTE

211
Matemática esquisita
Acerta contas no Além!...
A dor que nos parasita
Multiplica o nosso bem.
BERNARDO DE PASSOS

212
Aviso dos mais profundos,
Conceito dos mais felizes:
Nunca digas o que sabes
Sem que saibas o que dizes.
TELES DE MEIRELES

213
Mãezinha – planta celeste,
Anjo que chora sorrindo -,
Teu filho é a flor que puseste
No ramo de um sonho lindo.
MEIMEI

214
Passado é presente agora
Ante o futuro sem fim.
A vida passou por fora
Mas ficou dentro de mim.
LUÍS MURAT

215
Cada qual no bem que possa.
Céu não se alcança de salto,
Roseira produz no chão,
Estrela brilha no Alto.
LOBO DA COSTA

216
Extingue, paciente e brando,
O mal, a sombra, a mentira...
O rio lava, cantando,
A pedra que se lhe atira.
VIRGÍLIO BRANDÃO

217
Se a afeição te envolve em chama,
Não sigas rindo à matroca,
Porque a hera também ama
O arbusto que ela sufoca.
ANÍSIO DE ABREU

218
Beleza apenas no corpo,
Exaltada a figurino,
É um cheque tamanho grande
Com crédito pequenino.
JOVINO GUEDES

219
Cessa o pranto que te corre,
No instante do grande adeus!...
Há muita gente que morre,
Rendendo graças a Deus.
FIDÉLIS ALVES

220
Felicidade sem fim?...
Só se encontra indagação.
Quem procura diz que sim,
Quem procurou diz que não.
ALBERTO FERREIRA

221
Na Terra, a vida é batalha,
Não te enganes, senda afora.
Quem chora, às vezes, gargalha,
Gargalha, às vezes, quem chora.
MILTON DA CRUZ

222
Mãe triste que luta e chora,
As suas lágrimas são
As pérolas cor da aurora
Na concha do coração.
ANTONIETA SALDANHA

223
Sem afeto imaginário,
O amigo diz o que sente.
O futuro adversário
Bajula constantemente.
LOPES FILHO

224
Sou teu... Ampara-me e esquece...
Já não busco o que se foi.
Basta me digas em prece:
- “Filhinho, Deus te abençoe!...”
JOSÉ BARTOLOTA

225
Não olvides que a criança,
No caminho, vida afora,
Vai devolver-te, mais tarde,
O que lhe deres agora.
CASIMIRO CUNHA

226
Em todo e qualquer caminho,
O bem, que jamais se cansa,
Na ponta de cada espinho
Põe a rosa da esperança.
EUGÊNIO SAVARD

227
Na luta, fala, mas fala
A fala que ampara e ensina.
Doente que fala muito
Desnorteia a Medicina.
DERALDO NEVILE

228
Sepulcros – sombra, deserto...
Jazigos – riqueza em vão...
Quanto Espírito liberto
Acorrentado no chão!...
CORNÉLIO PIRES

229
No caminho onde a ilusão
Cobrou a tempo o que é seu,
A morte apenas enterra
O afeto que já morreu.
JOSÉ ALBANO

230
Da menor felicidade
Só há o sinal que eu dou:
Onde aparece a saudade,
Felicidade passou.
ADERBAL MELO

231
Nada pede, nada espera
A bondade quando é pura.
Quem dá para receber
Maneja o laço da usura.
RODRIGUES DE CARVALHO

232
Na fazenda grande e bela,
O rico e duro senhor
Renasceu, volvendo a ela,
Por simples cultivador.
AMÉRICO FALCÃO

233
Há quem abusa e se gaba,
Mas esquece ( e é sempre assim)
Que quando a festa se acaba
A conta é paga no fim.
SOARES BULCÃO

234
Meu amor por tí é tanto,
Tem tanta fé, tanto brilho,
Que apenas para fitar-te
Amanhã serei teu filho.
JOVINO GUEDES

235
Depois da morte, a tristeza
Não é ver o bem perdido...
Mudança não é surpresa,
Tristeza é ser esquecido.
HELVINO DE MORAIS

236
Quanto agora me comovo!
Tolo, quisera morrer,
Mas quero nascer de novo
Para dormir e esquecer.
ALCEU WAMOSY

237
Ai do lume da afeição
Que não fica na amizade!...
Quanto maior a paixão,
Menor a felicidade.
SOUZA LOBO

238
Suor de todo momento –
Vida elevada de plano.
Dia atolado na rede –
Suicídio cotidiano.
DELFINA BENÍGNA DA CUNHA

239
Fraqueza!... Triste fraqueza,
Igual à minha não vi.
Sei que não devo buscar-te
E vivo pensando em ti.
TARGÉLIA BARRETO

240
A Terra é um trem com apoio
Nos trilhos do Eterno Bem.
Quem nasce toma o comboio,
Quem morre desce do trem.
TONINHO BITTENCOURT

241
Estuda, contentte e brando,
Esta mensagem fraterna:
Sem a dor aconselhando,
A alegria desgoverna...
LINDOLFO GOMES

242
Enquanto a luz não se oponha
A sombra da fantasia,
Sempre vigia quem sonha,
Sempre sonha quem vigia.
ANTÔNIO SALES

243
Coração, serve e perdoa,
Esquece ofensas e mágoas...
A fonte, de pedra em pedra,
Retira o lodo das águas.
ARTUR RAGAZZI

244
Dois de Novembro assinala
Contradições de doer...
O vivo busca lembrar,
O morto quer esquecer.
EUGÊNIO RUBIÃO

245
Atormentei-te, querida!...
Hoje debalde te louvo...
Agora, para encontrar-te,
O jeito é nascer de novo.
JOSÉ NAVA

246
Verdade clara e sabida
Que muita encrenca nos poupa:
Nem a roupa mostra a vida,
Nem a vida mostra a roupa.
EMÍLIO DE MENEZES

247
Ninguém decifra o problema,
Por mais que mexa e remexa:
Só temos felicidade
Na lembrança que ela deixa.
ANTÔNIO AZEVEDO

248
Louva no corpo fugace
A luz do pranto que escorre
Da esperança de quem nasce,
Da agonia de quem morre.
SEBASTIÃO RIOS

249
Prazer na carne! Façanha,
Jogo de achar e esconder!...
No mundo, quem perde ganha,
Quem ganhou vem a perder.
BERNARDO DE PASSOS

250
A saudade, além do mundo,
Na alegria da amplidão,
Parece espírito cravado
No cerne do coração.
DA COSTA E SILVA

Fonte:
Francisco C. Xavier (psicografia). Autores Diversos. Trovadores do Além.

Lendas e Contos Populares do Paraná (Paranaguá)


PARANAGUÁ
A Lenda do Pirata Zulmiro


A incandescida imaginação do vulgo sempre inclinado ao maravilhoso, acolhe e acaricia sedutoras e extravagantes lendas, como essa do pirata Zulmiro, que chegou a convencer meio mundo da existência de tesouros que esse suposto ladrão do mar, após abandonar uma vida aventurosa e inçada de crimes, teria ido esconder num sítio dos arredores de Curitiba.

A esse misterioso personagem se prende a fama dos tesouros da ilha da Trindade, divulgada na década de 1920 por um farmacêutico paulista possuidor de velho documento com a indicação do lugar exato onde, no solitário rochedo, distando 300 léguas da costa do Espírito Santo, jaziam as fabulosas riquezas, produto das piratarias exercidas no Atlântico pelo famoso flibusteiro.

Zulmiro, segundo o dono do documento, seria nome de guerra, arranjado para ocultar a verdadeira personalidade de um Lorde, talvez filho segundo de alguma das grandes casas da Inglaterra, ingressado jovem na marinha do seu país e da qual desertou nos agitados dias do primeiro quartel do século retrasado, na Europa sacudida pelas guerras napoleônicas, para entregar-se às criminosas atividades do ofício de pirataria.

Até que um dia, capturado o seu navio por um vaso de guerra britânico, descobriu o comandante deste no capitão prisioneiro um antigo colega da Escola Naval, resolvendo, para não enforcá-lo, como mandavam as leis penais inglesas, desembarcá-lo na costa mais próxima (a Barra de Paranaguá), sob condição de se internar no continente e nunca mais aparecer. Deu-lhe três libras esterlinas e uma Bíblia, únicos haveres com que contou o infeliz para fazer vida nova no país, que então se ensaiava para a independência. Seria nessa época que o estranho personagem, rumando ao planalto por julgar perigosa a permanência à beira-mar, foi assentar residência em Curitiba, de onde não mais saiu, falecendo em avançada idade, entre os anos de 1880 e 1882, conforme o testemunho de coevos que nos afirmaram, em 1910, tê-lo conhecido numa chácara do Pilarzinho, originando-se deste fato a suspeita de estarem ali enterrados os supostos tesouros.

Provado que realmente existiu na Curitiba dos meados do último século um estrangeiro, cuja vida se cercava de grande mistério, e se este era o indivíduo egresso da marinha inglesa ao qual faz referência a narrativa do farmacêutico Barbosa, neto do funcionário imperial que residia no Paraná, do pirata recebera a confidência do seu passado e a Bíblia com os “croquis” da ilha da Trindade, assinalando o local do tesouro. Fica esclarecida a impossibilidade de existir este no Pilarzinho, pois o fato de haver Zulmiro aqui desembarcado apenas com as três libras da generosa dádiva do seu compatriota e antigo camarada, exclui toda a hipótese de subir ao planalto carregando as riquezas.

Na época era mui comum aportarem ao Brasil indivíduos fugidos ao ajuste de contas com a justiça do país natal e que para refazerem a vida no virgem ambiente americano, e esquecerem o tenebroso passado, tinham a cautela de não revelar a verdadeira identidade.

Saint-Hilaire, em 1820, visitando Paranaguá encontrou na ilha da Cotinga um alemão de avançada idade, ali estabelecido há muito tempo e “que havia sido muito atormentado por faltas contra a disciplina e os costumes”, diz o notável botânico francês. Perguntou-lhe o que o fizera vir a um país tão afastado do seu. “Erros, extravagâncias”, respondeu-lhe, lacônico, o exilado.

Como esse, outros muitos teriam acostado ao nosso país, e daí a possibilidade da vinda do enigmático inglês do Pilarzinho, cujo nome Zulmiro não seria por ele adotado, tratando-se de provável corruptela indígena de Saulmers (pronuncia-se Sulmir).

A dúvida, porém, ocorre quanto à qualidade de antigo pirata que se lhe atribui, bastando recorrer a argumentos cronológicos para provar o infundado de tal suposição: dado o falecimento de Zulmiro em 1882, aos 90 anos de idade prováveis, teria ele nascido em 1792 e supondo que com 20 anos, no mínimo, tenha desertado da frota de guerra inglesa, temos 1812 para início da sua carreira criminosa, mas numa época em que a pirataria já estava praticamente abolida no Atlântico, permanecendo apenas no litoral dos Estados barbarescos ao norte da África, até que a conquista francesa a extinguiu de vez. O corso, forma legal de pirataria autorizada por governos em guerra para causar danos ao inimigo e o tráfico de escravos, esse sim estava em vigor.

As repúblicas americanas em luta pela independência, concediam cartas de corso aos que se propunham perseguir e saquear navios espanhóis. E a indústria do transporte de negros da África para venda no Brasil e nos Estados meridionais da América do Norte, se exercia franca e prosperamente, sem embargo da perseguição dos cruzeiros ingleses.

Encantada

Quase todos, por certo, conhecem a gruta que existe na Ilha do Mel, no recanto denominado Encantada. Muitos namorados deixam seus nomes entrelaçados nas paredes interiores, que constantemente são visitadas pelo mar. (Essas visitas têm determinado a morte de muitos incautos).

O povo da região conta que vive nessa gruta uma linda princesa encantada. E que esta, irada, pune com a morte os afoitos, invasores de seu pequeno reino.

Fonte:
Renato Augusto Carneiro Jr. (coordenador). Lendas e Contos Populares do Paraná. 21. ed. Curitiba : Secretaria de Estado da Cultura , 2005. (Cadernos Paraná da Gente 3).

Ademar Macedo (Mensagens Poética n. 456)

Por do Sol na Praia de Santa Monica - Guarapari/ES
Uma Trova de Ademar

“Eu te amo”, já me disseste.
Que sentimento fugaz!
Pois esse amor que me deste
P’ra mim foi pouco demais!...
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional


A sorte é que vim de fora,
não moro aqui, de verdade;
meu lema é outro e nest'hora
percebo a realidade!...
–CIDINHA FRIGERI/PR–

Uma Trova Potiguar


Nas mãos... as unhas vermelhas
inspiram doce pecado.
Intensas, puras centelhas,
na pele do meu amado.
–IEDA LIMA/RN–

...E Suas Trovas Ficaram


Na visão enlouquecida
que os encontros transcenderam,
teu corpo era um Avenida
que meus lábios percorreram...
–CONCHITA MOUTINHO/PR–

Uma Trova Premiada


2009 - Cantagalo/RJ
Tema: SERTÃO - 3º Lugar


Quem não tem medo da morte,
quem nunca faz nada em vão,
quem, antes de tudo é um forte...
Este é o homem do sertão!
–RENATO ALVES/RJ–

Simplesmente Poesia

Não me Deixes
–THALMA TAVARES/SP–


O teu perdão não tem preço
se vem do teu coração.
Eu só não sei se mereço
o preço do teu perdão

Mas meu amor te conheço
tão bem quanto a minha mão.
Por isso eu não estremeço
nem penso em desilusão.

Tu sabes quanto te quero!
Bem por isso é que eu espero
que não me deixes assim.

Sei que vais me perdoar
porque não vais aguentar
viver tão longe de mim!

Estrofe do Dia

Vai ficando distante a mocidade
e eu não posso evitar, por mais que tente;
o passado se alonga a todo instante
e o futuro reduz-se de repente.
Já não sei se dirão que fiquei louco,
mas cem anos de vida é muito pouco
para os sonhos que tenho pela frente.
–JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN–

Soneto do Dia

Amor Cigano
–SÔNIA SOBREIRA/RJ–


Na imensidão de um céu azul, sereno,
onde o luar rebrilha soberano,
o vento leve corre doce, ameno,
nas belas noites de um amor cigano.

E no mistério de um fugaz aceno,
ouve-se a voz vibrante de um gitano
que, a sorrir, em leve tom verbeno,
canta o prelúdio de um amor cigano.

É a magia de um momento lindo!
Onde as estrelas lá no céu infindo,
unem as almas sem nenhum engano.

E entrelaçados ao sabor do vento,
vivem o encanto de mais um momento
nos belos sonhos de um amor cigano.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Guerra Junqueiro (O Rabequista)


Em tempos muito remotos, os habitantes de urna grande cidade levantaram uma igreja magnífica a Santa Cecília, padroeira dos músicos.

As rosas mais vermelhas e os lírios mais cândidos enfeitavam o altar, O vestido da santa era de filigrana de prata e os sapatinhos eram de ouro, feitos pelo melhor ourives que havia na cidade. A capela estava constantemente cheia de peregrinos e devotos.

Uma vez foi lá em romaria um pobre rabequista, pálido, magro, escaveirado. Como a jornada tinha sido muito longa, estava cansado, e já no seu alforje não havia pão, nem dinheiro no bolso para o comprar.

Assim que entrou na capela, começou a tocar na sua rabeca com tal suavidade, com tanta expressão, que a santa ficou enternecida ao vê-lo tão pobre e ao escutar aquela música deliciosa. Quando terminou, Santa Cecília abaixou-se, descalçou um dos seus ricos sapatos de ouro e deu-o ao pobre músico, que tonto de alegria, dançando, cantando, chorando, correu à loja de um ourives para lho vender, O ourives reconhecendo o sapato da santa, prendeu imediatamente o rabequista e conduziu-o à presença do juiz. Instauraram-lhe processo, julgaram-no, e foi condenado à morte.

Chegara o dia da execução. Os sinos dobravam lastimosamente, e o cortejo pôs-se em marcha ao som dos cânticos dos frades, que ainda assim não chegavam a dominar os sons da rabeca do condenado, que pedira, como última graça, o deixarem-lhe tocar na sua rabeca até ao último momento. O cortejo chegou defronte da capela da santa e, quando pararam, suplicou o triste desgraçado que o levassem lá dentro para tocar a sua derradeira melodia.

Os padres e os chefes das escoltas consentiram e o rabequista entrou, ajoelhou aos pés da santa, e debulhado em lágrimas começou a tocar. Então o povo, maravilhado e aterrado, viu Santa Cecília curvar-se de novo, descalçar o outro sapato e metê-lo nas mãos do infeliz músico. A vista deste milagre, todos os assistentes levaram em triunfo o rabequista, coroaram-no de flores, e os magistrados vieram solenemente prestar-lhe as mais honrosas homenagens.

Fonte:
Guerra Junqueiro. Contos para a infância.

Amosse Mucavele (Martelamento do Rio)


Rio do silêncio das ondas do rio. Onde suas águas guardadas em gavetas aguardam pela hora do discurso. O rio chora pelo silencioso curso da sua voz em movimento rectilíneo.

Escrito com a tinta selvagem e o dolorido trilho em paralelo tracejado em pleno ziguezaguear das suas assombrosas margens

Aberta a boca para o discurso: a voz do rio seca torna-se num eterno guardador de silêncios.

Um homem,
Uma canoa ,
2 linhas paralelas

O verso do olfato do crocodilo descreve o perfil da presa

No
Silencioso trilho do rio

Uma cova
A mesma cova ardia em plena hora do discurso vazio
No meio do rio uma pá continua a uma velocidade da luz com o seu curso vertical. O redemoinho pesca a água de uma forma circular.
––––––––––––––––––-
Amosse Mucavele pertence ao Movimento Literário Kuphaluxa
*"Dizer, Fazer e Sentir a Literatura"*

Sede:
Centro Cultural Brasil-Moçambique, nº 1728,
Caixa Postal nº 1167.
Maputo, Moçambique

Celulares: +258 82 27 17 645 e +258 84 57 78 511
*Email:* kuphaluxa@gmail.com
*Internet:* kuphaluxa.blogspot.com e literatas.blogs.sapo.mz

Monteiro Lobato (Reinações e Narizinho) - Pena de Papagaio - II - Preparativos


Depois voltou para casa a correr, aflito por contar a Narizinho o estranho acontecimento. E desfiou tudo, num atropelo.

A menina abriu a boca.

— Mas que jeito tinha ele? — indagou ela, ardendo em curiosidade.

— Como posso saber, se era invisível? A voz parecia de menino. Disse que tem minha altura e minha idade. Gosta de cantar como galo, tal qual Peter Pan. Desconfiei que fosse Peter Pan, mas a voz declarou que não, que nem de nome o conhece.

— É extraordinário! — murmurava Narizinho, olhando para o mapa aberto no chão. — Venha ver, Emília.

A boneca, que estava brincando de esconder com o Visconde, veio depressa, muito tesinha, toe, toe, toe. Olhou para o mapa, fez suas críticas e, dando com o chiqueirinho de Rabicó, berrou:

— Ande, Visconde, venha ver uma coisa! E como o Visconde não viesse logo, correu a buscá-lo e fincou-o no mapa com tanto estouvamento que furou o Mar dos Piratas.

Depois de olhado e reolhado e decorado aquele mapa, Pedrinho pensou nos preparativos.

— Temos de resolver tudo já, porque amanhã de madrugada é a partida. Antes de mais nada preciso saber quem vai e quem não vai.

— Acho que devemos ir todos, menos Rabicó — opinou a menina. — Rabicó está muito malcriado. Vai Emília, vai Faz-de-conta, vai o Visconde...

— Faz-de-conta, não! — berrou a boneca. — Tenho vergonha de andar com uma feiúra daquelas. O Visconde, sim, porque preciso dele.

Venceu a opinião da boneca. Faz-de-conta ficava e o Visconde ia.

— E a bagagem? — lembrou a menina. — Valerá a pena levar alguma?

— Acho que não — disse Pedrinho. — O menino invisível é da marca de Peter Pan, dos tais que sabem dar jeito a tudo e fazem surgir o que é preciso. Foi essa a minha impressão.

Ficou resolvido não levarem nada.

— Muito bem — disse Pedrinho. — Nesse caso, tratemos de dormir mais cedo, porque temos de sair de madrugadinha.

Dona Benta estranhou aquela ida para a cama tão antes da hora e disse para tia Nastácia: “Temos novidades amanhã!...”

Só Emília não foi dormir. A boneca tinha idéias especiais sobre tudo, e tudo fazia diferente dos outros. Por isso resolveu levar bagagem e passou parte da noite a arrumar uma célebre canastrinha de couro que dona Benta lhe dera. Botou dentro uma pena de papagaio, uma perna de tesoura de unha encontrada no lixo, o famoso alfinete de pombinha que filara da negra e mais quitandas.

— A gente precisa se precatar — dizia ela no meio do quarto, de mãos na cintura, repetindo uma frase que tia Nastácia usava muito. Vendo que não havia esquecido de coisa nenhuma, tratou de fechar a canastra. Não pôde. Estava cheia demais.

— Visconde! — berrou. — Venha me ajudar a “espremer” esta malvada.

O pobre Visconde de sabugo cada vez mais verde de bolor e todo duro de reumatismo, veio lá do seu canto, gemendo.

— Sente-se em cima e esprema a tampa até arrebentar.

Felizmente para o Visconde não foi preciso tanto. A canastrinha teve dó dele e deixou-se fechar antes que o pobre sábio rebentasse.
––––––––––––––
Continua… Pena de Papagaio – III - A partida

Fonte:
LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. I. Digitalização e Revisão: Arlindo_Sa

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Ademar Macedo (Mensagens Poética n. 455)

Por-do-sol em Maringá/PR
Uma Trova de Ademar

Traz alentos, novas vidas,
muda a cor da plantação;
a chuva sara as feridas
que a seca faz no sertão.
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional


Nem sempre a felicidade
vem da vitória ou da fama:
pode estar numa saudade
ou nos sonhos de quem ama!
–JEANETTE MONTEIRO DE CNOP/PR–

Uma Trova Potiguar


Reconduzindo incertezas
em meus momentos tristonhos,
aprisiono as fraquezas
na fortaleza... dos sonhos!
–MARA MELINNI/RN–

...E Suas Trovas Ficaram


Amor que nunca se olvida
guarda sempre a mesma sorte:
ligação de vida em vida,
saudade de morte em morte.
–LÍVIO BARRETO/CE–

Uma Trova Premiada

2010 - Ribeirão Preto/SP
Tema: MADURO - M/H


Homem maduro tem força;
firme, enfrenta ondas e ventos.
Por mais que os anos distorça
jamais perde os bons momentos.
–NILTON MANOEL/SP–

Simplesmente Poesia


MOTE :
Nem em lombo de jumento
eu boto carga pesada;
–ZÉ DE CAZUZA/PB–


G L O S A:
–GILSON FAUSTINO MAIA/RJ–

Saudade, assim, não aguento,
pra mim é peso demais.
Vivo chorando no cais.
Nem em lombo de jumento
eu vejo igual sofrimento.
Minh’alma já está cansada
dessa tristeza danada.
Por culpa da tua ausência,
no baú da paciência,
eu boto carga pesada.

Estrofe do Dia

Eu não posso afirmar que sou um vate,
muito menos dizer: sou menestrel,
só por vezes escrevo algum cordel;
sou uma pedra, e sem nenhum quilate,
sou rebolo... talvez de algum combate;
tendo assim no caminho utilidade,
quão mil outras que tem em quantidade!
meu caminho é torto, e não tem reta,
a virtude maior para um poeta
é saber preservar a humildade!
–ZÉ SALVADOR/CE–

Soneto do Dia

Conflito
–CAROLINA A. DE CASTRO/PE–


Eu tenho dentro d’alma o romantismo
das vagas, o mistério atro das matas,
a vastidão sinistra de um abismo,
o murmúrio contínuo das cascatas...

Eu tenho n’alma a trepidez de um sismo,
a languidez da voz das serenatas,
a solidão da noite, e esse lirismo
na melodia triste das sonatas...

Eu tenho n’alma um fúnebre lamento,
o silvo melancólico do vento,
uma cratera muito tempo aberta...

Eu tenho dentro d’alma a sensação
de uma vida que morre em lentidão,
e de uma estranha morte que desperta!

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Pedro Malasartes no Céu


Cansado de vagar pelo mundo, Malasartes resolveu dar um passeio ao céu, onde chegou com três dias de viagem. Bateu no portão do paraíso e esperou. Pouco depois ouviu a voz de São Pedro:

-Quem é?

-Sou eu.

– Eu quem?

-Pedro Malasartes.

– Que vem você fazer aqui no céu?

-Vim dar um passeiozinho. Quero ver essas belezas aí de dentro.

– Não pode ser, moço. No céu não entra ninguém vivo.

-Tenha piedade, São Pedro, só quero dar uma espiadinha…

-Nada, não é possível!

-Ora, abra, São Pedro, abra por favor… é só um instante… Deixe-me ao menos botar a cabeça aí dentro…

E tanto pediu e rogou, que São Pedro, já abalado, ou caceteado, entreabriu-lhe a porta para que espiasse.

Malasartes deitou-se, mais que depressa, de barriga para baixo, com os pés voltados para a porta, e foi-se deslizando para dentro do céu.

São Pedro protestou, mas o Malasartes retrucou-lhe que o santo se havia comprometido a deixá-lo meter a cabeça no céu, e era o que estava fazendo.. O chaveiro celeste não teve remédio senão conformar-se, porque palavra de santo é como a de rei, não volta atrás; e o caso é que quando a cabeça de Malasartes penetrou no céu já estava o corpo dele inteirinho…

O Índio na Literatura Brasileira (Estante de Livros) 4


FLEURY, Luiz Gonzaga. História de índios.

Relata duas histórias, sendo que a primeira delas, intitulada Araci e Moacir, tem como contexto a época do Descobrimento do Brasil. Nela, Araci, indiazinha Tupinambá, e Moacir, cujo pai é português e a mãe índia, após terem perdido seus amigos em um ataque dos índios Tupinambá, são obrigados a viver com estes por um bom tempo. A segunda, O Curumim do Araguaia, é uma história cheia de lances emocionantes, na qual Joãozinho e seu tio viajam de jangada pelo rio Araguaia, onde são atacados pelos índios Xavante.

FONTA, Sérgio. Passageiros da estrela.

Narra a história de amor entre dois jovens: Cuaraci e Iaci. Mas o temido feiticeiro Acauã e seu ajudante, Curupira, raptam Iaci, levando-a para longe de Cuaraci. Inconformado, ele resolve ir em busca de Iaci, juntamente com seu melhor amigo, Japu, e, após passarem por muitos perigos e dificuldades, Cuaraci tem de volta o seu grande amor. Inclui pequeno glossário de palavras indígenas.

FONTES, Narbel; FONTES, Ofélia. Cem noites Tapuias.

Narra a aventura do menino Quinquim, que é raptado pelos índios Xavante. Na aldeia, conhece a professora Joana Bororo, que também havia sido raptada. Após cem dias na aldeia dos Xavante, finalmente chegam os homens da Vila de Poxoreu, inclusive o pai de Quinquim, que fica emocionado ao rever o filho.

FONTES, Ofélia; FONTES, Narbel. O gigante de botas.

Descreve a história de Anhangüera e do capitão Ortiz, que guiam uma bandeira pelas matas goianas rumo à Mina dos Martírios. A natureza é cenário dessa aventura em que os bandeirantes enfrentam índios e traições no próprio grupo.

FREI BETO. Uala, o amor.

Conta a história de um índio, chamado Uala, que está conversando com seu amigo rio e ouve seus temores sobre o homem branco. Vê o acampamento dos homens e máquinas sujando e machucando a floresta. Vê a enchente avançar em direção à aldeia e destruí-la. Uala fica triste e raivoso, sente que precisa tomar providências com urgência! E se pergunta: por que o homem branco não consegue perceber a agonia da natureza quando a está matando?

GALDINO, Luiz. Um índio chamado Esperança.

Conta a história de um indiozinho que vive no Rio Uaupés, com seu avô, no tempo em que macaco é gente e bicho fala. O menino vive triste, porque não tem nome. E, porque ninguém sabe o seu nome, tudo que faz é perguntar: “por que eu não tenho nome?”. Sai à procura de seu nome e, ajudado por um jumento, descobre que ele foi roubado por um urubu.

GALDINO, Luiz.Terra sem males.

Aborda o contato entre índios e não-índios, retratando os malefícios advindos do abandono de suas terras, das mudanças de costumes, bem como da devastação da natureza.

GRUPIONI, Luís Donisete Benzi. Juntos na aldeia.

Apresenta, em linguagem simples, um discurso para abordar a questão indígena de uma forma que emociona o leitor infantil, pela possibilidade de conhecer mais de perto as situações cotidianas e os rituais vividos por crianças, jovens e adultos, pertencentes a quatro povos indígenas: Kamayurá, Zoé, Tiriyó e Waiãpi.

GRUPIONI, Luís Donisete Benzi. Viagem ao mundo.

Narra situações que retratam o cotidiano e rituais vividos por crianças e jovens pertencentes aos seguintes povos indígenas: Bororo, Xikrin, Xavante, Nambikwára e Kadiwéu.

GUEDES, Luiz Roberto. Lobo, lobão, lobisomem.

Traz como pano de fundo uma aventura num acampamento de verão. O andarilho Maneco diz para a garotada que o professor Tiago Lobo é filho e neto de lobisomem. A suspeita vai crescendo e se transformando em medo. Há uma fera assassina na Montanha dos Lobos, refúgio de índios, bichos e berço da lenda do povo lobo. Quando o terror atacar, numa noite de tempestade, todos precisarão de muita coragem para salvar suas vidas.

GUIMARÃES, Márcia Meyer. Curupira.

Narra a lenda do Curupira, que é um menino peludo, de cabelos vermelhos e pés virados para trás. É um gênio guardião de floresta, e passeia por ela montado num veadinho. O Curupira protege as fêmeas grávidas e seus filhotes. Ele permite a caça, mas somente quando os homens caçam para alimentar-se.

GUIMARÃES, Márcia Meyer. Iara.

Narra a lenda da Iara, que é a senhora das águas doces. Ela vive no fundo dos rios, nas cachoeiras e lagos. Dizem que sua voz é maravilhosa, encanta todos que a ouvem. Quando quer se fazer visível, Iara toma a forma de uma mulher de pele branca, cabelos verdes e muito compridos.

HELENO, Guido. A lenda da noite.

Conta uma das mais belas histórias do folclore brasileiro, a qual se passa na época em que a noite não existia e o sol tomava conta do céu o tempo todo.

Fonte:
Moreira, Cleide de Albuquerque; Fajardo, Hilda Carla Barbosa. O índio na literatura infanto-juvenil no Brasil. - Brasília: FUNAI/DEDOC, 2003.

J. G. de Araújo Jorge (Quatro Damas) 11a. Parte


" PEQUENINA... "

Sim, és pequenina...
E sendo mulher, lembras mais
às vezes, uma menina...

Uma menina cheia de sonhos
vãos...

Sim, és pequenina...
(como gosto que sejam as mulheres
para melhor caberem em minhas mãos...)

" PERGUNTA TOLA "

Afinal
(para o meu bem
ou para meu mal)

- encontrar Você
para quê ?

" PRESENÇA... "

Se esta página onde escrevo
fosse um espelho, meu amor

... estaria embaciada ainda
pelo teu calor…

" PRÍNCIPE ENCANTADO "

Ontem
Me senti Príncipe Encantado
quando você me encontrou...

E ao Vê-la
em sua ingenuidade sonhadora,
em sua desprevenida beleza,
fiquei a lastimar antecipadamente a sorte
de mais uma Princesa…

" QUANTO A MIM... "

Bom é saber que me esqueceste,
e descobrir (para meu mal
ou para meu bem?)
que eu apenas te amei...

Que tu fosses feliz
foi afinal
o que sempre desejei
e quis...
........................................................................

Não choro, não me lamento
de nada sinto falta...

... E para que falar em sofrimento
se a noite vai alta…

" RECEIO... "

I

Às vezes receio ( e talvez falte pouco)
que esse ímpeto que vem do coração
com uma força estranha,
extravase em ternura quente
como as lavas de um vulcão pela vertente
de uma montanha...

Receio que transborde
esse ímpeto louco, que domo
nas profundezas do Ser
e é fogo, em meu olhar...

E eu ponho tudo a perder...
Tudo... Eu que há tanto tempo me contenho
não sei como,
a esperar...

I I

Nesse silêncio me aprisiono
e me acovardo,
nesse silêncio me guardo...

Por mim, por ti, por nós dois,
é melhor que não venha a palavra,
que eu fique mudo...

Se te dissesse a primeira palavra
talvez depois
fosse capaz de tudo…

" REMORSO ? "

Por que há de ser assim o amor,
sempre desajustado
em nossas vidas?

Esta ternura que tanto te cativa
uma outra inutilmente a desejou
e bem que a mereceu....

Perdoa, amor... Mas essa ternura
que te dou,
é remorso talvez, sentimento de culpa,
que seu eu?

Prodigalizo-te o que por tanto tempo
neguei, sem explicação,
a quem tanto se deu, e desesperada se foi
sem qualquer explicação…

" RESTOS DE NAUFRÁGIO... "

Me lembro de teus gestos de criança, teus olhos garços,
teus cabelos louros despenteados
pela aragem fria,
me lembro de tua perturbação adolescente
naquele dia...

E da expressão de teu olhar
sempre que me encontrasse,
quando o amor era um primeiro rubor de alvorada
em tua face...

S então eu fosse teu e tu fosses minha
eu, puro, sem passado, a esperar pelo mundo;
tu, a imagem da própria ingenuidade
em seu canto inicial,
nosso amor teria sido um céu azul, profundo,
onde dois pássaros esvoaçassem
antes do pouso nupcial...
.............................................................

Maldade do Destino... Coisas da Vida em seus desígnios...
nem pudeste ser minha e nem pude ser teu...
(Ah! aquele instante dos instantes
que irremediavelmente se perdeu!)
- em que este amor teria sido o amor perfeito
como as manhãs de abril nas montanhas distantes...

E hoje que tens cansado o corpo e a alma entregas
em gestos lassos,
com esse jeito de quem tem pago pelo pouco
que tem recebido,
um doloroso preço,
- hoje, enfim, que te tenho em meus braços,
eu, também, sou um saturado, um perdido,
e já não te mereço...

Depois de tantas voltas inúteis, nossas vidas
que ventos estranhos desarvoraram
sobre o mar,
são como os restos de um naufrágio
que as ondas dispersaram
e ao fundo de uma mesma praia
foram dar...

Restos... somos restos de nós mesmos
a boiar...

Fonte:
J. G. de Araujo Jorge. Quatro Damas. 1. ed. 1964.

Guerra Junqueiro (Os Pêssegos)


Um lavrador que Unha quatro filhos, trouxe-lhes um dia cinco pêssegos magníficos. Os pequenos, que nunca tinham visto semelhantes frutos, extasiaram-se diante das suas cores e da fina penugem que os cobria. À noite o pai perguntou-lhes:

– Então comeram os pêssegos?

– Eu comi, disse o mais velho. Que bom que era! Guardei o caroço, e hei-de plantá-lo para mais tarde nascer uma árvore.

– Fizeste bem, respondeu o pai, é bom ser económico e pensar no futuro.

– Eu, disse o mais novo, o meu pêssego comi-o logo, e a mamã ainda me deu metade do que lhe tocou a ela. Era doce como o mel.

– Ah! acudiu o pai, foste um pouco guloso, mas na tua idade não admira; espero que quando fores maior te hás-de corrigir.

– Pois eu cá, disse o terceiro, apanhei o caroço que o meu irmão deitou fora, quebrei-o e comi o que estava dentro, que era como uma noz. Vendi o meu pêssego, e com o dinheiro hei-de comprar coisas quando for à cidade.

O pai meneou a cabeça.

– Foi uma ideia engenhosa, mas eu preferia menos cálculo. E tu, Eduardo, provaste o teu pêssego?

– Eu, meu pai, respondeu o pequeno, levei-o ao filho do nosso vizinho, ao Jorge, que está, coitadinho, com febre. Ele não queria, mas deixei-lho em cima da cama, e vim-me embora.

– Ora bem, perguntou o pai, qual de vós é que empregou melhor o pêssego que eu lhe dei?

E os três pequenos disseram à uma:

– Foi o mano Eduardo.

Este no entanto não dizia palavra, e a mãe abraçou-o com os olhos arrasados de lágrimas.

Fonte:
Guerra Junqueiro. Contos para a infância.

Lendas e Contos Populares do Paraná (São Miguel do Iguaçu – São Tomé – Tapejara – Tibagi)


SÃO MIGUEL DO IGUAÇU
Origem do nome da cidade


A região era habitada por povos hostis, que saqueavam e roubavam das famílias que aqui se fixavam. Numa noite de lua cheia, enquanto uma família dava graças pelas ótimas colheitas, fruto do trabalho, os saqueadores apareceram, levando tudo o que encontraram.

Um cavaleiro chamado, que por ali passava, montando um cavalo branco, sacou seu facão e afugentou o bando. A família correu para agradecer a ajuda, mas não encontrou mais o cavaleiro, só viu o brilho de seu cavalo por entre as árvores da floresta, dirigindo-se ao rio Iguaçu. Alguns o idolatram como santo e acreditam ter vindo desta lenda o nome São Miguel do Iguaçu.

SÃO TOMÉ
Origem do nome da cidade


A origem do nome, segundo narra a antiga história, deve-se ao caminho de Peabiru, ou caminho do Sol. Conhecido, também, como caminho de São Tomé, por onde passaram jesuítas e bandeirantes. O caminho se estendia da costa de São Vicente, passava o rio Tibagi e o rio Piquiri, era uma trilha indígena que vinha do Atlântico para as demais regiões do Ocidente.

A origem do nome São Tomé vem em razão dos pioneiros confundirem o nome de Pai Sumé ou Zumé, denominação genérica dada pelos índios tupis aos seus maiores civilizadores místicos, como São Tomé, um bem aventurado da Igreja Católica.

No final do caminho de São Tomé surgiu um povoado e para que a tradição da lenda tupi permanecesse na mente e no coração dos atuais povoadores, fizeram por bem colocar o nome de São Tomé neste povoado.

TAPEJARA
Lenda de Tapejara


No norte do Paraná habitava uma tribo. Ubirajara era o cacique. Um certo dia, Ubirajara pescava nas margens do rio e viu um branco navegando. Chamou a sua tribo e o prenderam. Na tribo havia uma índia bonita que se chamava Tapejara, era noiva do cacique, mas não era de sua vontade.

Com o passar dos dias, ela começou a gostar do prisioneiro, ele também correspondia ao seu amor. O cacique descobriu e mandou-a para fora da tribo e matou o prisioneiro. Mas apesar de tudo, ele amava a índia. Colocou-a em uma linda floresta, lá havia lindos frutos dos quais ela se alimentava e havia uma fonte onde ela bebia água.

Ao correr dos anos, começaram a chegar os pioneiros e se o cacique não desse permissão para os brancos entrarem nas terras, haveria luta. Mas logo a índia entrou em contato com sua tribo, pois ela sabia que o cacique ainda a amava. Então logo propôs para o cacique:

– Eu caso com você, e você deixa os brancos habitarem essa terra. Assim, o cacique aceitou. Os brancos começaram a derrubar a floresta e formar uma cidade. Quando foram derrubar a floresta em que Tapejara tinha morado vários anos, os índios pediram para não derrubá-la, pois os brancos deviam um favor a ela e atenderam o pedido.

Chegou a hora de colocar o nome na cidade, puseram-lhe o nome de Tapejara, em homenagem à índia. Passaram-se anos e atualmente é a Tapejara que nós conhecemos. A floresta que a índia pediu para não ser derrubada é atualmente o bosque da cidade, onde nasce uma fonte cristalina, que hoje abastece a cidade.

TIBAGI
O Drama da Fazenda Fortaleza

Prestem muita atenção no que agora vou contar
Na Fazenda Fortaleza tem história de arrepiar
Uma escrava coitadinha que era alegre e bonitinha
Teve os dentes arrancados pela mulher do Tenente
Que pegou o alicate e sem ter pingo de dó
Deixou a pobre menina desdentada a chorar
Logo os dentes arrancados ela entregou de presente

II

E as histórias da fazenda não param por aí
Conta-se que José Felix tinha grande fortuna
Ela estava escondida em algum canto da fazenda
E até hoje se procura esconderijo da fortuna
Os escravos que sabiam não voltaram pra contar
Pois o tal do José Felix tratou de os matar
E hoje muitos que almejam a fortuna desfrutar
Fazem consultas do além para os dobrões encontrar

III

Mais de cem anos passados da morte de José Felix
Um médium invoca o espírito do rico senhor
Mas o morto reclamava que abusavam dele
E gritava “afinal quem manda aqui?”
Falando de sua vida, suas lutas e chorou
E em meio da emoção esta frase ele soltou
“Aqui vi dias felizes e aqui cheguei a chorar
Vocês estão todos loucos isto aqui não vale nada”

IV

Para terminar a história meu amigo não se iluda
Essa busca é inútil nem do amém se descobriu
O esconderijo da fortuna continua um mistério
Viva sua vida em paz e não mais corra atrás
Pois o ouro enterrado do senhor da Fortaleza
É um tesouro maldito quanto escravo ele matou
O que vale nesta vida é em Tibagi viver em paz
Da Fazenda Fortaleza a fortuna não quero mais.
-
Fonte:
Renato Augusto Carneiro Jr. (coordenador). Lendas e Contos Populares do Paraná. 21. ed. Curitiba : Secretaria de Estado da Cultura , 2005. (Cadernos Paraná da Gente 3).

Ademar Macedo (Mensagens Poética n. 454)

Crepúsculo na Lagoa do Camurupim - Caucaia/ CE
Uma Trova de Ademar

Neste “país de ninguém”...
quis viver bem e não pude.
Saúde mesmo, só tem,
quem tem plano de saúde!
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional


Não me abalo, e vou mais fundo
se a treva induz a fracassos,
pois Deus, que é luz para o mundo,
ampara e guia os meus passos!...
–MARISA VIEIRA OLIVAES/RS–

Uma Trova Potiguar


Nem fada nem cinderela,
nem chapeuzinho vermelho,
nada mais que a imagem dela
refletida num espelho.
–TARCÍSIO FERNANDES/RN–

...E Suas Trovas Ficaram


Não sabes com que recato
escondo no coração,
ternura mansa de gato,
fidelidade de cão!
–DYLMA CUNHA DE OLIVEIRA/RS–

Uma Trova Premiada


1987 - Resende/RJ
Tema: ABANDONO - 2º Lugar


Abandonado e tristonho,
guri de rua, sombrio,
puxa as cobertas do sonho
pra agasalhar-se do frio.
–PAULO CESAR OUVERNEY/MG–

Simplesmente Poesia

“Tributos ao Trovadoresco”
–NEMÉSIO PRATA/CE–


Mal Janeiro foi chegando,
sem nos dar qualquer refresco,
o Ademar já foi mandando
seu belo Trovadoresco!

E viva, nós, Trovadores
desta pátria, Mãe Gentil,
a cantar os seus valores
para o povo do Brasil!

Ah, quem dera todo mundo
soubesse quanto uma trova
fala de modo profundo;
nos trazendo vida nova!

Seus versos, em quatro linhas,
contam-nos sempre uma história;
e tal antigas modinhas
se apega em nossa memória!

Como é bom você trovar;
sozinho, ou em companhia
de quem quer se deleitar
no mel da sabedoria!

Rogo a Deus que permaneça
inspirando os Trovadores;
e que jamais os esqueça:
na alegria, e nas dores!

Estrofe do Dia

No teatro dos grandes glosadores
meu papel é o menos importante,
sou apenas um coadjuvante
aplaudindo ao talento dos senhores
sentadinho a olhar dos bastidores
cada vate mostrando habilidade
e eu ainda na mediocridade
procurando atingir a minha meta;
a virtude maior para um poeta
é saber preservar a humildade.
–JÚNIOR ADELINO/PB–

Soneto do Dia

Teu Aniversário.
–DIAMANTINO FERREIRA/RJ–


Como se fora um foragido, oculto
entre a penumbra que teu olhar velava,
ansioso por te ver, lá me encontrava,
confundindo nas trevas o meu vulto.

Fremente de emoção, eu observava
teus gestos e os convivas, tristemente:
entre tanta alegria, tão somente
o consolo de ver-te me restava,

pois, apesar do meu amor por ti,
tua porta jamais ousei transpor;
sentia o coração, dentro do peito

pulsando, intimamente satisfeito
e murmurando: “Nunca, meu amor,
nunca deves julgar que te esqueci!...”

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Francisco Cândido Xavier (Trovadores do Além) Parte 4


151
Ante o serviço que chama,
Não fales “não”, nem “talvez”;
Quando a morte nos reclama,
Só fica o bem que se fêz.
LUÍS DE OLIVEIRA

152
A mulher mata o marido,
Em crime escuro e perfeito.
Mais tarde... ei-lo renascido.
Por filho, em seu próprio leito.
AMÉRICO FALCÃO

153
Quem busca o tempero brando
De uma trova aprimorada,
Ouça a voz de um passarinho
Cantando de madrugada.
ISMAEL MARTINS

154
Deus ama a todos, porém
Dá mais amor às raízes
Do amor de alguém que ama alguém
Fazendo os outros felizes
LUÍS MURAT

155
Natal! Um pobre foi visto,
Passando sob pedradas.
Soube, depois, que era o Cristo
Batendo a portas fechadas.
LEÔNCIO CORREIA

156
Seja acolá, seja aqui,
A Lei ensina onde estou:
Cada um carrega em si
O inferno que encomendou.
ALCEU WAMOSY

157
Caridade – a todo instante,
Exaltas o amor profundo!
És a luz do Céu distante
Na sombra que envolve o mundo.
SOARES BULCÃO

158
Velhice lembra sol-posto,
Tristeza na tarde fria.
Lembra a morte, o sol no rosto
Quando vai rompendo o dia.
COLOMBINA

159
Devotamento sincero
Não procura condição.
Caridade verdadeira
Nunca viu ingratidão.
MÁRIO DE AZEVEDO

160
Ventura que não faz mossa
É roseiral que se alteia,
Cuja raiz, sendo nossa,
Floresce na terra alheia.
TONINHO BITTENCOURT

161
“Na morte, tudo se acaba” –
Exclama a boca do povo.
Ah! que mentira!... Na morte,
A vida luta de novo.
JOSÉ ALBANO

162
Entre os bons, dinheiro é sempre
Amparo que não se escoa;
Mas, entre os maus, é o recurso
Que desmascara a pessoa.
CRISTÓVÃO BARRETO

163
Coração sempre querido
Que busquei por toda a parte,
Perdi-te por te prender,
Achei-te por muito amar-te.
LÍVIO BARRETO

164
Em longes, almos recantos
Que a vida guarda nos Céus,
Há muitos réus que são santos,
Muitos santos que são réus.
ANTÔNIO SALES

165
Tudo o que é belo no mundo
Deus garante, enquanto houver
Alma que aceite os espinhos
Do ofício de ser mulher.
RICARDO JÚNIOR

166
Ligação que de começo
Nenhum amor manifesta:
Jóia falsa de alto preço,
Largada no fim de festa.
ROBERTO CORREIA

167
Morte!... Vida além do mundo!...
Nada posso revelar.
Onda que canta na areia
Não mostra o fundo do mar...
HELVINO DE MORAIS

168
Dizem que a fonte da serra,
Que cai da penha no chão,
É pranto mudo da Terra
Que Deus transforma em canção.
CHIQUITO DE MORAIS

169
Ando a chorar, sem arrimo,
Triste ausência, rude e brava...
Mas a ausência que eu lastimo
É a do amor com que eu te amava.
LAURO PINHEIRO

170
Quem busca a sabedoria
Recolhe, em cada momento,
Centigramas de alegria
Num quilo de sofrimento.
CARLOS FERREIRA

171
O Céu purifica o amor
Para que brilhe, a contento,
No cadinho da saudade
A fogo de sofrimento.
TARGÉLIA BARRETO

172
Vida – mar encapelado.
Coração – ostra ao relento.
Saudades – pérolas vivas
Formadas no sofrimento.
DA COSTA E SILVA

173
Felicidade, em seu ninho,
Maravilhosa vibrava
Nas orações de um velhinho
Que nada mais desejava.
LINDOLFO GOMES

174
O senso da vida é este
Estranho e belo contraste:
O que guardaste, perdeste;
O que deste, entesouraste.
SABINO BATISTA

175
Navegante de outros portas,
Sei, agora, em meus arquivos:
Os vivos são vivos-mortos,
Os mortos são mortos-vivos.
RAUL PEDERNEIRAS

176
A lei da reencarnação
Pede cuidado no ensino;
O menino será velho,
O velho será menino.
IRENE SOUZA PINTO

177
Prêmio! Laço de vaidade!...
Esquece a vaidade e vence-o.
O mérito da bondade
É praticá-la em silêncio.
XAVIER DE CASTRO

178
Há dois enganos na Terra
Que é preciso assinalar:
Descansar para morrer,
Morrer para descansar.
MARTINS COELHO

179
“Que fazes de ouvidos moucos?”
- Perguntei à campa em trevas.
E ela disse: “Como, aos poucos,
O que ajuntaste e não levas”.
JUVENAL GALENO

180
Terra – eis a escola da vida.
Existência! – o curso breve.
Criança! – o livro ao futuro.
Adulto! – a pena que escreve.
IRENE SOUZA PINTO

181
Paixão – vesúvio que arrasa,
Nas lavas em que se escorre,
Amor – afeição em casa,
Carinho que nunca morre.
ARTUR RAGAZZI

182
Ternura, bênção, perfume,
Grandeza, glória e esplendor, -
Tudo isso Deus resume
Nas quatro letras do amor.
EUFRÁSIO DE ALMEIDA

183
Saudade, doce esperança,
Consolo de quem quer bem...
Visão da felicidade
Que faz que vem mas não vem.
ANTÔNIO AZEVEDO

184
Mesmo se a culpa te infama,
Abraça o bem por crisol.
Embora algemado à lama,
O lírio perfuma o sol.
VIRGÍLIO BRANDÃO

185
Conversa com caridade,
Alma irmã, alma sincera!...
Às vezes uma palavra
É tudo o que a gente espera.
ANTÔNIO AZEVEDO

186
Apenas Deus sabe tudo
O que se esconde e contém
Na gota de pranto mundo
Que molha a face de alguém
CHIQUITO DE MORAIS

187
Mulher, depois de nascida,
Segundo a glória do bem,
Deve sofrer toda a vida
Ou ser a vida de alguém.
JULINDA ALVIM

188
Quando a morte varre a treva,
Aquele que muito amou
Tem a saudade que leva
E o pesar de quem ficou.
MACIEL MONTEIRO

189
Ser mãe – amor que alumia,
Na Terra cheia de escolhos –
É caminhar, noite e dia,
Com duas fontes nos olhos.
GODOFREDO VIANA

190
Verdade quando não sofre
Nem luta a favor do bem –
Fortuna presa no cofre,
Que nunca serve a ninguém.
ÁLVARO MARTINS

191
Mãe feliz, aguça o ouvido
Ante os que vão sem ninguém...
Cada pequeno esquecido
É teu filhinho também.
RITA BARÉM DE MELO

192
A vida – esfinge no tempo –
Parece, quando medito,
Aranha tecendo o sonho
No casarão do Infinito.
PLÍNIO PEREIRA RIBEIRO

193
Levanta, ajuda e conserta,
Que falar e repreender
São tarefas da palavra
Que todos podem fazer.
CASIMIRO CUNHA

194
Amor sincero, amor puro:
Castelo que não desaba,
Aflição que chora rindo,
Um sonho que não se acada...
CARLOS CÂMARA

195
Sepultura – passaporte
Ao coração de partida!...
Vai-se a vida, vem a morte,
Vai-se a morte, vem a vida!...
FRANCISCO OTAVIANO

196
Natal! Um beijo de luz
Com que o Céu aquece o povo.
Todo Natal é Jesus
Descendo à Terra de novo.
BELMIRO BRAGA

197
Morrer? Mudei de lugar,
Sou cidadão do sem-fim,
Mas nada pôde mudar
O amor que puseste em mim.
LUÍS PISTARINI

198
Paixão, somente paixão:
Fantasia que hoje vejo...
Desejo quer concessão,
Concessão gera desejo.
FRANCISCO FERNANDES BASTO

199
Benevolência não sabe,
Na Didática Divina,
Onde a bondade começa,
Onde a humildade termina.
AUGUSTO DE OLIVEIRA

200
Nada aflige ou fere tanto
Como encontrar, no caminho,
Menino desamparado,
Vagando, triste e sozinho.
MOISÉS EULÁLIO

Fonte:
Francisco C. Xavier (psicografia). Autores Diversos. Trovadores do Além.

Monteiro Lobato (Reinações de Narizinho) - Pena de Papagaio - I - A voz


A história de Peter Pan, que dona Benta contara aos meninos certo dia, tinha-os deixado de cabeça virada. Narizinho só pensava em Wendy; Pedrinho só pensava em Peter Pan, “o menino que nunca quis crescer”.

Pedrinho também não queria crescer, mas estava crescendo. Cada vez que apareciam visitas era certo lhe dizerem, como se fosse um grande cumprimento: “Como está crescido!” e isso o mortificava.

Um dia, em que estava no pomar trepado numa goiabeira, comendo as goiabas boas e jogando as bichadas para Rabicó, entrou pela centésima vez a pensar naquilo.

— Que maçada! — murmurou de si para si. -Tenho de crescer, ficar do tamanho do tio Antônio, com aquele mesmo bigode, feito um bicho cabeludo, embaixo do nariz e, quem sabe, aquela mesma verruga barbada no queixo. Se houvesse um meio de ficar menino sempre...

— Há coisa ainda superior — respondeu atrás dele uma voz desconhecida.

Pedrinho levou um grande susto. Olhou para todos os lados e nada viu. Não havia ninguém por ali.

— Quem está falando? — murmurou com voz trêmula.

A mesma voz respondeu:

— Eu!

— Eu, quem? Eu nunca foi nome de gente.

Pedrinho, que andava com Peter Pan na cabeça, pensou imediatamente nele. Só Peter Pan, no mundo inteiro, teria a idéia de vir pregar-lhe aquela peça. Para certificar-se, perguntou:

— Que altura você tem?

— A sua, mais ou menos.

— E que idade tem?

— Mais ou menos a sua.

Se tinha a altura e a idade dele, era um menino como ele, e se era um menino como ele, quem mais se não Peter Pan? Pedrinho sentiu uma grande alegria. O endiabrado Peter Pan ia aparecer outra vez.

Para certificar-se ainda mais, perguntou:

— Que veio fazer aqui?

— Ensinar a todos daqui um grande segredo.

Não podia haver dúvida. Era Peter que tinha vindo mesmo ensinar o segredo de não crescer. A alegria de Pedrinho aumentou de um palmo.

— Você não me engana! — gritou, piscando o olho. — Você é Peter Pan que está escondido não sei onde.

A voz fez cara de desentendida.

— Peter Pan? Quem é? Nunca o vi mais gordo e nem de nome conheço tal freguês.

Pedrinho desnorteou. Aquela resposta veio atrapalhar todos os seus cálculos. Mesmo assim não se deu por vencido.

— É, sim — afirmou de novo — porque só Peter Pan sabe o segredo de não crescer, e o segredo que você veio ensinar não pode ser outro.

A voz deu uma risada.

— Você quer ser esperto demais, mas não passa dum bobo. O segredo que vim ensinar é muito mais importante. Sei o jeito de tornar uma pessoa invisível como eu.

Tal impressão causaram no menino aquelas palavras que ele perdeu o pé, escorregou da árvore e veio de ponta-cabeça ao chão.

Felizmente era goiabeira baixa e não se machucou. Pedrinho ergueu-se, deu uns tapas nas folhas secas que lhe pegaram na roupa e indagou:

— Voz duma figa, onde é que você está?

— Aqui, ali e acolá — respondeu a voz.

A pior coisa do mundo é falar com criaturas invisíveis. A gente não sabe para onde virar-se. Assim estava Pedrinho, e para mais atrapalhá-lo a voz ora vinha da direita, ora da esquerda.

— Deve ser muito bom ser invisível — disse Pedrinho. — Quantas vezes conversamos sobre isso eu e Narizinho!...

— Quem é ela?

— Minha prima Lúcia, a menina do nariz arrebitado. Narizinho também quer ficar invisível. Você lhe ensina o jeito?

— Ensino aos dois, se merecerem.

— E que temos de fazer para merecer?

— Viajar comigo pelo mundo das maravilhas. É lá que se tira a prova de quem merece ou não merece receber este dom das fadas. O primeiro menino invisível que apareceu no mundo fui eu, mas me sinto muito só. Preciso de companheiros. Por isso vim.

— Obrigado pela lembrança. Mas onde é esse mundo das maravilhas?

— Em toda parte. Olhe, tenho aqui o mapa — disse a voz tirando do bolso um papel dobrado.

Pedrinho achou muita graça de ver o mapa dobrado abrir-se no ar, como se se abrisse por si mesmo. Espichou a mão, pegou-o e examinou-o.

— Que bonito! — exclamou depois de ler os nomes de todas as terras e mares. — Até o sítio de vovó está marcado, com o chiqueirinho de Rabicó bem visível. Como obteve este mapa?

— Viajando de lápis na mão. O mundo das maravilhas é velhíssimo. Começou a existir quando nasceu a primeira criança e há de existir enquanto houver um velho sobre a terra.

— É fácil ir lá?

— Facílimo ou impossível. Depende. Para quem possui imaginação, é facílimo.

Pedrinho não entendeu muito bem. A voz dizia às vezes coisas sem propósitos — talvez para atrapalhar.

— Muitos viajantes têm visitado esse mundo — continuou a voz. – Entre eles, os dois irmãos Grimm e um tal Andersen, os quais estiveram lá muito tempo, viram tudo e contaram tudo direitinho como viram. Foram os Grimm os que primeiro contaram a história de Cinderela exatinha como foi. Antes deles já essa história corria mundo, mas errada, cheia de mentiras.

— Bem me estava parecendo — murmurou Pedrinho. – Tenho um livro de capa muito feia que conta o caso de Cinderela diferente do de Grimm.

— Bote fora esse livro. Grimm é que está certo.

— Mas o mapa? — interrogou Pedrinho. — Pode ficar comigo?

— Pode. Sei de cor todas as terras. Mas não o perca, que é o único que existe.

— Fique descansado — disse o menino guardando o mapa no bolso. — Resta agora saber qual o meio de lá ir.

— Não se preocupe com isso. Tenho jeitos para tudo. Guiarei você.

— E quando?

— Quando quiser. Amanhã, por exemplo.

— Pois muito bem — concluiu Pedrinho. — Partiremos amanhã.

Pela madrugada estarei neste ponto com a minha prima Lúcia. Está combinado?

— Cócóricócó! — foi a resposta da misteriosa voz, que dali por diante emudeceu — sinal de que o dono dela se retirara.

Pedrinho ficou no mesmo lugar ainda algum tempo, pensando, pensando. Lembrou-se de que Peter Pan tinha aquela mesma mania de cantar como galo. Suas dúvidas voltaram. Seria Peter Pan?
––––––––––––––
Continua… Pena de Papagaio – II - Preparativos

Fonte:
LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. I. Digitalização e Revisão: Arlindo_Sa

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Trova Ecológica 67 – Wagner Marques Lopes (MG)

Ademar Macedo (Mensagens Poética n. 453)

Por do Sol no Rio Potengi - Natal/RN
Uma Trova de Ademar

Deus vendo que não tem fim
essa fé que me conduz,
deixou cair sobre mim
uma cascata de luz!
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional


Nossas almas em pedaços
se uniram por desatinos,
pois são também de fracassos
Que se lapidam destinos!
–JOÃO BATISTA X. OLIVEIRA/SP–

Uma Trova Potiguar


Não me importo com a moda,
nem vivo de comentários;
tenho pena de quem poda
os ramos imaginários.
–MARCOS MEDEIROS/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Quando a estrada chega ao fim
e no túnel não há luz,
a fé que carrego em mim
é força que me conduz...
+++ANALICE FEITOZA DE LIMA/SP+++
“ELA nos deixou Sexta-Feira”

Uma Trova Premiada

2007 - Belo Horizonte/MG
Tema: GRAÇA - Venc.


Quando pela vida passas,
displicente e linda assim,
o mundo, sem tuas graças,
perde a graça para mim.
–GABRIEL BICALHO/MG–

Simplesmente Poesia

Palhaço.
–FRANCISCO JOSÉ PESSOA/CE–


A vida se nos faz meros palhaços...
sorriso solto num choro prendido,
querer que é dado nunca agradecido
saltar ao vento sem pisar os passos.
Tragar o fumo dos prazeres baços
embebedar-se tanto pra esquecer,
sentir-se ser alguém, mesmo sem ser,
no picadeiro, o aplauso, a falsa glória,
imagem tão real quanto ilusória
pranto da morte rindo pra viver!

Estrofe do Dia

Fazer os outros felizes:
Grande missão do palhaço,
e é deste jeito que eu faço,
escondendo as cicatrizes.
Qual gozo das meretrizes
“fingindo aquele” momento.
Eis meu melhor argumento...
Sou palhaço de mim mesmo,
que vive sorrindo a esmo
pra esconder meu sofrimento!
–FRANCISCO MACEDO/RN–

Soneto do Dia

Buscando o Cristo Crucificado.
–GREGÓRIO DE MATOS/BA–


A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas cobertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.

A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, pra chamar-me.

A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.

Fonte:
Textos e imagem enviados pelo Autor

Bienal do Livro da Amazônia.


Pela primeira vez Manaus vai sediar a Bienal do Livro Amazonas de 27 de abril a 7 de maio.

A 1ª edição da Bienal do Livro Amazonas acontecerá no Centro de Convenções Estúdio 5.

O evento reunirá autores de expressão nacionais e internacionais em um pavilhão de 6 mil m².

A Fagga e GL exhibitions irão organizar a feira, com o apoio da Secretaria estadual de Cultura, o evento literário pretende distribuir R$ 1.000.000 em vales livros para estudantes da rede pública.

Fonte:
Câmara Brasileira do Livro

J. G. de Araújo Jorge (Quatro Damas) 10a. Parte


"O ESPELHO"

Dizias não gostar dele...
Mas já te vais acostumando à sua silenciosa
presença...

Mudo espectador só ele tem o direito de assistir também
às redescobertas de tu beleza.

Tu me chamas de louco, porque às vezes,
não contento de ver-te a face,
te surpreendo em descuidadas revelações
em seus olhos prateados...

Tolice, amor,
por ele posso encontrar num imenso instante
todas as faces de tua beleza
e multiplicar ao infinito
as loucuras e alegrias do nosso amor!

" O VÉU DA FANTASIA "

Desnuda-te apenas nos instantes cegos dos sentimentos
quando todos nos transfiguramos,
(de nós mesmos, esquecidos...)

Meu Desejo quer-te velada
novamente,
tão de pronto meus braços te soltem
tal como um tronco abatido
ao sabor da corrente...

Não te exponhas assim, displicente, aos meus olhos
que banalizas tua beleza
e podes te igualar a encardidas visões...

Que desça o pano ao fim dos espetáculos
e que voltes aos bastidores
antes das novas apresentações...

Quero-te nua em meus braços, (mas deixa que te confesse: )
quero-te nua, com essa encantada nudez
que eu diria
vestida sempre com um véu
de fantasia…

" OBRA-PRIMA "

A sua adolescência é em si
uma obra-prima
da natureza,
um pequeno universo...

É impossível conter toda a sua beleza
numa rima,
ou medi-la num verso…

" OUTROS CAMINHOS... "

Chegas de muito longe... trazendo meu sonho,
e és a imagem da pureza que eu escondi no fundo
dos meus fracassos...

Perdoa, meu amor, se de joelhos me ponho...
E se terás que passar por esse chão imundo
se quiseres chegar
até meus braços…

" PAVANA PARA UMA CRIANÇA MORTA "

E afinal
em meio a tantos embaraços
eis ao que chegamos, sem perceber...

Andamos de um lado para outro
com essa criança nos braços
sem saber o que fazer...

Um sentimento de culpa nos persegue...
Diante dela, ainda choras,
e a minha alma se cala...

Fomos nós que a deixamos morrer sem um gesto sequer
para salvá-la...

E agora, a carregamos
sem reconhecimento, sem piedade,
esquecidos de tudo que nos deu, em outros tempos
de felicidade...

Mas para que lembrar? Houve mesmo outros tempos
em que ela nos pegou pela mão, como crianças
bêbedas de vida
sem falsos pejos,
e embriagou-nos de carícias
e desejos?...

Hoje... Somos nós que a levamos, em nossos braços,
pesados braços, caídos braços, já sem abraços,
sem coragem de enterrá-la
no coração...

E por que esperar por um milagre, se nós não cremos
em milagres?
- Se nós não cremos em ressurreição?

" PAZ... "

Assinemos a paz...

Pelo que fomos
mas já não somos mais,
não vamos desprezar o nosso amor
como um amor qualquer...

Aceitemos o Destino - que a ele cabe
pôr e dispor -
e já que não foi possível a felicidade...

... seja o que Deus quiser...

Fonte:
J. G. de Araujo Jorge. Quatro Damas. 1. ed. 1964.

O Índio na Literatura Brasileira (Estante de Livros) 3


DAMM, Mindú. A festa do Pidjô entre o sonho e a realidade.

Narra a história do índio Pidjô, aquele que se achou, perdeu-se e foi achado. Os meninos brancos o acolheram em sua casa, juntamente com seu companheiro de aventuras na cidade grande. Até que chega a vez de o índio Pidjô receber os amiguinhos, em sua aldeia, no Brasil central. Novas aventuras acontecem e a visita se transforma numa festa, num mundo entre o sonho e a realidade...

DEMARQUET, Sônia de Almeida. E por falar em índios...

Aborda a questão da imagem dos índios, de forma a levar as crianças e jovens não-índios a descobrirem um mundo diferente, complexo e cheio de mistérios, expresso por meio da cultura dos povos indígenas. Além disso busca devolver ao índio o lugar que lhe cabe na história oficial e nos livros didáticos, nos quais tem sido tratado ou sob a luz do preconceito ou da indiferença.

DEMARQUET, Sônia de Almeida. Em nome do rei.


Retrata a história do Brasil colonial, bem como o relacionamento entre índios, negros e europeus no decorrer da formação do país, por meio da história de Manoel, o filho de um senhor de engenho, Manoel Rodrigues Sanches, que é preso e morto pela Inquisição no séc. XVI. Pobres, Manoel e sua mãe passam a viver na capital, onde, já rapaz, Manoel torna-se rebelde, vindo a ser perseguido pelos homens do rei e fugindo finalmente para a Europa em busca de liberdade.

DEMARQUET, Sônia de Almeida. O menino e os bugres.

Narra a história de Franz, um menino alemão que, depois de um bom tempo de convivência em terras brasileiras, resolve caçar na floresta, onde é atacado por uma onça e salvo por índios Socré, com os quais convive durante seis meses.

DEMARQUET, Sônia de Almeida. Onde está a diferença?

Relata as diferenças culturais que existem entre os não-índios e os índios. Brincar faz parte do mundo da criança indígena. Numa aldeia, brinca-se com os animais de estimação – como cachorros, araras, papagaios, macacos, cotias – e, claro, com outras crianças.

DEMARQUET, Sônia de Almeida. Pric, o pequeno Botocudo.

Resgata a história do contato entre índios e brancos, e da escravidão de negros e índios no Brasil colonial. Pric é um indiozinho Krekmun educado com base em valores como a amizade, o trabalho, o amor, que unem todo o seu povo. Um dia, os homens brancos aparecem em sua aldeia, trazendo presentes para todos. E assim, contra a sua vontade, Pric passa a viver com os brancos, muito infeliz, submetido aos costumes deles e sendo muito humilhado. Até que, uma noite, resolve fugir, deixando para trás todas as suas tristezas de escravo para viver novamente em liberdade com o seu povo.

DONATO, Hernâni. Contos dos meninos índios.

Apresenta uma coletânea de contos e lendas dosíndios do Brasil. À noite na selva, em torno das fogueiras, as crianças ouvem os velhos narradores contarem lendas que elas mesmas, bem mais tarde, contarão aos seus filhos. Contos reunidos no livro: As aventuras de um menino perdido; Como apareceram os animais; As noivas da estrela Berô-Can; Um
conselho contra o conselheiro; Quando os bichos eram gente; Os dois irmãos valentes; Como os homens descobriram as frutas; O caçador e o curupira; A chuva e a onça; No reino do urubu-rei; O primeiro fogo; A barca da tartaruga; Os meninos que se transformaram em estrela; A onça e o filhote do vento; O jabuti, a anta e a onça; Porque o sol anda devagar; a moça em busca de marido; e As proezas do menino Apinagé.

DONATO, Hernâni. Os índios do Brasil.

Descreve como os povos indígenas viviam, no território que veio a ser chamado Brasil, antes do Descobrimento e da colonização. Descreve, entre outras coisas, como se organizavam as sociedades indígenas, seus costumes, suas crenças, seu cotidiano e modo de vida.

DÓRIA, Francisco Antônio. Caramuru e Catarina: lendas e narrativas sobre a casa da Torre.

Descreve a história de uma família do Brasil, formada pela união do português Diogo Álvares (Caramuru) com a princesa indígena Paraguaçu (Catarina), sendo este o foco central deste livro de lendas e narrativas. Conta-se, nesta obra, a história do clã de raízes mais antigas no país, o qual foi também o mais influente na sociedade nacional ao longo de três dos seus cinco séculos de existência.

FEIJÓ, Atenéia; TERENA, Marcos. O índio aviador.

Descreve a história de um pequeno índio Terena que sonha cruzar os céus. Atrás desse sonho, serve a Aeronáutica, tira o brevê e se torna piloto da FUNAI. É assim que assiste de perto aos conflitos por terras no Araguaia e às lutas dos Txucarramãe contra os fazendeiros que se instalam às margens da BR-080. Para sobreviver fora da aldeia, tem de aprender muitas coisas, desde a se relacionar com as mulheres brancas até a compreender as armadilhas da política.

FERREIRA, João Geraldo Pinto. Pena quebrada (o indiozinho).

Narra o drama de um pequeno e cativante curumim, conhecido como Pena Quebrada. É a ele que o pajé Pena Jaburu mostra o caminho da libertação daquilo que o oprime, apontando a selva como o grande refúgio. Lá, por seu esforço próprio, atinge a sublimação, sentindo, na rudeza da mata, uma paz de espírito que a aldeia não lhe dá. Encontra aves que não conhecia, pequenas, grandes e até a impotente águia: o nosso Gavião-Real. Todas o ajudam e, com suas próprias penas, adornam-no. O retorno à aldeia é surpreendente, pois ninguém sabe se aquela figura é ave ou gente! Pena Quebrada coroa seu pai, Pena de Águia e, transformando-se em passarinho, toma o rumo do céu.

FIGUEIREDO, Carlos. Dico e Alice e o pajé misterioso.

Conta as aventuras de dois irmãos, Dico e Alice. Eles estão no convés do Fuwalda, tranqüilamente deitados numa rede. De repente, um chamado telefônico, e um telefonema telepático! E, a partir dali, eles embarcam com destino à selva amazônica, onde os esperam o rio caudaloso, os perigosos jacarés, as sangüinárias piranhas, as balas de uma metralhadora e... um pajé misterioso.

FITTIPALDI, Ciça. A árvoredo mundo e outros feitos de Macunaíma: mito-herói dos índios Macuxi, Wapixana, Taulipang e Arekuná.

Aborda a mitologia dos índios Makuxi, Wapixana, Taulipang e Arekuná, em linguagem acessível, que conserva o tom mágico, com ilustrações inspiradas nas culturas indígenas. Ao final, apresenta dados sobre os Makuxi.

FITTIPALDI, Ciça. Bacurau dorme no chão:lenda dos Tukano.

Conta a história do bacurau, pássaro que dorme e faz seu ninho no chão. No começo do mundo, o bacurau era gente, morava em maloca. Com o tempo, sua maloca foi estragando, até que teve que abandoná-la, indo viver no mato, virando passarinho.

FITTIPALDI, Ciça. A lenda do guaraná: mito dos índios Sateré-Maué.

Aborda o mito dos índios Sateré-Mawé o qual descreve como apareceu o guaraná. Ao final, apresenta dados a respeito da cultura desse povo.

FITTIPALDI, Ciça. A linguagem dos pássaros: mito dos índios Kamayurá.

Aborda o mito dos índios Kamayurá, que explica como os pássaros adquiriram linguagem própria. Segundo esse mito, os pássaros não tinham língua própria, falavam como gente, porque Avatsiú mantinha suas línguas guardadas dentro dele. Com a ajuda de um menino, os pássaros matam Avatsiú e retiram suas falas de dentro dele. O nascer do sol se aproxima e o dia clareia, com a barulhada dos pássaros, que experimentam as suas novas falas, as quais mantêm para sempre. Ao final do livro, são apresentadas informações sobre os Kamayurá.

FITTIPALDI, Ciça. O menino e a flauta: mito dos índios Nambiquara.

Narra o mito dos índios Nambikwára sobre a origem dos alimentos, das plantas e das roças, no qual um menino se transforma em roça, em todas as plantas boas para se comer. A sua voz é o som da flauta, que toca suave, que sopra bonito. Além disso, são abordados aspectos históricos e atuais sobre a cultura dos Nambikwára ao final do livro.

FITTIPALDI, Ciça. Naro: o gambá, mito dos índios Yanomami.

Descreve um dos mitos dos índios Yanomami: o Naro, o gambá. Este que, por inveja, mata Mel, o homem mais bonito de lá. Todos partem atrás de Naro, e este fuge. Apresentam-se, no final, dados sobre a cultura Yanomami.

FITTIPALDI, Ciça. Subida pro céu:mito dos índios Bororo.

Narra o mito dos índios Bororo sobre a origem dos animais e das estrelas. As mulheres tinham um segredo: todos os dias ausentavam-se da aldeia, deixando os filhos sozinhos, e voltavam sempre com os cestos vazios. Certo dia, um menino, seguindo-as, descobre que possuem uma grande roça de milho, com o qual fazem bolo, mingau etc., que comem, mas não levam para a aldeia. Sabendo da descoberta, as crianças resolvem subir ao céu para se esconderem das mães. Quando as mulheres retornam para a aldeia, sobem na corda, mas o último menino a corta e elas vão caindo e se transformando em antas, caititus, macacos e os demais bichos que existem na floresta. Quanto às crianças, vêm a formar as estrelas.

FITTIPALDI, Ciça. Tainá, estrela amante: mito dos índios Karajá.

Narra o mito dos índios Karajá sobre Tainá, a estrela que desceu do céu para se casar com a índia Kurimatutu. No final, são apresentadas informações sobre a cultura dos Karajá.

Fonte:
Moreira, Cleide de Albuquerque; Fajardo, Hilda Carla Barbosa. O índio na literatura infanto-juvenil no Brasil. - Brasília: FUNAI/DEDOC, 2003.