quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Paulo Monteiro (A Trova no Espiríto Santo – Parte IV)

Praia do Canto e Seribeira (Guarapari) pintura a Óleo de Antonio Remo

LIVROS

Quando, em 1980, foi realizado o I Concurso de Trovas da Cidade de Vitória, a Fundação Cultural do Espírito Santo prometeu editar um livro com as trovas premiadas.
Posteriormente esse órgão dedicado à cultura foi extinto.

Aliás, em nossos tempos de usinas atônicas e foguetes carregados com ogivas nucleares, as instituições públicas voltadas à cultura desaparecem num piscar de olhos.
Extinto aquele órgão, o CTC partiu para a publicação da obra em forma de mutirão poético, cada um dos autores pagando parte do valor da edição.
Na obra, além das trovas vencedoras daquele concurso foram incluídas quadras de vários associados do Clube.

BALANÇO DAS ATIVIDADES

É mister que se faça uma análise rápida de todas as atividades desenvolvidas pelo Clube dos Trovadores Capixabas em seu primeiro ano de existência.

Em primeiro lugar, poderíamos destacar uma das características marcantes do Trovismo: a realização de concursos de trovas.

Aqui vemos o CTC filiado à prática tradicional dos concursos de trovas e, por outro lado, apoiado pela televisão - esse veículo de comunicação de massas tão importante quanto suspeito por muitos, e preocupado com a divulgação da trova junto às crianças.

Este é um dado novo e valioso, que merece reflexão e análise de todos aqueles que se preocupam com a prática da trova.

Por outro lado, pelas características próprias do BEIJA-FLOR, tem, o CTC, cuidado em criar um relacionamento mais direto e fraterno entre os trovadores.

Quanto aos concursos infantis de trovas, essa prática salutar desenvolvida pelo Clube dos Trovadores Capixabas, tem passado a ser uma característica também de novéis seções ubeteanas no Espírito Santo.

O “CASO ZEDÂNOVE X ENO”

O I Concurso de Trovas da Cidade de Vitória teve uma comissão julgadora respeitável. Proporcionou, contudo, um episódio inédito na história da trova.

Em 27 de novembro de 1980 o jornal A GAZETA, de Vitória, publicava o artigo “AS NOTAS DO ENO”, de Zodânove Tavares.

Nesse artigo o ex-presidente da UBT de Vitória, que foi um dos juizes do concurso, conta que Eno Teodoro Wanke, outro juiz do mesmo concurso, deu zero a duas trovas concorrentes, entre outras.

Eis o que diz Zedânove:

"(...)
Vejamos uma das trovas concorrentes:

“Cá, na área da pobreza,
Vitória muda de nome:
ela é chamada Tristeza,
em meio a um povo com fome”.

Nota do Eno: zero. Alegação: “canárea”. Isso mesmo. Ele alega que o “Cá, na área” é uma cacofonia. Sem comentários.

Vejamos outra:

Anchieta e Giordano Bruno
foram irmãos, santos são,
filhos do mesmo Deus, uno,
que não tem religião”.

Nota de Eno: zero. Alegação: anticlerical".

Mais adiante Zedânove segue suas acusações contra as notas atribuídas por Eno a trovas onde ocorriam fenômenos de sinérese (como An-chie-ta) ou diérese (An-chi-e-ta), polemizando em torno dessas questões bastante complexas de metrificação.

A resposta de Eno Teodoro Wanke veio pelo mesmo jornal, dia 20 de dezembro de 1980, em artigo que foi repetido dia 31 de dezembro daquele mesmo ano.

Após perguntar: "que melhor elogio se pode fazer a um juiz de concurso de trovas do que dizer que foi rigoroso, ou seja, de querer contribuir para um bom resultado final?”, continua seu trabalho revelando assuntos de economia interna do Concurso, quanto à forma de atribuição de notas às trovas concorrentes e reafirmando seus pontos de vista quanto à sinérese e à diérese, já expostos em obra de sua autoria. Prosseguindo em sua defesa, assevera, referindo-se às trovas lembradas por Zedânove: “Não sei de quem são tais trovas, e nem desejo saber, pois julguei foi a trova e não os trovadores. As duas como se verá são chochas e prosaicas, totalmente desinspiradas. Observem:

Cá na área da pobreza,
Vitória muda de nome:
ela é chamada Tristeza
em meio a um povo com fome.

Além daquela “canária da pobreza”, que destrói a trova logo do início, a imprecisão de linguagem é notável. Parece vagamente urna trova de protesto. Renovo meu zero.

Anchieta e Giordano Bruno
foram irmãos, santos são,
filhos do mesmo Deus, uno,
que não tem religião.

Esta trova dá o que pensar em matéria de coisa mal feita. Há dualidade de contagem silábica. No primeiro verso, conta-se “An-chie-ta e Gior-da-no”. O autor utilizou, portanto, de sinérese. Contou tanto “Anchieta” e "Giordano” como tendo três sílabas. Poderia ter contado quatro: “An-chi-e-ta” e "Gi-or-da-no”, forma que Zedânove diz, em seu artigo, preferir. Mas contou três. Sucede que, para ser coerente, deveria, no último verso, utilizar-se do mesmo recurso: "religião” (outra dessas palavras-armadilhas) deveria ter sido contatada como tendo três sílabas fônicas, e não como está, para contentar a metrificação, com quatro (...).

Mas tem mais. Vejamos o sentido da trova, a mensagem que deseja transmitir. Acho que tomar Giordano Bruno, o filósofo irrequieto, envolvido primeiro num caso de assassinato quando monge dominicano em Roma, depois expulso pelos calvinistas quando se tornou um deles, e ainda por cima excomungado pelos protestantes, sempre procurando brigas e discussões filosóficas, e terminando, come se sabe, preso e queimado pela Inquisição, e compará-lo ao meigo Anchieta, o exemplo da submissão, que tudo abandonou - pátria, família, a vida mais fácil - para servir a Deus, servindo aos nossos indígenas, acho “forçar a barra”. Nenhum dos dois foi nem é santo. Anchieta foi apenas beatificado pela Igreja. E dizer que Deus não tem religião é, para mim, um paradoxo tão divertido que até estou utilizando para um clec. Outro zero para esta trova!”

Aém desses dois artigos, o veterano trovador A. Isaías Ramires, um dos mestres da trova no Espírito Santo, concorreu à discussão, com duas publicações, em jornais de Cariacica e Alegre.

Felizmente esse episódio desagradável ficou em quatro artigos.

Quanta às questões levantadas por Zedânove Tavares, analisando "as notas do Eno”, parece-nos que prevaleceu a emoção sobre a razão. Caso contrário não teria partido para a análise técnica da confecção trovística, onde Eno foi cem por cento correto. Antes teria censurado as explicações ideológicas: ter desclassificado uma trova par considerá-la anticlerical.

Um agnóstico tem o dever de reconhecer a beleza do uma trova mística, religiosa ou qualquer outro nome que se lhe dê, quando for bela, e um cristão, por sua vez, tem o dever de reconhecer a beleza de uma trova, mesmo anticlerical. Com isso não queremos dizer que a trova em pauta seja bela.

Dizíamos que, nessa polêmica, Zedânove talvez tenha entrado mais com a emoção porque a primeira trova é de autoria do veterano trovador Andrade Sucupira, seu pai.

Quanto à segunda, embora, seguindo a mesma “linha poIêmica” da primeira, desconhecemos sua autoria.

Felizmente, repetimos, o "Caso Zedânove x Eno”, conforme batismo de A. Isaías Ramíres, é caso encerrado.

A UBT

Nos primeiros meses de 1981 graças aos esforços de Clério José Borges, começaram a surgir representações da União Brasileira de Trovadores no Espírito Santo.

A primeira seção fundada foi a de Vitória, no dia 30 de março. Seu presidente, o advogado Carlos Dorsch, contando com a presença, em sua diretoria, dos trovadores: Eurídice de Oliveira Vidal, Elmo Elton, Clério José Borges, José Wiliam de Freitas Coutinho, Eymard Cardoso de Barros, Argemiro Seixas, Matusalém Dias de Moura, Luiz Carlos Braga Ribeiro, Albécio Nunes Vieira Machado, Fernando Buaiz e Vicente Nolasco Costa.

Essa representação da União Brasileira de Trovadores foi instalada em conseqüência do trabalho de proselitismo desenvolvido por Clério José Borges, desde os inícios de 1980, delegado municipal da UBT em Vitória.

A segunda seção da UBT, no Espírito Santo, surgiu em 25 de abril de 1981, na cidade de Vila Velha.

Ali, também, esteve presente o esforço de Clério José Borges, pois o delegado local da UBT, Andrade Sucupira, por urna questão do foro íntimo, é bastante descrente quanto a entidades trovadorescas.

A UBT de Vila Velha ficou sob a presidência da professora Valsema Rodrigues da Costa e as demais funções da diretoria distribuídas entre os seguintes trovadores: Erasmo Cabrini, Rosalva Fávero, Irene Ramos, Argentina Lopes Tristão, Vicente Costa Silveira, Solange Gracy Barcelos, Tânia Mara Soares, Verany Maria de Souza, Julieta Lobato Barbosa, Aldinei Fraga de Carvalho e Inis Brunelli.

Em Vitória, CIério José Borges manteve o boletim informativo ESTANDARTE, que continuou sendo editado sob a responsabilidade da seção ubeteana local, o mesmo acontecendo em Vila Velha, com Andrade Sucupira, que criou o CANELA-VERDE.

Mas não ficou apenas aí a penetração da UBT, que conquistou representações em Cariacica, com Nealdo Zaidan, em Serra, com Anselmo Gonçalves, e em Cachoeiro de Itapemirim, com Byron Tavares.

Além disso, foram surgindo delegacias da UBT em outras cidades.

Saliente-se que as seções da UBT, em Vitória e Vila Velha, seguindo os caminhos abertos polo CTC, já de início, realizaram concursos estudantis de trovas, sob os temas ALUNO e MÃE, respectivamente.

Eis aqui o resultado oficial do Concurso Infantil de Trovas, promovido pela UBT de Vitória:

1º lugar - CARLA CRISTINA JUFFO (13 anos):

Não ligo que o mundo rode
se minha MÃE ficar bem.
E penso como é que pode
gostar tanto assim de alguém.

2º lugar - SHEISE BARROSO (14 anos):

Quem é esta bela criatura
que Deus fez com perfeição?
Mãe, grande e linda figura
guardada em meu coração.

3º lugar- MANOEL S. DA ROCHA MONTEIRO (9 anos):

Quando te vejo, mãe amada,
Fazer tranqüila o crochet,
me lembro da "Mãe Sagrada”
que parece com você.

4º lugar - SONIA MARIA COSTA (I3 anos):

No céu escolhi uma estrela.
No jardim escolhi a flor.
No mundo escolhi uma mãe,
para ser meu grande amor.

5º lugar - ADRIANA R. DA COSTA (8 anos):

A minha mãe é mulher
e é mulher “maravilhosa”!
Dá mil voltinhas por dia
tentando ajudar suas filhas.

Menções honrosas, foram conferidas às seguintes trovas:

I - Uma criança veio ao mundo
porque uma Mãe assim o quis,
sendo surdo, sendo mudo
ficará sempre feliz!
MARISA HORTA (14 anos)

II - Mãe, palavra angelical,
Nos faz pensar em amor.
O amor que dá é total.
Vem direto do Senhor.
MARISA HORTA (14 anos)

III - Minha Mãezinha querida,
Te amo mais que outras mil.
Peço a Deus para abençoar
todas as mães do Brasil!
ADRIANA DA CONCEIÇÃO SANTOS (11anos)

IV - Mãe, teu nome pequenino
- amor, ternura, perdão.
Ele é um poema divino
escrito em meu coração.
FABÍOLA TRANCOSO CARVALHO (13 anos)

V - Para a mamãe, neste dia,
eu vou lhe dar uma flor,
a bela flor da alegria
e junto a rosa do amor!
ANA LIZA R. DA COSTA (11anos)

VI - Ser mãe é ser como a flor,
ser a flor mais colorida.
É a flor de um grande amor;
é o amor da minha vida!
ANDRÉ ANDERSON DE OLIVEIRA (11 anos)

VII - Minha mãe, minha alegria,
meu tesouro grandioso.
vou guardá-lo com carinho
porque é muito valioso.
ROSINETE ALVES MATIAS (16 anos)

VIII- Flores, mamã, pra você
é tudo que tenho em mim.
A culpa é sua porque
fez do minh`alma um jardim.
MARTA HELENA VANCONCELOS (11 anos).

IX - E quem respeita à menina
à futura mãe respeita.
Mãe é linda obra divida
a for mais bela e perfeita.
VIVIANE GARCIA (11 anos)

X - Ser mãe não é brincadeira,
não é somente viver.
É subir, descer ladeira,
é lutar pra não morrer!
MARILDA LIMA NASCIMENTO (12 anos)
-----------------
continua
----------------
Fonte:

Andréia Donadon Leal (Seus perdidos, meus achados)


Dora estava muito cansada, definitivamente esgotada. Os meses anteriores não tinham sido fáceis. Trazia o coração em ritmo acelerado; o sono triplicado pelas inúmeras noites em claro. Despejar lágrimas era cansativo. Escutar o barulho de vozes exigia o resto das energias poupadas. O burburinho cada vez mais longe, cenas lentas e o cheiro de vela queimando, penetrava suas narinas sem cor e dilatadas. Sentia o cheiro mais pelo barulho das chamas trepidando silenciosamente no castiçal de prata embaçado. Alguém não tinha feito o serviço direito. Não tiraram as últimas ceras que criavam uma crosta espessa e fedorenta. Fumaça acinzentada.

O vôo da mosca imperceptível com barulho misturado às vozes de pessoas que não revezavam nem em uma ínfima virada de segundo. Dora sentia o vôo das pontas de asas das moscas batendo. Um chocalho familiar de pulseira... Cheiro de perfume abafando o fedor de vela queimada. Alguns dias antes a chuva respingava com violência lá fora, gotas grossas batiam no chão. A luz teimava em apagar enquanto o pai cantarolava uma música para ela. O quarto era constantemente limpo. Nas crises de falta de ar, o balão de oxigênio, um dos poucos equipamentos, pois era o único meio de chegar ar até os pulmões. Um suplício para ela e para o pai. Vivia com o coração sobressaltado diante das crises. O pulmão estava debilitado demais.

Depois que a crise passava, ele sentava no chão da sala e chorava copiosamente: - quase a perdi! Falava baixinho. Foram inúmeras crises. A mãe tinha assistido a algumas e a calma que emanava de seu ser a chocava. Lembrou de um momento em que acabara de ter a crise mais forte de sua vida e ela acabara de chegar. As mãos entrelaçaram-se as de Dora e beijou-a carinhosamente no rosto e disse algo que não conseguiu escutar. Da fresta da porta viu o sorriso triste no rosto do pai. A campainha tocou estridentemente. Olhou o relógio no alto da parede do quarto e já passava das três e meia da manhã. O corpo não respirava mais. As lembranças teimavam em penetrar os pensamentos. A caixinha com seus perdidos... Fizera questão em perdê-los para morrer junto com as feridas. Dora nunca negou que o pai fosse a pessoa mais amorosa e doce que conhecera em toda sua vida. Não, isto jamais negaria. A bondade e o caráter dele foram imutáveis a tal ponto de cerrar suas cicatrizes que subitamente insistiam em abrir e sangrar. Feridas que nunca fecharam. Olhava o semblante angelical do pai, pairado, estático com as mãos sobre o caixão. O pai foi um anjo, tranqüilo, paciente, meigo, sofrido e de uma bondade que chegava a doer nela tamanha generosidade. Sempre entendia, aceitava e repetia: - Mais cedo, ou mais tarde, filha. Estas frases às vezes mais a irritavam. A complacência chocava. Não era possível uma pessoa ter tanta explicação para coisas inexplicáveis ou óbvias. Mamãe nunca nos amou e nos aceitou, foi rejeição a partir do momento que sentiu os sentimentos dos outros, pensou Dora. Era triste perceber como nunca amara seu pai, nunca o amara de verdade.

Alguns anos Dora fora tomada de uma doença grave acometida por febre alta, urina escura, mal estar e dores musculares. Com tempo os sintomas foram progredindo por uma coloração amarelo-dourada da pele e conjuntivas. De quarentena em casa. Hepatite. A comida, o prato, todos os cuidados e carinhos eram repassados pelo tratamento cuidadoso e preocupado do pai. As noites em que Dora quase padecera de dores e altíssimas temperaturas, os pedaços de pano embebidos em álcool repousavam nas partes do corpo.

- Cadê mãe, pai? Variava. Hoje ela volta pra casa?

- Volta Dora. Hoje ela volta...

- Que horas?

- Mais cedo ou mais tarde...

O sono invadia as crises de Dora pelo cansaço e os olhos só abriam no dia seguinte sob o olhar trôpego e desfocado da mãe. Semblante enrugado, cabelos desgrenhados e um palmo sem cor. Dora olhava para ela sem entender a frieza que emanava de seu ser. Sentia e sofria sob o olhar perdido em algum ponto invisível e um monossílabo da mãe: - Bem? Mal tinha tempo em balbuciar uma palavra e a florzinha do mato era repousada sobre a cama ainda com cheiro de mato e terra.

Um pedido de desculpas? Ora, ela nunca tinha tentado ou se desculpado pelas ausências e falta de afeto. Quando aparecia estava com ressaca visível ou com dor de cabeça. O que mais doía em Dora era o olhar distante. Afago ou toque sutil bastavam os do pai. O costumeiro e amoroso olhar dele, guardado. A mãe tinha quitado o afeto pela maternidade. Só serviu para segurá-la a duração de uma gestação, depois não se lembrava mais, estava perdido. A florzinha abria as feridas da falta do carinho da mãe. Mirar a flor era sofrível demais. Inúmeras foram repousadas em seu leito e nunca entendera o sentido delas. Recusava-se. Esquecia as flores em qualquer canto do quarto, que com o tempo se perdiam no esquecimento, no relaxamento de querer matar a dor do desprezo. Foram inúmeras e incontáveis perdidas em algum canto da casa. A brisa do vento talvez as levassem ou o pai varresse o que sobrara delas no dia seguinte... Ou a decrepitude do tempo.

Pouco importava para ela. Era previsível: mais dia ou menos dia, como dizia ele, viria e deixaria uma flor. Sumiria nas próximas semanas ou meses com algum homem, e o pai de Dora sempre esperaria o retorno, o arrependimento, a mudança. Ele sempre esperou, apostou uma vida nisto e mais triste para ela foi perceber a esperança até o último instante, no gesto inesperado: uma caixinha de veludo com a insígnia: seus perdidos e meus achados.

Dora acompanhava astutamente o barulho das pedras da pulseira se chocalhando e o cheiro de fragrância barata. Ela estava lá... Lembrou das palavras do pai e sua voz latejando nos ouvidos: - Ela sempre virá, minha filha! Segurou com mais força o choro que insistentemente teimava em despencar pelo rosto. As palavras do pai aumentavam sua solidão. Estava sozinho e abandonado. Mais cedo ou mais tarde: ela virá. Esta frase era conhecida e repetida inúmeras vezes por ele. Fazia questão de perdê-la. Entrava pelo ouvido esquerdo e saía pelo direito. Lamentava... Ela lamentava tanto. O cabelo totalmente descolorido e amarrado em uma fita vermelha. O rosto mais enrugado que de costume. As roupas amassadas e encardidas, as unhas comidas e com resto de esmalte velho. Ela era o foco de Dora.

O barulho da mosca bailando no recinto e o cheiro de vela queimando não incomodavam mais. Semblante sisudo, olhos vermelhos e inchados. Remorso? Só poderia ser. Dora percebeu sentimento no rosto da mãe. A figura também se encolheu coberta em um xale de tricô preto que tapava todas as partes das costas. O osso estava apontando no tecido de lã. Estava debilmente desamparada e triste. Apagada. Pela primeira vez, Dora viu a mãe se apagar no meio das pessoas. Sombria e triste. Velha e cansada. Poucas vezes vira o rosto em harmonia. Raríssimas vezes que até se esquecera. Fizera questão de desprezar o retrato sobre a mesinha no canto da sala. Três figuras sobrepostas num fundo azul e verde. Três figuras abraçadas e felizes. Esta foto não combinava com os sumiços dela. A tristeza do pai e a carência de Dora. Doía olhar o retrato com a cena que não representava mais. Num ato repentino de revolta cortou o rosto da mãe do retrato. Jogara em algum canto da sala. Estava perdido ou foi varrido pelo vento ou pelas cerdas da vassoura junto com os ciscos. Perdera. Fizera questão. Fazia questão de esquecer as pontas que abriam as feridas.

Abandonava-as em qualquer canto. Perdia-as em um lugar qualquer. Esquecia a existência delas, ou quando lembrava não tinha mais a prova da dor. O pai sempre entendera, inquestionavelmente compreendera e aceitava a atitude. As pontas da pulseira batendo na beirada do caixão chamou a atenção dela. Perdida em pensamentos que insistentemente fizera questão em apagar de sua vida. O chocalho da pulseira no caixão e as mãos acariciando seu rosto sem vida seguido de um choro muito triste. A mãe era uma incógnita. Desconhecida e estranha. Os perdidos guardados em uma caixinha de veludo pelo pai, pouco antes do falecimento colocado no guarda-roupa com a inscrição: seus perdidos e meus achados. Aquela caixinha tinha a passagem mais doce e feliz de sua vida familiar. As florzinhas do mato, o retrato constituído da família, os retratos da mãe carregando-a no colo, todos perdidos por Dora: achados e guardados por ele. Com gesto repentino, mas conhecido por ela, a mãe repousou sobre as mãos de Dora a florzinha do mato com cheiro de terra e mato molhados.

Antes de fecharem a tampa do caixão lançou um olhar demorado sobre a figura estática da filha. Com o corpo sustentado por duas mulheres na procissão até o cemitério, o pai de Dora chorava convulsivamente e sua mãe caminhava silenciosamente atrás. O buraco fundo e pequeno engolia o caixão, a música antes da despedida aumentou os soluços e choro do pai: “fica sempre um pouco de perfume, nas mãos que oferecem rosas, nas mãos que sabem ser generosas”... A mãe jogou uma rosa sobre o caixão antes de ele afundar na terra.

- Mais cedo ou mais tarde, querida... Ela volta, não se preocupe minha filha. Ela sempre virá... Lembrou das palavras do pai. Dora foi tomada de um sentimento novo pelas imagens achadas e guardadas por ele e foi em paz com as flores repousadas sobre o seu corpo.

Fonte:
Jornal Aldrava Cultural. http://www.jornalaldrava.com.br/

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Folclore em Trovas 2 (Quibungo)

Folclore Brasileiro (Quibungo)



É uma espécie de monstro, meio homem, meio bicho. Tem a cabeça enorme e um grande buraco no meio das costas, que se abre e fecha conforme ele abaixe e levante a cabeça. Come pessoas, especialmente crianças e mulheres, abrindo o buraco e atirando-as dentro dele.

O quibungo, também chamado kibungo ou chibungo, é mito de origem africana que chegou ao Brasil através dos bantus e se fixou no estado da Bahia. Suas histórias sempre surgem em um conto romanceado, com trechos cantados, como é comum na literatura oral da África. Em Angola e Congo, quibungo significa "lobo".

Curiosamente, segundo as observações de Basílio de Magalhães, as histórias do quibungo não acompanharam o deslocamento do elemento bantu no território brasileiro, ocorrendo exclusivamente em terras baianas. Para Luís da Câmara Cascudo, apesar da influência africana ser determinante, "parece que o quibungo, figura de tradições africanas, elemento de contos negros, teve entre nós outros atributos e aprendeu novas atividades".

Extremamente voraz e feio, não possui grande inteligência ou esperteza. Também é muito vulnerável e pode ser morto facilmente a tiro, facada, paulada ou qualquer outra arma. Covarde e medroso, morre gritando, apavorado, de forma quase inocente.

O Quibungo é uma espécie de Bicho-Papão negro, um visitante africano inesperado que acabou por se domiciliar na Bahia, onde passou a fazer parte do folclore local. Trata-se de uma variação do Tutu e da Cuca, cuja principal função era disciplinar, pelo medo, as crianças rebeldes e relutantes em dormir cedo.

O Quibungo faz parte dos contos romanceados, sempre com um episódio trágico ou feliz mas sem data que o localize no tempo. É um Velho do Saco para os meninos, um temível devorador de crianças, especialmente as desobedientes. Sem dúvida um meio eficaz de cobrar disciplina pela imposição do pavor.

Não há testemunho ocular de sua existência, mas, em meio ao universo infantil, existe como coisa concreta. Dentro dessas estórias tradicionais, contadas para as crianças inquietas, ou teimosas, ele se arrasta como um fantasma faminto, como um feroz devorador de meninos e meninas que desgrudam da guarda dos seus pais.

É uma figura da literatura oral afro-brasileira, com sua bestial voracidade, sua imensa feiúra, brutalidade e inexistente finalidade moral. Em quase todos os contos em que aparece o Quibungo há versos para cantar. Esse detalhe lembra as estórias contadas, declamadas e cantadas que ainda hoje podemos ouvir na África equatorial e setentrional e na China, ao ar livre, para um auditório sempre renovado das ruas e praças. É o famoso teatro dos bonecos ou marionetes, onde personagens encenam dramas épicos ou outros de finalidades morais, educativas ou retratando os problemas das comunidades

Em Alger ou Xangai, e mesmo nos países nórdicos, vivem ainda hoje estes artistas de rua, descendentes indiretos dos Mímicos da antiga Roma nos tempos do império. O Quibungo é um forte aliado dentro dessa literatura onde não existem limites para a imaginação.

No Congo e Angola, Quibungo significa "Lobo". Entre os povos da costa ocidental da África, existiam as hordas de salteadores vindos de outras regiões, e que comumente invadiam povoados e aldeias, saqueando tudo; se apossando de mulheres, crianças e demais pertences, e escravizando os homens e os velhos. A este tipo de agressão praticadas pelos grupos invasores eles chamavam de Cumbundo, e a cada indivíduo que faz parte do grupo, Quimbungo que pode ser interpretado como "invasor" ou "invadir", ou "aquele que vem de fora sem ser esperado ou convidado".

De tal sentimento de pavor que sentiam, inspirados pelo Quimbungo invasor, associados à ideia e ao terror inspirados pelo Chibungo, como eram chamados pelos povos negros o Lobo animal, nasceu evidentemente na imaginação popular a concepção dessa entidade estranha - O Kibungo. Os povos Bantus se encarregaram de transmitir às nossas populações do norte e nelas persiste, mesmo após o desaparecimento dos povos em que teve origem.

Desse modo o Quibungo baiano é ao mesmo tempo homem e animal. Espécie de lobo ou velho negro maltrapilho e faminto, sujo e esfarrapado, um verdadeiro fantasma residente nos maiores temores infantis.

Assim, o Quibungo baiano é só baiano, não existe em outros lugares do Brasil. É um bicho meio homem, meio animal, tendo uma cabeça muito grande e também um buraco no meio das costas, que se abre quando ele abaixa a cabeça e se fecha quando levanta. Engole as crianças abaixando a cabeça, abrindo o buraco e jogando-as para dentro. É também um feiticeiro, demônio, lobisomem, macacão, preto velho. No fundo continua sempre a ser um ente estranho e canibal que prefere a carne tenra das crianças.

Desse modo, ele herda aspectos do "Velho do Saco", do Lobisomem, etc. A referência à sua boca às costas, mais lembra o próprio Velho do Saco, que literalmente engolia as crianças pelas costas, uma vez que depois de ensacá-las, jogava o surrão sobre seu dorso e ia embora.

O Homem do Surrão ou "Velho do Saco" faz parte de estórias portuguesas e está em quase toda Europa. É um homem velho, esfarrapado, sujo, muito feio, que procura agarrar as crianças vadias ou descuidadas e metê-las num grande saco de couro, de abertura larga, pronta para este fim.

Não se sabe como morrem as crianças. Se o homem as devora ou mata-as pelo prazer de matá-las. Cada criança que o Homem segura é sacudida no surrão que se fecha. Para este movimento é preciso que o Homem baixe a cabeça. Então o surrão abre-se. Presa a criança, fechado o saco, o Homem ergue a cabeça. São as mesmas atitudes do nosso Quibungo com sua suposta imensa bocarra. Pela descrição, a boca do Quibungo é um saco.

Outro ponto digno de menção sobre o Quinbungo é sua completa vulnerabilidade. Pode ser atacado por qualquer meio, arma branca ou de fogo. Morre gritando, espavorido, acovardado, como o mais inocente dos monstros que a imaginação infantil dos povos já criou.
––––––––––––

Muita gente nunca ouviu falar no quibungo, mas antigamente os supersticiosos diziam que ele existia e era um bicho muito esquisito.

Os velhos escravos, jurando muitas vezes que já tinham visto o quibungo, assim o descreviam: é um bicho meio homem, meio animal; tem uma cabeça enorme e um grande buraco bem no meio das costas. Esse buraco se abre quando o quibungo abaixa a cabeça e se fecha quando a levanta:

— E que fazia o quibungo?

— Que fazia? Pois fazia muita malvadeza, carregando as crianças que encontrava no seu caminho.

Ao ouvir de pai João, essas palavras as crianças que o rodeavam puseram-se a rir, não acreditando em nada do que ele estava contando.

— Pois não é mesmo para nhonhozinho acreditar... Isso tudo é brincadeira de negro velho, para ir matando o tempo...

— Conte, pai João, conte a história do quibungo, pediram as crianças. Conte só mais essa!

Pai João começou a contar a história que ele ouvira, quando criança, de seus pais, lá bem longe na sua terra, sob o teto de uma palhoça... Terra que ele nunca mais pudera ver; palhoça que lhe vinha à lembrança vagamente, entre sombras de palmeiras...

— E seus pais?

— Deus levou...

De olhos muito baços, úmidos sempre, com a voz trêmula e arrastada, Pai João foi contando:

— Quibungo, bicho danado, carrega as crianças! Abaixa a cabeça, abrindo o buraco das costas e dentro vai jogando as que pode pegar...

Pois um dia, um homem que tinha três filhos saiu de casa para ir trabalhar.

Em casa ficaram os três filhos e a mulher.

Ficaram muito sossegados, os meninos brincando, a mãe cuidando da comida.

Mas o quibungo andava ali por perto, rondando a casa, à espera da hora em que pudesse chegar sem perigo e carregar os três meninos.

Mal viu sair o dono da casa e percebeu que as crianças se distraíam com seus brinquedos e a mulher cuidava do serviço, foi se chegando até à porta e perguntou, cantando:

— De quem é esta casa, auê
Como gerê, como gerê, como erá?

Ouvindo aquele canto tão feio, a mulher logo percebeu que era o quibungo. Então, com muito medo, ela fez o que era preciso. Respondeu ao bicho também cantando:

— A casa é de meu marido, auê
Como gerê, como gerê, como erá?

A resposta agradou ao quibungo, que perguntou:

— De quem são esses meninos, auê
Como gerê, como gerê, como erá?

A mulher respondeu, a tremer de susto:

— Estes meninos são meus filhos, auê
Como gerê, como gerê, como erá?

Sempre cantando, o quibungo disse que queria carregar os três meninos.

Era inútil à mulher tentar resistir, porque ninguém podia com o bicho.

Então ela, também cantando, mas com lágrimas nos olhos, pelo amor dos filhos repondeu que o quibungo podia levá-los...

Mais que depressa ele abaixou a cabeça, abrindo o buraco das costas, onde jogou os três meninos, que desapareceram no mesmo instante. Levantou em seguida a cabeça e o buraco se fechou.

Então o quibungo perguntou de quem era a mulher.

Prevendo seu triste fim, ela respondeu que era de seu marido, e o quibungo resolveu carregá-la também.

Mas na hora em que avançou para a mulher, chegou o dono da casa, com uma espingarda, arma de que o quibungo tem medo como ninguém.

Vendo o homem armado e pronto para dar-lhe um tiro, o quibungo não sabia como fugir. Correu para um canto da casa, a ver se podia sair pela porta do fundo. Mas não havia outra porta, nem janelas, porque a casa só tinha a porta da frente.

Vendo-se perdido, o quibungo cantou:

— Arrenego desta casa, auê
Que tem uma porta só, auê
Como gerê, como gerê, como erá...

O dono da casa não quis saber de cantigas com o quibungo.

Ficou em pé no meio da porta, para que o bicho não pudesse fugir. Com toda a calma, apontou a espingarda bem na cabeça do quibungo, que nem se mexia de tanto medo. E contou: um, dois e... três!

O tiro foi tão forte que a palhoça tremeu.

O quibungo nem teve tempo de soltar um gemido.

Então, o homem, com um facão, abriu o buraco das costas do quibungo, salvando a mulher e os três filhos.

Entrou por uma porta e saiu por um canivete; mandou o rei, meu senhor, que conte sete.

Fontes:
"O quibungo". Correio Paulistano. São Paulo, 04 de maio de 1952.
http://www.jangadabrasil.com.br/
http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/
http://sitededicas.uol.com.br/

Agnaldo Rodrigues (A Esfinge)



- Não sei decifrar o enigma! - Disse eu à Esfinge.

Mas, ela abriu a boca e jogou o bafo quente sobre meu corpo gelado. Senti o inferno corroendo minhas carnes, meus ossos tremiam de dor, minha consciência deixou de existir por alguns instantes.

- Esfinge maldita! Vá embora, não és bem vinda na minha vida! - Disse isso diversas vezes, mas ela apenas sorria e balançava a cabeça reprovando minha atitude. Permaneci ali, parado, todo queimado, em carne viva, olhando aquele monstro alado. Então, comecei a analisar aquela grande ameaça: a Esfinge era uma leoa alada com cabeça de mulher, enigmática e cruel, uma espécie de monstro terrível, um símbolo da dignidade pervertida.

- Monstro feio! Horrível... Horrível! Gritei.

Logo pensei nas lendas gregas, em que uma esfinge afligia a região de Tebas, aquele monstro meio leoa meio mulher que devorava àqueles que não conseguiam decifrar seus enigmas.

Devassidão, dominação, perversão.

Praga, vulgarização, tirania.

- Qual é o animal que anda sobre quatro pés de manhã, sobre dois ao meio-dia e sobre três à noite? Perguntou a Esfinge.

- Não sei! Respondi aos prantos.

Cai de joelhos, soluçando pedi clemência, disse-lhe que eu era cristão, declamei várias rezas para ela saber que eu não era ateu e, ainda, prometi fazer tudo o que pedisse. Ela fitava minha aflição com seu olhar altivo, impiedoso, e, sem que minhas palavras fizessem o menor significado abriu a boca. O fogo acabou dilacerando o resto de vida que sobrava no meu corpo.

Gritei...chorei...nada adiantou.

- Eu não sei o enigma...não sei...não sei. Senhora Esfinge arrume um espelho para mim, este é o meu último desejo. Quero ver se eu ainda sou um ser humano.

Um ser humano queimado.

Sem pele.

Sem couro.

Quase em ossos podres, dilacerados pelas chamas.

Ela sorriu apenas com o canto da boca, pingou um pouco de baba sobre o meu corpo queimado, depois meteu as patas dentro dos pêlos e retirou um espelho todo dourado, contornado por pedrinhas de brilhantes. Depois me entregou lentamente cantarolando se esta rua se esta rua fosse minha eu mandava eu mandava ladrilhar com pedrinhas com pedrinhas de brilhantes para o meu para o meu amor passar. Peguei o espelho, fitei minha imagem. Eu já não tinha mais imagem. Ou queria não tê-la mais. Era infame, ridículo, a Esfinge ter vencido minha inteligência.

Querendo finalizar o processo de todos os que nascem devem morrer, a Esfinge perguntou pela última vez o enigma. Um último sopro quente lançaria minh’alma ao encontro do anjo rebelde.

Certa de que Cérbero iria recepcionar-me às portas do Inferno, perguntou-me convicta sobre o tal animal que anda sobre quatro pés de manhã, sobre dois ao meio-dia e sobre três à noite. Sem saber o que responder, tentando defender-me do fogo fatal mostrei o espelho à Esfinge, então ela viu refletida a própria imagem. Ela era um ser humano. Sentiu vergonha de si. “Eu também sou humana”, pensou. A resposta do enigma estava dentro do espelho: O homem destruindo o próprio homem. Ele que se arrasta no chão quando infante, caminha ereto na idade adulta e que durante a velhice anda encostado na sua bengala.

-Maldito homem! Maldito! Gritou desesperada a Esfinge.

Em seguida, furiosa ela se precipitou no mar. Mar de angústia. Mar de lágrimas que cobre mais da metade da Terra.

Olhei no espelho.

Vi a medusa. Agora vou sair por aí petrificando as pessoas já que ninguém terá a coragem de passar as mãos nos meus cabelos, nem a ousadia de olhar no fundo de meus olhos. Agora eu sou a Esfinge: o que é o que é que tem o reto segurando o mole, o mole segurando o torto, o torto segurando o morto e o morto enganando o vivo?

Quem não souber ou errar... terá de olhar nos meus olhos para dar bom dia à Cérbero. Se acertar, precipito-me no Rio Paraguai.
==============
Sobre o Autor
Agnaldo Rodrigues da Silva é professor na Universidade do Estado de Mato Grosso.

Escritor, crítico, ensaísta e contista, tem como principais publicações: O futurismo e o teatro (2002), Ensaios de Literatura Comparada – org. (2003) e A Penumbra – Contos de introspecção (2004).

Preside o Conselho Editorial da Unemat Editora, coordena a editoração da Revista Ecos (Língua e Literatura), do Instituto de Linguagem e integra o Conselho Temático Consultivo do Caderno Científico Fênix, da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação – UNEMAT.

Agnaldo é natural de Cáceres, Mato Grosso, e tem se dedicado aos estudos literários e teatrais nos últimos anos.

Fonte:
Projeto Cultural ABRALI. http://www.abrali.com

Andréa Motta (Poesias)



NATUREZA ÍNTIMA

Sou pedra plantada.
Quando pedra,sou dura,
implacável com as palavras.

Sou água a correr.
Quando água,sou como um riacho sereno
a deslizar em silêncio.

Sou vulcão em constante erupção.
Quando vulcão,sou imaginação.
Trago na pele, no rosto e,
na alma a cor da paixão.

Sou cigana livre de preconceitos.
Sou nômade,vivo as margens dos rios
minh' alma tem asas brancas e vermelhas,
p'ros vôos desta vida incerta.

Tenho os olhos tristes e a voz embargada,
em simultâneo a alegria d'uma criança.
No peito trago contudo,a inabalável certeza
de amar-te eternamente.
===========================

DESPEDIDA

Um dia a ti escrevi as mais puras rimas
dei-te meus cheiros, meus sons e cores
estampei a folha vazia com a melodia
que corria por minhas entranhas e veias

Dei-te tanto...
todos os meus gestos, meus segredos
e sentidos. Dei-te toda a força
da amizade que de mim jorrava

Foste imaginário amigo,a minha verdade,
minha ancora, minhas pernas e braços
mas partiste sem uma palavra,
como só partem os covardes...

Não quero mais sentir este nó
que sufoca meus olhos,
cega meu grito,
cala minha pele.

Não há mais lugar para perdas
nada mais contabilizo,
Compreendi que meros momentos fugidios
não levam a lugar algum.

Pois vai...
perde-te nos emaranhados
(da tua própria dor)
quem sabe um dia percebas
que estive ao teu alcance e
deixaste-me escapar....
=============================

BRANCO

Apraz-me respirar o aroma
desfragmentado dos eucaliptos
até meu corpo estremecer
e minhas pernas amolecerem

Atenta aos sinais que se espalham
pela natureza percebo o vínculo
de perfeição do Criador
- seja ele quem for -

Completo-me como criatura
na partilha do momento
Deixo meus braços se envolverem
na carícia do vento e meu espírito
em contemplação com ele voar

Mais uma vez me divido
ao longo do caminho para depois
somar forças alternadas
entre a água e o fogo

Assim vou
de gesto em gesto
respirando entre discórdias
- equilíbrio de trapezista -
cuja vista tenta em vão fixar
o ponto
o final da corda bamba
o Juízo Final
====================

MINHA CANÇÃO

Nos olhos um intenso desalento
nas mãos gestos vagos
na alma a melodia amena de um piano
Minha canção me conduz a versos
de rimas tristes e incertas

Invadida pelas notas musicais,
como barco a deriva ao sabor do vento brando,
assobio baixinho imitando o trinar de um pássaro

Sou mera espectadora
no burburinho da platéia
Vozes anônimas de calor fugaz
consagram o cálice desafinado

O piano com arfar cadenciado
soleva os acordes em sublime simetria
entre a música e a saudade

Epopéico num só movimento
o som se expande
no vale azul da percepção
purificando-a

Sensível ao vinho proibido
sem perder a musicalidade,
como viração acariciando o rosto
resiste a fluidez das palavras.
----------
Fonte:
Projeto Cultural ABRALI. Arte e Literatura Sem Fronteiras. http://www.abrali.com/

domingo, 11 de outubro de 2009

Folclore em Trovas I (Bumba-meu-boi)

Hoje iniciamos uma nova seção, em que o folclore brasileiro está registrado em trovas. Em sua maioria, as trovas são do VIII Concurso Nacional De Manhumirim(MG), de 2004. Para um melhor entendimento da figura folclórica, haverá uma outra postagem abaixo da trova explicando sua origem, simbolismo e regiões que pertencem.
- Trova montada sobre figura do Bumba-meu-boi do site de Rosane Volpatto

Folclore Brasileiro (Bumba-meu-Boi)


A origem do auto do bumba-meu-boi remonta ao Ciclo do Gado, no século XVIII, resultante das relações desiguais que existem entre os escravos e os senhores nas Casas Grandes e Senzalas, refletindo as condições sociais vividas pelos negros e índios. Contado e recontado através dos tempos, na tradição oral nordestina, e depois espalhada pelo Brasil, a lenda fundante adquire contornos de sátira, comédia, tragédia e drama, conforme o lugar em que se inscreve, mas sempre levando em consideração a estória de um homem e um boi, ou seja, o contraste entre, por um lado, a fragilidade do homem e a força bruta do boi e, por outro lado, a inteligência do homem e a estupidez do animal.

Do ponto de vista teatral, o folguedo deriva da tradição espanhola e da portuguesa, tanto no que diz respeito ao desfile como à representação propriamente dita; tradição de se encenarem peças religiosas de inspiração erudita, mas destinadas ao povo para comemorar festas católicas nascidas na luta da Igreja contra o paganismo. Esse costume foi retomado no Brasil pelos Jesuítas em sua obra de evangelização dos indígenas, negros e dos próprios portugueses aventureiros e conquistadores no catolicismo, por meio da encenação de pequenas peças.

Como dança dramática, o bumba-meu-boi adquire através dos tempos, algumas características dos autos medievais, o que lhe dá o seu caráter de veículo de comunicação. Simples, emocional, direto, linguagem oral, narrativa clara e uma ampla identificação por parte do público, tomando semelhanças com a comédia satírica ou tragicomédia pela estrutura dramática dos seus personagens alegóricos, os incidentes cômicos e contextuais, a gravidade dos conflitos e o desenlace quase sempre alegre, que funciona como um processo catártico.

Ao espalhar-se pelo país, o bumba-meu-boi adquire nomes, ritmos, formas de apresentação, indumentárias, personagens, instrumentos, adereços e temas diferentes. Dessa forma, enquanto no Maranhão, Rio Grande do Norte e Alagoas é chamado bumba-meu-boi, no Pará e Amazonas é Boi-Bumbá ou Pavulagem; em Pernambuco é Boi Calemba ou Bumbá; no Ceará é Boi de Reis, Boi Surubim e Boi Zumbi; na Bahia é Boi Janeiro, Boi Estrela do Mar, Dromedário e Mulinha-de-Ouro; no Paraná, em Santa Catarina, é Boi de Mourão ou Boi de Mamão; em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Cabo Frio é Bumba ou Folguedo do Boi; no Espírito Santo é Boi-de-Reis; no Rio Grande do Sul é Bumba, Boizinho, ou Boi Mamão; em São Paulo é Boi de Jacá e Dança do Boi.

Em algumas áreas também é chamado de Cavalo-marinho (Mata Norte de Pernambuco e de algumas regiões da Paraíba). A dança do Cavalo-marinho é bastante animada e seu ritmo é marcado por um sapateado que lembra o galope dos cavalos. São passos rasteiros intercalados de saltos rápidos, para levantar poeira.

São 76 personagens ao todo, entre humanos, animais e fantásticos. As figuras mais conhecidas são Mateus, Bastião, os galantes, as damas, o Capitão e o Soldado. Entre os animais, destacam-se o Boi e o Cavalo.

A festa é coordenada pelo Capitão Marinho. Os amigos, Mateus e Bastião, dão bexigadas em todos que entram na roda, divertindo o público.

Os galantes e as damas, formando pares, realizam um baile em honra aos Santos Reis do Oriente, cantam loas e fazem a dança de São Gonçalo dos Arcos.

São apresentadas diversas situações, entre elas, momentos do Reisado e do Bumba-meu-boi, terminando com a morte e ressurreição do Boi.

Em São Paulo é denominado de Boi de Jacá e Dança do Boi. O boi toma o nome de jacá, porque prepara-se um jacá, coloca-se nessa armação a caveira de um boi. Atualmente em Ubatuba há dois grupos de Dança de Boi que apresentam-se no Carnaval.

A história que envolve a dança é a seguinte: Um rico fazendeiro possui um boi muito bonito, que inclusive sabe dançar. Pai Chico, um trabalhador da fazenda, rouba o boi para satisfazer sua mulher Catarina, que está grávida e sente uma forte vontade de comer a língua do boi. O fazendeiro manda seus empregados procurarem o boi e quando o encontra, ele está doente. Os pajés curam a doença do boi e descobrem a real intenção de Pai Chico, o fazendeiro o perdoa e celebra a saúde do boi com uma grande festividade.
-------------------------

Bumba-meu-Boi no Maranhão

No Maranhão (que recebeu logo ao início do séc. XVI a colonização de lusitanos das Ilhas dos Açores), a festa do boi atingiu um grau de riqueza cênica impressionante e está presente no ciclo junino, onde se fixou principalmente entre os festejos que homenageiam São João e São Pedro, podendo prolongar-se até agosto.

Ao findar os festejos natalinos, os grupos de bumba-boi iniciam as reuniões, que vão até 31 de abril, quando preparam os enredos e elaboram novas músicas e coreografias.. A partir de maio, começam os ensaios com cada personagem elaborando a sua performance em conjunto ou separadamente. Tudo isso é feito até 15 de junho. Contudo, o chamado ensaio-redondo, como se fosse a apresentação definitiva, pode ocorrer até o dia 23 do mesmo mês. As vésperas de São João, ocorre o batizado do boi, em cerimônia na igreja, com a participação de padrinhos ou madrinhas Boi, o que bem demonstra o alto grau de sincretismo entre o profano e o religioso e a importância sócio-cultural desse evento para o povo do Maranhão. É quando também, todos irão se deslumbrar com o novo couro do boi, verdadeira obra de arte composta de vidrilhos, miçangas e desenhos inspirados no enredo escolhido para o ano.

Para o maranhense, o bumba-meu-boi representa a tríplice miscigenação de seu povo, pelo entrelaçamento das culturas branca, negra e indígena, verificada nos personagens presentes no auto, no qual se destacam o dono da fazenda, Pai Francisco, Catirina, vaqueiros ou caboclos de fitas, caboclo real ou de pena, índios, doutor ou pajé, padre, Dona Maria (esposa do amo), os cazumbás (mascarados, espécie de palhaços) e o miolo, responsável por guiar o boi. As variações dos personagens ocorrem também por causa dos diferentes ritmos existentes no Maranhão. O que distingue esses sotaques, como são chamadas as músicas tocadas nos bois maranhenses, são os instrumentos musicais em destaque e a cadência do ritmo dada a cada tipo.

O boi-de-matraca apresenta entre seus instrumentos de percussão as matracas, dois pedaços de madeira de som rústico que, batidos freneticamente, produzem um barulho vibrante, juntamente com enormes pandeiros, tambores-onça e maracás.

Outro estilo encontrado são os bois-de-zabumba, com tambores que possuem mais ou menos meio metro de altura, feitos de compensado, amparados por uma forquilha, que juntamente com pandeiros e maracás, produzem um som característico e contagiante.

Já ps bois de orquestra são os mais recentes e diferem completamente dos anteriores, utilizando um conjunto de instrumentos de sopro (saxofones, flautas, clarinetes) e de percussão (bombo, tambor e maracás). Atualmente o boi de Pindaré tem marcado um estilo como uma variante do boi-de-matraca, pelo seu ritmo mais lento, com pandeiros menores e diferentes trajes, ressaltando-se os imensos chapéus cujas abas da frente são dobradas ao estilo dos cangaceiros.

Considerações sobre o Boi

O Boi foi um animal que deixou profundas marcas no processo civilizatório e de expansão do país. Ele esteve ligado à agricultura e à aração. Ele é símbolo de bondade, de calma e força tranqüila que carrega o fardo da honestidade e do trabalho resignado, portanto deve ser estimado com respeito e têm direito a tratamento especial.

"A figura do boi marca a força e poder, o poder de rasgar sulcos intelectuais para receber as chuvas fecundas do céu, ao passo que seus chifres simbolizam a força conservadora e invencível".

O boi era considerado animal sagrado no Grécia Antiga. O deus Sol também tinha seus bois, de brancura imaculada e providos de chifres dourado. É, sem dúvida, por este caráter sagrado e por suas relações com os ritos religiosos que o boi era também considerado símbolo do sacerdote.

Animal útil, que nas festas pagãs dos cultos de Dionísio, entrou pela tradição ao figurar na iconografia católica romana, simbolizando o evangelista São Lucas. O boi em muitas catedrais ou igrejas católicas aparece nas pinturas do teto, num dos quatro cantos além do leão, da águia e do homem ou anjo. Também figura na cena bucólica da manjedoura de Belém, anualmente rememorado nos presépios armados para as festas natalinas. É ainda, considerado irmão gêmeo do escravo no trabalho.

Dos elementos formadores de nossa etnia, somente o nosso indígena o desconhecia, porque o africano e o europeu tinham-no em sua cultura milenar de onde provieram. Foi fácil aproveitar a figura do boi para ensinar a tese da ressurreição para os índios, negros, portugueses e mestiços. Sim, mestiços, no bumba-meu-boi domina a presença do mestiço, pois todos possuem seu papel nesse bailado: o branco é o dono do boi, o mulato é negro que vai roubá-lo da fazenda, o índio é representado pelo pajé e o doutor ou médico é que fará ressuscitar o animal.

O bumba-meu-boi brasileiro não tem boi de verdade, é um boi de armação recoberto de panos ou revestido de materiais mais modernos, que oculta um homem por debaixo dele.

Fontes:
http://www.terrabrasileira.net/
Brasil Escola. http://www.brasilescola.com/
http://www.rosanevolpatto.trd.br/lendaboibumba1.htm

sábado, 10 de outubro de 2009

Alguns Pseudônimos e os respectivos escritores


Anatole France (Jacques Anatole François Thibault)
Artur da Távola (Paulo Alberto Monteiro de Barros)
Ferreira Gullar (José Ribamar Ferreira)
George Orwell (Eric Arthur Blair)
João das Regras (Machado de Assis)
João do Rio (João Paulo Emilio Cristovão dos Santos Coelho Barreto)
Johannes Clímacus/Johannes de Silentio/Victor Eremita (Soren Kierkegaard)
Lelio (Machado de Assis)
Lewis Carroll (Charles Lutwidge Dodson)
Malba Tahan (Júlio César de Melo e Sousa)
Manassés (Machado de Assis)
Marcos Rey (Edmundo Nonato)
Mark Twain (Samuel Langhorne Clemens)
Moliere (Jean-Baptiste Poquelin)
Pablo Neruda (Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto)
Pagu (Patricia Galvão)
Pedro Dantas (Prudente de Morais Neto)
Possidônio Cezimbra Machado (Marcelo Gama), poeta simbolista
Qorpo-Santo (José Joaquim de Campos Leão)
Richard Bachman (Stephen King)
Stanislaw Ponte-Preta (Sérgio Porto)
Stendhal (Henri-Marie Beyle)
Susana Flag (Nelson Rodrigues)
Tennessee Williams (Thomas Lanier Williams)
Tristão de Ataíde (Alceu Amoroso Lima)
Victor de Paula (Machado de Assis)
Voltaire (François Marie Arouet)

Antonio Manoel Abreu Sardenberg (Namorar em Sonhos)



Existe coisa melhor do que namorar em sonhos, principalmente quando esse sonho é acordado e esse namoro é com a vida, a natureza e tudo aquilo que DEUS nos dá no dia-a-dia: o ar que respiramos, o sol que nos aquece, a chuva que faz germinar as sementes que dão flores e frutos, enfim, tudo que de belo está ao nosso alcance.

Existe coisa mais linda do que um céu coalhado de estrelas, um mar azul, filhos e netos à nossa volta?

Pois é! Acho que não existe e por isso estou mandando esse modesto poema.
.
Namorei por toda a vida
Todos os sonhos que sonhei,
Até meus sonhos perdidos
Confesso que namorei!

Namorei sonhos distantes,
Que senti, mas não toquei,
E até meus sonhos errantes,
Confesso: também gostei!

Namorei sonhos do sul,
Do norte e do nordeste,
Sonho rosa, sonho azul,
Sonho do centro e sudeste,
Sonhos que tanto sonhei
Mas que tu nunca me deste!

Namorei sonhos dourados,
Pretos, brancos, coloridos,
Sonhos nunca imaginados
Que me tocaram os sentidos.

Namorei sonhos da noite
E também da madrugada;
Sonhos doces de criança
Com a primeira namorada,
Sonhos que se perderam
Na poeira das estradas...

Mas o sonho mais bonito,
Com gostinho de maçã,
Foi aquele que sonhei
No despertar da manhã:
Eu te querendo todinha
Você dizendo: hã, hã...
----
Fontes:
- Texto enviado pelo Autor
- Imagem = http://www.vidaartepoesiaedepressao.spaceblog.com.br

Homero (século VIII a.C.)



Teria vivido no século VIII a.C., período coincidente com o ressurgimento da escrita na Grécia. Consagrou o género épico com as obras Ilíada e Odisséia. Além destas, mas sem respaldo histórico ou literário, são a ele atribuídas as obras Margites, poema cômico a respeito de um herói trapalhão; a Batracomiomaquia, paródia burlesca da Ilíada que relata uma guerra fantástica entre ratos e rãs, e os Hinos homéricos.

Já antes do início do pensamento filosófico, as riquíssimas obras de Homero (Ilíada e Odisséia) tendem a aproximar os deuses dos homens, num movimento de racionalização do divino. Os deuses homéricos, que viviam no Monte Olimpo, possuíam uma série de características antropomórficas.

Segundo a tradição antiga, ele é autor dos poemas épicos Ilíada e Odisseia, duas grandes obras da Antiguidade , e muitos outros poemas que acabaram servindo de relato histórico e base cultural e moral da Grécia. Para os gregos que viveram sob o domínio dos romanos, ele foi o principal poeta da sua época, embora alguns escritores coloquem em dúvida a sua verdadeira identidade - é controvertida até a data de seu nascimento. Por volta do sétimo século a.C. surgiram as primeiras citações dos relatos épicos -, a Ilíada e a Odisseia estão incluídas entre as grandes obras da literatura universal

A discussão sobre a autoria da Ilíada e da Odisseia resultou na famosa "questão homérica", que ao que tudo indica surgiu por volta do sexto século a.C., quando um certo Theagenes de Regium começou a indagar sobre as origens de Homero. Esta incerteza nasceu da quase completa impessoalidade do épico grego. O autor de Ilíada às vezes fala na primeira pessoa sobre seus próprios sentimentos, mas não há outra referência sobre a identidade do autor em nenhuma de suas obras. As datas e locais em que os poemas foram compostos podem ser apenas inferidos de evidências ambíguas e contraditórias.

Segundo alguns historiadores, o fato de serem citados comerciantes (fenícios) na Odisseia pode significar uma comprovação de que a obra possa ter sido feita por volta do século 9 a.C. Eles também citam táticas militares narradas na Ilíada que teriam origem no século 8 a.C. Embora essa diferença de datas possa indicar que houve um período muito longo entre a confecção de uma obra e outra, eles também sugerem que ambas possam ter apenas um autor, apesar de outros duvidarem que as duas possam ter sido escritas ou narradas somente por Homero.

Por volta do quarto século a.C, quando já se comercializavam livros e já existiam bibliotecas, Homero passou a ser considerado o criador da mitologia grega. Os historiadores da época se baseavam na existência de outros poemas, atribuídos a Homero, que homenageavam deuses daquele período. Essas obras também deixaram impregnadas na cultura grega princípios éticos de conduta e comportamento, mas sua autoria também nunca teve comprovação.

Homero teria vivido no oitavo ou nono século a.C. na Jônia, uma região hoje pertencente à Turquia. A Ilíada e a Odisseia são os principais documentos literários e históricos da região que resistiram aos tempos pelo seu relevante conteúdo. O que ficou de Homero, afora a controvérsia sobre as suas origens e até mesmo a própria autoria, são as obras, todas do gênero épico. Esses relatos, inspirados nas musas do autor, são baseados em fatos que podem ter acontecido ou não. As principais obras, a Ilíada e a Odisseia, falam de guerras, deuses, heróis, e, claro, tentam transmitir à sociedade de então ensinamentos morais, por meio dos personagens.

A Ilíada narra os acontecimentos, em 51 dias, durante o décimo e último ano da guerra de Troia. O título da obra tem origem no nome grego de Troia, Ílion. Trata-se de um poema épico que descreve "a ira de Aquiles" e a luta pela a posse de mulheres capturadas, entre Aquiles, o grande guerreiro, e Agamenon, o comandante em chefe do exército dos aqueus, que sitiou Ílios, a capital de Troia, por nove anos a fim de resgatar Helena, a esposa de Menelau (irmão de Agamenon), que fora capturada por Paris, filho de Príamo, rei de Troia.

A luta teve conseqüências desastrosas - primeiro para os aqueus, que tiveram de combater sem o apoio de Aquiles, e sob a temporária, porém real, inimizade de Zeus, "o pai dos deuses e dos homens" -; depois para o próprio Aquiles na perda de seu grande amigo Patroclus; e, finalmente, para Heitor, herói dos troianos. Aquiles, depois de ter se reconciliado com Agamenon, tendo vingado o assassinato de Patroclus e praticado os rituais finais para o amigo morto, finalmente se reconcilia com os deuses, ao permitir que Príamo possa regatar o corpo de Heitor e levá-lo de volta a Troia, para ser enterrado.

A história da Guerra de Troia pôde ser conhecida em detalhes graças ao relato atribuído a Homero. Acredita-se que ele costumava peregrinar pelas cortes e povoados da época, repetindo as estrofes verbalmente, enaltecendo os feitos e as conquistas dos antepassados dos gregos, então designados como aqueus.

Era seu costume narrar, em pé e apoiando- se num cajado, em voz alta, para os ouvintes, a descrição dos combates dos heróis daquela época. Uma espécie de repórter falado daqueles tempos, com certeza. Esse costume viabilizou a preservação da memória dos fatos de então, o que acabaria por resultar na unidade cultural dos povos daquela região do sul da Europa, principalmente os de fala grega. Hoje, considera-se que Homero teve um papel fundamental, como personalidade literária, na vida do povo grego.

Essa narrativa, também chamada de epopeia, se resume em duas obras-primas: a Ilíada e a Odisseia. A Ilíada relata o último ano da guerra de Troia e a Odisseia conta as peripécias de Ulisses, depois da guerra. Em ambas são narradas a relação dos homens com os deuses. Consta que os relatos de Homero foram, por assim dizer, reescritos em 561 a.C por um certo Zenôdoto, que cumpria ordens de um ditador de Atenas, Pisístrato. Assim, a Ilíada e a Odisseia chegaram até nós compiladas por aquele escritor. Os dois grandes poemas que constituem as duas obras foram posteriormente subdivididos em 24 cantos cada, num total espantoso de 27.803 versos, número até hoje não superado na literatura ocidental.

Os outros personagens da guerra de Troia, heróis e anônimos, foram fontes de inspiração para autores que viveram depois dos tempos de Homero. Eles escreveram peças que se basearam nas vidas dos combatentes Ésquilo, Sófocles e Eurípides foram alguns desses autores.

A Ilíada, em particular, deixou sua marca na cultura clássica, tanto na formação dos gregos como, posteriormente, na dos habitantes do Império Romano. Essa influência também pode ser observada nos autores clássicos daquele período, como em Virgílio.

Originalmente, a Odisseia foi escrita em seis livros, dividida em quatro partes. A obra narra a luta de Telêmaco contra os cortejadores de sua mãe, que querem tirar proveito da viagem de Ulisses para a guerra de Troia. Atena aconselha Telêmaco a ir à procura do pai. Ele viaja numa embarcação para a casa do rei Nestor, em Pilos, que lhe conta episódios da guerra e sobre a morte de Agamenon. Em seguida, ele viaja a Esparta, junto com o filho de Nestor, e no palácio de Menelau e Helena, ouve mais relatos sobre o conflito entre aqueus e troianos.

Ao mesmo tempo em que Telêmaco segue viagem em busca do pai, Zeus envia Hermes para determinar a Calipso, em Ogígia, que deixe Ulisses partir. No mar, a bordo de uma jangada, durante uma tempestade, ele chega a um lugar chamado Feaces, onde encontra a princesa Nausíca. Aconselhado por ela a ir ao palácio, Ulisses recebe um pedido do rei Alcino para lhe contar a sua história.

Ulisses narra então o dia que deixou Troia no passado. Cita a passagem pela ilha dos ciclopes, onde ele fere o filho de Poseidon. Passa também pela ilha da feiticeira Circe, que, segundo a lenda, transformava os homens em suínos, e chega até Hades, onde interroga Tirésias sobre seu próprio futuro.

Essa região, segundo a lenda, era conhecida como a terra dos mortos. Ulisses então teria se comunicado - mediunicamente, talvez - com os companheiros de batalha que tombaram e inclusive com sua própria mãe, que falecera. Em seguida, ele volta à ilha de Circe, que o adverte sobre o perigo das sereias. Em viagem, novamente, Ulisses chega à ilha do Sol, onde seus companheiros matam os animais e depois falecem no mar. Ulisses, o único sobrevivente, volta à ilha de Ogígia, onde permanece por sete anos.

Depois de receber permissão de Calipso, Ulisses retorna à ilha de Feaces. Lá, ele recebe ajuda para voltar para Ítaca. A primeira providência de Ulisses é ocultar os tesouros. Telêmaco também volta ao "lar doce lar" e ao saber do motivo da viagem do filho combinam combater os pretendentes ao trono. É sugerida uma prova de habilidade e Ulisses, disfarçado de mendigo, termina como o grande vencedor e revela-se o verdadeiro rei de Ítaca. Junto com o filho e aliados, ele destrói os pretendentes e usurpadores. Só faltava provar sua identidade a Penélope. Depois disto, ele visita o pai, Laerte, que apresentava quadro de depressão profunda.

Fontes:
– Wikipedia
– Homero O poeta grego épico. por Marcon Beraldo; in Revista Literatura. Editora Escala Educacional.

7a. Bienal Internacional do Livro de Pernambuco


Com o tema “Literatura do princípio ao fim”, a Bienal Internacional do Livro de Pernambuco chega a sua 7ª edição. Entre os dias 02 e 12 de outubro, o pavilhão de exposições do Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda (PE), volta a ser palco das discussões e debates que fomentam a feira literária, considerada a 3ª maior do Brasil, atrás apenas do Rio e São Paulo. Promovido pela Cia de Eventos, o evento deste ano ganhou mais um dia. O Dia das Crianças foi estrategicamente incorporado, uma vez que aproximar a juventude dos livros é um dos principais objetivos dos organizadores.

Em 11 dias de feira, a expectativa é superar os números das últimas edições e congregar um público acima dos 550 mil registrados na bienal passada. Com curadoria do jornalista e escritor Homero Fonseca e do poeta, tradutor e ensaísta Delmo Montenegro, a programação promete oficinas literárias, apresentações teatrais, interpretação textual, palestras, debates, entrevistas e bate-papos acerca das produções literárias. E as novidades não param por aí. Também já está sendo estudada a possibilidade de criar um espaço batizado de Cine São Luiz, onde serão oferecidas mostras de filmes clássicos, sobretudo infantis. A idéia é elaborar uma programação especial para as crianças na perspectiva de formar os futuros leitores.

O grande objetivo da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco é fazer uma grande celebração em torno de um produto nobre como é o livro, que sempre agrega valor e estimula a capacidade criativa das pessoas. Por isso, existe uma preocupação da organização em sempre abrir espaço para editoras ainda de pouca visibilidade, possibilitando uma maior diversidade na oferta de títulos. A idéia é apresentar livros que não são achados na maioria das livrarias. E sempre com o cuidado de viabilizar estas ofertas com preços acessíveis.

O evento conta com apoio da Câmara Brasileira do Livro, Governo do Estado de Pernambuco e Prefeitura do Recife.

PROGRAMAÇÃO

SÁBADO, 10 DE OUTUBRO DE 2009

AUDITÓRIO CARLOS PENA FILHO

– 10:00 às 12:00h – CURSO: “O valor literário dos primeiros contos de Machado de Assis”. – Eduardo França.
– 13:00 às 14:30h – Oficina literária de Raimundo Carrero.
– 15:00 às 16:00h – Severino Celestino – “Analisando as traduções bíblicas”.
– 16:30 às 17:30h – Marcus Accioly e Charles Kiefer – “Conversa e Recital”.
– 18:00 às 19:00h – Salim Miguel – “Eu leitor, gráfico, livreiro, editor, jornalista, escritor”. Apresentação Ivanildo Sampaio.
– 19:30 às 20:30h – Alberto Mussa – “O escritor como leitor”. Apresentação Cristhiano Aguiar.
– 21:00 às 22:00h – “Modos de Macho vs Modinhas de Fêmea” – Xico Sá conversa com Flávia de Gusmão e Carolina Leão

CAFÉ CULTURAL

– 10:00 às 12:00h – Mini-Cursos: FAFIRE
– 13:30 às 15:00h – Café Cultural: “Ainda Orangotangos: Dialogando Livro e Filme” – Paulo Scott (SP).
– 15:30 às 17:30h – Café Cultural: Educação e Tecnologia.
– 18:00 às 19:30h – Marcelino Freire (SP) e Paula Dip (SP) – “Para sempre teu, Caio F.”
– 20:30 às 21:30h – Conversa com o escritor: Federico Andahazi (Argentina) – Marcelo Pereira.

PALCO DAS IDÉIAS

– 10:00 às 12:00h – Oficina: Ficção Literária para Jovens. Paulo Caldas.
– 13:30 às 15:30h – Edson Nery da Fonseca – “Alumbramentos e perplexidades – vivências bandeirianas”.
– 15:30 às 17:30h – Eglê Malheiros (SC) e Antônio Guinho – “Para seduzir o leitor infanto-juvenil”.
– 18:00 às 19:30h – Silvério Pessoa – “Nômade – Um Diário de Viagem”.
– 20:00 às 22:00h – Sérgio Rodrigues (RJ), Urariano Mota e Ana Maria César – “Quebrando Espelhos: Jornalismo versus Repressão”.

ESPAÇO PEDAGÓGICO

– 10h15 – Escola Novo Mangue – Dança
– 10h30 – Arricirco Várias Atividades Circenses – Alegria de ler
– 11h – Mamulengo Cantofala – Contação de História com Weracy
– 14h45 – Mamulengo Cantofala – Contação de História com Weracy
– 15h – Clenira Melo – Contação de História / Recital Poético
– 15h30 – Colégio Desenvolver – Dança
– 16h – Editora Calibán – Bate-papo com a autora Izabela Domingues, de A Menina Marca- Texto
– 16h30 – Editora Comunigraf – Contação de História – Livro 6 de Março
– 17h – Clenira Melo – Contação de História/Recital Poético

PLATAFORMA DE LANÇAMENTOS

– 12h às 13h – Cordel – Lendo a Tradição, de Felipe Júnior
– 14h às 15h – O Coronelismo em Salgueiro, de Waldemar Alves da Silva Júnior
– 15h às 16h – Revisão ou reafirmação do espiritismo?, de Herculano Pires e Francisco Cajazeiras
– 16h às 17h – A Trilha do Labirinto, de Francisco de Assis Rocha Filho
– 17h às 18h – Pequenas biografias não-autorizadas, de Leo Marona
– 18h às 19h – As calçadas e outros contos cervantinos, de Carlos Roberto Santos
– 19h às 20h – A Literatura em Pernambuco, de Nagib Jorge
– 20h às 21h – Para sempre teu. Caio F, de Paula Dip

11 DE OUTUBRO – DOMINGO

AUDITÓRIO CARLOS PENA FILHO

– 10:00 às 12:00h – CURSO: “Poesia – Do passado sem futuro ao contemporâneo: conhecendo a poesia brasileira”. – Fábio Andrade.
– 13:00 às 14:30h – Oficina literária de Raimundo Carrero.
– 15:00 às 16:00h – Professora Suzana Sacavino – “Democracia, sociedade e educação em direitos humanos”.
– 16:30 às 17:30h – Francisco Cajazeiras – “Depressão – Doença da alma”.
– 18:00 às 19:00h – Fernando Monteiro – “Viagem ao centro da Literatura”. Apresentação Heloísa Arcoverde.
– 19:30 às 21:30h – Marcelino Freire (SP) e Paulo Scott (RS) – “Literatura – Agite antes de usar”. Mediação: Urros Masculinos.
.
CAFÉ CULTURAL

- 10:00 às 12:00h – Mini-Cursos FAFIRE.
- 13:30 às 15:00h – Café Cultural: “A Pintura de Vicente do Rego Monteiro” – Karla Melo e Patrícia Tenório.
- 15:30 às 17:30h – Café Cultural: “Teatro em Pernambuco”.
- 18:00 às 19:30h – Conversa com o escritor: Alberto Mussa (SP) e Ronaldo Correia de Brito.
- 20:30 às 21:30h – Conversa com o escritor: Salim Miguel (SC) e Nagib Jorge Neto.

PALCO DAS IDÉIAS

- 10:00 às 12:00h – Oficina: Educar com Afeto. Luiz Schettini Filho
- 14:00 às 16:00h – Schneider Carpeggiani, Bruno Piffardini e Thiago Soares – “ I Love Lucy (Homenagem aos 30 anos de carreira da poeta Lucila Nogueira)”.
- 16:30 às 18:30h – Exibição de filme e debate: “Geração 65 – Aquela Coisa Toda”, de Luci Alcântara.
- 19:00 às 21:00h – Myriam Brindeiro e Eugênia Menezes – “Edições Pirata (30 anos depois)”.

ESPAÇO PEDAGÓGICO

– 10h30 – Colégio Desenvolver – Contação de História com Silvana
– 11h – Mamulengo Cantofala – Contação de História com Weracy
– 15h – Edições Bagaço – Contação de História com Rosângela
– 15h30 – Clenira Melo – Contação de História /Recital Poético
– 16h30 – Clenira Melo – Contação de História/Recital Poético
– 17h – Mamulengo Cantofala – Contação de História com Weracy

PLATAFORMA DE LANÇAMENTOS

- 12h às 13h – Retratos do Sertão, de Marcos Passos
- 14h às 15h – Coleção Africanidades e Afrobrasilidades, de Jorge Arruda
- 15h às 16h – Quatro faces de um encontro – Vicente do Rego Monteiro, de Karla Melo Patrícia Tenório
- 16h às 17h – Democracia e Educação em Direitos Humanos na América Latina, de Susana Beatriz Sacavino
- 17h às 18h – O Rei do Zodíaco – Depois do Desejo, de Valdir Oliveira
- 18h às 19h – “Cordéis Gramaticais: Porque, O Caso da Crase, Borboletra-gens e Libidinagem das Letras”, de Marcelo Mário melo
- 19h às 20h – Vi uma foto de Anna Akhmátova, de Fernando Monteiro
- 20h às 21h – Uma Coisa de Cada Vez, de André Luís Resende. Exibição do filme homônimo, com direção de Mannu Costa e roteiro de Dirceu Tavares.

12 DE OUTUBRO – SEGUNDA-FEIRA

AUDITÓRIO CARLOS PENA FILHO

- 10:00 às 12:00h – Artur Ataíde, Revista Crispim – CURSO: “O som da poesia”.
- 15:00 às 16:00h – Deputado Marcelo Almeida, Silvana Lumach Meireles – Secretária de Articulação institucional do Ministério da Cultura e José Castilho – Secretário- Executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura – “Fundo Setorial Pró-Leitura”
- 18:00 às 19:00h – “Os Leitores Falam” (Mesa formada por leitores selecionados pelo site da Bienal). Apresentação Luciano Siqueira. Seguida de encerramento, por Rogério Robalinho, Homero Fonseca, Delmo Montenegro.

CAFÉ CULTURAL

- 10:00 às 12:00h – Mini-Cursos: Oficina FAFIRE
- 13:30 às 15:00h – Café Cultural: Oficina FAFIRE
- 15:30 às 17:30h – Café Cultural: Literatura Infanto-Juvenil

PALCO DAS IDÉIAS

- 13:00 as 13:30h – Peça: “Os Seios da Minha Mãe” de Valmir Oliveira – Adriano Cabral e Grupo de Teatro
- 14:00 às 15:00h – Recital: Dremelgas Literárias.
- 15:30 às 17:30h – “Mutável como o Pássaro na Rama (Homenagem a Tereza Tenório)”. Mesa: Wellington de Melo, César Leal e Ariadne Quintela. Recital: Gerusa Leal, Adélia Coelho, Lucila Nogueira, Silvana Menezes, Mariana Bigio e Raísa Feitosa.
- 17:30 às 18:00h – Exibição de vídeo “Miró –Preto, Pobre, Poeta e Periférico”, de Wilson Freire. Debate com Miró e Wilson Freire
- 18:30 às 19:00h – Recital: Vozes Femininas – Silvana Menezes, Mariane Bigio e Suzana Morais.
- 19:00 às 19:30h – Recital: Rapazes de Sodoma – Raimundo de Moraes.

CELEBRAÇÃO DA LEITURA

– Adriano Cabral e grupo de teatro: “Os seios de minha mãe”, de Valdir Oliveira.
– Biagio Picorele: “Universo doméstico.”retirarem.
– Dremelgas Literárias
– Invenção de Poesia.
– Jailson Oliveira: “Performance.”
– Lara: “Escrita Visceral.”
– Mariane Bigio: “Poesia à la Carte.”
– Miro: “Tú tás aonde?”
– Nós Pós.
– Pedro Américo: “Linguaraz.”
– Poetas Urbanos (Valmir Jordão, Fernando Chile e Malungo).
– Silvana Menezes: “Poesia Sussurrada ao Ouvido.”
– Urros Masculinos.

ESPAÇO PEDAGÓGICO

– 10h30 – Biblioteca Pública – Grupo Lobatinho Teatro de Fantoches
– 11h – Mamulengo Cantofala – Contação de História com Weracy
– 14h30 – Mamulengo Cantofala – Contação de História com Weracy
– 15h – Clenira Melo – Contação de História / Recital Poético
– 15h30 – Biblioteca Pública – Passarás, passarás, a poesia ficará -Lenice Gomes
– 16h – Mamulengo Cantofala – Contação de História com Weracy
– 16h30 – Clenira Melo – Contação de História / Recital Poético

PLATAFORMA DE LANÇAMENTOS

- 14h às 15h – Coleta Seletiva e Reciclagem: Ações de Cidadania e Sustentabilidade (Infantil), de Valéria Guz
- 15h às 16h – Brigão, o beija-flor e A galinha Galinha que escapou da caçarola, de Lêda Sellaro
- 16h às 17h – Sapolino Birutino e A Patinha Curiosa, de Socorro Miranda
- 17h às 18h – O Vendedor de sonhos e outros contos, de Fabiana Porfiro
- 18h às 19h – “O jardim dourado e a pedra dos escudos.”, de Monalisa Silvério

Fonte:
http://www.bienalpernambuco.com/

Dia das Crianças é na Bienal do Livro de Pernambuco



A 7ª edição da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, que acontece até o dia 12 de outubro, preparou uma programação especial para o Dia das Crianças. Além da variedade de livros, revistas, brinquedos para todas as faixas etárias que podem ser encontrados nos estandes, os pequenos poderão desfrutar de atividades e brincadeiras de estímulo à leitura.

O destaque é a Cidade do Livro, projeto itinerante de São Paulo, que tem um espaço cenográfico tematizado de aproximadamente 300m². Estão programadas quatro apresentações, de 1h15 cada, nos seguintes horários: 14h, 15h30,17h e 19h30. A participação da criançada é gratuita e o objetivo é estimular o hábito da leitura.

Os pequenos visitantes poderão manusear diversos livros, participar do teatro de bonecos, encenar histórias, aprender a confeccionar um livro e ainda receber mais informações sobre saúde, alimentação, meio ambiente, ética e cidadania durante a mostra itinerante.

A programação do Espaço Pedagógico, no mezanino do Pavilhão de Feiras, será voltada para contação de histórias. Participam recreadores, professores e atores do Mamulengo Cantofala e Colégio Desenvolver. Haverá sessões às 10h30, 11h, 14h30, 16h e 16h30.

A Biblioteca Pública Estadual de Pernambuco preparou, também para o Espaço Pedagógico, apresentação do “Bumba Meu Boi Capitão Lobatinho”, com o Teatro Lobatinho, às 10h30, e contação de estória com a escritora Lenice Gomes, às 15h30. Às 14h e às 17h, a escritora Lenice Gomes estará no estande da Biblioteca Pública, no térreo, com o espetáculo “Passarás, passarás, a poesia há de ficar”.

No estande da Petrobrás, patrocinador oficial do evento, as crianças poderão participar de um game, com direito a prêmios para os vencedores. No estande da Prefeitura do Recife, além de contações de histórias, acontecerá uma oficina de tecnologia de histórias em quadrinho. E no estande da editora Bagaço está programado o lançamento do livro “Menina sabe pescar”, do escritor Marcos Cordeiro.

Fonte:
Gazetinha Zap. N.140. Editoria de Elizabeth Misciasci.

Dia Nacional da Leitura em Itú


Neste dia 12 de outubro comemora-se o DIA DA CRIANÇA e o DIA NACIONAL DA LEITURA.

Por isso o PONTO DE LEITURA - BIBLIOTECA COMUNITÁRIA PROF. WALDIR DE SOUZA LIMA preparou uma programação especial para adultos e crianças com exibições que vão de documentários a desenhos animados, passando, é claro, pela literatura infantil, que sempre teve destaque em nosso acervo.

Confira abaixo as atrações.

10 de outubro - sábado - das 9 às 18 horas

Exposição de livros infantis do kit do PONTO DE LEITURA cedido pelo Ministério da Cultura / Biblioteca Nacional, como premiação do I CONCURSO PONTOS DE LEITURA 2008 - EDIÇÃO MACHADO DE ASSIS. São cerca de 150 livros, todos novos, esperando ser lidos pelas crianças...

Será montado um ambiente acolhedor e aconchegante, com tapetes, puffs e almofadas, com a presença especial de mais de 10 fantoches para cada criança inventar a sua história... É só comparecer e desfrutar do prazer mágico da leitura!

10 de outubro - sábado - 19 horas

CINECLUBE BRAD WILL - Exibição do filme "Criança, a alma do negócio".
Brasil, 2009, 49 min - Direção: Estela Renner - Classificação LIVRE
Local: Biblioteca Comunitária - Rua Floriano Peixoto, 238, Centro, Itu / SP

ENTRADA GRATUITA

Este documentário reflete sobre estas questões e mostra como no Brasil a criança se tornou a alma do negócio para a publicidade. A indústria descobriu que é mais fácil convencer uma criança do que um adulto, então, as crianças são bombardeadas por propagandas que estimulam o consumo e que falam diretamente com elas.

O resultado disso é devastador: crianças que, aos cinco anos, já vão à escola totalmente maquiadas e deixaram de brincar de correr por causa de seus saltos altos; que sabem as marcas de todos os celulares mas não sabem o que é uma minhoca; que reconhecem as marcas de todos os salgadinhos mas não sabem os nomes de frutas e legumas.

Contundente, ousado e real este documentário escancara a perplexidade deste cenário, convidando você a refletir sobre seu papel dentro dele e sobre o futuro da infância.

11 de outubro - domingo - 18 horas

Exibição do desenho animado "KIRIKU E A FEITICEIRA"

França / Bélgica / Luxemburgo, 1998, 71 min - Direção: Michel Ocelot - Classificação LIVRE

Local: Biblioteca Comunitária - Rua Floriano Peixoto, 238, Centro, Itu / SP
ENTRADA GRATUITA

Kiriku é um garoto pequeno, mas muito inteligente e com dons especiais, que nasceu com a missão de salvar sua aldeia.

A cruel feiticeira Karaba secou a fonte do lugar onde Kiriku mora com amigos e parentes e, possivelmente, comeu o pai e os tios do menino. Encontrando amigos e seres fantásticos pelo caminho, Kiriku vai resolver a situação.

História baseada em uma lenda da África Ocidental. Filme belíssimo, elogiado por público e crítica. A cópia em DVD faz parte do kit do PONTO DE LEITURA, enviado pelo Ministério da Cultura / Biblioteca Nacional.

12 de outubro - segunda - das 10 às 17 horas

Comemoração do DIA DA CRIANÇA e DIA NACIONAL DA LEITURA

Local: Cidade da Criança - Vila Roma - Itu /SP

ENTRADA GRATUITA

A equipe da Biblioteca Comunitária estará o dia todo na Casa do Tarzan com um espaço totalmente dedicado às crianças.

Haverá as seguintes atividades:

- Pintura de rosto;
- Espaço de leitura de livros e gibis;
- Contação de histórias;
- Jogos e brincadeiras;
- Lápis de cor e giz de cera para desenho livre;
- Distribuição de passaportes Brincar de Ler, do Instituto Ecofuturo;
- Distribuição de material da Fundação DPaschoal.

Prestigie nossas atividades, todas elas são gratuitas.

O Dia Nacional da Leitura merece nosso apoio, vamos celebrar!

Tire uma criança da televisão e do computador e faça-a mergulhar no universo fantástico da leitura...

PONTO DE LEITURA
BIBLIOTECA COMUNITÁRIA PROF. WALDIR DE SOUZA LIMA
Rua Floriano Peixoto, 238, Centro, Itu.SP
CEP 13300-005
Contatos: (11) 8445.6122 / 7599.4109
www.comunateca.ning.com
www.bibliotecacomunitaria.wordpress.com

Fonte:
Ponto de Leitura