quinta-feira, 8 de julho de 2010

Artur Azevedo (Entre a Missa e o Almoço)



Entreato cômico

Representado no Teatro Recreio Dramático, em 25 de outubro de 1907.

Rio de Janeiro. Atualidade.

Sala em casa da viscondessa. Boa mobília, quadros, objetos de arte, etc. Porta ao fundo dando para o jardim. Duas portas à direita, janela à esquerda.

CENA I

PEDRO, depois ARNALDO
(Ao levantar o pano, Pedro, o copeiro da casa, espana os móveis; alguns momentos depois, ouve-se uma campainha elétrica. Ele vai à porta do fundo e olha para fora).

PEDRO - Oh! O sr. dr. Arnaldo! Entre, sr. doutor! (Arnaldo entra). Como tem passado vossa senhoria? Vossa senhoria não se lembra de mim? Sou o Pedro... o Pedro, que foi copeiro de vossa senhoria!ARNALDO - Ah!

PEDRO - Tenha a bondade de sentar-se.

ARNALDO - Obrigado. Estou bem.

PEDRO - A sra. d. Alice está boa?

ARNALDO - Creio que sim.

PEDRO - Não fique querendo mal à sra. d. Alice, não senhor; mas a sra. d. Alice foi muito injusta para comigo.

ARNALDO, quase interessado, a seu pesar: - Por quê?

PEDRO - Pois vossa senhoria não se lembra que ela me despediu sem razão?

ARNALDO - Não sei disso.

PEDRO - Eu fazia muito bem a minha obrigação; não havia motivo de queixa; entretanto, o pretexto foi que o meu serviço era mau. (Sorrindo). Depois vim a saber de tudo...

ARNALDO, desta vez interessado: - Tudo quê?

PEDRO - Quem me disse foi seu Ferreira.

ARNALDO - Quem é seu Ferreira?

PEDRO - O homem da venda. A cozinheira contou que eu era "onze letras" de vossa senhoria, que trazia recadinhos em segredo a vossa senhoria... Ora seja tudo por amor de Deus!...

ARNALDO - Bom! Isso não tem importância.

PEDRO - Como não tem importância? Tem importância, sim senhor! Eu sou um pobre criado de servir, um homem de cor, mas nunca foi Mercúrio de ninguém!

ARNALDO - Isso lá vai...

PEDRO - Nunca tive patroa mais ciumenta que aquela! Vossa senhoria vivia muito apoquentado!

ARNALDO, a quem desagrada a conversa, naturalmente por ser com quem é, - O visconde está em casa?

PEDRO - Está sim senhor... está ali (Apontando para a direita baixa), no seu gabinete, ocupado com a sua advocacia!... Oh! O sr. visconde trabalha muito! Às 6 da manhã já está de pé... Senta-se à mesa de trabalho e desunha até às 11, mesmo aos domingos, como hoje!

ARNALDO - Está sozinho?

PEDRO - Sozinho. A sra. viscondessa foi ouvir missa ali na matriz. É verdade que a missa está a acabar, e a sra. viscondessa não tarda ai com as amigas.

ARNALDO - As amigas?

PEDRO - Sim, senhor. Todos os domingos, depois da missa, ela traz consigo, da igreja, quatro ou cinco senhoras da vizinhança, que vêm tomar café e conversar, aqui na sala, sobre todos os assuntos da semana... é assim uma espécie de folhetim... (Animado por um quase sorriso de Arnaldo) Cortam na pele das outras... e principalmente das outras, que é um gostinho. Se vossa senhoria assistisse, escondido, a uma dessas conversas entre a missa e o almoço, divertia-se a valer! são terríveis! Sabem de tudo quanto se passa na casa alheia! A sra. viscondessa é a que menos fala, mas parece que dá o cavaquinho por ouvir falar. É uma boa senhora, vossa senhoria não acha?

ARNALDO - Acho que você não perderia nada se também falasse menos. Ande, leve o meu cartão ao visconde, e pergunte-lhe se me pode receber.

PEDRO (que recebe o cartão, sai pela direita e volta logo depois.) O sr. visconde pede a vossa senhoria que entre. (Arnaldo, que examinava os quadros, sai pela direita baixa. Ouvem-se os sinos da igreja próxima.) Chi! Acabou a missa e a sala não está completamente espanada! (Espana às pressas.) A sra. viscondessa, vendo um poucochinho de pé, faz um tempo quente! Bom! Pronto! Agora é tratar do café!

(Olhando para fora ao passar pela porta do fundo). Era tempo: aí vem o folhetim'... (Sai pela direita alta).

CENA II

A VISCONDESSA ISALTINA, DUDU, LUÍSA, LAURA E ELISIÁRIA

(Bem trajadas todas, mas em cabelo. Traz cada uma o seu livro de missa. A viscondessa vai para os cinqüenta. Dudu tem apenas dezessete anos. É mal-educada. Luísa, sua mãe, é quarentona. As outras são senhoras de vinte e cinco a trinta anos.)

A VISCONDESSA, entrando - Vão entrando sentem-se. Eu vou lá dentro ver o café.

(Entram outras. Dudu vai para a janela).

ELISIÁRIA - Viscondessa, não se esqueça de recomendar que tragam a minha xícara com muito pouco açúcar! (A viscondessa sai pela direita alta).

LUÍSA - Tomara que o de hoje esteja melhor e o do domingo passado. Café, ou muito bom ou nenhum! (De repente, vendo Dudu à janela) Sai da janela, Dudu!

DUDU - Ora, mamãe!

LUÍSA - Não ouves! (Dudu sai da janela).

ELISIÁRIA - Há quatro, não: há cinco!

LAURA - Vocês também! Creio que há três!

ELISIÁRIA - Há cinco! Tem ouvido muita missa com aquela toilette!

LUÍSA - Pudera! O marido está pronto!

DUDU - Pronto para quê?

LUÍSA - "Pronto" quer dizer sem dinheiro.

DUDU - Nesse caso, também papai está pronto...

LUÍSA - Cala a boca, menina!

CENA III

AS MESMAS, A VISCONDESSA, PEDRO

(A viscondessa entra da direita alta, acompanhada por Pedro, que traz o café numa bandeja
de prata.)

A VISCONDESSA, às senhoras que estão de pé - Então, sentem-se!

(Estão sentadas todas. Pedro oferece-lhes café. Todas se servem).

ELISIÁRIA - Qual é a que tem pouco açúcar?

PEDRO - Esta. (Enquanto as senhoras tomam café, Pedro espera ao fundo, com a bandeja na mão. Luísa ao provar a sua xícara, faz uma careta).

VISCONDESSA - Está bom?

LUÍSA - Esplêndido!

LAURA - Magnífico!

ISALTINA - Delicioso!

DUDU, com ironia - Supimpa!

LUÍSA - Dudu!

(Pedro recolhe as xícaras vazias)

ISALTINA, pondo a sua xícara na bandeja - Estou tão habituada a este cafezinho depois da missa, que não poderia mais passar sem ele!(Pedro sai pela direita alta, levando a bandeja. Silêncio).

DUDU solenemente - Está aberta a sessão! (Todos riem).

LUÍSA - Dudu!

VISCONDESSA - Esta menina tem lembranças! Pois bem, está aberta a sessão. Quem pede a palavra!

ISALTINA - Eu!

VISCONDESSA - Tem a palavra.

ISALTINA - Quero dar-lhes uma grande novidade.

TODAS - Qual?

ISALTINA - Uma novidade de sensação! Preparem-se!

VISCONDESSA - Estamos preparadas.

ISALTINA - A Alice Viegas separou-se anteontem do marido!

TODAS - Hein!

VISCONDESSA - Que está dizendo, Isaltina? Isso pode lá ser!

LUÍSA - Não é possível!

ISALTINA - É o que lhes digo: separaram-se! A Alice está em casa dos pais, no Andaraí. Vão tratar do divórcio!

VISCONDESSA - Quem lhe deu essa noticia?

ISALTINA - Pessoa fidedigna: o médico da casa que assistiu, sem querer, ao final da cena de rompimento, e depois foi ao Andaraí para ver a Alice, que estava excessivamente nervosa.

VISCONDESSA - O Dr. Getúlio?

ISALTINA - Esse mesmo. Como sabem, é meu compadre. Foi, como todos os sábados jantar comigo ontem e contou-me tudo.

DUDU - Ora! Briga de marido e mulher não dura. Qualquer dia têm saudades. um do outro e fazem as pazes!

LUÍSA - Cala a boca menina!

VISCONDESSA - É difícil de acreditar! O Arnaldo Viegas vivia com a mulher como dois pombinhos...

LAURA - Não quer dizer nada.

ISALTINA - As aparências iludem. Eles ultimamente não se podiam ver...

ELISIÁRIA - Pode ser tudo verdade. A minha engomadeira, que serviu em casa deles não há multo tempo, disse-me que andavam sempre como o cão e o gato.

VISCONDESSA, em tom repreensivo - E você calada, Elisiária?

ELISIÁRIA - Esqueci-me de lhes dizer.

ISALTINA - Em todo o caso, não creio que a razão esteja com o marido...

DUDU, arrebatadamente - Por quê?

LUÍSA - Cala a boca, Dudu! Não te metas onde não és chamada!

LAURA - Conheço perfeitamente Alice; fomos companheiras de colégio; é uma senhora acima de qualquer suspeita.ELISIÁRIA - Quem sabe lá? Tem se visto tanta coisa extraordinária!...

VISCONDESSA - Sim, tem-se visto muita coisa... mas não há dúvida que até hoje ninguém lembrou de dizer mal de Alice.

ISALTINA, apoiando - Ninguém. Não gosto dela nem ela de mim, mas devo ser justa! Ninguém, nem mesmo nós!...

LAURA - Por que é que você não gosta dela? Alice é tão boazinha!...

ISALTINA - Não duvido; mas de tempos a esta parte começou a tratar-me por cima do ombro, fingindo que não me vê quando me encontra em qualquer parte, minha amiga, mas não me quis dizer por que.

DUDU - Então seria melhor que não a prevenisse!

LUÍSA - Cala a boca, Dudu!

DUDU - Eu, quando me tratam mal, quero por quê!

LUÍSA - Então?

DUDU - Ora, mamãe! Estou dizendo alguma asneira?

LUÍSA - Estas conversas não são para senhoritas.

DUDU - Então por que a senhora me trouxe?

(Vai de mau modo para a janela).

ISALTINA - Sou tão superior a essas pequenices, que a defendo, mesmo sem conhecer os motivos da separação!

VISCONDESSA - Conheço de perto o Dr. Arnaldo, que é contraparente do visconde. É um moço distintíssimo, correto, bem-educado, e nada consta que o desabone.

ELISIÁRIA - A Alice tem um grande defeito.

TODAS, com interesse - Qual?

ELISIÁRIA - É muito ciumenta. A esse respeito a minha engomadeira contou-me coisas muito interessantes.

LUÍSA, vendo Dudu à janela - Dudu, sai da janela! Oh, que menina teimosa!...

VISCONDESSA - Deixa-a. Que tem?

LUÍSA - O filho do Oliveira estava na igreja e não tirava os olhos dela. Naturalmente anda a rondar. - Dudu!

DUDU, saindo da janela - Ora, mamãe!... Não sei o que faça!... Se fico aqui, não devo ouvir a conversa, que é gênero livre; se vou para a janela, não devo estar na janela! Que coisa! (Senta-se amuada a folhear um álbum de retratos).

LUÍSA - Coisa ruim!...

LAURA - Também eu creio que sejam os ciúmes o motivo da separação. O Dr. Viegas vivia num cortado!

ISALTINA - Minha cara, não há desconfiança de esposa que não tenha razão de ser. Isso de ciúmes infundados é uma história inventada pelos senhores homens. A Alice era ciumenta porque provavelmente o marido lhe dava razão para isso.

VISCONDESSA - Deus me livre de defender homens, mas hão de convir; há casos em que a injustiça de certas senhoras...

ISALTINA - As vitimas somos sempre nós!

ELISIÁRIA - Sempre? Isso é muito absoluto!

ISALTINA - Será, mas é assim mesmo. Nesse ponto sou intransigente. Defendo contra os homens até as minhas próprias inimigas!...

VISCONDESSA - É levar muito longe o feminismo ou o espírito do sexo.

ISALTINA - Não há maridos irrepreensíveis... e compreende-se: eles saem, vão a toda são parte, são livres, e não há ninguém que não abuse da liberdade... Isso está na massa do sangue humano... E nós ficamos em casa, metidas entre paredes...

DUDU - Entre quatro paredes? Pois sim! Há senhoras casadas que apanhando os maridos na rua...

LUÍSA - Cala a boca, Dudu.

ISALTINA - Se o Dr. Arnaldo Viegas aparecesse aqui neste momento, eu interpelá-lo-ia e vocês veriam se tenho ou não tenho razão!

(Abre-se a porta da direita baixa e aparece Arnaldo Viegas. Espanto geral. Todas as senhoras se levantam.)

CENA IV

AS MESMAS, ARNALDO VIEGAS

ARNALDO, tomando a cena depois de uma larga pausa - O Dr. Arnaldo Viegas aqui está, minha senhora, e pronto para responder à interpelação... Ouvi sem querer... Estava naquele gabinete em conferência com o visconde, e ao sair...

VISCONDESSA - Não sabíamos. A sua presença foi para nós uma surpresa, e o seu aparecimento produziu um efeito verdadeiramente teatral (rindo-se). Mas não faça caso do que disse a Isaltina.

ISALTINA - Ah! Eu não recuo, viscondessa! Os homens não metem medo!...

ARNALDO - O mesmo não digo eu das mulheres, mas faz v. exa. muito bem e, uma vez que deseja interpelar-me, interpele-me à vontade!

DUDU - Quero ver como d. Isaltina descalça essa bota!

LUÍSA - Dudu!

ARNALDO - O assunto da interpelação não pode ser outro senão o lamentável incidente, quese acaba de dar na minha casa, e do qual foi testemunha, em parte, o Dr. Getúlio, compadre de v. exa. - mas vossas excelências estavam sentadas... levantaram-se quando eu entrei... queiram sentar-se. Também eu me sento. (Sentam-se todos). Pois, é verdade, minhas senhoras, separei-me de minha mulher. Era dela que falavam? Destruiu todo o meu laborioso sonho de futuro... "Destruiu" é um modo de dizer: destruído estava ele há muito tempo. Agora mesmo solicitei do visconde que se encarregasse do meu processo de divórcio... Divórcio? Quando poderia eu pensar que o meu amor tivesse um epílogo judiciário! (Silêncio). Enganei- me? Não era esse o objeto da interpelação?

ISALTINA - Era, sim, senhor. Eu defendi sua senhora. O doutor bem sabe que ela, não sei por que, deixou de simpatizar comigo; portanto, não sou suspeita... Qual dos dois é o culpado? Ela? Duvido!

ARNALDO - Somos culpados ambos, ela e eu. Ela, porque era injusta, porque fazia da nossa casa um inferno e não me deixava trabalhar, e porque, casado há quase três anos, não tratei de corrigir desde os primeiros dias, os seus defeitos de educação. Alice entendeu que eu deveria ser, não o seu esposo, não o seu companheiro, amante, leal e dedicado, mas o escravo dos seus caprichos, das suas fantasias, das suas ilusões. Fiz todos os esforços para viver só para ela e para o trabalho, mas não consegui. Se continuássemos ligados um ao outro, em pouco tempo estaríamos velhos e gastos. Não nos compreendíamos, e já não nos amávamos. Não tínhamos filhos, éramos ricos, o melhor que podíamos fazer era procurar cada qual outro rumo. Foi o que fizemos.

ISALTINA - Mas Alice é uma senhora honesta.

ARNALDO - Quem diz o contrário? Posso dar o melhor testemunho da sua honestidade, empregando a palavra honestidade na acepção em que v. exa. a empregou, isto é, tenho certeza de que Alice, depois de casada, nunca pensou noutro homem que não fosse eu.

LUÍSA - Dudu, vai para a janela.

DUDU - Que coisa! (Vai para a janela).

ARNALDO - Ela é honesta, e também eu o sou, conquanto, ela e v. exas. não creiam.
(Murmúrios de protestos). Mas a honestidade não basta para fazer a ventura de um casal; é preciso também o amor. Desde que este desapareceu para dar lugar à mentira e à hipocrisia, só as conveniências sociais me obrigariam a aceitar uma situação intolerável e eu - com perdão de v. exas. - declaro que não sacrifico a minha vida à sociedade, nem o meu quinhão de felicidade a essa moral despótica que é a desgraça dos fracos. Não sou fatalista, não creio na boa ou má sorte dos indivíduos, e acho que toda a criatura humana, quando mais não seja senão pelo instinto de conservação, tem o direito de remover quantos obstáculos as circunstâncias oponham à sua felicidade. O destino é um preconceito.

VISCONDESSA - Mas não me parece que o seu caso seja caso para divórcio.

ARNALDO - O divórcio não foi instituído exclusivamente para os desonestos. Serve também para os infelizes... para os que se ligaram por um equivoco. Apenas lamento que o não tenhamos ainda absoluto e completo e Alice e eu não possamos recobrar senão parte da nossa liberdade.

LAURA, tristemente - Alice era muito ciumenta.

ARNALDO - Ainda bem que v. exa. o sabe. Foram os seus ciúmes que envenenaram a nossa existência conjugal e deram cabo do nosso amor. Não eram zelos, que os zelos são um condimento melindroso de toda a afeição sincera; eram ciúmes, ciúmes terríveis, extravagantes, absurdos, odiosos, - ciúmes que me ofendiam profundamente e muitas vezes me colocavam numa situação desairosa e ridícula, - ciúmes de todas as senhoras com que eu falava - ciúmes das mulheres desconhecidas que se sentavam a meu lado no bonde ou no teatro: - ciúmes das amigas, das parentes, das criadas e até das cozinheiras....

ISALTINA - Não é crível que tantos ciúmes fossem à toa, não é crível que o doutor não lhe tivesse dado, ao menos, uma vez, razão para...

DUDU, deixando a janela - Isso agora é impertinência!

LUÍSA - Dudu!...

ARNALDO, depois de uma pausa, tomando uma resolução e aproximando a sua cadeira da de Isaltina - Ouça bem, minha senhora, e responda. Invertamos os papéis, agora quem interpela sou eu. Uma noite tive a honra de encontrá-la no Casino, durante uma partida, do Clube dos Diários, e troquei algumas palavras com v. exa. lembra-se?

ISALTINA - Perfeitamente. Foi o ano passado.

ARNALDO - Pois bem, as minhas palavras foram inconvenientes?... Eram palavras que v. exa. não pudesse ou não devesse ouvir?

ISALTINA - Oh, doutor!... essa pergunta!...

ARNALDO - Peço a v. exa. que me responda: algum dia faltei ao respeito devido a v. exa.?

ISALTINA - Nunca...! Nem eu o permitiria!

ARNALDO - Algum dia estive a sós com v. exa?

ISALTINA - Comigo?! Nunca!

ARNALDO - Algum dia v. exa. recebeu carta minha ou recado meu? Algum dia lobrigou nos meus olhares ou nos meus gestos a manifestação de um desejo impuro?

ISALTINA - Nunca!

ARNALDO - Pois bem, na opinião da minha mulher, v. exa. foi minha amante! (Levanta-se).

TODAS - Oh! (Levantam-se todas, menos Isaltina).

ARNALDO - Ela muitas vezes lançou à cara os meus amores com v. exa. e fartou-se de dizer a muita gente, inclusive ao Dr. Getúlio, compadre de v. exa. Pergunte-lho!

ISALTINA - Estou petrificada!

VISCONDESSA - O caso não é para menos.

ARNALDO - Creio que me justifiquei perfeitamente. Peço a v. exas. permissão para me retirar.. Viscondessa... minhas senhoras... (Cumprimenta).TODAS - Doutor... (Arnaldo sai).

CENA V

AS MESMAS, menos ARNALDO

ISALTINA, levantando-se e prorrompendo em pranto - Por esta não esperava eu!

DUDU - Pois eu esperava!

LUÍSA - Dudu!

VISCONDESSA - Não chore... Não há razão para tanto!...

ISALTINA - Estou muito nervosa.

VISCONDESSA - Isso passa, não é nada. Minhas amigas, o Dr. Arnaldo Viegas respondeu tão bem à interpelação que podemos, creio, votar uma moção de confiança.

TODAS, menos Isaltina - Apoiado!

DUDU - Está levantada a sessão!

Fonte:
CD Digerati CC003.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Trova 161 - Apollo Taborda França (Curitiba/PR)

Fonte:
Trova sobre imagem obtida em http://riscando7.blogspot.com/2010/01/lazer.html

Apollo Taborda França (Baú de Trovas)


Meu coração é valente,
Não chora o mal que me fez...
E diz que bem de repente,
Termina a sua altivez!

Quando a gente ama não sente,
O mal que fazem prá nós
Escondemos d' alma silente,
Num secreto albornoz!

Coração que ama não chora
Males que afligem a gente;
Exalta e nunca deplora
A mágoa dura, pungente!

Melhor fora não amar,
Não ficaria à mercê...
Não seria mais vulgar,
De pensar tanto em você!

O teu sorriso menina
É feiticeiro demais...
Tão forte qual vitamina,
Muito alvoroça meus ais!

Das rosas do meu jardim,
Maria sempre a mais bela...
Perfuma mais que o jasmim,
Que floresce em torno dela!

Borboletas, aves, flores,
que bem nutrem os florais...
Dão contornos às silhuetas
Dos esbeltos pinheirais!

Aves grandes e pequenas,
De refulgentes roupagens...
Cores que vão às centenas,
Celebrizando as plumagens!

Página triste da vida,
Não se guarda na lembrança...
Sim, aquela bem querida,
Que nos trouxe a esperança!

Cada página da vida,
Faz lembrar um grande amor...
É você, minha querida,
A que guardo com fervor!
--------------

Fonte:
FRANÇA, Apollo Taborda. Trovas Maravilhosas. Curitiba: O Formigueiro, 1986.

Bernardo Sá Barreto Pimentel Trancoso (Diálogos: A Ilha)


- Quem és - pergunta o Sol - no azul brilhante
Que o céu, mesmo distante, cede ao mar?
Por que persistes tanto em ser gigante,
Se és menos que o meu brilho, a refratar?

- Sou ilha. Esse meu verde exuberante
Faz aves, por aqui, virem pousar.
Meu lar, acolhedor, traz navegante
Que a areia, um só instante, quer beijar.

- Se atreves a afirmar que não és só?
Tuas matas e terras, não são vãs?
No mar, lembra-te ilhota, és vil, és pó.

- Não feito tu, estrela das manhãs,
De quem a solidão provoca dó:
Tu vens, e vão dormir tuas irmãs.

Fonte:
http://www.elsonfroes.com.br/sonetario/trancoso.htm

Lima Barreto (Clara dos Anjos)


Análise da obra

Concluído em 1922, ano da morte de Lima Barreto, o romance Clara dos Anjos é uma denúncia áspera do preconceito racial e social, vivenciado por uma jovem mulher do subúrbio carioca.

O Realismo-naturalismo, que tanto influenciou Lima Barreto na composição de Clara dos Anjos, é cientificista e determinista, considerando que as ações humanas são produtos de leis naturais: do meio, das características hereditárias e do momento histórico. Portanto, os romances naturalistas procuravam, através da representação literária, demonstrar teses extraídas de teorias científicas. Para isso, o Naturalismo buscou compor um registro implacável da realidade, incluindo seus aspectos repugnantes e grotescos. São exatamente esses os aspectos que mais chamam à atenção na narrativa exagerada de Clara dos Anjos.

Em Clara dos Anjos relata-se a estória de uma pobre mulata, filha de um carteiro de subúrbio, que apesar das cautelas excessivas da família, é iludida, seduzida e, como tantas outras, desprezada, enfim, por um rapaz de condição social menos humilde do que a sua. É uma estória onde se tenta pintar em cores ásperas o drama de tantas outras raparigas da mesma cor e do mesmo ambiente. O romancista procurou fazer de sua personagem uma figura apagada, de natureza "amorfa e pastosa", como se nela quisesse resumir a fatalidade que persegue tantas criaturas de sua casta.

Espaço

O romance passa-se no subúrbio carioca e Lima Barreto descreve o ambiente suburbano com riqueza de detalhes, como os vários tipos de “casas, casinhas, casebres, barracões, choças” e a vida das pessoas que ali vivem.

Ao descrever o subúrbio, Lima Barreto aborda o advento dos “bíblias”, os protestantes que alugam uma antiga chácara e passam a conquistar novos fiéis para seu culto:

Joaquim dos Anjos ainda conhecera a "chácara" habitada pelos proprietários respectivos; mas, ultimamente, eles se tinham retirado para fora e alugado aos "bíblias"… O povo não os via com hostilidade, mesmo alguns humildes homens e pobres raparigas dos arredores freqüentavam-nos, já por encontrar nisso um sinal de superioridade intelectual sobre os seus iguais, já por procurarem, em outra casa religiosa que não a tradicional, lenitivo para suas pobres almas alanceadas, além das dores que seguem toda e qualquer existência humana.” E reflete sobre a nova seita:

“Era Shays Quick ou Quick Shays daquela raça curiosa de yankees fundadores de novas seitas cristãs. De quando em quando, um cidadão protestante dessa raça que deseja a felicidade de nós outros, na terra e no céu, à luz de uma sua interpretação de um ou mais versículos da Bíblia, funda uma novíssima seita, põe-se a propagá-la e logo encontra dedicados adeptos, os quais não sabem muito bem por que foram para tal novíssima religiãozinha e qual a diferença que há entre esta e a de que vieram.”

A crítica às “novas seitas cristãs” revela também a ojeriza de Lima Barreto à influência americana no Brasil. Como o colocou Antônio Arnoni Prado, o autor de Clara dos Anjos “interessou-se pelos Estados Unidos, em virtude do tratamento desumano que este país dispensava aos seus cidadãos de cor. (…) Censurou duramente a discriminação racial americana, assim como o expansionismo imperialista dos ‘yankees’, que, através da diplomacia do dólar, ia, a seu ver, convertendo o Brasil num autêntico protetorado.” Nada mais profético.

Personagens

Marrameque - Poeta modesto, semiparalisado, Marramaque freqüentara uma pequena roda de boêmios e literatos e dizia ter conhecido Paula Nei e ser amigo pessoal de Luís Murat.

Lima Barreto denuncia, na figura de Marramaque, a influência das rodas literárias, grupos fechados que abundam no Brasil; a cultura da oralidade, dos que aprendem “muita coisa de ouvido e, de ouvido, falava de muitas delas”, tendo um cultura superficial, de verniz; e o azedume dos que não conseguem brilhar nas “rodas de gente fina”.

Clara: a “natureza elementar” - Clara era a segunda filha do casal, “o único filho sobrevivente…os demais…haviam morrido.” Tinha dezessete anos, era ingênua e fora criada “com muito desvelo, recato e carinho; e, a não ser com a mãe ou pai, só saía com Dona Margarida, uma viúva muito séria, que morava nas vizinhanças e ensinava a Clara bordados e costuras.”

O autor reitera sempre a personalidade frágil da moça – sua “alma amolecida, capaz de render-se às lábias de um qualquer perverso, mais ou menos ousado, farsante e ignorante, que tivesse a animá-lo o conceito que os bordelengos fazem das raparigas de sua cor” – como resultado de sua educação reclusa e “temperada” pelas modinhas:

Clara era uma natureza amorfa, pastosa, que precisava mãos fortes que a modelassem e fixassem. Seus pais não seriam capazes disso. A mãe não tinha caráter, no bom sentido, para o fazer; limitava-se a vigiá-la caninamente; e o pai, devido aos seus afazeres, passava a maioria do tempo longe dela. E ela vivia toda entregue a um sonho lânguido de modinhas e descantes, entoadas por sestrosos cantores, como o tal Cassi e outros exploradores da morbidez do violão. O mundo se lhe representava como povoado de suas dúvidas, de queixumes de viola, a suspirar amor.”

Essa “natureza elementar” de Clara se traduzia na ausência de ambição em melhorar seu modo de vida ou condição social por meio do trabalho ou do estudo:

Nem a relativa independência que o ensino da música e piano lhe poderia fornecer, animava-a a aperfeiçoar os seus estudos. O seu ideal na vida não era adquirir uma personalidade, não era ser ela, mesmo ao lado do pai ou do futuro marido. Era constituir função do pai, enquanto solteira, e do marido, quando casada. (…) Não que ela fosse vadia, ao contrário; mas tinha um tolo escrúpulo de ganhar dinheiro por suas próprias mãos. Parecia feio a uma moça ou a uma mulher.”

A descrição de Clara reforça os malefícios da formação machista, superprotetora, repressiva e limitadora reservada às mulheres na nossa sociedade. Ecoa, portanto, a descrição de Luísa, do romance O Primo Basílio, de Eça de Queirós, ou a Ana Rosa de O Mulato, de Aluísio de Azevedo. Todas são, na verdade, herdeiras diretas da figura de formação débil, educada nas leituras dos romances românticos, que é Emma Bovary, criada por Gustave Flaubert no romance inaugural do Realismo, Madame Bovary (1857).

Cassi: o corruptor - Por intermédio de Lafões, o carteiro Joaquim passa a receber em casa o pretendente de Clara, Cassi Jones de Azevedo, que pertencia a uma posição social melhor. Assim o descreve Lima Barreto:

Era Cassi um rapaz de pouco menos de trinta anos, branco, sardento, insignificante, de rosto e de corpo; e, conquanto fosse conhecido como consumado "modinhoso", além de o ser também por outras façanhas verdadeiramente ignóbeis, não tinha as melenas do virtuose do violão, nem outro qualquer traço de capadócio. Vestia-se seriamente, segundo as modas da rua do Ouvidor; mas, pelo apuro forçado e o degagé suburbanos, as suas roupas chamavam a atenção dos outros, que teimavam em descobrir aquele aperfeiçoadíssimo "Brandão", das margens da Central, que lhe talhava as roupas. A única pelintragem, adequada ao seu mister, que apresentava, consistia em trazer o cabelo ensopado de óleo e repartido no alto da cabeça, dividido muito exatamente ao meio — a famosa "pastinha". Não usava topete, nem bigode. O calçado era conforme a moda, mas com os aperfeiçoamentos exigidos por um elegante dos subúrbios, que encanta e seduz as damas com o seu irresistível violão.”

O padrinho Marramaque, que já lhe conhecia a fama, tenta afastá-lo de Clara quando percebe seu interesse. Na festa de aniversário da afilhada, provoca Cassi e deixa claro que ele não é bem-vindo ali e que seria melhor que se retirasse. Cassi vinga-se de modo violento: junta-se a um capanga e ambos assassinam Marramaque. Clara, que já suspeitava das ameaças do rapaz ao padrinho, passa a temê-lo, mas ele consegue seduzi-la, principalmente ao confessar seu crime, dizendo que matou por amor a ela.
Malandro e perigoso, Cassi já havia se envolvido em problemas com a justiça antes, mas sempre fora acobertado pela sua família, especialmente sua mãe, que não queria que fosse preso. Assim, conseguia subornar a polícia e continuar impune, mesmo depois de ter levado a mãe de uma de suas vítimas ao suicídio e da perseguição da imprensa.

O exagero narrativo de Lima Barreto torna-se patente ao descrever a figura do sedutor. Branco, sardento e de cabelos claros, é a antítese de Clara. Como o apontou Lúcia Miguel Pereira: “Até os animais da predileção de Cassi, os galos de briga, são apresentados com visível má vontade: ‘horripilantes galináceos’ de ‘ferocidade repugnante’.”

Joaquim dos Anjos - carteiro, acredita-se músico escreveu a polca, valsas,tangos e acompanhamentos de modina. polca: siti sem unhas; valsa: mágos do coração.

Uma polca sua - "Siri sem unhas" - e uma valsa - "Mágoas do Coração: - tiveram algum sucesso, a ponto de vender ele a propriedade de cada uma, por cinqüenta mil-réis, a uma casa de músicas pianos da Rua do Ouvidor. O seu saber musical era fraco; adivinha mais do que empregava noções teóricas que tivesse estudo.

Aprendeu a "artinha" musical da terra do seu nascimento, nos arredores de Diamantina, em cujas festas de igrejas a sua flauta brilhara, e era tido por muitos como o primeiro flautista do lugar. Embora gozando desta fama animadora, nunca quis ampliar os seus conhecimentos musicais. Ficara na "artinha" de Francisco Manuel, que sabia de cor, mas não saíra dela, para ir além (p.21/22)

Natural de Diamantina, filho único. A convite de um inglês, pesquisador, foi para o Rio de Janeiro e lá ficou. Confiava em todos que o rodeavam.

"Um dos traços mais simpáticos do caráter de Joaquim dos Anjos era a confiança que depositava nos outros, e a boa fé. Ele não tinha, como diz o povo, malícia no coração. Não era inteligente, mas também não era peco; não era sagaz, mas também não era tolo; entretanto, não podia desconfiar de ninguém, porque isso lhe fazia mal à consiência." (p.115)

Dona Engrácia - era católica, romana, filhos trazidos na mesma religião, era caseira, insegura, e rude.

Calado - músico e compositor brasileiro (polcas "Cruzes, minha prima!")

Patápio Silva - "Uma polca sua - "Siri sem unha"- e uma valsa - "Mágoas do coração" - tiveram algum sucesso, a ponto de vender ele a propriedade de cada uma, por cinqüenta mil-réis, a uma casa de música e piano da Rua Ouvidor." (p.21).

João Pintor - era um cidadão que visitava "os bíblias" aqueles que pregavam o evangelho. "era preto retinto, grossos lábios, malares proeminentes, testa curta dentes muito bons e muitos claros, longos braços, manoplas enormes, longas pernas e uns tais pés que não havia calçado."(p.25).

Mr. Shays - chefe da seita bíblica, homem tenaz cheio de eloqüência bíblica faz seus adeptos ouvir a palavra. Quando os adeptos se acham preparados põem-se a propagá-la.

Eduardo Lafões - religiosamente ia aos domingos à casa de Joaquim para jogar o solo. Eduardo Lafões gostava dos assuntos do comércio. Era um homem simplório, que só tinha agudeza de sentidos para o dinheiro. Vivendo sempre em círculos limitados, habituado a ver o valor dos homens nas roupas e no parentesco, ele não podia conceber que torvo indivíduo era o tal Cassi; que alma suja e má era dele, para se interessar generosamente por alguém.

Manuel Borges de Azevedo e Salustiana Baeta de Azevedo - pais de Cassi. O pai não gostava dos procedimentos do filho, enquanto a mãe, cobria-lhe as desfeitas com as proteções.

Dona Margarida Weber Pestana - viúva, mãe de Ezequiel, descendente de Alemão; ela, russa. Casou no Brasil com tipógrafo que falecera dois anos após o casamento. Era dona de uma pensão, mulher corajosa.

"O Senhor Ataliba do Timbó deu em certa ocasião em persegui-la com ditinho de Amor chulo. Certo dia, ela não teve dúvidas: meteu-lhe o guarda-chuva com vigor. À noite, no intuito de defender as suas galinhas da sanha dos ladrões, de quando em quando, abria um postigo, que abrira na janela da cozinha, e fazia fogo de revólver. Era respeitada pela sua coragem, pela sua bondade que era mulato, mais tinha os olhos glaucos, translúcidos, de sua mãe meio eslava, meio alemã, olhos tão estranhos - olhos tão estranhos e nós e, sobretudo, ao sangue dominante no pequeno." (p.60)

D. Laurentina Jácone - gostava de rezar, ficar zelando a igreja.

D. Vicêntina - cartomante.

"Além desta, havia uma digna de nota: era Dona Vicência. Morava na vizinhança também e vivia a deitar cartas e cortar "cousas feitas". O seu procedimento era inatacável e exercia a sua profissão de cartomante com toda a seriedade e convicção."(p.60)

Praxedes Maria dos Santos - gostava de ser tratado por doutor Praxedes. Foi um dos convidados de Joaquim. Era um homem bom. Ficou indeterminada das correspondência de Clara com o Cassi.

Etelvina - crioula, colega de Clara, notou a impaciência de Clara porque o rapaz Cassi ainda não chegara à festa.

Leonardo Flores - grande poeta.

Velho Valentim - era português.

Barcelos - um português fichado na detenção.

Arnaldo - era um colega do grupo dos valdevino (desoculpados que andava com Cassi).

"Cassi explicou-lhe então que devia ir, naquela tarde, à venda do Nascimento, cuja rua e cujo número lhe deu. Chegando lá, simularia ter ido procurar por "Seu" Menezes, que ele conhecia.

- Se ele não estiver? - indagou Arnaldo.

- Você diz que fica à espera e ouve o que se conversa lá. Nela, devem estar, entre outros o aleijadinho que anda sempre fardado. Ele não conhece você, como os outros, conforme espero. O que você ouvir, guarda e me conta. Se Meneses aparecer, você diz que quero falar com ele, negócio de interesse dele
." (p.91).

Menezes - o dentista da família. Intermediário dos bilhetes e cartas de Cassi para Clara. Senhor Monção - caixeiro vendedor; Belmiro Bernedes & Cia. - "tocava realejo", era um moço português, simpático, educado, e bom porte.

Helena - tia de Marramaque, econômica, prendada, costurava para o arsenal do governo.

D. Castolina - mulher de Meneses.

Leopoldo - marinheiro. Cedo, saiu de seio da família para melhorar de vida. Há 30 anos não via família. Meneses com a sua pobreza tratou de visitar o imrão já que eram os únicos vivos da família.

Enredo

Clara é uma mulata pobre, que vive no subúrbio carioca com seus pais, Joaquim e Engrácia, mulher “sedentária e caseira.” Joaquim era carteiro, “gostava de violão e de modinhas. Ele mesmo tocava flauta, instrumento que já foi muito estimado em outras épocas, não o sendo atualmente como outrora”. Também “compunha valsas, tangos e acompanhamentos de modinhas.” Além da música, a outra diversão do pai de Clara era passar as tardes de domingo jogando solo com seus dois amigos: o compadre Marramaque e o português Eduardo Lafões, um guarda de obras públicas.

Clara engravida e Cassi Jones desaparece. Convencida pela vizinha, dona Margarida, que procurara na tentativa de conseguir um empréstimo e fazer um aborto, ela confessa o que está acontecendo à sua mãe. É levada a procurar a família de Cassi e pedir “reparação do dano”. A mãe do rapaz humilha Clara, mostrando-se profundamente ofendida porque uma negra quer se casar com seu filho. Clara “agora é que tinha a noção exata da sua situação na sociedade. Fora preciso ser ofendida irremediavelmente nos seus melindres de solteira, ouvir os desaforos da mãe do seu algoz, para se convencer de que ela não era uma moça como as outras; era muito menos no conceito de todos.”

O autor representa, na figura de Clara e no seu drama, a condição social da mulher, pobre e negra, geração após geração. No final do romance, consciente e lúcida, Clara reflete sobre a sua situação:

O que era preciso, tanto a ela como às suas iguais, era educar o caráter, revestir-se de vontade, como possuía essa varonil Dona Margarida, para se defender de Cassi e semelhantes, e bater-se contra todos os que se opusessem, por este ou aquele modo, contra a elevação dela, social e moralmente. Nada a fazia inferior às outras, senão o conceito geral e a covardia com que elas o admitiam...”

E, na cena final, ao relatar o que se passara na casa da família de Cassi Jones para a sua mãe, conclui, em desespero, como se falasse em nome dela, da mãe e de todas as mulheres em iguais condições: “— Nós não somos nada nesta vida.”

Fonte:
http://www.passeiweb.com

Bernardo Sá Barreto Pimentel Trancoso (Soneto)


DEFINIÇÕES:

Soneto – Pequena composição poética composta de 14 versos, com número variável de sílabas, sendo o mais freqüente o decassílabo, e cujo último verso (dito chave de ouro) concentra em si a idéia principal do poema ou deve encerrá-lo de maneira a encantar ou surpreender o leitor. Pode ter a forma do soneto italiano (o mais praticado) ou do soneto inglês. (…). Fonte: Houaiss

Soneto – Composição poética, formada por quatorze versos geralmente distribuídos por dois quartetos e dois tercetos. S. estramboto: soneto com três tercetos, usado no século XVII. S. inglês: soneto formado por três quartetos independentes e um dístico. Fonte: Michaelis

COMO ESCREVER UM SONETO

Introdução

É quase um desaforo tentar ensinar regras a alguém que pretende escrever um poema, onde cada verso produzido resulta de uma inspiração que, além de individual, é uma manifestação do pensamento livre. Em outras palavras, não dá para dizer a um poeta “seja metódico em seus versos”. Deve partir do próprio poeta a iniciativa de seguir ou não as regras que existem nos sonetos.

A maioria dos poetas citados nessas páginas não se limitou a elaborar sonetos. Alguns deles, eu creio, foram atraídos pela história e pela sonoridade dessa composição. Um soneto é uma obra curta criada para transmitir uma mensagem em seus catorze versos, divididos em dois quartetos (grupos de quatro versos) e dois tercetos (três versos), ou três quartetos e um dístico (dois versos).

Métrica

Em primeiro lugar, os versos devem possuir a mesma métrica, ou seja, o mesmo número de sílabas poéticas. Uma sílaba poética é bem diferente de uma sílaba comum. É possível unir duas ou mais palavras em apenas uma sílaba poética. Veja o verso abaixo: “Busque amor, novas artes, novo engenho…” (Luis de Camões). Tente ler esse verso devagar, como se fosse uma só palavra, e vá contando quantas pausas existem até a última sílaba tônica.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Bus/que a/mor,/no/ vas/ ar/ tes,/ no/ vo en/ge/ nho

Você encontrou as dez sílabas poéticas, certo? Repare que a expressão “busque amor”, ao invés das quatro sílabas comuns (bus-que-a-mor), tem na poesia apenas três sílabas. Costuma-se ensinar as sílabas poéticas como sendo a forma em que são “ouvidos” os versos, por isso a sonoridade é importante em um soneto.

Camões escreveu seus sonetos (e Os Lusíadas também) usando sempre dez sílabas poéticas. Outro exemplo pertence a Vinícius de Moraes: “De tudo, ao meu amor serei atento…”. Poeticamente, o verso acima é dividido assim:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
De/tu/ do ao /meu /a/ mor/ se/ rei/ a/ ten/ to

Versos com dez sílabas poéticas são chamados decassílabos. Outra forma famosa de escrever são os versos alexandrinos ou dodecassílabos (doze sílabas), conforme exemplo: “Sinto que há na minha alma um vácuo imenso e fundo…” (Machado de Assis). Tente perceber as doze sílabas. Se não conseguir, veja abaixo como o verso é dividido.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Sin /to/ que há /na/ mi/ nha al/ ma um/ vá /cuo i /men/ so e/ fun /do

Curiosamente, Olavo Bilac, um dos maiores poetas brasileiros, tinha em seu próprio nome um verso alexandrino: Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac. Dizem que ele já nasceu predestinado à poesia. Coincidência ou não, meu nome completo também é um verso alexandrino: Bernardo Sá Barreto Pimentel Trancoso.

Posicionamento de rimas

Além do número de sílabas, outra característica importante de um soneto é a ordem em que os versos rimam, ou posicionamento de rimas. Para os quartetos, existem três formas principais de posicionamento:

Rimas entrelaçadas ou opostas – abba (o 1º verso rima com o 4º, o 2º rima com o 3º):

“Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão – esta pantera -
Foi tua companheira inseparável…”
(Augusto dos Anjos)

“Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido,
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado…”
(Gregório de Matos)

Rimas alternadas – abab (o 1º verso rima com o 3º, o 2º rima com o 4º):

“Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha…”
(Olavo Bilac)

“Quando em teus braços, meu amor, te beijo,
se me torno, de súbito, tristonho,
é porque às vezes, com temor, prevejo
que esta alegria pode ser um sonho…”
(Martins Fontes)

Rimas emparelhadas – aabb (o 1º verso rima com o 2º, o 3º rima com o 4º):

“No rio caudaloso que a solidão retalha,
na funda correnteza na límpida toalha,
deslizam mansamente as garças alvejantes;
nos trêmulos cipós de orvalho gotejantes…”
(Fagundes Varela)

“Nada vai separar; existem laços.
Nem vai desenlaçar, nem nos espaços
Entre os passos que, juntos, damos sós,
Nem antes dos abraços, nem após…”
(Bernardo Trancoso)

Os tercetos, por sua vez, são mais flexíveis com relação ao posicionamento das rimas. Fernando Pessoa, por exemplo, usou a estrutura cdc ede nos tercetos a seguir:

“Há saudades nas pernas e nos braços.
Há saudades no cérebro por fora.
Há grandes raivas feitas de cansaços.
Mas – esta é boa! – era do coração
que eu falava… e onde diabo estou eu agora
com almirante em vez de sensação?…”

William Shakspeare, por sua vez, escrevia, ao invés de dois tercetos, um quarteto e um dístico (cdcd ee).

“But thy eternal Summer shall not fade,
Nor lose possession of that fair thou ow’st,
Nor shall Death brag thou wander’st in his shade,
When in eternal lines to time thou grow’st,
So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this, and this gives life to thee…”

Outros exemplos de posicionamento de rimas nos tercetos são cde cde, um dos mais famosos, cde edc e também cce dde. Ao passear pelos sonetos dessas páginas, tente notar que estilo o autor empregou em seus versos.

Escolha o que achar melhor para o seu soneto.

Até aqui falei de métricas e de rimas, encontradas na quase totalidade dos sonetos clássicos. Há sonetistas modernos, entretanto, que aboliram esses conceitos, usando versos brancos (sem rima) em suas composições. Martins Fontes escreveu o Soneto Monossílabo, onde cada verso tem uma sílaba apenas.

“Negro jardim onde violas soam
e o mal da vida em ecos se dispersa:
à toa uma canção envolve os ramos
como a estátua indecisa se reflete…”
(Carlos Drummond de Andrade)

Sonoridade

O último componente importante de um soneto é a sonoridade, isto é, onde estão as sílabas tônicas (ou fortes) de cada verso. Quando combinadas, essas sílabas fazem com que o soneto se pareça com uma suave canção. Quanto à sonoridade, os versos decassílabos classificam-se em dois tipos: heróicos e sáficos.

“Já Bocage não sou!… À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento…”
(Bocage)

Esses são versos decassílabos heróicos, porque as sílabas poéticas tônicas são a sexta e a décima, indicadas em negrito. Todos os 8816 versos de “Os lusíadas” são decassílabos heróicos. Um verso decassílabo sáfico, por sua vez, reforça a quarta, a oitava e a décima sílaba poética: “Vozes veladas, veludosas vozes…” (Cruz e Souza)

Finalmente, os versos alexandrinos possuem a quarta, a oitava e a décima-segunda sílaba poética como sílabas fortes, ou a sexta, a décima e a décima-segunda.

Conclusão:

O que mais torna um soneto possível? A inspiração, o tema, o conhecimento das palavras e das rimas, que serão mais ricas quanto mais rico for o vocabulário do sonetista. Por isso, a leitura de outros sonetos, poesias e livros é importante. A minha intenção é um dia poder publicar o seu soneto entre essas páginas. Escreva! Assim, você estará dando um passo rumo à eternidade das palavras e dos versos que compõem a nossa tão grandiosa literatura

Fonte:
Academia de Letras de Maringá. Obtido no site http://www.sonetos.com.br/

terça-feira, 6 de julho de 2010

Silviah Carvalho (Renúncia)


Amando-te mais que a vida,
Sigo meu caminho,
Nem posso dizer que existo,
Pois neste mundo me vejo sozinha.

Se ao menos pudesse vê-lo um dia,
E olhar nos seus olhos e sentir teu calor,
Talvez sobrevivesse essa falta de você,
Essa falta de amor.

Lágrimas caem do meu rosto,
Como cai lá fora a chuva constante,
Lágrimas de um sofrimento absurdo,
Que me martiriza a cada instante.

Sinto que cheguei fora do tempo aqui,
Ou o tempo teve pressa e não esperou por mim,
Agora, amando-te mais que a mim mesma,
Desisto de ti.

Para provar que te amo,
Renuncio minha felicidade para que sejas feliz,
Renuncio os sonhos que sonhei com você,
Renuncio minha paz, para que em paz você possa viver.

Porei vendas em meus olhos,
Para que eles não mais te procurem,
Atarei meu coração á mim,
Para que desesperado não fuja para ti.

Renuncio a vida, e tudo que eu sempre quis,
E quando secarem minhas lágrimas,
De chorar por ti, não pense que te esqueci.

Será o silêncio da renúncia,
Que eu mesma fiz,
Renunciei tudo, por ti.
--------------

Fontes:
Colaboração da Autora
Imagem = http://ncahino.blogspot.com/

Literatura Brasileira (Parte 15 = A Produção Contemporânea)


Produção contemporânea deve ser entendida como as obras e movimentos literários surgidos nas décadas de 60 e 70 e que refletiram um momento histórico caracterizado inicialmente pelo autoritarismo, por uma rígida censura e enraizada autocensura. Seu período mais crítico ocorreu entre os anos de 1968 e 1978, durante a vigência do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Tanto que, logo após a extinção do ato, verificou-se uma progressiva normalização no país.

As adversidades políticas, no entanto, não mergulharam o país numa calmaria cultural. Ao contrário, as décadas de 60 e 70 assistiram a uma produção cultural bastante intensa em todos os setores.

Na poesia, percebe-se a preocupação em manter uma temática social, um texto participante, com a permanência de nomes consagrados como Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e Ferreira Gullar, ao lado de outros poetas que ainda aparavam as arestas em suas produções.

Visual - O início da década de 60 apresentou alguns grupos em luta contra o que chamaram "esquemas analítico-discursivos da sintaxe tradicional". Ao mesmo tempo, esses grupos buscavam soluções no aproveitamento visual da página em branco, na sonoridade das palavras e nos recursos gráficos. O sintoma mais importante desse movimento foi o surgimento da Poesia Concreta e da Poesia Práxis. Paralelamente, surgia a poesia "marginal", que se desenvolve fora dos grandes esquemas industriais e comerciais de produção de livros.

No romance, ao lado da última produção de Jorge Amado e Érico Veríssimo, e das obras "lacriminosas" de José Mauro de Vasconcelos ("Meu pé de Laranja-Lima", "Barro Blanco"), de muito sucesso junto ao grande público, tem se mantido o regionalismo de Mário Palmério, Bernardo Élis, Antônio Callado, Josué Montello e José Cândido de Carvalho. Entre os intimistas, destacam-se Osman Lins, Autran Dourado e Lygia Fagundes Telles,

Na prosa, as duas décadas citadas assistiram à consagração das narrativas curtas (crônica e conto). O desenvolvimento da crônica está intimamente ligado ao espaço aberto a esse gênero na grande imprensa. Hoje, por exemplo, não há um grande jornal que não inclua em suas páginas crônicas de Rubem Braga, Fernando Sabino, Carlos Heitor Cony, Paulo Mendes Campos, Luís Fernando Veríssimo e Lourenço Diaféria, entre outros. Deve-se fazer uma menção especial a Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), que, com suas bem humoradas e cortantes sátiras político-sociais, escritas na década de 60, tem servido de mestre a muitos cronistas.

O conto, por outro lado, analisado no conjunto das produções contemporâneas, situa-se em posição privilegiada tanto em qualidade quanto em quantidade. Entre os contistas mais significativos, destacam-se Dalton Trevisan, Moacyr Scliar, Samuel Rawet, Rubem Fonseca, Domingos Pellegrini Jr. e João Antônio.
====================
Anteriores
Parte 1 - Origens = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-1-origens.html
Parte 2 - Quinhentismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-2-o.html
Parte 3 - Barroco = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-3-o-barroco.html
Parte 4 - Arcadismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-4-o.html
Parte 5 - Romantismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-5-o.html
Parte 6 - Realismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-6-realismo.html
Parte 7 - Naturalismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-7.html
Parte 8 – Paranasianismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-8-o.html
Parte 9 – Simbolismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-9-o.html
Parte 10 - Pré-Modernismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/07/literatura-brasileira-parte-10-pre.html
Parte 11 - Semana de Arte Moderna - http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/07/literatura-brasileira-parte-11-semana.html
Parte 12 - Modernismo - primeira fase = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/07/literatura-brasileira-parte-12.html
Parte 13 – Modernismo – segunda fase = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/07/literatura-brasileira-parte-13-o.html
Parte 14 – Pós-Modernismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/07/literatura-brasileira-parte-14-pos.html
–––––––––-
Fonte:
http://www.vestibular1.com.br

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Heitor Stockler (Palmeira)


Minha Canção do Berço Natal

Palmeira, onde nascí
Pequena e linda entre os dois rios da minha infância,
Vê que, apesar de longa ausência e da distância,
Eu penso em ti!

Meu coração não erra
Quando, batendo aflito e de saudade cheio,
Evoca e chama a meninice, em doce enleio
E o amor da terra,

Esse rocio imenso
Que é um patrimônio a te envolver em mil venturas,
Porque te veio de uma fonte das mais puras,
Que era o bom senso

Conclamados, assim,
Jamais esqueço, num dia cinco de novembro
Cheguei à vida e vieram muitos, se me lembro,
Tal como vim.

Eram tantos e tantos,
Trazendo ideais bem como os meus, todos felizes,
Pisando flores ou curando cicatrizes.
Almas de santos.

Formosa companhia,
Uma brigada, uma legião de travessura,
Mas, só com ela, tão ardente e de alma pura,
Bem me sentia.

E anos e mais anos,
Naquele âmbito restrito da cidade,
Passava o tempo, sem pensar na mocidade,
Nos desenganos.

Era ditosa a vida...
Da Rua das Tropas a ao Cemitério,
Nenhum recanto, para mim, tinha mistério.
Fase querida!

Mas, sempre aventuroso,
Saía em busca de paisagem mais tranqüilas
Nos arredores, nos povoados e nas vilas
Ou mato umbroso.

Fiel aos caprichos meus,
Vezes a pé, ou a cavalo ou de carroça,
Eu palmilhava desde a Lapa a Ponta Grossa,
E São Mateus,

Na divisa legal,
No Tibagí, nos Papagaios, no Iguaçú,
Chapéu de palha, sapatão de couro cru
E o meu bornal.

Inquieto caminhante
Voltas eu dava ao município do meu berço,
Sempre ditoso, prazenteiro, guapo e terso
Mas, sem rompante.

Palmeira onde nascí,
Pequena e linda entre os dois rios da minha infância...
Vê que, apesar da longa ausência e da distância...
Eu te consagro, eu te venero, eu vivo em ti!.

HINO À PALMEIRA:
Letra de Heitor Stockler de França
Música de José Shön

- I -
Palmeira, revivamos teu passado
Tuas nobres e sublimes tradições
As Fases de tua vida e do teu Fado
Que Fulgem no esplendor dos teus Brasões
- II -
Façamos das tuas glórias claro espelho,
Rota em flor, no presente e no porvir,
Um Missal com exemplos do evangelho,
aos filhos desta terra sempre a unir
-III-
Lembremos tua feição de Lugarejo
Ansioso de ser Vila e ser Cidade,
Que assim vislumbrou Fortuito ensejo,
Fez-se um recanto de felicidade
-IV-
Chamemos à memória os Ancestrais,
Audazez bandeirantes da grandeza,
Que ao fundarem as Rondas e os Currais,
Geraram disciplina e a riqueza
-V-
És sempre Essa Palmeira acolhedora
Que aos filhos de outras Plagas propicia
Fartura, bem estar e promissora
Era de paz, de amor e de alegria
-VI-
Palmeira, altiva, Edênico rincão,
com boas auras tutelas nosso lar...
Por isso, te erigimos um altar
Florido em festa em nosso coração.
====================================

A Cidade de Palmeira

Palmeira é um município brasileiro do Estado do Paraná, próximo á cidade de Ponta Grossa famosa por ter sido berço da Colônia Cecília.

Em 1819, o vigário Antônio Duarte dos Passos recebeu por doação do Tenente Manoel José de Araújo um terreno para edificar uma igreja que seria a Matriz de uma nova freguesia dos Campos Gerais, em 7 de abril de 1819, considerada a data oficial da fundação de Palmeira. Porém, somente a 3 de julho de 1820 é que iniciou-se a construção da igreja. Em 8 de setembro é transferida oficialmente a freguesia de Tamanduá para Palmeira com o nome de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Palmeira. As obras da Igreja Matriz são concluídas em 1837 quando é feita a sua inauguração. Em 15 de fevereiro de 1870 a freguesia é levada à condição de Vila de Nossa Senhora da Conceição da Palmeira. A partir da elevação de Palmeira à condição de Vila, adquiriu o direito de ter autoridades executivas e legislativas municipais. O primeiro presidente da Câmara de vereadores foi o Padre José Antônio Camargo e Araújo e o primeiro Prefeito foi o Capitão João Padilha de Oliveira.

A região já era povoada por ricos fazendeiros portugueses, antigos Bandeirantes Paulistas que se fixaram na região, caboclos e negros descendentes de escravos. A partir de 1878, por iniciativa dos governos provincial e imperial começam a se fixar na região outras colônias de imigrantes:

Russos Alemães: começaram a chegar em 1878 e formaram 7 núcleos ou colônias de povoação. Se dividiam em católicos e luteranos. Muitos abandonaram a atividade agrícola e passaram a se dedicar ao serviço de transporte de mercadorias com carroções. Outros passaram a trabalhar em obras públicas e outras ainda em atividades urbanas.

Poloneses: chegaram a partir de 1888. Agricultores por excelência, se espalharam pelo município formando várias colônias.

Italianos - Anarquistas: chegaram em 1890, motivados por Giovani Rossi para implantar a primeira Colônia Anarquista da América, mundialmente conhecida como "Colônia Cecília". A mesma acabou alguns anos depois por motivos internos e externos, os imigrantes italianos se transferiram para várias regiões do Brasil, contribuindo decisivamente para o surgimento do movimento sindical em nosso país. Ficam em Palmeira apenas três famílias.

Alemães Menonitas: chegam em 1951 e fundam a Colônia Witmarsum e a Cooperativa Mista Agropecuária Witmarsum Ltda. que é grande produtora de leite e seus derivados e de frango com a marca Cancela.

Russos Brancos: chegaram em 1958 e se fixaram na localidade de Santa Cruz, entre Ponta Grossa e Palmeira, dedicando-se a atividade agrícola.

Sírio-Libaneses, Palestinos, Egípcios e Japoneses: chegaram no início do século XX. Os Sírio Libaneses se dedicaram ao comércio e os Japoneses ao comércio e a agricultura.

Fontes:
Poesias de autores Palmeirenses do Instituto Histórico e Geográfico de Palmeira
http://www.radioipiranga.com.br/palmeira.html
http://pt.wikipedia.org/

Otávio Venturelli (Noites de Frio)


Nos dias gelados do inverno na Serra
o frio recita o Poema da geada ,
a grama se veste de branco enfeitada ,
e o vento da noite segredos encerra .

A lua , pisando de leve na terra ,
invade a janela de vidros fechada ,
a conta das horas a insônia não erra ,
e as dores mantém a minha alma acordada .

Imagens passeiam em minha memória ,
são mágoas retidas ao curso da história ,
vividas , sofridas e amadas em vão ...

Então me levanto , e afastando a tristeza
acendo o meu quarto , e essa lâmpada acesa
apaga a saudade no meu coração !

Fontes:
Colaboração de Pedro Ornellas
Imagem = UNESP São José do Rio Preto

IV Jogos Florais de Balneário Camboriú 2010 (Resultado Final)

Pescadores de Camboriú (pintura de Neiva Passuello)
Troféu Arlindo Tadeu Hagen ÂMBITO NACIONAL Tema: VENTO(S) VENCEDORES: Na era do “ponto.com”, voa o sonho mais ligeiro: -um clique... e, qual vento bom, chega a trova ao mundo inteiro! Antonio Augusto de Assis – PR Eu trago no pensamento tantas angústias e apelos, e sinto inveja do vento quando roça os teus cabelos. Clenio Borges-RS Eu te agradeço, Senhor, este vento que acarinha, que traz mensagens de amor a quem vive tão sozinha! Delcy Canalles- RS O vento varre a ansiedade e as folhas secas do chão, só não varre esta saudade que corta o meu coração. Flávio Roberto Stefani- RS Voa longe o pensamento... Ah, que saudade me dói: -Assopra mãe, sopra um vento para curar meu dodói... -O que é o vento, mamãezinha, que a gente não vê mas sente? E a mãe responde: “Filhinha, vento é Deus beijando a gente...” Gilvan Carneiro Silva-RJ Quando é puro o sentimento, quem faz o bem, faz de graça e é discreto como o vento que move o moinho e passa... Inconstante como o vento, o tempo não nos perdoa: Se vamos mal, ele é lento; se vamos bem, ele voa! Longe de tudo, sozinho, após tantos vendavais, eu sou um velho moinho, que o vento não move mais... Hegel Pontes – MG Desencantado da vida, do amor - em total entrega-, sou folha no chão caída que nem o vento carrega. João Costa – RJ O bom jangadeiro, atento ante o mar que se encapela, não culpa o rigor do vento... Prefere ajustar a vela!... Que a sorte ajuda, sustento; mas vence quem tem valor... De nada vale o bom vento para o mau navegador!... José Tavares de Lima – MG Em “Mal sem Pena”... não creia! -Segundo seus Ancestrais, “Para quem VENTOS semeia... ...os frutos são... Vendavais!... Maria Madalena Ferreira – RJ Estou só... e, eu me contento em debruçar-me à janela... -Lá fora, há o luar e o vento trazendo recados dela!... Rodolpho Abbud – RJ MENÇÕES HONROSAS: O vento, soprando forte, do galho derruba o ninho. Dos filhos chorando a morte, pia triste o passarinho. Algustinho Saco - PR Calquei meu pingo na espora me estribei no pensamento com o pala cor de aurora parti galopando o vento. Doralice Gomes da Rosa-RS De essência controvertida, mas sempre às ordens da sorte, ora o vento ampara a vida, ora o vento espalha a morte! Ederson Cardoso de Lima-RJ O vento, feito um açoite, num burburinho profundo, murmura, dentro da noite, todos segredos do mundo! Eduarto Tolego - MA
Aprisionado à rotina do trabalho e da vaidade, não vi o vento em surdina varrer minha mocidade. Joana D’arc da Veiga – RJ Quando o fracasso me alcança, qualquer derrota rejeito... Pois o vento da esperança sopra mais forte em meu peito! João Freire Filho – RJ Vento, eterno viajor desses mares sem guarida, traz-me a jangada do amor que perdi no mar da vida! José Lucas de Barros – RN Ouço no vento o lamento dos solitários tristonhos que viram, da vida, o vento amarrotar os seus sonhos! Marisa Rodrigues Fontalva - SP Quem dera, na humanidade, pudessem os pensamentos ter a mesma liberdade que têm as asas dos ventos! Sandro Pereira Rebel – RJ A doce canção do vento à minha alma tanto diz que embala meu pensamento e sonho que sou feliz!... Sonia Mª Ditzel Martelo-PR MENÇÕES ESPECIAIS: Docemente em meu ouvido, a tua respiração é o vento leve, contido, que areja o meu coração. Almerinda Liporage-(Tita)– RJ Eu sinto o vento que passa portador de boa nova, enchendo de rima e graça os quatro versos da trova. António José Barroso Barradas - Portugal Passaste...e por um momento plantar-te em meu peito quis, mas és livre, tal qual vento, e vento não tem raiz... Élbea Priscila de Souza e Silva – SP Na força do bem sê crente, quando a maldade te assalta, que vento açoita inclemente a palmeira que é mais alta! José Valdez de Castro Moura – SP No céu, a branca tropilha galopa no firmamento, corcéis de nuvens em trilha, comandadas pelo vento! Lisete Johnson – RS Que importa se o vento em açoites faz das folhas estilhaços... Tenho a volúpia das noites no aconchego dos teus braços. Maria Campos da Silva Velho – SP Lá fora o vento não passa e em mim não passa o desgosto.. Chora a chuva na vidraça, chora a saudade em meu rosto!... Marilucia Rezende – SP Num engano de momento, a vida se transformou... Eu fui rosa...foste vento que ao passar...me desfolhou... Um pássaro engaiolado, mesmo com todo alimento, parece invejar, magoado, a liberdade do vento!... Marina Bruna – SP Deixa o que passou “de lado”, a vida é um ensinamento... Pois lamentar o passado, é correr atrás do vento!... Roberto Tchepelentyky- SP Eu confesso o amor secreto que sinto – e você não vê – para que o vento, indiscreto, conte o segredo...a você! Fez juras – embora negue- nas cartas, que eu faço em tiras, para que o vento carregue todas as suas mentiras! Therezinha Dieguez Brisolla -SP Em vez de gritar ao vento que tens um grande saber, mostra o teu real talento: Age...sem nada dizer! Vanda Fagundes Queiroz-PR Suporto os ventos medonhos, não me curvo aos vendavais, pois as vigas dos meus sonhos suportam os temporais. Wilma Mello Cavalheiro-RS SANTA CATARINA Tema:SEGREDO(S) VENCEDORES: Dum segredo não contenho, toda noite uma visão: -a mãezinha que não tenho vem ninar-me uma canção... ARI SANTOS DE CAMPOS O segredo é chama acesa pérola em concha fechada, guardando sua beleza para ser vista e admirada Quando há segredo de amores, como envelopes lacrados, se abertos são como flores e eternos, quando fechados. EDUARDO ARTHUR PEREIRA Nem brincando eu vou contar o nosso grande segredo, vou pôr no fundo do mar onde o guardarei sem medo! EFIGÊNIA COUTINHO Um segredo bem guardado para assim permanecer não deve ser partilhado para nunca se perder. ELIANA RUIZ JIMENEZ Para mim, não há segredos, meu mar, de infinito azul, nós convivemos sem medos, nas belas praias do Sul! Um segredo que me assusta: -Não saber, se após a morte, há uma vida boa e justa, que não dependa da sorte! GISLAINE CANALES A vida é tão passageira, para que tanto segredo? Se você me ama inteira revele ao mundo, sem medo! GLEDIS TISSOT Lá vai o bom sonhador com o seu segredo enorme. Ele o guarda com amor até mesmo quando dorme. LUCAS BARBOSA O segredo é chama acesa pérola em concha fechada, guardando sua beleza para ser vista e admirada. MARA TERESINHA SOUZA Segredo... Calou no peito um sentimento profundo. Não revelo... Não tem jeito. Selado está para o mundo. Por que guardo esse segredo se vivo a me torturar, fazendo dele um enredo que só me leva a chorar? MARIA CARMEN VAREJÃO Eu já fui um beija flor em outras vidas passadas: - era segredo em louvor às flores desamparadas. Meu bem chegue aqui pertinho, tenho um segredo a contar: o teu amor e carinho, lamento, não vou guardar! MARIA LUIZA WALENDOWSKY Quem sabe do meu segredo é só o céu, só o mar. Desse fato sou sem medo sei que eles não vão contar. MIRIAM WEBER Quando há segredo de amores, como envelopes lacrados, se abertos são como flores e eternos, quando fechados. TAMARA KAUFMANN MENÇÕES HONROSAS: De segredos, sou cativo: desse jeito não aguento!... Já pareço um morto-vivo destroçado num tormento! ARI SANTOS DE CAMPOS Fiz da mente uma clausura: -mente assim me mete medo... Mas a mente é tão segura que até guardo o meu segredo!... Vou rezar o meu rosário para Deus vir me salvar: pois um segredo ordinário me sufoca sem parar!... EDSOM LUIZ MAURICI- LUIGI Você sabe o meu segredo, mas outros sabem também, que outros saibam, tenho medo, pois ninguém guarda, ninguém! EFIGÊNIA COUTINHO O futuro do planeta não é segredo a ninguém preserve e se comprometa que a vida assim se mantém. ELIANA RUIZ JIMENEZ Quero dizer-te um segredo que não confio a ninguém: "eu te amo", e estou com medo! E peço aos anjos amém. GLEDIS TISSOT Vou contar os teus segredos, pintar no muro com giz, hoje já não tenho medos, não te quero como eu quis. JOSEANE GILI Este grande coração tem o seu segredo imenso, que, com amor e emoção é a chave do consenso. LUCAS BARBOSA O pescador, sem ter medo de ver seu barco emborcar, do seu amor faz segredo, Não sabe se vai voltar... MIRIAM WEBER Se as abelhas caprichosas soubessem segredos meus, deixavam o mel das rosas pelo mel dos lábios teus. MOACIR FIGUEIREDO Teus olhos e o teu olhar, lembram impuros desejos que não posso revelar, são os segredos dos beijos! RONI ANTONIO COSTA MENÇÕES ESPECIAIS: Nesta casa, sem tramela, tem um segredo guardado: -é na verdade uma cela, este meu crânio fechado. ALAÉRCIO JOSÉ LOPES Nas estrelas escondi, meu segredo, meu amor! Hoje padeço, aprendi, que ter segredo é temor. ALZIRA D’ALL AGNOL Um segredo bem guardado é uma prova de amor, para quem foi confiado entregar a grande dor. EDLA DA COSTA SENS Esse mundo feminino de segredos permeado é um gracejo do destino pelos homens odiado. ELIANA RUIZ JIMENEZ Enquanto durar o amor você viverá com medo, mas seus olhos têm calor que mostram o seu segredo. GLEDIS TISSOT Sua boca tem segredos, e assim, você me seduz, revelo então, os meus medos que nem a noite reluz! JULIANA APPEL A arte de manter segredo é reter velhas lembranças, se contar me faz ter medo e enclausurar esperanças. LEANDRO DE SOUZA As estrelas sabem bem o segredo do Universo, mas o silêncio mantém, e inspiram o nosso verso. MARA TERESINHA SOUZA Quem não possui um segredo nesta vida, não viveu, temos guardado, com medo, o que não aconteceu. MARA TERESINHA SOUZA Língua Hispânica Tema: BESO(S) GANADORES Serás mis rosas tempranas y aunque fui leso de lesos, yo vestiré tus mañanas con un bordado de besos. ANTONIO ALEJANDRO ARJONA RAMÍREZ- ESPAÑA Besos que elevan al cielo En la dicha y bienestar, Son la gloria y el consuelo; Obra de quien sabe amar. CARLOS RODRÍGUEZ SÁNCHEZ-VENEZUELA Solo un beso es cual armiño del más divino, querer, que la madre da a su niño, ¡cuando acaba de nacer! CRISTINA OLIVEIRA CHAVEZ-MÉXICO-USA Doy un beso agradecida al árbol que está sembrado, con su vida nos da vida ¡aun, después de ser cortado! Era un niño silencioso... Con la mirada me amaba, y con un beso amoroso ¡sin tocarme me besaba! CRISTINA OLIVEIRA CHAVEZ- MÉXICO-USA Tu beso de la mañana es panal lleno de miel y el de la noche es campana que vibra sobre mi piel. ELENA GUEDE ALONSO –PERU Beso sensual que yo ansío quiero sentir tu sabor…, te necesito bien mío, calma mis ansias de amor. Hoy un beso de tu boca es fuego de mi emoción…, se ha roto el cristal de roca del dique de mi pasión. ELIZABETH LEYVA RIVERA-MÉXICO El beso es culminación de la atracción de dos seres y también preparación de los más gratos placeres. HÉCTOR JOSÉ CORREDOR CUERVO-COLOMBIA Un beso que no se olvida siempre es un beso de amor, en el que entregas la vida y te alejas del dolor. ¡Ay beso!, beso bendito que me has robado la calma, llegas lento y despacito y te anidaste hoy en mi alma. LIZ CASTRO RIVERA- MÉXICO
En el chasquido de un beso se escucha la melodía de un corazón que está preso con pasión, de noche y día. El amor que nos encanta y en el tiempo queda impreso, es aquel que se agiganta en la dulzura de un beso. MANUEL SALVADOR LEYVA MARTÍNEZ- MÉXICO En alas de una paloma ... Viajará mi beso amigo , Y el encanto de tu aroma , Le dará su amor y abrigo ! MIGUEL ANGEL ALMADA-ARGENTINA Son tus besos alimento a mi alegre corazón de mi boca es el aliento de mi vida la razón. MIRTA LÍLIAN CORDIDO- ARGENTINA MENCIÓN HONROSA Cuando tus ojos yo beso todo es tan pura ternura por eso yo te confieso ¡Besarlos, es gran dulzura! Besos suaves de seda abrigan, y dan calor pido se me conceda, refugiarme en tu ardor... ÁNGELA DESIRÉE PALACIOS B- VENEZUELA De mi madre con sus besos cure todos mis dolores; Y mi vida con sus rezos quedó salva de temores. CARLOS IMAZ ALCAIDE -FRANCIA Receta maravillosa que en tus besos he probado: amor en salsa jugosa y de pasión salpicado. ELENA GUEDE ALONSO - PERU Cuando me robaste un beso aquella tarde en el río mi corazón quedó preso de tu amor que ahora es mío. Me entregué completamente a ese beso apasionado y disfruté dulcemente todo lo que hube soñado. GLORIA RIVERA ANDREU-MÉXICO Cuando los besos se dan por el amor que sentimos, montamos en alazán y al cielo nos dirigimos. HILDEBRANDO RODRÍGUEZ-VENEZUELA En el sublime embeleso de mi inquieto corazón, aun conservo yo aquél beso que me robó la razón. LIZ CASTRO RIVERA-MÉXICO Lo sublime del destino y lo juro por Dios Padre es el instante divino del beso que da una madre. MANUEL SALVADOR LEYVA MARTÍNEZ-MÉXICO Em el polen de tu beso nace la flor del amor, mi corazón está preso en tu fuego abrasador. MARIA CRISTINA FERVIER-ARGENTINA
No voy a dejar de amarte, en mí seguirás latiendo. Aunque no pueda tocarte, tus besos estoy pidiendo. RAMÓN ROJAS MOREL-ARGENTINA La vida es una delicia que nos ofrece el Señor, el beso es una caricia y es un regalo de amor. RENE B. ARRIAGA DEL CASTILLO-MÉXICO MENCIÓN ESPECIAL Lo fuiste todo en mi vida. Por eso, sólo por eso, si vuelves arrepentida, yo aceptaré tu beso. ANTONIO ALEJANDRO ARJONA RAMÍREZ- ESPAÑA El besar con emoción a todo el mundo complace; pues los besos por su acción nos redime y satisface. Si los besos proporcionan la mayor satisfacción, parejas que reflexionan, se los dan con emoción. CARLOS RODRÍGUEZ SÁNCHEZ-VENEZUELA se compra, lo confeso, y tú lo debes saber que el hombre que paga un beso no tiene buena mujer... CARMEN PATIÑO FERNÁNDEZ- CARMIÑA-ESPAÑA Hacia ti va el sentimiento de que te amo lo confieso... hoy siento el atrevimiento de florecer con tu beso. ELIZABETH LEYVA RIVERA-MÉXICO Tu beso es un caramelo. Con el sabor del amor. Me transporta hacia el cielo. Todo gira alrededor. LIBIA BEATRIZ CARCIOFETTI-ARGENTINA Ha pasado mucho tiempo sin embargo lo confieso mi boca sin contratiempo tiene el sabor de tu beso. LIZBETH RIVERA ANDREW-MÉXICO Sobre tus labios el beso Sabe de fresa y a menta. Cuán grande amor te profeso Que a mis sueños alimenta. MARIA CRISTINA FERVIER-ARGENTINA Con los besos que me diste tejí mi collar de estrellas y cuando tuya me hiciste me quemaba cual centellas, MARTHA ALICIA QUI DE ZAMORANO-MÉXICO Cuando encuentres el calor... De tu corazón en calma, Hallarás besos de amor, En las ventanas de tu alma! MIGUEL ANGEL ALMADA-ARGENTINA Hermosos besos de vida, donan las eternas brisas, entre cantata ascendida, ¡entre luces y sonrisas! MIGUEL ÁNGEL MUÑOZ CORTÉS-ESPAÑA Ese beso apasionado que me das amado mío lo llevo muy bien guardado en las noches de rocío. NORA LANZIERI-ARGENTINA Tus besos me comunican los latidos de tu ser y siento cómo armonizan la fuerza de mi querer. RAMÓN ROJAS MOREL- ARGENTINA Regálame niña un beso en esta noche de luna, y en un verso quede preso te amaré como a ninguna. RENE B. ARRIAGA DEL CASTILLO- MÉXICO Fonte: Colaboração de A. A. de Assis

Literatura Brasileira (Parte 14 = Pós-Modernismo)


O Pós-Modernismo se insere no contexto dos extraordinários fenômenos sociais e políticos de 1945. Foi o ano que assistiu o fim da Segunda Guerra Mundial e o início da Era Atômica com as explosões de Hiroshima e Nagasaki. O mundo passa a acreditar numa paz duradoura. Cria-se a Organização das Nações Unidas (ONU) e, em seguida, publica-se a Declaração dos Direitos do Homem. Mas, logo depois, inicia-se a Guerra Fria.

Paralelamente a tudo isso, o Brasil vive o fim da ditadura de Getúlio Vargas. O país inicia um processo de redemocratização. Convoca-se uma eleição geral e os partidos são legalizados. Apesar disso, abre-se um novo tempo de perseguições políticas, ilegalidades e exílios.

A literatura brasileira também passa por profundas alterações, com algumas manifestações representando muitos passos adiante; outras, um retrocesso. O jornal "O Tempo", excelente crítico literário, encarrega-se de fazer a seleção.

Intimismo - A prosa, tanto nos romances como nos contos, aprofunda a tendência já trilhada por alguns autores da década de 30 em busca de uma literatura intimista, de sondagem psicológica, introspectiva, com destaque para Clarice Lispector.

Ao mesmo tempo, o regionalismo adquire uma nova dimensão com a produção fantástica de João Guimarães Rosa e sua recriação dos costumes e da fala sertaneja, penetrando fundo na psicologia do jagunço do Brasil Central.

Na poesia, ganha corpo, a partir de 1945, uma geração de poetas que se opõe às conquistas e inovações dos modernistas de 1922. A nova proposta foi defendida, inicialmente, pela revista "Orfeu", cujo primeiro número é lançado na "Primavera de 1947" e que afirma, entre outras coisas, que "uma geração só começa a existir no dia em que não acredita nos que a precederam, e só existe realmente no dia em que deixam de acreditar nela."

Essa geração de escritores negou a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras "brincadeiras" modernistas. Os poetas de 45 partem para uma poesia mais equilibrada e séria, distante do que eles chamavam de "primarismo desabonador" de Mário de Andrade e Oswald de Andrade. A preocupação primordial era quanto ao restabelecimento da forma artística e bela; os modelos voltam a ser os mestres do Parnasianismo e do Simbolismo.

Esse grupo, chamado de Geração de 45, era formado, entre outros poetas, por Lêdo Ivo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Geir Campos e Darcy Damasceno. O final dos anos 40, no entanto, revelou um dos mais importantes poetas da nossa literatura, não filiado esteticamente a qualquer grupo e aprofundador das experiências modernistas anteriores: ninguém menos que João Cabral de Melo Neto. Contemporâneos a ele, e com alguns pontos de contato com sua obra, destacam-se Ferreira Gullar e Mauro Mota.
–––––––––––––––––––––––––––––––
Anteriores
Parte 1 - Origens = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-1-origens.html
Parte 2 - Quinhentismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-2-o.html
Parte 3 - Barroco = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-3-o-barroco.html
Parte 4 - Arcadismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-4-o.html
Parte 5 - Romantismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-5-o.html
Parte 6 - Realismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-6-realismo.html
Parte 7 - Naturalismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-7.html
Parte 8 – Paranasianismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-8-o.html
Parte 9 – Simbolismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-9-o.html
Parte 10 - Pré-Modernismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/07/literatura-brasileira-parte-10-pre.html
Parte 11 - Semana de Arte Moderna - http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/07/literatura-brasileira-parte-11-semana.html
Parte 12 - Modernismo - primeira fase = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/07/literatura-brasileira-parte-12.html
Parte 13 – Modernismo – segunda fase = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/07/literatura-brasileira-parte-13-o.html
––––––––-
Fonte:
http://www.vestibular1.com.br/

domingo, 4 de julho de 2010

Literatura Brasileira (Parte 13 = O Modernismo - segunda fase)


O período de 1930 a 1945 registrou a estréia de alguns dos nomes mais significativos do romance brasileiro. Refletindo o mesmo momento histórico (Queda da Bolsa de Nova York, colapso no sistema financeiro internacional, a Grande Depressão - paralisação de fábricas, ruptura nas relações comerciais, falências bancárias, altíssimo índice de desemprego, fome e miséria generalizadas - gerando a intervenção do Estado na organização econômica, com agravamento das questões sociais.) e apresentando as mesmas preocupações dos poetas da década de 30 (Murilo Mendes, Jorge de Lima, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Vinícius de Moraes), a segunda fase do Modernismo apresenta autores como José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Érico Veríssimo, que produzem uma literatura de caráter mais construtivo, de maturidade, aproveitando as conquistas da geração de 1922 e sua prosa inovadora.

Efeitos da crise - Na década de 30, o país passava por grandes transformações, fortemente marcadas pela revolução de 30 e pelo questionamento das oligarquias tradicionais. Não havia como não sentir os efeitos da crise econômica mundial, os choques ideológicos que levavam a posições mais definidas e engajadas. Tudo isso, formou um campo propício ao desenvolvimento de um romance caracterizado pela denúncia social, verdadeiro documento da realidade brasileira, atingindo um elevado grau de tensão nas relações do indivíduo com o mundo.

Nessa busca do homem brasileiro "espalhado nos mais distantes recantos de nossa terra", no dizer de José Lins do Rego, o regionalismo ganha uma importância até então não alcançada na literatura brasileira, levando ao extremo as relações do personagem com o meio natural e social. Destaque especial merecem os escritores nordestinos que vivenciam a passagem de um Nordeste medieval para uma nova realidade capitalista e imperialista. E nesse aspecto, o baiano Jorge Amado é um dos melhores representantes do romance brasileiro, quando retrata o drama da economia cacaueira, desde a conquista e uso da terra até a passagem de seus produtos para as mãos dos exportadores. Mas também não se pode esquecer de José Lins do Rego, com as suas regiões de cana, os bangüês e os engenhos sendo devorados pelas modernas usinas.

O primeiro romance representativo do regionalismo nordestino, que teve seu ponto de partida no Manifesto Regionalista de 1926 (este manifesto, elaborado pelo Centro Regionalista do Nordeste, procura desenvolver o sentimento de unidade do Nordeste dentro dos novos valores modernistas. Propõe trabalhar em prol dos interesses da região nos seus aspectos diversos - sociais, econômicos e Culturais) foi "A bagaceira", de José Américo de Almeida, publicado em 1928. Verdadeiro marco na história literária do Brasil, sua importância deve-se mais à temática (a seca, os retirantes, o engenho), e ao caráter social do romance, do que aos valores estéticos.
------------------
Anteriores
Parte 1 - Origens = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-1-origens.html
Parte 2 - Quinhentismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-2-o.html
Parte 3 - Barroco = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-3-o-barroco.html
Parte 4 - Arcadismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-4-o.html
Parte 5 - Romantismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-5-o.html
Parte 6 - Realismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-6-realismo.html
Parte 7 - Naturalismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-7.html
Parte 8 – Paranasianismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-8-o.html
Parte 9 – Simbolismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/literatura-brasileira-parte-9-o.html
Parte 10 - Pré-Modernismo = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/07/literatura-brasileira-parte-10-pre.html
Parte 11 - Semana de Arte Moderna - http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/07/literatura-brasileira-parte-11-semana.html
Parte 12 - Modernismo - primeira fase = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/07/literatura-brasileira-parte-12.html
---------
Fonte:
http://www.vestibular1.com.br/