quinta-feira, 25 de abril de 2024

33. Concurso de Contos Paulo Leminski (Prazo: 31 de maio)

Este evento literário é uma atividade promovida e realizada pela Prefeitura Municipal de Toledo, por meio da Secretaria de Cultura - Biblioteca Pública Municipal.

CRONOGRAMA

Inscrição dos contos: 01/04/24 a 31/05/2024

Reunião Final da Comissão Julgadora: 01/08/2024

Premiação do 33o Concurso de Contos Paulo Leminski: 3a Festa Literária de Toledo – FLIT
(12/08/2024 a 18/08/2024)

REGULAMENTO DO CONCURSO

1. O Concurso se destina a todas as pessoas interessadas em divulgar sua produção literária, enquadrada no gênero “conto”; e cada concorrente poderá participar com apenas um trabalho que ainda não tenha sido premiado em outro concurso ou já publicado em livros, coletâneas ou revistas. O tema é livre e a sua inscrição gratuita.

2. A inscrição deverá ser exclusivamente de forma on-line (pelo formulário), sem custo algum para o candidato, no período de 01/04/2024 e encerra-se às 23h59 do dia 31/05/2024, no horário de Brasília, o texto enviado deverá estar salvo em formato PDF (não serão aceitos textos em outros formatos). O formulário eletrônico de inscrição do 33. Concurso de Contos Paulo Leminski será disponibilizado no site: https://www.toledo.pr.gov.br/portais/cultura/concursos ou através do link: https://forms.gle/9ogqATSgVtN7JnvU7

2.1. Em nenhuma das folhas do conto enviado ao concurso poderá constar o nome de seu autor; ou tampouco o seu pseudônimo poderá fazer uma referência implícita ao seu nome, a fim de garantir a lisura no processo de julgamento. Caso isso ocorra, a inscrição será invalidada.

2.2. Os candidatos deverão anexar os seguintes documentos no ato da inscrição:

a) Cópia de documentos oficiais RG, CPF e/ou CNH do escritor; (enviar nos formatos .doc, .pdf e .jpg/.jpeg, com até 5MB de tamanho);

b) Informações pessoais como: Endereço completo; telefone; Endereço Eletrônico; Grau de Instrução e Breve Curriculum.

c) Arquivo em PDF contendo o conto.

3. O conto poderá ser apresentado em apenas uma via, escrito em língua portuguesa ou espanhola, digitado em espaço 1,5 (um e meio), fonte Arial, tamanho 11 (onze), paginado e obedecer a um limite máximo de 20 páginas.

4. A Comissão Julgadora será composta por oito membros de reconhecido nível intelectual e acadêmico, sendo sua decisão soberana e irrecorrível. O número de integrantes dessa comissão, no entanto, poderá variar, dependendo do número de obras inscritas no evento.

5. Premiação:
- Primeiro prêmio: R$ 3.500
- Segundo prêmio: R$ 3.000
- Terceiro prêmio: R$ 2.500
- Melhor Conto Toledano: R$ 2.000

NOTA 1: A eventual premiação de um conto que já tenha sido premiado em outro concurso implicará a obrigatoriedade de devolução do prêmio pelo respectivo candidato. E contos com indícios de plágio serão automaticamente excluídos do concurso.

NOTA 2: Com exceção da premiação de “Melhor Conto Toledano”, as demais premiações poderão ser de inscrições locais, regionais, nacionais e internacionais. 

6. A relação dos contos classificados para premiação e os indicados com menções honrosas será publicada nos órgãos de imprensa da região e nos portais web das instituições promotoras do concurso. Posteriormente, a cada período de cinco anos, os contos serão publicados sob forma de coletânea, reunindo os contos premiados e os que tenham recebido menções honrosas. Por ocasião de seu lançamento, os respectivos autores serão convidados para a Cerimônia de Lançamento, ou receberão um determinado número de volumes em seu domicílio, no endereço por eles fornecido.

6.1 Os contos premiados consideram-se propriedade da Prefeitura Municipal de Toledo – Secretaria da Cultura - Biblioteca Pública Municipal, entidades realizadoras do Concurso de Contos Paulo Leminski, para finalidade de publicação da Coletânea de Contos; e aqueles que tenham recebido menções honrosas serão incluídos nessa coletânea mediante cessão de direitos por seus respectivos autores, por meio de documento legal, no caso de que se viabilize uma edição com a finalidade de venda para subsídio e autossustentação do próprio concurso.

7. O resultado do concurso será divulgado na imprensa e na Internet, nos portais oficiais das instituições promotoras do evento, a seguir:

https://www.toledo.pr.gov.br/portais/cultura/concursos e nas redes sociais da Secretaria da Cultura de Toledo.

8. O encaminhamento dos trabalhos na forma prevista neste regulamento implica a concordância com as disposições nele consignadas.

Toledo, 28 de março de 2024.

INFORMAÇÕES:
Biblioteca Pública Municipal – (45) 3196-2495 ou (45) 3196-2319
Correio Eletrônico: pauloleminskiconcurso@gmail.com

II FIP – Festival Internacional de Poesia de Betim/MG (Prazo: 19 de maio)

Regulamento

Para este Concurso buscamos textos dos gêneros: Poesia ou Poema. Considerando POESIA como: gênero literário caracterizado pela composição em versos estruturados de forma harmoniosa e POEMA: gênero textual (forma de redação) geralmente escrito em versos e estrofes (www.significados.com.br).

Objetivos:
- Estimular a produção literária, valorizar novos talentos e dar visibilidade a poetas de língua portuguesa de todo o mundo.

Inscrições:
- As inscrições deverão ser feitas única e exclusivamente através do preenchimento do formulário, no link:


para acessar o formulário de inscrições

Participação (quem e como participar):

- Os participantes farão seus cadastrados no formulário de inscrição no link acima.

- Considerando que a participação é Gratuita, objetivamos ter uma grande quantidade de inscrições de modo a podermos fazer uma seleção de obras com altíssima qualidade.

- Poderão participar Poetas maiores de 18 anos de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil ou no exterior, e seus trabalhos deverão ser obrigatoriamente escritos em língua portuguesa (o que não impede o uso de termos estrangeiros no texto).

- O tema do poema deverá ser obrigatoriamente, uma releitura ou uma inspiração, do poema “Cidadezinha qualquer” de Carlos Drummond de Andrade (abaixo). Obras que não conversem com o tema serão desclassificadas.

Cidadezinha qualquer - Carlos Drummond de Andrade

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.

- Selecionaremos até 40 participantes para esta Coletânea e esse número variará em função da qualidade das obras inscritas.

- O autor deverá usar seu nome legítimo (verdadeiro) no cadastro, entretanto, se desejar, poderá utilizar seu nome artístico ou pseudônimo na publicação da Revista Literária.

- Cada participante poderá inscrever 01 (uma) única Obra. Caso aconteça mais de uma inscrição do candidato, será considerada para efeito de concorrência, a primeira inscrição.

- A Obra deverá necessariamente ser inédita, não podendo já ter tido qualquer tipo de apresentação, veiculação ou publicação parcial ou integral antes da inscrição até a divulgação do resultado. A obra não pode concorrer em outro concurso ao mesmo tempo.

- É de responsabilidade do Festival a correção ortográfica/revisão do texto enviado para esta Coletânea, caso a poesia seja classificada. Os autores receberão a revisão, podendo ou não concordar com a mesma. Caso não seja possível chegar a um acordo, a Obra ficará fora da Coletânea e outra a substituirá.

- As Obras deverão conter no seu corpo apenas título e pseudônimo. Sendo que a não observância dessa exigência excluirá a Obra da avaliação.

- As Obras inscritas serão analisadas e selecionadas mediante avaliação de profissionais, cujas decisões serão soberanas e irrecorríveis.

- O envio do texto será feito única e exclusivamente através do formulário disponibilizado no link citado acima.

- A Obra deverá estar em arquivo Word (.doc ou .docx), fonte Times New Roman ou Arial, tamanho 12, com espaçamento simples e ter 1 (uma) página padrão do Word (A4). Caso não sejam observadas as especificações acima a obra será desclassificada.

- A participação não ensejará em nenhum custo aos participantes, sendo, portanto, gratuita em todas as suas etapas.

Premiação:
Serão premiadas as 03 (três) melhores Obras, mediante apresentação de Nota Fiscal, conforme definido pela Comissão Organizadora, como se segue:

1o lugar: R$ 1.000,00 (hum mil reais)
2o lugar: R$ 500,00 (quinhentos reais)
3o lugar: R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais)

Direitos autorais:
- Os autores selecionados autorizam, mediante a inscrição nesta seleção, a divulgação de sua Obra através da revista literária e e-book, sem contrapartida por parte dos organizadores, dado que a publicação será distribuída gratuitamente.

- A cessão do direito de reproduzir as Obras é feita sem exclusividade, especificamente para este projeto. Os autores ficam livres para publicar suas Obras em outros meios e formatos após a publicação da coletânea.

- Os poetas participantes responderão legalmente e individualmente sobre plágio, publicação não autorizada, calúnia, difamação e não autoria, isentando o Festival de qualquer responsabilidade sobre o conteúdo enviado para a Coletânea.

- É de total responsabilidade dos participantes a veracidade dos dados fornecidos à organização.

- Todos os participantes de antemão ficam cientes e dão permissão e autorização para a publicação de sua Obra e a veiculação na mídia de seus nomes, imagens e textos, em sites, desde que dentro do contexto da Coletânea e para benefício da maior visibilidade do Projeto e seu alcance junto ao público.

Características:
- Revista: 1000 unidades, no formato 13x19 cm, 70 páginas, com as 40 poesias selecionadas. Serão distribuídas presencialmente e virtualmente em PDF para a população em geral e todos os inscritos, para download em plataformas digitais gratuitamente.

- Vídeo (declamação) das 10 primeiras poesias selecionadas, para veiculação em plataforma digital de vídeo.

- A revista/e-book tem registro no ISBN.

Cronograma geral:
- Inscrições: de 01/04/2024 a 19/05/2024.

- Divulgação aos selecionados: 10/06/2024.

- Data prevista para o lançamento da revista, vídeo e e-book: 08/2024.

Observações gerais:
- Dúvidas relacionadas a este Concurso e seu regulamento poderão ser enviadas para o e-mail: marcel5077@hotmail.com

- Todos os contatos entre o Festival e os participantes serão realizados através de e-mail. Portanto os participantes devem ficar atentos.

- Todas as dúvidas e casos omissos neste regulamento serão analisados pela equipe do Festival e sua decisão será irrecorrível.

- O Festival reserva-se o direito de alterar qualquer item desta Coletânea, bem como interrompê-la, se necessário for, fazendo a comunicação expressa para os participantes.

- A participação nesta Coletânea implica a aceitação total e irrestrita de todos os itens deste regulamento.

- As Obras não selecionadas para a Coletânea serão destruídas e apagadas das bases de dados do Festival.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

A. A. de Assis (Jardim de Trovas) 44

 

Aparecido Raimundo de Souza (Um dia, o amor)

SEM MEDO DE ERRAR, aquele se fazia um coração que batia descompassado, como se dançasse tresloucado ao som de uma música envolvente, porém, que só ele conseguia ouvir. Esse coração pertencia a Lafaiete que amava profundamente, mas cujo amor, por algum motivo desconhecido, não se fazia retribuído. Assemelhava, sem tirar nem por, a um amor unilateral, tipo essas paixões doidivanas que ardem como fogo em um dos lados e permanecem frios e gélidos no outro.

Lafaiete por conta desse vazio terrificante, vivia batendo cabeça entre as estrelas e a melancolia. Entre o sonho não vivenciado e uma realidade não palpável. Nas noites mais escuras, olhava demoradamente para o céu e imaginava que cada estrela representava uma quimera não decantada, um desejo não correspondido, um tempo incerto e não vivenciado. Cada brilho distante se esboçava como uma lembrança dolorosa; um eco daquilo que poderia ter sido; mas nunca se fez palpável.

Por conta disso, “trocentas” vezes mergulhava em pensamentos ociosos, relembrando os momentos cavernosos, em que a pessoa amada estava por perto, sem estar. Cada sorriso, cada olhar, cada toque, eram guardados como preciosidades raras em seu coração. Contudo, ao mesmo tempo, essas lembranças e regalos também se transformavam em punhais perfurando a sua alma com a certeza de que nunca seriam mais do que isso: lembranças.

O amor não correspondido, para ele, se assemelhava a uma ferida que não cicatrizava. Se fazia pesado numa dor que não se resolveria com remédios ou palavras de consolo. Tudo se agigantava numa sensação estranha e densa de estar desabrigado, de não ter um lar para o aconchego do coração. Lafaiete se perguntava: “Como poderia algo belo e intenso, causar angústia tão degradante”?

Todas as noites, depois que chegava do trabalho, se trancava em seu quarto. Sentava na escrivaninha e escrevia cartas. Compunha missivas longas que nunca seriam enviadas. Poemas que jamais seriam declamados. Redigia para exorcizar a dor, para dar voz e forma aos sentimentos que o sufocavam interiormente. Assim, meio que abrupto, nasceu um poeta dentro dele. Cada verso, uma lágrima transformada em palavra, cada linha uma saudade eternizada na tinta de sua caneta esferográfica.

Mas o tempo passou, e Lafaiete aprendeu, a trancos e barrancos, que o amor não correspondido não mostrava o fim do mundo. Ele descobriu que a amargura poderia se transformar em algo mais suportável. Que as mágoas, em uma série de versos, os seus pensamentos dariam lugar à aceitação. Afinal, o amor não é apenas sobre ser amado ou ter alguma compensação em troca. É sobre sentir, assimilar, viver, usufruir, gozar, mesmo que num determinado ponto, alguma coisa descambe para a dor causticante e importuna na sua maior forma de expressão.

Assim, entre as estrelas e a melancolia, a consternação e a repugnância, Lafaiete se deparou com um novo caminho a ser seguido. Percebeu que o amor não correspondido não o mataria, ao contrário, o transformaria num novo ser. Um corpo de concepções vivificadas. Quem sabe, talvez um dia, encontrasse alguém de verdade. Uma criatura que olhasse para o mesmo céu e visse as mesmas estrelas. Alguém de olhos deslumbrantes que igualmente tivesse um coração descompassado, dançando ao som de uma música elegantemente invisível, contudo, maviosa e fruitivamente sonora.

Quem sabe, outro lado da mesma moeda, nesse encontro de almas solitárias, oxalá o amor finalmente se tornasse recíproco, mútuo e equivalente. Até lá, enquanto a esperança não bate definitivamente em sua porta, Lafaiete continuará a grafar as suas crônicas, suas poesias e cartas não enviadas. Afinal, o amor não correspondido ou não galardoado, também tem a sua beleza, a sua amenidade, a sua magia e a sua profundidade.  

Um dia (sempre há um dia), ele, Lafaiete, se torne o protagonista único de uma história de amor marcante, chique, saliente e infinita, tipo um conto perpétuo e, que não caiba apenas entre as estrelas... também se coadune nos braços de uma jovem elegante que o ame de volta, com a mesma intensidade e deleite. E cujo amor ardente e garboso será incondicionalmente palpável até o final de seus dias.

Fonte: Texto enviado pelo autor 

Professor Garcia (Álbum de Haicais) – 2


A luz do luar,
vejo arabescos na areia
de espumas do mar!
= = = = = = = = = 

A noite me aquece;
e eu, sem dormir um segundo,
o dia amanhece!
= = = = = = = = = 

A noite sem sono
e, a lua cheia de luz,
sozinha no abandono!
= = = = = = = = = 

Aos raios, o orvalho,
é o pranto cristalizado
no olhar do espantalho!
= = = = = = = = = 

Aquele sem teto,
que tem a noite por leito,
precisa de afeto!
= = = = = = = = = 

 A velha candeia,
piscava quase sem luz;
ó, que noite feia!
= = = = = = = = = 

Cai a tarde mansa.
No por do Sol, no poente,
sombras de esperança!
= = = = = = = = = 

Folhas pelo chão,
São meus sonhos que se arrastam
cheios de ilusão!
= = = = = = = = = 

Longe dos meus campos,
das outonais primaveras,
não há pirilampos!
= = = = = = = = = 

Minha mãe, de joelhos,
com o velho terço entre os dedos,
pede a Deus, conselhos!
= = = = = = = = = 

Nas brisas serenas,
no sopro de um vento brando,
a voz das camenas*!
= = = = = = = = = 
* Camenas = musas
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No botão da flor,
depois da explosão da rosa,
os lábios do amor!
= = = = = = = = = 

No esplendor das matas,
há mil cantos seresteiros
na voz das cascatas!
= = = = = = = = = 

No livro do adeus,
conto as mesmas digitais
desses dedos seus!
= = = = = = = = =

Ó, destino meu!
Nunca me carregue um sonho
que a sorte me deu!
= = = = = = = = = 

Ouço a voz do mar;
mesmo quando o mar se alteia,
é o mesmo cantar!
= = = = = = = = = 

Passa a multidão;
no meio dessa fanfarra,
segue a solidão!
= = = = = = = = = 

Pousou na janela,
meu bem-te-vi cantador;
que linda aquarela!
= = = = = = = = = 

Que lindo arrebol:
Todo o meu jardim se abrindo,
aos raios do sol!
= = = = = = = = = 

Se chove lá fora,
ficamos nós dois a sós,
e assim, ninguém chora!
= = = = = = = = = 

Seresta na rua?
bandolins e violões
violando a lua!
= = = = = = = = = 

Sonho que se sonha,
se for um sonho de amor
não nos envergonha!
= = = = = = = = = 

Sozinho no mundo,
pisando em terras estranhas,
sou qual vagabundo!
= = = = = = = = = 

Surge a luz do sol;
e uma auréola de luz
brilha no arrebol!
= = = = = = = = = 

Teu choro foi tanto,
que deixou teus pés e os meus,
cobertos de pranto!
= = = = = = = = = 
Fonte> Professor Garcia. Poemas do meu cantar. Natal/RN: Trairy, 2020. 
Enviado pelo autor.

Irmãos Grimm (O violino maravilhoso)


Era uma vez um homem muito rico, mas muito avarento, que tinha como criado um rapaz honesto e ativo, como não haverá muitos. Todas as manhãs, o moço se levantava ao romper da aurora e só se deitava ao último cantar do galo.

Quando havia algum trabalho mais penoso, ante o qual todos recuavam, o rapaz fazia-o, contente, satisfeito e sem sombra de azedume.

Logo que acabou o primeiro ano de permanência na casa do avarento, que não estipulara soldo, não recebeu um ceitil (tipo de moeda) de paga, pensando de si para si que o moço, não tendo dinheiro, não tentaria outra colocação. O rapaz calou-se e continuou a trabalhar como antes, e ao cabo de dois anos, o avarento nada deu, o rapaz permaneceu no seu mutismo.

Ao fim do terceiro ano, o rico, espicaçado pela consciência, meteu a mão no bolso para remunerar o criado fiel, mas, raciocinando, arrependeu-se e tirou a mão vazia. O rapaz exclamou então:

— Patrão servi-o três anos o melhor que me foi possível; agora quero ver mundo e por isso peço que me pague as moedas que me deve.

— Tens razão! — respondeu o rico avarento — Fiquei sempre muito satisfeito com o teu trabalho e a tua boa-vontade, e por isso vou remunerar-te como mereces. Aqui tens três escudos novos; é um por cada ano que me serviste.

O rapaz, que andava sempre alegre e que era de uma grande simplicidade no que respeitava a dinheiro, julgou ter recebido uma fortuna que lhe permitiria viver vida folgada por largos anos.

Disse adeus ao antigo patrão e foi-se embora, atravessando montes e vales, cantando, saltando e alegre que nem um passarinho.

Ao acercar-se de um monte, viu sair um velhinho muito curvado que lhe gritou:

— Olá, companheiro, não pareces levar em conta os pesares à tua vida?!

— Que ganho eu em me apoquentar? — retorquiu o moço — Tenho na algibeira o soldo de três anos de trabalho.

— E a quanto monta essa fortuna?

— A três escudos novinhos, muito luzidios. Olha, sinto-os tilintar, quando lhes toco com as mãos.

— Ora ouve cá — tornou o gnomo, de bom coração como se vai ver. – Eu estou muito velhinho, e forças para trabalhar já não tenho; tu, que és novo e forte, estás ainda em bom tempo de ganhares a vida.

O rapaz, que era de boa índole, apiedou-se do velho gnomo e fez-lhe presente dos três preciosos escudos que tanto prazer lhe davam.

— Como és generoso — expressou-se então o gênio bom em figura de gnomo — dou-te licença para que me peças três coisas que são a paga dos teus três escudos.

— Então, pois sim! — fez o rapaz incredulamente — Isto que tu queres fazer é só do domínio das fantasias para entreter crianças. Mas, enfim, sempre quero experimentar. Desejo então: uma espingarda que acerte logo no que eu mire; um violino que tenha a virtude de forçar a todos bailar, quantos me ouçam e, finalmente, que toda e qualquer pessoa me conceda, sem mais nem menos, a graça que eu pedir.

— És modesto no pedir — retrucou o gnomo que, curvando-se, tirou do monte uma espingarda, e um bonito violino que se podia meter na algibeira. Aqui tens — continuou o gnomo ao os dar-lhe — e fica ciente de que serás servido sempre na primeira graça que solicitares.

O rapaz, jovialíssimo, continuou a sua rota. Depois de caminhar um bocado deparou-se-lhe um judeu, muito feio, com barbas de bode muito compridas e que estava absorto a ouvir o canto de uma avezinha.

— É extraordinário que um animal de tão pequeno talho, possua um trinado tão cheio. Quanto não daria eu para o ter engaiolado!

— Posso satisfazer o teu desejo — disse o rapaz que tinha ouvido as últimas palavras, e apontando a espingarda ao passarinho, este caiu atordoado em cima dos espinhos.

— Vá lá, seu maroto, vá lá buscar o passarinho.

— Tratas-me com crueldade — respondeu o judeu — mas não deixo de agradecer-te e vou apanhar a avezinha.

Em seguida meteu-se pelos espinhos custando-lhe a abrir caminho. De súbito o rapaz teve uma estupenda lembrança: principiou a tocar o violino. Logo o judeu ergueu as pernas e começou a saltar, a pular, a contorcer-se todo, ficando preso nos espinhos dos ramos, em que se achava e que lhe espicaçavam a cara, arrancando-lhe as barbas; ficou com o vestuário todo rasgado e a cara a escorrer sangue.

— Ai, ai! — lastimava-se o infeliz judeu — Sossega, aquieta-te, não toques mais nesse amaldiçoado instrumento, aqui não é lugar próprio para baile!

O azougado moço não fazia caso do pedido pensando com os seus botões:

— Este rabino esfolou tanto infeliz enquanto pôde, que é justo que seja esfolado agora!

E de novo tomou o violino tirando acordes mais ligeiros. O pobre judeu, forçado a acompanhar o compasso, pulava e saltava; a cara cada vez estava mais ensanguentada, o fato desfazia-se em farrapos e o pobre velho gemia de dor. De súbito gritou:

— Apieda-te de mim, pelas barbas de Abraão, que em paga te darei uma bolsa cheia de dinheiro que trago comigo.

— Alegras-me tanto com essa boa-nova que vou guardar o dinheiro. Antes, porém, quero dar-te os meus parabéns pela maneira graciosa e original por que danças! É uma perfeição!

O judeu então, entregando-lhe a bolsa que prometera, suspirou imenso, enquanto que o alegre moço continuou a andar, cantando. Quando já o não avistou, o rabino, não podendo conter o seu rancor, exclamou:

— Músico das dúzias, estás a dever comigo. Grande espertalhão! Hás de pagar-me a partida mais cara do que ossos!

Tendo com essa fala dado vazão ao seu ódio, seguiu por atalhos e alcançou a cidade mais próxima antes que o rapaz aparecesse. Uma vez lá, foi queixar-se ao juiz nestes termos:

— Venho aqui pedir justiça, senhor, para um maroto que me atacou, maltratou e roubou o que eu trazia. A prova de que não minto é olhar-me a maneira porque vem o fato e a minha cara. Forçou-me a dar-lhe a bolsa que trazia, cem moedas de ouro, que eram todo o meu pecúlio, as economias que consegui com o meu trabalho, o único bem que possuía. Faça todo o possível para que esse tesouro me seja restituído.

— Foi com alguma arma que o gatuno te pôs assim? — perguntou a autoridade.

— Nada, não senhor. Agarrou-me e arranhou-me. É ainda moço, e traz uma espingarda e um violino; com estes dados facilmente se identifica.

O magistrado pôs em campo os guardas, que depressa viram o indicado espertalhão, que muito tranquilamente se encaminhou para essa localidade. Deram-lhe voz de prisão e trouxeram-no ante o magistrado e o judeu, que repetiu a acusação.

— Não toquei nessa criatura nem com um dedo — defendeu-se o rapaz — assim como não lhe tirei à força o dinheiro que ele trazia; ofereceu-me da melhor vontade para que eu não tocasse mais no violino, cujos acordes o faziam nervoso!

— É mentira! — exclamou o rabino — Está a mentir impunemente!

— Está resolvida a questão? — ajuntou o magistrado — Pois é caso extraordinário um judeu dar de mão beijada uma bolsa com ouro, só por não ouvir um bocado de música. Pois senhor: a sentença do seu mau ato está lavrada: vai ser enforcado imediatamente!

O verdugo — que se havia ido chamar, segurou o inocente moço, conduziu-o à forca, que já estava erguida na praça principal onde acorreu toda a cidade em peso, e o rabino fora o primeiro a mostrar-se fazendo menção de socar o pobre condenado, vociferando:

— Espertalhão, vais ter a recompensa que te é devida!

O moço conservou-se muito tranquilo; subiu sozinho a escada apoiada à forca; ao chegar ao topo, virou-se para o juiz já togado, que viera vistoriar o patíbulo e solicitou-lhe:

— Antes de ter o nó na garganta, concede-me um derradeiro favor?

— Concedo — respondeu o magistrado — desde o momento em que não seja o perdão!

— Nada disso é, pois não sou tão exigente... desejava apenas tirar uns ligeiros acordes do violino!

Ao ouvir tais palavras, o rabino deu um estridente grito de susto e pediu encarecidamente ao juiz que não consentisse!

— Qual a razão porque não hei de conceder a graça que este homem me pediu, se é a única alegria que por instantes posso dar-lhe? Tragam-lhe o violino.

— Ai, meu Deus! — lamentou o rabino ao querer fugir, mas sem que lhe fosse possível abrir caminho pela compacta massa de povo que enchia a praça.

— Dou-lhe uma peça de ouro, — prometeu ele no auge da aflição — se me amarrar com força ao pau da forca!

Nesse instante, porém, o rapaz deu o primeiro toque no violino. O magistrado, o escrivão, o agente, os guardas, enfim tudo o que compunha o corpo da magistratura da terra, os circunstantes, o próprio judeu, tiveram um estremecimento; ao segundo toque, todos ergueram as pernas, o próprio verdugo desceu a escada e colocou-se em pé de dança.

O moço então — ao vê-los naquela pouco parlamentar atitude — tocou o mais possível, e agora os vereis: o povo fazia cabriolas; o juiz e o judeu saltavam como que movidos por molas; rapazinhos, velhos, magros, gordos, tudo dançava; se até os cães se erguiam nas patas de trás e dançavam como todos! O condenado deu uns acordes mais fortes e nessa ocasião era inexplicável o movimento: pareciam possessos de algum espírito ruim, batendo com as cabeças umas nas outras, pisando-se, acotovelando-se, atropelando-se. Gemiam com dores, e o magistrado, aflito, fatigadíssimo, pediu:

— Não toques mais que eu perdoo-te! Foi o que o moço quis ouvir, visto que, concordando que o gracejo fora longo, parou e guardou o violino no bolso, desceu os degraus e veio postar-se em frente do rabino que, fatigado, extenuado, exausto, se sentara na rua, respirando a custo.

— Agora és tu quem vais confessar a proveniência da bolsa que me deste, com peças de ouro. Não mintas, do contrário pego novamente no violino e tornas a dançar! — Tais as palavras que o rapaz dirigiu ao judeu, que confessou terrificado:

— Roubei-a, roubei-a, tu tiveste jus a ela pela tua honestidade; dei-a para que não tocasses mais no violino!

Aparecendo o juiz, já um pouco refeito do cansaço, inquiriu do que se havia passado e provando-se à evidência que tinha havido roubo, mandou enforcar o rabino.

Fonte: Contos de Grimm. Publicados de 1812 a 1819. Disponível em Domínio Público.

Recordando Velhas Canções (Construção)


Composição: Chico Buarque

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado

Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego

Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo

E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair
Deus lhe pague

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague
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A Crítica Social em 'Construção' de Chico Buarque
A música 'Construção', composta por Chico Buarque em 1971, é uma das obras mais emblemáticas da música popular brasileira, conhecida por sua crítica social aguda e pela complexidade de sua estrutura lírica. A canção narra a história de um operário da construção civil que, ao longo de um dia de trabalho, acaba por encontrar a morte de forma trágica e aparentemente banal. A repetição de ações 'como se fosse' a última vez, seguida pela morte do trabalhador, sugere a precariedade da vida e a rotina desgastante a que muitos trabalhadores estão submetidos.

A estrutura da música é notável por seu rigor formal, com versos que terminam sempre com palavras paroxítonas, e pela repetição de frases que vão se alterando sutilmente ao longo da canção, refletindo a mudança de perspectiva do protagonista diante da vida e da morte. A repetição de ações cotidianas, como beijar a esposa e comer feijão com arroz, contrasta com a fatalidade do acidente, evidenciando a fragilidade humana diante das estruturas sociais e econômicas.

Além disso, a música termina com uma série de agradecimentos irônicos, 'Deus lhe pague', que podem ser interpretados como uma crítica à sociedade que explora o trabalhador e o submete a condições de vida e trabalho indignas. Chico Buarque, conhecido por suas letras engajadas e por sua oposição à ditadura militar brasileira, utiliza a música como um meio de denunciar as injustiças sociais e a desumanização do indivíduo pelo sistema capitalista. 'Construção' permanece relevante como um poderoso comentário sobre as condições de trabalho e a desigualdade social no Brasil e no mundo.
https://www.letras.mus.br/chico-buarque/45124/

Estante de Livros (“O sonho de um homem ridículo”, de Dostoiévski)


texto enviado por Jaqueline Machado (Cachoeira do Sul/RS)

E... Assim começa a narrativa em primeira pessoa: 

“Eu sou um homem ridículo.”

Estou me referindo a uma pequena história escrita por Fiódor Dostoiévski.

Pequena no físico, mas grande em sua alma. Essa é uma das obras mais lindas que já tive o prazer de ler. 

Conta a triste e ao mesmo tempo feliz história de um personagem sem nome, solitário, que residia numa pensão. Ele era desgarrado da família e do mundo. E tinha uma visão gélida sobre o mundo. 

“Eu senti, de repente que, para mim, dava na mesma se o mundo existisse ou se não houvesse nada em lugar nenhum. Comecei a perceber e a sentir, com todo o meu ser, que não havia nada ao meu redor.”

Ele sempre foi indiferente à vida. E decidiu se matar. Mas numa certa noite nervosa, em suas andanças pela cidade de Petersburgo, encontrou uma menina de mais ou menos oito anos, maltrapilha, chorando, desesperada. Ela pediu ajuda ao Homem Ridículo, porque sua mãe estava morrendo. E ele, amargurado e indiferente ao caso, enxotou a criança. Mas ao retornar para casa, com a arma do seu lado, se vê acometido por lembranças do encontro com a menina. Apesar da atitude cruel, sim, ele estava incomodado com o sofrimento da pobre criança desesperada em busca de ajuda para socorrer sua mãe. E esse sentimento inusitado, milagre noturno pareceu libertá-lo da fria inércia provocada pela ausência de sensações que o desumanizava. Com isso, decidiu deixar o suicídio para depois. Se deixa levar por novas reflexões. E caiu num sono profundo. 

Ele se viu morto, enterrado. E depois sendo levado a um outro mundo, por um ser desconhecido. Um mundo de sol igual ao nosso, de homens belos. Era um mundo sem pecados.       

Lá, as árvores conversavam com os homens, ninguém brigava por suas supostas diferenças, toda a natureza era tratada de igual para igual de forma genuína.  Viviam de maneira abundante, simples e amável.  Os filhos dos outros, eram também seus filhos. Suas atividades se concentravam em como amar mais uns aos outros. 

Ao acordar, estava transformado, entusiasmado, amando tudo e a todos. Decidido a dividir com o mundo inteiro as mensagens vistas e vividas no sonho. Mas os seres humanos o consideraram um perfeito ridículo. 

“Os homens podem se tornar belos e felizes sem que para isso tenham que deixar de viver na Terra. Eu não quero, e não posso crer que a maldade seja o estado normal do homem. Mas todos riem da minha crença.” Disse ele, lamentando a desatenção das pessoas para com o mundo e seus irmãos. Pois sabia que, bastava um instante de boa vontade da humanidade para converter a Terra manchada por pecados, num Paraíso. 

Fonte: Texto enviado pela autora 

terça-feira, 23 de abril de 2024

Concurso Poetizar o Mundo 2024 (Prazo: 17 de maio)


CONCURSO SÓ PARA MORADORES DE CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA

Modalidade: Poesia até 10 versos 

Organizadora: Escritora e poetisa Isabel F. Furini, autora do livro “Dançando entre as estrelas”, da Nogue Editora.

1) O Concurso de Poemas tem como objetivo estimular a produção literária e é destinado a todas as pessoas maiores de 18 anos que apresentem um poema inédito e escrito em português, com máximo de 10 versos (linhas).

2) O tema é livre, a inscrição é gratuita e poderá ser feita até 17 de maio de 2024. Só serão aceitos poemas de moradores de Curitiba e região Metropolitana.

3) Cada concorrente poderá participar com apenas um poema inédito (ou seja, ainda não impresso em papel, nem publicado na internet), e que não tenha sido premiado em outro concurso.

4) Consideram-se inscritas as obras enviadas para o e-mail: 

isabelfurini@hotmail.com

Em "assunto": Concurso Poetizar o Mundo 2024.

Enviar o poema diretamente no e-mail, sem anexo, escrito em língua portuguesa, digitado em espaço 2 (dois), com fonte Arial, tamanho 12 (doze).

6) Deverá constar no final: o título do poema, nome completo do autor, seu endereço, e-mail, telefone, RG, e 4 ou 5 linhas de currículo.

7) A comissão julgadora será composta por Isabel Furini, José Feldman e Daniel Maurício.

8) Premiação: o primeiro lugar receberá Medalha e Certificado, o segundo e terceiro lugares receberão Certificados, em 16 de junho, 11 horas, na Feira do Poeta de Curitiba. 

9) Os ganhadores serão informados pelo e-mail.

O resultado do concurso será divulgado em sites literários da Internet e nos blogs: http://www.isabelfurini.blogspot.com/ e Falando de Literatura, do Bonde News.

10) O resultado será divulgado em 16 de junho de 2024. Na ocasião, também serão homenageados com medalhas de honra duas personalidades que trabalham em prol da cultura, a poeta Edra Moraes e a artista Cili Nandes.

11º) O encaminhamento dos trabalhos na forma prevista neste regulamento implica concordância com as disposições nele consignadas.

Fonte: Isabel Furini

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Isabel Furini (Poema) 58: Latejar

 

Contos e Lendas da Espanha (O Galego e o cavalo do rei)

Certa vez aconteceu um fato curioso com um galego que era criado de um rei.

Esse rei tinha um belíssimo cavalo branco. E o prezava mais que a todas as riquezas que possuía. Gostava tanto do animal, que anunciou, que seria capaz de mandar para a forca o homem que lhe trouxesse a notícia mais triste do mundo. E quando lhe perguntaram que notícia seria essa, o rei respondeu sem hesitação:

— A morte do meu cavalo, oras. O que mais poderia ser?

Algum tempo depois, um soldado andaluz estava cuidando do cavalo, como fazia todas as manhãs. De repente, o animal se assustou. Relinchando, deu um coice no ar com tanta força, que escorregou e quebrou uma pata. Sem outra alternativa, o soldado teve de sacrificá-lo ali mesmo. Depois, começou a tremer de medo, pois conhecia muito bem a ameaça do rei. E não duvidava que ele fosse capaz de mandar enforcá-lo. 

Apavorado, o soldado chegou a molhar a camisa, de tanto que transpirava e tremia. O galego, que naquele momento entrava na cocheira, deparou-se com um triste quadro: o cavalo sem vida e o soldado pálido como um fantasma, a ponto de sofrer um ataque e cair ali mesmo, ao lado do animal.

— O que aconteceu? — perguntou o galego.

O soldado contou, mas sua voz soava tão trêmula, que o galego o interrompeu:

– Espere um. pouco enquanto vou buscar um copo de água. Você precisa se acalmar, homem.

O galego voltou rapidamente;

– Pronto, aqui está. Trate de beber a água em pequenos goles e tome cuidado para não se afogar.

O soldado obedeceu, E com um olhar de gratidão, devolveu o copo ao galego:

— Obrigado, amigo.

— Sente-se melhor?

_ Não muito... Pois minha vida está por um fio.

– Calma — o galego recomendou. — Conte-me o que aconteceu.

O soldado assim o fez. No final, disse:

– Você estava presente quando o rei deu aquela declaração?

– Sim. Ele jurou que mandaria enforcar... O homem que lhe levasse a notícia da morte de seu cavalo — o soldado completou, voltando a tremer como uma vara verde no meio da ventania.

— Sabe de uma coisa? — disse o galego. Acho que vou livrá-lo dessa encrenca.

— Mas como?

– Encarregando-me de levar a notícia ao rei.

– Agradeço, mas isso não é justo. Não quero que você seja morto em meu lugar.

– Acontece, meu amigo, que não pretendo morrer tão cedo.

— E o que você tenciona fazer?

– Isso é comigo. Agora, trate de levar o cavalo para o pasto. 

E o galego se afastou, muito tranquilo e confiante. Com um suspiro de alívio, o soldado andaluz apressou-se a cumprir a ordem do galego. Pediu a outros criados que o ajudassem, colocou o cavalo numa carroça e deixou-o no pasto.

O galego entrou no palácio do rei e disse aos guardas que tinha uma notícia importante. O rei, que tratava com deferência os empregados responsáveis por seu belo cavalo, não tardou a recebê-lo.

— E então? — perguntou. — O que há?

Saiba Vossa Majestade que o cavalo branco está jogado lá no pasto, com moscas entrando-lhe pela boca e saindo-lhe pelo rabo.

O rei, assustado, exclamou:

– Mas, homem, isso quer dizer que ele morreu!

— Ah, eu não sei, majestade, pois não sou veterinário.

Assim, o galego escapou da forca, pois não tinha sido ele, e sim o rei, quem havia dito que o cavalo estava morto.

Fonte> Yara Maria Camillo (seleção). Contos populares espanhóis. SP: Landy, 2005.