quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Olivaldo Junior (Um Menino e seu Natal)

Na janela sem luzinhas lá de casa, um menino fica à espera de um amigo que não vem. Passa um dia, passam dois, passam três, e nada!... Inquieto, o menino da minha história fica insone, sem graça, sem gosto pela vida, sempre à espera do amigo ausente que não vem.

Podia vir de trem. Podia vir de carro. Podia vir até de avião a jato, de foguete!... Nada. Nem um resquício de sua vinda até à janela do velho menino que só quer o velho amigo a seu lado. Podia vir por bem. Mas não virá, nem mesmo por mal. É um amigo que nunca vem.

É Natal, sim, é Natal!... Os meninos querem mais do que um colinho, um "Durma bem", um beijo doce da mulher que os trouxe ao mundo. Uns querem bola; outros, bike; mas um menino, à janela de sua casa, num bairro periférico da city em que mora, quer o amigo.

Amanhã, quem diria, é vinte e seis de dezembro. O Natal será história, memória, vitória do tempo sobre o homem, que só se lembra do que se foi quando o presente se desfez e já não pode ser mudado. Mudo, um menino, sem Noel, nem Jesus Cristo, sem amigo, reza.

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O autor

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