sexta-feira, 10 de maio de 2024

Mensagem na Garrafa = 118 =


Tito Olívio
Lisboa/Portugal

O VERÃO DE ANTIGAMENTE

Nos anos 30 e 40 do século passado, que incluíam os seis anos da Segunda Guerra Mundial, já havia uma grande afluência às praias, mas ao domingo, que era o único dia de descanso semanal. No campo ainda se trabalhava de sol a sol e só tinham férias de um mês os funcionários públicos. Na atividade privada, os patrões davam quinze dias de férias por ano e apenas aos empregados mais antigos.

Como a quase totalidade das pessoas tinha de utilizar os transportes públicos, somente podia frequentar as praias servidas por eles. Quem vivia em Lisboa tinha ao seu dispor o elétrico, o comboio de Cascais e os barcos do Tejo. O primeiro chegava até o Dafundo, permitindo que se aproveitasse a praia de Algés ou a da Cruz Quebrada; o segundo tinha início no Cais do Sodré e servia toda a chamada linha, permitindo usar as praias de Caxias, Paço de Arcos, Parede, Estoril e Cascais; os terceiros partiam de Belém e dirigiam-se para a Trafaria, de onde havia autocarros (chamavam-se camionetas) para a Costa da Caparica. O transporte mais barato era o elétrico, mas, mesmo assim, andava-se muito a pé, para poupar uns centavos. O custo dos bilhetes estava dividido em três escalões, conforme a distância, sendo de cinquenta (verde), oitenta centavos (amarelo) e um escudo (vermelho). Aos dias de semana e antes das oito horas da manhã, este último tinha um desconto para setenta e cinco centavos e chamava-se bilhete operário.

Os pobres atravessavam a cidade de Lisboa, a pé, descendo para a rua marginal, onde apanhavam o elétrico que partia de Xabregas e seguia até à Cruz Quebrada, passando pelo Terreiro do Paço, Cais do Sodré, Alcântara, Belém e Algés, cujo bilhete custava um escudo, estando isentas as crianças até os quatro anos.

Na praia, os banheiros instalavam barracas e toldos, mas os mais pobres sentavam-se na sombra formada nas traseiras das barracas, onde não tinham de pagar. Os banhos eram de manhã e à tarde e o almoço não era menos importante. Comia-se de prato e garfo e ninguém dispensava o garrafão de vinho. Para isso, as mulheres levavam, em alcofas de palha ou em cestos de verga, a comida feita, a louça e talheres necessários. Estas refeições também não dispensavam o guardanapo de pano e a fruta. Por essa altura, estavam na moda os piqueniques, que, fora do Verão, eram feitos nos campos de cultivo e nas hortas dos arredores da capital, porque ainda não estavam ligados a Lisboa o Lumiar, Odivelas, Sacavém e Olivais.

As férias escolares eram de três meses, de Julho a Setembro. A burguesia alugava casas de pescadores nas praias do litoral oceânico, entre Sintra e Mafra, onde, os homens deixavam a família e as criadas, ficando em Lisboa a trabalhar, apenas podendo aproveitar aquela mudança de ares nos domingos e nas suas pequenas férias. As pessoas do povo, porém, não podendo dar-se a esse luxo, iam ao domingo à praia, de transporte público. Os oriundos de fora da capital aproveitavam as férias do chefe da família para irem para a terra, exibindo, na pobreza das aldeias provincianas, uma falsa riqueza de quem vivia em Lisboa, traduzida em roupas novas e em dinheiro para gastar nas vendas.

Fonte> Carlos Leite Ribeiro e Iara Melo (eds.). Recanto da Prosa e do Verso. Ano II - Agosto - 2009.

Professor Garcia (Reflexões de um Trovador) * 1 *


A chuva fina parece
nas gotas que vêm e vão,
ladainhas de uma prece
no altar-mor da solidão!
= = = = = = = = = 

Aos calos de minha mão,
confesso que não me oponho!...
Vêm dos sonhos que se vão,
na busca de um novo sonho!
= = = = = = = = = 

Até o mar que é insolente,
depois que ruge e se alteia...
Abre os braços mansamente
e abraça os braços da areia!
= = = = = = = = = 

A vida tem seus quebrantos,
seus motivos, seus matizes.
Uns vão perdendo os encantos
e, outros de encantos felizes!
= = = = = = = = = 

Brinquedo que eu não largava,
meu palhacinho sem jeito
que, quando triste, me  olhava,
sorria alguém no meu peito!
= = = = = = = = = 

Cada gotinha de orvalho
na folha cristalizada,
é um lindo penduricalho
na orelha da madrugada!
= = = = = = = = = 

Do mundo eu jamais duvido,
vivo preso aos seus gradis;
e esse tributo, indevido,
pago por ser mais feliz!
= = = = = = = = = 

Entre nós dois, há memória,
tão louca e tão sem viés,
que há loucuras dessa história
por trás, de seus rodapés!
= = = = = = = = = 

Envelheceu na jornada!...
Na busca, o velho andarilho
já sentindo o fim da estrada,
enfim, abraça o seu filho!!!
= = = = = = = = = 

Eu retorno à velha praça
do tempo da mocidade,
onde a saudade me abraça
nos braços de outra saudade!
= = = = = = = = = 

Eu volto aos tempos infindos,
preso aos gradis da distância,
pra ver meus sonhos mais lindos
nos olhos verdes da infância!!!
= = = = = = = = = 

Insone, na madrugada,
em meio a tantas mudanças,
quanta lembrança acordada
nos braços de outras lembranças!
= = = = = = = = = 

Lembro de tua arrogância,
dos teus nãos e dos teus trancos.
Ah! teus apupos da infância,
estão de cabelos brancos!
= = = = = = = = = 

Na tarde que silencia
ou logo ao romper da aurora,
há um silêncio que angustia
e uma alegria que chora!
= = = = = = = = = 

No casebre abandonado
entre as trempes do fogão,
ao ver o fogo apagado,
vi, a luz da solidão!!!
= = = = = = = = = 

O homem conduz os seus passos,
e, às vezes, em vãos dilemas
tropeça e cai noutros braços,
nos braços de outros problemas!
= = = = = = = = = 

O papel já desbotado,
as letras perdendo a cor
e, em cada letra, um recado
e uma lágrima de amor!
= = = = = = = = = 

O seu canto, ó carrilhão,
não decifro o que descreve!...
pode ser de solidão
ou de um longínquo até breve!
= = = = = = = = = 

O tempo é um poeta astuto
e, este sábio professor,
pode mostrar num minuto,
todas as regras do amor!
= = = = = = = = = 

O tempo um velho inquilino,
mesmo invisível, sem voz,
aos poucos, muda o destino
dos planos de todos nós!
= = = = = = = = = 

Ó, violino tão plangente,
por que é que tu transmites,
dores das tardes da gente
dessas tardes, sem limites?!…
= = = = = = = = = 

Palhaço que ri não chora.
Nesta afirmação não entro;
às vezes, rindo por fora,
esconde o choro por dentro!
= = = = = = = = = 

Por sobre pedras e espinhos,
prossigo em minha jornada,
que os cardos dos meus caminhos,
não ferem meus pés na estrada!
= = = = = = = = = 

Quem divide o pão que come
mantém viva a luz acesa,
que brilha mostrando a fome
de quem não tem pão na mesa!
= = = = = = = = = 

Recebi o seu bilhete
e entendi os gestos seus,
escritos num só verbete
da velha palavra "adeus"!!!
= = = = = = = = = 

Vê na lua cor de prata,
que a solidão que a angustia,
é a mesma que nos maltrata
na noite pobre e vazia!
= = = = = = = = = 
Fonte> Facebook do trovador.

Laé de Souza (Eta Carnaval!)

Carnaval é considerado uma festa diabólica. Tanto que para se livrar dos perigos e tentações e rezar pelas almas mais fracas, que nessa época realizam-se os retiros espirituais dos quais Belarmino participou muitas vezes em isolamento total do mundo material. E nos últimos, para penitenciar-se de pequenos pecados, com jejum e tudo.

Neste ano, não falou nada e, na sexta-feira, sumiu. Procurou-se pelo Belarmino por tudo quanto era lugar, desde delegacias até necrotérios e nada. 

Um menino da vizinhança disse ter visto passar o seu Belarmino vestido com uma bermuda preta com adornos brancos nos fundos, uma camiseta com bolinhas nas mangas, no peito um verso carnavalesco e nas costas um desenho da Tiazinha, e de tênis sem meia. Mas conversa de menino ninguém nunca sabe se é verdade ou fantasia.

Com os parentes desanimados e dado como integrante da lista de desaparecidos, no entardecer da quarta-feira, chega o Belarmino, vestido do jeitinho que descreveu o guri. Ele, nem aí com perguntas simultâneas da mulher, alegando muita de dor de cabeça da ressaca, pediu que não fizessem barulho e nem o chamassem porque queria dormir e se curar. Assustados com o jeito bravo e olhos esbugalhados, ninguém teve coragem de contestar.

Descobri numa conversa de boteco, ainda ontem, o que ocorreu.

Belarmino, depois de tomar algumas, se abriu comigo. Vinha de algum tempo cabisbaixo. Depois que fora dispensado do emprego, notou que a mulher e filhos não estavam lhe dando o devido respeito. Seu comando vinha caindo e a mulher até lhe passava alguns carões. 

Aquele ciúme que ela tinha, parece que se esvaiu e que ele não estava lá essas coisas para despertar vontade em ninguém. A mulher implicava não com sua demora fora de casa, mas suas idas e vindas para a rua a toda hora, sem saber o que fazer. E lhe dizia com energia: "Resolve Belarmino, ou fica fora ou dentro que está atrapalhando a limpeza da casa." Já começava a ouvir insinuações, tipo "quem te quer", "te olha", e aí decidiu. Queria ver se estava assim mesmo tão jogado. Pegou o dinheiro da última parcela do seguro-desemprego e torrou na roupa, confetes e serpentinas e deixou uns caraminguás para gastar em cervejas e para o que aparecesse. Nunca se sabe.

Confessou-me que percebeu que seu astral não estava tão baixo assim. Enganou-se a mulher. Encontrou, pelas cinco noites, gente que se amarrou na dele que não foi fácil! Abraçou e foi agarrado por mulheres bonitas ao som dos tamborins, mas na segunda noite já estava pulando de mãos dadas com uma fulana que era artista de cinema e se amarrou no jeitão dele e ele no dela.

Estava por cima e ainda era o tal.

Fiquei confuso quando o Belarmino começou a tirar a roupa, ficando com a tal bermuda e camiseta dizendo: "Olha ela aí!" dirigiu-se para a rua saindo de mãos dadas com uma fulana de tanguinha, sutiã e sapato alto, como se estivessem ainda no desfile.

Segurei o impulso para não falar ao Belarmino que aquela era a Maria Pedreira, doida varrida de vários carnavais.

Aproveito o ocorrido, para pedir aos amigos que se acontecer comigo, pelo amor de Deus, não me avisem não.

Fonte> Laé de Souza. Acredite se quiser. SP: Ecoarte, 2000. Enviado pelo autor.

Recordando Velhas Canções (Acalanto)


Compositor: Dorival Caymmi

É tão tarde
A manhã já vem,
Todos dormem
A noite também,
Só eu velo
Por você, meu bem
Dorme anjo
O boi pega Neném;
Lá no céu
Deixam de cantar,
Os anjinhos
Foram se deitar,
Mamãezinha
Precisa descansar
Dorme, anjo
Papai vai lhe ninar:
"Boi, boi, boi,
Boi da cara preta
Pega essa menina
Que tem medo de careta". (2X)
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = = = = = = = = = = 

A Doçura do 'Acalanto' de Dorival Caymmi
A música 'Acalanto', composta pelo renomado artista brasileiro Dorival Caymmi, é uma canção de ninar que transborda ternura e simplicidade. A letra evoca a imagem de uma noite tranquila, onde todos estão dormindo e apenas o narrador permanece acordado, velando pelo sono de seu bem mais precioso, seu filho ou filha. A referência ao 'boi da cara preta', uma figura comum em cantigas de ninar brasileiras, é utilizada aqui para embalar a criança, apesar de tradicionalmente ser um elemento para assustar e fazer a criança dormir.

No contexto da música, o 'boi da cara preta' perde seu aspecto ameaçador e se torna parte de um ritual de carinho e proteção. A repetição do verso 'Boi, boi, boi, Boi da cara preta' funciona como um mantra que tranquiliza e conduz ao sono. A canção também reflete a cultura brasileira, onde é comum os pais cantarem para seus filhos na hora de dormir, criando um ambiente de segurança e conforto.

Dorival Caymmi, conhecido por suas composições que retratam o mar e a vida dos pescadores, aqui se aventura em um universo mais íntimo e familiar. 'Acalanto' é uma música que, apesar de sua simplicidade, consegue transmitir uma mensagem universal de amor e cuidado, elementos essenciais na relação entre pais e filhos.

Eliana Palma (Microcontos) = 2 =

Amigos íntimos, dividiam sonhos e sucessos e repartiam problemas. A amizade acabou quando um deles passou a também compartilhar a esposa alheia.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Beata assumida, não saía da igreja. Coordenava grupos, corais, catequese, viagens de peregrinação. Um exemplo de cristã perfeita! Só faltava, mesmo, converter o próprio coração, invejoso e egoísta!
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Da luxuosa suíte no terceiro andar observava a praia paradisíaca. Estranhou a extensão incomum da areia e notou o horizonte se alteando. Testemunhou a catástrofe com água pelos tornozelos.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Dez anos de noivado com a doçura em pessoa! Enjoou. Conheceu uma "da pá virada", encantou-se, casou-se. E foi muito infeliz!
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Era carnaval. Deixou a família na praia e pulou, por quatro dias, a cerca para a casa da vizinha. Foi denunciado. Na quarta recolhia as cinzas de seu casamento.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Era jardineiro generoso. Cultivava amizades e amores com a mesma dedicação com que tratava as flores. Quando morreu, sua cova cobriu-se de amores-perfeitos!
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Queria ganhar o concurso literário. Pagou caro a um ghost writer por um poema fabuloso. Foi desclassificado. Errara o tema.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  =

Rezava, dia após dia, por um marido. Cansou. Passou a pedir por si mesma e recebeu a graça: Santo Antônio atendeu suas preces!
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Terapeuta holística, tentou, em vão, shiatsu, florais, acupuntura, cromoterapia, e nada de resolver o problema do paciente. Finalmente descobriu o mal: amor não correspondido. Correspondeu e "foram felizes para sempre".
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Vivia exausta! Três turnos, falta de tempo para preparar aulas. A indisciplina, agressividade e salário vil. Com bocas a sustentar montou boca-de-fumo e transformou alunos em usuários.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 
Fonte> Maria Eliana Palma. Momentos em prosa e verso. Maringá, 2016. Entregue pela autora.

quinta-feira, 9 de maio de 2024

José Feldman (Versejando) 137

 

Mensagem na Garrafa = 117 =

Águida Hettwer
Sapiranga/RS

A arte de não se enganar
 
  Engana-se vergonhosamente quem acredita somente em suas próprias forças. Ora, pois, somos sementes da evolução, página em branco, na espera de ser escrita. Quem nunca precisou de uma mão, a ser estendida, alcançando um objeto, ombros de apoio, na descida.
 
  Nas coisas mais banais do cotidiano, abrir um vidro de picles, darem nó na gravata, fazer laços nos cadarços dos tênis, prender o botão da camisa. É, precisamos uns dos outros, numa permuta, num contrato, num simples gesto.
 
  Na subjetividade da vida, formulamos nossos valores, aspectos e crenças, reações diversas. Vacilantes são os passos, que se desviam da verdade. O homem busca realizar suas fantasias perdidas, aprisionadas no riso da criança, que outrora era feliz com o simples e singelo.
 
   Não se engane, com o cheiro forte da mentira, ela apenas se defende para salvar as aparências, no seu íntimo mora um menino, assustado com pavor de seus medos, dúvidas e aflições. Na sua fraqueza vive de meras ilusões.
 
   A vida e a natureza explodem em cores a nossa volta, o vento dança, balançando os cabelos, os perfumes das flores desprendem com naturalidade, as águas dos rios seguem seu curso, sabem contornar das pedras, sem afetar seu destino. E muitas vezes nos esquecemos disso em declínio, fechamo-nos em melodias lamuriosas e tristes.
 
  Esquecemo-nos, que nas lágrimas encontramos o consolo, na tristeza, a fortaleza para se reerguer, nas dores, a valorização da vida. E no apogeu do amanhecer ressuscitamos vigorosos, donos e protagonistas de nossa história. Temos um livre arbítrio pendente as nossas escolhas. Eu e você!... Ninguém mais.

Fonte: Gruta da poesia. Ano VI – Novembro de 2010. 

Vereda da Poesia = 2


Alfredo dos Santos Mendes
Lagos Algarve/Portugal

A ROSA

QUADRA:
A rosa que tu me deste,
Peguei-lhe, mudou de cor,
Tornou-se, de azul celeste,
Como o céu do nosso amor!
João de Deus

GLOSA:
 Muitos anos já passaram.
E muitas rosas murcharam,
Menos a que me trouxeste.
Ao vê-la tão delicada,
Penso estar enfeitiçada…
A rosa que tu me deste.
 
Tenho por ela ternura.
Pois sei que a sua frescura,
Simboliza nosso amor.
Hoje a prova me foi dada,
Por estar contigo zangada,
Peguei-lhe, mudou de cor.
 
As suas folhas mirraram.
Foram caindo e ficaram,
Perdidas no chão agreste.
Desesperada chorei.
E assim que a rosa beijei,
Tornou-se, de azul celeste.
 
Foram horas de magia.
E a partir daquele dia,
Foi-se o ciúme e a dor.
E logo nesse momento,
Ficou um céu luarento,
Como o céu do nosso amor.

(1º Lugar – Jogos Florais Elos Clube de Tavira)

Recordando Velhas Canções (Chão de Giz)


Compositor: Zé Ramalho

Eu desço dessa solidão
Espalho coisas sobre um chão de giz
Há meros devaneios tolos a me torturar
Fotografias recortadas
Em jornais de folhas amiúde

Eu vou te jogar num pano de guardar confetes
Eu vou te jogar num pano de guardar confetes

Disparo balas de canhão
É inútil, pois existe um grão-vizir
Há tantas violetas velhas sem um colibri
Queria usar, quem sabe
Uma camisa de força ou de Vênus

Mas não vou gozar de nós apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar, gastando assim o meu batom

Agora pego um caminhão
Na lona vou a nocaute outra vez
Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar
Meus vinte anos de boy, that's over, baby
Freud explica

Não vou me sujar fumando apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar, gastando assim o meu batom
Quanto ao pano dos confetes, já passou meu carnaval
E isso explica porque o sexo é assunto popular

No mais, estou indo embora
No mais, estou indo embora
No mais, estou indo embora
No mais
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = = = = = = = = = = 

Chão de Giz: Uma Viagem Lírica pelo Universo de Zé Ramalho
A música 'Chão de Giz', composta e interpretada pelo cantor e compositor paraibano Zé Ramalho, é uma das mais emblemáticas de sua carreira, marcada por letras poéticas e carregadas de simbolismo. A canção, lançada em 1978 no álbum 'Zé Ramalho', traz uma melodia envolvente que acompanha uma letra introspectiva e repleta de metáforas, refletindo sobre sentimentos de solidão, desilusão amorosa e a passagem do tempo.

O título 'Chão de Giz' sugere uma superfície efêmera e frágil, onde as coisas podem ser facilmente apagadas ou desfeitas, assim como os sentimentos e experiências do eu lírico. A expressão 'espalho coisas sobre um chão de giz' pode ser interpretada como a tentativa de dar sentido ou ordem aos pensamentos e emoções que são, por natureza, voláteis e transitórios. As 'fotografias recortadas em jornais de folhas amiúde' evocam memórias fragmentadas, talvez momentos que o narrador gostaria de esquecer ou que causam dor.

A canção também aborda a temática da juventude e suas desilusões, como evidenciado na linha 'Meus vinte anos de boy, that's over, baby'. A referência a Freud e o comentário sobre o sexo ser um 'assunto popular' podem indicar uma reflexão sobre a complexidade das relações humanas e a busca por compreensão psicológica dos comportamentos amorosos. Em suma, 'Chão de Giz' é uma obra que permite múltiplas interpretações, cada ouvinte pode encontrar um significado diferente nas entrelinhas da poesia de Zé Ramalho, o que torna a canção um clássico atemporal da música brasileira.

A. A. de Assis (Status puxa status)

Dá para entender que posar de bacana é imperativo de certos ramos de negócio. Faz parte do ofício. Quanto mais esnoba, mais impressiona. Quanto mais impressiona, mais portas consegue abrir. Quanto mais portas consegue abrir, mais dinheiro ganha

Um ilustre da cidade, tentando explicar na roda de amigos sua preocupação constante em bem-vestir-se, bem-morar e bem-rodar, quase chega a convencer os demais sobre as razões de ser ele assim. Não é que encontre prazer na esnobação, mas se sente forçado a isso porque o contexto profissional exige.

Poderia levar uma vida mais simples, utilizar automóvel menor e menos bebedor de combustível, morar numa casa que não exigisse tantos cuidados e tantos empregados, vestir roupas comuns, frequentar menos as reuniões sociais e políticas.

Isso tem hora que enche, diz ele. Mas não consegue viver modestamente. Sua posição impõe esmeros especiais.

Dá para entender que posar de bacana é imperativo de certos ramos de negócio. Faz parte do ofício. Quanto mais esnoba, mais impressiona. Quanto mais impressiona, mais portas consegue abrir. Quanto mais portas consegue abrir, mais dinheiro ganha.

Não é culpa dele, insiste. A culpa é do contexto. Seu ramo baseia-se no “ter”. E para “ter mais” é preciso ostentar, fazer de conta que já tem mais do que o necessário.

Se ele estacionar em frente ao escritório de um cliente caixa alta num carrinho classe média, talvez nem seja recebido. Chegando num reluzente carrão, vestindo terno de grife, com gravata, colete e algum escudinho na lapela, e além do mais com o rosto vistoso, perfumado, o grande cliente vem pessoalmente abrir-lhe a porta, sente-se homenageado com a sua presença, e fecha o negócio na hora. Coisas da vida.         

Aliás, há muita empresa graúda que paga adicionais a seus executivos para que eles possam frequentar lugares chiques, pagar almoços para clientes que possam render bons negócios, hospedar-se em hotéis caros onde se costuma encontrar gente poderosa; enfim dar o mais que possa alguma amostra de ascensão social e econômica. 

Status puxa status. O mundo é assim, o homem é assim, e não será ele quem vai mudar coisa nenhuma. Seu papel é multiplicar lucros, não discutir costumes.

Se é preciso rodar num carangão invocado, ele roda. Se é preciso vestir ternos de nobre aparência, ele veste. Para ele não se trata de vaidade, trata-se de investimento.

Os amigos contra-argumentam sugerindo que tudo isso é uma bobagem. Mas o distinto não está a fim de dar corda a digressões filosóficas. Realista por fora e por dentro, lembra que “ostentação é ferramenta de trabalho”, especialmente para quem lida com clientela abonada. Optar pela simplicidade seria arriscar-se a perder excelentes oportunidades.

Mas como é domingo, e o papo é num botequim, o “esnobador por dever de ofício” esquece as etiquetas, deixa de lado o costumeiro uísque, e manda vir uma cachacinha das boas. Com pastel de carne seca.

Fonte> enviado pelo autor.

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Licença Médica por tempo indeterminado

 Prezados leitores do blog


Devido a uns problemas de saúde (dores no ciático) estarei de repouso, com pausa nas publicações do blog por mais tempo que esperava, sem previsão de retorno.

Obrigado pela compreensão.

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Carolina Ramos (Trovando) “14”

 

Mensagem Na Garrafa = 116 =

Juçara Medeiros Lasmar 
Belo Horizonte/MG

SOMBRINHAS

Sombrinhas, assim se chamavam pois eram usadas para que as mocinhas e senhoras, cujas peles eram alvas primando sempre pela brancura, se cobrissem do sol em seus passeios vespertinos.

Hoje, quando o bronzeado é a característica de beleza, elas, as sombrinhas, continuam tendo a sua utilidade, porém diferente. Sombras, não fazem mais, apesar de continuarem a ter este nome.

Olhando de minha janela a chuva que cai sem cessar, vejo várias parecendo um desfile interminável de cores. Lindas, coloridas, com estampas variadas de flores, geométricas, algumas bem humoradas em seus desenhos, outras mais clássicas, de uma só tonalidade.

Elas cobrem sim, cobrem os rostos, os corpos de quem olha, como eu, com curiosidade, tentando descobrir quem está passando nesta manhã chuvosa.

Que mistérios se escondem embaixo das sombrinhas que cobrem da chuva? Será que ainda se roubam beijos debaixo delas, como nos idos tempos de nossas avós?

Penso que não, os tempos são outros, os beijos são explícitos. Nada mais há para esconder. Estamos no século vinte e um onde tudo pode ser dito e mostrado. Nós, mulheres conquistamos nossa independência.

Mas... continuamos misteriosas... Escolhemos com esmero nossas sombrinhas, que vão nos cobrir da chuva, e talvez, de algum olhar furtivo, ao cruzarmos com alguém nas chuvas do caminho, num delicioso e clandestino flerte.

Aparecido Raimundo de Souza (Como um barquinho de papel navegando em águas procelosas)

 (Com carinho, para Heitor Melo Magalhães )

EM UMA PISCINA de plástico retangular de três mil litros de água cercada pela calmaria de um quintal de muros altos, uma simplória réplica de um bote feito pelo avô do pequeno Heitor (de seis anos) à custa de uma simples folha de papel arrancada às escondidas do caderno de sua mãe, a jovem Luana Cristina, o guri terrivelmente travesso lança à agua de um azul límpido e transparente, com muito cuidado e uma pitada enorme de esperança o seu frágil brinquedo construído pelo pai de sua mãe. Essa embarcação pintada com vários lápis coloridos (ele não sabe, não entende, mas cá entre nós), é extremamente franzino e raquítico. Em razão desse evento, o brinquedo de folha de papel se acha depauperado (debilitado), quase sem forças. Se projeta aos olhos do piá como um paquete (embarcação pequena) ágil e cauteloso, soberbo e indestrutível. Ele foi construído à base de sonhos e fantasias, se fez conhecido por carregar muitas histórias de sua dona nas antigas aulas da faculdade de enfermagem. 

E agora, do nada, a folha à imagem de um navio, desliza suavemente enlevado pela brisa amena que sopra sem pressa e parece dançar sorridente na sua lerdeza, sobre as ondas diminutas que se formam por baixo de seu casco quase todo encharcado. Bem sabemos, Heitor desconhece o futuro da criação que lhe foi dada de bom grado. Nem sempre o destino aos nossos olhos é um lago sereno, ou uma piscina de plástico retangular com capacidade para três mil litros de água no escondido de um quintal de muros altos. Às vezes, um diminuto vapor de papel pintado pode se encontrar em águas de traços estranhos, ou em situações perigosas e caóticas, onde o risco de naufragar no próximo minuto se faz cada vez mais presente –, ou melhor –, cada vez mais flagrante e iminente. As cálidas águas tranquilas da piscina, num repente podem dar lugar às correntezas impetuosas. Sendo assim, o que deveria ser um divertimento caseiro para um inocente sem visão do agora, menos ainda do porvir, pode se tornar em uma luta ferrenha pela sobrevivência. 

Nessas águas, o transatlântico de Heitor enfrenta tempestades inesperadas. Se depara com chuvas torrenciais invisíveis, e se vê colhido por ventos fortes que o fazem bater perigosamente contra a borda da piscina e também em decorrência da sua frágil construção delicada. Para piorar o quadro, ondas gigantescas açoitadas pelas batidas das mãozinhas do pirralho ao encontro das águas, ameaçam engolir a tenra folha a cada novo milésimo de segundo. Entretanto, apesar das intempéries, a piroga segue lisonjeira e destemida pervagando em frente. Peleja com o fôlego de um leão indomável e não se entrega aos percalços da má sorte que ronda a sua trajetória. Aos tapas e beijos, sopapos e petelecos, a débil folha de caderno transformada numa espécie do lendário Titanic, navega trôpego aos olhos do seu dono e senhor, com a coragem indômita de um Sansão, de um Super-Homem, de um herói afoito e peitudo, invencível, aguerrido e resoluto, que sabe e mesmo se conscientizando pequeno, possui a força hercúlea de continuar avançando, tentando não soçobrar. 

Cada sopapo que o atinge, é um desafio novo. Cada vento que sopra, um teste de resistência. Apesar dos pesares, a minúscula nau de papel segue altaneira e feliz. Vai capengando aos trancos e barrancos, desviando daqui e dali entremeado por uma imensidão de pedras submersas, não vistas à olho nu, porém, evitando os redemoinhos que tentam, a todo custo, arrastá-lo de sua rota para os recônditos de um fundo profundo e medonhamente colossal, ainda que daquele mar abarbarado (barbarizado) e mavórcio (bélico) que lhe parece indomável. O navegante do pequeno menino é uma espécie de metáfora transladada da vida. Apesar de inválido, sequioso por pleitear açambarcando uma margem segura, é capaz de encarar sem medos ou receios, as diversidades com resistência e determinação. Essa simples réplica do gigante dos sete mares do pequeno Heitor, a bem da verdade, nos ensina uma lição impecável e grandiosa: mesmo circundado nas ondas mais ebulitivas (ferventes) e irrequietas (ainda que de uma piscina montada num fundo de quintal) podemos apreciar a beleza e o arroubo escondidos, e não só ver, mas sentirmos a primazia e a esperança brotarem do nada em toda a sua elegância e formosura. 

Há a chance de navegar, bem ainda, de contrapeso, o desafio imperturbável de explorar e de chegar a destinos nunca antes visitados ou imaginados. Mesmo uma simples réplica de papel colorida pode realizar grandes viagens, obviamente se o seu comandante tiver a coragem de desacatar e afrontar o obscuro, ou aquilo que não está visível e palpável aos sentidos e mais, igualmente é e se faz, se mostra superior e, como tal, pugna a insultar o acaso e a vencer contrastando o anônimo. O heteróclito (eclético) não é um bicho de sete cabeças. O funambulesco (ridículo) ou o desconhecido não é o fim da linha; tampouco o ponto final; menos ainda o término da viagem. Representa, acima de nossa visão, a venustidade (graça), a força motriz, a galhardia que nos impulsiona, ou a sapiência que nos leva (ainda que a toque de caixas, a imaginar, como o pequeno Heitor) ou dito de forma mais clara e concisa, para nos lembrarmos sempre... haja o que houver, nunca devemos desistir, notadamente jamais abandonarmos os nossos sonhos e objetivos. 

Fonte: Texto enviado pelo autor

Carmem Andrea Soek Pliessnig (Carmemnatureza) (Poemas avulsos)


ESPONTANEIDADE

A nascente do rio das suas lágrimas 
lavam a alma com a beleza da sua face
que cada vez mais encanta a formosura
do seu pensamento através 
de um olhar que chora louvando
a felicidade por apreciar a vida
comparando a chuva como um banho
de revestimento surpreendente do céu,
transforma suas corridas divertidas 
para esconder-se deste clima brincalhão
feito criança.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

LUXO

Toda alma é revestida de um sentimento 
que ilumina a vida proporcionando 
ao exterior o vigor das emoções 
entrelaçadas aos olhares físicos e mentais. 

A força dos sonhos são o respirar 
das intenções que a todo instante 
é moldado por um fio dourado feito 
a luz do sol e o prateado da lua. 

Tece a arte de acomodar a alma, 
o ser que faz da calmaria 
o mais sublime artesanato vital. 

Cria uma peça brilhante 
com a transparência da íris 
e das lágrimas quando convém 
manifestar-se de uma alegria 
tão expressiva que somente 
um profundo suspiro proporciona 
a função de instrumento de enlaces. 

E assim, representa o próprio eu 
passeando com destino sem parada, 
pois os mistérios bordados não têm fim. 
Os lados entre aqui e lá geram 
a imersão do pensamento sábio 
sem precisar de perguntas 
e respostas diante de quem somos.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

OUSADIA

Um dia, tomei banho de chuva 
Era verão intenso, mergulhei
Sorrindo na felicidade molhada
Senti o sabor da água. Sorri!

Inesquecível instante, quero mais,
O tempo passa e lembramos 
Das inocentes aventuras 
Faz bem experimentar, ousar-se

Tudo é um crescimento, avanço,
É feito tatuagem na alma, sonhos,
A realidade  encoraja a sinestesia 
Alegria, explosão no coração 

Não existe o medo nesta hora
Por muitas vezes foi planejado 
Quietinho no pensamento…
Surpresa boa a nós mesmos 

Hoje, tomei banho de chuva 
Fase adulta, coração de criança 
Nenhuma preocupação, doce paz
Páginas da vida que voltamos
Ao livro antigo e nos descobrimos 
Somos o reflexo da doce infância
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

VIDA

Vida! Receba o meu sublime 
despertar de todas as manhãs. 
Acordo com o coração repleto de paz, 
ternura que brota em meu olhar 
com o florescer do bem-estar. 
A noite me proporciona tranquilidade 
sem pensar como será meu futuro. 
Aqui estou para ser um especial presente 
divino que me ilumina 
e me identifica com o amor.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 

Carmem Andrea Soek Pliessnig (Pseudônimo: Carmemnatureza), nasceu em 1976,em Telêmaco Borba/Pr. Poetisa e professora graduada em Português/Espanhol. Pós-graduada - Língua Portuguesa/Estrangeira e Neuropsicopedagogia. Foi radialista com mensagens espirituais. Membro da Banca Examinadora Literária Projeto Chá da Vida por Hupomone Vilanova. Convidada especial da Galeria 50 + em Curitiba para criar poemas das obras da artista plástica Vivien Zanlorenzi no evento: Metamorfose. Atuante de antologias poéticas, principalmente, do novo estilo poético SPINA.  Membro da cadeira 111 da ALBAP/ Academia Luso Brasileira de Artes e Poesias. Participante de contos pela Revista Multiverso. Administradora especialista da Comunidade Literária Intercontinental de Poesias Cantinho do Amor. A convite da escritora Isabel Furini, recitou poema colombiano em Curitiba no  SESC.
Fonte: Enviado por Isabel Furini

Recordando Velhas Canções (Retalhos de Cetim)


Compositor: Benito di Paula

Ensaiei meu samba o ano inteiro
Comprei surdo e tamborim
Gastei tudo em fantasia
Era só o que eu queria
E ela jurou desfilar pra mim

Minha escola estava tão bonita
Era tudo o que eu queria ver
Em retalhos de cetim
Eu dormi o ano inteiro
E ela jurou desfilar pra mim

Mas chegou o carnaval
E ela não desfilou
Eu chorei na avenida, eu chorei
Não pensei que mentia a cabrocha, que eu tanto amei

Minha escola estava tão bonita
Era tudo o que eu queria ver
Em retalhos de cetim
Eu dormi o ano inteiro
E ela jurou desfilar pra mim

Mas chegou o carnaval
E ela não desfilou
Eu chorei na avenida, eu chorei
Não pensei que mentia a cabrocha, que eu tanto amei

Mas chegou o carnaval
E ela não desfilou
Eu chorei na avenida, eu chorei
Não pensei que mentia a cabrocha, que eu tanto amei

Mas chegou o carnaval
E ela não desfilou
Eu chorei na avenida, eu chorei
Não pensei que mentia a cabrocha, que eu tanto amei

Mas chegou o carnaval
E ela não desfilou
Eu chorei na avenida, eu chorei
Não pensei que mentia a cabrocha, que eu tanto amei
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = = = = = = = = = = 

Desilusão em Festa: A Dor do Amor no Carnaval
A música 'Retalhos de Cetim', composta e interpretada por Benito Di Paula, é uma expressão melancólica que contrasta com a alegria habitualmente associada ao carnaval. A letra narra a história de um homem que se dedicou durante um ano inteiro preparando-se para o carnaval, investindo tempo e recursos em seu samba, instrumentos e fantasias, movido pela promessa de que sua amada desfilaria com ele.

A repetição do verso 'Ela jurou desfilar pra mim' ressalta a confiança e a expectativa do narrador na palavra da 'cabrocha', termo carinhoso e antigo para se referir a uma mulher jovem e bonita, geralmente associado ao universo do samba. A escola de samba, descrita como 'tão bonita' e adornada com 'retalhos de cetim', simboliza o sonho e a paixão do narrador, que se vê despedaçado quando a promessa não é cumprida.

A dor do protagonista é evidenciada pelo choro na avenida, lugar onde a festa acontece e onde ele esperava compartilhar a felicidade com sua amada. A traição e a mentira são reveladas no clímax do carnaval, momento de celebração que se transforma em palco de sua desilusão. A música, portanto, aborda temas como a expectativa, a traição e a dor do amor não correspondido, tudo isso emoldurado pelo cenário festivo do carnaval brasileiro.