sexta-feira, 17 de junho de 2011

Monteiro Lobato (Caçadas de Pedrinho) I - E era onça mesmo!


Dos moradores do sítio de Dona Benta o mais andejo era o Marquês de Rabicó. Conhecia todas as florestas, inclusive o capoeirão dos Taquaruçus, mato muito cerrado onde Dona Benta não deixava que os meninos fossem passear. Certo dia em que Rabicó se aventurou nesse mato em procura das orelhas-de-pau que crescem nos troncos podres, parece que as coisas não lhe correram muito bem, pois voltou na volada.

— Que aconteceu? — perguntou Pedrinho, ao vê-lo chegar todo arrepiado e com os olhos cheios de susto. — Está com cara de Marquês que viu onça...

— Não vi, mas quase vi! — respondeu Rabicó, tomando fôlego. — Ouvi um miado esquisito e dei com uns rastos mais esquisitos ainda. Não conheço onça, que dizem ser um gatão assim do tamanho dum bezerro. Ora, o miado que ouvi era de gato, mas muito mais forte, e os rastos também eram de gato, mas muito maiores. Logo, era onça.

Pedrinho refletiu sobre o caso e achou que bem podia ser verdade. Correu em procura de Narizinho.

— Sabe? Rabicó descobriu que anda uma onça no capoeirão dos Taquaruçus!...

-— Uma onça? Não me diga! Vou já avisar vovó...

— Não caia nessa — advertiu o menino. — Medrosa como ela é, vovó ou morre de medo ou trata de nos levar hoje mesmo para a cidade. Muito melhor ficarmos quietos e caçarmos a onça.

A menina arregalou os olhos.

— Está louco, Pedrinho? Não sabe que onça é um bicho feroz que come gente?

— Sei, sim, como também sei que gente mata onça.

— Isso é gente grande, bobo!

— Gente grande!... — repetiu o menino, com ar de pouco-caso. — Vovó e Tia Nastácia são gente grande e, no entanto, correm até de barata. O que vale não é ser gente grande, é ser gente de coragem, e eu...

— Bem sei que você é valente como um galo garnisé, mas olhe que onça é onça. Com um tapa derruba qualquer caçador, diz Tia Nastácia.

O menino bateu no peito com arrogância.

— Pois quero ver isso! Vou organizar a caçada e juro que hei de trazer essa onça aqui para o terreiro, arrastada pelas orelhas. Se você e os outros não tiverem coragem de me acompanhar, irei sozinho.

A menina arrepiou-se de entusiasmo diante de tamanha bravura e não quis ficar atrás.

— Pois vou também! — gritou. — Uma menina de nariz arrebitado não tem medo de coisa nenhuma. Vamos convidar os outros.

Saíram os dois em busca dos demais companheiros. O primeiro encontrado foi o Marquês de Rabicó, que estava na porta da cozinha, ocupadíssimo em devorar umas cascas de abóbora.

— Apronte-se, Marquês, para tomar parte na expedição que vai caçar a onça aparecida lá na mata.

Aquela notícia fez o leitão engasgar com a casca de abóbora que tinha na boca.

— Caçar a onça? Eu? Deus me livre!...

Pedrinho impôs energicamente:

— Vai, sim, ainda que seja para servir de isca, está ouvindo, seu covarde?

Rabicó tremia que nem geléia fora do copo.

— Um fidalgo! — prosseguiu Pedrinho, em tom de desprezo. — Um filho do grande Visconde de Sabugosa a tremer assim de medo! Que vergonha...

Rabicó não replicou. Bebeu um gole d’água para acalmar os nervos e voltou às suas cascas de abóbora com esta idéia na cabeça: “No momento hei de dar um jeito qualquer. Não tem perigo que eu me deixe comer cru pela onça”.

O luxo dos leitões é serem comidos assados ao forno, com rodelas de limão em redor e um ovo cozido na boca...

O segundo convidado foi o Visconde de Sabugosa, o qual aceitou a proposta com aquela dignidade e nobreza que marcavam todos os seus atos de fidalgo dos legítimos. Iria para vencer ou morrer. Viscondes da sua marca mostram o que valem justamente nos momentos perigosos.

Depois convidaram Emília, que recebeu a idéia com palmas.

— Ora, graças! — exclamou. — Vamos ter enfim uma aventura importante. A vida aqui no sítio anda tão vazia que até me sinto embolorada por dentro. Irei, sim, e juro que quem vai matar a onça sou eu...

Esse dia e o outro foram passados em preparativos. Pedrinho levaria uma espingarda que ele mesmo tinha fabricado escondido de Dona Benta, com cano de guarda-chuva e gatilho puxado a elástico. Estava carregada com a pólvora duns pistolões sobrados da última festa de São Pedro.

A arma que Narizinho escolheu foi a faca de cortar pão, instrumento mestiço de faca e serrote.

O Visconde recebeu um sabre feito de arco de barril, bastante pontudo, mas danado para entortar. Em vista da sua importância e do seu título, também recebeu o comando da expedição.

— E você, Emília, que arma leva? — perguntou Narizinho.

— Levo o espeto de assar frangos. Tenho mais fé naquele espeto do que nas armas de vocês todos.

Restava o Marquês. Como fosse um grande medroso, em vez de arma Pedrinho deu-lhe arreios. Rabicó iria puxando um canhãozinho feito dum velho tubo de chaminé, que o menino havia montado sobre as rodas do seu carrinho de cabrito. Para carregar o canhãozinho foi necessário empregar a pólvora de três pistolões. Servia de bala uma pedra bem redondinha, encontrada nos pedregulhos do rio. Indo atrelado ao canhão, o grande Marquês ficaria impedido de fugir.

No dia marcado tomaram o café com farinha de milho da manhã e saíram na ponta dos pés, para que as duas velhas nada percebessem. Passaram a porteira do pasto, atravessaram a mata dos Tucanos Vermelhos e de lá seguiram rumo ao capoeirão da onça.

Rabicó não havia mentido. Os rastos da onça estavam impressos na terra úmida. Ao fazerem tal descoberta o coração dos cinco heróis bateu mais apressado. Dos cinco, não; dos quatro, porque, como todos sabem, Emília não tinha coração.

— Que é isso, Pedrinho — disse a boneca, notando a palidez do chefe. — Será medo?

— Não é medo não, Emília. É...

— É... receio, eu sei — caçoou a terrível bonequinha.

— Não brinque comigo, Emília! — gritou Pedrinho, avermelhando de raiva. — Você e toda gente sabe que só tenho medo duma coisa neste mundo — maribondo. De mais nada, hem?

O Visconde, que havia trazido a tiracolo o binóculo de Dona Benta, ajustou-o aos olhos para examinar “detetivamente” os rastos.

— É de onça, sim, e de onça-pintada — disse ele.

— Como sabe?

— Estou vendo no chão dois pêlos, um amarelo e outro preto.

Aquela confirmação de que era onça mesmo, e das grandes, desanimou profundamente Rabicó. Gotas de suor frio começaram a pingar da sua testa. Teve ímpetos de soltar-se do canhãozinho e disparar para casa; só não o fez de medo que Pedrinho lhe despejasse no lombo a carga de chumbo destinada à onça. E resignou-se ao que desse e viesse.

Orientados pelos rastos da onça, os caçadores não podiam errar. Era seguir na direção deles, que fatalmente dariam com a bicha.

— Avante, Sabóia! — gritou Pedrinho, espichando no ar a espingarda como se fosse espada.

— Avante! — repetiram todos os outros, menos Rabicó, que estava sem fala.

E com o maior entusiasmo os heroizinhos foram caminhando durante meia hora.

Súbito, o Visconde, que ia na frente, de binóculo apontado, gritou com voz firme:

— A onça...

— Onde? — indagaram todos, ansiosos.

— Lá longe, naquela moita — lá, lá... Realmente, alguma coisa se mexia na moita indicada e não tardou que uma enorme cara de onça aparecesse por entre as folhas, espiando para o lado dos cinco heróis.

Pedrinho dispôs tudo para o ataque. Assestou na direção da moita o canhãozinho e ordenou ao artilheiro Rabicó, enquanto o desatrelava:

— Fique nesta posição. Quando ouvir a voz de “Fogo!” risque um fósforo, acenda a mecha e dispare.

— Disparo para casa? — perguntou o artilheiro, mais trêmulo do que uma fatia de manjar branco.

— Dispare o canhão, idiota! — berrou Pedrinho. Enquanto isso, a onça deixava a moita e com o andar manhoso dos gatos dirigia-se, agachada, para o lado deles. Era o momento. O Visconde ergueu a espada e com voz grossa de comandante superior deu um berro de comando:

— Fogo!

Rabicó, todo treme-treme, não conseguiu nem riscar o fósforo. Foi preciso que Pedrinho viesse ajudá-lo. Por fim riscou-o e deitou fogo à mecha. Ouviu-se um chiado e logo depois um tiro soou — Pum! Mas um tiro chocho que não valeu nada. A bala de pedra rolou a dois passos de distância, imaginem: Havia falhado a artilharia, na qual eles depositavam tantas esperanças.

Pedrinho então disparou a sua espingardinha. Outro tiro chocho que nada valeu e só serviu para irritar a fera. Viram-na arreganhar os dentes e apressar a marcha na direção dos atacantes.

A situação tornava-se muito séria e Pedrinho, desapontado com o nenhum efeito das armas de fogo, berrou a plenos pulmões:

— Salve-se quem puder!

Foi uma debandada. Cada qual tratou de si e, como se houvessem virado macacos, todos procuraram a salvação nas árvores. Felizmente havia ali um pé de grumixama que dava para abrigar o grupo inteiro. Nele treparam, sem dificuldade, Pedrinho, Narizinho e Emília. Já o velho Visconde embaraçou as pernas na bainha da espada e com toda a sua importância estendeu-se no chão, ao comprido. Foi preciso que o menino o pescasse com o gancho dum galho seco.

Rabicó fez coisa de que ninguém nunca o julgaria capaz: botou-se à árvore que nem gato e conseguiu enganchar-se na forquilha do primeiro tronco. Pedrinho e Narizinho, que estavam no galho acima, puderam agarrá-lo pela orelha e içá-lo fora do alcance da onça. Quando a fera chegou, estavam já todos muito bem empoleirados e livres dos seus botes.

A onça, desapontadíssima, ali permaneceu, sentada sobre as patas de trás, com os olhos fixos nos caçadores que a tinham logrado. Parece que sua intenção era ficar de guarda até que eles descessem.

— Espera que te curo — disse Pedrinho, lembrando-se que trazia no bolso um pouco da pólvora dos pistolões. Tomou um punhado e, ajeitando-se no galho que ficava bem a prumo sobre a onça, derramou-lhe a pólvora em cima dos olhos.

A idéia valeu. Completamente cega pela pólvora, a onça pôs-se a corcovear que nem doida, enquanto esfregava os olhos com as munhecas, como se quisesse arrancá-los.

— É hora! Avança, macacada! — gritou Pedrinho, escorregando pela árvore abaixo.

Todos o imitaram. Apanharam as armas e se arrojaram contra a fera com verdadeira fúria. Narizinho esfregou-lhe a faca no lombo, como se a onça fosse pão e ela quisesse tirar uma fatia. O Visconde conseguiu, depois de várias tentativas, enterrar-lhe no peito o seu sabre de arco de barril. Emília fez o mesmo com o espeto de assar frango. Pedrinho macetou-lhe o crânio com a coronha da sua espingarda. Até Rabicó perdeu o medo e, depois de carregar de novo. o canhão, deu-lhe um bom tiro à queima-roupa.

Assim atacada de todos os lados, a onça não teve remédio senão morrer. Estrebuchou e foi morrendo. Quando deu o último suspiro, Pedrinho, no maior entusiasmo de sua vida, entoou um canto de guerra:

— Ale guá, guá, guá...

E todos responderam em coro:

— Hurra! Hurra! Pica-Pau Amarelo!...
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continua ... II – A Volta para Casa
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Fonte:
LOBATO, Monteiro. Caçadas de Pedrinho/Hans Staden. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. III. Digitalização e Revisão: Arlindo_San

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 238)


Uma Trova Nacional

Uma luz quase apagada...
um sonho chegado ao fim...
eis o pedaço do nada
que tu fizeste de mim.
–CONCEIÇÃO ASSIS/MG–

Uma Trova Potiguar

Vejo no espelho da vida
transpor-se, à luz da saudade,
minha face enternecida
dos tempos da mocidade!
–MARA MELINNI/RN–

Uma Trova Premiada

2000 - Barra do Piraí/RJ
Tema: VARANDA - Venc.

Na varanda, o idílio pleno
de ternura envolta em flor...
- qualquer sonho era pequeno
visto à luz do nosso amor!
CAROLINA RAMOS/SP–

Uma Trova de Ademar

Meia noite, à meia luz,
com infinitos lampejos,
na Penumbra eu vejo nus
os meus mais puros desejos...
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Quem nasceu com a desventura
de não ver a luz do dia
do olhar transfere a ternura
para a mão que acaricia.
–ALFREDO VALADARES/MG–

Simplesmente Poesia

MOTE
Embriagado de estrelas,
tropecei na luz do sol.

GLOSA:
Muito feliz por revê-las
deitei na noite e dormi.
Que belos sonhos vivi
embriagado de estrelas,
por tão perto de mim tê-las
nem mesmo o rubro arrebol
conseguiu com seu anzol
pescar-me daqueles sonhos;
depois... com passos bisonhos
tropecei na luz do sol.
(BONIFÁCIO SANTOS/RN)

Estrofe do Dia

Acordei cedo demais
olhando pra o oriente,
marchava a lua na frente
e uma estrela d’alva atrás;
na copa dos vegetais
soprava a brisa macia,
o nevoeiro surgia,
e o vento atrás empurrando,
e a lua vinha beijando
a linda barra do dia!
OLÍVIO DO LIVRAMENTO/PB–

Soneto do Dia

–DIAMANTINO FERREIRA/RJ–
Luz

Como caminha um cego e de bengala
apalpa seu trajeto, não cair,
arrasto-me na vida e nem se fala
de quantos tombos mais estão por vir;

apesar do infortúnio, é prosseguir
e na estrada da vida, qual na sala,
palmilhar como sempre; e no porvir
eu não perca a esperança de encontrá-la!

Nasci feliz, a luz dentro dos olhos;
mas cresci, tropeçando nos escolhos,
chegados tão somente por te amar!

Perdida a vista, mas...Pior castigo:
nem a esperança de trazer comigo
o sonho de voltar a te enxergar!

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 237)


Uma Trova Nacional

De estrela toda bordada,
porta aberta para a rua,
a tapera abandonada
abriga os raios da lua!
–SÔNIA SOBREIRA/RJ–

Uma Trova Potiguar


Revendo um porta-retrato
se percebe, a contragosto,
o grande estrago, o mau trato,
que o tempo nos faz no rosto.
–UBIRATAN QUEIROZ/RN–

Uma Trova Premiada


2000 - Barra do Piraí/RJ
Tema : SERESTA - M/H

Vivendo sonhos diversos
de uma paixão infinita,
nossos beijos são os versos
da seresta mais bonita...
–MARIA LUA/RJ–

Uma Trova de Ademar


O mar ouviu de tocaia
os sussurros ofegantes,
vindos à noite, da praia
nos gemidos dos amantes!
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram


Os currais estão vazios...
o verde fugiu do chão...
e a seca, bebendo os rios,
vai devorando o sertão.
–JOUBERT DE ARAUJO/ES–

Simplesmente Poesia


–SUELY NOBRE FELIPE/RN–
Flor do Cacto

Boquinha da noite
Ribava Ontõe
Guiado pela lua cheia
Disbravano o miaral
Entrecortano a lavoura
Pipadinha de algodão
E ele pobre, sem tostão
Necessitava caçar seu pão.

Podia ser caça rasteira
Também ave de arribação
Pra aliviar a fome do pobre
Deus dava total proteção
Embrenhava-se no mato
Com sua espingarda de soca
Encangado com o cão cruento
Destemido chamado Plutão.

Estrofe do Dia

Ah, se eu pudesse embarcar,
neste barco eu também ia...
Fazer uma volta ao mundo,
distribuindo alegria;
ensinando ao mundo inteiro,
que a sina deste barqueiro
é fazer trova e poesia!
–PROF. GARCIA/RN–

Soneto do Dia


–HAROLDO LYRA/CE–
Corsários de Gabinete

A ganância, talvez, é o que conserva
A vileza nas mentes mais vulgares,
Quais praxes imorais dos lupanares,
Que alimentam os laivos da caterva.

Os ganhos impudentes dos jantares
Açulam o apetite do proterva,
Cuja gula esfaimada o probo enerva
Na inversão dos ufanos populares.

E agigantam-se as deformidades
No estranho festival de amenidades
Fiado nessa imagem impune e crua

Que reflete a pilhagem dos corsários,
Embuçada ao torpor dos mandatários,
Cancro espraiado sobre a honra nua.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor
Imagem obtida em http://imagem.us

A. A. de Assis (Francisco, o Poeta)


Gosto muito de Francisco, um santo e tanto, o bom Francisco de Assis. Não somente por ser ele santo, e santo forte e alegre e sábio; mas sobretudo porque além de santo soube Francisco ser poeta, e máximo.

Poeta mesmo, de entender e amar integralmente a gente e o mundo e a vida. Poeta da ternura e da partilha. Poeta do amor valente e generoso e da coragem de doar-se. Poeta do não ter, por lhe bastar o ser. Santo-poeta da total pureza.

Francisco vem há oitocentos anos tentando convencer a humanidade de que a alegria está nas coisas simples. Na festa dos lírios, que não tecem nem bordam, e no entanto se vestem mais belamente do que Salomão. Na traquinice dos pássaros, que não plantam nem ceifam, e no entanto jamais sofreram privações.

Poucos souberam viver tão assumidamente a poesia da fraternidade. Levando paz aos corações tumultuados pela violência. Levando esperança às almas sufocadas pela angústia. Levando luz às mentes perturbadas pelo medo e pela dúvida. Disposto sempre a perdoar antes mesmo de ser perdoado, a amar antes mesmo de ser amado. E ensinando a gente a aceitar a chamada para o céu como aurora da eterna graça.

Francisco foi um descomplicador da vida, virtude própria do poeta intrínseco. Despojou-se de toda coisa inútil, para ser somente um homem bom.

Hoje Francisco seria um dos grandes líderes na luta contra a fome, contra a doença e contra a indigência cultural. Seria um vigoroso apóstolo da natureza, pedindo aos povos que sujem menos o ar e as águas e parem de derrubar os bosques e as florestas. Seria um incansável militante das entidades protetoras dos animais. E por certo encontraria tempo e fôlego para ser também o de que tanto gosta: um entusiasmado animador de todos os grupos empenhados em semear e manter viva a poesia na face da Terra.

Francisco, o poeta. O nosso poeta. O santo da bondade, irmão querido de cada um de nós, irmão do sol, da lua e de cada uma das estrelas, irmão das plantas, irmão das aves, irmão dos peixes, irmão de todos os bichos de todas as matas, e das borboletas que brincam de flores nos jardins. Francisco, irmão da natureza inteira, irmão de tudo quanto Deus criou.

A bênção, meu São Francisco. Me ensine a ser poeta um pouquinho assim como você. O mundo precisa muito de uma urgente franciscanização.

Fontes:
ASSIS, A. A. de. Vida, prosa e verso. Maringá: EDUEM, 2010.
Imagem = Irmão Sol, Irmã Lua

Ialmar Pio Schneider (O Soneto)


Fontes:
Soneto enviado pelo autor
Imagem de fundo obtida em http://luzealegriaparaaalma.spaceblog.com.br

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 236)


Uma Trova Nacional

Colhendo afeto e carinho
desde que a vida chegou,
vou percorrendo o caminho
que o destino me traçou.
–DIAMANTINO FERREIRA/RJ–

Uma Trova Potiguar


Poeta mantém acesa
a chama do amor fecundo,
minimizando a tristeza
e as dores cruéis do mundo.
–DJALMA MOTA/RN–

Uma Trova Premiada

2010 - Curitiba/PR
Tema : IMAGEM - Venc.

É tão vazia a paisagem,
e nem um vulto se vê...
Mas, sem ver qualquer imagem,
consigo enxergar você!
–VANDA FAGUNDES QUEIROZ/PR–

Uma Trova de Ademar


A vida nos cataloga
uma dor que nos revolta:
ver nossos filhos na droga,
numa “viagem” sem volta!
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram


Quisera saber um terço
da vida espiritual.
Vem da certidão do berço
o nosso estágio carnal.
–CHICO MOTA/RN–

Simplesmente Poesia


–OLEGÁRIO MARIANO/PE–
Você Nunca Está Só

Você nunca está só. Sempre a seu lado
Há um pouquinho de mim pairando no ar.
Você bem sabe: o pensamento é alado...
Voa como uma abelha sem parar.

Veja: caiu a tarde transparente.
A luz do dia se esvaiu... Morreu.
Uma sombra alongou-se a seus pés mansamente...
Esta sombra sou eu.

O vento ao pôr do sol, num balanço de rede,
Agita o ramo e o ramo um traço descreu.
Este gesto do ramo na parede
Não é do ramo: é meu.

Se uma fonte a correr, chora de mágoa
No silêncio da mata, esquecida de nós,
Preste bem atenção nesta cantiga da água:
A voz da fonte é a minha voz.

Se no momento em que a saudade se insinua
Você nos olhos uma gota pressentiu,
Esta lágrima, juro, não é sua...
Foi dos meus olhos que caiu...

Estrofe do Dia


A pobre da minha vaca
De fome está amarela,
Com dois meses que mal come
Já secou uma costela;
Que quando dar um sereno
Junta água em cima dela...
–FRANCISCO PEREIRA/CE–

Soneto do Dia


–DIVENEI BOSELI/SP–
Luz

Se a vida fosse apenas um brinquedo
e o medo fosse apenas ilusão,
se o amor fosse despido de segredo
e a dedo escolhesse uma emoção,

se a voz tivesse a força de um torpedo,
e a pena fosse um traço de união
e as deusas, num telúrico bruxedo,
tornassem verdadeira a compreensão,

seriam não penas operárias
da indústria, do comércio a mesmo agrárias
as tochas geradoras dessa luz

que eu penso poder ver quando a mulher
dispensa "Cirineus" e, como quer,
carrega sem ajuda a própria cruz!

Fontes:
Textos enviados pelo Autor
Imnagem = http://imagens.us

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 235)

Francisco N. de Macedo [RN] (esquerda) e José Feldman [PR] (direita)
nos Jogos Florais de Santos/SP 2011

Uma Trova Nacional

Muitos sofrem neste mundo,
por falta de pão e teto,
mas o pesar mais profundo,
é ser carente de afeto.
–LISETE JOHNSON/RS–

Uma Trova Potiguar

A imponente arte conserva,
os traços e a singeleza
da bela deusa Minerva:
- musa da mãe natureza!
–LUIZ CLÁUDIO DA SILVA/RN–

Uma Trova Premiada

2000 - Fortaleza/CE
Tema: SORTE - M/E

Teu olhar, por sorte, às águas,
sombra nenhuma deixou,
no entanto deixou-me mágoas
nesta sombra que hoje eu sou!
–GISELDA MEDEIROS/CE–

Uma Trova de Ademar

Quando um amor nos afaga,
acende dentro do peito
a chama que não se apaga...
Não tem jeito, que dê jeito!
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

O vento, pastor estranho,
tangendo as nuvens ao léu,
conduz seu alvo rebanho
pelas campinas do céu!
–JOUBERT DE ARAUJO/ES–

Simplesmente Poesia

–CELINA FIGUEIREDO/MG–
Busca Incessante...

Qual Ismália enlouquecida
vejo uma lua no céu,
vejo outra lua no mar.

Dividida vivendo,
não sou exceção.
Do universo binário,
da unidade de Deus,
sou parcela integrante.
Ser em conflito,
alma barroca,
de um lado a outro
tentando em vão
a mim mesma encontrar.

Estrofe do Dia

No mar um barco desliza
cheio de peixe e sardinha,
volta o pescador feliz
e logo de manhãzinha,
toma uma cana "Ipioca"
com ginga e com tapioca
lá na praia da Redinha.
–ADEMAR MACEDO/RN–

Soneto do Dia


–AMILTON MACIEL MONTEIRO/SP–
Ciúme ou Dissidência...

Verdadeiro tapete de begônia,
em cor bem viva e alegre, magistral,
demonstrando nenhuma cerimônia,
invadiu por completo o meu quintal!

Fez do ordeiro recinto, babilônia;
não respeitou sequer meu roseiral,
que eu cuidava com muita parcimônia,
pelas rosas de tom celestial...

Minhas flores de tanta raridade
não agüentaram a bela crueldade
que as begônias fizeram na invasão.

Não sei se por ciúme ou dissidência;
as rosas não suportam concorrência,
Preferindo morrer ainda em botão!

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

José Tavares de Lima (Vozes do Coração) Parte II


Amigo bom não procura
nosso pranto consolar:
pressente a nossa amargura
e não nos deixa chorar! ...

Ao ver-te me causa espantos
tanta beleza, e não nego
que diante dos teus encantos
lamento a sorte do cego...

Confessar-te às vezes tento
que te quero com fervor.
Mas é pouco o meu talento
para expressar tanto amor!

Em cascatas de poesias
eu transformo, comovido,
o rio de águas sombrias
que a minha vida tem sido...

Esquece, o triste passado
que te deixa descontente...
Se o teu "ontem" foi nublado,
põe um sol no teu "presente"!

Faze o bem e, com urgência,
planta o amor em tua estrada,
antes que a tua existência
seja inútil caminhada...

Mais que a tua despedida
e a mágoa imensa dos sós,
dói-me a distância que a vida
insiste em por entre nós...

Mesmo que o sol não desponte
com seu brilho encantador
haverá belo horizonte
nas manhãs do nosso amor!...

Meu grande engano, confesso,
foi pensar ao ver-te enfim,
que a razão do teu regresso
fosse a saudade de mim...

Muitos sonhos de venturas
são cascatas de ilusão:
encantam, lá nas alturas,
mas se desfazem, no chão...

Não chores, que a tua vida
mesmo ingrata aos olhos teus
é sinfonia regida
pela batuta de Deus! ...

Não te iludas com o encanto
que te causa a glória vã...
Quem hoje te aplaude tanto
pode vaiar-te amanhã!

Nas noites que a sós eu passo,
se há luar fico sem sono,
e mesmo sem teu abraço
não me dói tanto o abandono!...

Neste mundo ingrato e rude,
de tantas hipocrisias,
vejo a jóia da virtude
no rol das bijuterias!

No jogo que a vida tece,
a experiência me diz
que a sorte sempre me esquece
quando o prêmio é ser feliz! ...

Nossa paixão louca e plena
às vezes me faz supor
que uma existência é pequena
para conter tanto amor!

O tempo passou ligeiro,
mas deixou comigo o vulto
daquele menino arteiro
que hoje chora ao ver-me adulto!...

O teu desprezo me diz
que eu desista... todavia,
no anseio de ser feliz
ninguém mede a teimosia!

Para o carente, o sozinho,
um pouco de amor faz bem,
porque a fome de carinho
às vezes mata também!

Partiste... Não desespero
porque sei, contendo a ânsia,
que o laço do amor sincero
não se desfaz na distância...

Quando diante de um perigo
sentes o amparo de alguém,
é Deus esse alguém amigo
que não sabes de onde vem!

Quem tem pose envaidecida,
talvez não saiba nem sinta
que é na paisagem da vida
um reles pingo de tinta!...

Se cai neblina, acho graça;
se chove, a chuva bendigo;
pois se o mau tempo não passa,
passas mais tempo comigo!...

Se falhas, com paciência
é necessário que insistas...
Porque se deve à insistência
todas as grandes conquistas!

Segue, atento, a voz segura
dos que têm longa vivência...
Erra menos quem procura
ouvir, mais a experiência!

Sem ter amor, contrafeito,
na minha tristonha lira,
para enganar o meu peão
canto um amor de mentira !

Sonha mais, sonha que a vida
mesmo penosa e tristonha,
é paisagem colorida
para os olhos de quem sonha!...

Fonte:
Colaboração de Darlene A. A. Silva
LIMA, José Tavares de. Vozes do Coração.

Gerson Luiz Colombo (Lançamento de “Uma Candeia sobre o Alqueire” na 27 Feira do Livro de Canoas)


Uma Candeia sobre o Alqueire é a segunda obra literária de Gerson Luiz Colombo. É uma produção independente do autor. O livro trata do tema espírita, seus preceitos e filosofia, baseado em larga pesquisa na literatura de Allan Kardec e outros expoentes da doutrina espírita. Dividido em onze capítulos, o trabalho tem a apresentação e a revisão elaboradas pelo jornalista e escritor Canabarro Tróis filho. A arte da capa foi elaborada sobre detalhe do quadro “Jovem lendo à luz de vela”, de Mathias Stomer.

Gerson Luiz Colombo nasceu em 13/3/1958, em São Leopoldo, RS e reside em Canoas, RS, desde 1994. Possui formação acadêmica em Direito, graduado em Anápolis-GO. Oficial reformado da Força Aérea. Sócio mantenedor da Fundação Cultural de Canoas (FCC) e membro da Associação Canoense de Escritores (ACE). Possui contos e poemas publicados. Cronista colaborador dos jornais O Timoneiro, Diário de Canoas e Pequeno Aprendiz. Colaborador dos Cadernos Canoenses de Tróis Editor, em parceria com a FCC. Participou da coletânea “Contos Canoenses”- ACE/ 2007, com outros contistas integrantes da Associação Canoense de Escritores.

Contato com o autor: (51) 3466.3024 / gersoncolombo@gmail.com

Fontes:
http://www.tcarte.com.br/pastas/livros/uma_candeia.html
Colaboração de Tecnoarte

Editora Delicatta (Participe da Antologia Delicatta VI)


Por um valor de 3 de R$ 70,00 participe da publicação do livro Antologia Delicatta VI - Poesia, contos e crônicas, receba 10 exemplares e concorra a um total de R$ 6.000,00 em prêmios em dinheiro.

Datas dos eventos:

Dia 14/11/2011 - Pré lançamento, Sarau e premiação: Itaú Cultural, Av Paulista, 149, a partir das 18hs

Dia 15/11/2011 - Sarau e Tarde de autógrafos na Livraria Saraiva Mega Store, Shopping Center Norte a partir das 15hs

Além da participação na coletânea, publicamos também seu livro solo:

Por um valor de 4 x de R$ 400,00

PUBLIQUE SEU LIVRO COM A EDITORA DELICATTA E AUTOGRAFE EM 14/11/2011

60 páginas
14x21
ISBN
Papel miolo 75gr
Capa 250gr 4 cores
Com orelhas
Capa Laminado brilhante
100 exemplares

PROMOÇÃO VÁLIDA SOMENTE ATÉ 20 DE JUNHO COM AS ESPECIFICAÇÕES ACIMA

VEJA O LANÇAMENTO DE 2010

http://www.youtube.com/watch?v=kt5Ruk1ZIBU

Abraço,
Luiza Moreira
Editora Delicatta
www.antologia-delicatta.com

Fonte:
Texto enviado pela Editora Delicatta

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 234)

Casarão da Poesia, em Currais Novos
Uma Trova Nacional

No refúgio desmanchamos,
quando ficamos a sós,
esses nós que carregamos
no fundo de todos nós!
–SELMA PATTI SPINELLI/SP–

Uma Trova Potiguar

Ao rever o sítio antigo
do meu passado risonho,
a saudade andou comigo,
lembrando sonho por sonho.
–JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN–

Uma Trova Premiada

2004 - Nova Friburgo/RJ
Tema: REFÚGIO - M/H

Velho pomar, foste um dia,
o meu refúgio mais terno:
viste brotar a poesia
em meu primeiro caderno!...
–ERCY Mª MARQUES DE FARIA/SP–

Uma Trova de Ademar

A mais triste Solidão
que os seres humanos têm
é abrir o seu coração...
Olhar e não ver ninguém!
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Enganam-se os ditadores,
que, no seu furor medonho,
mandam matar sonhadores,
pensando matar o sonho!
–JOUBERT DE ARAUJO/ES–

Simplesmente Poesia

–IARA MARIA CARVALHO/RN–
Destino

Nasci da poeira
e as estrelas
e sobreviverei
até o dia
em que me varrerem
pra baixo
da terra úmida.

Estrofe do Dia

Quando a tarde chega ao fim,
na terra esfria o calor,
a abelha volta ao cortiço,
o sereno cai na flor,
é quando a lua de prata
dança por cima da mata,
deixando o chão de outra cor.
–JOÃO PARAIBANO/PB–

Soneto do Dia

–HERMES FONTES/SE–
Solenemente

Juro por tudo quanto é jura...Juro,
Por mim, por ti, por nós...por Jesus Cristo,
Que hei de esquecer-te! Vê-me ...Estou seguro
Contra teu sólio cuja dor assisto.

E visto que dúvidas tanto...visto
Que ris do que é solene, te asseguro,
Juro mais: pelo ser em que consisto!
Por meu passado! Pelo teu futuro!

Juro pela Mãe Virgem Concebida!
Pelas venturas de que vou ao encalço!
Por minha vida...Pela tua vida!

Juro por tudo que mais amo e exalço:
E depois de uma jura tão comprida
Juro...Juro qu'estou jurando falso!.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Ialmar Pio Schneider (Mulheres nos Romances de Machado de Assis)


Quando permaneço, por instantes, analisando os trinta e um volumes da coleção dos livros do mestre do Cosme Velho, um sobressai entre os demais. É dele que me aventuro a discorrer, ou melhor, de onde retirei motivos para alguns versos de minha lavra. Acrescento que foram impressões de leitura que já me proporcionaram escrever algumas modestas poesias.

Há muito anos, li pela primeira vez, o romance Quincas Borba, de Machado de Assis, para o qual compus dois sonetos, sendo que um aproveitando o seu final, e que é assim:

“Eia! lamenta dos dois recentes mortos,
se lágrimas tiveres pra chorar,
se só tiveres risos a lhes dar
pois ri nem que sejam risos tortos.”

Só quem amou assim deveras, sabe
que se pode morrer também de amar,
e o afeto que às vezes não nos cabe
é uma desgraça que nos vai matar.

“O Cruzeiro que a divinal Sofia
não quis fitar, como Rubião pedia,
está tão alto pra não discernir

os risos e as lágrimas dos vivos”
que sofrem cá no mundo por motivos
alheios ao seu modo de existir.

Jornal de Novo Hamburgo
em 29.9.2010


Este soneto foi extraído, em parte, do maravilhoso romance de Machado de Assis, Quincas Borba, no enlevo final da leitura.

E o outro, descrevendo o tema romântico do livro, intitulei de Amor Proibido

– Pobre Rubião que quis o amor proibido,
o louco afeto que não era seu,
e sem desabafar num só gemido
nos mares da loucura pereceu.

Sofia há de lembrar o seu pedido
que sem saber por que não atendeu,
e o distante cruzeiro enaltecido
continuará brilhando lá no céu,

como chamando a cativante bela
que calma se aproxime da janela
e que venha fazer-lhe companhia.

E o vento desfolhando as lindas flores
há de chorar incompreensões de amores
por uma voz pungente de elegia…

Pudera haver tanta imagem em páginas de romance de quem sofreu por amor ? Basta ler o Prólogo da 3ª Edição, escrita pelo próprio Machado de Assis: “A segunda edição deste livro acabou mais depressa que a primeira. Aqui sai ele em terceira, sem outra alteração além da emenda de alguns erros tipográficos, tais e tão poucos que, ainda conservados, não encobririam o sentido.

Um amigo e confrade ilustre tem teimado comigo para que dê a este livro o seguimento de outro.

– “Com as Memórias Póstumas de Brás Cubas, donde este proveio, fará você uma trilogia, e a Sofia de Quincas Borba ocupará exclusivamente a terceira parte.” Algum tempo cuidei que podia ser, mas relendo agora estas páginas concluo que não. A Sofia está aqui toda. Continuá-la seria repeti-la, e acaso repetir o mesmo seria pecado. Creio que foi assim que me tacharam este e alguns outros dos livros que vim compondo pelo tempo fora no silêncio da minha vida. Vozes houve, generosas e fortes, que então me defenderam; já lhes agradeci em particular; agora o faço cordial e publicamente.” 1899. M. de A.

O perspicaz crítico literário Franklin de Oliveira, assim se expressou a respeito do romance, falando de algumas mulheres que povoam as obras de Machado de Assis:

Também aquela imagem do negativismo machadiano encontra contestação em suas figuras femininas. O único ser generoso, em Quincas Borba, é uma mulher: Fernanda. E generosas são as suas mulheres, mesmo quando nos parecem emaranhadas numa oculta lascívia, como Capitu, Fidélia, Flora, Virgília e a Sofia, que passeia o seu mistério nas páginas deste romance.”

Nenhum outro escritor brasileiro perscrutou tanto a alma feminina quanto Machado de Assis, fazendo com que as personagens fossem atraentes e misteriosas. A leitura dos seus livros sempre vale a pena, considerando o estilo elegante e a escrita escorreita. E por isto mesmo é sempre atual e exigível para os vestibulares. Leiam-no !

Fonte:
Texto enviado pelo autor

Monteiro Lobato (Histórias de Tia Nastácia) XLIV - História dos Dois Ladrões


Era uma vez um boiadeiro lá do sertão, que tinha cara de bobo e fumaças de esperto. Um dia veio ao Rio de Janeiro gastar os cobres duma boiada. Logo que desceu do trem e ia se encaminhando para um hotelzinho próximo, foi abordado por um homem de cara ainda mais boba que a sua.

— Boa noite, meu senhor! — saudou o homem humildemetne.

O boiadeiro respondeu com um "boa noite" desconfiado, e foram andando juntos. O homem começou a contar uma história muito comprida. Disse que era da roça e estava completamente zonzo naquela capital. Não conhecia ninguém, não sabia tomar bondes, atrapalhava-se com qualquer coisinha — e o pior de tudo era o medão de ser roubado.

— Isto aqui — disse ele — é gatuno de todos os lados. Ninguém pode confiar em ninguém. Os piratas não dormem. Se a gente está com dinheiro no bolso, eles conhecem pelo cheiro — e tanto fazem que deixam uma pessoa limpa.

— Se o senhor tem tanto medo, é sinal de que está empatacado — disse o boiadeiro.

O homem correu os olhos, com desconfiança, dum lado e doutro; depois respondeu quase num cochicho:

— O senhor adivinhou. Todo o meu medo vem de trazer no bolso um pacote de notas no valor de dez mil cruzeiros, que lá na minha terra me encarregaram de entregar à Santa Casa. Mas não sei onde é a Santa Casa. Se pergunto, ensinam-me errado — ou então desconfiam de que estou com dinheiro.

E deu um suspiro. Depois continuou:

— Aquela gente lá da roça não imagina o que é isto aqui. Nem eu imaginava coisa nenhuma. Se soubesse, não vê que não me encarregava deste maldito dinheiro. Dez mil cruzeiros! Se perco o pacote, ou se algum pirata me passa a perna, vão dizer por lá que roubei — e fico desacreditado.

— E que pretende fazer? — indagou o boiadeiro.

— Minha idéia é descobrir um homem de bem que queira encarregar-se da entrega do dinheiro. Mas não acho esse homem. As caras desta terra não me inspiram a menor confiança. Só a sua. Assim que vi o senhor, tive um pressentimento no coração: "Aquele, sim, aquele tem cara de homem de bem." Por isso me aproximei.

O boiadeiro ficou muito lisonjeado com a boa idéia que o homem fazia dele.

— Lá isso, sou. Graças a Deus tenho um nome limpo. Quem quiser tratar com pessoa séria, me procure.

O homem do pacote suspirou.

— Deus seja louvado! Custou, mas achei. Meu coração não nega. Quando o vi descendo esta rua; palpitei cá comigo: "Meu salvador vai ser aquele homem..."

— Mas de que maneira acha que eu possa servi-lo? — perguntou o boiadeiro.

— Dum modo muito simples. Eu lhe dou o pacote dos dez mil cruzeiros e o senhor faz a entrega à Santa Casa.

Os olhos do boiadeiro brilharam.

— Pois estou às suas ordens — disse ele. — Neste mundo um tem de servir o outro. Já que lhe inspiro tanta confiança, disponha dos meus préstimos.

— Ora graças! — suspirou o homem, tirando o pacote do bolso. Era um pacote de notas graúdas, muito bem amarrado, com uma de cem cruzeiros em cima.

— Pois aqui está o pacote, meu senhor. E eu fico imensamente agradecido da sua bondade, Ah, nem imagina o peso que me tira do coração! Uf! Esse dinheiro estava me deixando doido...

O boiadeiro pegou no pacote e foi abrindo a mala para guardá-lo.

— Espere — disse o homem. — Eu tenho no senhor a mais absoluta confiança, mas sempre é bom que me dê uma garantiazinha — aí um dinheirinho qualquer, porque afinal de contas eu acabo de lhe entregar dez mil cruzeiros. Dez mil cruzeiros é uma fortuninha...

O primeiro ímpeto do boiadeiro foi restituir o pacote. Depois mudou e disse, pondo a mão no bolso:

— Serve uma garantia de mil e quinhentos cruzeiros? É todo o dinheiro que tenho no bolso.

O homem cocou a cabeça vacilante. Afinal resolveu:

— Serve. É pouco, mas serve...

O boiadeiro puxou os cobres e deu a de mil e quinhentos cruzeiros. Despediram-se cada qual seguindo numa direção.

— Dez mil cruzeiros! — foi murmurando o boiadeiro. — Dez mil cruzeiros! Para que precisa a Santa Casa de tanto dinheiro? Muito melhor eu distribuir isto lá pelos pobres da minha terra — pelo menos metade. É justo que a outra metade fique comigo, em pagamento do trabalho...

No hotel pediu um quarto, onde se fechou para contar o dinheiro. Só encontrou aquela nota de cem cruzeiros. O resto era papel de jornal...
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— Isso é o célebre conto-do-vigário, vovó! — gritou Pedrinho. — Todos os dias leio nos jornais coisas assim — e só me admiro de ainda haver gente que vá na onda. Como há bobos no mundo!...

— Como há patifes, isso sim — emendou dona Benta. — O segredo do conto-do-vigário é que um quer passar a perna no outro. Trata-se dum duelo entre dois tipos de ladrões — o ladrão esperto e o ladrão bronco. O bronco apanha o pacote — o esperto apanha a garantia. Eu, se fosse a polícia, punha os dois na cadeia.

— Mas isso não é história do folclore — disse Narizinho.

— Como não? Se é um produto do povo, é folclore do legítimo. Note que o principal elemento de todas as histórias é o logro. Seja príncipe ou jabuti, um logra o outro. A variedade está só nos jeitinhos do logro. O conto-do-vigário é um desses mil jeitos do esperto apanhar o dinheiro do bronco — num caso em que o bronco também é ladrão.

— Ah! — exclamou Emília. — Eu é que queria que alguém viesse para cima de mim com um pacote da Santa Casa...

— Que fazia?

— A coisa mais simples do mundo. "Quer garantia, meu caro senhor? Pois então abra o pacote e tire quanto quiser." Bastava isso.

— Bom, essa é a resposta natural duma pessoa honesta — mas quem cai no conto não é honesto. Assim que vê o pacote já fica assanhado para pegar o dinheiro, e portanto fará tudo, menos abrir o pacote.

— E agora? — perguntou Pedrinho.

— Agora chega — disse dona Benta. — Vocês já devem estar empanturrados de histórias.

— Eu confesso que estou — disse Emília. — Estou cheinha de reis e príncipes e princesas encantadas e velhas corocas e jabutis e veados e onças. Sinto até um gostinho de jardim zoológico na boca.

— Também eu estou farta — disse Narizinho. — Histórias do povo não quero mais. De hoje em diante, só as assinadas pelos grandes escritores. Essas é que são as artísticas.

— Bem — concluiu dona Benta. — Da próxima vez contarei só histórias literárias, isto é, as escritas pelos tais grandes escritores. Agora cama! Narizinho já bocejou três vezes...

E a criançada foi dormir.

FIM

Fonte:
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. SP: Brasiliense, 1995.
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source

Alerta (Errata nos Jogos Florais de Santos)


Em virtude de erro de digitação (minha), a trova abaixo (Reage se a sorte inglória) estava de autoria de Eduardo A. O. Toledo, quando na verdade é de Edmar Japiassú Maia. Então, faltou a trova do Toledo (O destino, sobretudo,) que também já está colocada na postagem.

Reage se a sorte inglória
em teu destino é chegada,
que há uma noite obrigatória
entre o poente e a alvorada!
EDMAR JAPIASSÚ MAIA (Rio de Janeiro/RJ)

O destino, sobretudo,
numa visão alongada,
é uma incerteza de tudo
ante a certeza do nada!
EDUARDO A. O. TOLEDO (Posuo Alegre/MG)

Aos autores das trovas, os meus pedidos de desculpas pela falha.
José Feldman

XV Jogos Florais de Santos (Classificação Final)


Homenagem

Ao identificarmos os classificados nos Nossos Jogos Florais, grande foi a emoção quando, cdoração ainda bastante dolorido pelo recente falecimento do nosso querido Irmão MILTON NUNES LOUREIRO, vimos seu nome surgir de um dos
envelopes. Milton Marcava sua presença em Santos, como prometera, há dois meses atrás!

Assim, em justificadíssima homenagem, substituímos a Menção Honrosa que conquistara, pela classificação extra de Vencedor, que outro título não merece quem levou a termo vinte e dois Jogos Florais à frente da UBT/Niterói, por ele presidida por tantos anos! Deixa saudades nosso querido irmão!

Sendo um mistério profundo,

que a gente nunca pressente,
Destino é força do mundo
regendo a vida da gente...

MILTON NUNES LOUREIRO - VENCEDOR

CONCURSO NACIONAL / INTERNACIONAL
Tema: Destino


VENCEDORES


Destino, fado ou o que for
isso tudo é só brinquedo.
- Na história real do amor,
cria o amor seu próprio enredo.
A. A. de ASSIS (Maringá/PR)

Desde os tempos de criança,
meu destino faz trapaças:
enche as taças de esperança
e depois...derruba as taças!
EDMAR JAPÍASSÚ MAIA (Rio de Janeiro/RJ)

Reage se a sorte inglória
em teu destino é chegada,
que há uma noite obrigatória
entre o poente e a alvorada!
EDMAR JAPIASSÚ MAIA (Rio de Janeiro/RJ)

O destino, sobretudo,
numa visão alongada,
é uma incerteza de tudo
ante a certeza do nada!
EDUARDO A. O. TOLEDO (Posuo Alegre/MG)

Convivem dentro de mim,
o “eu profano” e o “eu divino”;
um demônio, um querubim,
formatando o meu destino!
FRANCISCO DE NEVES MACEDO (Natal/RN)

Sou tal qual um beduíno,
na vastidão do deserto,
levado pelo destino
para o meu destino incerto!
FRANCISCO NEVES DE MACEDO (Natal/RN)

Sem pretensão, eu domino
os fados que são só meus...
Quero levar meu destino
para os destinos de Deus!
JOÃO FREIRE FILHO (Rio de Janeiro/RJ)

Em nosso viver diário,
de contratempos sem conta,
a gente monta um cenário,
chega o destino e desmonta!
JOSÉ TAVARES DE LIMA (Juiz de Fora/MG)

E por falar em destino,
seus caminhos desconheço.
Como entender o divino
se nem o humano conheço.
JOTA DE JESUS (Saquarema/RJ)

O destino traiçoeiro
separou-nos, sem piedade,
mas o amor fez do carteiro
o porta-voz da saudade.
WANDA DE PAULA MOURTHÉ (Belo Horizonte/MG)

MENÇÕES HONROSAS

Qual o vento, quando muda,
leva a nuvem que o céu cobre,
muita vez pequena ajuda
muda o destino de um pobre.
A. A. DE ASSIS (Maringá/PR)

Por perguntas sem respostas...
Por mil escolhas erradas...
Ah!, Destino, em tuas costas
quantas culpas são lançadas!...
ARLINDO TADEU HAGEN (Belo Horizonte/MG)

Aquele amor do passado
só na lembrança ficou,
pois nosso encontro marcado
o destino desmarcou!
CLENIR NEVES RIBEIRO (Nova Friburgo/RJ)

O destino é meu parceiro
quando, em meio à tempestade,
eu tenho por timoneiro
o próprio Deus da verdade.
FLÁVIO ROBERTO STEFANI (Porto Alegre/RS)

Papel limpo...cristalino,
a vida é assim, como deve.
A história do seu destino
você mesmo é quem escreve...
GILVAN CARNEIRO DA SILVA (São Gonçalo/RJ)

O sonho, às vezes tão lindo,
é uma pipa que à tardinha,
quando no céu vai subindo,
o destino corta a linha.
HEGEL PONTES (Juiz de Fora/MG)

Mesmo que eu renove as trilhas,
desviando a caminhada,
não escapo às armadilhas
que o destino põe na estrada!
JOSÉ LUCAS DE BARROS (Natal/RN)

Destino, esta vida atroz
é jogo no qual te fartas
de triunfar sobre nós,
que nunca damos as cartas!
NEWTON VIEIRA (Curvelo/MG)

No amor eu fui peregrino,
só você me conquistou...
Eu não mudei meu destino,
mas o meu, você mudou!
RODOLPHO ABBUD (Nova Friburgo/RJ)

Destinho - senhor medonho -
que, às vezes, com falso embalo,
mostra a magia de um sonho,
mas não nos deixa alcançá-lo.
THEREZA DA COSTA VAL (Belo Horizonte/MG)

MENÇÕES ESPECIAIS

No meu barco repentino,
vou remando, sem estrilo:
- eu não sei o meu destino,
Deus sabe mas faz sigilo...
AÍLTO ROGRIGUES (Nova Friburgo/RJ)

Destino! É dada a partida...
O trem resfolega...e sai,
E a gente embarca na vida,
sem saber por onde vai!
ANTÔNIO CARLOS T. PINTO (Brasília/DF)

Não culpes o teu destino,
mas levanta resoluto!
Não temas o sol a pino,
que a seu tempo vem o fruto.
CARLOS ALBERTO DE ASSIS CAVALCANTI (Arcoverde/PE)

Soam plangentes os sinos
nos ritos dos funerais...
Por diferentes destinos,
temos destinos iguais.
DULCÍDIO DE B. M. SOBRINHO (Juiz de Fora/MG)

Trovador, terceira idade,
destino as horas vazias,
para que a própria saudade,
escreva as minhas poesias!
EDERSON CARDOSO DE LIMA (Niterói/RJ)

Meu destino é nau sem fim
que o mar da vida levou...
Nem disse de onde eu vim,
nem disse para onde eu vou!!!
EDUARDO A. O. TOLEDO (Pouso Alegre/MG)

Meu destino eu mesmo imponho,
senhor dos meus universos...
Não posso abdicar do sonho
que enche de amor os meus versos!
GILVAN CARNEIRO DA SILVA (São Gonçalo/RJ)

Olhei-te...Também me olhaste.
E o destino, sedutor,
camuflou todo o contraste
nas cegas tramas do amor!
MARIA HELENA O. COSTA (Ponta Grossa/PR)

Perdi...E a sorte malsino
se amor não me tens, agora...
No jogo do teu destino
fui carta jogada fora!
THEREZA DA COSTA VAL (Belo Horizonte/MG)

Sonhar com dias risonhos,
impõem-nos desde menino,
mas não ensinam que os sonhos
não mudam nosso destino.
WANDIRA FAGUNDES QUEIROZ (Curitiba/PR)

Quando o destino me lança,
em tristes vielas tortas,
eu sinto o sol da Esperança,
revivendo auroras mortas...
YVONE TAGLIALEGNA PRADO (Belo Horizonte/MG)
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CONCURSO ESTADUAL (SP)
Tema: Onda


VENCEDORES


Dos beijos que cegaram,
não guardo saudade alguma,
foram ondas que passaram
sem sequer deixar espuma...
ALBA CHRISTINA CAMPOS NETTO (São Paulo/SP)

Nas ondas sentimentais
que o meu barco sempre avista,
posso encontrar temporais,
mas meus sonhos vão na crista.
ALBA CHRISTINA CAMPOS NETTO (São Paulo/SP)

Abre o mar meu relicário
e oferece à lua cheia,
lindas conchas de um rosário,
que as ondas deixam na areia.
CAMPOS SALES (São Paulo/SP)

Sobre as ondas sem receio,
o jangadeiro arredio,
lembra um peão de rodeio,
domando um potro bravio.
CAMPOS SALES (São Paulo/SP)

No meu corpo, mar revolto,
quando o desejo me invade,
o teu vulto “surfa” solto
nestas ondas de saudade.
DOMITILLA BORGES BELTRAME (São Paulo/SP)

Às vezes, em desatino,
eu vou perguntando assim:
por que as ondas do destino
vão te afastando de mim?
IZO GOLDMAN (São Paulo/SP)

Junto à praia, a contrastar
com a fúria das marés,
as ondas calmas do março
beijam de leve, meus pés!
RENATA PACCOLA (São Paulo/SP)

Morena, que te amo tanto,
e desprezas meus desvelos:
deixa afogar o meu pranto
nas ondas dos teus cabelos...
SELMA PATTI SPINELLI (São Paulo/SP)

O vento, zéfiro alado,
cavalga a onda e ponteia:
e a onda, num rendilhado,
vem descansar sobre a areia.
SELMA PATTI SPINELLI (São Paulo/SP)

Quando chegou, foi sincero:
- Sou onda do mar, meu bem.
Depois se foi...e eu espero...
toda a onda...vai e vem!
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA (São Paulo/SP)

MENÇÕES HONROSAS

A beleza do luar
e a solidão que me invade,
me lavam a mergulhar
numa onda de saudade.
ARGEMIRA FERNANDES MARCONDES (Taubaté/SP)

Neste mar de guerra e paz
alternando luz e treva,
a vida é onda que traz,
a morte é a onda que leva.
CAMPOS SALES (São Paulo/SP)

Qualquer onda eu desafio,
sou surfista destemida
neste imenso mar bravio
que nós chamamos de Vida!
ERCY MARIA M. DE FARIA (Baurú/SP)

Ondas...mansas ou revoltas,
em noites de lua cheia
criam mil pérolas, soltas
com que o mar enfeita a areia...
HÉRON PATRÍCIO (São Paulo/SP)

Olho as ondas se batendo
no penhasco, junto ao mar,
parecem sonhos morrendo,
beijados pelo luar.
LYGIA T. FUMAGALLI AMBROGI (Taubaté/SP)

Ondas vão, mas voltarão...
Na praia fica a cismar
que elas servem de lição
para eu ir, depois voltar.
MARIA IGNEZ PEREIRA (Mogi Guaçu/SP)

Sua lembrança me alcança
e a saudade me desperta
mas, as ondas da esperança
morrem na praia deserta!...
MARILÚCIA REZENDE (São Paulo/SP)

Foi uma noite de amor
mas partiste no arrebol
me deixando o teu calor
entre as ondas do lençol....
MARINA BRUNA (São Paulo/SP)

O vento faz serenata
e o mar se põe a cantar
versos, em ondas de prata,
de uma poesia... ao luar...
ROBERTO TCHEPELENTYKY (São Paulo/SP)

Falou de amor...achei graça...
e quase que eu disse não!
Mas, para minha desgraça,
“fui na onda” da paixão.
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA (São Paulo/SP)

MENÇÕES ESPECIAIS

Nosso amor sem sintonia,
nos deixou com igualdade,
ondas curtas de alegria,
ondas longas de saudade.
ALBA CHRISTINA CAMPOS NETTO (São Paulo/SP)

Velho mar, o seu bailado
das ondas nos vem provar,
que nada existe de errado
às vezes em recuar...
ERCY MARIA MARQUES DE FARIA (Baurú/SP)

A onda toda vez quando
na praia vem deslizar,
parece o pranto rolando
dos olhos tristes do mar...
ERCY MARIA MARQUES DE FARIA (Baurú/SP)

As ondas laboriosas
urdindo em verdes teares,
desenham rendas mimosas
para as noivas de seus mares!...
EDNA VALENTE FERRACINI (São Paulo/SP)

Enfrento as ondas bravias
que o mar da vida me traz...
Assim conquisto os meus dias
e tenho noites de paz.
MAURÍCIO CAVALHEIRO (Pindamonhangaba/SP)

Em noite de lua cheia,
numa carícia risonha,
as ondas beijam a areia,
tal qual o poeta sonha!
LUIZ CARLOS JUNIOR (Pindamonhangaba/SP)

Ante o teu corpo, sou cego
tateando com desvelos,
e com meus dedos navego
nas ondas dos teus cabelos...
RENATA PACCOLA (São Paulo/SP)

Já não sou onda que assola
a praia desta paixão,
hoje sou simples marola
no mar do seu coração!
ROBERTO NINI (Moji Guaçu/SP)

Meu destino foi traçado
quando a onda, no convés,
veio forte, e de bom grado,
me fez cair aos teus pés!
SELMA PATTI SPINELLI (São Paulo/SP)

Meus sonhos morrem ou crescem,
retratando esta aparência:
ondas que sobem e que descem
no mar da minha existência!....
MARILÚCIA REZENDE (São Paulo/SP)

CONCURSO LOCAL (SANTOS)
Tema: Jardim


VENCEDORES


Na vida de um trovador....
florindo sonhos diversos,
a Trova é um Jardim de Amor...
Num trevo de quatro versos!!!!
ANA MARIA GUERRIZE GOUVEIA

Se a poesia nasce em mim,
assim como nasce a planta...
Presumo ter um jardim,
na minha alma quando canta...
ANA MARIA GUERRIZE GOUVEIA

Em um jardim da cidade,
tendo a sua companhia,
eu já nem sinto saudade
dasaudade que eu sentia....
ANTÔNIO COLAVITE FILHO

Nos jardins da humanidade
está faltando uma flor...
É a nossa fraternidade
e o seu perfume de amor!
EDNA GALLO

Seja qual for o motivo
segue na doce ilusão,
tendo sempre um sonho vivo
no jardim do coração.
MARIA NELSI SALES DIAS

MENÇÕES HONROSAS

Num jardim – abrindo flores...
Deus fez surgir, majestosa,
a alma dos trovadores,
quando foi abrir a rosa!!!
ANA MARIA GUERRIZE GOUVEIA

Semeio rimas cruzadas
qual jardineiro em labor
para colher, perfumadas
as Trovas, flores do Amor!
ANTÔNIO COLAVITE FILHO

A Lua, não sei por onde,
espera o Sol na jornada
brincando de “esconde-esconde”
nos jardins...da madrugada...
ANTÔNIO COLAVITE FILHO

No meu jardim perfumado
de matizes multicores,
eu vejo Deus disfarçado
no meio das belas flores!
EDNA GALLO

Ao passar pelo jardim
lar da minha mocidade,
tua imagem veio a mim
com a mais doce saudade!
NAIR LOPES RODRIGUES

MENÇÕES ESPECIAIS

As estrelas são no céu
como flores no jardim,
dispersas, soltas ao léu
em primaveras sem fim!
CYNIRA ANTUNES DE MOURA

Meus sonhos de primavera
embalados de paixão,
foram rosas de quimera
nos jardins de uma ilusão!
EDNA GALLO

Flores, luar e jardim,
três belezas reunidas
que fazem brotar em mim
o encanto de nossas vidas.
ILZE DE ARRUDA CAMARGO

No jardim de rima e prosa
do meu peito sonhador
és o cravo e eu a rosa
na primavera do amor....
MARIA NELSI SALES DIAS

Borboletas multicolores
sobrevoam o jardim,
adornando nossas flores
de uma beleza sem fim.
ZAÍRA ALMEIDA GOMES
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Amanhã continua com Trovadores de Origem Hispânica, com o tema Paz

Fonte:
Livreto dos XV Jogos Florais de Santos/ 2011

terça-feira, 14 de junho de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 233)


Uma Trova Nacional

Quase entrou em parafuso,
releu para ter certeza
o telegrama do luso:
"Chego amanhã, de surpresa"...
–LICÍNIO ANTÔNIO DE ANDRADE/MG–

Uma Trova Potiguar

Eu não sei bem se é pecado,
só sei que fiz e não nego;
já roubei um aleijado
para socorrer um cego.
–LUIZ XAVIER/RN–

Uma Trova Premiada

2007 - São Paulo/SP
Tema : FOGO - Venc.

“De fogo”, o Zeca reclama;
– nessa lei eu não me amarro...
Quem criou esse programa
de gastar álcool com carro???
-HÉRON PATRÍCIO/MG-

Uma Trova de Ademar

Ela nunca me corneia,
pois eu sou muito sortudo...
Quem casa com mulher feia
é difícil ser chifrudo!
-ADEMAR MACEDO/RN-

...E Suas Trovas Ficaram

Sem cartola e sem magia
tem muito lalau que enrica!
A verba segue outra via
E somente “Fraude” explica.
-HILDEMAR DE ARAÚJO/BA-

Simplesmente Poesia

–SERGIO AUGUSTO SEVERO/RN–
Bem Aventurados

Bem aventurado o Surdo
por não ter a imposição
de Domingo, no Faustão,
escutar tanto absurdo.

E ao Mudo, também bendigo,
por não repetir Galvão,
ao referir-se ao amigo,
gritar com afetação:

Ronaldinho!!... Ronaldinho!!
(e o atleta, "redondinho",
perde o gol e ajeita a meia).

São Sílvios, Biais, Faustões...
que bom se essas transmissões,
fossem feitas... em Cadeia !!

Estrofe do Dia

No lugar que o moço está
qualquer um velho se arreda,
o moço é quem faz a farra
o velho é quem se embebeda;
o moço leva a topada
e o velho é quem sofre a queda.
–PINTO DE MONTEIRO/PB–

Soneto do Dia

BASTOS TIGRE/PE–
Argumento de Defesa

Disse alguém, por maldade ou por intriga,
Que eu de Vossa Excelência mal dissera:
Que tinha amantes, que era "fácil", que era
Da virtude doméstica, inimiga.

Maldito seja o cérebro que gera
Infâmias tais que em cólera maldigo!
Se eu disse tal, que tenha por castigo
O beijo de uma sogra ou de uma fera!

Senhora! pondo a mão sobre a consciência,
Minha palavra, impávida, protesta
Contra essa intriga da maledicência!

Indague a amigos meus; qualquer atesta
Que eu acho e sempre achei Vossa Excelência
Feia de mais para não ser honesta...

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Monteiro Lobato (Histórias de Tia Nastácia) XLIII - O Alcatraz e o Eider


Havia uma disputa entre o alcatraz (espécie de pelicano) e o eider...

— Antes de mais nada — pediu Narizinho — explique que bichos são esses.

— O alcatraz é uma ave marinha que tem um saco debaixo do bico. Uma ave com fama de ser a mais glutona de todas. Por isso os homens de certas zonas utilizam-na para a pesca. Botam-lhe uma argola no pescoço, debaixo do tal saco, de modo que o alcatraz pesque o peixe mas não possa engoli-lo. E o eider é um patão marinho dos países frios, famoso pela maciez de sua pluma; muito usada para travesseiros e acolchoados.

Bem. O alcatraz e o eider andavam brigando justamente por causa da pluma. Cada qual queria ter o privilégio de produzi-la. Por fim combinaram uma coisa.

Ficaria com o privilégio da pluma o que acordasse mais cedo e avisasse ao outro de que o sol estava nascendo.

Disposto a ganhar a partida custasse o que custasse, o alcatraz resolveu passar a noite acordado. Já o eider tratou de dormir o mais cedo possível. Sono, porém é sono. Quando chega não há quem agüente, de modo que lá pela madrugada o alcatraz estava de não poder mais consigo. Tinha de fazer esforços tremendos para conservar os olhos abertos.

De repente não pôde mais, cochilou — e teve um pesadelo, pondo-se a gritar: "O sol! O sol está nascendo!

A gritaria acordou o eider, que ficou a rir-se de ver o pobre alcatraz naquela luta para resistir ao sono. Por mais que fizesse, o sono o ia vencendo. Afinal sua cabeça pendeu e ele dormiu duma vez.

Justamente nesse instante o sol começou a levantar-se.

— O sol! O sol! Lá vem vindo o sol! Ganhei! — gritou o eider.

E teve de sacudir o alcatraz para acordá-lo.

Desde então ficou o eider com o privilégio das plumas maciíssimas — tudo porque soube fazer as coisas.
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— Está aí um ponto meio duvidoso — disse Pedrinho. — O eider não soube fazer nada — apenas dormiu. Teve sorte, isso sim.

— Espere, Pedrinho. Note que o alcatraz, muito estupidamente, quis forçar a vitória, e a vitória não gosta de vir desse modo. Já o eider respeitou as leis da natureza, não forçou coisa nenhuma.

— Que lei?

— A lei do sono. A sabedoria do eider foi tratar de dormir o mais cedo possível. Era o meio de estar bem acordadinho à hora do nascer dó sol. O alcatraz contrariou a lei do sono — e pá! levou na cabeça,

— Por falar em eider, vovó, não poderíamos criar essa ave aqui? — perguntou a menina. — Teríamos plumas para os nossos travesseiros — coisa muito, melhor que macela.

— Pois eu em vez de plumas de eider preferia papos de alcatraz, para pescar de argola na lagoa — disse Emília.

— Impossível — respondeu dona Benta. — Essas aves não agüentariam o nosso clima.

Muito quente para elas.

— Poderiam dormir na geladeira — lembrou Emília.

— Ei, ei, ei! — exclamou Narizinho. — Eu já andava admirada dum livro inteiro sem uma asneirinha só...

— E agora vovó? — indagou Pedrinho. — Que história vai contar?

— Creio que chega. Com tantas histórias assim, vocês apanham uma indigestão.

— Mais uma apenas, para fechar a série. Pedrinho pensou um bocado.

— Uma de onde?

— Uma do Rio de Janeiro, por exemplo — uma bem carioca.

Dona Benta olhou para o forno. Depois riu-se e contou
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Obs: A pluma do eider chama-se edredão; o mesmo nome «e dá ao travesseiro ou acolchoado que contém pluma.
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Continua… XLIV – História dos Dois Ladrões
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Fonte:
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. SP: Brasiliense, 1995.
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source

Antonio Brás Constante (O Destino do Último Homem Fiel (Homenagem aos namorados))


Seu nome era Sandoval. Ele era do tipo cafajeste. Apelidado na região de “rei dos safados”. Conheceu Albertina e caiu de amores por aquela mulher. Ela, porém, era um poço de desconfiança, que não queria nada com aquele canalha. Mas o amor trilha caminhos misteriosos, transformando aquele calhorda incurável em um obstinado apaixonado.

Ele prometeu que se os dois casassem mudaria seu jeito de ser. Seria o marido fiel que ela gostaria de ter. Ninguém acreditou, nem ela. Porém, de tanto ele insistir, a moça acabou cedendo aos seus encantos de cafajeste convertido em bom moço.

Ela concordou em se casar, mas com uma condição: que ele nunca traísse o seu amor, sob pena de morte. Falava sério, olhando nos olhos dele, pois era uma mulher de palavra. Ele jurou por todas as almas dos parentes que tinha e dos que nem mesmo existiam que seria fiel.

Casaram-se. O tempo foi passando. Ela sempre observadora. Ele sempre demonstrando ser o mais leal possível.

Um belo dia algo aconteceu. Ele perdeu o seu celular. Não soube explicar como, mas perdeu. Procurou por todos os lugares. Ligou para o aparelho e nada.

A mulher, que já estava quase totalmente acreditando na fidelidade do marido, voltou a ter desconfianças sobre sua pessoa. Aquela história não estava bem contada. Um celular não desaparece assim.

O destino, porém, tem caprichos que o próprio amor desconhece. Para azar do infeliz ex-cafajeste, um rapaz achou seu celular sem bateria, colocou-o no bolso do casaco e andando vários dias com ele de um lado para o outro. Após uma bebedeira em uma boate, o referido rapaz acabou deixando o celular em um dos quartos, saindo sem pagar a conta.

A garota que estava com o rapaz, ao perceber que ele tinha sumido enquanto ela estava no banheiro, fica enraivecida pelo não pagamento de seus “serviços”, mas encontra o celular próximo a cama onde estavam as roupas dele. Ela então pede emprestado um carregador de bateria para suas colegas e aciona o aparelho. Vasculha na sua agenda e encontra um endereço denominado “casa” e liga para lá. A esposa de Sandoval atende. A mulher da boate fala poucas e boas do homem que ambas julgam ser a mesma pessoa.

Quando o marido chega em casa, após um dia cansativo de serviço, encontra a mesa toda arrumada. Flores e velas enfeitando o móvel. Pergunta qual o motivo daquilo. Sua esposa lhe responde que naquela noite irão renovar as promessas do casamento.

Ele senta. Ela pega seu prato e lhe serve um delicioso banquete, elaborado com carnes finas, saladas variadas, massas e vinho. Tudo temperado com um poderosíssimo veneno. Afinal, ela era uma mulher de palavra.

Fontes:
Texto enviado pelo autor
Imagem = http://www.oquemeusaojoaotem.com.br

Ialmar Pio Schneider (Homenagens em Soneto VI)


SONETO AO BEATO JOSÉ DE ANCHIETA
Falecimento do poeta e catequista em 9.6.1597 –
In Memoriam – Dia de Anchieta.

Brilhante “Apóstolo do Novo Mundo”,
cuja vida foi toda dedicada,
com amor verdadeiro, tão profundo,
a Jesus e à Virgem Imaculada…

Da ilha de Tenerife era oriundo
e veio prosseguir sua jornada,
cá no Brasil, com ânimo fecundo,
que ele adotou, a sua Pátria Amada !…

Ore por nós, poeta peregrino !
Beato José de Anchieta, seu destino
foi trazer luz aos índios inocentes…

De catequista teve a trajetória;
jamais se apagará de nossa História,
das poesias os seus ensinamentos !

SONETO A MARGUERITE YOURCENAR
– In Memoriam – Nascimento da escritora em 8.6.1903 – . –
ao escritor e jornalista Walter Galvani.

Outrora li “Memórias de Adriano”,
da autora Marguerite Yourcenar,
que tendo sido Imperador Romano,
soube com sapiência governar…

Foram vinte e cinco anos a pesquisar,
disse Walter Galvani em texto lhano,
que a escritora levou para criar
o memorial do grande soberano…

E quinze vezes leu o livro culto,
dizendo “que nos sirva de lição”,
esse trabalho ingente de valor !

Pode deixar… que a frase toma vulto,
e aqui lhe aviso, agora, de antemão,
há de ser minha meta este labor !…

SONETO A TOBIAS BARRETO
– In Memoriam –
Data do nascimento do filósofo e poeta em 7.6.1839 –

Após ler um soneto de Tobias
Barreto de Menezes, meu desejo
de homenageá-lo, agora, neste ensejo,
suscitou minha verve de poesias…

Também, foi mestre nas filosofias,
principalmente as alemãs; e vejo
que inteligência teve de sobejo
para criar ideias e poesias…

“Um condor solitário”, mas autêntico;
pois, não houve, sequer, nenhum idêntico,
que lhe fizesse sombra em altivez…

Porque, filósofo e poeta augusto,
seu estro vai pairar, sem qualquer custo,
nos ares da Nação, sempre… de vez…

SONETO A FEDERICO GARCÍA LORCA
– Nascimento do poeta em 5.6.1899 –
In Memoriam

Por que será que as vozes dos poetas,
que compunham seus versos de magia,
que nem García Lorca e os ascetas,
foram caladas pela covardia?!…

Porém, viveram sua ideologia
e permanecem como se profetas
para um mundo melhor no dia a dia
das pessoas humildes e corretas…

E Federico foi herói no ardor
de pretender o bem da Humanidade
à qual dedicou todo seu amor…

Os poemas, sonetos e canções
vão continuar eternos na verdade
que transmitiram suas emoções…

SONETO A CLÁUDIO MANUEL DA COSTA
– Data do nascimento do poeta em 5.6.1729 –
In Memoriam –

Foi poeta, advogado e fazendeiro,
e quis a liberdade da nação;
pois, diz-se que era um culto companheiro
dos que lutavam p´ra libertação…

Pairam dúvidas do suicídio ou não,
como um ato de fuga derradeiro,
que praticou sofrendo na prisão,
porque não suportou o cativeiro…

Amou Lise que foi seu “doce encanto”,
por ela derramou seu “terno pranto”,
junto aos “piedosos troncos” do arvoredo…

Sua existência trágica, infeliz,
traduz-se nos sonetos em que diz
de um amor de amargura sem enredo…

SONETO A FRANZ KAFKA
– Falecimento do escritor em 3.6.1924 –
In Memoriam –

Escritor, símbolo da resistência,
que em A Metamorfose foi inseto,
mas que tinha, também, inteligência
para exercer o ofício predileto…

“Gregor só costumava ver o objeto”,
enquanto levava sua existência,
e por todo seu mágico trajeto,
foi socialista e ateu na adolescência…

Mas também, outrossim, como anarquista,
participou de algumas reuniões;
entretanto, por fim era sionista…

Depois de formar-se advogado em Praga,
escreveu O Processo por questões
que talvez sejam sua obra magna…

Fonte:
Sonetos enviados pelo autor