quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Araceli Rodrigues Friedrich (Canteiro de Trovas)


Abraça, menino, o estudo;
procura, encontra o saber:
– Que ele te sirva de escudo
na luta do bem viver.

A brisa leve me traz
um laivo de teu perfume;
mas esse fato é capaz
de acirrar o meu ciúme.

A chuva lenta que cai,
da nuvem que se desfaz,
a terra encharcando vai
e a seara se refaz.

A felicidade é um triz
que passa, assim, de repente
mas eu para ser feliz
empreendo uma luta ingente.

A goteira impertinente,
ao cair do meu telhado,
incomoda muita gente,
por deixar tudo molhado.

Amizade não se mede
pela distância, pois não!
Na verdade ela só pede,
morar no meu coração.

Ao compor a minha trova
terno desejo me invade,
querer dar-te minha prova
de uma sincera amizade.

Ao contemplar as estrelas
no firmamento de anil
não as encontro mais belas
que as do céu do meu Brasil.

Ao perceber o desprezo
estampado em teu olhar
meu coração, que está preso,
quero do peito arrancar.

Ao ver como é imponente
aquela árvore esguia
esqueço a humilde semente
que lhe deu a vida um dia.

Aquela grácil menina
que tanta beleza encerra,
possui origem divina:
– Foi Deus quem a pôs na terra.

Aquele que ama, perdoa,
eis uma grande lição,
veja quão doce é que soa;
– Sim, eu te perdoo, irmão!"

A saudade é sentimento,
amargoso como fel;
mas há sempre um bom momento,
em que é doce qual um mel.

Assim como é conhecida:
- Ser da instrução a mais pura,
Curitiba nesta lida,
é a "Capital da Cultura".

Às vezes, pensando eu fico
e este pensar me consome...
Como é que em país tão rico
existe quem passe fome?

Às vezes tenho vontade,
de voar pelo infinito:
- É quando sinto saudade
do teu rostinho bonito.

Atento e não mais duvido,
maior orgulho não há,
que ver meu nome incluído,
na UBT do Paraná!

A vida tenho levado,
em fazer umas poesias
que, mesmo com pé quebrado,
dão-me muitas alegrias.

Cismando eu te vi tão lindo,
rezando junto ao altar,
que tive desejo infindo
de correr pra te abraçar.

Coisas que faço e refaço
e, às vezes, digo, também,
não são causa de embaraço
mas a defesa de alguém.

Com a grande pretensão
de ser poeta algum dia
vivo de lápis na mão
tentando fazer poesia.

Com entonação discreta
e com letrinhas, só três,
assim inventou o poeta,
maior nome em português.

Deputado diz "fazido"?
Não me assusto, não senhor;
ele não deve ter tido
um sábio e bom professor.

É bem feliz quem na terra,
vive nas lides da paz,
esquivando-se da guerra,
é de amor tudo o que faz.

É mais difícil na vida,
você subir que descer,
mas não esqueça, querida,
a glória está no ascender.

Em lindas trovas singelas,
eu procurei me inspirar:
- Lendo-as tão simples e belas,
não consegui versejar,

Em vez da palavra guerra
que tanta desgraça traz
devia existir na terra
somente a palavra PAZ!

Enquanto orares não digas
simples palavras ao léu,
pois elas são inimigas
no caminho para o céu.

Eu busco a felicidade
por este mundo sem fim,
mas vejam quanta maldade
– Ela só foge de mim.

Eu gosto de ler quadrinhas,
as que eu fiz e as que não fiz,
pois mesmo as que não são minhas,
também me fazem feliz!

Eu juro! Digo a verdade,
não estou sendo revel...
falando: -"Felicidade"
sinto um gostinho de mel.

Eu perdi a liberdade,
de te adorar, ó querida,
no momento em que a saudade
acorrentou-me na vida.

Eu quero beijar, querida,
seus lábios cor de carmim,
para que, sempre na vida,
você só lembre de mim.

Hoje me punge a saudade
dos dias em Porto União:
ali deixei amizade...
sonho… ternura... ilusão...

Hoje, no romper da aurora,
fui meu relógio acertar;
prevendo ter, ó Senhora,
mais tempo pra Te adorar.

Menina, faça um versinho,
escrito com muita graça,
tendo no enredo o carinho
que muito feliz me faça.

O dia é pleno de sol
à noite a lua ilumina
e quando surge o arrebol
já penso em ti, ó menina!

Fonte:
Luiz Hélio Friedrich. Maurício Noberto Friedrich. Família Friedrich em Trovas. Curitiba/PR: Centro de Letras do Paraná, 2018.

Nenhum comentário: