A mulher quando quer, manda,
mas quando manda não quer;
quando ela manda, desmanda.
- Quem entende o que é mulher?
- - - - - –
Anda a honra tão sem jeito,
neste mundo camuflada,
que, agora, qualquer sujeito
a exibe como fachada!
- - - - - –
As pessoas geralmente
deixam seu rastro no chão;
– o teu rastro unicamente
ficou no meu coração…
- - - - - –
As redondilhas que amamos,
e têm realce e frescor,
são sempre aquelas que armamos
com o cimento do amor…
- - - - - –
A verdade seja dita
numa trova sem valor:
– em cada mulher bonita
se encontra um verso de amor.
- - - - - –
Chegando ao fim da jornada,
sem passado e sem futuro,
no presente encontro o nada
porque nada mais procuro…
- - - - - –
Conhecerás pelos frutos
as plantas, boas ou más:
– vê que os homens dissolutos
não darão frutos de paz…
- - - - - –
Cultiva, amigo, a bondade,
E algum dia entenderás
que a maior felicidade
está no bem que se faz…
- - - - - –
Curvo-me ao fado perverso,
como te confesso assim:
-Sempre a buscar-te em meu verso,
sempre a fugires de mim!
- - - - - –
E aqui deixo a última nota
destas Trovas, coração:
– Eu, no amor, só vi derrota,
engano, nada, ilusão…
- - - - - –
Eu levo a vida cismando
no tempo todo perdido
do tempo em que andei sonhando
um tempo nunca vivido.
- - - - - –
Meu destino nesta vida
há de sempre ser assim:
– sempre a lembrar-te, querida,
sempre a fugires de mim…
- - - - - –
Não amo a felicidade,
que ninguém tem e não vê;
- amo a sombra da saudade
que me fala de você…
- - - - - –
Na velhice a gente vela,
talvez pensando, acordado:
– a vida não era aquela
que eu esbanjei no passado…
- - - - - –
Na vida, oceano inclemente,
de engano e tantos escolhos,
navega a infância inocente
tendo a esperança nos olhos.
- - - - - –
Nesta existência a alegria,
experimenta e verás,
está na doce poesia
de todo o bem que se faz…
- - - - - –
Promessas de amor! Inúteis
ilusões da humana lida!
– Assim, de coisinhas fúteis
vamos construindo a vida.
- - - - - –
Tenho o coração magoado,
não que me julgue infeliz,
mas por nunca ter amado
como devia e não quis…
- - - - - –
Tudo ilude, tudo mente,
na vida cheia de escolhos:
muita gente há descontente
com um sorriso nos olhos…
- - - - - –
Uma verdade parece
muita gente definir:
– quem muito sobe se esquece
que também pode cair…
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Nasceu em Juiz de Fora, MG, em de 1913. Filho do escritor e poeta Luiz J.de Oliveira e da educadora Ypoméia Braga de Oliveira. Poeta, cronista, novelista, ensaísta, jornalista. Iniciou os estudos no antigo grupo Escolar "Padre Anchieta" e depois no Colégio Nacional do Rio de Janeiro. Em 1929, muda-se com os pais para Cachoeiro de Itapemirim (ES), onde deu continuidade a seus estudos no Ginásio "Pedro Palácios", depois Liceu "Muniz Freire". Cursou Farmacologia na escola de Farmácia e Odontologia de Vitória.
A partir de 1930, dedica-se ao jornalismo e à literatura, tendo exercido a função de correspondente, diretor de sucursal, redator-chefe de jornais, revistas e emissoras de rádio de Cachoeiro de Itapemirim. Fundou, organizou e tornou-se o 1º diretor do Departamento de Imprensa Oficial do Município de Cachoeiro de Itapemirim. Integrou o quadro de colaboradores efetivos da "Revista Panamericana", editada no México e a "Revista Cachoeiro". Foi membro correspondente da Academia Mineira de Letras, da Union Cultural Americana de Buenos Aires; do Grêmio Brasileiro de trovadores, de Salvador-BA.; da Academia Pedralva, de Campos-RJ.; do Centro de Los Insignidos de América, de Buenos Aires; da Liga Afetiva Portugal-Brasil, de Lisboa. Membro da Academia Híspano-Americana, de Costa Rica (Conselheiro n.º 76); da Academia Cachoeirense de Letras; da qual foi Presidente, ocupando a cadeira n.º 3; da Academia de Filosofia, Ciências e Letras de Anapolina-GO. Faleceu em Cachoeiro de Itapemirim/ES, em 1991.
Obras: "Ilha da Luz", 1947 (poesia); "A lágrima do Natal", 1949 (poesia); "Cidade Antiga", 1953 (poesia); "Ânfora Azul, 1956 (poesia); "Lamentação de Orfeu", 1957 (poesia); "Sangrando Mágoas", 1957 (poesia); "Paisagem Interior e outras paisagens, 1982.
Fontes:
Paulo Monteiro. A Trova no Espírito Santo.
Elmo Elton. Poetas do Espírito Santo.
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