domingo, 19 de maio de 2024

Vereda da Poesia = 11


Uma Trova de São Paulo/SP

Therezinha Dieguez Brisolla

– Depressa!… A bolsa ou a vida.
– Mas, que sufoco, senhor!…
Diz a livreira polida.
– Não sabe o nome do autor?
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Um Soneto de Manaus/AM

Gaitano Laertes P. Antonaccio

AMOR SEM EMOÇÃO

O amor de agora é uma troca virtual,
tão diferente, tão estranho ao coração,
que mais parece uma relação pactual,
entre seres humanos, sem emoção!…

O amor que se contempla nos amantes,
perdeu hoje, a essência da sinceridade.
É falso, não se manifesta como antes,
porque despreza a ética e a moralidade.

O amor agora, vem se transformando
a cada dia, todo minuto, todo instante
deixando a paixão, muito mais distante,

enquanto a falsidade vai se avolumando.
O amor, hoje, não cede nenhum espaço,
não cabe num beijo, não vale um abraço!…
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Uma Aldravia do Rio de Janeiro/RJ

Luiz Poeta
(Luiz Gilberto de Barros)

No
inefável
riso
chapliniano
lírica
tristeza
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Um Poema de São José dos Campos/SP

MIFORI

MANTO DA NOITE

No manto da noite vem,
as estrelas com seus brilhos,
e a lua cheia,  também,
clareando com rastilhos,
o namoro de um alguém.

Sei, que é no manto da noite,
atingindo a madrugada,
que silêncio vira açoite,
a quem tem vida agitada,
e insônia de pernoite.

E o manto da noite,  assim...
Com alegria e prazer,
diz: vim, olhe para mim!...
Viva e deixe-me viver,
quero chegar até o fim
tendo cumprido o dever.
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Um Limerique de Americana/SP

Mariana U. Bardella

Minha "peixinha"
é metidinha
um dia ela
foi parar na panela
virou comidinha.
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Um Poema de Portugal

Eugénio de Andrade
(José Fontinhas)
Fundão, 1923 – 2005, Porto

AS PALAVRAS QUE TE ENVIO SÃO INTERDITAS*

As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma  regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.

Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos noturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.

E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.
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* Interditas = proibidas.
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Um Haicai de Taubaté/SP

Angélica Villela Santos
Guaratinguetá/SP, 1935 – 2017, Taubaté/SP

Cachecóis e mantas 
Amontoados sobre a cama: 
Frente fria que chega.
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Uma Setilha de Natal/RN

Francisco Neves Macedo
Natal/RN, 1948 – 2012

Do sertão sou oriundo...
Aprendiz de agricultor,
no meu “roçado” eu cultivo,
a semente, o fruto, a flor.
Colhendo em cada leirão*,
dentro do meu coração,
os doces frutos do amor!
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* Leirão = espaço de terreno cultivado
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Um Poetrix de Belo Horizonte/MG

Angela Togeiro

Falsa borboleta

Ousei ser lagarta e pupa.
Rompi o casulo
numa sociedade de asas tolhidas.
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Um Soneto de Salvador/BA

Gregório de Matos
Salvador/BA, 1623 – 1696, Recife/PE

SONETO A UMA SAUDADE

Em o horror desta muda soledade,
Onde voando os ares a porfia,
Apenas solta a luz a aurora fria,
Quando a prende da noite a escuridade.

As cruel apreensão de uma saudade!
De uma falsa esperança fantasia,
Que faz que de um momento passe a um dia,
E que de um dia passe à eternidade!

São da dor os espaços sem medida,
E a medida das horas tão pequena,
Que não sei como a dor é tão crescida.

Mas é troca cruel, que o fado ordena;
Porque a pena me cresça para a vida,
Quando a vida me falta para a pena.
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Uma Trova de Bandeirantes/PR

Adalberto Dutra Rezende
Cataguazes/MG, 1913 – 1999, Bandeirantes/PR

A missão será cumprida,
quer tu acertes ou falhes;
Deus traça as linhas da vida,
e o destino, seus detalhes...
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Um Poema de Angola

Aires de Almeida Santos
Bié, 1922 – 1991, Benguela

MEU AMOR DA RUA ONZE

Tantas juras nos trocamos,
Tantas promessas fizemos,
Tantos beijos roubamos,
Tantos abraços nos demos.

Meu amor da Rua Onze,
Meu amor da Rua Onze,
Já não quero
Mais mentir.

Meu amor da Rua Onze,
Meu amor da Rua Onze,
Já não quero
Mais fingir.

Era tão grande e tão belo
Nosso romance de amor
Que ainda sinto o calor
Das juras que nos trocamos.

Era tão bela, tão doce
Nossa maneira de amar
Que ainda pairam no ar
As promessas que fizemos.

Nossa maneira de amar
era tão doida, tão louca
Qu'inda me queimam a boca
Os beijos que nos roubamos.

Tanta loucura e doidice
Tinha o nosso amor desfeito
Que ainda sinto no peito
Os abraços que nos demos.

E agora
Tudo acabou.
Terminou
Nosso romance.

Quando te vejo passar
Com o teu andar
Senhoril,
Sinto nascer

E crescer
Uma saudade infinita
Do teu corpo gentil
De escultura
Cor de bronze,
Meu amor da Rua Onze.
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Quadra Popular de Minas Gerais

Não furtar
nada que dos outros são;
mas você bem que furtou 
meu pobre coração.
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Um Martelo Agalopado* de Caicó/RN

Professor Garcia
(Francisco Garcia de Araújo)

Já falei do sertão, falei do mar,
da floresta e do espaço eu já falei,
as montanhas e os morros já cantei
nem sei mais o que agora eu vou cantar.
Mas o poeta começa a imaginar
e descobre que a fonte da poesia
jorra tudo que a mente humana cria
sem jamais lhe faltar inspiração...
É o milagre do amor e da razão
que me faz ser poeta todo dia!
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*Martelo Agalopado, embora seja mais raro e seja mais usado pelos cantadores repentistas. No caso, a estrofe deve ter dez versos de dez sílabas poéticas, sendo que cada verso tem que ter a acentuação tônica na terceira, sexta e décima sílabas poéticas. A rima segue o mesmo padrão da décima. (http://acorda.net.br/?page_id=1061)

Recordando Velhas Canções (Travessia)


Compositores: Milton Nascimento e Fernando Brandt

Quando você foi embora
Fez-se noite em meu viver
Forte eu sou, mas não tem jeito
Hoje eu tenho que chorar

Minha casa não é minha
E nem é meu este lugar
Estou só e não resisto
Muito tenho pra falar

Solto a voz nas estradas
Já não quero parar
Meu caminho é de pedra
Como posso sonhar?

Sonho feito de brisa
Vento, vem terminar
Vou fechar o meu pranto
Vou querer me matar

Vou seguindo pela vida
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte
Tenho muito o que viver

Vou querer amar de novo
E se não der, não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço
Com meu braço o meu viver

Solto a voz nas estradas
Já não quero parar
Meu caminho é de pedra
Como posso sonhar?

Sonho feito de brisa
Vento, vem terminar
Vou fechar o meu pranto
Vou querer me matar

Vou seguindo pela vida
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte
Tenho muito o que viver

Vou querer amar de novo
E se não der, não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço
Com meu braço o meu viver
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Travessia: A Jornada de Superação e Renovação de Milton Nascimento
A canção 'Travessia', interpretada pelo icônico Milton Nascimento, é uma obra que se destaca no cenário da música popular brasileira. Composta em parceria com Fernando Brant, a música foi apresentada ao público no Festival Internacional da Canção de 1967, onde alcançou o segundo lugar, e desde então, tornou-se um dos clássicos da MPB. A letra da música reflete um momento de profunda tristeza e desolação, mas também de superação e esperança.

O início da canção revela um sentimento de perda e solidão, expresso pela partida de alguém importante ('Quando você foi embora / Fez-se noite em meu viver'). A casa e o lugar que não se sentem mais como próprios simbolizam a desorientação e o desamparo que acompanham o fim de um relacionamento ou a perda de um ente querido. A dor é tão intensa que o eu lírico menciona o desejo de terminar com a própria vida, uma metáfora para a profundidade do sofrimento experimentado.

No entanto, a música não se detém na dor. Ela evolui para uma narrativa de resiliência e reconstrução. O eu lírico decide seguir pela vida, esquecendo-se da pessoa que partiu e rejeitando a ideia da morte ('Eu não quero mais a morte / Tenho muito o que viver'). A mudança de perspectiva é marcante, pois passa da inércia dos sonhos para a ação ('Já não sonho, hoje faço / Com meu braço o meu viver'). 'Travessia' é, portanto, uma ode à capacidade humana de enfrentar adversidades, de se reinventar e de buscar novos amores e experiências, mesmo após ter passado por momentos de extrema vulnerabilidade.

Concursos Literários com Inscrições Abertas

10. CONCURSO  DE  POESIA  BIBLIOTECA  LYDIA  FRAYZE,  DE  OURINHOS/SP

Prazo: 01 de Junho

ASSOCIAÇÃO CULTURAL FAZENDAS FAMA

CATEGORIAS

O Concurso divide-se em quatro categorias:

• Categoria 1: Constituída por estudantes matriculados no 4o, 5o ou 6o ano do Ensino Fundamental das escolas públicas e privadas;

• Categoria 2: Constituída por estudantes matriculados no 7o, 8o ou 9o ano do Ensino Fundamental das escolas públicas e privadas;

• Categoria 3: Constituídas por estudantes matriculados no Ensino Médio;

• Categoria 4: Constituída por pessoas com mais de 18 anos ou que já concluíram o Ensino Médio, considerados na categoria de jovens e adultos.

PARTICIPANTES DO 10. CONCURSO DE POESIAS

Podem se inscrever os interessados que atendam as descrições mencionadas nas categorias 1,2, 3 e 4 deste edital;

Cada pessoa poderá apresentar apenas 1 (um) trabalho que seja caracterizado com o gênero literário POESIA;

É imprescindível identificar a qual categoria pertença o participante inscrito, caso esteja devidamente matriculado em uma Instituição de Ensino, será necessário colocar o nome da Instituição que se encontra matriculado.

O tema é de livre escolha do participante, no entanto não serão aceitos temas sensíveis como política e religião, e exige-se que o texto seja inédito de produção própria do inscrito, permitida apenas a publicação em rede social de sua propriedade, desde que redigido em Língua Portuguesa, salvo expressões ou palavras de natureza estrangeira.

Poderá participar qualquer pessoa residente, ou não, no Brasil.

INSCRIÇÕES

A inscrição será realizada no google formulário pelo link:


O formulário conterá campo obrigatório para preenchimento, como os dados cadastrais: nome completo do participante, nome completo do responsável, CPF do responsável, endereço residencial, telefone residencial ou de celular do responsável maior de idade, e-mail, pseudônimo, título da poesia e a categoria em que concorre, aceite do termo do uso de imagem e tratamento de dados, bem como anexar em PDF a poesia seguindo OBRIGATORIAMENTE as orientações elencadas abaixo:

• Título;
• Anexo no formato PDF;
• Fonte Arial ou Times New Roman 12;
• Espaçamento simples;
• Máximo 30 linhas;
• Não ultrapassar uma folha e não ser separado em mais de uma coluna;
• Não serão considerados trabalhos enviados fora dos requisitos acima;
• Cada candidato poderá concorrer com 1 (um) trabalho poético. O candidado que se inscrever com mais de um trabalho terá sua inscrição cancelada, sendo considerada apenas a última anexada.

PERÍODO DE ENVIO DOS TRABALHOS

O prazo para o envio dos trabalhos será de 01 de março de 2024 a 01 de junho de 2024.

JULGAMENTO

O julgamento será realizado no período de 20 junho de 2024 a 31 julho de 2024, pela Comissão Julgadora que será composta por 3 (três) jurados. Os jurados atribuirão pontuações de 0 a 10 as poesias com análise nos critérios que são: tema, presença de técnicas, ortografia, gramática e a carga poética.

Em caso de empate técnico, será considerada maior nota do item “presença de técnicas” para desempate. Caso persista o empate, o segundo item para desempate será “carga poética”. Se mesmo assim, persistir o empate será nomeado um dos jurados para o desempate.

DESCLASSIFICAÇÃO

Haverá a desclassificação do candidato caso seja observado:

• Não preencher todos os requisitos da ficha de inscrição;
• Apresentar poesia para avaliação de outra autoria e/ou plagiada;
• Apresentar a poesia fora dos padrões descritos neste edital.
• Arquivo enviado em formato diferente do especificado no edital. Ex. Word, txt, etc.
• Não serão aceitos trabalhos com temas sensíveis como Política e religião, a fim de evitar conflitos com julgamento imparcial;
• Não aceitar os termos de uso de imagem tratamento de dados corresponderá na desclassificação do candidato.

PREMIAÇÃO

As três primeiras colocações de cada categoria receberão os prêmios descriminados abaixo:

• 1o Lugar: Certificado, medalha e 01 Kindle 11o geração
• 2o Lugar: Certificado, medalha e vale livros de R$ 300,00
• 3o Lugar: Certificado, medalha e vale livros de R$ 200,00

OBSERVAÇÕES:

Todos os inscritos poderão acompanhar na página da Biblioteca Lydia Frayze no Facebook e Instagram o resultado do Concurso que será divulgado no dia 01 de Setembro de 2024 a partir das 14h.

Para fazer jus à premiação, o vencedor deverá buscar os prêmios na sede da Biblioteca Lydia Frayze no dia e horário acordado, exceto quando não residir na região da cidade de Ourinhos/SP, onde os prêmios serão enviados via Correios no endereço informado na ficha cadastral.

Não serão expedidos certificados de participação aos demais concorrentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inscrição neste concurso corresponde à aceitação plena deste regulamento, e o seu não cumprimento resultará na desclassificação do candidato.

A Biblioteca Lydia Frayze não se responsabiliza por eventuais correções ortográfias dos trabalhos inscritos e aprovados.

Os casos omissos neste regulamento serão resolvidos pela Comissão Organizadora do Concurso, a quem cabem decisões definitivas e irrecorríveis.

Mais informações pelo e-mail: concursodepoesia@famacultural.com.br.
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CONCURSO DE CONTOS E CRÔNICAS GIOCONDA LABECCA

Prazo: 30 de Junho

— Homenagem Póstuma —

A Academia de Letras da Grande São Paulo torna público seu Concurso de Contos e Crônicas Gioconda Labecca, que objetiva estimular a criatividade e o interesse literário de estudantes e amadores.

REGULAMENTO

1. Poderão concorrer estudantes de todos os níveis de ensino e escritores amadores, com idade mínima de 16 (dezesseis anos), residentes em qualquer Estado brasileiro.

1.1. Não poderão concorrer membros de Pen-Clubes ou assemelhados, nem integrantes de Academia de Letras, ou escritores profissionais.

2. Para participar, os interessados deverão inscrever-se até 30 DE JUNHO DE 2024, ocasião em que deverão encaminhar trabalhos originais via eletrônica, no e-mail:


com todos os dados do participante: nome e endereço completos, inclusive CEP, número de RG e CPF, telefones fixo e celular e endereço de e-mail incluindo o título do trabalho (apenas um texto para cada autor) e informar: por qual meio de divulgação tomou conhecimento do Concurso de Contos e Crônicas Gioconda Labecca. 

Informações adicionais poderão ser obtidas na Secretaria da Academia, pelo telefone: (11) 4221-1643 ou pelo próprio e-mail da Academia, no período comercial da tarde.

2.1 Os trabalhos deverão ser originais, inéditos (não publicados em coletâneas ou livros), de autoria do inscrito, exclusivamente em português, respeitando o último acordo ortográfico e digitados, com caracteres Times New Roman, caixa 12 (doze), com espaço 1,5 entre as linhas, até o máximo de 5 (cinco) laudas cada original.

2.2 Cada participante poderá concorrer com apenas um estilo, conto ou crônica. O autor remeterá apenas um único trabalho. Para efeito de premiação, serão classificados os dez primeiros lugares, seja qual for a modalidade, segundo a qualidade do texto apresentado, avaliado e classificado pela Comissão Julgadora.

2.3 Serão desclassificados, automaticamente sem avaliação:

a) textos que evidenciem ser compilação ou plágio, a juízo da Comissão Julgadora;

b) textos julgados pornográficos, ou contendo erros grosseiros de linguagem e originais formatados desrespeitando as regras estabelecidas no item 2.1

3. Serão proclamados vencedores, pela Diretoria da Academia 10 (dez) trabalhos, como segue:

3.1 A premiação para esses trabalhos será a edição de uma Antologia que seguirá a ordem de classificação para composição da obra.

1º Lugar – Prêmio: GIOCONDA LABECCA; Certificado de Participação e 20 exemplares;

2º Lugar - Prêmio ALGRASP —2024; Certificado de Participação e 15 exemplares;

3º Lugar - Prêmio Revelação — 2024; Certificado de Participação e 10 exemplares;

4º ao 10º Lugar – Prêmio de Honra ao Mérito; Certificado de Participação e 05 exemplares.

4. A divulgação dos resultados, com nomes dos vencedores, será feita, após criteriosa avaliação dos trabalhos, pela Comissão Julgadora, em até 90 (noventa) dias contados a partir de 30 de junho de 2024, devendo, a premiação, ocorrer em Sessão Solene da Academia, em até 60 (sessenta) dias após a divulgação dos resultados, com a presença dos premiados e familiares e de eventuais patrocinadores, além dos Acadêmicos e da Diretoria do Sodalício.

5. Os originais dos trabalhos não serão devolvidos.

6. Os autores das obras selecionadas autorizam, automaticamente, a sua publicação em edição da Antologia Contos e Crônicas Gioconda Labecca, sem qualquer ônus, e declaram, ao participar, que estão cientes de todo o conteúdo do Regulamento do presente Concurso.

7. Os critérios usados pelos membros da Comissão Julgadora serão: Criatividade, Correção de Linguagem e Originalidade.

8. A Comissão Julgadora é soberana e conta com a credibilidade da Diretoria da ALGRASP, razão porque não caberá recurso de qualquer espécie aos participantes, nem de acadêmicos, pela avaliação dos contos vencedores, nem pelos critérios usados.

9. Os casos omissos serão resolvidos pela Diretoria da ALGRASP, em conjunto com os membros da Comissão Julgadora, nomeada pela Presidente e composta por Acadêmicos capazes e experientes, que já figuraram com êxito em concursos anteriores do Sodalício.
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VII  CONCURSO INTERNACIONAL DE POESIA DE JOAQUIM TÁVORA – PR.

Prazo: 28 de Julho

1. CONCORRENTES

1.1 Na categoria juvenil podem se inscrever cidadãos tavorenses dos 14 anos de idade completos aos 17 anos completos e que residam no município. 

A categoria infantil é somente para alunos tavorenses matriculados nos 4º e 5º anos do ensino fundamental da rede pública ou privada. Com premiações especiais aos três primeiros de cada categoria, o que totaliza, portanto, duas categorias infanto-juvenis. 

Para a categoria adulta, a partir dos 18 anos completos, com inscrição aberta de forma internacional, ou seja, válida em todo o território nacional e internacional. Ambas as categorias exigem trabalhos inéditos em Língua Portuguesa.

1.2 Cada concorrente pode se inscrever com apenas 1 (um) trabalho que respeite o ineditismo.

1.3 A apresentação dos trabalhos deve obedecer aos seguintes critérios:

1.3.1 Categorias infanto-juvenis:

a) Texto escrito em papel de caderno (grande) que não ultrapasse 50 (cinquenta) linhas;

b) A opção por texto em forma manuscrita é exclusiva para as categorias infanto-juvenis;

c) Os textos redigidos em computador devem ser na extensão .doc (textos recebidos em outros formatos de extensão de arquivos serão excluídos do certame);

d) Fonte Arial ou Times New Roman no tamanho 12;

e) Conter no máximo 2 páginas em formato Word/Windows, modo retrato;

f) Título (obrigatório, texto sem título será excluído do certame);

g) Dois espaços entre o título e o texto;

h) Espaçamento entre linhas 1,5;

i) Deve conter o nome do autor do trabalho e/ou pseudônimo;

j) O tema é LIVRE, mas que não contrarie os Direitos Humanos Universais e o Estatuto da Criança e do Adolescente, sendo exigido texto inédito. Entende-se por inédito, poemas que nunca foram publicados em livros, antologias, jornais, revistas, endereços eletrônicos, portais de comunicação, redes sociais e quaisquer formas de divulgação.

k) É proibida a correção dos trabalhos escritos pelos alunos, por parte de professores, mestres, pais ou responsáveis, diretores ou outros profissionais do ramo educacional, visando assim avaliar a escrita, o conhecimento dos alunos, o talento e as técnicas aprendidas. Caso haja a comprovação de que o trabalho infantil foi manipulado, este será desclassificado.

1.3.2 Categoria adulta:

a) Texto redigido em extensão .doc (ATENÇÃO somente extensão .doc será aceita.);

b) Fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12, modo da página: retrato;

c) Conter no máximo 2 páginas;

d) Título (obrigatório título, texto sem título será excluído do certame);

e) Dois espaços entre o título e o texto;

f) Deve conter o nome do autor do trabalho e/ou pseudônimo;

g) Assim como: 2.3.1 i.

1.3.3 Subcategoria Melhor Tavorense Classificado:

a) Dentro da categoria adulta internacional há a subcategoria Melhor Tavorense Classificado, ou seja, o/a tavorense que melhor se classificar no geral adulto. Aquele que totalizar a maior nota geral entre os jurados.

b) Prêmio que visa incentivar os talentos literários da cidade de Joaquim Távora.

c) Caso este concorrente tavorense fique entre os 5 (cinco) primeiros lugares na categoria adulta geral, este se manterá na subcategoria Melhor Tavorense Classificado, mas com menção especial em diploma.

2. DAS INSCRIÇÕES

2.1 Todas as inscrições são gratuitas para o VII CONCURSO INTERNACIONAL DE POESIA DE JOAQUIM TÁVORA – PR.

2.2 Cada participante poderá se inscrever com apenas 1 (um) trabalho. O trabalho deve conter:

título, texto, o nome do autor ou pseudônimo. Caso contrário, a inscrição será indeferida;

2.3 ATENÇÃO - Os trabalhos poderão ser entregues, no caso das categorias infantojuvenis, na Biblioteca Pública Ataíde Camargo, sede da Secretaria Municipal de Educação, Rua Senador Souza Naves, na cidade de Joaquim Távora, Estado do Paraná.

Os trabalhos entregues diretamente na biblioteca devem estar com etiquetas descritivas e em envelopes lacrados.

2.4 Os trabalhos devem ser inscritos através da internet, por e-mail:

concursointernacionalpoesiajt@gmail.com

Anexo, deverá conter, além do trabalho devidamente redigido conforme 1.3.1 e 1.3.2, uma folha ou lauda contendo dados pessoais e de contato: nome completo, pseudônimo, endereço residencial com CEP, telefones de contato, e-mail pessoal, data de nascimento, CPF, RG, nome do pai, nome da mãe e breve biografia. Todos num mesmo arquivo. Ou seja, após a(s) lauda(s) do poema inscrito inicia-se as informações pessoais e biográficas na página seguinte do mesmo arquivo;

2.5 IMPORTANTE, é necessário informar endereço correto, telefone, CPF e RG nas informações pessoais para que se possam efetuar as entregas dos prêmios via CORREIOS;

2.6 Prazo de inscrição: 8 de abril de 2024 a 28 de julho de 2024 para ambas as categorias.

O concorrente só pode se inscrever em 1 (uma) categoria e com 1 (um) trabalho literário.

2.7 As escolas concorrentes devem inscrever seus alunos via e-mail ou diretamente na Biblioteca Cidadã Ataíde Camargo. Em envelope organizado por turmas, ou organizado por mensagem enviado por e-mail, ou seja, cada turma terá 1 (um) arquivo com todas as poesias digitalizadas com as devidas informações pessoais. NÃO HÁ MODELO DE FICHA DE DADOS PESSOAIS.

3. JULGAMENTO

3.1 O julgamento encerra-se no dia 8 de agosto de 2024 para ambas as categorias.

3.2. As avaliações serão feitas por uma comissão julgadora que deverá conter 5 (cinco) profissionais de educação e ou pedagogia sem vínculos com os concorrentes, ou artistas que possuam contribuições na área literária comprovadas, ou indivíduos que sejam leitores assíduos
da literatura nacional e de literatura em língua portuguesa que tenham na leitura uma prática
corriqueira e essencial além da crítica aos trabalhos lidos, para que se almeje por parte do júri uma avaliação imparcial entre os concorrentes, sem influências parentais, pessoais e/ou outras formas não éticas no que diz respeito a este concurso.

4. PREMIAÇÃO

4.1 Os trabalhos serão classificados até o terceiro lugar de cada categoria, recebendo troféus, livros, presentes e diplomas.

4.2 Os quartos e quintos lugares, recebem diplomas de Menção Honrosa, livros e presentes.

4.3 Na categoria Infantil, a escola vencedora que representa o aluno primeiro lugar recebe troféu de Escola do Ano.

4.4 Na categoria infantil, as professoras vencedoras que representam os alunos primeiro, segundo e terceiro lugares recebem medalhas de ouro, prata e bronze como Professoras do Ano.

4.5 Um membro da Comunidade Tavorense que tenha vínculos com a literatura ou educação ou sobre menções e trabalhos literários executados em sua carreira será homenageado na cerimônia de premiação. Sendo nesta edição homenagem à escritora tavorense Lucélia Demeu. Tal indicação de menção deve ser executada pelo Chefe da Divisão de Cultura do município que entregará o certificado de Honra ao Mérito Literário na noite das premiações.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 A inscrição de obra literária significa aceitação completa deste regulamento. Os casos omissos serão julgados pela Comissão do Júri. Tal comissão possui decisões definitivas e irrecorríveis.

5.2 Entende-se por poema ou poesia neste concurso, um texto escrito sob a forma de versos e estrofes, com ou sem rima, o tema é livre, mas que não fuja aos regulamentos do certame.

5.3 Será de responsabilidade do (a) autor (a) o dever de confirmar se o texto enviado é inédito. Caso seja comprovada sua publicação anterior a este concurso ou ser um texto plagiado, a inscrição será anulada, podendo esse participante responder judicialmente por infringir a Lei 9.610/98 de direitos autorais.

5.4 A noite de premiação será na Estação Ferroviária Afonso Camargo (Sede da Divisão de Cultura) no dia 23 de agosto de 2024, às 19:30 horas, nesta cidade, para ambas as categorias.

5.5 A cerimônia de premiação será transmitida ao vivo por canal na rede social de internet. Sendo: www.facebook.com/culturajt.

5.6 O edital e resultados: http://www.joaquimtavora.pr.gov.br/
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JUBILEU   DE   CRISTAL   DO   BLOG   POESIA   RETRÔ

Prazo: 31 de Julho

Regulamento

1. TROVA 

2. Âmbitos e temas:

Por se tratar de um concurso de blog o âmbito é nacional podendo participar quaisquer pessoas, mas os participantes devem observar as categorias da UBT.

2.1. Categoria Veterano: – Tema: Retrô (lírica/filosófica) 

2.2. Categoria Novo Trovador – Tema: Poesia (lírica/filosófica)  - (Registrar Novo Trovador abaixo da trova);

2.3 Categoria HUMOR: Sem distinção de Categoria: Tema: Deboche

3 Modo de Envio: 

3.1. ENVIO POR E-MAIL: 

O envio será pelo e-mail 


Apresentar no corpo do e-mail a trova, categoria (Novo Trovador ou Veterano), cidade com estado e telefone.

4. PRAZO:

Trovas recebidas até 31 de julho de 2024.

5. PREMIAÇÃO:

O Blog Poesia Retrô fornecerá diploma para os classificados e publicação dos trabalhos no blog.
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sábado, 18 de maio de 2024

José Feldman (Versejando) 138

 

Francisca Júlia (O Avarento)

Compareceu perante o juiz um avarento e queixou-se, com expressões de lástima, de que um homem, há muitos anos, lhe devia uma certa soma, da qual só tinha pago os juros.

— Vai chamá-lo, – disse o juiz - traze-o à minha presença. Quero saber por que é que ele não te pagou ainda, e não posso condená-lo sem ouvi-lo.

O avarento saiu e, logo depois, trouxe o devedor pelo braço, insultando-o e maltratando-o com crueldade.

— Ei-lo aqui, senhor juiz. É um homem mau, um vizinho péssimo, que não tem nenhuma compreensão do dever, que não respeita as leis e que não me pagou ainda o dinheiro que lhe emprestei generosamente.

— Fala agora tu, devedor! - ordenou o juiz. – Por que é que não pagaste a este homem o que lhe devias?

— Senhor! – balbuciou o homem humildemente. – Eu devia-lhe cem sequins* que ele me emprestou. Paguei-lhe a metade. Depois, como não lhe pudesse pagar o resto, ele cobrou por suas próprias mãos, apropriando-se das minhas terras, vendendo os meus frutos, roubando o meu camelo e despojando-me das minhas roupas. Hoje nada mais tenho, senão estes andrajos que cobrem o meu corpo e estas mãos para pedir esmolas.

Então o juiz, compadecido pela miséria daquele pobre homem e revoltado contra a avareza do credor, voltou-se para este e perguntou-lhe;

— Que mais queres deste homem? Já o reduziste à mais negra miséria. Sê um pouco piedoso, desperta na noite de tua alma algum sentimento generoso. Deixa-o ir em paz.

— Não, senhor juiz.

— Mas de que modo queres que ele te pague?

— Quero que ele venha para minha casa, para servir-me como escravo, até pagar os juros que me deve.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
* Sequins = Antigas moedas de ouro fabricadas e utilizadas na Itália

Fonte> Francisca Júlia da Silva. Livro da infância. Publicado originalmente em 1899. 
Disponível em Domínio Público.

Vereda da Poesia = 10 =


Uma Trova de Bandeirantes/PR

Maria Lúcia Daloce

No boteco o aviso: - "Vem
e ao sair tem que pagar!"
E o bêbado: - Ainda bem,
eu só quero mesmo é entrar...!
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Um Poema de Balneário Camboriú/SC

Pedro Du Bois

VOCÊ 

Rasgo a página não inscrita que da perda
não ficarão registros
do passado lavado
em novos passos imundos
de soberbos ataques
na chuva miúda
intermitente
sobre guarda-chuvas
abertos em proteção
e escudo: raios e trovões
não acontecidos na sequência
do desencontro

sim
você estava ali
seu perfume permanece
sobre o cheiro dos temperos e alguém cita
seu nome
e me volto em incertezas

página rasgada do que não escrevi no dia
que seria da chegada e não houve o tempo
seco das histórias de memórias difundidas
lendas sacramentadas em perdões e profecias

a chuva miúda aos poucos alaga a rua
em descaminhos
como os fins e os meios
repetidos em sangue não doado

sim
você esteve lá
seu perfume oferta
temperados pratos
insossos para sempre.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Uma Quadra Popular

Ó lua que vais tão alta 
Redonda como um tamanco! 
Ó Maria traz a escada 
Que não chego lá co’o banco! 
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Um Soneto de Caucaia/CE

José Riomar De Melo

MEU VERSO

 Se meu verso te agrada, te conforta,
 Faz lembrar-te emoções que já viveste,
 Com algum deles talvez te comoveste,
 Ativando a esperança quase morta!

 É sinal que choveu na minha horta,
 Na emoção que a mim tu concedeste,
 Ao sentir que no verso que tu leste
 De euforia e de paz teu peito aborta;

 Entretanto se um deles não ressoa,
 Na fiel sintonia e te magoa,
 Na palavra ou na frase te feriu...

 Eu te peço perdão em tom profundo,
 Porque mesmo agradar a todo mundo,
 Jesus Cristo também não conseguiu...
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Uma Aldravia do Rio de Janeiro/RJ

Maria Beatriz Del Peloso Ramos

Saudade
amuleto
líquido
usado
no
peito
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Uma Setilha de Crato/CE

Adauberto Amorim

Ao som do mar eu relembro
Um momento eternizado,
Um trinta e um de dezembro
Consumido e consumado.
As ondas molhando a areia
E eu beijando uma "sereia"
Num sonho bem acordado.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Um Epigrama de Fortaleza/CE

Antônio Sales
Fortaleza/CE, 1868 – 1940

– A fealdade é um direito;
Por isso ninguém a acusa.
Mas ser feia desse jeito…
Perdão: a senhora abusa!
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Uma Glosa de Porto Alegre/RS

Gislaine Canales
Herval/RS, 1938 – 2018, Porto Alegre/RS

RIMA E GRAÇA
 
MOTE:
Eu sinto o vento que passa
portador de boa nova
enchendo de rima e graça
os quatro versos da trova.
Antônio José Barradas Barroso
(Parede/Portugal)

GLOSA: 
Eu sinto o vento que passa
a beijar , com seu carinho,
todas as flores da praça,
que encontra no seu caminho.
 
Esse vento é benfazejo,
portador de boa nova,
pois traz, a todos um beijo
de maneira sempre inova.
 
Mostra a sua força e raça
numa escala de alegria,
enchendo de rima e graça
a nossa amada poesia.
 
Esse vento  acaricia
e a cada instante  renova,
melhorando  na  poesia
os quatro versos da trova.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Um Haicai de Miguel Couto/RJ

Edmar Japiassú Maia

Ao ver no jardim
tua beleza e a da rosa
desejei as duas!
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Um Poema do Maranhão

Gonçalves Dias
Caxias/MA, 1823 - 1864, Guimarães/MA

CANÇÃO DO EXÍLIO
 
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas tem mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Uma Trova de Santos/SP

Carolina Ramos

Nós somos duas tipoias
na ajuda às forças escassas
- quando fracasso, me apoias,
te apoio, quando fracassas!...
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Uma Endecha* de Portugal

Luís Vaz de Camões
Coimbra, 1524 – 1580, Lisboa

ENDECHAS À BÁRBARA ESCRAVA

Aquela cativa
Que me tem cativo,
Porque nela vivo,
Já não quer' que viva.

Eu nunca vi rosa
Em suaves molhos,
Que para meus olhos
Fosse mais formosa.

 Nem no campo flores,
Nem no céu estrelas
Me parecem belas
Como os meus amores.

Rosto singular,
Olhos sossegados,
Pretos e cansados,
Mas não de matar.

 Uma graça viva,
Que neles lhe mora,
Para ser senhora
De quem é cativa.

Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde opinião
Que os louros são belos.

 Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.

Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas Bárbara não.

Presença serena,
Que a tormenta amansa;
Nela, enfim, descansa
Toda minha pena.

Esta é a cativa
Que me tem cativo
E, pois nela vivo,
É força que viva. 
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Endecha, termo derivado do latim indicta, declaração das virtudes dos mortos, designa a composição poética que tem origem no epicédio grego, canto fúnebre, variante da elegia e do treno ou trenodia, termos com que entre os gregos se cunhavam as ladainhas ou cantos fúnebres. A trenodia e o epicédio podem considerar-se variantes do encômio já que a lamentação fúnebre era antes de mais um hino elogioso. A distinção entre trenodia e epicédio resulta da primeira ser cantada junto ao corpo do defunto ao passo que tal podia não suceder com a segunda composição. A trenodia possui a variante monódia, canto triste e solitário de tom fúnebre. O epicédio, a trenodia e a monódia correspondem às nênias latinas, ladainhas ou orações cantadas pelas carpideiras em memória dos defuntos durante as procissões funerárias em Roma. O epicédio foi cultivado, por exemplo, por Catulo e Ovídio e a trenodia por Píndaro e Propércio. Estas composições poéticas foram introduzidas no Cristianismo estando presentes nas lamentações bíblicas de Jeremias. Na Idade Média, os poetas ligaram a forma latina aos temas cristãos no canto de devoção aos mortos.

A endecha seguiu na Europa esta tradição elegíaca como na Inglaterra ilustram a «Exequy» (Poems, Elegies, Paradoxes and Sonnets, 1657) de Henry King e a canção de Ariel à morte do pai de Ferdinand em The Tempest (1611) de William Shakespeare. A endecha distingue-se da elegia por ser um poema mais curto e, na sua origem, destinado a ser cantado.

Em Portugal, a endecha foi cultivada do séc. XVI ao séc. XVIII e não possui o fundo fúnebre originário. Trata-se antes de uma composição de tom melancólico e triste em versos de cinco ou seis sílabas geralmente agrupados em quadras segundo os esquemas rimáticos ABCB, ABAB ou ABBA. O plural endechas deve-se ao fato de que a cada quadra se atribuir a designação de endecha e o poema ser constituído por mais de uma estrofe. A famosa composição de Camões , Endechas à Bárbara Escrava”, uma cativa com quem andava de amores na Índia, chamada Bárbara é exemplo de endechas apesar de em algumas edições da Lírica também ser designada de trovas. As endechas foram ainda cultivadas por outros poetas tais como Rodrigues Lobo ou Correia Garção. (Fonte: CEIA, Carlos. E-Dicionário de Termos Literários