domingo, 4 de outubro de 2009

Poesia e atitude pela paz com Lançamento do Livro Nós da Poesia



Ato poético pela paz marca o lançamento do livro “Nós da Poesia”, durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro.

Há os que dizem que a arte engajada não tem mais espaço no atual momento do mundo. As preocupações dos artistas, supõem alguns, giram apenas em torno das condições estilísticas e da preocupação com a colocação da obra entre o seleto grupo de consumidores da cultura.

Isso pode até ter uma sombra de verdade. Mas, para dar mostras que a unanimidade não cai bem em se tratando da expressão artística, um grupo de poetas escolheu a XIV Bienal do Livro, que está sendo realizada na cidade do Rio de Janeiro, para chamar a atenção para a paz no continente americano. Trata-se do lançamento da coletânea “Nós da Poesia”, publicação do Instituto Imersão Latina, formado por ativistas preocupados em preservar a diversidade cultural latino-americana.

O grupo fará o lançamento do livro através de sarau, designado de “Ato poético pela paz”, marcando todas as atrocidades cometidas durante o dia 11 de setembro, como o sangrento golpe do General Pinochet contra o regime democrático que vinha sendo construído no Chile, em 1973. Ou, ainda, a perda de milhares de vidas durante os ataques às torres gêmeas, em Nova Yorque, em 2001 e que marcou uma escalada de agressões dos EUA contra povos do Oriente Médio.

A comercialização das publicações do Instituto Imersão Latina, que recentemente também lançou o livro “Poesia Sonora – História e Desdobramentos de uma Vanguarda Poética”, de autoria de Brenda Mars, são utilizadas para custear as atividades da instituição.

A antologia “Nós da Poesia” tem a participação dos seguintes autores: Angela Togeiro, Aníbal Albuquerque, Avelin Rosana, Bilá Bernardes, Brenda Mars, Carmem Cristal, Cláudio Márcio, Clevane Pessoa, Dimythryus, Filipe Marks, Graça Campos, Helenice Rocha, Iara Abreu, Jéssica Araújo, Karina Campos, Lívia Tucci, Lucas Guimaraens, Luciana Campos, Luciana Tannus, Luiz Lyrio, Marco Llobus, Maria Moreira, Marta Reis, Nina Reis, Neuza Ladeira, Regina Mello, Rosângela Ferris, Silvia Motta, Soninha Porto, Tânia Diniz, Rosa Pimentel, Roberto Bianchi, Terezinha Romão, Vagnér Santo e Vicente Ferrer.

Fonte:
http://www.guata.com.br/

Andréia Donadon Leal (Jornal Aldrava é finalista no Prêmio VIVALEITURA)


Poesia Viva - Poesia bate à sua porta com os poetas do Jornal Aldrava, de Mariana Minas, Gerais, apresentado ao Prêmio Viva Leitura, edição 2009, foi selecionado entre os 15 trabalhos do país.

No período de 20 a 24 de outubro de 2009, estarão em São Paulo, para receber o troféu e diploma no Museu da Língua Portuguesa.

A Comissão formada por representantes do Ministério da Educação, Ministério da Cultura, Organização dos Estados Ibero-Americanos e Fundação Santillana, divulgou os finalistas do Prêmio VIVALEITURA 2009. São cinco trabalhos escolhidos nas três categorias que compõem o prêmio: bibliotecas, escolas; e experiências desenvolvidas por pessoas físicas, ONGs, universidades/faculdades e instituições.

Este ano, outras cinco experiências também recebem a distinção da Menção Honrosa. São empresas ou instituições que se destacaram na promoção da leitura, tendo como destaque sua abrangência e relevância.

Os vencedores das três categorias serão anunciados na festa de entrega do Prêmio VIVALEITURA 2009, que acontecerá no dia 22 de outubro de 2009, em São Paulo, no Museu da Língua Portuguesa. O Projeto POESIA VIVA: Poesia bate à sua porta - foi selecionado na categoria pessoa física.

Fonte:
http://www.imersaolatina.blogspot.com/

Dicionário do Folclore (Letra V)



VAIA. A vaia é a maneira usada pelo povo quando, em grupo – não importando se pequeno ou grande -, para protestar ou contrariar uma idéia, ou uma pessoa. Sua origem se perde no tempo. Os romanos, os gregos e todos os povos de hoje, usam a vaia, toda vez que não aprovam, quando estão contra qualquer ponto de vista ou pessoa.

VALDEMAR DE OLIVEIRA nasceu no dia 2 de maio de 1900, na cidade do Recife, PE. Desde criança demonstrou pendores musicais, razão pela qual começou a estudar piano com a professora Olímpia Braga, com o professor Euclides Fonseca e com a professora francesa Angeline Radevese. Em 1918 foi estudar Medicina em Salvador, onde se formou em 1923, defendendo sua tese sobre musicoterapia. Regressando ao Recife, passou a escrever no Jornal do Commercio e a partir de 1935, manteve uma coluna, A propósito, dedicada à música e ao teatro. Mas Valdemar de Oliveira, no decorrer de sua vida, foi um homem plural. Foi médico, professor, jornalista, teatrólogo, musicólogo, compositor, escritor, crítico de arte, foi membro da Academia Pernambucana de Letras, da Academia Pernambucana de Medicina, da Academia Brasileira de Música, do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, da Comissão Pernambucana de Folclore, foi diretor do Teatro Santa Isabel, diretor do Nosso Teatro – hoje Teatro Valdemar de Oliveira, da Sociedade de Cultura Musical, fundador e diretor do Teatro de Amadores de Pernambuco, representante da SBAT, presidente regional da Sociedade Brasileira de Escritores Médicos, professor das faculdades de Medicina do Recife e de Ciências Médicas, Delegado Regional do Instituto Nacional do Cinema, presidente da Sociedade de Cultura Musical de Pernambuco. Escreveu livros didáticos adotados na rede nacional de ensino, livros científicos e peças de teatro encenadas em todo o país. Na área do Folclore, além de inúmeros artigos publicados em jornais e revistas nacionais são de sua autoria O frevo e o passo de Pernambuco (1946), A recriação popular (1966), A origem do fado (1969), Frevo, capoeira e passo (1971), Frevo (1976), As modalidades do Frevo (1976). Morreu no dia 18 de abril de 1977, na cidade do Recife.

VALSA. As origens da valsa – um gênero musical que esteve muito em voga até os começos do século passado – são desencontradas, diferentes. Os franceses, os alemães discutem, entre si, a paternidade da origem da valsa, antiga dança aristocrática, dos palácios imperiais e que, logo em seguida, passou a ser cantada, tocada e dançada pelo povo. As valsas vienenses de Strauss são muito famosas. As valsas brasileiras, muito bonitas, também marcaram época, como Sobre as ondas, de Juventino Rosa, para muitos no mesmo nível das melhores valsas vienenses.

VAMOS-PENEIRAR. É uma modalidade de samba dançado na Bahia.

VAQUEIRO. O vaqueiro é a figura principal da criação de gado. Com seu chapéu, suas luvas e sua roupa de couro cru, o vaqueiro penetra na caatinga, para trazer de volta a rês fugitiva. Junta o gado que é levado para o pasto ou para bebedouro. Ajuda a ferrar, com a marca do dono, as reses compradas ou filhas do rebanho. Quando conduz o gado, o vaqueiro, com seu aboio triste, enfeita as tardes sertanejas. Veja ABOIO, VAQUEJADA.

VAQUEJADA. No fim do inverno – antigamente, quando o gado ainda não era criado em currais, – os vaqueiros saíam, com seus chapéus, suas luvas e sua roupa de couro cru, à procura do gado nas caatingas para ferrar, castrar, tratar as feridas e separar o gado de muitos donos. É a festa da apartação, de separação do gado. Feita a separação, acontece a vaquejada. Os vaqueiros mais jovens, mais valentes, saem em disparada e, pegando na cauda dos bois, derrubam-nos sob os aplausos das pessoas presentes. Correm apenas dois vaqueiros e o que fica à esquerda, o esteira, tem o trabalho de manter o animal correndo mais ou menos em linha reta. Com a mucica ou saiada – que é o puxão do vaqueiro na cauda da rês – esta perde o equilíbrio e cai. Se o vaqueiro não conseguir derrubar a rês (o boi, a vaca, o garrote, o novilho), recebe uma vaia dos que estão assistindo à vaquejada.

VARA-DE-BATER-PECADO ou VARA-DE-VIRAR-TRIPA. É o homem, magro, alto, o mesmo que espanador-da-lua.

VASSOURA. Vários são os tabus da vassoura: 1. A vassoura não pode ser emprestada, porque carrega a felicidade e a saúde das pessoas da casa para as pessoas da outra casa à qual foi emprestada; 2. Casa nova pede uma vassoura também nova, para que ela não traga para a casa nova os problemas da casa velha; 3. É bom colocar a vassoura atrás da porta para que a visita não demore muito, vá embora; 4. Depois que a vassoura fica velha, imprestável, é bom queimá-la para não dar infelicidade aos donos da casa; 5. Quem leva uma surra com uma vassoura a pessoa seca o corpo; 6. A vassoura deitada traz desgraça financeira para a família; 7. Quem primeiro deve varrer a casa com uma vassoura nova é a mulher mais velha da casa; 8. Uma casa deve ser varrida da porta de entrada para a porta da cozinha; assim fazendo, fica mais fácil a felicidade entrar na casa.

VATAPÁ. O vatapá é o prato mais tradicional da culinária afro-brasileira. É feito com peixe ou crustáceos numa papa de farinha de mandioca com molho de dendê e com pimenta, a gosto da pessoa. Faz-se, também, vatapá de galinha, de milho e de pão.

VATICANO. Vaticano é o nome que se dá aos vapores de novecentos a mil toneladas, usados nos rios da Amazônia. Dentro de suas limitações, oferecem um certo conforto.

VELA. Antes dos candeeiros a querosene e da energia elétrica, a vela era um tipo de iluminação muito comum no mundo inteiro. Hoje, somente quando o fornecimento de energia é interrompido, é que a vela é usada. Mas, nas igrejas, a vela é uma espécie de chama da fé e, nas procissões, os fiéis conduzem sua vela enquanto cantam e rezam. Em todas as cerimônias religiosas a vela está presente, significando a fé do cristão, que nasce e morre com uma vela na mão, pagando suas promessas, acendendo-a nos túmulos dos familiares no dia de finados. Até mesmo para se tirar uma botija, o ato tem que contar com uma vela acesa, meio consumida, retirada de um altar da igreja.

VELHA-DO-CHAPÉU-GRANDE. É a personalização da fome no Nordeste.

VELHO. É uma figura cômica dos pastoris nordestinos. Também é conhecido como o bedegueba. No pastoril profano ou pastoril de ponta de rua, o velho não escolhe as palavras para declamar versos apimentados e, às vezes, até mesmo indecentes, e cantar suas canções impróprias para menores. Ele se apresenta como um verdadeiro palhaço, vestindo um fraque de cores espalhafatosas, calças listradas, uma gravata bem maior do que a comum, com uma flor na lapela, empunhando uma bengala, com um chapéu de abas largas, acompanhando a dança das pastoras exagerando nos gestos. No Recife, vários velhos marcaram época, entre os quais o velho Barroso. Os velhos de antigamente usavam uma linguagem comedida e muito diferente da que hoje é falada pelos bedeguebas.

VELHOS (DANÇA DE). Durante as festas do Divino Espírito Santo realizadas nas regiões Sul e Centro-Oeste brasileiras e, principalmente nas cidades de São Luís de Paraitinga (São Paulo), Parati e Angra dos Reis (Rio de Janeiro), a dança-dos-velhos acontecia sempre nos salões da nobreza aristocrática do café e do açúcar. Depois, como aconteceu na Europa com relação à quadrilha, a dança-de-velhos ganhou as ruas, popularizando-se. Os participantes vestem roupas antigas e nobres (fraques, cartola, etc.) e empunham suas bengalas para bater, de leve, nas pessoas que estão assistindo à brincadeira. O grupo percorre as ruas da cidade aos pares, andando como velhos, engomando, dançando músicas antigas (polcas, valsas) tocadas por sanfonas e alguns instrumentos de percussão. Ao anoitecer, mais mortos do que vivos, os brincantes voltam às suas casas, readquirindo suas verdadeiras identidades.

VELÓRIO. O velório acontece depois que a pessoa morre até a hora do enterro. Em outras regiões brasileiras o velório é conhecido como fazer quarto ao defunto. Quando o velório é de uma criança, os cantos são festivos acompanhados à viola. Durante o velório, as pessoas, madrugada adentro, ficam conversando, comendo, velando, até que o corpo do falecido é conduzido ao cemitério.

VENTANIA. Frevo-de-rua que, quando executado pela orquestra, as clarinetas e os saxofones predominam.

VENTO. Para se chamar o vento nada como se assobiar três vezes seguidas, como fazem os meninos quando estão soltando seus papagaios, suas pipas. Costumam, também, em tais ocasiões, dizer: - "Abra a porta do vento, São Lourenço!" O nome de São Lourenço é assim invocado porque o santo morreu assado numa grelha de ferro. Outra maneira de se chamar o vento é sessar milho ou arroz, atirando os grãos para o alto. Nos navios à vela, antigamente, era proibido assobiar porque o assobio podia chamar tempestades.

VER-A-CAMA. No dia do casamento era hábito a família da noiva convidar os parentes e amigos para visitar os aposentos dos noivos. É um costume existente ainda hoje em algumas regiões brasileiras.

VERÍSSIMO DE MELO nasceu no dia 9 de julho de 1921, na cidade de Natal. Concluiu o curso de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife, exercendo as funções de advogado, juiz municipal, professor de Etnografia do Brasil da Faculdade de Filosofia de Natal e de Antropologia Cultural da Universidade Federal Rio Grande do Norte, além de jornalista. Em 1989, depois de aposentado, Veríssimo de Melo dedicou-se, com mais afinco, aos estudos folclóricos e ao jornalismo. Foi, também, membro do Conselho Estadual de Cultura e da Academia Norte-Riograndense de Letras. Publicou: Adivinhas (1948), Acalantos (1949), Parlendas (1949), Jogos populares do Brasil (1956), Gestos populares (1960), Cantador de viola (1961), O conto folclórico no Brasil (1976), Folclore brasileiro: Rio Grande do Norte (1978), Folclore infantil (1965), Tancredo Neves na literatura de cordel (1986), Medicina popular no mundo em transformação (1996), além de outros trabalhos, ensaios, artigos e participação em congressos e seminários folclóricos. Faleceu no dia 18 de agosto (mês do folclore) de 1996, na cidade de Natal.

VER-QUEM-TEM-ROUPA-NA-MOCHILA. Na linguagem popular, esta expressão significa ver quem tem razão, quem tem direito, quem pode.

VÉSTIA. É a roupa encourada do vaqueiro, composta de gibão, peitoral, perneiras, chapéu e luvas. Só assim o vaqueiro consegue sair em disparada, através da caatinga sertaneja, sem se ferir, à procura da rês que fugiu do rebanho.

VIOLA. É um instrumento de corda trazido pelo colonizador português, ao som da qual cantava para curtir a saudade da pátria distante. Tem cinco ou seis cordas duplas, metálicas: as duas primas e segundas eram de aço, a terceira era feita de metal amarelo (latão), enquanto o bordão de ré era de aço, o de lá e o mi, de latão.

VIOLÃO. É um instrumento de corda, maior do que a viola, e em forma do número oito. Tem seis cordas, com a afinação mi-lá-ré-sol-si-mi, sendo as três primeiras feitas de metal e as outras de tripa. É a mesma guitarra espanhola, com o mi grave a mais. É um instrumento que nunca saiu de moda e, nas serenatas, nunca falta. Hoje, as cordas do violão são feitas de matéria plástica. As cordas de metal, de tripa ou de seda são preferidas na zona rural.

VISAGEM. É a aparição sobrenatural de alma do outro mundo. Na linguagem popular visagem é, também, fingimento, hipocrisia.

VITALINA. É a moça velha que não casou, que ficou no caritó. Diz a cantiga popular: - "Bota pó, vitalina bota pó/ Que moça velha não sai mais do caritó!"

VITALINO. Vitalino Pereira dos Santos nasceu no dia 10 de julho de 1909, no lugar Ribeira dos Campos, Caruaru-PE. Filho de agricultores, Vitalino teve sua infância na zona rural, ajudando o pai na agricultura e no criatório de pequeno porte. Começou a trabalhar no barro com seis anos de idade, fazendo bichinhos (boi, cavalo, bode) com as sobras do barro de sua mãe Joana Maria da Conceição, que era louceira. Seu pai, um dia, levou-o à feira de Caruaru onde Vitalino expôs à venda boizinhos, paliteiros, galinhas com pintinhos. Depois da louça de brincadeira, Vitalino passou a fazer figuras isoladas como a peça O caçador de onça, seguida de muitas outras. Depois nasceram os bonecos agrupados como a banda de pífanos, os cangaceiros, os soldados. Vitalino adulto, era já conhecido no mundo todo e suas peças estão nos museus das grandes cidades da Europa, da Ásia e dos Estados Unidos. Faleceu em 1963, com 54 anos de idade, de varíola, no Alto do Moura, arrabalde de Caruaru, Pernambuco. Seus filhos e netos continuaram, não todos, seu trabalho até hoje. Uma peça de Vitalino vale muito dinheiro.

VÔO-DE-ANDORINHA. É um tipo de passo, no frevo pernambucano. Com sua sombrinha colorida, o passista eleva o corpo com grande impulso, cruza as pernas no ar e, ao mesmo tempo, atira os braços.

VUCO-VUCO. 1. No Pará, vuco-vuco significa, na linguagem popular, confusão, agitação; 2. No Recife, vuco-vuco é o nome que se dá ao compartimento do Mercado São José onde se compra e se vende roupa usada.

Fontes:
LÓSSIO, Rúbia. Dicionário de Folclore para Estudantes. Ed. Fundação Joaquim Nabuco
Imagem = http://www.terracapixaba.com.br/

Palavras e Expressões mais Usuais do Latim e de de outras linguas) Letra P



palmam qui meruit ferat
Latim: Leve a palma quem a mereceu.

panem et circenses
Latim: Pão e espetáculos circenses. Era o que pediam os romanos da decadência, censurados por Juvenal.

parcere subjectis et debellare superbos
Latim: Perdoar os que se sujeitam e submeter os orgulhosos. Virgílio delineia neste verso o programa político do povo romano.

parce sepultos
Latim: Perdoa os mortos. Não se deve falar mal de quem já morreu.

pares cum paribus facillime congregantur
Latim: Iguais com iguais se unem facilmente.

par est fortuna laboris
Latim: A fortuna é companheira do trabalho.

par pari refertur
Latim: Igual com igual se paga; amor com amor se paga.

pari passu
Latim: Com passo igual.

parti pris
Frances: Opinião preconcebida; prevenção.

parturiunt montes; nascetur ridiculus mus
Latim: As montanhas partejam, nascerá um ridículo rato. Horácio critica o grande espalhafato de um empreendimento que fracassa na execução.

parva scintilla excitavit magnum incendium
Latim: Pequena centelha desencadeou um grande incêndio. Provérbio que se aplica a pequenas coisas capazes de provocar conseqüências desastrosas.

pas de nullité sans grief
Francês Direito: Não há nulidade sem prejuízo. Princípio segundo o qual o juiz não deve pronunciar a nulidade de um ato processual por vício de forma, desde que dela não resulte prejuízo para a parte que a alega.

passato il pericolo, gabato il santo
Italiano: Passado o perigo, o santo é escarnecido. Só nos lembramos dos amigos quando precisamos deles.

pâte cuite
Francês: Pasta cozida. Sistema de decoração de origem veneziana.

paté de foie gras
Francês: Massa de fígado gordo. Produto alimentício enlatado, feito de fígado de ganso engordado por processo especial.

pâte de verre
Francês: Pasta de vidro. Pequenos cubos de vidro colorido que imitam pedras preciosas.

pâte dure
Francês: Pasta dura. Termo de cerâmica, empregado para designar o caulim.

patere quam ipse fecisti legem
Latim: Suporta a lei que tu próprio fizeste. Não podemos fugir das conseqüências de princípios estabelecidos por nós. Aplica-se aos legisladores e moralistas.

patiens quia aeternus
Latim: Paciente porque eterno. Santo Agostinho explica assim as injustiças aparentes, pelas quais os maus parecem triunfar, enquanto os justos são castigados com reveses. Deus pode esperar a hora da justiça.

pauca sed bona
Latim: Poucas coisas, mas boas. Aplicação generalizada.

pauci quos aequus amavit Jupiter
Latim: Os raros que o justo Júpiter amou. Verso de Virgílio que se aplica às pessoas muito dotadas ou felizes.

paulo majora canamus
Latim: Cantemos coisas um pouco mais elevadas. Verso de Virgílio, empregado quando se quer passar de um assunto para outro mais importante.

paupertas impulit audax
Latim: A pobreza audaciosa impeliu. A pobreza pode ser um estimulante das idéias criadoras.

pax vobis
Latim: A paz esteja convosco. Saudação litúrgica que somente os bispos podem usar nas missas.

pectus est quod disertos facit
Latim: O coração é que faz os eloqüentes. Frase de Quintiliano; demonstra que a convicção e sinceridade são requisitos essenciais aos oradores.

pecuniae obediunt omnia
Latim: Todas as coisas obedecem ao dinheiro. O dinheiro tem muita força.

pede poena claudo
Latim: O castigo claudica. Quis Horácio dizer que, muitas vezes, o crime não é imediatamente castigado.

pejor avis aetas
Latim: A idade moderna é pior que a dos tempos passados. Os velhos gostam de lembrar dos bons tempos (os tempos deles).

pêle-mêle
Francês: Confusão; misturada.

per capita
Latim: Por cabeça; para cada um. Termo muito empregado nas estatísticas.

pereat mundus, fiat justitia
Latim: Que o mundo pereça, mas faça-se a justiça.

per fas et nefas
Latim: Pelo lícito e pelo ilícito; por todos os meios possíveis; de qualquer modo.

per jocum
Latim: Por brincadeira.

persona grata
Latim: Pessoa agradável. Pessoa que será diplomaticamente bem recebida por uma entidade ou Estado internacional.

persona non grata
Latim: Pessoa indesejada. Qualificativo que uma chancelaria dá a determinado agente diplomático estrangeiro, em nota ao governo deste, por meio da qual pede a sua retirada do país, onde se acha acreditado, em virtude de considerá-lo, por motivo grave, contrário aos interesses nacionais.

per summa capita
Latim: Pelos pontos capitais; por alto; sem entrar em pormenores; sucintamente, sumariamente.

pertransiit benefaciendo
Latim: Passou fazendo o bem. São Pedro (Atos dos Apóstolos, X, 38) assim resume a vida de Cristo.

petit à petit l'oiseau fait son nid
Francês: Pouco a pouco o pássaro faz seu ninho. Todas as realizações são fruto do trabalho constante e pertinaz.

pied-de-poule
Francês: Pé-de-galinha. Padrão de tecido com desenhos que imitam as pisadas de uma ave, em fundo de cor viva.

piscem natare doces
Latim: Ensinas o peixe a nadar. Ensinas o padre-nosso ao vigário.

Placet
Latim: Agrada, parece bem, apraz. 1 Voto de anuência usado nas assembléias do clero. 2 Diplomacia: Aprovação, beneplácito: Placet régio.

plaudite cives
Latim: Aplaudi cidadãos. Palavras por que terminavam as apresentações teatrais na antiga Roma.

pluralia tantum
Latim: Somente os plurais. Diz-se dos substantivos que só se empregam no plural.

plurima mortis imago
Latim: A imagem multiforme da morte. Foi como Enéias descreveu a Dido a última noite de Tróia (Eneida, II, 369).

plus aequo
Latim: Mais que o razoável; em excesso.

point de nouvelles, bonnes nouvelles
Francês: Nada de notícias, boas notícias. A falta de notícias é sinal de que tudo corre bem.

porte-bonheur
Francês: Porta-felicidade. Mascote ou amuleto considerado portador de sorte a quem o possui.

post equitem sedet atra cura
Latim: O negro cuidado se assenta atrás do cavaleiro (na garupa). As preocupações seguem a pessoa por toda parte.

post hoc, ergo propter hoc
Latim: Depois disto, logo por causa disto. A prioridade no tempo não importa em causalidade. Pelo fato de algo vir antes de alguma coisa não se segue que seja causa desta.

post meridiem
Latim: Depois do meio-dia.

post mortem
Latim: Após a morte. 1 Além do túmulo; na outra vida. 2 Expressão enpregada quando se trata de conferir alguma honraria a pessoa falecida.

post partum
Latim: Depois do parto.

pour boire
Francês: Para beber; gorjeta.

praesente cadavere
Latim: Em presença do cadáver. Diz-se da leitura do testamento do papa que deve ser feita diante do cadáver, antes do seu sepultamento.

praetium aestimationis
Latim: Valor estimativo.

primo occupanti
Latim Direito: Ao primeiro ocupante. Princípio aceito em jurisprudência, segundo o qual, na falta de outra circunstância, o primeiro ocupante adquire o direito de propriedade.

primum non nocere
Latim: Primeiramente não prejudicar. Critério médico, para empregar novas drogas em seres humanos; que elas não prejudiquem o paciente.

primum vivere, deinde philosophari
Latim: Primeiro viver, depois filosofar. Aplicado àqueles que, por especulações abstratas, deixam de conseguir o necessário para a subsistência.

primus in orbe deos fecit timor
Latim: O temor primitivo criou os deuses na Terra.

primus inter pares
Latim: Primeiro entre os iguais. Designa o presidente de uma assembléia onde todos têm voz ativa.

principiis obsta
Latim: Obsta no princípio. Ovídio aconselha o combate às paixões no seu início, antes que criem raízes.

pro aris et focis
Latim: Pelos altares e pelos lares. Pela religião e pela pátria.

pro domo sua
Latim: Pela sua casa. Em defesa de seus interesses.

pro forma
Latim: Por mera formalidade, para não modificar o costume, para salvar as aparências: Discutir um assunto pro forma.

proh pudor!
Latim: interj Expressão que significa Que vergonha! Era divisa de Guilherme de Orange.

prolem sine matre creatam
Latim: Filho criado sem mãe. Epígrafe de Ovídio, que Montesquieu apôs no frontispício de um de seus livros, para significar que ele era inteiramente original.

pro rata
Latim: Proporcionalmente. Recebendo cada um, ou pagando, a quota que lhe toca num rateio.

pro re nata
Latim: Segundo as circunstâncias.

pulchre, bene, recte
Latim: Lindo, bem, ótimo. Expressões que, segundo Horácio, empregam os parasitas para com seus anfitriões.

pulsate et aperietur vobis
Latim: Batei e abrir-se-vos-á. Palavras do Evangelho (São Lucas Xl, 9), em que Cristo aconselha perseverança na oração.

punica fides
Latim: Fé púnica. Locução que usavam os romanos para indicar a falta à palavra empenhada, defeito de que acusavam os cartagineses.
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As outras letras:

LETRA A http://singrandohorizontes.blogspot.com/2008/10/palavras-e-expresses-mais-usuais-do.html
LETRA B http://singrandohorizontes.blogspot.com/2008/10/palavras-e-expresses-mais-usuais-do_07.html
LETRA C http://singrandohorizontes.blogspot.com/2008/10/palavras-e-expresses-mais-usuais-do_21.html
LETRA D http://singrandohorizontes.blogspot.com/2008/11/palavras-e-expresses-mais-usuais-do.html
LETRA E http://singrandohorizontes.blogspot.com/2008/11/palavras-e-expresses-mais-usuais-do_28.html
LETRA F http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/01/palavras-e-expressoes-mais-usuais-do.html
LETRA G-H http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/05/palavras-e-expressoes-mais-usuais-do.html
LETRA I http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/06/palavras-e-expressoes-mais-usuais-do.html
LETRA J-L http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/06/palavras-e-expressoes-mais-usuais-do_21.html
LETRA M http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/07/palavras-e-expressoes-mais-usuais-do.html
LETRA N http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/07/palavras-e-expressoes-mais-usuais-do_11.html
LETRA O http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/09/palavras-e-expressoes-mais-usuais-do.html

Fonte:
Por Tras das Letras http://www.portrasdasletras.com.br

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Projeto Releituras (Edição de 1/10/2009)

Marion Zimmer Bradley (As Brumas de Avalon)


Volume 1: A Senhora da Magia

Esta primeira parte narra o começo de tudo; como nasceu Morgana (irmã de Arthur que nasceu do primeiro casamento de Ygraine com o Rei da Cornualha), e a morte do Rei Gorlois, quando Ygraine se casa com o Rei Uther Pendragon. Deste casamento nasceria Arthur. Além destes fatos apresenta-se outros personagens como Morgouse (irmã de Ygraine), Mago Merlim, Viviane (Senhora de Avalon e também irmã de Ygraine), Lancelot, primo de Arthur, que se tornaria posteriormente o amigo mais fiel do mesmo, entre outros... Podemos também destacar neste livro a morte de Pendragon, e Arthur que se assume como rei, apoiado por Avalon, onde ganha a espada sagrada, "Excalibur". Dentro deste mesmo livro ainda podemos destacar alguns fatos interessantes, como a festa do Gamo-Rei, na qual Morgana e Arthur fazem sexo, sem saber que um era o outro e onde gerariam um filho (sem que Arthur soubesse). O encontro de Gwenhwyfar (ou Rainha Guinevere) e Morgana na ilha de Avalon, onde ao mesmo tempo Gwen conhece Lancelot, e se apaixona por ele. Começa desde já a mobilização do reino contra os saxões para exterminá-los, o que levaria a paz.

Volume 2: A Grande Rainha

Neste livro acontece todos os fatos em volta da preparação para guerra contra os saxões e algumas batalhas, tanto que o casamento de Arthur com Gwen se efetua "somente" para que Arthur conseguisse cavalos para a guerra; o dote da rainha. Arthur muda a bandeira de seu exército, retirando a bandeira do Pendragon, e colocando em seu lugar a bandeira de Cristo. Começa a se formar o grupos de cavaleiros que integraria a Távola Redonda (que também pertencia ao dote da rainha). Acontece o casamento de Arthur com Gwen. Começa o romance entre Lancelot e Guinevere, que em um futuro próximo acabaria comprometendo o reino. Mesmo assim, Lancelot leva Morgana para o estábulo, para esquecer que Gwen estaria com Arthur naquela noite (de núpcias). Arthur, Lancelot e Gwenhwyfar se deitam juntos, na véspera de Beltane. Outro fato importante do livro 2 é a saída de Morgana de Avalon, por ter brigado com Viviane.

Volume 3: O Gamo-Rei

O terceiro livro tem grandes e importantes acontecimentos, como a morte de Taliesin, que foi substituído por Kevin, o Bardo. Depois temos a morte de Ygraine (antes da batalha final contra os saxões) e Viviane (que depois da guerra foi reclamar junto a Arthur por ter abandonado Avalon, a traindo, já que por força de Gwen, mudou a bandeira do reino para uma bandeira Católica, tendo então Balim matado-a com uma machadada na cabeça); o fim da guerra contra os saxões; a criação de Camelot; o fato de Gwenhwyfar não conseguir ter um filho de Arthur; o casamento de Lancelot com Elaine, que o afastou de Gwen (feito por uma simpatia de Morgana) e a ida do filho de Morgana e Arthur - Mordred, para Avalon.

Volume 4: O Prisioneiro da Árvore

O último livro dá o final à maioria dos personagens. Morgana se casa com Uriens e começa a conspirar contra Arthur por ter deixado de lado Avalon para ter seguido Cristo. Começa um romance de Morgana e Acolon, filho de Uriens, e os dois iniciam o plano para a tomada da Bainha Sagrada e da Excalibur. Arthur então, foi atraído para o País das Fadas, para que Excalibur fosse tomada por Acolon. Os dois brigam e Arthur mata Acolon, retomando Excalibur, mas Morgana apanha a Bainha Sagrada e a atira de volta ao Lago. Gwydion, também chamado de Mordred, filho de Arthur e Morgana, vai para Camelot com o destino de acabar com o Reino de seu pai, e começa a tramar contra o trono. Kevin é acusado de traição por Morgana, já então a Senhora de Avalon, e é condenado a ser esfolado vivo e ser preso ao Grande Carvalho. No momento de sua execução, um raio cai e parte o Carvalho ao meio, fazendo com que Kevin seja enterrado dentro da fenda do Carvalho. A conspiração para a tomada do trono por Mordred acontece. Eles pegam Lancelot e Gwenhwyfar juntos na cama e o acusam de traição, Lancelot reage, matando Gareth, e ferindo Mordred , fugindo com Gwenhwyfar. Ela se arrepende, e entra para um convento. Lancelot volta a corte, mas já era tarde demais. Mordred já havia tomado grande parte do exército, e organizado uma rebelião. Na batalha final em Camlann, Arthur mata Mordred, enquanto esse lhe atinge mortalmente. Morgana fica ao lado de Arthur e Lancelot, após um pedido de Arthur, atira Excalibur de volta ao lago. Arthur é levado a Avalon e morre lá, enquanto Lancelot, junto com Persival, entram para uma congregação, e ficam lá até a morte.

Fonte:
http://www.caoquira.com.br/

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Trova LXII

Paulo Monteiro (A Trova no Espiríto Santo – Parte II)

Pintura capixaba de Ignácia Macedo
VILA VELHA

Vila Velha, como já dissemos, também teve seu concurso de trovas, uma promoção modesta e menos ousada que as anteriores. Em 1971, sob o tema PELÉ.

0 vencedor do I CONCURSO DE TROVAS DE VILA VELHA, organizado pela UBT local, foi o saudoso trovador Cegídio Ambrogi, de Taubaté, com esta trova:
-
Que o Brasil todo enaIteça,
tanto a Rui, como a PELÉ.
Se um o honrou pela cabeça,
o outro o honrou usando o pé.
-
CLUBE DOS TROVADORES CAPIXABAS

Conforme vimos, antes, a UBT não teve uma existência muito fértil no Espírito Santo.

Parece que ela não se transformou no Clube dos Trovadores Capixabas (CTC) como disse o professor José Augusto Carvalho.

Da UBT, no Espírito Santo, porém, sobrou o exemplo que, tal qual a Fênix, renasceria no CTC.
Esse exemplo sobrou principalmente em/e para o penúltimo presidente da UBT de Vitória e Vila Velha, um jovem de 20 anos, nascido em 15 de setembro do 1950: CIério José Borges de Sant`Anna.

Não nos é difícil compreender - a nós que vivemos experiência semelhante - quanto pesa ver alguma coisa em que se depositou todo o desprendimento juvenil tombar sob a guilhotina inexorável dos acontecimentos.

Então, CIério José Borges, entre seus compromissos de trabalhador, chefe de família e estudante, passou a freqüentar bibliotecas à cata de materiais relacionados com a trova no território capixaba.

Numa dessas idas e vindas, em busca de informações úteis aos seus planos de pesquisa, na Biblioteca Pública de Vitória, deu de cara com “O TROVISMO”, um Iivro de Eno Teodoro Wanke, historiando o movimento dos modernos trovadores brasileiros.

Visto que ali quase nada se encontra com relação à trova em terras espírito-santenses, Clério José, feito uma fera, escreveu ao autor do livro.

Acabaram ficando amigos.

Dessa amizade surgiu a idéia de reativar o movimento em torno da trova em terras capixabas.
Sabe-se que CIério José pretendia uma entidade basicamente local. Somente “capixaba". Aos poucos se convenceu de que era necessário criar vínculos entre os trovadores capixabas organizados e trovadores de outras plagas.

Esclareça-se que o CTC entende, "para efeito de inscrição no Clube, como capixaba o (trovador) nascido no Espírito Santo e os que residam no Estado".

Assim é que o Clube dos Trovadores Capixabas foi fundado em 1º de juIho de 1980.

ATIVIDADES DO CTC

CONCURSOS NACIONAIS

A primeira atividade do Clube dos Trovadores Capixabas, que o projetou nacionalmente, foi o I CONCURSO DE TROVAS DA CIDADE DE VITÓRIA.

A realização do evento ficou sob responsabilidade do CTC e da Federação Cultural do Espírito Santo.

Dois foram os temas apresentados aos concorrentes: CAPIXABA, para as trovas humorísticas, e ANCHIETA, para trovas laudatórias, com referência ao padre José de Anchieta, há pouco beatificado.

Os três primeiros colocados, no primeiro tema, com as respectivas trovas:
-
1º lugar - ZÉ DE ÁVILA:
Na casa de um capixaba
se a gente chega sem pressa,
a pressa logo se acaba
quando a conversa começa.

2º lugar - JOÃO FIGUEIREDO:
Festa no Espírito Santo...
Quem for mineiro não vai.
- Você, aí nesse canto...
- Eu sou Capixaba... Uai.

3° lugar - IZO GOLDMAN:
O Capixaba garante
que sua terra é um encanto:
- Espírito tem bastante...
- o que falta mesmo é... Santo...
-
Já sob o terna Anchieta os três primeiros lugares ficaram assim distribuídos:
-
1º lugar - RANGEL COELHO:
Anchieta, pelo que diz
seu evangelho de luz,
foi o FRANCISCO DE ASSIS
das terras de Santa Cruz.

2º lugar - ALOÍSIO BEZERRA:
Lá no céu muito chorou
ANCHIETA, e tem chorado
que o índio, a quem tanto amou
no Brasil só tem penado.

3º lugar - VICENTE NOLASCO COSTA:
Vitória dos meus encantos
coração do meu planeta,
venero, dentre teus santos,
o grande santo ANCHIETA.
.
No dia 4 de outubro do 1980, no Teatro Carlos Gomes, de Vitória, em sessão solene, foram entregues os prêmios aos vencedores desse primeiro concurso, e diplomas aos sócios fundadores e sócios de honra presentes.

Logo depois, a Fundação Cultural foi extinta e o livro com as trovas - quarenta ao todo - vencedoras do CONCURSO DE TROVAS DA CIDADE DE VITÓRIA ficou sem patrocinador.

CONCURSOS INTERNOS

Uma outra característica marcante do Clube dos Trovadores Capixabas é a realização quase que permanente de concursos internos de trovas. Estes elevaram-se a cinco no primeiro ano do existência do CTC.

O primeiro desses concursos foi realizado em novembro de 1980, obedecendo ao tema GASOLINA, para trovas humorísticas.

Foram recebidas 54 trovas e o resultado oficial foi este:
-
1º lugar - BEATRIZ ABAURE:
Num posto de álcool na esquina,
diz um bêbado que passa:
- Isto que é gasolina!
- Tem cheiro até de cachaça.

2º lugar - VICENTE NOLASCO COSTA:
Sobe o gás e sobe o óleo,
gasolina é todo dia.
Quanto mais sobre o petróleo
mais aumenta a mordomia.

3º Iugar - JOÃO FIGUEIREDO:
O preço da gasolina
Vai subir mais (e não bufe!)
até que jorre da mina
o petróleo do Maluf...

4º lugar - ALYDIO C. DA SILVA:
Na crise da gasolina,
tive um lampejo de estalo:
Deixo o carro na oficina
e vou andar a cavalo.

5º lugar - VICENTE NOLASCO COSTA:
Vou vender tudo que pego.
Vou trocar rádio e buzina,
ou botar tudo no prego
ou ficar sem gasolina.
-
Receberam menções honrosas as seguintes trovas, por ordem alfabética de seus autores:
-
Se acabar a gasolina,
melhor é ficar na roça:
Lá não tem gente granfina,
todo mundo usa carroça...
ÁBNER DE FREITAS COUTINHO

Gasolina eu pus de lado
pois era um gastar sem fim,
e o carro a áIcooI hidratado
bebe quase igual a mim...
BEATRIZ ABAURRE

Vamos cavar, gente fina,
tentar óIeo encontrar.
Pois carro sem gasolina,
"alcoólatra”... vai ficar.
VALSEMA RODRIGUES DA COSTA

Hoje dei em pagamento
um tanque de gasolina
por um lindo apartamento
com garaje e com piscina.
VICENTE NOLASCO COSTA

Derivado do petróleo
que o capixaba assim glosa:
- Sendo "óleo", contém álcool,
sendo líquida é "gasosa".
ZEDÂNOVE TAVARES
-
Este concurso contou com o valioso apoio do CORREIO POPULAR, de Cariacica, onde é editada uma coluna dedicada à trova, sob responsabilidade de CIério José Borges.
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continua...

Erros Mais Comuns da Lingua Portuguesa (Parte II)


21 – Atraso implicará “em” punição. Implicar é direto no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.

22 – Vive “às custas” do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use também em via de, e não “em vias de”: Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de conclusão.

23 – Todos somos “cidadões”. O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres.

24 – O ingresso é “gratuíto”. A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.

25 – A última “seção” de cinema. Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.

26 – Vendeu “uma” grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc.

27 – “Porisso”. Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de.

28 – Não viu “qualquer” risco. É nenhum, e não “qualquer”, que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confusão.

29 – A feira “inicia” amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã.

30 – Soube que os homens “feriram-se”. O que atrai o pronome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou… O mesmo ocorre com as negativas, as conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto… / Como as pessoas lhe haviam dito… / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.

31 – O peixe tem muito “espinho”. Peixe tem espinha. Veja outras confusões desse tipo: O “fuzil” (fusível) queimou. / Casa “germinada” (geminada), “ciclo” (círculo) vicioso, “cabeçário” (cabeçalho).

32 – Não sabiam “aonde” ele estava. O certo: Não sabiam onde ele estava. Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei aonde ele quer chegar. / Aonde vamos?

33 – “Obrigado”, disse a moça. Obrigado concorda com a pessoa: “Obrigada”, disse a moça. / Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo.

34 – O governo “interviu”. Intervir conjuga-se como vir. Assim: O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera, entrevimos, condisser, etc.

35 – Ela era “meia” louca. Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio amiga.

36 – “Fica” você comigo. Fica é imperativo do pronome tu. Para a 3.ª pessoa, o certo é fique: Fique você comigo. / Venha pra Caixa você também. / Chegue aqui.

37 – A questão não tem nada “haver” com você. A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com você.

38 – A corrida custa 5 “real”. A moeda tem plural, e regular: A corrida custa 5 reais.

39 – Vou “emprestar” dele. Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo: Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu irmão. Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas malas.

40 – Foi “taxado” de ladrão. Tachar é que significa acusar de: Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de leviano.
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Fonte:
http://www.culturatura.com.br/

José Roberto Torero (Algumas razões nobres e outras plebéias)



Dois tipos de razões me levam a escrever: as razões nobres e as plebéias.
As plebéias são as tradicionais: fama, dinheiro e mulheres.

Pensava que, como um escritor, teria um pouco dessas três coisas, mas a fama de um escritor é irrisória perto da de um razoável centroavante. O dinheiro é ridículo, se comparado ao que ganha qualquer desafinado cantor de pagode.

E, quanto ao gemido das mulheres, qualquer ator que tenha feito uma aparição na Globo é mais solicitado do que eu.

Na verdade, até hoje só uma leitora sorriu-me de um modo mais insinuante: uma senhora chamada Noemi. Muito simpática, mas octogenária.

Há, porém, os motivos nobres.

Como tive muitos professores humanistas, prendeu-se em mim essa idéia hoje tida como ridícula de que "devemos lutar por um mundo melhor", hoje trocada por "devemos maximizar os lucros".

Acho que escrevendo, posso, de alguma forma, influenciar as pessoas. Posso fazê-las rir dos maus costumes e dos maus personagens, posso fazê-las perceber um vício e exaltar uma atitude, posso falar bem da honestidade e mal de Maluf e Pitta, posso falar bem da coerência e mal da compra de votos pela reeleição, posso falar bem da coragem e mal da aliança com o PFL.

Mas, na verdade, acho que nesse quesito eu também apenas vou conseguir virar a cabeça de Dona Noemi.

Enfim, apesar do fracasso de minhas motivações nobres e plebéias, não posso me queixar da sorte. O trabalho não me deixa suado como um cantor de pagode, não levo pontapés como um centroavante e, ainda por cima, ando pelas ruas despreocupado, sem temer que fãs puxem meus cabelos ou tentem rasgar minhas roupas.

Se bem que, no lançamento do meu último livro, Dona Noemi tenha me dado um beliscão na bunda.

Fontes:
http://www.redacaocriativa.com.br/
Imagem = http://pre-vestibular.arteblog.com.br

José Roberto Torero (1963)



José Roberto Torero Fernandes Júnior (Santos, 9 de outubro de 1963), conhecido como Torero, é um escritor, cineasta, roteirista, jornalista e colunista de esportes brasileiro.

Formado em Letras e Jornalismo pela Universidade de São Paulo, é autor de diversos livros, como "O Chalaça", vencedor do prêmio jabuti de 1995.

Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil.

Cursou, sem concluir, pós-graduação em Cinema e Roteiro.

No Jornal da Tarde, de São Paulo, iniciou sua carreira de cronista e depois começou a escrever para revista Placar textos sobre futebol, colabora com a Folha de São Paulo desde 1998.

Como roteirista nos longas A Felicidade É e Pequeno Dicionário Amoroso.

É sócio proprietário da Realejo Livros, em Santos.

Atualmente, Torero mantém um blog no portal UOL, o Blog do Torero. Publica também o Blog do Lelê, seu sobrinho fictício, iniciado durante a Copa do Mundo de 2006.

Bibliografia
Livros
Galantes Memórias e Admiráveis Aventuras do Virtuoso Conselheiro Gomes, o Chalaça
Brevíssima história das gentes de Santos
Terra Papagalli (com Marcus Aurelius Pimenta)
Santos, um time dos céus (com Marcus Aurelius Pimenta)
Futebol é bom pra cachorro (com Marcus Aurelius Pimenta)
Os cabeças-de-bagre também merecem o paraíso
Ira - Xadrez, truco e outras guerras
Os Vermes
Dicionário Santista
Pequenos amores
Zé cabala e outros filósofos do futebol
Uma história de futebol
Nuno descobre o Brasil
Naná descobre o céu
Nonô descobre o espelho
O pequeno rei e o parque real
As primeiras histórias de Lelê

Roteiros

Amor!
Morte
Uma História de Futebol
Amassa que elas gostam
Pequeno Dicionário Amoroso
Um Homem Sério
Como fazer um filme de amor
Memórias Póstumas
O cantor de samba
Oswaldo Cruz
O casamento de Louise

Curtas

O Bolo (Felicidade É...)
Morte
A Alma do Negócio
Amor
A Inútil Morte de S. Lira
Nunc et Semper

Vídeos

Glauber Rocha - Quando o cinema virou samba
O mundo cabe numa cadeira de barbeiro
Como fazer um filme de amor

Teatro

Sic transit gloria Dei
Romeu e Julieta – Segunda parte (com Marcus Aurelius Pimenta)
Omelete (com Marcus Aurelius Pimenta)

Televisão

Professor Planeta (ESPN-Brasil), estrelado por Marcelo Tas.
Retrato Falado (Fantástico–TV Globo), estrelado por Denise Fraga.
Manual de Instruções (Fantástico–TV Globo), estrelado por Pedro Cardoso.

Prêmios Recebidos

O Chalaça
Prêmio no Concurso Nascente, da Editora Abril e USP. (1992)
Prêmio Aplub, categoria romance. (1994)
Prêmio Jabuti de Romance e Livro do Ano. (1995)

Fontes:
Wkipedia
Projeto Releituras

Mark Twain (As Aventuras de Tom Sawyer)



SINOPSE

As divertidas histórias de Tom, um menino órfão, sonhador e muito esperto, são contadas com muito humor e lirismo. E mostram a importância de uma amizade e da descoberta do amor. Texto integral em cuidadosa tradução. Numa pacata cidadezinha às margens do Mississípi, o menino Tom vive encrencado com a tia, o irmão e a escola.

Malandro e espertíssimo, dizem que ele tem tudo para virar presidente, se não for enforcado antes… Enquanto nenhuma das duas coisas acontece, Tom brinca de pirata, pele-vermelha, Robin Hood e o que mais lhe der na cabeça, mesmo que ás vezes os perigos de mentirinha se tornem bem reais e assustadores! Durante a história o leitor embarca com os garotos-pirata do Mississípi num clássico do humor, mistério e ação!

ANÁLISE DA OBRA

Há maior significado profundo nos contos de fadas que me contaram na infância do que na verdade que a vida ensina.” (Schiller)

Tom Sawyer é um menino aventureiro, pobre, espertíssimo e órfão - quando ainda bebê seus pais faleceram, tendo que então morar com sua tia Polly, “(…) É filho de minha falecida irmã, o coitadinho (…)" p.12, mais o seu irmão Sid – que se comporta totalmente ao oposto de Tom e sua prima Mary – um pouco mais velha, religiosa e dada aos afazeres doméstico.

A personagem de Tom Sawyer serve para representar o sonho de muitas crianças: desejo de ser visto como um herói. “ (…) É possível que o estômago de Tom nunca houvesse sentido verdadeira fome por aqueles prêmios, mas não resta dúvida que todo o seu ser, em muitas ocasiões, ansiou pela glória que deles advinha.” p.37 Tom vive numa busca constante de glória para provocar inveja em seus companheiros “ (…) Todos os meninos remorderam-se de inveja; mas _ mas o que mais lhes doeu foi verificar que eles mesmos haviam contribuído para aquele triunfo, quando negociaram com Tom os seus cartões (…).” p. 41, conquistar o coração de sua amada Becky Tatcher e ser admirado pelos adultos “ (…) Um estante depois lá estava ele espinoteando como um índio selvagem, gritando, rindo, perseguindo os outros, jogando coisas, ficando de pés para o ar – fazendo todas as coisas heróicas que lhe vinham à cabeça, sempre com o olho alerta para ver se Becky Thatcher prestava atenção (…).” p. 101. Não tem medo de nada, é forte, ágil, carismático e sedutor.

Ser pirata e descobrir tesouros é o seu sonho. Amigos não lhe falta, mas é com os seus companheiros, Huckleberry Finn, ou apenas Huck, e Joe Harper que Tom partilha as suas maiores aventuras, como se isolar por dias numa ilha deserta no meio do rio, consentindo que os parentes pensassem que eles haviam morrido. “ (…) Os três meninos “mortos” vinham “ressuscitando!” – vinham entrando, Tom à frente, Joe em seguida e Huck todo trapos atrás! (…).” p.135.

Tom utiliza dessa e de várias outras estratégias para ser notado, passando, muitas vezes, por situações embaraçosas e perigosas – exemplo: quando ele e Huck presenciam um assassinato e passam a conhecer o perigoso Injun Joe, o índio, e procuram pelo tesouro perdido. “ (…) Tom disse: … e assim que o doutor pegou na tábua e Muff Potter caiu, Injue Joe saltou de faca em punho e …” p.173

Na obra o mundo adulto se contrapõe ao mundo infantil. Com base no fragmento abaixo, percebemos que compete aos adultos – a educação - ou seja, aplicar as regras, e às crianças rompê-las, pois raramente as cumpriam.

(…) A viúva é muito boa e amiga _ mas eu não agüento aquelas histórias. Ela me faz levantar todos os dias à mesma hora, e tomar banho; e me penteiam e me escovam; e não me deixam dormir no lenheiro; tenho que andar com umas roupas que me incomodam , que não deixam entrar o ar e são tão finas que não posso sentar-me no chão ou rolar pela areia. Tenho de ir à igreja, e suar, suar, a ouvir aqueles sermões. Não gosto de sermões. Não posso pegar uma mosca, nem mascar fumo. Tenho aos domingos de andar calçado o dia inteiro. A viúva não faz nada sem o toque da campainha _ levantar-se, deitar-se, comer… Tudo numa ordem tão horrível que um ser humano não agüenta.” p.249

Mark Twain relata de forma muito superficial a vida dos adultos na obra, procura enfatizar muito mais o universo infantil, revelando a verdadeira essência do ser humano ainda não corrompido pela sociedade: A beleza da ingenuidade, a espontaneidade, a generosidade e a sinceridade presentes na criança. “ (…) eles não me esquecem (…) vocês tem sido tão bons comigo (…) Estas mãozinhas pequenas e fracas, mas muito que tem ajudado Muff Potter, e mais o ajudariam, se pudessem.” p.169

Outro fato marcante a ser ressaltado é a passagem que relata quando as crianças pintam a cerca por diversão. “Tom havia passado horas muito divertidas na companhia dos meninos e a cerca estavam com três mãos de pintura!” p.24. Isso mostra-nos que os dissabores e amarguras do mundo adulto, em situações idênticas para as crianças representam mais uma de suas aventuras, uma vez que vivem num mundo de sonhos e fantasias, tais sentimentos que se perdem quando alcançamos a maturidade.

As Aventuras de Tom Sawyer não é um livro pedagógico, já que não tem intenção de educar e sim de divertir. Pode-se averiguar na leitura que as principais personagens da obra não são modelo a ser seguido, principalmente o protagonista, Tom Sawyer, que viola em todo momento as regras estipuladas pelos adultos, ou seja, os princípios impostos pela sociedade.

Diante disso, no prefácio o autor tenta levar o leitor a crer que o livro trata-se de histórias reais, apenas com um pouco de fantasia, no intuito de ocultar qualquer tendência que pudesse revolucionar na época, pois se a obra fosse considerada imprópria, poderia ser proibida de circular, principalmente por se tratar de um livro indicado para o público infanto-juvenil, onde poderia representar um perigo para as crianças "(…) Fazemos que os parentes juntem todo o dinheiro que possam e resgatem o preso; (…) se não pagam, então sim _ zás! Faca no pescoço.” p. 237, incentivando-as a se rebelarem, visto que muitas vezes, Tom não era castigado pelos seus atos, pelo contrário, era visto como herói em suas façanhas. A responsável por sua educação é a tia Polly. “ (… ) A verdade é que não ando cumprindo o meu dever com este menino (…) Ele tem o demo no corpo, mas o que fazer? (…) Não tenho coragem de surrá-lo. Cada vez que o deixo escapar minha consciência dói; e se o agarro, o que dói é meu coração.” p.12.

Tom não é um menino exemplar: é rebelde, não obedece a ninguém, não quer estudar “ (…) se tivesse amanhecido doente, não iria à escola (…) “ p.49, detesta andar de sapatos, “(…) Tom teve esperança de que Mary se esquecesse dos sapatos, mas foi esperança vã; (…) e ele entrou nos sapatos resmungando (…)” p.35 ter de ir aos domingos à missa, ter que tomar banho “ (…) Que vergonha Tom, um menino desse tamanho com medo de água! Água não machuca ninguém.” p.34 e mente sempre para evitar castigos ou sair de situações inesperadas.

Ele é uma criança muito difícil de tratar, espécie de degenerado da casa, mas a tia mesmo assim o estima muito, embora não deixa demonstrar para não estragar na educação, pois por algumas vezes acaba sendo necessário castigá-lo com alguma dureza, porém, em outras, não sofre nenhum castigo, pois ela deixa-se passar para trás, fazendo-se de desentendida. “ (…) Parece que cheira até que ponto pode me atormentar; e sabe que se consegue me atrapalhar ou fazer rir-me, já está livre de sova (…).” p.12

Tom Sawyer tem como arma principal para sobreviver na sociedade – a inteligência, ou melhor, a malandragem. Usa a esperteza para se safar de situações inusitadas ou barganhar quando está em condições de desvantagem, mesmo que seja necessário enganar os outros. Seu brinquedo é a sua astúcia – capaz de manipular a todos por meio da malandragem. Tom – o herói infantil do romance é um menino normal, que vive em busca do prazer e da aventura.

(…) enquanto o Big-Missouri trabalhava e suava ao sol, ficou ali sentado numa travessa, a comer a maçã e a pensar na caçada de outros inocentes. Material não lhe faltava, e constantemente vinham meninos, que paravam para caçoar e acabavam pintando (…) Lá pela tarde, Tom, que tinha começado o dia paupérrimo, estava o que havia de rico (…)” p.24

Fontes:
– TWAIN, Mark. As aventuras de Tom Sawyer. 5 ed. São Paulo: Brasiliense, 1961.
– Análise da Obra por Marli Savelli de Campos, disponível em http://mscamp.wordpress.com/as-aventuras-de-tom-sawyer/

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Manuel Bandeira (Andorinha)

Poesia sobre imagem do blog http://bloguitim.blogspot.com

Lilian Maial (O Dia Seguinte)


Naquela, como em todas as manhãs, mal acordou, foi para a janela – seu olho mágico para a vida.

Sentiu prazer em reparar no amanhecer ao longe, espremido entre prédios altos e algumas árvores insistentes. No fundo, gostaria de morar frente ao mar e ser acordada pela brisa fresca, com cheiro de peixe vivo. Mas já era conformada com a fumaça, os barulhos urbanos e os pássaros da resistência.

Deu sua espiada matinal até onde seu campo de visão permitia. Não pôde se furtar de participar (passivamente) da discussão entre o casal, logo cedo, por falta de combustível no carro (sim, morava em frente a um posto de gasolina e suas histórias). Também não abriu mão do olhar de raio ávido do frentista ao percebê-la em trajes de dormir.

Era um dia cinzento e frio. Notou faces carrancudas, castigadas pela vida. Um homem sem grandes expectativas busca consolo nos copos de botequim, antes de ser subjugado pela obediência às normas. A mulher bem vestida, exibindo olhos aflitos por atenção, cujo coração doía mais que o calo no calcanhar. A menina de uniforme, abraçando a mochila, como que a esconder os jovens seios teimosos a romper-lhe a blusa fina. O velho doente, curvado sobre os anos, a catar papéis no chão. A senhora infrutífera, que certamente deixaria seus bens ao cachorrinho agasalhado, conduzido com orgulho.

Tudo normal para uma segunda-feira, não fora o atraso do vizinho. Os minutos se passavam, e nada da sirene da garagem. O carro branco não saía da toca. As janelas do apartamento estavam estranhamente fechadas. Estava frio, era fato, porém ele não parecia ser do tipo que fecha janelas por queda de temperatura. Aparecia sempre sem camisa, e foi esse o motivo de ter-lhe chamado a atenção. O que teria acontecido? Ontem ainda o vira de relance, televisão ligada, mulher passando para lá e para cá, luz do quarto dos filhos apagada. Foi vencida pelo sono, não chegou a vê-lo desligar tudo para recolher-se.

A buzina estridente dos carros, no sinal de trânsito, a desviaram por segundos – ambulância pedindo passagem. De volta aos devaneios, onde estaria o cara? Aperta os olhos, encosta o mais que pode na esquadria, mas não obtém respostas. Olha o relógio, está atrasada. Decide esperar um pouco. Melhor, enquanto se arruma, vai e volta à janela algumas vezes. E nada. Aflita, pensa em perguntar ao porteiro. Não, seria dar muita bandeira. Talvez buscar o telefone na lista. Há quanto tempo nem recebia lista telefônica... Por um instante pensou ter visto a cortina mexer. Sim, com certeza mexeu. Mas quem? Não tinha mais tempo, saiu para o trabalho. Na rua, a sensação de estar sendo observada. Lança um último olhar para a sua janela. Silêncio.

Trabalha o tempo inteiro distraída, aquilo em sua mente. Não se recorda do trajeto de casa ao Centro, nem de ter cumprimentado os colegas. Conversa com as pessoas apenas com uma parte do cérebro. A outra está lá. Algo em seu íntimo dizia que as coisas não iam bem.

Volta para casa, esperando ver a vidraça escancarada. Nada. O mesmo lacre.

Toma seu banho e janta com a velocidade dos ansiosos. Liga a televisão, mas não consegue acompanhar a taxa do dólar e nem as notícias mais sangrentas. Seu pensamento está lá, no quarto andar. Teria saído de madrugada? O carro estava lá, ela havia se certificado ao chegar, aguardando a porta da garagem abrir-se ao primeiro que chegasse ou saísse do prédio. Novamente cansada, deixou-se adormecer sem certezas.

Naquela, como em todas as manhãs, mal acordou, foi para a janela – seu olho mágico para a vida. Sentiu prazer em reparar no amanhecer ao longe, espraiado no horizonte, no encontro entre céu e mar. A brisa marinha a embaraçar-lhe os cabelos. No fundo, o cheiro de peixe a deixava enjoada. Gostaria de morar longe do mar e ser acordada pelo canto suave de pássaros no campo, com cheiro de café e pão de queijo. Mas já era conformada com a corrosão do sal, o condomínio de emergentes e os engarrafamentos do bairro mais caro da cidade.

Deu sua espiada matinal até onde sua varanda alcançava. Do décimo quinto andar podia ver até o umbigo de Deus. Ventava muito. Não pôde se furtar de participar (passivamente) da discussão entre o casal, logo cedo, por falta de margarina com zero por cento de gordura no desjejum (sim, morava em frente a um casal de meia idade e com meia-vida). Também não abriu mão do olhar de raio ávido do rapaz do apartamento em diagonal ao seu, quando a viu em trajes de dormir.

Era um dia claro e ensolarado. Notou as pessoas miúdas, feito formigas atarefadas, com prováveis níveis de glicose acima do recomendável. Gravatas, "notebooks", celulares, malhas colantes em corpos excessivos, crianças esquisitas, domésticas indomesticáveis. Um homem sem grandes expectativas busca consolo no rebolado da babá mulata com a criança. Lança-lhe alguns impropérios e reúne forças de macho para mais um dia carregando pedras. A mulher bem vestida, exibindo olhos aflitos por atenção, cujo coração doía mais que o calo no calcanhar. A menina de uniforme, com a mochila nas costas, exibindo os jovens seios adestrados a romper-lhe a blusa fina. O velho doente, curvado sobre os anos, a catar papéis no chão. A senhora infrutífera, que certamente deixaria seus bens ao cachorrinho agasalhado, conduzido com orgulho.

Tudo normal para uma terça-feira, não fora o atraso do vizinho. Os minutos se passavam, e nada das cortinas abrirem-se no apartamento em frente. O carro branco não saía da toca. As janelas do apartamento estavam estranhamente fechadas. Estava calor, era fato, e ele não parecia ser do tipo que fecha janelas para não entrar poeira. Aparecia sempre sem camisa, e foi esse o motivo de ter-lhe chamado a atenção. O que teria acontecido? Ontem ainda o vira de relance, televisão ligada, mulher passando para lá e para cá, luz do quarto dos filhos apagada. Foi vencida pelo sono, não chegou a vê-lo desligar tudo para recolher-se.

Os gritos da criança esquizofrênica do vizinho de porta, em novo surto, a desviaram por segundos. De volta aos devaneios, onde estaria o cara? Aperta os olhos, encosta o mais que pode na quina da varanda, mas não obtém respostas. Olha o relógio, está atrasada. Decide esperar um pouco. Melhor, enquanto se arruma, vai e volta algumas vezes. E nada. Aflita, pensa em perguntar ao porteiro. Não, seria dar muita bandeira. Talvez buscar o telefone na lista. Mas nem sabia o nome do sujeito... Por um instante pensou ter visto a cortina mexer. Sim, com certeza mexeu. Mas quem? Não tinha mais tempo, saiu para o trabalho. Na rua, a sensação de estar sendo observada. Lança um último olhar para a sua janela. Silêncio.

Trabalha o tempo inteiro agoniada. Não se recorda do trajeto de casa ao Centro, nem de ter cumprimentado os colegas. Não conversa com ninguém. Seu cérebro está em regime de emergência. Algo em seu íntimo dizia que as coisas não iam bem.

Volta para casa, esperando ver a vidraça escancarada. Nada. O mesmo lacre.

Toma seu banho e janta com a pasmaceira dos deprimidos. Liga o "home theater", mas não consegue acompanhar a queda da bolsa e nem as notícias mais sangrentas. Seu pensamento está lá, do outro lado. Teria saído de madrugada? O carro estava lá, ela havia se certificado ao chegar. Novamente cansada, deixou-se adormecer sem certezas.

Naquela, como em todas as manhãs, mal acordou, foi para a janela – seu olho mágico para a vida. Sentiu prazer em reparar no amanhecer ao longe, encoberto pela neblina entre as montanhas. O vento cortante a eriçar-lhe os pêlos. No fundo, o cheiro de pão de queijo a engordava. Gostaria de morar na cidade, no burburinho, onde as coisas acontecem. Ser acordada por buzinas e sirenes. Ver gente e seus problemas, de casa para a lida. Mas já era conformada com a vidinha pacata e preguiçosa, com as casas parecidas na rua privativa de moradores.

Deu sua espiada matinal até onde sua janela alcançava e seu jardim permitia. A neblina já estava se desfazendo e o orvalho havia deixado seus rastros úmidos nos banquinhos de jardim, nas pétalas e em algumas faces. Não pôde se furtar de participar (passivamente) da discussão entre o casal, logo cedo, por falta de camisa limpa e passada (sim, morava em frente a um casal evangélico, que pregava a vinda do Messias, que só chegava bem mais tarde, quando o marido já havia ido para a igreja). Também não abriu mão do olhar de raio ávido do rapaz que entregava o pão e leite na porta, ao arrancar-lhe, com a imaginação adolescente, os trajes de dormir.

Era um dia claro, embora sem sol. Notou as pessoas fechadas em seus casacos e seus mundinhos, feito ostras friorentas. Sobretudos, sobre nada. Senhores e senhoras varrendo quintais e suas próprias folhas de outono. Esposas lânguidas e gordas. Crianças rosadas, livres e mal educadas. Domésticas domesticadas. Mocinhas em bandos, com seus seios jovens e pontudos, disputando os galanteios grosseiros dos rapazes. Casacos, jaquetas, suéteres. Um homem sem grandes expectativas busca consolo no rebolado da babá mulata, que passa com a criança, e na branquinha em sua terceira dose, para suportar a dose que é seu trabalho de recolher os lixos. A mulher bem vestida, exibindo olhos aflitos por atenção, cujo coração doía mais que o calo no calcanhar. O velho doente, curvado sobre os anos, a catar papéis no chão. A senhora infrutífera, que certamente deixaria seus bens ao cachorrinho agasalhado, conduzido com orgulho.

Tudo normal para uma quarta-feira, não fora o atraso do vizinho. Os minutos se passavam, e nada das cortinas abrirem-se na casa do outro lado da rua. O carro branco não saía da toca. As janelas estavam estranhamente fechadas. Estava frio, era fato, mas ele não parecia ser do tipo que fecha janelas. Aparecia sempre sem camisa, e foi esse o motivo de ter-lhe chamado a atenção. O que teria acontecido? Ontem ainda o vira de relance, televisão ligada, mulher passando para lá e para cá, luz do quarto dos filhos apagada. Foi vencida pelo sono, não chegou a vê-lo desligar tudo para recolher-se.

O mugido da vaca que passava solene pela rua, a desviou por segundos. De volta aos devaneios, onde estaria o cara? Aperta os olhos, debruça o mais que pode no parapeito da janela, mas não obtém respostas. Olha o relógio, está atrasada. Decide esperar um pouco. Melhor, enquanto se arruma, vai e volta algumas vezes. E nada. Aflita, pensa em fazer ruídos no portão. Não, seria dar muita bandeira. Talvez buscar o telefone na lista. Mas nem sabia o nome do sujeito... Por um instante pensou ter visto a cortina mexer. Sim, com certeza mexeu. Mas quem? Não tinha mais tempo, saiu para o trabalho. Na rua, a sensação de estar sendo observada. Lança um último olhar para a casa. Silêncio.

Trabalha o tempo todo desesperada. Não se recorda do trajeto e nem dos colegas. Não conversa. Não parece ter cérebro. Algo em seu íntimo dizia que as coisas não iam bem.

Volta para casa, esperando ver a vidraça escancarada. Nada. O mesmo lacre.

Toma seu banho e janta com a solidão dos homens. Liga o rádio, mas não consegue lembrar a letra daquela música sertaneja, nem acompanhar as notícias mais sangrentas. Seu pensamento está lá, do outro lado. Teria saído de madrugada? O carro estava lá, ela havia se certificado ao chegar. Novamente cansada, deixou-se adormecer sem certezas.

Fontes:
http://recantodasletras.uol.com.br/
Imagem = Montagem sobre pintura de Salvador Dali

Valsema Rodrigues da Costa (Caldeirão Capixaba)



LEVITANDO

Quando te fito levito
E minha alma corre atrás de ti.

Quando te fito não demoro
Te devoro num olhar
Na trilha, na lida
Na vida, neste amar
De medos ou dúvidas
Pois há tantas maravilhas
Vindas de ti!!!

Eis o amor
Arrastando multidão
Voando pelos ares
Penetrando em segredo
Decolando nas camas
Desafiando desenganos
Levantando os lençóis
Ao esparramar
Esse poço de brilhantes e de
Transparentes traições
No olhar aguçado de sonhos
Zombando das diferenças
Alcançando a juventude
No rastro da paixão...
O amar acalenta
Uma alma
Levitando por ti!
=================

MAR

Porque essa imensidão azul
deságua dentro de mim
invadindo o continente
da costa capixaba,
afogando a solidão
na alma da gente...

Porque é tão presente
essa fúria azul
que vai e vem...
Em marés altas,
em marés baixas
vem...acordando as manhãs
e acendendo o sol...
Vai...adormecendo as noites de luar
e prateando pensamentos...

Essa montanha azul e ondulante
segue torneando destinos e caminhos
azulando sonhos no azul do ser
cristalizando o amor no som cristal
da concha do infinito...

Esse mar azul é como um grito
contornando a Praia da Costa
linda por natureza,
essa beleza deslumbrante
que não se acaba.

Na eternidade e plenitude da vida...
Na verdade esse mar é tudo:
é a oração da natureza
na exaltação do Universo.
É a presença de Deus
na grandeza dos meus versos.
====================

MAR DE OLHAR

Deixa-me navegar
no mar de olhar
do teu olhar
e mergulhar
no oceano do teu corpo manso
e me banhar nas tuas águas mornas...
Deixa-me sonhar
ao lado da tua estrela
e ser personagem constante
em tua história.

Deixa-me ser a brisa do desejo
ser ondas em teu caminho
ser flor em teu jardim...
Deixa-me ser cadência de amor
na liberdade livre e solta
tal qual gaivota...

Deixa-me ser tua rota, teu destino,
ser o beijo que te beija.
Ser a mão que te conversa
ser o abraço que te abraça...

Deixa-me aportar em tua emoção
e ancorar-me em tua ternura...
Deixa-me ser elo
entre o outono e a primavera.

Deixa-me ser como a vela
que acena no cais
pois não sei se cheguei
muito cedo
ou se foste tu que vieste tarde demais.
=====================

DE REPENTE

De repente, fez-se tudo mais bonito.
Ouço cigarras, sons, ritos
tudo em forma de canção.

De repente o céu é mais azul,
do meu pranto fez-se o riso,
da tortura fez-se o encanto,
do teu olhar fez-se a luz,
da tua voz o acalanto,
dos teus braços fez-se o abrigo.

De repente, aquele amigo,
fez-se muito mais amante,
a vida coloriu-se, num instante.
De repente, se não me engano,
nem sei bem porque
te amo demais,
te amo!!
==================

CANÇÃO DA AMIZADE

Faço versos
como quem canta.
Com vibração e sonoridade
ternura e serenidade...

Meus versos
são como o correr dos rios
claros, livres, desenvoltos
e acima de tudo
verdadeiros... (como eu)

Cantam o amor e a amizade,
a solidão e a fraternidade.
Cantam a paz necessária
ao mundo ineiro.

Meus versos
são como flores:
-coloridos, delicados,
ternos e transbordantes
de emoção.

Estes foram feitos
para você,
pois quero tê-lo assim
por perto,
como as estrelas,
iluminando o meu coração.
Não quero mais
sentir esta saudade
intensa
que até me fez
abortar a dor
e a tristeza da separação.
Faz escuro,
mas quero estar
a cantar os versos
com você.
===============

SER MESTRE

Deixe-me, Senhor,
ser guia, ser fé,
orientação e amor.

Deixe-me, Senhor,
direcionar caminhos,
transmitir carinhos,
informar o saber.

Faça-me, Senhor,
unir os fonemas à emoção,
liberdade ao coração
e na canção da alegria
deixe-me ser como a vela,
que consome a própria energia
para conduzir à luz, à verdade,
à democracia.

Deixe-me, Senhor,
com dignidade,
ser Mestre sempre
até o fim dos meus dias.
====================

INSTANTES FELIZES

Abrir a janela
ouvindo o bem-te-vi cantar
Sentir a brisa suave no rosto,
olhar gaivotas
riscando o azul do céu
e beirando o mar.
Andar pela praia
descalça, pés molhados.

Olhar a lua no acalanto da noite,
sentir o cheiro da flor
e recordar o amor
naquele café da manhã...
Ser plena de mim,
ser infinita me perdendo em você.

Rever rostos amigos
corados, alegres, saudáveis,
ouvir música,
cantar, dançar,
fazer seresta
ler um bom livro,
divulgar literatura,
orientar a criançada,
aconchegar as filhas,
num abraço eterno!...

Viajar...
vestir-me de luz
e escrever poemas.
Cultivar boas amizades.
Receber cartas, telefonar.
Ouvir você, sentir saudades,
e, com certeza, AMAR!
=================

PRAIA DA COSTA - VILA VELHA

Porque essa imensidão azul
Deságua dentro de mim
invadindo o continente
Da costa capixaba,
Afogando a solidão
Na alma da gente...
Porque é tão presente
Essa fúria azul
Que vai e vem...
Em marés altas,
Em marés baixas
Vem... acordando as manhãs
E acendendo o sol...
Vai...adormecendo as noites de luar
E prateando pensamentos...
Essa montanha azul e ondulante
Segue torneando destinos e caminhos
Azulando sonhos no azul do ser
Cristalizando o amor no som cristal
Da concha do infinito...
Esse mar azul é como um grito
Contornando a Praia da Costa
Linda por natureza,
Essa beleza deslumbrante
Que não se acaba
Na eternidade e plenitude da vida...
Na verdade esse mar é tudo:
É a oração da natureza
Na exaltação do Universo.
É a presença de Deus
Na grandeza dos meus versos.
================

É O AMOR

É o amor
um sacrário sagrado,
sacramentado sentimento
abençoando e renovando
assim...

É o amor
que acende o sol das manhãs
e clareia a esperança
do anoitecer.

É o amor
que floreia o viver
e colore o dia-a-dia,
de cores refazendo
o arco-iris em mim.

É o amor
que faz brotar a flor,
nascer o sol
refazendo a emoção
do coração

É o amor
que tece a trama divina
e faz viver cada segundo
como nunca mais

É o amor
que explode,
invade. Pronto. Fim.
=================

QUEM?

Quem acalmará
a ebulição do corpo, o tremor,
o arrepio, a magia?

Quem passará
pelo corpo as mãos sedentas,
boca desejosa,
assanhando as tardes
e aquecendo o café das manhãs?

Quem sossegará
noites enluaradas,
espalhando mágica e suores
pelos trigais dos cabelos?

Quem atenderá aos apelos
da pele, da alma e dos sonhos,
encarando o riso feliz
prolongando a felicidade?

Quem visitará
e refará comigo
o verso, a rima,
o tema, o poema
eternizando o momento,
unificando
Adicionar imagem a cara-metade
da Poesia.

Quem?
--------------------
Fonte:
Vozes & Perfis - Antologia 2002 AFESL

Valsema Rodrigues da Costa (1943)

Estação Ferroviária de Sacramento
Valsema Rodrigues da Costa nasceu em Sacramento, no Estado de Minas Gerais, em 05/11/1943.

Residente em Vila Velha há muitos anos, tem o título de Cidadã Vila Velhense.

Funcionária do Tribunal de Contas do Estado do Espirito Santo.

Professora, especialista em musicoterapia.

Escritora, trovadora e poeta, foi Secretária de Cultura da Prefeitura Municipal de Vila Velha.

Em abril de 2001, em visita à cidade de Melbourne - Austrália, na Universidade de La Trobe, apresentou, para os alunos que estudam português, um panorama cultural do Estado do Espírito Santo e relançou o livro de poemas bilingüe "No Amor, na Primavera".

Pertence à Academia Feminina Espírito-santense de Letras onde ocupa a cadeira n. 04, cuja patrona é Maria Stela de Novaes,
– Clube dos Trovadores Capixabas
– Instituto Histórico e Geográfico do ES,
– Academia de Letras Humberto de Campos de Vila Velha.

Obras:

– Levadinha da Breca (literatura infantil) 1987
– Liberdade na Poesia ( poemas) 1993
– No Amor, na Primavera (poemas em inglês e português)

Participações
– Terceira Coletânea: Poetas do Espírito Santo e Poemar.
– Coletânea Vozes & Perfis - 2002
– Antologia 2003 - Textos e Tramas, da AFESL
– Antologia 2004 - Ecos da Terra Capixaba, da AFESL
– Antologia 2005, da AFESL, Dança das Palavras, organização de Maria Beatriz Nader e Marlusse Pestana Daher.
– Antologia Clepsidra, da AFESL, organizada por Jô Drumond e Graça Neves, Gráfica Santo Antônio Ltda. - GSA, Vitória/ES, 2007.

Fontes:
Vozes & Perfis - Antologia 2002 AFESL
Foto = http://estacoesferroviarias.com.br

Paulo Monteiro (A Trova no Espiríto Santo)

Guarapari - ES
ANTIGÜIDADE DA TROVA NO ESPÍRITO SANTO

Para alguns, a prática da trova no Espírito Santo inicia-se com o padre José de Anchieta (1534/1597). De alguns poemas do "Apóstolo do Brasil” podem ser derivadas trovas, embora, ao que se saiba, não tenha sido um trovador no sentido moderno da palavra, ao menos de várias trovas. Dele, inclusive, conhecemos uma trova em tupi:
"Sarauájamo oroikó
Kaápe orojemoñánga
Orojú nde mornóranga
Oré aíba reropó."
A tradução desta trova é: "Vivemos como selvagens, somos filhos da floresta, viemos saudar-te, renunciamos aos vícios”.

Note-se que a rima é do tipo ABBA, não aceita pela maioria dos trovadores contemporâneos. Sabemos que a trova tem todo um passado ligado à imprensa, especialmente de maneira satírica, o famoso epigrama, como se dizia.

A imprensa no Espírito Santo é senhora de um passado glorioso. Assim, muitas trovas devem ter sido famosas, repousando nas coleções dos velhos jornais capixabas.

ANTES DO CLUBE DOS TROVADORES CAPIXABAS

Mais recentemente poderíamos citar a publicação do CANCIONEIRO CAPIXABA DE TROVAS POPULARES, em 1949, onde Guilherme dos Santos Neves reuniu trovas colhidas diretamente do povo, em pesquisas por ele realizadas, e de duas pequenas coletâneas anteriores: uma de Afonso Cláudio, em 1923, e outra de uma colaboradora anônima de "A Província do Espírito Santo”, em 1889.

O livro do Guilherme dos Santos Neves é uma coletânea de 1000 trovas populares, isto é, recolhidas do folclore.

O primeiro livro contendo exclusivamente trovas literárias, ou seja, de autor conhecido, foi publicado por Solimar de Oliveira, em 1957.

A obra, um volume do 9cmX12cm, com 40 páginas, chama-se SANGRANDO LÁGRIMAS... São 95 trovas de Solimar e uma tradução de autor cujo nome não é revelado.

O convívio de Solimar com a trova, porém, vinha do longe.

É ele que nos conta da exposição do fotografias das principais paisagens de Vitória, organizada pelo fotógrafo Paes, com uma série de trovas, de que tomaram parte intelectuais especialmente convidados por aquele artista.

Isso foi em 1935 e Solimar lembra dos seguintes nomes: Ciro Vieira da Cunha, Almeida Cousin, Alvimar Silva, Nilo Aparecida Pinto, Solimar de Oliveira, João Bastos, Teixeira Leite, Jair Amorim, entre outros.

Solimar faz questão de lembrar o nome de Manoel Teixeira Leite, notável poeta, jornalista e trovador, já falecido.

Outra empreitada trovista de Solimar, agora junto com seu irmão Heralto de Oliveira, falecido, foi a organização de uma antologia do trovadores de Cachoeiro de Itapemirim, Iá por 1942/1943.

Essa coIetânea não chegou a ser publicada e os originais acabaram definitivamente perdidos.
Alguma coisa desse livro foi, contudo, divulgada mais tarde por Heralto, sob o pseudônimo de Vilamor.

Em 1950 Solimar passou a corresponder-se com Luiz Otávio e colaborou efetivamente com o futuro autor de MEUS IRMÃOS, OS TROVADORES.

A fundação do Grêmio Brasileiro do Trovadores (GBT), em 8 do janeiro de 1958, é um dado importante na história do Trovismo.

O GBT foi a primeira entidade nacional de trovadores, se bem que por trovador entendesse, ainda, os poetas de cordel e os repentistas e congregasse violeiros numa verdadeira arca do Noé, com bichos do todo pelo.

O GBT fez-se presente no Espírito Santo, basicamente, através de três trovadores: Evandro Moreira, Paulo Freitas e o experimentado Solimar de Oliveira.

Quando os trovadores (da quadra), em 20 de agosto de 1966, rompendo com a estrutura quase folclórica do Grêmio Brasileiro de Trovadores, fundaram a União Brasileira de Trovadores (UBT) os representantes da antiga entidade no Espírito Santo, passaram para a nova casa de trovadores.

Em 1967 são realizados dois jogos florais: um em Alegre e outro em Cachoeiro de Itapemirim.

Depois disso, a prática da trova no Espírito Santo restringiu-se às atividades isoladas de uns poucos abnegados, até que se fez alguma coisa pelo Trovismo, pelos fins dos anos sessentas e inícios da década iniciada em 1970.

Que fale, pois, o professor José Augusto Carvalho, ex-delegado municipal da UBT e organizador da UBT de Vitória:

Trabalhei, realmente, pelo Trovismo em Vitória, em meados da década de 60, entre, talvez 1966 e 1968, e cheguei a manter uma coluna semanal no jornal A GAZETA, de Vitória, informando sobre trovas e angariando simpatizantes do movimento, graças ao incentivo maior de Joubert do Araújo Silva e Hilário Soneghet, este já falecido e exímio sonetista. Mas, assim que foi fundada a seção capixaba da UBT, como a diretoria eleita era toda de Vila Velha, cidade vizinha 12km da capital, o movimento se transferiu para lá e, em 1980, se tornou no Clube dos Trovadores Capixabas (...)“.

Foi essa seção da UBT de Vila Velha que, em 1971, organizou um concurso de trovas sobre PELÉ.

Depois disso as coisas silenciaram-se. Até 1980, felizmente.

CONCURSOS E FLORAIS

ALEGRE

Em 1967 foram realizados os I JOGOS FLORAIS DE ALEGRE, graças ao trabalho intenso de um jovem e abnegado poeta: EVANDRO MOREIRA.

Mobilizando a comunidade alegrense e contando com o patrocínio da Prefeitura Municipal de Alegre, então administrada pelo prefeito Antonio Lemes Júnior, Evandro pode levar a bom termo aquele importante evento cultural.

Dois eram os temas: ALEGRIA e FRATERNIDADE. Não havia delimitação de gêneros (humorismo, lirismo, etc.).

No primeiro tema foram premiadas as seguintes trovas:
.
1º lugar - DURVAL MENDONÇA:
Brilha o rosto de Maria
na gruta pobre de Iuz
ante a suprema alegria
de ser a mãe de Jesus.

2º lugar - JOUBERT DE ARAÚJO SILVA:
Retrata a imagem da vida
a moenda rude e inclemente:
- Chora a cana, ao ser moída...
- range a moenda, contente!

3º lugar - SOLIMAR DE OLIVEIRA:
Nesta existência a alegria,
experimenta e verás!
Está na doce poesia
de todo bem que se faz...

4º lugar - FERRER LOPES:
Alegria... ó alegria!...
afinal, quem é que a tem?
- Tendo a barriga vazia,
nem tu, nem eu, nem ninguém.

5º lugar - JOSÉ VALERIANO RODRIGUES:
Minha alegria não passa
de uma risada bem cheia,
que fica logo sem graça
se a dentadura bambeia.

6º lugar - JOSÉ MORCEF CAMPOS:
Alegria, algo fremente
Que se não pode ocultar;
ou grita no riso quente,
ou brilha na luz do olhar.

7º lugar - MARIA DE LOURDES SANTOS:
Alegria é corno as águas
de um remanso cismador
que passam levando as mágoas
dos que padecem do amor...

8º lugar - CIRO VIEIRA DA CUNHA:
Do teu amor (quem diria?)
que só três meses durou,
resta a saudade - alegria
da tristeza que ficou...

9º lugar - SANTIAGO VASQUES FILHO
Alegria do operário
dura pouco, é reduzida:
- a lei que aumenta o salário
dispara o custo de vida.

10º lugar - SEBASTIÃO NORONHA:
Por mais que sofra, na luta
em que se esforça e porfia,
quem cumpre o dever desfruta
a verdadeira alegria.
No tema FRATERNIDADE, classificaram-se as seguintes trovas:
.
1º lugar - MARIO MORCEF CAMPOS:
Ama! Até sentir, então,
batendo no peito imerso,
o coração do universo
no teu próprio coração.

2º lugar - JOUBERT DE ARAÚJO SILVA:
Segue, filho este caminho
se queres ser bom cristão:
- Bebe menos do teu vinho,
- reparte mais o teu pão.

3º lugar - HERALDO LISBOA:
Fraternidade... quem dera
fosse outro o barro da gente,
pois se semente não gera
não cabe culpa à semente.

4º lugar - SOLIMAR DE OLIVEIRA:
Fui leal. Ouvi parolas.
Fui fraterno. Amigo. Irmão.
E hoje quase peço esmolas
depois de ter dado pão.

5º Iugar - LILINHA FERNANDES:
Fraternidade ultrajada
ainda mais se santifica.
Se a árvore boa é podada,
com mais vigor frutifica.

6º lugar - ATHAYR CAGNIN:
Indiferente à maldade,
vou traçando de alma ungida,
o giz da fraternidade
no quadro negro da vida...

7º lugar - DURVAL MENDONÇA:
Vive louca a humanidade
sempre em termos de agressão:
- invoca a Fraternidade
com a baioneta na mão.

8º lugar - MARIA HELENA:
Dá um riso aberto em dia
Se o pobre te estende a mão:
- Que às vezes uma alegria
É mais pão que o próprio pão.

9º lugar - SOLIMAR DE OLIVEIRA:
Neste exemplo se descobre
a Fraternidade, irmão:
- um pobre com outro pobre
dividindo o próprio pão.

10º lugar - NORDESTINO FILHO:
Fraternidade, meu bem,
só se diz Fraternidade
quando, aIém da caridade,
não se faz mal a ninguém.
.
CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM

Cachoeiro de Itapemirim é uma terra de bons poetas. Poucas cidades do interior brasileiro poderão orgulhar-se de, ao longo de sua história, apresentar tantos e tão bons poetas, quanto a terra de Rubem Braga.

Ali, entre 1966 e 1967, foram realizados Os I JOGOS FLORAIS DE CACHOEIRO, organizados pela Academia Cachoeirense de Letras, “sob os auspícios da Municipalidade, por isso decorrentes da Lei Municipal nº 054, de 16 de maio de 1966”.

Tudo isso sob o comando do incansável Solimar de Oliveira, então presidente da ACL.

Esses jogos constaram de cinco prêmios ou concursos diferentes, a saber:
Prêmio Benjamim Silva”- Trovas - 657
“Prêmio Newton Braga” - Poemas - 526
“Prêmio Rubem Braga” - Crônicas - 65
"Prêmio ClaudionorRibeiro”-Contos- 52
"Prêmio Bernardo Horta” - História - 2
TOTAL 1303

Finalmente, para alegria dos organizadores, após vasto programa, no dia 7 de setembro de 1967, foram entregues os prêmios aos vencedores.

Nunca o Espírito Santo tivera uma promoção cultural tão vasta e expressiva, tais foram as atividades constantes do programa e cumpridas britanicamente.

Estas foram as trovas vencedoras:
.
1º lugar - COLBERT RANGEL COELHO:
Noivado no mundo inteiro
Foi sempre assim entre os dois:
O noivo espera primeiro,
A noiva espera depois.

2º lugar - MANUELA ABRANTES:
Eu vejo no teu vestido,
mulher esbelta e risonha,
tanta falta de tecido
com falta de vergonha.

3º lugar - COLBERT RANGEL COELHO:
Eu não sei se o sol desponta
Ou se ainda é madrugada...
Quando estou por tua conta
Não dou conta de mais nada.

4º lugar - CARLOS MANUEL DE A. S. ABRANTES:
Amor, embora sensato,
Sem dinheiro, desconsola...
É como usar bom sapato,
De polimento, sem sola!

5º lugar - PAULO EMÍLIO PINTO:
Que luta quando eu a vejo
tão sedutora e inocente!
Já viu respeito e desejo
brigando dentro da gente?

6º lugar - HÉLlO C. TEIXEIRA:
Alma, que sonhas na altura,
vendo a beleza dos astros,
tornas maior a tortura,
de andar na terra de rastros!

7º lugar - COLBERT RANGEL COELHO:
Quando a gente perde o tino,
Como perdi de repente,
Uma mulher sem destino
Faz o destino da gente.

8º lugar - APARÍCIO FERNANDES:
Neste exemplo se presume
um prêmio às almas formosas:
Fica sempre algum perfume
nas mãos que oferecem rosas.

9º lugar - CARLOS MANUEL DE A. S. ABRANTES:
Na vida, constantemente,
a mulher se contradiz,
às vezes diz o que sente,
mas nunca sente o que diz.

10º lugar - DAVID DE ARAÚJO:
Bendito de quem consome
da vida os anos a fio,
dando pão a quem tem fome
e agasalho a quem tem frio.
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continua...
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