sábado, 7 de julho de 2018

Poemas Premiados sobre a Natureza

Trova premiada no XIV Concurso de Trovas de Pindamonhangaba/ 2004


SEI DE UMA ILHA…

Eu sei,
que não me isolei
na ilha dos meus sonhos.

Tropecei,
na ternura de um bailado
entrelaçado de silêncios
e ornado de jardins suspensos.

Fiquei,
emocionado ao mergulhar
na seiva dos versos florais,
que embalam as ondas do mar
cantando a primavera dos corais.

Escalei,
ao íngreme da montanha
na ânsia de um novo olhar,
de esvoaçar no rasto do vento
e me deixar levar, pela claridade adentro.

E voei
no grito alvoraçado
de um bando de aves marinhas,
por um céu de fogo pincelado
e matizado de esperanças minhas.

Inventei,
cascatas escorrendo
pelas rochas escarpadas,
nas águas onde me vou lendo
pela pureza que me lava a alma,
na aprazível frescura das palavras…

Eu sei,
que sobre isso nada direi
até que algum poente me doa,
numa tábua do tempo, carcomida.

Sou ainda muito novo para estar só
e eu gosto do lado mais romântico da vida…

Pensei,
ir mais para sul,
em latitudes de azul…

e por momentos,
encontro meus pensamentos
espalhados por um extenso areal,
a céu aberto estendidos
por entre todos os sentidos
e banhados por um mar emocional…

e essa ilha
essa força selvagem,
que tenho em mim e em mim fervilha,
é o meu refúgio, o meu porto de ancoragem.

(Medalha de Bronze no V Concurso de Literatura da Natureza. Categoria Poesia)


ÁRVORE DA VIDA

Um toque de frescura
Reflete a gota de orvalho
Do meu querido carvalho
Unindo beleza e ternura.

No aconchego de tuas folhas
Junto ao doce perfume das flores
Que prima lindas cores
Os ventos dançando maravilhas.

Dentro de si
Uma luz que não se alcança
Uma sombra que traz a lembrança
Dos frutos que já vivi.

Da minha estimada infância
A árvore da vida
Minha amiga querida
Guarda os segredos da esperança.

(Medalha de Prata no V Concurso de Literatura da Natureza. Categoria Poesia)


O SORRISO DA NATUREZA

Olha o azul do infinito
E o azul-turquesa dos mares!
Olha o verde da campina
E o colorido bonito
Dos jardins e dos pomares!

Olha a fonte borbulhante
D'água pura e cristalina
A correr de monte a monte!
Olha o encanto da floresta
Com seus brados e rumores!

Olha as aves multicores
Nos seus voos e gorjeios
Numa alegria de festa!
Olha a lua, a branca lua
A tingir de prata os seios
Da moça a banhar-se nua!

Olha a beleza e a fragrância
Do lírio da cor da neve
Tremulando à brisa leve
E a recender à distância!

Olha o frescor e a pureza
Dos campos e pinheirais
E neles a singular reza
Que é o pipilar dos pardais!

E o sol rubro no poente
Caindo no azul do mar
Muito, muito lentamente.
Visão de encanto e magia
Não é noite, não é dia
É cena que faz sonhar!

Tela imensa de riqueza
Divina tela florida
Em que a alegre natureza
Tem mais graça, tem mais vida.

(Medalha de Prata no V Concurso de Literatura da Natureza. Categoria Poesia)


NO RANCHO

Aqui, sim, a vida é bela
Na sombra deste ranchinho,
Sentado à beira do mato,
Meu mais doce e casto ninho,
Como se, na vida, eu fosse
Um liberto passarinho.

Contemplo campos e serras
Azuladas, muito além...
No panorama do sul
Vejo a cidade também,
Mas ali, como nos campos,
Belezas tantas não tem.

Lá existem belas praças
Que os namorados desejam,
Mas as flores mais viçosas
Que os beija-flores beijam
Não têm o mesmo perfume
Das flores que aqui vicejam.

Há festas e diversões,
Parece um mar de orgia,
Porém ali na cidade,
Palco de tanta alegria
Não tem a sombra do rancho
Onde eu escrevo poesia.

 Lá não tem a melodia
Da passarada que canta,
Nem cheiro virgem da terra
Que a chuva do chão levanta,
Por isso que do matuto
A felicidade é tanta.

O povo ali da cidade
Se do caboclo faz troça,
É porque aquela gente
Nunca veio aqui na roça
Para também ser feliz
Na sombra duma palhoça.

(Medalha de Ouro no IV Concurso de Literatura da Natureza. Categoria Poesia)


ARACURI

Teu canto é guerra,
Defende a terra,
Que é ventre e é seio,
Que é berço e é pão.

É o canto da fauna
Em serestas vigias,
Para a ecologia
A pedir proteção.

Deixai que nas matas,
Cantem os pássaros,
E os peixes nas águas
Possam viver.

Deixem nos campos
Andarem as emas,
E entre os serrados
A vida nascer.

Que as gralhas azuis
E os patos –arminhos,
Teçam seus ninhos
Sem nada temer.

Que as aves cativas,
cortem os ares,
Sobre os jaguares
Andantes da paz.

Que o canto de todos
No meio ambiente,
Impeçam na terra
A vida morrer.

Que os passarinhos
Cantem a beleza
Da natureza
Em doação.

(Medalha de Ouro no IV Concurso de Literatura da Natureza. Categoria Poesia)


O VENTO E A LUA

Lá fora o vento assovia
Uma canção ao luar.
À lua reverencia.
Ela não quer escutar.

Olhando através do frio
Pela janela se vê
Vê-se a lua num navio.
Delírio, só pode ser.

Em meio às nuvens navega
Em águas muito serenas.
Pobre vento: ora sossega
Ora expõe as suas penas.

Mas a lua, indiferente,
Continua a navegar.
O barco vai sempre em frente
Até o abismo encontrar.

Escura nuvem o apaga
Nenhum olho o pode ver.
Do vento o assovio vaga
Vai saudar o alvorecer.

Nós também vemos fugir
Em um navio fantasma,
Sem sequer se despedir,
O amor que nos cegava.

Somos ventos que assoviam
Para a pessoa que amamos
Que nem sempre desconfia
Do quanto a idealizamos.

(Medalha de Ouro no IV Concurso de Literatura da Natureza. Categoria Poesia)


O TAPETE DA VIDA

Que a morte venha ternamente
e a vida se esvaia lentamente,
para que eu possa, em placidez,
assistir aos meus últimos momentos.

Que sejam como os das flores
e das folhas do outono,
que ao soçobrarem,
quando dos galhos se desgarrem,
flutuem bailando no ar,
até pousarem num tapete,
casual e úmido,
de flores murchas,
 folhas mortas
e húmus.

(Medalha de Ouro no IV Concurso de Literatura da Natureza. Categoria Poesia)

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