terça-feira, 14 de junho de 2022

Ronnaldo de Andrade (Caderno de Trovas) – 5 -

Agora que tu és minha
e eu já sou todinho teu,
podemos, minha rainha,
enterrar o que morreu.
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Café na cama, beijinhos...
Sua mão e minha mão...
Somos no inverno peixinhos
nadando no meu colchão.
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Cansei de ser passatempo,
seu brinquedo descartável.
Você foi um contratempo
para mim, incontestável.
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Com as mãos postas no peito
declarei à minha amada,
meu amor mais-que-perfeito,
e morri sem ouvir nada.
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Deixo em seu criado-mudo,
nossa foto de noivado;
nesse tempo eu era tudo
que você queria ao lado!
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De maneira fria e crua,
covardemente e sem lógica,
você me tirou da sua
árvore genealógica.
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É dureza amar a alguém
e não ser correspondido.
Às vezes, isso não tem,
nem faz o menor sentido.
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És luz que brilha em meu céu,
linda, meiga e delicada;
pra santa te falta o véu,
linda luz de minha estrada.
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Eu passo a noite cantando,
pra sufocar minha dor,
que aos poucos vai maltratando
meu coração sonhador.
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Eu sinto que estou amando
e esse amor muito me anima,
feito pássaro cantando
e uma trova toda em rima.
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Lua que brilha no céu,
ilumina minha estrada,
para eu pegar o mel
nos lábios de minha amada.
(Trova em parceria com Brenda Lyn, minha filha)
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Meu corpo todo retalho,
e ela me diz: “– Não tem lógica,
só não lhe quero no galho
da árvore genealógica”.
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Minha tristeza é profunda,
quero tirar minha vida.
A minh'alma está imunda
e anda no mundo perdida.
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Não brinque assim! Não maltrate
o meu coração que é seu.
Nele vive, Amor, não mate
"o amor que, intenso cresceu...".
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Não sai de minha memória
a nossa história de amor;
você, sua trajetória,
seu desejo abrasador...
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Nosso amor é tocha acesa,
é mel que a gente consome;
geleia de framboesa:
tudo que nos mata a fome!
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Os olhos da noite estão
onde os seus não podem ver.
Pergunte ao seu coração
se ele sabe lhe dizer.
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Peço-lhe pra me perdoar,
mesmo se achar que é demência
o amor que eu quero lhe dar,
e que falo em reticência.
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Por causa do teu ciúme
me afastei, fiquei distante;
porém isso não resume
quanto me foste importante.
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Preciso daquele amor,
aquele amor prometido
com graça e muito fervor,
antes de eu ser seu marido.
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Preciso de amor, carinho...
Gesto mais apaixonado,
pra não me sentir sozinho
tendo você a meu lado.
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Procuro em minha memória,
um motivo e qual a lógica,
de não ter em nossa história
uma árvore genealógica.
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Solidão, não me judia
nem ria como os palhaços.
"Que dolorosa ironia"
ver quem amo em outros braços!
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Tarde fria! Chuva fina!
E essa saudade, a contento,
não deixa eu tirar, menina,
você do meu pensamento!
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Tenho ao meu lado a tristeza,
que você deixou um dia;
ela é melhor, com certeza,
do que a sua companhia.
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Tomou meu leme da vida
como fosse embarcação,
e partiu logo em seguida
do mar do meu coração!
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Você apareceu, querida,
toda altiva e majestosa,
e perfumou minha vida
com a fragrância de rosa.
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Volte aos meus braços, querida,
volte para o nosso lar;
e descubra enquanto há vida,
o valor do “perdoar”!

Fonte:
Trovas enviadas pelo trovador.

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