JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/PR
Faminto, desempregado,
matuta o pobre, o que anseia:
– Vou xingar o delegado
pra enfim comer… na cadeia!
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Soneto de
ANÍBAL BEÇA
Manaus/ AM, 1946 – 2009
PARA QUE SERVE A POESIA?
De servir-se utensílio dia a dia
utilidade prática aplicada,
o nada sobre o nada anula o nada
por desvendar mistério na magia.
O sonho em fantasia iluminada
aqui se oferta em módica quantia
por camelôs de palavras aladas
marreteiros de mansa mercancia.
De pagamento, apenas um sorriso
de nuvens, uma fatia de grama
de orvalho e o fugaz fulgor de astro arisco.
Serena sentença em sina servida,
seu valor se aquilata e se esparrama
na livre chama acesa de quem ama.
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Trova de
MARIA JOSÉ MOREIRA DIAS
Angra dos Reis/ RJ
Todos nós temos problemas,
precisamos superar
combatendo os dilemas,
temos que os enfrentar.
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Poema de
CÉLIA EVARISTO
Lisboa/ Portugal
“MEU”
Não estás,
mas tenho-te em mim.
Não te vejo,
mas fecho os olhos e estás aqui.
Não te toco,
mas ainda sinto o toque da tua pele.
No meu inconsciente
e na minha consciência também,
nunca te deixei ir.
Chamo-te de ”meu”,
em surdina,
nos meus sonhos mais íntimos
em que mais ninguém
me consegue ouvir.
És meu,
naquele instante,
sem pressas ou outras desculpas
que me impeçam de te ter
perto ou distante.
E mesmo que não queiras aqui estar,
não te deixo ir,
este é o teu lar.
Porque no meu coração és meu,
mesmo que não seja dona de nada,
nem de ninguém.
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Trova de
JESSÉ NASCIMENTO
Angra dos Reis/RJ
As lições do dia a dia
que o vida nos oferece,
em nossa intensa porfia
a gente quase as esquece.
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Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal
NOS TRISTES OLHOS MAL SUSTENHO O PRANTO
(João Xavier de Matos, in "Cem Sonetos Portugueses", p. 50)
Nos tristes olhos mal sustenho o pranto
Por ver como é tão pobre e diminuta
A alma que no peito trago enxuta
De trovas que lhe tragam novo canto.
Não tem razão de ser um tal espanto
Que ser pequeno é fado que me enluta
E, aos poucos, vai matando, qual cicuta
Que tomo pela mão do desencanto.
Ser pouco talvez tenha uma virtude
Se a alma o reconhece e não se ilude
Com sonhos de grandeza bem fadada.
No concerto do mundo todos cabem:
Mais vale o que de nós outros não sabem
Do que nós deles não sabermos nada.
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Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP
Ora eloquente, ora mudo,
teu olhar é uma charada:
promessa sutil de tudo,
no fútil revés de um nada.
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Poema de
ANTERO JERÓNIMO
Lisboa/Portugal
Meus olhos atordoados de espanto
são como janelas embriagadas de luz
Buscando um poema que fale do silêncio
enquanto percorro os caminhos da jornada
Há uma mensagem de paz implícita
no gorjeio das aves em estuário,
como se nidificassem a paz na raiz da palavra
Acalma-me o todo onde a beleza se espelha
a visão a ocidente pintada de alvos fiapos
forrando o teto deste azul que me aconchega.
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP
É "Carcará" o apelido
do Zé, porque... come... e cisca...
Mas a mulher diz: - "Duvido!
Aqui em casa nem... belisca..."
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Soneto de
FILEMON MARTINS
São Paulo/ SP
CONTRASTE
Tu és feliz, a vida é um paraíso,
onde há paz, ventura em profusão,
e a graça singular do teu sorriso,
– símbolo da Beleza e Perfeição!
Mas eu sou infeliz, pois já diviso
na luz do teu olhar, ingratidão,
e sem querer eu sinto que preciso
esquecer-te e viver na solidão.
Julgara que tu fosses, ó querida,
meu segredo, meu sonho, minha vida,
minha eviterna e santa inspiração…
Mas tu és assassina do meu sonho,
vives feliz e eu vivo tão tristonho,
sentindo que esta vida é uma ilusão!
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Trova de
MARIA HELENA URURAHY C. FONSECA
Angra dos Reis/RJ
Meu livro guarda esperanças,
amor, encanto, amizades,
paixões, segredos, lembranças,
guardião das minhas saudades...
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Poetrix de
JANAÍNA NEVES DIAS CESCATO
São Paulo/SP
CIÚME
Se nem sou mais seu lume
pra que prender num vidro
meu voo vagalume?
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Poema de
CRIS ANVAGO
Setúbal/ Portugal
Eu pensava que viver era correr
Correr para um objetivo
Mesmo não sabendo bem qual.
Depois vi que quando corremos,
Não vemos nada à nossa volta,
Nem ao nosso lado
Fica tudo veloz, desfocado…
Agora penso que viver é caminhar
E bem devagar…
Olhar os pequenos pormenores da caminhada
Sentir o cheiro das plantas
Ouvir os pássaros
Saborear os momentos…
Ver como correm ainda algumas pessoas…
Como eu já corri sem saber bem para onde…
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Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ
Infância - um reino encantado
onde reside a esperança. ...
E o tempo acaba o reinado,
e a vida muda a criança...
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Hino de
UMUARAMA/ PR
I
Quando em festa o futuro chegou
Com seu canto de luz sobre a mata
Toda agreste em beleza acordou
Qual semente que em flor se desata.
Um fremir de esperança ideal
Perpassou entre as nuvens e a rama
E se ergueu para a história, afinal,
Poderosa, a sorrir, Umuarama.
Estribilho
Umuarama, para frente, com trabalho e alegria.
Há nas mãos de tua gente fé, vontade e energias.
Essa força admirável que arrancou-te do sertão
Te impulsiona, insuperável, para a glória da Nação.
II
Umuarama, teu nome altaneiro,
É amizade num clima gentil
E transforma teu solo em celeiro,
Distribuindo fartura ao Brasil.
O esplendor de que o sol te reveste,
Um clarim sobre o mundo serás.
És bandeira triunfal que no Oeste
Abre a porta do teu Paraná.
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Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ
CARÍCIA
Carícia recebida com amor,
é redenção do espiritual ser,
buscando esta essência superior,
para nessa plenitude viver.
Os anseios sonhados não vividos,
recuperando a esperança, o ardil,
de muitos anos de um amor contido,
no verdor desse peito juvenil.
Pelos cuidados de uma mãe zelosa
que carícias quase não recebia
e pra os filhos seus traumas transmitia.
Aquela experiência dolorosa,
daquele amor que não lhe garantia,
toda carícia que ela merecia.
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Trova de
ELIANA COSTA DA ROSA TOSI
Angra dos Reis/ RJ
O tempo parece o vento,
passa, vai deixando história.
A memória é acalento,
para muitos a vitória.
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Lengalenga de Portugal
LAGARTO PINTADO
Lagarto pintado,
quem te pintou?
Foi uma menina
que por aqui passou
Lagarto verde,
que te esverdeou?
Foi uma galinha
que aqui passou
Lagarto azul,
que te azulou?
Foi a onda do mar
que me molhou
Lagarto amarelo,
que te amarelou?
Foi o sol poente
que em mim pisou
Lagarto encarnado,
que te encarniçou?
Foi uma papoila
que para mim olhou
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Trova Popular de
AUTOR ANÔNIMO
Chove, chuva miudinha,
na copa do meu chapéu;
Padre-Nosso de mulher
não leva homem ao céu.
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
ASAS DE MADEIRA
Esculpido em mogno
O dragão, aos poucos desperta
E, suavemente, move suas asas
À espera do vento…
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Trova de
LÉLIA MIGUEL MOREIRA DE LIMA
Angra dos Reis/ RJ
Colorida é nossa vida
cheia de muita esperança,
história muito vivida,
plena de amor e bonança.
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