terça-feira, 3 de novembro de 2020

Fabiano Wanderley (Baú de Trovas) 3


Ao homem, por Deus foi dado,
astúcia e simplicidade
e por isso, abençoado
com o dom da piedade.
- - - - - -
A paz que trago comigo
é fruto dos atos meus.
- O bem-estar que eu abrigo,
é coisa própria de Deus!
- - - - - -
A vida é uma promissória,
que tem Deus como avalista.
Porem, não tem moratória,
seu pagamento é à vista!
- - - - - -
Canta, canta, ó menestrel,
ante a lua a te acolher,
mais um tango de Gardel
que nos faz enternecer...
- - - - - -
Confirmando as suas lendas,
por capricho, o velho mar,
cobre as areias de rendas,
quando a praia vem beijar...
- - - - - -
É certo e pura verdade,
que se diz do casamento:
Que só se tem liberdade,
com um mal comportamento!
- - - - - -
É destino a um trovador,
ao ver seu amor disperso,
compartilhar toda dor,
com a pureza do seu verso!
- - - - - -
É quase que indescritível,
os sentimentos, o ardor,
de uma noite inesquecível,
num terno ninho de amor...
- - - - - -
Fim de tarde, um albatroz
faz de volta o seu caminho.
A penumbra o faz veloz;
urge o encontro com seu ninho...
- - - - - -
Nada detém tanto encanto,
nem tanta essência de amor,
qual o feito sacrossanto,
do desabrochar da flor!
- - - - - -
Natureza é ecologia,
é o éden dos passarinhos,
que levam toda a magia
para o abrigo dos seus ninhos.
- - - - - -
No campo, depois da lida,
ao plantar e ao ver crescer,
desponta um sonho de vida:
— A certeza de colher!
- - - - - –
No grande palco da vida,
desse enredo tão atroz,
em cada cena exibida,
há sempre um pouco de nós.
- - - - - -
No Manacá, por vaidade,
há um aroma em cada flor:
— Do roxo, exala a saudade,
do branco, essência de amor...
- - - - - -
Nos enche de dignidade,
ver o obreiro com seu malho,
revelar prosperidade,
com suor do seu trabalho!
- - - - - -
O beijo nos diz as lendas,
surgiu entre os querubins;
que, engalanados de rendas,
osculavam em seus festins...
- - - - - -
Onde houver desigualdade,
a injustiça se mantém,
dando ao rico a impunidade
e a sentença ao joão-ninguém!
- - - - - -
O pão representa a vida,
alimenta a humanidade;
seus sustento consolida
a paz para a eternidade!
- - - - - -
Para a grande caminhada,
obra e graça do Divino,
cada qual tem sua estrada,
o seu rumo, seu destino!
- - - - - -
Para aumentar meu desejo
de sentir uma ânsia louca,
por sentença, por um beijo,
faz-me escravo em tua boca...
- - - - - -
Quando à penumbra, acontece,
entre afagos meus e teus,
nosso amor nos enternece,
nos eleva diante a Deus!
- - - - - -
Quando a tarde prenuncia,
revoam os passarinhos
e levam toda a magia,
para o abrigo de seus ninhos.
- - - - - –
Quando o céu, na lua cheia,
expõe os encantos seus,
a serra se galhardeia,
por estar mais junto a Deus.
- - - - - -
Quem casa, soma os afetos,
diminui a liberdade,
divide bens e objetos,
multiplica a honestidade!
- - - - - -
Salve! ó Mãe! Virgem Maria,
abençoada por Deus.
Bendita luz, que me guia,
a que aclara os dias meus.
- - - - - -
Saudade é dor que se sente,
por quem, por qual, ou razão.
Um vazio que há na gente:
— Mistério de um coração!…
- - - - - -
Traz ao poeta, a magia,
a gaivota na amplidão...
Em seu canto: A poesia!
E no encanto: A inspiração!
- - - - - -
Varanda, és templo de amor,
palco de fiéis confissões.
Secretas todo o clamor,
das mais ardentes paixões!
- - - - - –
Vem, ó Trova! E faz seu ninho.
Traze em verso, essa emoção.
Faz do poeta um doce aninho
e lhe inspira o coração

Fonte:
Fabiano de Cristo Magalhães Wanderley. Versos Di Versos. Natal/RN, 2014.

Nenhum comentário: