domingo, 23 de setembro de 2012

Paulo José de Oliveira (Pajo) (Aquarela Primaveril)


É Primavera... 
E o verde se refaz ao findar de mais um ano 
Chega-se à estação que finaliza um ciclo 
Transformando e renovando a biosfera 
Brindando a terra no precipitar das chuvas 
Deslumbrando a natureza em sons e aquarela 
É Primavera... 
E brilha o sol reluzindo e aquecendo os dias 
Chegam flores num desabrochar em cores 
Em novos frutos gerando alimento 
Dilatando sentimentos e o amor a nutrir 
Produzindo alegria, esperanças e novas vidas 
Impregnando almas, exalando fragrâncias 
Incendiando corações a afagar o co-existir 
É Primavera... 
E vem o beija-flor a sugar o néctar 
Nas multicores em que os olhos se extasiam 
De frutos mil que alimenta a humanidade 
Refaz-se a vida, o homem e seus demais seres 
Os rios antes agonizantes, agora se agitam 
É estação de se degustar novos sabores 
É Primavera... 
É então, quando as noites parecem ter mais estrelas 
Os dias se mostram com especial brilho 
Aves e animais ressurgem em seus ninhais 
Os mormaços prenunciam o germinar 
E as torrentes no telhado a trepidar 
Torna-se canção noturna de acalanto 
Ou terapia para o corre-corre do dia-a-dia 
É Primavera... 
Tornam-se mais belos, nossos jardins e quintais 
A primavera engorda a inspiração do poeta 
Que traduz em versos sentimentos e emoções 
E todas as ações e reações tornam-se mais efusivas 
As faces se iluminam em largos sorrisos 
Que mesmo em dias nublados 
se mostram no romantismo 

(Este poema é parte do meu livro: Galácticus: A Sinfonia das Quatro Estações - Pajo)

Ademar Macedo (Primavera)

Primavera no Sertão Nordestino
Pra o Poeta e Trovador
que é onde o verso prospera,
eu mando um buquê de flores
que a natureza libera;
e numa grande investida
faço verso e pinto a vida
com cores da primavera!

Dorothy Jansson Moretti (Ainda … A Primavera)


O tempo corre em compasso inclemente,
levando pais, amigos, mocidade;
e um dia percebemos que saudade
é agora a sombra única e presente.
Não resistiram à fragilidade
os nossos sonhos bons de adolescente;
e outros de fase ainda não descrente,
há quanto tempo jazem na orfandade!
As estações sucedem-se, entretanto;
não as atinge o nosso desencanto...
Verão, Outono, Inverno... Ah quem me dera
que abrindo essas janelas do passado,
eu sentisse que nada foi mudado,
e que lá fora... ainda é Primavera!

Fonte:
A Autora

Isabel Furini (Amanhecer)


Nos interstícios da manhã
o Sol descansa entre pequenas nuvens. 
Céu azul e vento poético 
derramam versos sobre as madressilvas do jardim. 

Imprevisível, 
a poesia percorre as pétalas das palavras. 
A beleza das orquídeas desata fantasias 
e partimos em viagens oníricas, 
entre poemas que cavalgam com ímpeto feroz. 

No campo de batalha 
os poemas lutam contra o materialismo globalizado. 
Erguem-se 
(eternos) 
sobre a indiferença e o esquecimento. 

Fonte:
A Autora

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 676)


Uma Trova de Ademar  

Num afago em seus cabelos, 
num carinho em sua face, 
vi que, através de desvelos, 
um grande amor também nasce... 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

Quando chega a primavera 
espalhando luz e cores 
os jardins vibram na espera 
do manso parto das flores! 
–Héron Patrício/SP– 

Uma Trova Potiguar  

No mundo da poesia, 
faço real cada sonho 
sem pensar na fantasia 
das estrofes que eu componho. 
–Tarcício Fernandes/RN– 

Uma Trova Premiada  

2009  -  Nova Friburgo/RJ 
Tema  -  SAUDADE  -  M/H 

Praça da minha cidade
onde hoje volto tristonho,
vim, nos rastros da saudade,
matar saudades de um sonho !…
–Tereza Costa Val/MG– 

...E Suas Trovas Ficaram  

A bengala cor da paz,
que o homem cego conduz,
tem um mistério que faz
o som transformar-se em luz! 
–Hermoclydes S. Franco/RJ– 

U m a P o e s i a  

Pra que eu com mansão no litoral 
se um rancho está bom no pé da serra, 
se eu fizer prédio alto aqui na terra 
lá no céu vai faltar material, 
o meu curso maior foi o mobral 
o meu livro tem sido a escritura, 
pra que eu aprender literatura 
se a palavra de Deus me aperfeiçoa, 
pra que tanta riqueza se a pessoa 
nada leva daqui pra sepultura. 
–Fernando Emídio/PE– 

Soneto do Dia  

IMPOSSÍVEL. 
–Rogaciano Leite/PE– 

Tudo findo. Deixaste-me e seguiste 
o primeiro que veio ao teu caminho;
não pensaste sequer que fiquei triste
preso à desgraça de viver sozinho!

Dois longos anos!... Nunca mais me viste!... 
Foram-se as aves, desmanchou-se o ninho!... 
Hoje, me escreves: "Meu viver consiste 
na mistura de lágrimas e vinho!"

E me imploras: "Perdoa-me e consente 
que eu vá viver contigo novamente, 
pois só contigo poderei ter paz!"

Eu te perdoo... mas o empecilho é este: 
eu amava aquela alma que perdeste... 
Alma que nunca reconquistarás!...

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Drummond, Vinicius, Bandeira, Quintana e Campos (Cinco em Um)

Da esquerda para a direita: Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira,
Mário Quintana e Paulo Mendes Campos
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
PAPAI NOEL ÀS AVESSAS


Papai Noel entrou pela porta dos fundos
(no Brasil as chaminés não são praticáveis),
entrou cauteloso que nem marido depois da farra.
Tateando na escuridão torceu o comutador
e a eletricidade bateu nas coisas resignadas,
coisas que continuavam coisas no mistério do Natal.
Papai Noel explorou a cozinha com olhos espertos,
achou um queijo e comeu.

Depois tirou do bolso um cigarro que não quis acender.
Teve medo talvez de pegar fogo nas barbas postiças
(no Brasil os Papai-Noéis são todos de cara raspada)
e avançou pelo corredor branco de luar.
Aquele quarto é o das crianças
Papai entrou compenetrado.

Os meninos dormiam sonhando outros natais muito mais lindos
mas os sapatos deles estavam cheinhos de brinquedos
soldados mulheres elefantes navios
e um presidente de república de celulóide.

Papai Noel agachou-se e recolheu aquilo tudo
no interminável lenço vermelho de alcobaça.
Fez a trouxa e deu o nó, mas apertou tanto
que lá dentro mulheres elefantes soldados presidente brigavam por causa do aperto.

Os pequenos continuavam dormindo.
Longe um galo comunicou o nascimento de Cristo.
Papai Noel voltou de manso para a cozinha,
apagou a luz, saiu pela porta dos fundos.

Na horta, o luar de Natal abençoava os legumes.

-
VINICIUS DE MORAES
O HAVER


Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.

--MANUEL BANDEIRA
RONDÓ DOS CAVALINHOS


Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
Tua beleza, Esmeralda,
Acabou me enlouquecendo.

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O sol tão claro lá fora
E em minhalma — anoitecendo!

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
Alfonso Reys partindo,
E tanta gente ficando...

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
A Itália falando grosso,
A Europa se avacalhando...

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O Brasil politicando,
Nossa! A poesia morrendo...
O sol tão claro lá fora,
O sol tão claro, Esmeralda,
E em minhalma — anoitecendo!

Consta que o poema acima, feito durante a "II Grande Guerra", foi escrito enquanto o autor almoçava no Jóquei-Clube do Rio de Janeiro, assistindo às corridas.

--MÁRIO QUINTANA
O MAPA


Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...

(E nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Ha tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Ha tanta moca bonita
Nas ruas que não andei
(E ha uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso…

--PAULO MENDES CAMPOS
POEMA DIDÁTICO


Não vou sofrer mais sobre as armações metálicas do mundo
Como o fiz outrora, quando ainda me perturbava a rosa.
Minhas rugas são prantos da véspera, caminhos esquecidos,
Minha imaginação apodreceu sobre os lodos do Orco.
No alto, à vista de todos, onde sem equilíbrio precipitei-me,
Clown de meus próprios fantasmas, sonhei-me,
Morto do meu próprio pensamento, destruí-me,
Pausa repentina, vocação de mentira, dispersei-me,
Quem sofreria agora sobre as armações metálicas do mundo,
Como o fiz outrora, espreitando a grande cruz sombria
Que se deita sobre a cidade, olhando a ferrovia, a fábrica,
E do outro lado da tarde o mundo enigmático dos quintais.
Quem, como eu outrora, andaria cheio de uma vontade infeliz,
Vazio de naturalidade, entre as ruas poentas do subúrbio
E montes cujas vertentes descem infalíveis ao porto de mar ?

Meu instante agora é uma supressão de saudades. instante
Parado e opaco. Difícil se me vai tornando transpor este rio
Que me confundiu outrora. Já deixei de amar os desencontros.
Cansei-me de ser visão, agora sei que sou real em um mundo real.
Então, desprezando o outrora, impedi que a rosa me perturbasse.
E não olhei a ferrovia - mas o homem que sangrou na ferrovia -
E não olhei a fábrica - mas o homem que se consumiu na fábrica -
E não olhei mais a estrela - mas o rosto que refletiu o seu fulgor.
Quem agora estará absorto? Quem agora estará morto ?
O mundo, companheiro, decerto não é um desenho
De metafísicas magnificas (como imaginei outrora)
Mas um desencontro de frustrações em combate.
nele, como causa primeira, existe o corpo do homem
– cabeça, tronco, membros, as pirações e bem estar...

E só depois consolações, jogos e amarguras do espírito.
Não é um vago hálito de inefável ansiedade poética
Ou vaga adivinhação de poderes ocultos, rosa
Que se sustentasse sem haste, imaginada, como o fiz outrora.
O mundo nasceu das necessidades. O caos, ou o Senhor,
Não filtraria no escuro um homem inconsequente,
Que apenas palpitasse no sopro da imaginação. O homem
É um gesto que se faz ou não se faz. Seu absurdo -
Se podemos admiti-lo - não se redime em injustiça.
Doou-nos a terra um fruto. Força é reparti-lo
Entre os filhos da terra. Força - aos que o herdaram -
É fazer esse gesto, disputar esse fruto. Outrora,
Quando ainda sofria sobre as armações metálicas do mundo,
Acuado como um cão metafísico, eu gania para a eternidade,
sem compreender que, pelo simples teorema do egoísmo,
A vida enganou a vida, o homem enganou o homem.
Por isso, agora, organizei meu sofrimento ao sofrimento
De todos: se multipliquei a minha dor,
Também multipliquei a minha esperança.

Olympio Coutinho (Histórias de trova, final) Trovas Premiadas

Abaixo, uma amostrinha das minhas trovas:Trovas premiadas
Olympio Coutinho


Por muito amar-te perdi
metade da minha vida
e agora perco, esperando,
a outra metade, querida.
I Jogos Florais de Pouso Alegre (MG) - Classificada - 1962

Felicidade... encontrei,
depois de buscar a esmo,
naquele dia em que olhei
para dentro de mim mesmo.
I Jogos Florais de Resende (RJ) – Classificada – 1963

- “Querido, diga porque
acorda sempre risonho?”
-“Um sonho lindo, você,
enfeita sempre o meu sonho”.
II Salão Campista de Trovas – Classificada - Campos (RJ) – 1964

Tenho ciúmes da lua,
ciúmes loucos, meu bem,
que passeia em tua rua
e no teu corpo também.
II Jogos Florais de Resende (RJ) – Classificada – 1965


Essas rosas que florescem
em jardins de casas pobres
são as mesmas que fenecem
enfeitando covas nobres?
I Jogos Florais da Guanabara – Classificada - Rio de Janeiro (GB) – 1965

Eu não lamento a saudade
que a tudo invade porque
é tão bom sentir saudade
quando a saudade é você.
I Jogos Florais da Guanabara – Classificada - Rio de Janeiro (GB) – 1965

A chuva que cai molhando
este chão que nós pisamos
parece Jesus chorando
pelo mundo que mudamos.
Incluída na Antologia “O Grande Rei”, organização de Aparício Fernandes

Eram alegres os meus olhos
e tristes eram os teus,
por serem tristes teus olhos
ficaram tristes os meus.
I Jogos Florais da Comunidade Lusíada –Menção Honrosa - São Paulo (SP) - 1965

Felicidade, um ranchinho
e, dentro dele, nós dois,
nove meses de carinho
e um molequinho depois.
II Concurso de Trovas do Almanaque do Recife (PE) – Classificada - 1965

Enganou-se a passarinho,
voando de flor em flor,
pensando que fossem rosas
os teus lábios, meu amor.
I Jogos Florais de Vila Isabel – Classificada - Rio de Janeiro (Guanabara) – 1965

Ao homem Deus deu a Terra
e veja o que o homem faz:
cria as hienas da guerra
e mata as pombas da paz.
Primeiro lugar no I Concurso Interno da Academia Mineira de Trovas – BH (MG) - 1999

A ciência se renova,
é a senhora da razão;
e o que melhor a comprova
é a grandeza do perdão.
3º concurso do Projeto de Trovas para uma Vida Melhor – Menção Especial - 2008

Ao Pai implorou Jesus
para os incréus piedade;
mesmo pregado na Cruz,
deu lição à Humanidade.
4º concurso do Projeto de Trovas para uma Vida Melhor – Classificada - 2008

Nos momentos de fraqueza
sofro dores, mas resisto,
toda a minha fortaleza
vem do exemplo de Cristo.
Concurso do Projeto de Trovas para uma Vida Melhor – Classificada - 2008

O trabalho do banqueiro
está no seu jogo impuro:
tem lucro com meu dinheiro
e ainda me cobra juro.
XXV Jogos Florais de Bandeirantes (PR) – Menção Honrosa/trovas humorísticas - 2008

Amor cigano, utopia,
triste busca por alguém;
quem tem um amor por dia
não tem o amor de ninguém.
XXII Jogos Florais de Ribeirão Preto (SP) - 4º lugar entre as cinco vencedoras - 2009

Um eremita perfeito
eu encontrei certo dia...
Era tão chato o sujeito
que de si mesmo fugia.
XXII Jogos Florais de Ribeirão Preto (SP) - Menção Especial (4º lugar) em trovas humorísticas - 2009

Eu creio na honestidade,
na justiça clara e reta,
no fim da desigualdade...
Não sou louco!... Eu sou poeta.
IV jogos Florais de Cambuci (RJ) – Uma das dez vencedoras – 2009

Na garganta ficou preso
o grito do meu desgosto
ao perceber que o desprezo
dói mais que tapa no rosto.
XXI Concurso Cidade de Belo Horizonte (MG) - Uma das oito vencedoras - 2009

Desprezo eu senti de fato
ao ver em seus escaninhos
aquele nosso retrato
rasgado em mil pedacinhos.
XXI Concurso Cidade de Belo Horizonte (MG) - Uma das oito vencedoras– 2009

Finges desprezo e eu não ligo,
vejo amor no teu olhar;
como diz ditado antigo:
“Quem desdenha quer comprar”.
XXI Concurso Cidade de Belo Horizonte (MG) - Menção Honrosa – 2009

Indiferença de leve
percebi nos olhos teus:
Tua boca disse: “Até breve!”
Teu coração disse: “Adeus!”
Concurso Inter-Sedes de MG – Menção Honrosa - 2009

Perdida não é a bala,
que gera um medo profundo,
mas aquele que se cala
ante a violência do mundo.
Trova de abertura do Manifesto do I Encontro dos Poetas del Mundo em BH (MG) – 2009

Leva a palha com carinho
e, depois, leva alimento;
assim é que o passarinho
mostra seu devotamento.
2º lugar no 5º concurso do Projeto de Trovas para uma Vida Melhor - 2010

Quem cultiva uma amizade
dentro do seu coração
pode morrer de saudade
mas nunca de solidão.
XI Concurso Literário Algarve/Brasil/Portugal – 2º lugar entre três vencedoras – 2010

Cultive a fraternidade
como quem cultiva a terra;
quem planta grãos de amizade
não colhe os frutos da guerra.
Juegos Florales Del Caribe - Classificada entre as dez vencedoras – 2010

O trem da vida ao destino
chega no horário marcado;
- Por que não desce o menino,
que embarcou tão animado?
Jogos Florais de Caxias do Sul (RS) – 1º lugar em trovas líricas e filosóficas– 2010

Um mau negócio o turista
faz no Rio de Janeiro,
pois enquanto vê a vista
fica a prazo sem dinheiro.
XXII Jogos Florais de Ribeirão Preto (SP) - 4º lugar entre cinco menções especiais em trovas humorísticas - 2010

Feliz de quem não permite
que o domínio da razão
seja mais forte e limite
o que sente o coração.
3º Concurso de Trovas “Helvécio Barros” – Uma das nove vencedoras - Bauru (SP) – 2010

Nas noites claras de lua,
no desenho da calçada,
vejo a silhueta tua
à minha sombra abraçada.
3º Concurso UniVersos – 1º lugar (Trova Ouro) - Caicó (CE) – 2010

Noel Rosa bem sabia
o que mata uma paixão:
A noite triste e sombria
sem luar e sem violão.
Concurso de Trovas “Antônio Roberto Fernandes” – Classificada entre as dez vencedoras em trovas líricas e filosóficas – São Francisco de Itabapoana (RJ) - 2011

Bem malandro é o Ademar,
de “fogo”, quase caindo,
entra de costa em seu lar
pra fingir que está saindo.
Concurso de Trovas “100 anos do Corpo de Bombeiro Militar de Belo Horizonte” – Menção Especial em trovas humorísticas – Belo Horizonte (MG) - 2011

A banda toca um dobrado
e o português logo diz:
- “Eta maestro apressado,
ninguém aqui pediu bis!”
LII Jogos Florais de Nova Friburgo (RJ) – 2º lugar entre as dez vencedoras em trovas humorísticas – 2011

Oferecendo a miragem
de uma vida sem escolta,
o vício vende passagem
para a viagem sem volta.
XXIV Jogos Florais de Ribeirão Preto (SP) – 1º lugar entre as cinco vencedoras em trovas líricas e filosóficas – 2011

“Cada vez mais pobre fico...”
diz, num lamento, o agiota;
e vai ficando mais rico
quanto mais conta lorota.
XXIV Jogos Florais de Ribeirão Preto (SP) – 2º lugar entre as cinco vencedoras em trovas humorísticas – 2011

Do poeta o maior sofrer
assim pode ser descrito:
é a luta para escrever
o que nunca foi escrito.
V Jogos Florais de Cambuci (RJ) - Uma das 20 vencedoras - 2011

Detento muito gabola
dá drible no seu revês:
- Eu controlo bem a bola,
mesmo com duas nos pés.
XXI Jogos Florais de Porto Alegre (RS) - Menção Honrosa - 2011

No alpendre do casarão,
em permanente vigília,
Dirceu cantava a paixão
em versos para Marília.
Concurso de Trovas da UBT-BH – Uma das cinco vencedoras - 2011

Não fuja dos seus caminhos,
buscando atalhos a esmo;
quem tem medo dos espinhos
não acha a flor em si mesmo.
Concurso de Trovas da Pindamonhangaba - Uma das cinco vencedoras - 2012

Fonte:
O Autor

Olympio Coutinho (1940)

OLYMPIO da Cruz Simões COUTINHO nasceu em na zona da Mata mineira, em 9 de outubro de 1940. Em Ubá, fez o primário e o secundário, tendo exercido diversas atividades esportivas como atleta da Praça de Esportes (natação e basquete), do Tabajara Esporte Clube (basquete e vôlei) e do Esporte Clube Aimorés (futebol).

Já fazia trovas e mantinha correspondência com trovadores como J. G. de Araújo Jorge, Luiz Otávio, Aparício Fernandes, Rodolfo Coelho Cavalcanti e muitos outros. Em 1962, foi para Belo Horizonte para estudar Jornalismo, tendo se formado em 1965: trabalhou na edição mineira da Última Hora, Folha de Minas, Jornal de Minas, Diário de Minas e Estado de Minas (onde entrou como repórter em 1967 e saiu como editor em 2003). Ainda em 1965 ingressou na Academia Mineira de Trovas e assumiu a cadeira nº 11 (patrono Casimiro de Abreu), tornando-se o mais novo acadêmico.

Em 1966, lançou a primeira edição de Festival de Trovas, que reunia 101 trovas feitas durante sua adolescência em sua terra natal, livro que ganhou como prefácio trecho de comentário de J. G. de Araújo Jorge, publicado no Jornal Feminino, suplemento literário de O Jornal, do Rio de Janeiro, em 1961:“Minas é a grande ilha no arquipélago da poesia brasileira. Terra de poetas e trovadores. Desde a primeira Escola de Poesia, com Gonzaga, Alvarenga, Cláudio Manoel da Costa, até os modernistas autênticos, como o grande Drummond, alto e de ferro, mas musicado de águas como uma montanha de Itabira. Começo com estas palavras para falar de um trovador que desponta: Olympio da Cruz Simões Coutinho, de Ubá"... Já Rodolfo Coelho Cavalcante, em carta, escreveu: “O seu livro Festival de Trovas fez-me dizer sinceramente: o Brasil tem mais um bom trovador! Tanto no lirismo como no humorismo, o amigo é um bom trovador. Sorri bastante com o seu grande humor na questão dos “pintinhos”. Fazia tempo que eu não ria com uma boa trova e não queira saber a gostosa gargalhada que eu dei”.

Em 2003, Olympio criou e edita até hoje um jornal de bairro, o Jornal Sion: atualmente, edita ainda outros dois jornais de bairro (Lourdes e Lagoa Notícias), dirigidos por sua filha. Em junho de 2007, foi convidado para trabalhar na Assessoria de Imprensa do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (IPSEMG), onde permanece. Tendo interrompido sua produção literária em 1968, voltou a fazer trovas em 2008. Em 2009, ingressou na União Brasileira de Trovadores (UBT), seção de Belo Horizonte.

Fonte:
Blog do Pedro Mello

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 675)

Uma Trova de Ademar  

Da fonte que jorra o amor,
Deus, na sua imensidão,
faz jorrar com todo ardor
as carícias do perdão.

–Ademar Macedo/RN–

Uma Trova Nacional


Não há palavra nenhuma
tão grande quanto "saudade",
que em sete letras resuma
a dor e a felicidade!

–Diamantino Ferreira/RJ–

Uma Trova Potiguar


Em sinal de advertência,
pela a agressão à floresta..
a flora pede clemência:
- Preserve o que ainda resta!
Djalma Mota/RN–

Uma Trova Premiada


2009 - Nova Friburgo/RJ
Tema - SAUDADE - M/H

Partiu, deixando o seu traço
no meu caminho dos sós…
- A saudade é esse espaço
que existe sempre entre nós.

–José Valdez C. Moura/SP–

...E Suas Trovas Ficaram


Bandeira da minha terra
lindo pendão de esperança.
O teu pavilhão encerra
luta, heroísmo e bonança.

–Lorys Marchesini/PR–

U m a P o e s i a


Vinte oito janeiros me jogaram
na cadeia dos tristes desenganos,
sinto falta dos meus quatorze anos
que a soma dos meses apagaram;
os meus dias felizes lá ficaram
pela rua da infância adormecida,
a barcaça da existência fez partida
pela água do rio da saudade;
se o dinheiro comprasse a mocidade
eu seria criança toda vida.

–Erasmo Rodrigues/PB–

Soneto do Dia

A ALMA DA PEDRA.
–Hegel Pontes/MG–

Longa pesquisa. E o mestre hindu descobre
que existe uma fadiga nos metais;
que o descanso renova, do ouro ao cobre,
o reino singular dos minerais.

Eu também sinto que a matéria encobre
estranhas vibrações emocionais.
É que a pedra tem alma, simples, nobre,
sonhando evoluções espirituais.

E a alma da pedra imóvel é a energia
que evolui, na ilusória letargia,
entre seres gigantes e pigmeus.

E sonha, nos milênios que a consomem,
ser um cacto que sonha ser um homem,
ser um homem que sonha ser um Deus.

Libia Carciofetti / Argentina (Ser Poeta na Primavera)

tradução do castelhano por José Feldman

(Da janela de onde estou escrevendo, com minha cor preferida)

Ser poeta é despertar nas manhãs
e sentir que o sol te esquenta, ainda que chova
Pensar que o amor não morre nunca
e a paz existe no fragor de uma guerra.
Ser poeta é entregar-se por inteiro
sem rancores, sem medida e sem reserva
é sentir que no peito voam aves
e que fazem ninhos sobre tua cabeça.

É ter as mãos muito quentes,
quando acaricia alguém que te espera.
É ter os braços sempre abertos
à orfandade de uma criança que te espera.
Ser poeta é viver na pobreza
é igualar-se ainda com a miséria
é mirar aos olhos de quem te irrita
quando ainda te critique e não te queira.

Ser poeta é ter o coração ferido
e perdoar a teu irmão até que doa.
É semear muitas flores entre espinhos
com a esperança que elas fertilizem esta terra.
Ser poeta é contar as mariposas
que te anunciam que chegou a PRIMAVERA
é escutar o mar enfurecido
e ainda permanecer junto ao cais.

É dormir ao ar livre nas noites
e cubrir-se com o céu e as estrelas.
É usar como savana a lua
e manter sua brancura duradoura.
É ter pena por aqueles
que te chamam de louco e não o sejas
que os loucos não são loucos porque querem
mas, sim porque nunca degustaram um poema.

Ser poeta é falar com Deus no silêncio
e que faça refletir a tua consciência.
É sentir que esta vida ele te traz
para fazer-la mais feliz e placentárias.
É sentir que Seu amor pode tudo
e que só nele está a felicidade eterna.
É aceitar que sem ele não somos nada,
e que ainda lhe falhemos, sempre nos aceita.

É caminhar pelo mundo bem altivo
porque és original, e de uma jóia.
E se alguém me pergunta: porque escrevo?
De imediato lhe darei minha resposta:
Porque minha alma regojizando de felicidade
e não posso calar-la, ainda que quisera.
Deus me trouxe ao mundo com minhas letras.
E ser poeta, Senhor! … é coisa séria.

É querer abraçar-te com glicinas
perfumando-te a alma, ainda que não queiras.
É querer sair do marco de uma imagem
e dizer-te que aqui estou eu, para que vejas.

Fonte:
A Autora

História da Literatura (Classicismo) Parte Final - Gêneros Literários

A literatura da era clássica está dividida em poesia lírica, poesia pastoral, a epopéia, e no gênero dramático (tragédia e comédia).

A poesia lírica, de fundo platônico, encontra sua principal expressão em Petrarca, autor do Cancioneiro - obra com cerca de 350 poemas, na maioria sonetos - que trata do amor inacessível de Laura. Terá seguidores por todo o mundo, como Camões e Sá Miranda (em Portugal), Garcilaso de la Veja e Fernando Herrera (na Espanha).

A poesia pastoral se baseia nos poemas bucólicos de Virgílio e encontra sua maior expressão na Itália com Torquato Tasso (Aminta, 1752) e Sanazzaro (Arcádia, 1502).

O gênero épico foi a criação mais notável da Renascença: trata-se de uma narração em versos de feitos heróicos. A epopéia é a interpretação poética de um mito. Possui versos decassílabos, épicos (medida nova), apresenta rimas ricas, heróis, seres mitológicos, um narrador em 3ª pessoa (observador), e divisão em cinco partes (proposição: tema; invocação: deuses; dedicatória; narração; epílogo). O poeta exalta e glorifica os valores nacionais, legitimando simbolicamente sua nação e profetizando seu destino glorioso. A mais importante obra épica do classicismo português é "Os Lusíadas" que narra os feitos heróicos dos portugueses (os lusos, daí o nome da obra), que, liderados por Vasco da Gama, lançaram-se ao mar numa época em que ainda se acreditava em monstros marinhos e abismos. Ultrapassando os limites marítimos conhecidos - no caso o cabo das Tormentas ao sul da África - chegariam a Calicute, na Índia. Tal façanha, que uniu o Oriente ao Ocidente pelo mar, deslumbrou o mundo e foi alvo de interesses políticos e econômicos de diversas nações européias.

O teatro recupera da Antigüidade a tragédia e a comédia, agora em linguagem vulgar. Em Portugal, destaca-se Antônio Ferreira, com a tragédia Castro. A figura proeminente do período, entretanto, será William Shakespeare (1564-1618), na Inglaterra.

Bibliografia.:

Luís Vaz de Camões nasceu por volta de 1525. Ingressou no Exército da Coroa de Portugal e participou da guerra contra Ceuta, no Marrocos, durante a qual perde o olho direito (1549). De volta a Lisboa, teve uma vida boêmia até 1553 quando, depois de ter sido preso devido a uma rixa, parte para a Índia. Fixou-se na cidade de Goa onde escreveu grande parte da sua obra. Regressou a Portugal em 1569, pobre e doente, conseguindo publicar Os Lusíadas em 1572 graças à influência de alguns amigos junto do rei D. Sebastião. Faleceu em Lisboa no dia 10 de Junho de 1580. É considerado o maior poeta português. Obras: Os Lusíadas (1572), Rimas (1595), El-Rei Seleuco (1587), Auto de Filodemo (1587) e Anfitriões (1587).

Gênero Lírico.:

Após sua morte, a sua obra foi publicada no livro "Rimas" (1595).
Camões lírico é um autor bifronte, ou seja, tem duas faces:

a) Medieval:
- medida velha (redondilhos)
- cancioneiro geral e temática popular

b) Renascentista :
- medida nova (decassílabos)
- sonetos

Camões tem grande preocupação técnica: todos os 14 versos de todos os sonetos (2 quartetos, 2 tercetos) são decassílabos, e a maioria das rima segue a estrutura rítmica ABBA-ABBA-CDE-CDE. Cabe ressaltar que muitos de seus sonetos ainda têm a autoria contestada.

Também podemos subdividir sua produção renascentista em:

Renascimento: visão otimista, equilíbrio (forma e conteúdo), clareza, razão, reflexão, simplicidade, objetividade

Maneirismo (transição entre Renascimento e Barraco): visão pessimista, racional, desequilíbrio, conflito entre razão e emoção, contradições, paradoxos, sinuosidade, desarmonia, antíteses

Quanto à temática, são dois os aspectos mais representativos da produção lírica de Camões: a lírica amorosa e a lírica filosófica.

Lírica amorosa:

O amor é seu principal tema, abordado em duas vertentes:

o amor visto de modo ingênuo, simples, otimista, realizado (mais nos poemas renascentistas puros).

o amor enquanto conflito, contradição (impregnado pela visão maneirista). Aqui há uma divisão em "amor" (com letras minúsculas) e "Amor" (com a inicial maiúscula).
- amor: é individual, implica sofrimento, realidade, dor.
- Amor: é a essência, a idéia, é perfeito, absoluto.

A diferenciação entre "Amor" X "amor" ilustra a influência do neoplatonismo, contrapondo idéia (Amor) e sombra (amor), que leva à imitação. Estabelece-se um conflito entre o amor sensual e o amor platônico, espiritualizado. Camões trabalha mais com o conceito do amor do que propriamente com os sentimentos: ele os universalisa, tirando seu caráter individual.

Lírica filosófica:

Aborda reflexões sobre a vida, o homem e o mundo. O eu lírico reflete um homem angustiado e perplexo diante do seu tempo. Dentre seus principais temas podemos citar:

- Mutabilidade das coisas, da vida, do mundo.
- Desconcerto do mundo (essência é desarmonia?).
- Transitoriedade da vida e de tudo.

O conflito presente na lírica de Camões, traduzido principalmente por antíteses e pelas inversões de linguagem, prenuncia o movimento literário seguinte, o Barroco. Por esse motivo, Camões costuma ser classificado como maneirista.

Gênero Épico.:

Camões celebrou os feitos lusitanos na época das conquistas em sua obra-prima, "Os Lusíadas" (1572) .

O renascimento vai justificar a imitação das epopéias clássicas. A epopéia é épica, ou seja, caracteriza-se como uma longa narrativa, porém em versos. Seu tema nunca é a individualidade, mas sim a coletividade: idéia de nacionalidade (povo). O herói individual na epopéia representa a coletividade, sendo na realidade, um herói coletivo.

HERÓI: OBRA: ASSUNTO:
Aquiles - Ilíada - Guerra de Tróia
Ulisses - Odisséia - O retorno dos heróis
Enéias - Eneida - Fuga de Ulisses para fundar Roma
Vasco - Os Lusíadas - Saga de Vasco (cruzar o Cabo da Boa Esperança)

Os deuses greco-romanos (antropomórficos) são retomados nos Lusíadas e são representados principalmente por Baco (contra os portugueses) e Vênus (à favor).

A estrutura dos Lusíadas:

Versos em número de 8.816, todos decassílabos heróicos.
Estrofes com oito versos.
Estrutura rítmica: AB AB AB CC
A estrutura justifica a monumentalidade da obra.

Organização:
. poema dividido em dez contos
. pode ser dividido em três partes: Introdução / Narração / Epílogo

Introdução

Estende-se pelas dezoito estrofes do Canto I. Subdivide-se em três partes:

Proposição I, 1,3
Onde o tema é proposto: viagens marítimas, conquistas: expansão comercial e imperial. A fé que abre o caminho: domínio econômico - cristianizar as terras pagãs. Lembrança dos heróis do passado. Glorificação do povo português.

Invocação I, 4,5 - tradição das epopéias
Invocação para as musas (Tágires: ninfas do Tejo) darem inspiração.

Dedicatória I, 5,18
Dedica ao rei Dom Sebastião (sem bajulação) antes da batalha de 1578 contra os mouros, em que este desaparece. Henrique de Coimbra torna-se o novo rei. Mas surge o mito do Sebastianismo: Dom Sebastião, o encoberto. Portugal mergulhado em esperanças e temores: um dia o rei voltaria para reerguer o país.

Narração - I, 19 - X, 144

Relata a viagem de Vasco da Gama às Índias e os feitos do povo português. Quando se inicia essa parte, os portugueses já navegavam no Oceano.

I, 19: Já estão quase no fim da viagem: Costa Leste da África. Estrutura de tempo: "in medias res" (tradição).

I, 20: Concílio dos Deuses (mais ou menos vinte estrofes).

I, 42: Portugueses sofrem uma série de problemas.
Chegando em Melinde, o Rei fica curioso com esse povo e pede a Vasco para que conte a História de Portugal e a viagem (volta ao passado). A narração é longa: fala de Luso, da história de Inês, dos iniciadores de Portugal, dos primeiros reis, Revolução de Ávis, etc. Há ligeiras mudanças no tom narrativo. A esquadra deixa Melinde e Baco tenta usar o mar contra os portugueses, mas Vênus protege-os. Chegando à Índia, Baco os prejudica: Vasco é aprisionado. Livres, partem da Índia e recebem uma recompensa de Vênus: passam pela Ilha dos Amores e voltam a Portugal.

Epílogo - X, 145,156

X, 144: Estrofe do retorno: chegada a Portugal.

X, 145: Camões critica os portugueses. A mudança de tom vai até o fim do poema. Ele deixa claro que não pretende continuar a narração.

Fontes:
Garganta da Serpente
Imagem = compartilhada no facebook pela Libreria Fogola Pisa

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Poetrix 2 - Goulart Gomes (A Vida é Bela)


Cláudia Dimer / RS (Olha Meu Rosto)


Olympio Coutinho (Histórias de trova) Capítulo II, continuação – Meus Irmãos, os Trovadores

Em 1962, mudei-me para Belo Horizonte, onde trabalhei em banco, fiz cursinho, passei no vestibular e iniciei o curso de Jornalismo. Ainda escrevia diário e fazia trovas. Tão logo instalei-me em Belo Horizonte, cuidei de conhecer os trovadores locais: procurei o Edson Moreira, um dos três irmãos donos da tradicional Livraria Itatiaia, e ele indicou-me o José Valeriano Rodrigues, então presidente da Academia Mineira de Trovas, fundada em 3 de agosto de 1961. Por sinal, mais tarde, o Valeriano seria um dos vencedores dos Jogos Florais de Friburgo, com esta trova: 

“Não anda, só se equilibra;
não fala, só balbucia;
é neste esforço que vibra
a mais humana alegria”.


Fui à sua casa, no bairro Santo Antônio, e, instruído por ele, candidatei-me a uma das vagas: como determinava o regulamento, enviei 50 trovas. Fui aprovado e no dia 28 de novembro de 1962, tomei posse, orgulhosamente na cadeira 11, cujo patrono é o poeta Cassimiro de Abreu.

Vale registrar que eu tinha 22 anos, o que despertou curiosidade na sala, pois os demais membros da Academia eram trovadores com mais de 40 anos – o que me faz pensar na necessidade de disseminarmos mais a trova entre as crianças e os jovens. Hoje, eu que era o mais novo em 1962, sou um dos mais antigos, se não for o mais antigo membro da Casa. Foi quando conheci mais trovadores locais, entre eles o grande Paulo Emílio Pinto, premiado em um dos Jogos Florais de Nova Friburgo (tema “Vida”), com esta pérola:

“Esta engrenagem que é a vida
esmaga a todos sem dó,
e a gente aos poucos, moída
de novo volta a ser pó”.


Em 1966, fui a Nova Friburgo como assistente, pois não conseguira classificação para os III Jogos Florais (tema “Ciúme”). Tinha um irmão, Olymar Affonso, de saudosa memória, que trabalhava lá e morava em uma pensão. Lembro-me, se não me engano, do Durval Mendonça, do Anis Murad, do José Maria Machado de Araújo, do Orlando Brito e, obviamente, do Luiz Otávio e do JG. Lamentavelmente, nada registrei em fotos e do que a memória “fotografou” pouco se reteve.

Ainda em 1966, sempre entusiasmado com o movimento, editei uma segunda edição do“Festival de Trovas”, com capa azul, com muitas das 101 trovas da primeira edição e outras novas. Na abertura, como prefácio, o artigo escrito pelo JG em 1961 sobre minhas trovas e, no final do livro, trechos de outros artigos publicados e cartas recebidas falando da primeira edição do livro. E parei por aí: envolvido com a minha nova vida de repórter de jornal e com as aventuras do exercício da profissão, então romântica, deixei de frequentar a Academia e não procurei a seção mineira da UBT para inscrever-me. Acreditei também que o movimento trovadoresco havia arrefecido e deixei de fazer trovas regularmente. Só em 2008, ao tomar conhecimento de que o movimento estava mais vivo que nunca, principalmente depois de conhecer o falandodetrova, voltei a participar dos concursos, tornei-me associado da UBT e, desde então, ando beliscando umas premiações, mas tenho viajado pouco para voltar a conviver com “meus irmãos, os trovadores” e reviver, com outros, aqueles bons tempos de confraternização e congraçamento.

Continua… Trovas de Olympio Coutinho

Fonte:
O Autor

Olivaldo Junior (Trovas sobre Chuva)

O tempo responde pouco a quem pergunta muito.

Pouca chuva, ou temporal,
pouco importa, minha flor!
O que inunda meu quintal
são as "lágrimas" de amor.

Chuvarada, na cidade,
faz nascer de uma enxurrada
toda a vã eternidade
de um barquinho à molecada!

Já chorei por meu amor,
já gostei demais de alguém...
Hoje eu caio sobre a flor,
como a chuva cai também.

Fonte:
O Autor

Anônimo (O Amigo da Onça)

A literatura popular brasileira também tem seu riso próprio, suas boas histórias e seus personagens marcantes. É o caso do Amigo da Onça, que virou a marca registrada do desenhista de humor Péricles Maranhão na revista Cruzeiro dos anos de 1950. E acabou consagrando-se como uma expressão de uso corrente na nossa língua. Uma das melhores versões desta literatura de origem oral foi registrada por Lindolfo Gomes em 1931, em Contos Populares Brasileiros.

A Onça, que é bicho valente - mas nem sempre atilado, como se pensa -, estava quietinha no seu canto quando lhe apareceu o compadre Lobo e lhe foi dizendo:

- Saiba de uma coisa, comadre Onça: você - com perdão da palavra - não é, como supõe, o bicho mais valente e destemido que existe no mundo, nem também o Leão, com toda a sua prosa de rei dos animais.

- Como assim! - gritou a Onça, enfurecida. - Então, como é isso, grande pedaço de idiota? Haverá bicho mais valente e poderoso do que eu?

O Lobo, adoçando a voz, respondeu:

- Ó comadre, me perdoe. Estou arrependido de dizer tal coisa... Mas a minha intenção foi preveni-la contra um "bicho" terrível que apareceu nesta paragem. Uma pessoa prevenida vale por duas.

- Sim, não deixa você de ter alguma razão - acudiu a Onça mais acomodada. Mas sempre quero saber o nome desse bicho. Como se chama?

- Esse bicho, compadre, chama-se "homem", conforme me disse o amigo papagaio. Nunca vi em minha vida animal de mais perigosa valentia. Ele sim, e ninguém mais, é o que me parece ser mesmo o verdadeiro rei dos animais. Basta dizer que, de longe, o vi matar, com dois espirros, nada menos do que um leão e uma hiena. Ih! Compadre, com o estrondo dos espirros parecia que tudo ia pelos ares. Deus nos livre!

- Oh! Compadre, não me diga!

- É como lhe conto. E o que mais admira é ser o "bicho-homem" de pequeno porte. Parece até fraco, e é muito mal servido de unhas e dentes. Deve ser um "bicho" misterioso e encantado.

- Pois bem, compadre, estou curiosa, e desejo que, sem demora, me conduza ao lugar onde se encontra tão estranho animal.

- Ah, compadre, peça-me tudo, menos isso. Pelos estragos que, de longe, vi o homem fazer, com seus malditos espirros, nunca me atreveria a tal aventura...

- Pois queira ou não queira, tem de mostrar-me o "bicho", ou então, agora mesmo perderá a vida.

- lá por isso não seja - disse o Lobo amedrontado. - Iremos. Mas havemos de tomar todas as precauções. Eu - com a sua licença - posso correr mais do que a comadre.

Assim, levaremos uma embira daquelas que não arrebentam nunca. Amarro uma das pontas no pescoço da comadre e a outra em minha cintura. Em caso de perigo, se for preciso fugir, a comadre e eu corremos...

- Fugir! Veja lá o que diz! Você já viu, "seu" podrela, alguma vez onça fugir?

- Não me expliquei bem. Eu é que fugirei. A comadre será apenas arrastada por mim. Isso não é fugir. Está certo?

- Está bem. Faremos como propõe.

E partiram. A Onça com a embira atada ao pescoço, e o Lobo, muito respeitoso e tímido, a puxá-la.

Quando chegaram ao destino, o "bicho-homem", surpreendido ao avistá-los, tirou da cinta a garrucha e, atarantado, bateu fogo, isto é, espirrou. uma, duas vezes, que foi mesmo um estrondo de todos os diabos.

O Lobo então mais que depressa disparou numa corrida desabalada, redobrando quanto podia as forças para arrastar a Onça pela forte embira "que tinha atado no pescoço dela".

De repente, já muito distante, o Lobo sentiu que a Onça estava mais pesada. Parou então e contemplou a companheira estendida no chão, com os dentes arreganhados, sem o mais leve movimento.

O Lobo, sem perceber que a Onça havia morrido enforcada no laço da embira - antes pensando que estivesse apenas cansada -. disse-lhe, tremendo como varas verdes:

- He lá, comadre! Não ri não que o negócio é sério!

Fonte:
Flávio Moreira da Costa (org.). Os 100 Melhores Contos de Humor da Literatura Universal. 5.ed. RJ: Ediouro, 2001.

Ialmar Pio Schneider (Soneto ao Dia do Gaúcho – 20 de Setembro)

Tela de Gláucia Scherer
Nobre Desfile Farroupilha
vejo pela televisão,
porque o gaúcho segue a trilha
de cultuar a Tradição !

Eu vou recordando a tropilha
das lendas do nosso rincão,
em que mais cintilante brilha
a estrela da libertação.

Este evento não é bairrismo,
mas, sim, um culto à liberdade,
forte raiz de telurismo...

A conotação da equidade
no movimento de atavismo,
deve culminar na amizade !
Fonte:
O Autor

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 674)


Uma Trova de Ademar  

A vida escreve-me enredos
com finais que eu abomino.
Meus sonhos viram brinquedos
nas mãos cruéis do destino...

–Ademar Macedo/RN–

Uma Trova Nacional


Ao tentar pegar a rosa
qual não foi meu dissabor,
o espinho me disse, em prosa:
esta tem dono, senhor!

–Nemésio Prata/CE–

Uma Trova Potiguar


Quem a mulher discrimina,
não sabe a falta que faz
a beleza feminina
na concepção da paz.

–Expedito Jorge/RN–

Uma Trova Premiada

1991 - Ribeirão Preto/SP
Tema - CULPA - 6º Lugar.


Quem tem coração de paz
vive de culpa liberto,
porque faz do bem que faz
um céu de sol mais aberto!

–Nilton Manoel/SP–

...E Suas Trovas Ficaram


É um alpinista de fama,
mas dele a vida debocha:
por ironia se chama
Caio Rolando da Rocha.

–Waldir Neves/RJ–

U m a P o e s i a


Viajando nas asas da lembrança
igualmente uma ave migratória
nos longínquos arquivos da memória
recordei-me de quando era criança,
dos amigos da minha vizinhança,
do começo da minha puberdade,
os hormônios em alta quantidade
e o meu corpo um pouquinho transformado;
invadi o espaço do passado
viajando nas asas da saudade.

–Júnior Adelino/PB–

Soneto do Dia

RISONHO NASCIMENTO.
–Horácio Ferreira Portella/RJ–


Dourado, o sol desponta no horizonte
a dissipar das brumas a cortina.
Ouve-se o manso murmurar da fonte
que desce pela encosta da colina

disseminando o seu poder planctonte,
na verdejante mata e na campina,
para ensejar que a vida, assim, desponte
em plenitude mágica, divina.

As borboletas colorindo a festa...
As flores espargindo seu perfume...
Os pássaros, em mística seresta.

Após o parto que a natura espera
por nove meses para dar a lume
a deslumbrante filha: Primavera!

Zélia Chamusca (Poemas)

A CAMINHO DA LUZ ENCONTREI O SONHO

Parti da escuridão
A caminho da luz
E o sonho encontrei
Em tudo o que pensei
E me encantei…

A caminho da luz
Encontrei a magia
Em tudo o que me envolvia:
A paz e o amor,
A luz e a cor,
A alegria
Na plenitude da fantasia…

Sonhei…
Com o calor da amizade
Outrora realidade,
E, hoje, apenas, saudade…

Do caminho da escuridão
Para o caminho da luz
Eu encontrei
O sonho que sonhei…

VIVER

É a contínua caminhada
Por nós projetada
Seguindo sempre
Em frente,
Levados por paixões,
Ou perante fracassos
E desilusões.
É o projectar
Permanente
Em concretizar
Nossas aspirações.

Viver
É decidir
O que podemos ser
E ter
E, para isso agir,
E, até mesmo,
Decidir não decidir.

Viver
É agir
Em circunstância
E decidir
Perante essa mesma circunstância.

Viver
É ser livre
E ser
Condenado
À liberdade,
E obrigado
A agir
E ter
Que decidir
Face à liberdade.

Viver
É o que fazemos
E o que acontece
E disso termos
Consciência,
É viver-se
E sentir-se viver
No encontro com o mundo
E no mundo.

Viver
É conviver,
É viver
Em termos de relação,
Sabendo o que está a acontecer.
É ver e participar
Nos acontecimentos,
É projetos concretizar,
É amar,
É querer,
É sofrer,
É odiar,
É desejar,
É temer.


É isto viver.
Se não houver consciência
Desta existência
Não haverá vida.

Viver
É o que ninguém
Pode fazer por mim
E por si.
É um ato intransmissível,
Só por cada um possível
A vida viver.

Viver
É o dado fundamental,
Realidade primordial,
Indubitável no Universo.

INGRATIDÃO

O mais nobre sentimento
Que de mim brotou,
Se esvaiu como nuvem
Pelo vento
Esfumado,
Saindo num lamento
Das cinzas dum tormento.

Passou…
E se desfez
Nos ares do esquecimento...
Ninguém notou
No encanto
Que a vida
Tanto, tanto…
Lhes doou…

Ninguém o viu…
E se esvaiu
Na cegueira da ingratidão
Que magoou meu coração!…

O SONHO

O sonho se esvai
Na chuva que cai
E corre para o rio
Deixando o vazio…

E, ele se recria,
É pura magia,
É um renovar,
Perene sonhar…

Eu vejo, além,
Outro que ali vem,
Cor do firmamento,
É encantamento!…

ADORO-TE

Estás sempre comigo
Nos momentos de solidão
Quando todos tão distantes,
De mim, estão…

Quando meu coração aperta
E as lágrimas correm sem fim,
Te aproximas de mim
E vens meu rosto limpar,
Me acariciar…

Quando pratico o bem
E responde a ingratidão
De alguém,
Tu vens consolar meu coração…

Sempre que preciso de ajuda
És o Amigo presente.
Sempre…

Em qualquer momento,
Em qualquer lado,
És meu Ser Adorado…

Sem Ti não viveria.
És minha força de viver
De crescer e de ser.

Estás sempre comigo,
E, comigo estarás, até ao fim…
Adoro-Te…
Fontes:
E-mail enviado pelo Portal Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores
http://www.avspe.org/index.php?pg=pfautor&idu=112

Lenda Portuguesa (A Lenda do Santo Servo)

Na Câmara de Lobos, na ilha da Madeira, existe um antigo convento de franciscanos, o primeiro a ser construído fora do Funchal, conhecido como Convento de S. Bernardino.

Conta uma lenda que, em 1485, entrou nesse convento um monge humílimo que tomou por nome frei Pedro da Guarda. Foi-lhe distribuído como encargo o serviço da cozinha conventual, ofício que frequentemente se esquecia por anseio místico de oração no coro da igreja, onde ficava horas sem fim mergulhado em profundíssima meditação.

Acontecia, porém, que, apesar do esquecimento constante dos seus deveres comunitários, nunca faltava uma refeição nas escudelas dos monges às horas devidas, de tal modo que se gerou entre os franciscanos a ideia de que eram os anjos do Céu quem vinha cozinhar as refeições para que frei Pedro pudesse entregar-se à oração. E durante muitos anos se prolongou este maravilhoso viver do frade, ao qual começaram a chamar Santo Servo de Deus.

A sua figura tornou-se lendária aos olhos dos contemporâneos e conforme o tempo ia passando ia aumentando a sua aura de mistério. Assim, em breve o povo assegurava que o popular frei Pedro era profeta e por isso tinha conhecimento das mortes dos conterrâneos que morriam longe de Câmara de Lobos, ao que constava por conversar com as almas dos mortos que vinham pedir-lhe remédio para o que haviam deixado por fazer na sua terra.

Um outro dom maravilhoso deste homem era o de domar e reter consigo não só aves como animais bravios.

Quando, vinte anos depois de ter recolhido ao convento de S. Bernardino, o Santo Servo morreu, eram-lhe atribuídos, já então, muitos milagres. Diz-se que na hora da sua morte os sinos do mosteiro repicaram sem que mãos humanas lhes tocassem.

Frei Pedro, entretanto, havia previsto o dia e hora da sua morte. O seu cadáver, ao contrário do que seria natural, não exalou qualquer cheiro putrefacto e assim, muitos anos passados, mercê de umas luminárias estranhas que apareciam sobre o seu túmulo, abriram-no e encontraram corpo e hábito incorruptos, tal como, há perto de meio século, fora enterrado.

Durante os cerca de noventa e dois anos em que o corpo do Santo Servo esteve sepultado em S. Bernardino, nunca lhe faltaram fiéis, e diz-se que nesse prazo lhe atribuiu o povo para cima de seiscentos milagres.
Fonte:
Lendas Portuguesas da Terra e do Mar, Fernanda Frazão, disponível em Estúdio Raposa