terça-feira, 13 de novembro de 2012

José de Alencar (Ao Correr da Pena) 10 de dezembro: Adeus à Corte!


Farewell! Farewell!... Adeus à corte, aos bailes, aos teatros! Adeus às belas noites do Rio de Janeiro; aos seus magníficos salões, aos seus brilhantes saraus!Até à volta!  Chegou a época das viagens; é preciso partir.

A cidade vai ficando tão monótona e tão insípida, que já não há prazer em andar por aí a arruar, vendo sempre as mesmas ruas e as mesmas casas, algumas tristes e abandonadas, entregues ao gênio protetor dos lares domésticos.

A caminho, pois, meu amável leitor. Tomai o vosso bordão de tourista, o vosso saco de viagem, o vosso álbum de recordações; esquecei por alguns dias os negócios, esquecei as obrigações, esquecei tudo e segui-me. Viajaremos de companhia, iremos juntos procurar além novas impressões, outros cuidados.

Onde iremos? A Cantagalo, à Santa Cruz, à Nova Friburgo, ao Morro Queimado, a esses lugares onde o clima é doce e saudável, onde as águas são puras e cristalinas? Nada; vamos a Petrópolis, a terra das flores, a terra dos amores-perfeitos; vamos percorrer a Alemanha como sobre uma carta geográfica; vamos ver os nevoeiros da serra, os despenhadeiros das montanhas, e finalmente aquelas graciosas casinhas tão alvas e com suas janelinhas verdes, que se destacam aqui e ali pela beira do caminho, ou pela margem dos canais.

A barquinha de vapor corta ao largo resvalando docemente pela flor d’água, mas sem aquela excessiva velocidade que dá aos objetos um aspecto fantástico. A cidade do Rio de Janeiro vai fugindo à vista, e com o vago da distância começa a retratar-se no horizonte como um painel magnífico iluminado pela esplêndida claridade dos raios do sol.

Aqui e ali aponta sobre todo aquele confuso e variado panorama da cidade a torre de alguma igreja ou a cruz singela de algum campanário, como para advertir ao viajante que do meio das saudades da pátria, da família, ou de algum ente que se idolatra, o pensamento deve erguer-se a Deus no momento da partida.

Ali, onde as vagas se desfazem em alvos flocos de espumas, estão as Feiticeiras, célebres na crônica do mundo elegante, pelo quase naufrágio do Guarani. Quantas feiticeiras não conheço eu mesmo em terra, que já produziram e são capazes de produzir ainda mais terríveis naufrágios! Há, porém, entre estas e aquelas, duas pequenas diferenças. A primeira é que em umas morre-se pela água, nas outras pelo fogo. A segunda diferença é muito  mais curiosa. Nas feiticeiras do mar o Guarani salvou-se por ser um barco novo; nas feiticeiras de terra são justamente os barcos novos os que correm maior perigo.

Perdoai-me esta observação humorística, meu amável leitor e companheiro de viagem; prometo-vos que será a última. Abandonemos de uma vez, com os olhos e com o pensamento, esta cidade que já não tem encantos para nós. Quereis o belo sob outras formas, quereis a natureza da nossa terra em outros quadros? Lançai os olhos por este vasto estendal das ondas alisadas ao sopro acariciador da brisa; vede aqueles grupos de pequenas ilhas verdes e graciosas, que com a carreira da barca parecem que vão fugindo umas atrás das outras; vede as alvas praias de areia onde a vaga se espreguiça e murmura, ao longe os claros e escuros das encostas, e o vulto das montanhas que se debuxam no azul do céu.

Mas eis a ponte do desembarque que se alonga pela proa da barca; chegamos a Mauá. Saltemos, e, como o lugar não tem nada que ver, como as construções da Companhia ainda estão em princípio e não oferecem nada de curioso, tratemos já de tomar os nossos lugares no vagão, e preparemo-nos para a nova viagem, tendo o nosso bilhete em mão segundo o regulamento.

Deu o sinal. Lá vamos levados pelo monstro de fogo que se lança, rugindo como uma fera, vomitando fumo, devorando o espaço. Alexandre Dumas já o disse; o prazer da velocidade tem um gozo, uma voluptuosidade inexprimível. A primeira vez, porém, a novidade, o vago do desconhecido, destroem em parte aquele prazer, e produzem uma espécie de embriaguez de espírito, que de alguma maneira paralisa o pensamento. Não há idéia fixa, não há preocupação, por mais forte que seja, que resista a esse choque súbito de tantas emoções, a esse tumulto confuso das impressões que se sucedem rapidamente, que se aglomeram, se repelem e se destroem.

Depois de dezenove minutos desse vôo fantástico, desse sonho acordado, despertais repentinamente aos gritos do cocheiro e aos trancos de um  dos incômodos carros da Companhia, que vos faz imediatamente lembrar dos passeios ao Catete. Resignai-vos como eu; e, se tendes alguma idéia favorita, alguma imagem suave, que vos ande a sorrir na mente, abri-lhe a vossa alma, e esquecei as misérias deste mundo. Quando mal pensardes, estareis no alto da serra.

Salve, louçã e faceira, Petrópolis! Salve, lindos chalés, casinhas campestres, montanhas, cascatas, canais! Como tudo isto é gracioso e simples; como a existência é doce e tranqüila nestes lugares aprazíveis e nesta convivência agradável da gente da terra! Que risonhas que são essas manhãs de cerração, que ao nascer do sol começam a desdobrar o seu véu branco, com toda a garridice e todo o disfarce de uma andaluza, quando entreabre a sua mantilha! 

E contudo nunca Petrópolis esteve como agora entregue ao abandono e ao desleixo. O estado das ruas é péssimo; não se cuida da limpeza dos canais, e de outros melhoramentos urgentes. Ao passo, porém, que isto sucede, consome-se dinheiro em edificar uma capelinha no antigo hospital, que há muito se trata de remover. Compra-se um terreno para servir de matadouro público, e consente-se que um particular continue a cortar num açougue, infectando assim a principal rua da colônia – a Rua do Imperador.

Pelo menos, é isto o que dizem todos os habitantes de Petrópolis, cujo clamor é geral. Foi preciso que chegasse o tempo da viagem costumada de SS. MM. Para  que se tratasse de melhorar os caminhos, e reparar algumas ruas que se acham em miserável estado e que oferecem pior trânsito do que a estrada da serra.

Enquanto o diretor da colônia não for obrigado a residir em Petrópolis, embora tenha boas intenções e grande atividade, não poderá prestar a devida atenção às necessidades do lugar, nem entregar-se completamente ao estudo dos objetos de sua competência. O governo devia tomar isto em consideração e regular melhor as obrigações da diretoria, ou então acabar com ela e substituí-la por outro qualquer meio de administração.

Entretanto, apesar do mau estado das ruas, meu leitor, se já não estais fatigado e não me abandonastes na viagem, vamos sair a passeio, e dar uma vista de olhos àquilo que nos parecer mais interessante e mais digno de atenção. Quereis ir ao Palacete, ver o jardim que se está concluindo? Quereis subir às colônias, e dar um giro a cavalo até a cascata de Itamarati? Ou preferis arruar sem destino, onde vos levar a fantasia?

Como quiserdes; mas, se estás disposto a seguir o meu conselho, não deixai de fazer uma visita aos dois colégios Kopke e Calógeras. O primeiro tem a grande vantagem de ser uma casa construída de propósito para o fim a que foi destinada, e reúne por conseguinte todas as condições econômicas e higiênicas. Assim, o que se nota logo neste estabelecimento é o asseio, a limpeza, a claridade dos aposentos, a facilidade  com que o ar se renova nos dormitórios, e finalmente as cores sadias, o vigor, a boa disposição que mostram os colegiais. A par disto, a regularidade dos trabalhos, a acertada divisão das classes e a vigilância ativa do diretor, tornam este colégio muito útil para a educação não só dos meninos filhos da corte, como daqueles que vêm das províncias, e que por conseguinte ainda mais necessitam do clima saudável de Petrópolis.

No estudo das primeiras letras, o Sr.Kopke adotou o método do ensino repentino com algumas modificações, e tem tirado deles grandes vantagens. Nos outros ramos, os seus alunos apresentam igualmente muitos progressos; e quando observamos que, apesar do adiantamento geral dos alunos, eram justamente que, apesar do adiantamento geral dos alunos, eram justamente os meninos de menor idade os que respondiam com mais acerto e maior segurança, confirmamo-nos na idéia de que isto era devido ao sistema de estudo seguido pelo diretor.

O Colégio Calógeras é um estabelecimento montado em grande escala, mas cujo edifício não foi construído com a idéia de adapta-lo à instrução primária e secundária. Possui alguns professores muito hábeis, começando pelo seu diretor e proprietário. Sobre os seus trabalhos nada posso dizer, porque apenas corri o edifício, e em horas destinadas ao repouso dos alunos.

Já temos viajado muito; portanto montemos a cavalo, e desçamos a serra com as primeiras claridades do dia, quando o sol mal desponta entre os cabeços da montanha. Correi os olhos por essas quebradas da serrania, por essa névoa da manhã docemente esclarecida pela frouxa luz da aurora, e não tenhais receio que, como Horácio, os cuidados montem na garupa para seguir-vos: Post equitem sedit atra cura.

Quatro horas de caminho – e eis-nos de novo no Rio de Janeiro, restituídos aos nossos penates e às obrigações esquecidas durante três dias. Recomecemos a vida interrompida, voltamos a falar de teatros, de jornais, a criticar, palestrar, estudar a questão das carnes verdes, e a preparar-nos para a fome que nos ameaça se não tomarmos prontas providências e se não cuidarmos seriamente deste objeto, procurando quanto antes os meios de evitar a escassez dos gêneros alimentícios.

Se bem me lembro, o Sr. Marquês de Abrantes iniciou a sessão passada no senado um projeto a respeito de pescarias, que era em minha opinião um dos grandes recursos a lançar mão para o futuro. Cumpre que o governo e as câmeras tomem a peito aquele projeto, que vem satisfazer uma grande necessidade e produzir um benefício que de há muito se devia ter realizado.

Com estas medidas e outras tendências a favorecer a criação de gados, isentando-a dos direitos de passagem e de barreiras, é de esperar que o governo consiga prevenir essas faltas de gêneros alimentícios, que não se deviam dar num país novo, de grandes recursos, e extraordinariamente produtivo, como é o nosso.

Estes fatos, porém, servem de despertar ainda mais a nossa atenção para a colonização, para a navegação de grandes rios, principalmente do Amazonas, cujas várzeas imensas estão aí incultas, e encerram nas suas matas virgens um manancial de riquezas, que convém quanto antes ser explorado.

Ultimamente, um moço destemido, sem recursos, sem meios, que penetrou por estes ínvios sertões, e desceu o grande rio desde o Chile até o Pará, escreveu um itinerário de sua viagem, que provavelmente há de conter observações novas e de muito interesse. Este moço é o Sr. Dutra. 2.º tenente da nossa armada, e que os leitores já devem conhecer pelo curioso artigo que publicou sexta-feira no Jornal do Comércio a respeito das origens da língua tupi.

É de crer que o Sr. Dutra publique oportunamente o relatório de sua viagem, e então o nosso governo não deixará sem remuneração os serviços prestados por ele, durante essa longa travessia cheia de tantos perigos e de tantos incômodos, que só um homem de gênio empreendedor se animaria a tenta-la com os mesquinhos recursos pecuniários que tinha à sua disposição. São serviços deste quilate, quase espontâneos, que é mister gratificar generosamente, para excitar em nossa mocidade esse espírito de louvável ambição, que é o móvel das grandes empresas.

Porém, quando ainda convém estimular os nossos oficiais a empreender coisas desta ordem, de tanta utilidade para o pais, visto que não temos, como têm a França e a Inglaterra no Oriente, um campo vasto onde se está ilustrando o seu exército e a sua marinha, batendo-se com toda a galhardia contra o colosso inabalável do Império Russo.

Apesar, porém, de todos os seus esforços, Sebastopol, a sentinela avançada da Rússia, continua a resistir com firmeza. Os franceses e ingleses, que a princípio olhavam com desdém para essas massas de granito, cuja bruta resistência contavam vencer pela perícia de suas armas, viram de repente surgir de dentro das muralhas soldados em vez de homens indisciplinados, e conheceram no momento preciso que a defesa era digna do ataque.

Com efeito, quando marinheiros franceses, ao ler a ordem do dia do Almirante Hamelin – A França vos contempla – se  arrojaram às muralhas e recusaram deixando mais de seiscentos mortos e feridos, é que a coisa era impossível, e que a Rússia, embora houvesse perdido a alma, defendia o seu corpo a todo transe.

Todas estas notícias, e muitos outros detalhes importantes a respeito das operações dos dois exércitos inimigos, vieram-nos pelo Severn, entrando quinta-feira. O Sr. Conselheiro Paulo Barbosa, que era esperado neste paquete, chegou dois dias depois num navio procedente do Havre. Tendo ido à Europa incumbido de uma missão importante pelo nosso governo, demorou-se para restabelecer a sua saúde gravemente alterada.

Sempre que um cidadão como o Sr. Paulo Barbosa volta à sua pátria, não são unicamente os seus amigos que têm motivos de felicitar-se, mas sim todo o país, todos aqueles que conhecem a honradez do seu caráter e a distinção de seu trato e de suas maneiras.

Como deveis estar fatigado da viagem que fizemos, e por conseguinte com muito pouca disposição para conversar, faço-vos os meus cumprimentos, meu caro leitor, até o próximo domingo, em que voltarei a fazer-vos a minha visita habitual. Good bye.

Fonte:
José de Alencar. Ao Correr da Pena. SP: Martins Fontes, 2004.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Clevane Pessoa (Idade)


Olivaldo Junior (Trovas sobre Loucura)


A Loucura tem mania
de não dar continuidade:
vai quebrando, dia a dia,
toda a dura realidade.

Ser estranho é ser doente,
diz a mídia que nos ata...
Mas o “louco inteligente”
faz a vida menos chata.

Todo louco que se preza
não despreza seu caminho:
seja à força, seja à reza,
todo mundo volta ao ninho.

Fonte:
O Autor

Eliana Jimenez (Participe da Trova-Legenda até 20 de novembro)



Trova-legenda até 20/11/2012

Participe!!! Envie sua trova sobre a imagem acima.

Todos podem participar com sua trova.

Envie para elianarjz@gmail.com

Veja as trovas legendas anteriores em

http://poesiaemtrovas.blogspot.com.br/

Antonio Brás Constante (Pois é, Voltei, Depois de Morrer...)



Pois é, voltei. Acho que morri por uns tempos, me despi de toda roupagem de autor e desisti, resistindo aos primeiros impulsos de respirar novamente a escrita, esmoreci a vontade de voltar, até sentir que tinha me libertado da liberdade de escrever. Cheguei a virar a página, a apagar a luz, a esquecer como é a sensação de ordenar aos dedos que dedilhassem meus pensamentos em algo que se pudesse ler...

Escrever é como nadar contra a correnteza, sem qualquer certeza de onde se quer chegar. O que eu fiz foi apenas parar de dar braçadas nas águas dos acontecimentos, me deixei afundar, sem qualquer resistência ou insistência. Por isso que digo que morri, me afoguei nas profundezas do esquecimento, e a cada dia ia ficando mais fácil, mais cômodo, mais tranqüilo, mais... Etc. A cada dia mais eu via menos de mim mesmo como escritor. 

Outro dia, logo após publicar meu primeiro texto de retorno “A CANDIDATA E O BDSM”, recebi algumas mensagens de boas-vindas, entre elas a de um amigo que ainda não conheço pessoalmente, mas com quem já tive a oportunidade de conversar algumas vezes por telefone, e-mails e redes sociais, o jornalista e também escritor Aparecido Raimundo de Souza (a quem estou devendo já há um bom tempo a criação de um vídeo com seus textos para ser lançado no Youtube). Da troca de mensagens com o Aparecido veio o embrião da ideia deste novo texto. 

Descobri que parar de escrever até que não é tão difícil. Basta por na balança o alto custo de algo tão precioso quanto o tempo gasto em algo como a escrita. Quando se pesa o custo e o beneficio de escrever, percebemos que se dedicar à escrita é um péssimo negócio.

Escrever, assim como viver, dá trabalho, cansa, esgota as energias. Aborrece às vezes. Fazendo-nos querer ser nada, sombras livres para vagar sem chamar a atenção para si. Deixar de ser vidraça, deixar de levar pedradas, deixar de juntar os cacos sempre que refletimos o brilho de nossas idéias na cara dos outros, isso muitas vezes irrita-os, tirando-lhes da comodidade de suas concepções prontas, e despertando a selvageria latente naqueles que são forçados a ter que pensar, mesmo que através da leitura de bobagens sem muito sentido.

Mas o que é o sentido? Quando vemos uma seta apontando em uma direção, achamos que aquilo faz sentido, que ela aponta para algo à frente, mas e se ela estiver apontando para o mais à frente, ou para o mais à frente ainda, vamos seguindo sua direção e encontrando tantas coisas, até chegar a um ponto em que ela vai apontar para o nada e nos perderemos em seu rumo, sem rumo.

O engraçado é que após minha volta, muitos já me perguntaram porque parei, mas ninguém perguntou porque voltei, ninguém mesmo, nem eu, pois confesso que ainda não saberia responder a essa pergunta...

Fonte:
O Autor

Francisco Pessoa (Meu irmão, se morreres vou contigo!)


Para Ademar Macedo

Confissão de um amor que agora faço
um amor que surgiu tão de repente
e que mais de repente, renitente,
apossou-se de nós em passo a passo
Mirian e Dalvinha são o laço
que apertando nós dois num nó amigo,
cada um se sentindo num abrigo
do outro, em total cumplicidade,
mesmo crendo na nossa eternidade
meu irmão, se morreres, vou contigo!

Fonte:
O Autor

Jornais e Revistas do Brasil (Revista A Bomba)


A Bomba
Período disponível: 1913 a 1913 
Local: Curitiba, PR 
Pesquisa no acervo:
  

A Bomba: Revista ilustrada, humoristica e literaria foi uma publicação trimestral de Curitiba, a capital paranaense. De periodicidade trimestral – saía nos dias 10, 20 e 30 de cada mês –, tratava de temas variados, entre os quais a política, sobretudo local, e o esporte. Sua tônica, porém, era a crítica de costumes, tema que, na virada para o século XX – marcada por grandes mudanças, como a implantação da República e a intensificação da modernização urbana – predominava em grande parte da imprensa brasileira. 

O humor, a ironia, a piada eram a principal marca da publicação, como anunciava a apresentação do primeiro número: “Declaramos positivamente que ‘A Bomba’ é inteiramente independente em suas feições religiosas politicas. É por esta razão que todos os dias filamos café no palacio Rio Branco, o chá no tugurio do Caio, o almoço em casa do Bispo, e o jantar no honrado lar do pastor protestante da Egreja Evangelica Persbyteriana Independente. (…) (A Bomba, nº 3, 1 jul. 1913) 

Mario Rezende, um dos colunistas do jornal, ironizava o burguês: 

“(...) E assim metido no seu egoismo, nesse egoismo muito natural em gente rica, passa horas e horas de olhos esbugalhados para a tela e para o palco. E que tortura horrivel, si se lhe depara uma repetição de fitas. Immediatamente vem rosnar aos emprezarios, que está sendo victima de uma extorsão, que aquella fita, ellle já a vira na vespera ou na antevespera. E os emprezarios lhe não deixam tambem de distribuir um punhado de getilezas temperadas com doçura simuladamente maliciosa de um sorriso fino e ironico.
 E assim vai o burguez passando a vida, gordurento e lerdo, com muita saudade e com muitas patacas, sempre a fingir que é moço e que é feliz. (A Bomba, 10 set.1913, Ano I, nº 10)

A revista se interessou por retratar o novo papel da mulher no início de século XIX. Como, por exemplo, no seguinte quadrinho de humor sobre mães solteiras: “- Está fazendo uma touca... é para seu filho? – Não, Cazuza, eu não sou casada. – Isso não quer dizer nada...” (A Bomba – 10 de Dezembro de 1913 – Ano I, n.º 19)

Algumas das colunas permanente do jornal eram: “Portico”, “Notas Sportivas”, “Coisas da Política (mas coisas... serias)”, “O Batates”, “Paraná Intellectual”, “Notas elegantes”, entre outras.

Marcelo Bittencourt era o proprietário, Rodrigo Junior e Clemente Ritz os redatores e Félix cuidava das artes. A redação funcionava na rua Marechal Deodoro, nº 36. A assinatura anual custava 14$000, semestral 8$000, avulso $400 e o numero atrasado $500.

A Bomba, até onde foi possível comprovar, desapareceu no mesmo ano em que foi criada, 1913.

Fonte:
http://hemerotecadigital.bn.br/artigos/bomba

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 725)



Uma Trova de Ademar  

O vício sempre nos joga 
numa dor que nos revolta: 
– ver um filho usando droga, 
numa viagem sem volta! 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

O belo da juventude 
traz orgulho, por costume. 
Mas beleza sem virtude, 
é qual rosa sem perfume.
–Ruth Farah/RJ– 

Uma Trova Potiguar  

Coberto de raios de ouro, 
lentamente o dia encerra, 
e o Sol, qual príncipe louro, 
senta no trono da serra. 
–José Lucas de Barros/RN– 

Uma Trova Premiada  

2011   -   Nova Friburgo/RJ 
Tema   -   RECADO   -   M/H 

“Entre nós, tudo acabado!” 
mandou-me dizer, contudo, 
nem precisava recado 
seu silêncio disse tudo ! 
–José Valdez C. Moura/SP– 

...E Suas Trovas Ficaram  

Neste mundo que nos cansa
tanta maldade se vê,
que a gente tem esperança
mas já nem sabe de quê...
–José Maria M. de Araújo/RJ– 

U m a P o e s i a  

Não sou oito nem oitenta, 
não sou jovem nem senhor. 
Tentei ser flor sem espinho, 
virei espinho sem flor. 
E eu agora faço o quê? 
Se nem sou eu nem você, 
nem ferro e nem isopor! 
–Damião Metamorfose/RN– 

Soneto do Dia  

FALAR DO AMOR DE DEUS. 
–Raymundo de Salles Brasil/BA–

Falar do amor de Deus aos homens é,
indubitavelmente, imperativo;
mostrar-lhes onde a verdadeira fé,
fazer-lhes crer no Deus eterno e vivo;

o sagrado caminho – do berço até
a colina sagrada, onde cativo,
foi maltratado do cabelo ao pé,
até ser morto – e logo redivivo.

Para certeza nossa que algum dia
lá no céu lhe faremos companhia
somente pela graça e pelo amor. 

Seu sacrifício não será em vão
para quem crê de todo coração
que Jesus Cristo é nosso Salvador.

José de Alencar (Ao Correr da Pena) 4 de dezembro: O Jornal Demorou-se


O Jornal demorou-se; e portanto assentei de pagar-vos já a dívida em que estou a respeito da representação do Roberto do Diabo, que teve lugar na noite de sábado.

Eram  oito horas quando SS.MM. apareceram na tribuna e receberam as saudações costumadas ao som do hino nacional. Uma chuva de rosas e de versos caiu sobre a platéia; houve algumas pessoas que receberam na cabeça seguramente uma resma de papel.

Os camarotes apresentavam neste instante uma vista encantadora. Cada ordem formava uma espécie de graciosa Coréia de corpinhos sedutores e de lindos rostinhos, entre os quais aparecia a espaços a cabeça calva e a farda bordada de algum novo visconde, ou barão, ou comendador.

Muitas vezes é este o mais belo momento de uma noite de teatro em dia de gala. Com um simples lanço d’olhos corre-se  todo esse painel magnífico, desenhado ao mesmo tempo pela natureza, pela arte e pela moda. Pode ver-se ali um tipo suave, uma bela face sempre pensativa, um pouco melancólica, como dessas almas puras, filhas do céu, que sentem na terra as saudades de sua menção divina. Além o rostinho moreno de uma huri de olhar cintilante e lábio risonho. Deste lado uma imagem de mulher, à qual a natureza deu a mais bela expressão de beleza altiva, e que recebeu de Deus, em vez de coração, a mania dos caprichos.

Depois de alguns recitativos, de dois sonetos, sobre os quais eu me calo, para seguir o exemplo do poeta, cantou-se o novo hino do Imperador; e os espectadores, atentos e cheios de curiosidades, esperavam o momento de ouvir pela primeira vez naquele teatro as harmonias de Meyerbeer.

Onde quer que te aches agora, sublime maestro, estou certo, que sábado à noite, até por volta de duas horas, em que o diabo na figura de Bouché sumiu-se pelo tablado, não pudeste conciliar o sono e levaste a rolar na cama, como se te perseguisse um exército de pulgas e mosquitos. Esses sobressaltos que naturalmente sentiste, esses ardores de orelhas, esses pruridos de pele, tudo isto não era nada menos do que as pancadas da banqueta do Barbiere, a rouquidão do Gentil, a desafinação de não sei quem, e finalmente a tesoura do ensaiador, que dizem cortou à larga pela tua sublime partitura. Consola-te, pois, meu amigo, são os percalços do ofício.

Em tudo isto, porém, só te deves queixar daquele que assegurou à diretoria que era possível meter-se em cena, com os modestos recursos do nosso teatro, uma peça que tu sabes quanto te custou a montar no Grande Ópera de Paris. Sem cantores, sem orquestra, sem maquinismo próprio, era fácil prever o que resultaria de semelhante projeto.

E não pára aí: para que a criatura fosse mais completa, ensaiou-se na véspera até as duas horas da noite, e admitiu-se que o mestre da dança lhe desse a última demão, inventando um dançado no meio de um torneio, e prolongando infinitamente a cena do cemitério, como se ainda não fossem suficientes seis horas de maçada.

Nem o hábil pincel do Bragaldi, nem a expressão original da música, às vezes terrível, às vezes singela e encantadora, puderam destruir a desagradável impressão que produziu nos dilettanti essa vigília lírica, que durou até à madrugada.

O Gentil, rouco como estava, não pôde fazer valer os seus recursos; o Bouché não estava em bom dia. A Charton, porém, foi apesar de tudo, para a cena e para os dilettanti, o bom anjo que protegia Roberto do Diabo; com a diferença, porém, que na cena vence o diabo, e no ânimo dos dilettanti, não pôde vencer o caiporismo fatal que presidiu à execução da partitura. O Duque da Normandia foi para o céu, a representação da ópera de Meyerbeer caiu no inferno.

Talvez muita gente nesta noite estivesse como Roberto na cena, às lutas com  dois sentimentos opostos, tendo à direita o seu bom anjo, à esquerda o seu mau gênio. Queira Deus que a imagem encantadora de alguma Alice lhes tenha aparecido com seu ingênuo sorriso, e os salvasse de uma vez para sempre da tentação, guiando-os como sua boa estrela através dos escolhos da vida, e acenando-lhes de longe com suas asas cor-de-rosa, como o Anjo da Guarda que figura nas poéticas legendas da nossa religião.

Fonte:
José de Alencar. Ao Correr da Pena. SP: Martins Fontes, 2004.

domingo, 11 de novembro de 2012

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 724)


 Uma Trova de Ademar 

Da ingratidão praticada
eu tirei uma lição:
Perdoar, não pesa nada,
pesado...É pedir perdão!
–Ademar Macedo/RN–

 Uma Trova Nacional 


Neste mundo que se exprime
através de mãos armadas,
chega a parecer que é crime
a gente andar de mãos dadas!!!
Izo Goldman/SP–

 Uma Trova Potiguar 


As retas que tracejei,
nos meus tempos de menino,
curvaram quando eu voei
nas asas do meu destino.
–Marcos Medeiros/RN–

 Uma Trova Premiada 

2008   -   Nova Friburgo/RJ
Tema   -   ESCOLHA   -   M/H


A escolha do par perfeito,
farei nesta... em qualquer vida,
ao resgatar de outro peito,
minha metade perdida!
–Élbea Priscila/SP–

 ...E Suas Trovas Ficaram 


Quando o amor se faz lembrança
e a solidão nos invade,
ou se vive de esperança,
ou se morre de saudade...
–Aloísio Alves da Costa/CE–

 U m a P o e s i a 


Os olhos da minha amada
me fazem muito feliz,
e olhando pra os olhos dela
eu traço uma bissetriz;
e mesmo partido ao meio,
no seu meigo olhar eu leio
os versos que eu nunca fiz!
–Ademar Macedo/RN–

 Soneto do Dia 

FANTASIA.
–Maria Nascimento/RJ–


Meu sonho era fazer versos um dia...
E, quando, às vezes, triste me encontrava,
fingia que chorava de alegria,
quando era de tristeza que eu chorava!

E percebi que até numa poesia,
que entre lágrimas tristes me brotava,
como um divino toque de magia,
mesmo sofrendo, assim me reanimava!

Foi tudo em vão, porque, fazendo versos,
eu nem notei que os meus sonhos dispersos
transcendiam meu mundo pequenino...

E, na angústia de quem sempre sofreu,
então, pergunto a Deus por que me deu
um sonho bem maior que o meu Destino...

sábado, 10 de novembro de 2012

Carolina Ramos (Ama!)


Olympio Coutinho (Caderno de Trovas e Reflexão sobre Amizade)



01
A velhinha no jardim
filosofava sorrindo:
- Não julgo o mundo ruim,
ainda há rosas se abrindo.

02
A superfície do mar
belo cenário formata
quando o clarão do luar
lhe veste um manto de prata.

A amizade é um amor que nunca morre.
Mário Quintana

03
Amor cigano, utopia,
triste busca por alguém;
quem tem um amor por dia
não tem o amor de ninguém.

04
Alegria em plenitude
cultiva dentro do peito
quem dá valor à virtude
e menospreza o defeito.

Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos.
Sócrates

05

Ante as barreiras não paro
e minha crença eu não mudo:
- Que valor teria o claro
se não existisse o escuro?

06
Ante tanta aberração
num mundo fora dos trilhos
pergunto ao meu coração:
- O que eu ensino aos meus filhos?

O ódio dos fracos não é tão perigoso como a sua amizade.
Luc de Clapiers Vauvenargues

07

Bem se vê pelos olhares
que se cruzam no salão
que na cabeça dos pares
também dança... a tentação.

08

Busque sempre renovar
toda sua trajetória;
os que resolvem ousar
são os que fazem a história.

Um amigo se faz rapidamente; já a amizade é um fruto que amadurece lentamente.
Aristóteles

09

Da infância levanto o véu
de uma alegre brincadeira:
descobrir bichos no céu
numa nuvem passageira.

10

Com olhares tu fizeste
do coração uma cela,
e com teus beijos puseste
meu coração dentro dela.

O ser humano tem até de experimentar o amor, para que compreenda bem o que é a amizade.
Sébastien-Roch Chamfort

11

Cultiva a fraternidade
como quem cultiva a terra;
quem planta grãos de amizade
não colhe os frutos da guerra.

12

De meu pai, a honestidade,
de minha mãe, a ternura:
por isso, em meio à maldade,
mantenho minha alma pura.

As ligações de amizade são mais fortes que as do sangue da família.
Giovani Boccaccio

13

Diga não ou diga sim,
revele logo o que pensa;
o seu talvez para mim
é pior que a indiferença.

14

De meu pai, a honestidade,
de minha mãe, a ternura,
por isso, em meio à maldade,
mantenho minha alma pura.

A amizade é, acima de tudo, certeza – é isso que a distingue do amor.
Marguerite Yourcenar 

15

Desprezo eu senti de fato
ao ver em seus escaninhos
aquele nosso retrato
rasgado em mil pedacinhos.

16

Essas rosas que florescem
em jardins de casas pobres
são as mesmas que fenecem
enfeitando covas nobres?

Como as plantas a amizade não deve ser muito nem pouco regada.
Carlos Drummond de Andrade

17

Esta dor que me devora
em dois versos se resume:
gostei de muitas e agora
de todas tenho ciúme.

18

Eu creio na honestidade,
na justiça clara e reta,
no fim da desigualdade...
Não sou louco... eu sou poeta.

A melhor maneira de começar uma amizade é com uma boa gargalhada. De terminar com ela, também.
Oscar Wilde 

19

Enrubesceste, engraçado,
porque, amor, te beijei;
imagino o teu estado
se eu fizesse o que pensei...

20

Este abismo que o rancor
instalou na humanidade
só poderemos transpor
pela ponte da amizade.

Dos amores humanos, o menos egoísta, o mais puro e desinteressado é o amor da amizade.
Cícero

21

Existe um grande desgosto
na lágrima, que a brilhar,
vai rolando pelo rosto
dos que não querem chorar.

22

Eu creio na honestidade,
na justiça clara e reta,
no fim da desigualdade...
- Não sou louco... Eu sou poeta!

Mais prudente do que o amor, a amizade dispensa os juramentos.
Maurice Chapelan 

23
Eu não tenho o que queria,
mas sou feliz mesmo assim;
faço a minha terapia
na mesa do botequim.

24

Felicidade, um ranchinho
e, dentro dele, nós dois;
nove meses de carinho
e um molequinho depois.

A única amizade que vale é a que nasceu sem razão.
Arthur Schendel

25

Finges desprezo e eu não ligo,
vejo amor no teu olhar;
como diz ditado antigo:
quem desdenha quer comprar.

26

Feliz de quem não permite
que o domínio da razão
seja mais forte e limite
o que sente o coração.

A amizade que acaba nunca principiou.
Públio Siro

27

Hoje em dia pouco resta
do nosso amor, que passou:
tristes restos de uma festa
depois que a festa acabou.

28

Juventude, o procurar
permanente de viver,
enquanto a busca durar
ninguém vai envelhecer.

A amizade é semelhante a um bom café; uma vez frio, não se aquece sem perder bastante do primeiro sabor.
Immanuel Kant

29

Na imensidão do universo
tenho, em minha pequenez,
toda a grandeza de um verso
de um poema que Deus fez.

30

Nada recebe quem nega
dar amor ou coisa assim;
só colhe flores quem rega
dia e noite o seu jardim,

O amor passa, a amizade volta, mesmo depois de ter adormecido um certo tempo.
George Sand

31

Não fuja dos seus caminhos
nem busque atalhos a esmo;
quem tem medo dos espinhos
não acha a flor em si mesmo.

32

Nas noites claras de lua,
no desenho da calçada,
vejo a silhueta sua
à minha sombra abraçada.

O amor pode morrer na verdade, a amizade na mentira.
Abel Bonnard

33

Neste teatro que é a vida
(e a vida é uma somente)
prefiro o palco, querida,
do que ser mero assistente.

34

No alpendre do casarão,
em comovente vigília,
Dirceu cantava a paixão
em versos para Marília.

35

Noel Rosa bem sabia
o que mata uma paixão:
a noite triste e sombria
sem luar e sem violão.

36

Nunca ofereça amizade
quando a mulher quer amor;
é como dar caridade
a quem lhe pede um favor.

A amizade pode converter-se em amor. O amor em amizade...nunca.
Albert Camus

37

Meu pai, que eu nunca esqueci,
veja em mim a tua glória;
segui teus passos, venci,
é tua a minha vitória!

38

Papai Noel, a cegonha,
lendas que mamãe contou;
deixei de crer, por vergonha,
e a minha infância acabou.

A verdadeira amizade é como a saúde: o seu valor só é reconhecido quando a perdemos.
Charles Colton

39

Partiste, mas, na saudade,
eu só peço ao Criador
que a tua felicidade
seja igual à minha dor.

40

Oferecendo a miragem
de uma vida sem escolta, 
o vício vende passagem
para a viagem sem volta.

A amizade duplica as alegrias e divide as tristezas.
Francis Bacon

41

O trem da vida ao destino
chega no horário marcado;
- Por que não desce o menino
que embarcou tão animado?

42

Perdida não é a bala,
que gera um medo profundo,
mas aquele que se cala
ante a violência do mundo.

A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades.
Millôr Fernandes

43

Por mais que esta vida o açoite
prossiga na caminhada;
depois do negror da noite
sempre surge a alvorada.

44

Privado da liberdade,
o passarinho, a cantar,
exprime a dor da saudade,
já que não sabe chorar. 

O amor é cego, a amizade fecha os olhos.
Blaise Pascal

45

Quem cultiva uma amizade
dentro do seu coração
pode morrer de saudade
mas nunca de solidão.

46

Remorso rude, mesquinho,
está ferindo o meu peito;
chamou-me "filho" um velhinho
com quem faltei ao respeito.

Ainda que seja raro o verdadeiro amor, é no entanto menos raro que a verdadeira amizade.
François La Rochefoucauld

47

Sorria a todo momento
por pior que esteja a vida;
quem sorri no sofrimento
torna a dor mais resumida.

48

Sou prisioneiro feliz
e não busco outros espaços;
esta sorte eu sempre quis:
ficar preso nos teus braços.

A amizade não precisa de palavras - é a solidão sem a angústia da solidão.
Dag Hammarkskjod

49
Trate todos como gente,
pois somos todos iguais;
nenhum ser é diferente
por ter pouco ou por ter mais.

50

Uma lágrima infinita
surgindo nos olhos teus...
Foi a forma mais bonita
de você dizer-me adeus. 

Há duas espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e ... os amigos, que são nossos chatos prediletos.
Sócrates

Fonte:
Colaboração do Trovador

Olympio Coutinho (1940) – Biografia Atualizada


OLYMPIO da Cruz Simões COUTINHO nasceu em na zona da Mata mineira, em 9 de outubro de 1940. Em Ubá, fez o primário e o secundário, tendo exercido diversas atividades esportivas como atleta da Praça de Esportes (natação e basquete), do Tabajara Esporte Clube (basquete e vôlei) e do Esporte Clube Aimorés (futebol).

Já fazia trovas e mantinha correspondência com trovadores como J. G. de Araújo Jorge, Luiz Otávio, Aparício Fernandes, Rodolfo Coelho Cavalcanti e muitos outros. Em 1962, foi para Belo Horizonte para estudar Jornalismo, tendo se formado em 1965: trabalhou na edição mineira da Última Hora, Folha de Minas, Jornal de Minas, Diário de Minas e Estado de Minas (onde entrou como repórter em 1967 e saiu como editor em 2003). Ainda em 1965 ingressou na Academia Mineira de Trovas e assumiu a cadeira nº 11 (patrono Casimiro de Abreu), tornando-se o mais novo acadêmico.

Em 1966, lançou a primeira edição de Festival de Trovas, que reunia 101 trovas feitas durante sua adolescência em sua terra natal, livro que ganhou como prefácio trecho de comentário de J. G. de Araújo Jorge, publicado no Jornal Feminino, suplemento literário de O Jornal, do Rio de Janeiro, em 1961:“Minas é a grande ilha no arquipélago da poesia brasileira. Terra de poetas e trovadores. 

Desde a primeira Escola de Poesia, com Gonzaga, Alvarenga, Cláudio Manoel da Costa, até os modernistas autênticos, como o grande Drummond, alto e de ferro, mas musicado de águas como uma montanha de Itabira. Começo com estas palavras para falar de um trovador que desponta: Olympio da Cruz Simões Coutinho, de Ubá”… 

Já Rodolfo Coelho Cavalcante, em carta, escreveu: “O seu livro Festival de Trovas fez-me dizer sinceramente: o Brasil tem mais um bom trovador! Tanto no lirismo como no humorismo, o amigo é um bom trovador. Sorri bastante com o seu grande humor na questão dos “pintinhos”. Fazia tempo que eu não ria com uma boa trova e não queira saber a gostosa gargalhada que eu dei”.

Em 2003, Olympio criou e edita até hoje um jornal de bairro, o Jornal Sion: atualmente, edita ainda outros dois jornais de bairro (Lourdes e Lagoa Notícias), dirigidos por sua filha. 

Em junho de 2007, foi convidado para trabalhar na Assessoria de Imprensa do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (IPSEMG), onde permanece. 

Tendo interrompido sua produção literária em 1968, voltou a fazer trovas em 2008. Em 2009, ingressou na União Brasileira de Trovadores (UBT), seção de Belo Horizonte.

Segundo as palavras de Olympio em e-mail enviado ao Singrando Horizontes: Apesar dos meus 72 aninhos, ainda trabalho: na Assessoria de Comunicação da Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais, situada na Cidade Administrativa, a cerca de 30 quilômetros de minha residência - trecho que percorro diariamente de ônibus e metrô; às vezes, pego um frescão que me cobra R$ 5,00 (ou seja, nele não tenho isenção de passagem).

Fonte:
Blog do Pedro Mello
E-mail enviado por Olympio Coutinho

Olivaldo Junior (Trovas sobre Sonho )



Cada sonho que se tem 
faz da vida uma ilusão; 
mas ainda quero alguém 
que me iluda o coração. 

Sonhos não se jogam fora, 
mas joguei os meus, neném, 
quando foste logo embora 
sem sonhares com ninguém. 

O meu sonho foi cantar, 
mas não fui um passarinho; 
minhas asas, sem voar, 
me espetaram neste ninho.

Fonte:
Colaboração do Trovador