domingo, 13 de outubro de 2024

Vereda da Poesia = 132=


Poema de
DANIEL MAURÍCIO
Curitiba/PR

Ao breve
soluçar
de Poseidon
o mar salpica
a praia,
varrendo
os castelos
de sonhos.
= = = = = = 

Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP

Com seu valor aumentado,
saudade é a restituição
do que já nos foi cobrado
pelos sonhos e a ilusão...
= = = = = = 

Poema de
LUIZ POETA
(Luiz Gilberto de Barros)
Rio de Janeiro/RJ

Teu enredo

Abençoa o enredo da tua história,
Que possui sensacionais alegorias,
E se lembras de tuas lindas fantasias
Tu manténs as alegrias na memória.

Ouve o disco... resgata teus sentimentos
E escreve-os!... teu sorriso é um bom passista,
Que ao dançar, acaricia a própria pista
No instante dos mais doces pensamentos.

O teu coração e bom percussionista
Da emoção que te abençoa a vida inteira
E se a vida é uma batida passageira,
Tens bem mais que um coração por baterista.

Teu amor nem sempre foi bom ritmista,
Porque às vezes ele é muito passional,
Porque faz teu coração pulsar tão mal.
Que tua dor se torna bem mais intimista.

Teu enredo ainda tem muita avenida,
Tua escola tem muito que desfilar
E se esse teu coração sabe sambar,
O teu samba-enredo é tua própria vida.
= = = = = = 

Trova  Premiada em Irati/PR, 2023
LILIA MARIA MACHADO SOUZA 
Curitiba / PR

Depois de tanto desgaste,
do topo avisto a alvorada.
A pedra que me atiraste
serviu-me para a escalada.
= = = = = = 

Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

Gotas perfumadas para você

 Hoje, de manhãzinha,
Enquanto caminhava
Lembrei-me de você
E, em uma garrafa
Linda e surreal,
Do mais fino cristal
Guardei para você

O azul do céu,
Três raios de sol,
E um coração
Que a nuvem desenhou...

Guardei para você,
A liberdade do voo
E canto do bem-te-vi,
Mesclado ao som
De um antigo sino de vento...
E emocionada
Juntei da calçada
Algumas flores de Ipê,
Suaves poemas amarelos
E os guardei para você...

Daquela orquídea que tirei foto,
Acrescentei o aroma de baunilha,
Com sete gotas de ternura,
Que se mesclaram
A sensação de um beijo,
Repleto de amor intenso, e ainda
Àquela foto da joaninha, lembra?
Para você eu guardei
E depois fechei a garrafa.
Guardei para você
Um pouco do meu mundo,
Nosso mundo...

Para você eu guardei -
As gotas perfumadas
Do jasmim-dos-poetas
Da foto de hoje...
= = = = = = 

Trova Popular

A menina que eu namoro
e que me quer muito bem,
tem um sorriso que encanta         
e vinte contos também.
= = = = = = 

Sonetilho de
RAUL DE LEONI
Petrópolis/RJ, 1895-1926

Confusão

Alma estranha esta que abrigo,
Esta que o Acaso me deu,
Tem tantas almas consigo
Que eu nem sei bem quem sou eu.

Jamais na Vida consigo
Ter de mim o que é só meu;
Para supremo castigo,
Eu sou meu próprio Proteu.

De instante a instante, a me olhar,
Sinto, num pesar profundo,
A alma a mudar... a mudar...

Parece que estão, assim,
Todas as almas do Mundo,
Lutando dentro de mim...
= = = = = = 

Trova de
MARIA CRISTINA M. CORRÊA
Santos/SP

Esta imagem que eterniza
o tranquilo mar dourado,
foi refúgio, agora é brisa,
transportando-me ao passado...
= = = = = = 

Soneto de
MILTON S. SOUZA
Porto Alegre/RS, 1945 – 2018, Cachoeirinha/RS

Luz na escuridão

Caminhar lento, tateando pela calçada,
faz a bengala ser a luz na escuridão.
Ouvido atento: som é mensagem cifrada,
calcula o espaço em cada passo pelo chão.

A cada instante, bate forte o coração
pela incerteza que pode surgir do nada.
Algumas vezes, sente a força de uma mão
que muda o rumo da indecisa caminhada.

Olhar sem vida, noite eterna na retina,
ele usa os sonhos... e com eles ilumina
os horizontes onde busca os seus totais.

Nada reclama, porém mostra, do seu jeito,
que o mundo deve um pouquinho mais de respeito
para com todos deficientes visuais.
= = = = = = 

Trova Humorística de
FRANCISCO BAPTISTA
São Paulo/SP

A velha chegou, tão chique,
na igreja e o padre pensou.
"Qual foi agora o trambique
que essa beata aprontou?..."
= = = = = = 

Soneto de 
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP

Bosque da poesia

Eu vou passear no bosque da poesia;
quem quiser vir comigo, tem carona...
Desejo me nutrir na boemia
do universo que cria, e jamais clona...

Lá o gorjeio das aves arrepia
a nossa pele! E a gente se emociona
ao ouvir a cigarra, em nostalgia,
soltar seu canto triste que impressiona!

E em meio do arvoredo é certo achar
flores e frutos doces como o mel
e borboletas lindas a bailar...

Quem ama planta versos em semente
e brotos de soneto, ou de um rondel,
para que o bosque viva eternamente!
= = = = = = 

Trova de
CLÁUDIO DE CÁPUA
São Paulo/SP, 1945 – 2021, Santos/SP

É neste “Canto que eu Canto”
belezas que a vida tem
que ao meu mundo dão encanto
e tanto me fazem bem!
= = = = = = 

Poema de
PAULO LEMINSKI
Curitiba/PR, 1944 – 1989

M. de memória

Os livros sabem de cor
milhares de poemas.
Que memória!
Lembrar, assim, vale a pena.
Vale a pena o desperdício,
Ulisses voltou de Tróia,
assim como Dante disse,
o céu não vale uma história.
um dia, o diabo veio
seduzir um doutor Fausto.
Byron era verdadeiro.
Fernando, pessoa, era falso.
Mallarmé era tão pálido,
mais parecia uma página.
Rimbaud se mandou pra África,
Hemingway de miragens.
Os livros sabem de tudo.
Já sabem deste dilema.
Só não sabem que, no fundo,
ler não passa de uma lenda.
= = = = = = 

Trova Funerária Cigana

Os meus prazeres morreram,
quando morreu minha bela…
Dão hoje causa a meu pranto,
saudades que tenho dela.
= = = = = = 

Soneto de 
JERSON BRITO
Porto Velho/RO

Temporais

O néctar me seduz e, embevecido,
despejo em tuas pétalas o ardume,
deixando que no peito se avolume
a fúria de um desejo desmedido.

As gotas preciosas do perfume
volitam pelos ares e, atrevido,
atendo o desespero do bramido
enquanto a insanidade tudo assume.

A tua perfeição me subordina,
perverte meu juízo e a indisciplina
mergulha as emoções em temporais.

Tu és a eterna rosa da quimera
que torna minha vida a Primavera
repleta de sabores divinais.
= = = = = = 

Trova de
LEONETE OLIVEIRA LIMA ROCHA
São Luís/MA

Naquele beijo inocente,
que os nossos lábios uniu,
meu coração, de repente,
para o teu peito fugiu.
= = = = = = 

Poema de 
BENEDITA AZEVEDO
Magé  / RJ

A Força da Natureza

Sou transitória e natural,
inconstante tal qual o vento
que muda a direção do barco
rasgando a vela.

Sou a chuva que vem e passa,
sou o sol ardente que se esconde
atrás da montanha para
que possas descansar.

Sou a força da natureza,
do vendaval de outono
que surge de repente
e arrasta tudo que encontra.

Mas, também sou o galho partido,
o rio que transborda
ao ser contido em barragens.

Sou o tufão, o fogo, a ventania
que passam e transformam o ambiente.

Sou a chuva que irriga e faz crescer
a relva verde das pastagens.

Sou a luz do luar que
banha os teus cabelos
com o perfume das flores.

Sou a primavera que inebria
e tonteia com suas fragrâncias.

Sou as ondas do verão quebrando
nas pedras e salpicando gotas
de frescor em teu rosto suave.

Sou o sol da manhã surgindo
após a tempestade noturna.

Sou o sereno da noite a salpicar
as pétalas da rosa vermelha
que irão a ti pela manhã.

Sou a alegria da criança ao sugar
o seio materno e saciar a sede.

Sou a direção, o rumo, o horizonte
de quem se arrisca numa empreitada
sem saber o resultado.

Sou a tua imaginação
que penetra nos recôncavos mais íntimos
e alcança as mais elevadas alturas.

Sou a música majestosa
que domina a mais indomável
de todas as criaturas.
O homem.
= = = = = = 

Trova Humorística de
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
São Paulo/SP


Sem avisar, sorrateira,
foi ao pagode e azarou:
No baile, um "chá de cadeira"!
Chegando em casa... "dançou"!
= = = = = = 

Soneto do
Príncipe dos Poetas Piracicabanos
LINO VITTI
Piracicaba/SP, 1920 – 2016

Tapera

Torce o caminho manso e entre pedras percorre
agarrando-se, ansioso, à encosta da colina.
sobe-se um pouco e olhar curioso descortina
a paisagem feral da tapera que morre.

Reina a desolação e a tristeza domina
tudo, restos mortais. A luz do sol socorre
piedosmente, a flux, como um bálsamo, e escorre
sobre a ferida em flor dessa bela ruína.

Tetos a desabar, muros em derrocada,
as cercas pelo chão, porteiras vacilantes,
pompeando os ervaçais na casa abandonada.

Cadáveres, e só, da rica habitação
onde floriu, feliz, o grande senhor dantes,
dos tempos memoriais da negra escravidão.
= = = = = = 

Trova de
OLYMPIO S. COUTINHO
Belo Horizonte/MG

Gente sozinha falando..
Este mundo enlouqueceu?
Às vezes, fico pensando:
- Será que o louco sou eu?
= = = = = = 

Poema de
JESSÉ NASCIMENTO
Angra dos Reis/RJ

A luz no túnel

Via uma luz
no fim do túnel.
Ainda via.
Agora procuro
a luz,
não mais a vejo.
Nem mesmo o túnel...
= = = = = = 

Trova de
AMÁLIA MAX
Ponta Grossa/PR (1929 – 2014)

Fico em silêncio e ouço os passos
de quem não vai mais chegar…
Então abraço os meus braços
e não paro de chorar.
= = = = = = 

Poema de
AMAURY NICOLINI
Rio de Janeiro/RJ

Fotografias

Olhando o álbum de fotografias
eu não vejo retratos, vejo dias
que já não voltam mais.
Insuspeitada máquina do tempo,
cada página de fotos é exemplo
de outros aniversários e Natais.

Vejo que algumas ficam desbotadas,
depois de muitas páginas viradas
que as fizeram perder-se na distância.
E aquilo que ontem foi tão importante,
e mereceu ficar gravado num flagrante,
hoje não tem sequer mais importância.

Este álbum é a janela que o passado
abre, para o olhar do pensamento,
nos sótãos e porões da eternidade.
E o que ficou nas fotos registrado
e vai viver outra vez nesse momento
será o que chamamos de saudade.
= = = = = = 

Trova da
Princesa dos Trovadores
CAROLINA RAMOS
Santos/SP

No amor o tempo se gasta
com medidas desiguais:
se estás longe, ele se arrasta;
se perto, corre demais!
= = = = = = 

Hino de 
Resende/RJ

1. 
Resendenses, entoemos um hino
Que fulgure qual mundo que sois,
A esta terra, que é um berço divino
De poetas, de artistas, de heróis!

Estribilho: 
Eia, pois, fervorosos saudemos
De Resende, a Cidade gentil
Onde o berço,entre flores tivemos
Sob um céu todo azul, todo anil!

2. 
Covam bençãos de luz sobre o dia
Em que o seu Centenário ela faz!
Que nos enche de doce alegria,
Que ventura tão doce nos traz!

3. 
De outro século o sol majestoso
Surge agora imponente "brandão"
Deste "Vale", dourado, amoroso,
Toda nova e aromal floração!

4.  
O Itatiaia, emergindo das brumas,
Ei-lo, o século novo a saudar!
E o Paraíba o seu manto de espumas,
Vai contente e cantante a arrastar.

5. 
Que este dia, da Pátria, na história
Fulja sempre com mago esplendor!
E que viva na nossa memória,
Todo luz, todo paz, todo amor!
= = = = = = 

Trova de 
ARTHUR THOMAZ
Campinas/SP

O passado é intrigante!
Ontem mesmo era presente…
Durou por algum instante
e esvaiu-se de repente.
= = = = = = 

Poema de 
ERIGUTEMBERG MENESES
Blumenau/ SC

Rodeio da vida

O mundo é cavalo louco e cansei de ser caubói.
As faces do corpo já não passam de couro
mapeado com as cicatrizes
acumuladas nos tombos.

Cansei!
Vou apear do estribo.
Nas clareiras da vida,
aprendi a montar as mais duras montarias,
a bolear o laço, a ferrar novilhos
e galopar touros bravios,
redemoinhando ante a porteira,
mas não consigo domar meu coração.

Hoje, como um animal machucado
e abatido, quero, apenas, arrancá-lo
e entregá-lo ao verdadeiro amor
para continuar vivendo, na ilusão de dançar
entre abraços doces na arena do grande
rodeio realizado entre as estrelas,
por que parece que somente a magia é que é real.

E depois, não mais do que descansar
sobre o espelho das aguadas
de um corpo cheirando a rama fresca,
embriagado pelas auroras da eternidade.
= = = = = = 

Trova de
RITA MARCIANO MOURÃO 
Ribeirão Preto/SP

Se as rosas tivessem voz
diriam num canto lindo
que Deus se revela a nós
em cada rosa se abrindo.
= = = = = = 

Fábula em Versos de
JEAN DE LA FONTAINE
Château-Thierry/França, 1621 – 1695, Paris/França

A tartaruga e os dois patos

Estava enfastiada a tartaruga
Da negra e estreita toca em que vivia;
Por isso um belo dia,
Apoderou-se dela
O desejo profundo
De abandonar a casa e correr mundo.

A todos bem parece a terra estranha,
E sempre foi notória a grande sanha
Que o coxo tem à casa.
A dois patos foi ela então dizer
A viagem que tinha projetado.
Solene, autorizado,
O par lhe respondeu:
«Tens aberto o caminho.
E nós te levaremos
A um sítio que sabemos;
Verás muito país e murtas gentes,
Repúblicas e reinos florescentes.

Terás muito que ver
E muito que aprender.
Ulisses muito aproveitou com isso.»
Os dois eram espertos,
E expeditos no ajuste do serviço
Que iam prestar à pobre tartaruga.

Foram logo fazer de um pau nodoso
Tirado de uma árvore,
Um engenho famoso,
A fim de transportar a viageira.
Agarra-se cada um
Valentemente a cada extremidade,
E apresentando o meio à tartaruga,
Disseram-lhe com grande autoridade:
«Ferra aqui e não largues!»

A mísera assim fez,
Sem de leve temer
O que ia suceder.
E foram pelos ares...
«Milagre!» gritam todos os que veem;
Tartaruga voar é caso estranho.
Decerto tem em si poder tamanho,
Que não cabe no mundo!»

A tartaruga enfatuada e louca,
Para responder vai a abrir a boca.
Melhor fora calada,
Pois logo num momento
Caiu arrebentada,
Aos pés do povo atento.

Vaidade, presunção, muita palavra
Reveladora de apoucado siso,
Têm a mesma origem,
Da mesma fonte brotam.

Silmar Bohrer (Croniquinha) 122


À medida que os anos passam muitas pessoas se aposentam e falam em se recolher com várias, sempre digo, desculpas. E o renunciar significa abandono voluntário, deixar em poder de outros, como no francês " laisser à bandon ". 

Não vamos esquecer que somos todos dependentes e encontramos pessoas que perdem a tramontana* quando ficam sem alguma atividade. Não sabem ou não entendem que a vida é um permanente renovar de afãs. Hora de restaurar ações, resgatar ideias, praticar outros conhecimentos. 

Nos seus pensares a atriz Andrey Hepburn escreveu que " as pessoas, mais do que objetos, precisam ser reparadas, revividas, animadas, chamadas e salvas - jamais jogue alguém fora ". 

Manter a calma - contar os dias como flores, não como sombras.
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* perdem a tramontana = perdem o rumo

Fonte: Texto enviado pelo autor 

Recordando Velhas Canções (O ‘x’ do problema)

 (samba, 1936) 
Compositor: Noel Rosa

Nasci no Estácio, fui educada na roda de bamba
E fui diplomada na escola de samba
Sou independente, conforme se vê

Nasci no Estácio, o samba é a corda
Eu sou a caçamba
E não acredito que haja muamba
Que possa fazer eu gostar de você  

Eu sou diretora da escola do Estácio de Sá
      E felicidade maior neste mundo não há   
             Já fui convidada para ser estrela
Do nosso cinema
Ser estrela é bem fácil
Sair   do Estácio é que é     
O 'x'    do problema 

Já fui convidada para ser estrela
Do nosso cinema
Ser estrela é bem fácil
Sair   do Estácio é que é     
O 'x'    do problema

Você    tem vontade que eu abandone 
O Largo do Estácio
Pra ser a rainha de um grande palácio
E dar um banquete uma vez por semana

Nasci no Estácio
Não posso mudar minha massa de sangue
Você pode crer que palmeira do Mangue
Não vive na areia  de Copacabana

Eu sou diretora da escola do Estácio de Sá
      E felicidade maior neste mundo não há   
             Já fui convidada para ser estrela
Do nosso cinema
Ser estrela é bem fácil
Sair do Estácio é que é     
O 'x' do problema 

Já fui convidada para ser estrela
Do nosso cinema
Ser estrela é bem fácil
Sair do Estácio é que é     
  O 'x' do problema

A Essência do Estácio: Identidade e Pertencimento em 'O X do Problema'
A música 'O X do Problema', de Noel Rosa, é uma celebração da identidade e do pertencimento ao bairro do Estácio, no Rio de Janeiro. Noel Rosa, um dos maiores compositores da música popular brasileira, utiliza a letra para expressar o orgulho de suas raízes e a importância da cultura do samba em sua vida. A personagem da canção, que se identifica como uma mulher nascida e criada no Estácio, destaca sua formação na roda de bamba e na escola de samba, elementos centrais da cultura local.

A letra também aborda a questão da autenticidade e da resistência às mudanças impostas por pressões externas. A personagem recusa a ideia de abandonar o Estácio para viver em um grande palácio, mesmo que isso signifique uma vida de luxo e glamour. Ela enfatiza que sua essência está profundamente enraizada no Estácio, e que mudar de ambiente seria como tentar fazer uma palmeira do mangue viver na areia de Copacabana. Essa metáfora reforça a ideia de que certas identidades são intransferíveis e que o verdadeiro valor está em ser fiel a si mesmo e às suas origens.

Além disso, a música reflete sobre a felicidade e o sucesso sob uma perspectiva diferente da convencional. Para a personagem, ser diretora da escola de samba do Estácio de Sá é a maior felicidade que ela poderia alcançar, mais do que ser uma estrela de cinema. Isso sublinha a importância da comunidade e da cultura local como fontes de realização pessoal e coletiva. Noel Rosa, com sua habilidade lírica, consegue capturar a essência do Estácio e transmitir uma mensagem poderosa sobre identidade, pertencimento e autenticidade.
Fonte: https://www.letras.mus.br/noel-rosa-musicas/862749/significado.html