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sábado, 22 de fevereiro de 2025
José Feldman (Roteiro para uma peça teatral) A Pensão do riso
Uma pensão antiga e um tanto bagunçada, com paredes descascadas e um cheiro peculiar de feijão com arroz. Os hóspedes são uma mistura de personagens excêntricos.
PERSONAGENS:
- Dona Teresa: A proprietária da pensão, uma senhora de idade avançada, cheia de energia e sempre com um comentário engraçado na ponta da língua.
- Seu Joaquim: Um aposentado que vive contando histórias de sua juventude, sempre exageradas.
- Mariana: Uma jovem estudante de teatro, sonhadora e cheia de ideias malucas.
- Tio Mário: Um viajante que nunca sai da pensão, sempre esperando uma oportunidade de ganhar na loteria.
- Clara: Uma mulher que vive reclamando, mas que no fundo é bem-humorada.
CENA 1: O CAFÉ DA MANHÃ
(A manhã começa com Dona Teresa na cozinha, fazendo barulho enquanto prepara o café. Seu Joaquim já está à mesa, contando uma de suas histórias épicas.)
Seu Joaquim: (com entusiasmo) E então, eu disse ao piloto: "Se você não me deixar pilotar, eu vou gritar!" E não é que ele deixou?
Dona Teresa: (sem olhar para ele) Joaquim, você nunca pilotou um avião na vida!
Seu Joaquim: (fazendo uma pausa dramática) Exatamente. Por isso gritei! O medo é um excelente motivador!
(Mariana entra, com uma toalha na cabeça e um olhar sonolento.)
Mariana: Bom dia, pessoal! Alguém viu meu texto? Deixei em cima da mesa.
Dona Teresa: (rindo) O que você escreveu, querida? "Como fazer uma omelete sem ovos"?
Mariana: (revirando os olhos) Muito engraçado, Dona Teresa. Era sobre a vida no teatro!
Tio Mário: (interrompendo) O que eu queria mesmo era um papel no teatro! Se eu ganhar na loteria, vou ser ator famoso!
Clara: (entrando com um olhar de reprovação) E se você ganhar na loteria, Tio Mário, você vai comprar um par de sapatos novos primeiro?
Tio Mário: (com um sorriso) Sapatos? Para quê? Para ficar em casa?
CENA 2: O ALMOÇO
(Durante o almoço, Dona Teresa serve um prato de feijão e arroz, enquanto os hóspedes discutem animadamente.)
Dona Teresa: (colocando o prato na mesa) Aqui está: feijão com arroz, o verdadeiro banquete da pensão!
Seu Joaquim: (mordendo o feijão) Ah, Dona Teresa, este feijão é tão bom que eu poderia jurar que você tem um chef escondido na cozinha!
Dona Teresa: (piscando) Tenho sim. Ele se chama "meu marido". Mas ele não cozinha desde 1980!
Mariana: (rindo) Então, se você não tem um chef, você é a chef ou a "chefa"?
Dona Teresa: (com uma expressão de orgulho) Sou a chefa! E não aceito reclamações, a menos que sejam sobre o feijão frio.
Clara: (murmurando) Se o feijão estiver frio, eu vou reclamar!
Tio Mário: (levantando a mão) Eu tenho uma ideia! Vamos fazer um concurso de quem consegue comer mais feijão!
Mariana: (brincando) Isso vai acabar em uma competição de flatulência!
(Todos riem, exceto Clara, que faz uma cara de desgosto.)
CENA 3: O JOGO DE TABULEIRO
(Após o almoço, os hóspedes se reúnem na sala para jogar um jogo de tabuleiro. O clima é descontraído.)
Dona Teresa: (distribuindo as peças) Então, quem vai ser o banqueiro?
Tio Mário: (levantando a mão) Eu! Afinal, estou esperando a minha grande chance!
Seu Joaquim: (com um sorriso) Espero que você tenha mais sorte aqui do que na vida real!
Mariana: (sorrindo) Vamos ver se você consegue ganhar algo além de um sorriso!
(O jogo começa, e logo a competição esquenta.)
Clara: (reclamando) Não vale! O Tio Mário está trapaceando!
Tio Mário: (fazendo cara de inocente) Eu? Nunca! Estou apenas... ajustando as regras!
Dona Teresa: (rindo) Ajustando as regras? Você quer dizer "mudando as regras conforme sua necessidade"?
Seu Joaquim: (apontando) Isso soa como uma ótima estratégia para a vida, não é? "Mude as regras e ganhe sempre!"
Mariana: (pensativa) E se a vida fosse um grande jogo de tabuleiro? Eu escolheria ser uma peça colorida!
CENA 4: A NOITE
(À noite, os hóspedes se reúnem no terraço da pensão, onde Dona Teresa serve chá.)
Dona Teresa: (observando as estrelas) Olhem essas estrelas! Lindo, não é?
Mariana: (suspirando) Eu sempre quis ser uma estrela de teatro, mas acho que vou me contentar em ser uma estrela da pensão!
Clara: (brincando) E quem disse que você não é? Você já tem um público fiel!
Seu Joaquim: (levantando o chá) A um brinde, então! Às estrelas da pensão!
Tio Mário: (interrompendo) Mas eu quero brinde à loteria!
Dona Teresa: (rindo) Tio Mário, você e suas loterias! Um dia você vai ganhar, e quando isso acontecer, não esqueça de nós!
Tio Mário: (sonhando) Claro! Vou comprar a pensão e transformar isso em um hotel cinco estrelas!
Clara: (sarcasticamente) Com o feijão como prato principal, certo?
(Todos riem e brindam juntos.)
CENA FINAL: REFLEXÕES E RISADAS
(Os hóspedes se acomodam nas cadeiras, conversando e rindo sobre suas vidas e sonhos.)
Mariana: (pensativa) Sabe, acho que a vida é como esse jogo: cheia de surpresas e algumas armadilhas.
Seu Joaquim: (com um sorriso) E o melhor de tudo é que, mesmo com as armadilhas, temos sempre uns aos outros!
Dona Teresa: (orgulhosa) Isso mesmo! Aqui na pensão, somos uma família, mesmo que um pouco maluca!
Tio Mário: (com um brilho nos olhos) E quem sabe um dia eu ganho na loteria e nos levo para uma viagem!
Clara: (brincando) Desde que eu não tenha que comer mais feijão!
(Todos riem, enquanto as luzes se apagam lentamente, deixando a cena com uma sensação de calor e camaradagem.)
FIM
Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
Baú de Trovas “10”
451
Cresce a cidade… que pena…
crescendo, perde a poesia;
– na rua ninguém me acena,
ninguém mais me diz bom-dia!
A. A. DE ASSIS
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452
Maria, só por maldade,
deixou-me a casa vazia:
dentro da casa, a Saudade
e na Saudade, Maria!
ANIS MURAD
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453
O Pinheiro mais parece
lá no fundo do sertão
um colono em triste prece
pedindo a Deus proteção.
ANITA THOMAZ FOLMAN
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454
O dia em que não te vejo
é noite em meu coração;
e eu velo com o meu desejo
enquanto as horas se vão...
ANTÔNIO FRANCISCO DA COSTA E SILVA
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455
Não te aflijas, inda que
o agora em dor se resuma.
O homem sensato entrevê
a luz na mais densa bruma.
ANTÔNIO OLIVEIRA PENA
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456
Eis um médico fardado
- que perfeito matador! -
quem escapar do soldado,
não escapa do doutor...
ANTÔNIO SALES
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457
Sorriso é mais que meiguice
e tem valor tão profundo...
Se toda gente sorrisse,
bem melhor seria o mundo!
BENEDITO CAMARGO MADEIRA
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458
Amor, palavra divina
que brota do coração;
ele conforta e ilumina
a estrada da salvação.
BENEDITO IVO PINTO
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459
Bom violão, que me acordas
ao luar do meu sertão,
que bem fazem tuas cordas
às cordas do coração!
BENTO RABELO
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460
Enxuguei seu lindo rosto
da lágrima que escorria,
mas não era… que desgosto,
por mim que você sofria,
BERENICE AZEVEDO
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461
No tronco da gameleira
gravei teu nome, Nolasca,
sem prever que essa fruteira
todo ano perde a casca...
BERNARDO GUIMARÃES FILHO
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462
Quando caminha apressado,
distraído e não me vê,
bem perto, quase a seu lado,
alguém sonha com você!
CECY TUPINAMBÁ ULHÔA
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463
Nossa prova é tropeçar
e levantar em seguida
e de novo começar
e esquecer essa caída.
CÉLIA DE OLIVEIRA
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464
É a lição mais repetida
fora da escola ou no estudo:
que mãe é fonte de vida,
que Deus é fonte de tudo!
CÉLIA GUIMARÃES SANTANA
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465
Aceito a sorte que tenho,
aplaudo a vida, de pé,
e sem revolta me empenho
em conservar minha fé!
CÉLIA HIGGINS FERREIRA
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466
Noites negras... solidão...
Tarde demais para os dois!
Um sim anulando um não
e um talvez para depois...
CÉLIA MARIA BARBOSA RODRIGUES
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467
Transparente, a lua presa
ao azul, que o céu vestia,
imersa em tanta beleza
nem notava que era dia!
CÉLIA MARTINS
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468
Meu bom São Pedro, permita,
à noite, um bom tempo, seco...
Com a sogra de visita,
pretendo dormir no beco.
CLEBER ROBERTO DE OLIVEIRA
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469
Não lamento a vida e, em sonhos,
sempre faço renascer
destes meus dias tristonhos
a alegria de viver!
CYRLÉA NEVES
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470
Demoras... e à luz do ocaso,
refém da angustia e do medo,
os meus relógios atraso
para fingir que ainda é cedo!
DILVA MARIA DE MORAES
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471
Ultrapassando as fronteiras
do sim, do não, do talvez,
nosso amor vence barreiras
e o ciúme não tem vez!
DIRCE MONTECHIARI
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472
Das ofensas, tenha calma;
revidar não ameniza,
pois a dor de nossa alma
só o perdão cicatriza,
DIRCE PINTO MACHADO
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473
Se à noite a lua desponta
trazendo a luz da esperança,
na terra do Faz-de-Conta
eu me transformo em criança,
DIVA MARIA M. REZENDE
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474
Palavra triste é saudade
porque dói no coração
e lembra a felicidade
transformada em solidão.
DIVA VELOSO
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475
Amargando os dissabores
dos seus amores dispersos,
o poeta esconde as dores
nas entrelinhas dos versos.
DJALMA MOTA
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476
Simpatia é quase amor,
suave e mágica atração.
É doce aroma da flor,
nos versos de uma canção!
EDITE ROCHA CAPELO
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477
Os poetas e os pintores
trabalham na mesma lida,
Uns põem vida nas cores,
aqueles cores na vida!
EDITH DE ARAÚJO RIBAS
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478
Agora, na despedida,
chego à triste conclusão:
no xadrez da tua vida
em vez de rei, fui peão...
EDMILSON MACEDO
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479
Se os anos não são medidos
por quilos, ou coisa assim,
por que esses anos vividos
pesam tanto sobre mim?!
EDMUNDO SCHWAB
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480
Tantas vezes hei sofrido,
que desta vez conheci
que tudo ficou perdido
nas mãos em que me feri.
EMILIANO PERNETA
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481
Longe de mim, ó tristeza...
Pinto o cinza como esteta,
da vida fruo a beleza:
- Sorte minha ser poeta!
ÉSTIA BAPTISTA LIMA
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482
Partiste sem um aceno,
multiplicando meus ais.
Não quis teu mundo pequeno
meu sonho grande demais.
EUGÊNIA MARIA RODRIGUES
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483
No mar revolto da vida,
sou uma pobre jangada
que sem barqueiro, perdida,
chega à praia destroçada!
EUGÊNIO CARVALHO JÚNIOR
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484
Vemos Deus em todo canto;
no céu, na terra, no mar...
jamais é visto, no entanto,
por quem não quer enxergar!
EUGÊNIO DE FREITAS
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485
Fácil falar em ternura,
quando se trata de amor...
Difícil é, na amargura,
ser terno, dentro da dor...
EUGÊNIO MORATO
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486
Quis brincar o meu destino
com meus sonhos de ilusão:
– Deu-me um rosto do menino
e de um velho o coração.
EVANDRO MOREIRA
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487
Cabelos soltos ao vento...
Pés de leve sobre a grama...
- A vida toda é um momento
no coração de quem ama!
FRANCISCO FORTES
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488
Quem semeia põe mais vida
na vida de todo mundo:
transforma em flor e comida
a força do chão fecundo!
FRANCISCO JORGE RIBEIRO
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489
Quem busca conhecimento
descobre a sabedoria
e com breve movimento
enche a vida de alegria.
FRANCISCO JOSÉ MOREIRA LOPES
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490
Quando o sol se faz mais forte
e a chuva responde...não!
A silhueta da morte
se espraia pelo sertão.
FRANCISCO JOSÉ PESSOA
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491
Seja palácio ou tapera,
piso de pedra ou de argila,
no lar onde o amor impera
até cascalho cintila!
FRANCISCO LUZIA NETTO
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492
Mar e terra acasalados,
na sacrossanta medida,
fazem sal… sêmens sagrados,
para dar sabor à vida.
FRANCISCO NEVES MACEDO
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493
Do amor não goza a poesia
quem a distância maldiz:
no tempo em que não te via
eu era bem mais feliz...
GILKA MACHADO
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494
Se ao céu não posso voar,
fico sorrindo às estrelas
e me contento em ganhar
a sorte de poder vê-las!
GISELE BUENO PINTO
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495
Aquela ponte que unia
nossas vilas ribeirinhas,
une, ainda, por magia,
tuas saudades e as minhas.
GISLAINE CANALES
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496
Se és veloz no pensamento,
no trânsito sê prudente.
Use o cinto, fique atento
mostre que és inteligente.
GLÉDIS TISSOT
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497
Se apenas o amor constrói.
não devemos esquecer,
que o ódio só nos destrói,
não nos deixando crescer.
GLEYDE COSTA
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498
A reflexão sempre cabe
de Sócrates, professor;
"Sabe o sábio que não sabe"...
Anotem ai, por favor!
GLICE SALES ALCÂNTARA
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499
Eu guardei, há muitos anos,
numa caixa, meus brinquedos,
hoje eu guardo desenganos,
recordações e segredos.
HELÁDIO FEITOSA E CASTRO
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500
Tinha um corpo delicado,
era asa delta em menina.
Agora é um carro enguiçado
que não sai mais da oficina,
HELENA KOLODY
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Olavo Bilac (A borboleta negra)
Madrugada de domingo no campo, longe da cidade. Logo à primeira claridade do dia, saem os dois de casa, com o Leão, seu companheiro inseparável.
O Leão é quase tão alto como eles. É um enorme cão da Terra Nova, todo negro, de pelo espesso, de goela imensa. É o terror do lugar. Quando ele passa na estrada, acompanhando as duas crianças, rosnando ameaçadoramente, todos se afastam com respeito. E, assim seguidos de perto pelo Leão, Henrique e Leonor estão mais livres de qualquer perigo do que se estivessem guardados por todo um exército.
Amanhecer de domingo. Longe, repica o sino da capela, anunciando a segunda missa. Ainda não saiu o sol.
O vento da manhã sacode as árvores molhadas de orvalho. Nos galhos altos, trilam os pássaros. O ar está cheio do aroma forte dos matos. Passam homens cantando. E o sino da capelinha, cujo repique tem a alegria ruidosa de uma risada de criança, continua a anunciar a missa.
Mas, Henrique e Leonor já foram à primeira missa. As duas crianças agitam no ar os seus grandes sacos de caçar borboletas. Henrique, que é quem carrega a tiracolo a bolsa em que vai o pão da merenda, sabe de um lugar em que há flores de toda espécie. Fica para lá da igreja: é uma pequena clareira dentro do mato, atapetada de uma relva fresca. Aí, onde o sol entra livremente, as borboletas voam, todo o dia, sugando o mel das flores, vibrando as asas rutilantes, azuis, vermelhas, douradas. É para lá que vão os três.
Leão trota na frente, pesado e enorme, sacudindo a grossa cauda negra. Às vezes, volta, vem lamber as mãos das crianças, e trota de novo, alegre, com a língua pendente e as orelhas abanando.
Lá vão eles... o sol ainda não saiu. Mas, já entre as nuvens cor de fogo, no nascente, aponta uma claridade viva, que ofusca. Das árvores, caem ainda, como diamantes soltos, os pingos do sereno. E Henrique diz, tiritando:
— Como fez frio esta noite, Leonor!
E tiritando, diz Leonor:
— Coitado, coitado de quem, sendo pobre e não tendo casa, teve de passar esta noite ao relento!...
E lá vão os três.
Já passaram a igreja, muito branca, muito pobre, posta, no alto de uma ladeira íngreme. Viram, na pequenina janela, rodar o sino, cantando, cantando sempre. Viram muita gente, à porta, esperando o padre... e seguiram. De repente, Henrique para:
— É aqui! — diz ele, e aponta uma picada aberta no mato — Olha, Leonor, olha! Já uma borboleta!
Uma borboleta grande, azul, riscada de ouro, saía, dançando no ar. Leonor bate palmas:
— Que linda! Que linda!
E Henrique exclama:
— Vais ver que porção de borboletas há lá dentro, Leonor!
E vão entrar. E Leão adianta-se, e dá dois passos no caminho estreito e escuro, rasgado no seio da folhagem. Mas o cão estaca. E começa a ladrar, a ladrar, a ladrar, furiosamente, perto de um embrulho que está no chão. As crianças aproximam-se, abaixam-se.
É um embrulho de panos e flanelas. Alguma coisa agita-se dentro dele. E, quando o Leão deixa de ladrar, as crianças ouvem um gemido muito fraco, muito fraco, que sai da trouxa, toda ensopada de orvalho. Trazem-na para o meio da estrada, com cautela. Abrem-na.
O sol já saiu. Que sol! O céu, todo azul, está inundado de luz. O sino continua a repicar. Nos galhos altos os pássaros cantam.
— Jesus! É uma criança! — exclama Leonor.
É uma criança recém-nascida que está dentro do embrulho de flanela, é uma criancinha preta, vagindo de manso, de manso, com os olhinhos fechados. Leonor, sentada no chão, põe no colo a criaturinha de pele preta, e começa a embalá-la, já com a seriedade de uma mulher feita: — Coitadinha! Coitadinha!
Henrique, muito sério, está de pé. Henrique é um homem... só tem 9 anos, mas é um homem! E um homem não deve chorar... mas Henrique está chorando, olha a criancinha preta que vage de manso, no colo da irmã. O Leão, curvado, sem ladrar, sacudindo a cauda, com a língua pendente, está também olhando a recém-nascida, com seus grandes olhos inteligentes e carinhosos.
— Coitadinha! Coitadinha! — repete Leonor.
— Que maldade! Que maldade! — murmura Henrique.
Então Leonor tem uma ideia:
— Henrique, vamos fazer uma surpresa à mamãe! Vamos levar-lhe esta pretinha!
Henrique dá um salto de alegria:
— Vamos Leonor!
E Leonor levanta-se, acomoda no colo o embrulho de panos e flanelas. Henrique apanha os dois grandes sacos de caçar borboletas. O Leão solta um latido de júbilo. E lá vão os três, correndo, pela estrada inundada de sol.
Adeus, borboletas azuis, vermelhas e douradas! Adeus borboletas de todas as cores, que estão bailando no ar, sobre as flores cheirosas e doces! Podeis bailar em sossego! Aqueles dois grandes sacos de gaze, que vinham buscar-vos, voltam para a casa vazios! Deixam-vos em paz, os caçadores! Não pensa em vós Leonor, que vai correndo, correndo, segurando com cautela aquele embrulho, dentro do qual há uma criancinha preta que chora... não pensa em vós Henrique, que corre atrás dela, calado e ofegante... não pensa em vós o Leão, que trota na frente, rosnando, enorme e pesado, com a língua pendente e as orelhas abandando... Podeis bailar em sossego! Hoje, Henrique não subirá, como um macaco, aos galhos altos das árvores, para apanhar os frutos e os ninhos. Hoje, Leonor, cansada de apanhar borboletas, não merendará sobre a relva. Hoje, Leão não dormirá a sua sesta, ao sol, nessa clareira aberta no mato...
Lá vão os três. Ainda passa muita gente que vai a missa. O sino ainda está lá, num repique festivo, chamando o povo. Passa muita gente... Mas os três não dão bom dia a ninguém. Vão correndo, vão correndo, porque querem fazer quanto antes uma surpresa à mamãe. E quando chegam à casa, diz Leonor:
— Devagarinho! Devagarinho!
Entram, como três ladrões. A casa está calada e quieta. A mamãe está com certeza na cozinha. Na varanda, Leonor senta-se, ajeita nos braços a criancinha, e fica a embalá-la, com a seriedade de uma mulher feita. E Henrique e o Leão correm para a cozinha. E, enquanto o cão salta e late, Henrique exclama:
— Mamãe! Mamãe! Venha ver uma borboleta negra que caçamos no mato!
Quando a mãe chega à varanda, para à porta, espantada, Leonor, com a voz trêmula, pergunta:
— Não é verdade, mamãe, que não podíamos deixar morrer de fome esta coitadinha? Que mãe malvada, mamãe! Que mãe malvada, que preta malvada a que abandonou assim esta filhinha! Não é verdade que mamãe também vai ser mãe dela?
— É verdade, minha filha! — diz a mãe. — Foi Deus quem conduziu vocês... Fizeram bem! Fizeram bem! O pão da nossa pobreza há de chegar para mais um filho.
E tomou nos braços a criancinha negra, única borboleta que Henrique, Leonor e o Leão caçaram nesse dia.
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OLAVO BILAC nasceu em 1865, no Rio de Janeiro/RJ. Cursou Medicina, abandonou o curso, tentou estudar Direito, também não concluiu, e passou a escrever para jornais cariocas. Em 1888, publicou seu primeiro livro - Poesias. No entanto, Bilac era firme em seus posicionamentos políticos e discordava do governo de Floriano Peixoto. Por fazer críticas a ele, foi preso em 1892 e também em 1894. O início do regime republicano, portanto, não foi muito agradável para o poeta. Em 1897, fundou, com outros intelectuais, a Academia Brasileira de Letras e ocupou a cadeira de número 15, cujo patrono é o escritor romântico Gonçalves Dias (1823-1864). No ano seguinte, passou a trabalhar como inspetor escolar. A partir daí, o escritor empreendeu uma campanha em prol do nacionalismo, e, inclusive, escreveu a letra do Hino à Bandeira, além de ter defendido o serviço militar obrigatório. Morreu em 1918, no Rio de Janeiro, deixando certo mistério sobre sua vida íntima. Nunca se casou. Um poeta parnasiano, crítico e nacionalista, mas, ao mesmo tempo, boêmio e libertário. Um homem rigoroso e prático, mas que tinha, possivelmente, uma alma romântica. Enfim, um indivíduo complexo, detentor de uma genialidade que o consagrou como Príncipe dos Poetas.
Fontes:
Olavo Bilac e Coelho Neto. Contos pátrios para crianças. Publicado originalmente em 1931. Disponível em Domínio Público.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
Jerson Brito (Asas da poesia) 12
Antonio Juraci Siqueira (Sina)
Águas de Março. Dilúvio equatorial engolindo a várzea. Na imensa e imersa paisagem líquida o homem agiganta-se na luta pela sobrevivência. Tudo se torna difícil sob o domínio absoluto das águas. A caça, vasqueira. O peixe e o camarão sumiram como por encanto. O açaí, em início de safra, mal começou a pretar. A fome ronda as cabanas erguidas sobre estacas às margens dos rios. Rios prenhes de solidão e de incertezas onde a esperança passa de bubuia à procura da tábua da salvação.
Em silêncio um casco desliza igarapé acima. Mãos ágeis manejam o remo enquanto olhos atentos varrem as copas dos açaizeiros em busca dos frutos da redenção. A safra promete ser generosa: árvores carregadas de cachos; uns verdes, outros na floração, mal saídos das fofóias (capa de proteção dos cachos de açaí). Os poucos que vão amadurecendo são disputados por periquitos e araçaris.
Venâncio, nascido e moldado sob o jugo dessa realidade, mantém estreita relação com o meio. Conhece, como a palma da própria mão, cada curva de rio, cada enseada, cada igarapé, cada barranco, cada árvore. Nutre particular afeição pelos açaizeiros e trata-os como extensão de sua família. Daí não ter aderido à exploração palmito, responsável pela dizimação de açaizais inteiros. Não atinava como um palmo de talo salobro, vendido por míseros centavos, pudesse valer mais que todo o açaí produzido durante anos a fio por uma única árvore. Não atinava.
Estanca o casco bruscamente e apura o olhar entre a folhagem: um grande cacho, ainda não totalmente preto, parece sorrir-lhe do alto. Encalha o casco na ribanceira e caminha, afoito, rumo à touceira de açaizeiros a poucos passos da margem do igarapé. Para subir providencia uma peconha entrelaçando folhas de açaizeiro e, em seguida, aplica golpes de terçado no chavascal que envolve a touceira, ação preventiva conta a presença de cobras e outros animais peçonhentos que costumam aninhar-se nesses locais. Ajeita a peconha nos pés, enfia o cabo do terçado no cós do calção, abraça-se à árvore e começa subir.
Já a conhece de outras safras; a cada ano vai ficando mais alta e flexível, enquanto que ele, mais pesado e lento. Vencido mais da metade do percurso o açaizeiro começa a vergar perigosamente. Uma rajada de vento faz a árvore inclinar-se ainda mais, obrigando-o a recuar estrategicamente. O cacho de açaí, a poucos metros, acena-lhe, desafiador. Precisa dele para garantir o pirão das crianças. Pensa nelas. Um menino e duas meninas. Pensa na companheira grávida, em véspera de parto, e ganha forças para continuar.
A ventania amaina. Recomeça a escalada, vence mais uns metros. Nova refrega, novo recuo. A altura é considerável. Olha para baixo e vê o igarapé como uma boiúna gigantesca serpenteando entre o matagal. Seus pés doem pressionados pela peconha e suas pernas, antes firmes, agora já tremem um pouco. Lembra do irmão mais velho, morto ao cair de um açaizeiro nas mesmas circunstâncias. Pensa em desistir. No meio da safra não se arriscaria tanto. Agora a situação é outra: ir até o fim ou voltar para casa de mãos abanando.
Apega-se à Nossa Senhora de Nazaré e vence, com rápidas braçadas, os últimos metros que o separam de seu objetivo. O arco atrás de si denuncia o limite máximo de resistência da árvore. Rápido e preciso retira o facão do cós do calção e golpeia a extremidade da munheca do cacho, arrancando-o da haste com a mão esquerda.
Como um raio escorrega até o meio da árvore que, livre do peso, volta à posição original. Trêmulo, suando frio, respira aliviado. O coração ainda bate forte mas já não há o que temer. Desce, agora sem pressa, até tocar o chão. Livra-se da peconha e firma o peso do corpo no chavascal.
Sente algo mover-se sob seus pés. Sente a picada. Uma dor fina, lancinante, indescritível percorre-lhe o corpo, do calcanhar à nuca. Rodopia sobre si mesmo e projeta-se ao solo sobre o cacho de açaí...
O Sol ainda vai alto mas os olhos de Venâncio, repentinamente anoitecidos, já não carecem de luz. Já não podem ver o rio, a mata, a jararaca esgueirando-se sorrateiramente entre a folhagem, nem a revoada de periquitos e araçaris que vieram prestar-lhe a última homenagem.
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ANTÔNIO JURACI ALMEIDA SIQUEIRA nasceu em Afuá, no Pará, em 1948. Escreveu diversas obras literárias, entre elas merecem destaque, O Chapéu do Boto (2003), Paca, Tatu; Cutia não! (2008), e Aumentei, Mas Não Menti (2016). Seus poemas, contos e trovas são principalmente inspirados no folclore, nas crenças e saberes populares e pela natureza amazônica. Popularmente ele é conhecido como "o boto" ou o poeta "filho do boto". Em 1978, e foi morar em Belém. cursou Licenciatura em Filosofia pela Universidade Federal do Pará, atua como instrutor de oficinas literárias, artista performista, contador de histórias, e leciona filosofia na rede pública de educação paraense. É considerado um dos poetas mais prolíferos da região Norte do Brasil. Seus trabalhos variam entre publicações de livros de literatura infantojuvenil, literatura de cordel, livros de poesias, contos, crônicas e textos humorísticos. Todo esse trabalho rendeu-lhe cerca de 200 premiações em concursos literários de diversos gêneros, tanto no âmbito nacional, quanto no estadual.
Fontes:
Blog do Boto Juraci
https://blogdobotojuraci.blogspot.com/2008/10/sina.html
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
Vereda da Poesia = 218
ANA ROLÃO PRETO
Soalheira/ Portugal
Olhando as folhas caídas
que o vento arrasta no chão,
fico a pensar nessas vidas
a que ninguém deu a mão.
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Soneto de
ANÍBAL BEÇA
Manaus/ AM, 1946 – 2009
SIMPLES SONETO
Desejado soneto este que é escrito
sem as firulas graves do solene,
que leva na palavra o simples rito
da fala cotidiana. Não condene
no entanto, a falta de um estro especioso,
nem de brega rotule esse meu vezo.
Apenas sinta o som oco e poroso
do fundo mar de anêmonas, o peso
rarefeito das algas nos peraus.
Essa cantiga filtra nossos medos,
as culpas e os tabus, e dá-me o aval
para buscar o simples e em querê-lo
ornamento de estética espartana
na faxina ao supérfluo que se espana.
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Trova de
ANTÓNIO JOSÉ BARRADAS BARROSO
Parede/ Portugal
Vivemos um tempo duro
em que nada nos convence,
não me indaguem do Futuro,
que o Futuro a Deus pertence.
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Poema de
SILVIAH CARVALHO
Manaus/AM
A SÚPLICA DO BEIJA-FLOR
...Quanto a mim, da solidão me vesti,
Vi sangrar o meu coração sem paz,
A segredar à noite tudo que vivi,
Reluto sozinha, não volto atrás.
O sossego das noites não refrigera meus dias,
Poeta beija-flor... Perdi essa identidade!
Exilada morro aos poucos e comigo a poesia,
Tantos “não” que do “sim”, sinto saudades.
Quisera ressuscitar-me, não mais amar...
Já não percebo do amor o fulgor,
Só o silencio que sua ausência deixou.
Eu preciso me redescobrir no teu olhar,
Voar na essência e sabor do seu vasto jardim,
Alimenta esse beija-flor, traga néctar pra mim...
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Trova de
AUGUSTO GIL
Lordelo de Ouro/ Portugal
Teus olhos, contas escuras,
são duas Ave-Marias
do rosário de amarguras
que eu rezo todos os dias!
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Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal
ENERVA-ME ESTA CHUVA IMPERTINENTE
(Fernandes Valente Sobrinho in "Poemas Escolhidos", p. 127)
Enerva-me esta chuva impertinente
Que tomba lá dos céus feitos de breu
E as gotas são o pranto que nasceu
De nuvens que tivessem dor de gente.
O vento ainda faz mais repelente
Cada pingo que o meu rosto ofendeu
Lágrima que do ar se desprendeu
Como um cristal da mágoa que alguém sente.
A chuva tudo alaga, tudo invade
Deixando o fino véu dessa umidade
Caído pelo chão, pênsil dos ramos.
E sobe uma revolta ao meu olhar;
Por que há de a Natureza assim chorar
Do modo como nós também choramos?
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Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP
Presença eterna do ausente,
perfume em frasco vazado,
saudade é sombra incoerente
num coração apagado.
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Poema de
AFONSO FREDERICO SCHMIDT
Cubatão/ SP, 1890-1964, São Paulo/SP
OS PEQUENOS VARREDORES
Pela escura avenida arborizada,
ninguém. Lá para cima,
escuta-se um rumor que se aproxima,
nuvens rolando pelo chão, mais nada...
Depois, enche-se a noite de pavores,
há risos, pragas, uivos;
dançam, ao longe, contra o vento, ruivos
de poeira, pequeninos varredores.
De ombros estreitos e de faces cavas,
lutam com seus destinos,
nas horas em que todos os meninos
dormem e sonham com princesas flavas.
Há, entre eles, alguns que são precoces,
fumam e bebem. Vários,
transitam para a noite dos ossários,
têm o pulmão comido pelas tosses.
Arrastando o esqualor destas sarjetas,
dirão, olhos em brasa,
que é melhor acabar na Santa Casa
do que viver assim, como grilhetas.
E lá se vão. A nuvem se adelgaça;
um senhor, na alameda
sem luz, toma do lenço, que é de seda,
tapa o nariz, inclina a fronte, e passa…
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Trova do
PROFESSOR GARCIA
Caicó/ RN
Se o tempo me desse tempo,
de fazer mais do que faço,
queimava a sobra do tempo
no calor do teu abraço!
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Soneto de
FILEMON MARTINS
São Paulo/ SP
GARIMPANDO A FELICIDADE
Vou garimpando pela vida afora
a lição de Humildade que conforta
e traz ao coração a Luz da aurora,
mesmo que a crença já pareça morta.
De solo em solo, busco sem demora
o cascalho do Amor que aduba a horta.
Busco a pedra da Fé, que revigora
e prepara o caminho abrindo a porta.
Não quero, meu amigo, andar a esmo,
minha sorte depende de mim mesmo,
que a vida pode ser melhor assim.
E se meus passos forem tão errantes,
buscando joias, pedras, diamantes,
- não haverá felicidade em mim!
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Trova de
CATARINA BLASQUES DE OLIVEIRA BARROSO
Parede/ Portugal
Deus, escuta minha prece,
não me deixes ser assim,
se a tentação acontece,
tem piedade de mim.
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Poetrix de
GERALDO TROMBIN
Americana/SP
FUNDO MUSICAL
Pisou fundo no acelerador,
Bateu de frente com o infortúnio.
Marcha fúnebre!
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Soneto de
AUTA DE SOUZA
Macaíba/RN, 1876 – 1901, Natal/RN+
POBRE FLOR!
Deu-ma um dia uma antiga companheira
Do tempinho feliz de adolescente;
E os meus lábios roçaram docemente
Pelas folhas da nívea feiticeira.
Como se apaga uma ilusão primeira,
Um sonho estremecido e resplendente,
Eu beijei-lhe a corola, rescendente
Inda mais que a da flor da laranjeira.
E como amava o seu formoso brilho!
Tinha-lhe quase essa afeição sagrada
Da jovem mãe ao seu primeiro filho.
Dei-lhe no seio uma pousada franca...
Mas, ai! depressa ela murchou, coitada!
Doce e mísera flor, cheirosa e branca!
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Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ
Felicidade é somente
uma visita apressada
que aparece de repente
e parte sem dizer nada.
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Hino de
CANELA/ RS
Canela, terra querida
Onde a gente vive mais
Possuis pinheiros frondosos
E paisagens naturais
No inverno cai branca neve
Neve de encantos mil
Nossa Suíça encantadora
A Suíça do Brasil
Deus, o criador do mundo
Escultor da natureza
Colocou-te junto ao céu
Premiou-te com a beleza
Enfeitou tua existência
E com flores deu teu nome
A cidade do turismo
A cidade das hortências
Canela, terra querida
Onde a gente vive mais
Possuis pinheiros frondosos
E paisagens naturais
No inverno cai branca neve
Neve de encantos mil
Nossa Suíça encantadora
A Suíça do Brasil
Do turista és preferida
Por tua brisa refrescante
És a terra mais querida
Num recanto exuberante
Se existe o céu na terra
Num pedaço do Rio Grande
É na mais bela cidade
Na cidade de Canela
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Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ
RESTOS DE SONHOS
Passou a juventude, a sua glória,
inconsequentes risos e paqueras.
Tudo se transformou em vãs quimeras
e a vida de euforia é só memória.
No presente as carências aceleras,
em sonhos de passadas trajetórias.
Mas, a vida em cobranças compulsórias,
deixa-te somente sonhos que veneras.
Duvidosa promessa já acolhida,
não deixa tua alma já liberta
desta lembrança triste, animicida.
Restos de sonhos e esperanças cedem
e o esquecimento nesta fresta aberta,
invade os pensamentos que se perdem.
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Trova de
DEODATO PIRES
Olhão/ Portugal
Neste mundo em convulsão
dia a dia a denegrir
temo com apreensão
o que será o porvir…
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Cantiga Infantil de Roda
ROCK DO RATINHO
(Cyro de Souza)
Era uma vez um ratinho pequenino
que namorava uma ratinha pequenina
e os dois se encontravam todo dia
num buraquinho na esquina
rock rock rock rock rock
é o rato e a ratinha namorando
rock rock rock rock rock
é o rato e a ratinha se beijando
o ratinho lhe trazia todo dia
um pedaço de toucinho fumeiro
um tiquinho de manteiga, um queijinho
e um pouquinho de manteiga no focinho
rock rock rock rock rock
é o sino da igreja badalando
rock rock rock rock rock
é o ratinho e a ratinha se casando…
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Trova Popular de
AUTOR ANÔNIMO
Na rua não sei de onde
puseram não sei que santo,
pra rezar não sei o quê,
e ganhar não sei lá quanto.
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
JANELA DE SONHOS...
A janela entreaberta
Ainda à espera
Dos sons da tua volta...
Há tanto silêncio
Em tua ausência,
Que inquieta a alma...
Busco teu olhar, tuas mãos
E não as encontro,
Encontro à saudade
Que se despe
Das rendas tecidas de poesias
E deságua
Em lágrimas…
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Trova de
DIMAS LOPES DE ALMEIDA
Vila Nova de Gaia/ Portugal
Um moinho de ilusão
no meu peito se contém,
pois não vivo só de pão,
vivo de sonhos também.
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