quarta-feira, 3 de abril de 2024

Recordando Velhas Canções (Brigas)


Altemar Dutra

Veja só
Que tolice nós dois
Brigarmos tanto assim
Se depois

Vamos nós a sorrir
Trocar de bem no fim
Para quê maltratarmos o amor?
O amor não se maltrata não

Para quê? Se essa gente o que quer
É ver nossa separação
Brigo eu
Você briga também
Por coisas tão banais

E o amor
Em momentos assim
Morre um pouquinho mais
E ao morrer então é que se vê
Que quem morreu fui eu e foi você
Pois sem amor
Estamos sós
Morremos nós
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

A Reflexão Sobre o Amor e as Brigas em 'Brigas' de Altemar Dutra
A música 'Brigas', interpretada pelo saudoso Altemar Dutra, é uma balada romântica que aborda a temática das desavenças comuns em relacionamentos amorosos e o impacto negativo que elas podem ter. A letra inicia com uma interpelação direta, chamando a atenção para a futilidade das brigas entre o casal, questionando a razão de tanta discórdia se, no final, ambos acabam se reconciliando e trocando carinhos.

O refrão da canção é um apelo ao bom senso, destacando que o amor não deve ser maltratado. A música sugere que as brigas são vistas por outros como um prenúncio de separação, o que pode ser interpretado como uma crítica à tendência das pessoas de se envolverem ou se alegrarem com o conflito alheio. Altemar Dutra, com sua voz marcante, transmite a mensagem de que as discussões por motivos triviais vão aos poucos desgastando o amor, que é apresentado quase como uma entidade viva que sofre e pode morrer com essas atitudes.

A conclusão da música é uma reflexão melancólica sobre a morte do amor, que é equiparada à morte dos próprios envolvidos no relacionamento. Sem amor, eles se veem sozinhos e, metaforicamente, mortos. A canção, portanto, serve como um alerta para a importância de cuidar do amor e evitar que as pequenas brigas cotidianas levem a um desfecho trágico para a relação.

Aparecido Raimundo de Souza (Escarlate sob o cinza )

“BIRA PENACHO”, era o apontador de lápis da Luana Cristina, a menina dos cabelos verdes. Ao contrário dos seus colegas, o fulano Bira não tinha o menor senso de delicadeza. De ridículo, então, nem se fala. Pedante e extremamente grosseiro, se fazia malcriado até dizer chega. Vivia rindo de tudo e de todos, como se fosse uma hiena. Os demais pertencentes ao mesmo estojo escolar inserido dentro da mochila de Luana Cristina, a menina dos cabelos verdes, achavam o Bira um tremendo chato. Outros, igualmente, tinham por ele uma espécie de aversão repulsiva. A “Borracha” Sofia, por exemplo, vivia em constante atrito com a figura, sem falar no Beto, um tremendo “Giz de cera” que, de vez em quando, partia para cima dele, disposto a fazê-lo em pedacinhos. Bira Penacho, em verdade, nasceu com uma sorte danada. Tinha depósito próprio, encimado por uma tampa que evitava que se espalhassem os resíduos acumulados. Seu corpo, no pensar da Cíntia, a “Caneta Esferográfica,” dava a impressão de ser meio quadrado. 

Todavia, o indisciplinado possuía um tamanho compacto. O rosto lembrava um pastel recém tirado da gordura quente e seus olhos tremendamente transparentes, denunciavam uma visão negra da sua alma em frangalhos. Outros semelhantes a ele, cuidavam das pontas dos lápis com carinho. Bira Penacho parecia carregar consigo a missão pessoal de causar o máximo de incômodo e desconforto possível em seus pares, notadamente na hora de cuidar do lápis Chico, o “Redondo.” No mesmo engodo, metia os dentes sem dó nem piedade, no Valtinho, um “Sextavado” e, de quebra, sacaneava o Juca, um lápis “Triangular.” “Triangular” queria ver o diabo, a se submeter às garras de suas lâminas que ele cognominara de “trituradoras.” Sem mencionar o box do Bira, que cheirava à comida estragada. Para completar o quadro horrível e dantesco, Bira Penacho, às escondidas, usava uma manivela que girava com uma agressividade digna de um furacão. Quando um outro lápis qualquer se aproximava, Bira Penacho o agarrava pelo pescoço, sem cerimônia, como se estivesse prestes a enfrentar um inimigo mortal. 

O desgraçado e indefeso lápis tremia feito vara verde em suas mãos que, segundo relatos a outros consanguíneos, se assemelhavam aos gonzos rangentes das portas do inferno ao serem escancaradas.
— Vamos lá, seu lápis preguiçoso! –, exclamava o Bira Penacho girando a tal manivela com força. Não tenho o dia todo para ficar enrolando com você.

O desvalido lápis gemia enquanto as lascas de madeira voavam. Bira Penacho não se importava. Ele estava determinado a apontar aquele desamparado lápis até que não restasse mais nada além de um toquinho insignificante. O pior ainda estava por vir. Bira Penacho se abria numa risada irritante. Não propriamente uma gargalhada. O troço se assemelhava a um som metálico que ecoava como um esgar jubiloso inundando todo o ambiente.
—  Há, há, há...! Veja só, mais uma ponta perfeita! 

Ele anunciava exibindo à plateia estarrecida o empalidecido e troncho lápis, agora adelgaçado como uma faca imoderadamente afiada. Os outros inquilinos do estojo olhavam com desdém para o metido a “gostosão.” Alguns alimentavam por ele um ódio mortal, como o Petrônio “Marca-texto” e Mauricio, o “Corretivo.” Eles procuravam ser gentis e pacientes, sabendo, de antemão, que cada lápis integrante do grupo merecia respeito e dignidade. Bira Penacho, não se importava com essas bobagens. Ele queria resultados rápidos. Mesmo que isso significasse sacrificar a qualidade de seus serviços à comunidade batizada como “Os Doze.”

Certo dia, o Daniel, um lápis “Rebelde” decidiu enfrentar o prepotente e arrogante. Daniel, entre seus pares, um elegante “Lápis Escarlate,” com uma borracha enorme grudada na ponta. Ele se recusou a entrar na boca de metal do polêmico apontador. Gritou, a plenos pulmões.
— Não vou me submeter a essa tortura!” –, alardeou fora de si. “Prefiro ficar cego a passar por isso.”

Bira Penacho enfezou. Subiu nos tamancos. Esperneou, xingou, rosnou, vociferou. Fez ameaças, latiu cobras e lagartos: 
— Você vai me deixar entrar e fazer o meu trabalho, querendo ou não! 

A certa altura do fuzuê, Bira Penacho, num descuido de seu opositor, agarrou o Daniel com uma força jamais vista. Em seguida, girou a manivela com fúria descontrolada. Daniel resistiu. A borracha agarrada na ponta, em face da força empregada, inchou. Se expandiu, triplicando. Tal reação, atravancou o metal. Com um estalo alto, a manivela sob a pressão efetiva, não se sabe como, quebrou. Se despedaçou. Bira Penacho prostrou a fuça incrédula. Seus olhos esbugalhados se toldaram de cinza. Olhava para o pedaço de metal em suas mãos. Daniel, o “Lápis Vermelho” ou o “Rebelde,” sem esperar por nova onda de sorte,  escapou por pura sorte.

— Isso é o que acontece quando se é tão imbecil e metido a valente, quanto você” –, observou Daniel. E sem mais delongas, mandou a cacetada final.
— Agora, vê se aprende a ser mais gentil com os meus outros irmãos lápis e não só com eles, com todos que fazem parte do material escolar, especificamente do estojo que a nossa querida e amável Luaninha Cristina, a fofura exuberante e charmosa dos cabelos verdes nos leva todos os dias, em sua mochila, para a escola onde estuda.

Bira Penacho, desde esse dia em diante, da vergonha pela qual passou, nunca mais foi o mesmo.  Se tornou um apontador mais cauteloso e cuidadoso, aprendendo a valorizar cada lápis que cruzava seu caminho. Às vezes, quando ninguém estava olhando, deixava rolar algumas lágrimas ao rememorar o fatídico dia em que um simples lápis com o diploma de “Rebelde” o derrotou diante de todos. Numa forma não esperada, termina as proezas espalhafatosas do Bira Penacho, um apontador de lápis esquisito e inconsequente, nascido com o sangue das resinas termoplásticas e as carnes temperadas com lâminas de aço carbono. Por certo, o despudorado mambembe aprendeu a lição mais importante: a gentileza, a complacência, a cortesia, a urbanidade e o obséquio devem ser como um leque abrangente de elegâncias caminhando irmanados, não obviamente como um par de garras afiadas. Ao contrário, como estiletes em harmonia, dispostos a mudarem tudo para que os conformes se coadunem e se atraiam, sobretudo convivam em constante, impecável e imorredoura paz coletiva. Luana Cristina a menina dos cabelos verdes, a dona do estojo, nunca soube de tal acontecimento.

Fonte>Texto enviado pelo autor 

terça-feira, 2 de abril de 2024

Edy Soares (Fragata de versos) – 45: Eterno Gregório de Matos

 

Therezinha Dieguez Brisolla (Um Brinde à vida)

A pergunta me pegou de surpresa: — Bisa, você é velha ou idosa? Sorri... e, com a mesma paciência com que respondi a centenas de alunos, em trinta anos de magistério, expliquei ao bisneto que as duas palavras têm o mesmo significado, porém para sermos educados com as pessoas em idade avançada, as chamamos de idosas. A explicação o convenceu... deu-me um beijo e voltou ao jogo de videogame. Mas, a mim não convenceu!...

Um estudo recente que causou polêmicas, concluiu que: Velho é aquele que não tem mais planos futuros e, com resignação, espera o seu fim. Idoso é aquele que, apesar da idade, é ativo, sente prazer na leitura, ouve e lê notícias para manter-se atualizado, tenta adaptar-se à tecnologia moderna, acredita no amor e ainda sonha!

A conversa levou-me a vigiar meu comportamento no convívio com os quatro filhos, sete netos, seis bisnetos, dois genros, a nora e dezenas de amigos.

Tenho a idade da Revolução Constitucionalista de 1932. É claro que pela idade – 89 anos – eu sou de ontem!...

Sou do tempo em que o meio de transporte era o trole. Acomodei-me nos bancos das jardineiras, em estradas poeirentas, experimentei a emoção do bonde elétrico, em trilhos nas ruas calçadas com paralelepípedos e encantei-me com a magia do trem, em vagões puxados pela máquina a vapor, a Maria Fumaça.

Vivi o tempo do rádio, as notícias dadas pelo Repórter Esso “o primeiro a dar as últimas” e ouvindo e cantando as músicas cujas letras sabia de cor.

Sou do tempo do telefone preso à parede e da vitrola, com discos de vinil – Long Plays e Compactos... ambos os aparelhos movidos a manivelas. Do circo mambembe, que alegrava nossos finais de semana. Do fotógrafo de rua, o Lambe-lambe e das idas aos estúdios fotográficos, para as fotos em preto e branco, registrarem os eventos sociais.

Dancei as cirandas, na praça da cidade, com a banda militar tocando dobrados, no coreto e, depois, as valsas e os boleros, em clubes, ao som de conjuntos musicais. Frequentei quermesses, à espera do “correio elegante” (uma declaração de amor, velada), alegrei-me com a Dança da Quadrilha, em festas juninas... Vesti a roupa da moda para fazer o “footing”, viver a emoção do flerte, do primeiro amor, do namoro de mãos dadas...

Morei em casas térreas, com portas e janelas abertas para a rua, em um tempo em que o contrato de locação era a palavra dada.

À noite, após o trabalho, os vizinhos se reuniam na calçada – as cadeiras em roda – e comentavam os acontecimentos do dia. As crianças corriam pelas ruas brincando de esconde-esconde, de boca de forno, de roda... Os brinquedos eram feitos por nós: a peteca, a boneca de pano, a bola de meia, as pipas coloridas...

E a alegria para se preparar para fazer ou receber visitas! O lanche feito com carinho, o pão quentinho, assado no forno de pedra construído no quintal, os bolinhos de chuva, o suco para as crianças e o café para os adultos, feito no fogão a lenha e servido no bule de ágata.

Ah, nossos Natais! O presépio com as figuras principais, os patinhos de celuloide sobre os cacos de um espelho, imitando lagos, montado na sala de visitas, onde nos reuníamos com os vizinhos para a novena do Advento. A inocência de acreditar em Papai Noel...

A chegada do Carnaval era uma festa! Os pais levavam as crianças para apreciar os corsos carnavalescos, com Pierrôs e Colombinas, em carros abertos, as marchinhas “na ponta da língua”.

Sou de um tempo em que se pedia a bênção aos pais, tios, avós e padrinhos. Em que os alunos se levantavam quando o professor entrava na sala de aula e em que a professora era “a segunda mãe”.

A chegada da televisão já havia revolucionado o mundo, quando assistimos emocionados o homem pisar no solo da Lua, em 1969. Anos depois, a televisão em cores e o programa do Chacrinha, com suas chacretes, era líder de audiência e usava e abusava do meu nome: Alô, alô Terezinha...

O rádio foi desligado e esquecido. Em compensação, a minha máquina Remington trabalhava sem parar, quando datilografava meus escritos para os concursos de trovas, crônicas, contos e haicais.

Um dia, ouvi falar que o computador viera para agilizar esse trabalho mas, não me interessei... Até o momento em que recebi da filha e genro um presente que foi ligado à tomada e me explicaram que as mensagens chegariam em meu e-mail. Pediram que eu lesse um que já havia sido enviado e que dizia: “Agora vai ter que aprender”.

E aprendi: por telefone fixo, com o monitor ligado e ouvindo as explicações: — Mãe, está vendo aquele botão lá no alto, à direita? Aperte e me diga o que apareceu na tela... Pouco tempo depois já sabia o que chamo de “o básico do básico”.

Meus trabalhos, agora, são digitados. Assim editei meu livro de trovas e sonetos “À Procura de Estrelas”, aos 80 anos. Hoje tenho uma senha, um e-mail, recebo e envio textos... E quando tenho dúvidas, as pesquisas são feitas no Google.

A máquina Remington foi guardada, com o carinho que merece e ainda a uso quando a Internet falha.

Não satisfeitos, a filha e o genro, me “presentearam” com um celular e que trabalho me deu! Guardei, ao lado da Remington, as três máquinas fotográficas, desliguei o telefone fixo e empilhei meus álbuns de fotografias na estante – as fotos agora ficam “armazenadas” no computador e quando quero vê-las basta abrir a pasta onde estão. E aqui estou eu tentando adaptar-me a um mundo completamente diferente para poder dialogar, principalmente, com netos e bisnetos.

O ritual começa logo cedo, antes das 6 horas da manhã. Coloco água para o café, no fogão a gás e ligo o celular na tomada. Pronto, já estou on-line... Mando e respondo as mensagens mais urgentes pois, de manhã, sou “dona de casa. Após o almoço, ligo a TV para as notícias e fico a par do que acontece lá fora. Ouvi falar que alguns idosos fazem a sesta – um cochilo após o almoço – mas não faz parte da minha agenda. À tarde quem trabalha é a mente: leio, escrevo, faço trovas, navego na Internet...

Faço parte de quatro grupos que se comunicam, diariamente, pelo WhatsApp: dois de Recife e dois da UBT porque sou a Secretária Nacional da entidade. Da memória não me queixo e lembro-me, com facilidade, de datas históricas, números de telefones e aniversários.

Ao completar 89 anos concluí que, apesar de “ser de ontem” eu não sou velha, e sim, idosa: amo a vida, tenho sonhos e vivo com alegria o momento presente, porque como disse Mia Couto: “A vida passa tão depressa que, às vezes, a alma não tem tempo de envelhecer”.

Fonte> Flávia Suassuna (coord.). Rede solidária: coletânea de textos. 2021. Ebook enviado pela Therezinha D. Brisolla

Professor Garcia (Pantuns) IX


PANTUN DA VIDA CIRCENSE

TROVA TEMA:
No picadeiro da vida
às vezes somos palhaços:
com atitude fingida
maquiamos os fracassos.
(Hélio Pedro – RN)

PANTUN:
Às vezes somos palhaços:
E nesse circo sem pano,
maquiamos os fracassos
ante a incerteza e o engano.

E nesse circo sem pano,
com tanta banalidade,
ante a incerteza e o engano,
as marcas vis da maldade.

Com tanta banalidade,
vê-se em qualquer direção,
as marcas vis da maldade
moldando as marcas no chão.

Vê-se em qualquer direção,
a maldade desmedida,
moldando as marcas no chão
no picadeiro da vida.
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PANTUN DO FRATERNO ABRAÇO

TROVA TEMA:
O abraço meigo e fraterno,
refletindo nitidez,
no retrato fez eterno
tudo o que o tempo desfez.
(Hélio Alexandre – RN)

PANTUN:
Refletindo nitidez,
guardo ainda por lembrança,
tudo o que o tempo desfez
nesta foto de criança,

Guardo ainda por lembrança,
a paz dos nossos perfis,
nesta foto de criança
que tanto nos fez feliz.

A paz dos nossos perfis,
está na fotografia
que tanto nos fez feliz
nas marcas de cada dia.

Está na fotografia,
A expressão do amor eterno,
nas marcas de cada dia,
o abraço meigo e fraterno.
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PANTUN DE ELEVADA PRECE

TROVA TEMA:
Na aurora de cada dia,
a Deus elevo uma prece;
- Pai, enchei de poesia
nosso povo que padece!
(Joamir Medeiros – RN)

PANTUN:
A Deus elevo uma prece;
ó Pai, salvai por favor,
nosso povo que padece
por falta de pão, de amor,

Ó Pai, salvai por favor,
os excluídos do afeto,
por falta de pão, de amor,
vivem sem lar e sem teto.

Os excluídos do afeto,
não têm voz, nem têm razão,
vivem sem lar e sem teto
ante a cruel exclusão.

Não têm voz, nem têm razão,
por berço, a melancolia,
ante a cruel exclusão
na aurora de cada dia.
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PANTUN DA PEDRA ESCONDIDA

TROVA TEMA:
Nas ruas da minha vida
quantas pedras eu saltei,
mas a pequena escondida,..
Foi nela que eu tropecei!
(Vera Maria Bastos Braz – MG)

PANTUN:
Quantas pedras eu saltei,
na menor de todas elas,
foi nela que eu tropecei
em meio a pedras tão belas.

Na menor de todas elas,
eu vi um brilho tão forte,
em meio a pedras tão belas
há nela, o brilho da sorte.

Eu vi um brilho tão forte,
e essa luz, eu nâo renego,
há nela, o brilho da sorte
da velha cruz que carrego.

E essa luz, eu não renego,
eis a forma desmedida,
da velha cruz que carrego
nas ruas de minha vida!
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PANTUN DA ETERNA ILUSÃO

TROVA TEMA:
Foi pela guerra enlutada...
Mas a ilusão de Maria
Fincava os olhos na estrada
Quando a porteira batia!...
(José Messias Braz – MG)

PANTUN:
Mas a ilusão de Maria
era um eterno estribilho;
quando a porteira batia
ela ouvia a voz do filho.

Era um eterno estribilho;
quanto mais a mãe rezava,
ela ouvia a voz do filho
que da guerra não voltava.

Quanto mais a mãe rezava,
mais sentia entre os arcanjos
que da guerra não voltava,
que o filho estava entre os anjos.

Mais sentia entre os arcanjos
já chegando ao fim da estrada,
que o filho estava entre os anjos.
Foi pela guerra enlutada!...
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PANTUN DA ALMA ARREPENDIDA

TROVA TEMA:
Na praça da minha vida
vi, de joelhos, em vão,
uma ofensa arrependida
pedindo abraço ao perdão...
(José Valdez de Castro Moura – SP)

PANTUN:
Vi, de joelhos, em vão,
um alguém, que nunca via,
pedindo abraço ao perdão
no altar da Virgem Maria.

Um alguém, que nunca via,
Confessa os pecados seus,
No altar da Virgem Maria,
pedindo perdão a Deus.

Confessa os pecados seus,
por sentir-se angustiada;
pedindo perdão a Deus
vi a pobre alma penada.

Por sentir-se angustiada,
tristonha e arrependida,
vi a pobre alma penada
na praça da minha vida.
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PANTUN DOS DESAJUSTADOS

TROVA TEMA:
Quando a família é rompida
por atos cegos, tiranos,
deixa destroços de vida,
restos de seres humanos.
(Manoel Cavalcante – RN)

PANTUN:
Por atos cegos, tiranos,
por ciúme ou por loucura,
restos de seres humanos
são sobras da desventura.

Por ciúme ou por loucura,
as decisões mal tomadas,
são sobras da desventura
de vidas abandonadas.

As decisões mal tomadas,
as vezes gera a desgraça
de vidas abandonadas
jogadas no chão da praça.

As vezes gera a desgraça
das almas cheias de vida,
jogadas no chão da praça
quando a família é rompida.
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PANTUN DOS MARES DA VIDA

TROVA TEMA:
Singrei mares de agonia,
lutei contra vendavais,
para achar a calmaria
que só encontro em teu cais.
(Lisete Johnson – RS)

PANTUN:
Lutei contra vendavais,
tentando encontrar alguém,
que só encontro em teu cais,
e no cais de mais ninguém.

Tentando encontrar alguém,
procuro por todo canto;
e no cais de mais ninguém,
ninguém verá mais meu pranto.

Procuro por todo canto,
esse alguém, que disse adeus;
ninguém verá mais meu pranto
no pranto dos olhos meus.

Esse alguém, que disse adeus,
me tez sofrer todo dia;
no pranto dos olhos meus,
singrei mares de agonia.

Fonte> Professor Garcia. Poemas do meu cantar. Natal/RN: Trairy, 2020. Enviado pelo autor.

Contos e Lendas do Mundo (Finlândia: O galo velho)

Era uma vez um palácio cujo proprietário tinha um galo velho, que, devido à sua idade avançada, o pessoal da casa não quis continuar a alimentar, pelo que o galo teve de mendigar nas cercanias para se poder sustentar. Mas como dessa forma tampouco conseguia obter comida em quantidade suficiente, decidiu regressar a casa. Pelo caminho, cruzou com uma raposa, que lhe perguntou:

— Onde vais, meu galozinho?

— Volto para casa, porque nem a mendigar se consegue nada! - respondeu o galo.

— Leva-me contigo.

— Não tenho forças suficientes para poder carregar-te às costas, mas levo-te se te transformares em pulga e te meteres debaixo da minha asa.

A raposa transformou-se, pois, numa pulga e refugiou-se no lugar indicado. O galo reatou a marcha e, mais tarde, deparou-se com um lobo, que perguntou:

— Onde vais, meu galozinho?

— Para casa.

Ao inteirar-se, quis acompanhá-lo a todo o custo, pelo que pediu:

— Leva-me contigo!

— Transforma-te numa pulga e mete-te entre as penas das minhas costas, e levo-te.

O lobo transformou-se numa pulga e o galo introduziu-a entre as penas do dorso.

Depois de percorrer mais um pouco de terreno, encontrou um urso, que também lhe pediu que o levasse. O galo disse-lhe que se transformasse numa pulga e, quando o urso o fez, introduziu-a entre as penas de uma perna.

A seguir, prosseguiu o seu caminho e chegou finalmente ao seu antigo lar, dirigindo-se para o pátio, onde começou a cantar:

Cocorocó! Cocorocó!
O galo tem um esporão dourado!
Mas o amo é um canalha
e para a rua foi mandado!

Ao ouvir isto, o proprietário do palácio ficou furioso e ordenou a um serviçal que matasse o galo. No entanto, o homem condoeu-se dele porque cantava muito bem e recusou cumprir a ordem, argumentando que o repugnava ter de por termo à vida da ave.

— Então, leva-o para o estábulo e deixa-o no meio dos cavalos selvagens, que o matarão aos coices — decidiu o rei.

Assim, o galo foi levado para o estábulo, mas não sofreu qualquer ataque, porque, quando os cavalos começaram os coices, disse simplesmente:

— Sai da minha perna, urso querido, come todos os que quiseres e mata os restantes!

Surgiu imediatamente o urso que se tinha transformado em pulga e ocultado entre as penas de uma das pernas do galo, que comeu todos os cavalos que pôde e matou os outros.

No dia seguinte, o rei apresentou-se no estábulo, a fim de se certificar pessoalmente de que os cavalos tinham esmagado o galo.

Este, porém, que continuava vivo, cantou como na ocasião anterior:

Cocorocó! Cocorocó!
O galo tem um esporão dourado!
Mas o amo é um canalha
e para a rua foi mandado!

Havia no palácio doze touros invulgarmente corpulentos e bravos, pelo que o rei ordenou ao serviçal:

— Atiça os touros contra o galo, para que o trespassem com os chifres. Desta vez, não escapará à morte e poremos termo ao seu irritante cacarejar.

E assim se fez. Mas quando os touros se preparavam para o atacar, o galo extraiu a pulga que se alojava sob as penas das costas, a qual se transformou de novo em lobo, que devorou e degolou os touros, após o que o galo se pôs a cantar como nas outras vezes:

Cocorocó! Cocorocó!
O galo tem um esporão dourado!
Mas o amo é um canalha
e para a rua foi mandado!

O rei, que o ouviu, enfureceu-se e disse aos serviçais:

— Ainda nos restam doze bodes muito ferozes. Levem o galo ao seu estábulo, para que passe lá a noite. Veremos se, desta vez, continuará com o seu cocorocó!

Dito e feito: o galo foi levado ao local indicado e encerraram-no com os bodes, os quais se precipitaram imediatamente para ele, dispostos a atravessá-lo com os chifres. No entanto, o galo sabia perfeitamente o que devia fazer: extraiu de entre as penas a terceira pulga, que se transformou em raposa e os degolou. Deixou-os em tal estado que horrorizava vê-los, e devorou toda a carne que pôde.

Na manhã seguinte, o rei e os serviçais foram ver o resultado do seu estratagema e verificaram que o galo continuava vivo. Mal abriram a porta, a raposa saiu sem que a vissem e partiu com destino desconhecido.

A fúria do monarca foi novamente quase apopléctica, e decidiu:

— Tenho de matar essa maldita ave, seja como for!

E dispôs-se a eliminar o galo com as suas próprias mãos. Por conseguinte, agarrou-o e começou a torcer-lhe o pescoço, mas, já moribundo, o galo disse:

— Não te livrarás de mim, nem morto. Voltarás a ouvir a minha voz, mas o teu fim estará então próximo.

Ao escutar estas palavras, o rei disse para consigo: "Tenho de comer este maldito alvoroçador! Assim, deixará de cantar para sempre!"

Mandou, pois, assar o galo e organizou um banquete, para o qual convidou todos os fidalgos vizinhos e muitos outros. Na data fixada, sentaram-se em torno da enorme mesa e principiaram a comer. O rei pegou então no galo assado com as mãos, cortou um pedaço e levou-o à boca, dizendo:

— Livraste-te de muitos momentos de apuro em vida, mas agora não voltarás a cantar o teu cocorocó!

Mal pronunciara estas palavras, quando, de repente, o galo assomou a cabeça à boca do rei e entoou como nas outras vezes:

Cocorocó! Cocorocó!
O galo tem um esporão dourado!
Mas o amo é um canalha
e para a rua foi mandado!

Quando os comensais ouviram aquela voz singular proveniente das entranhas do monarca, ficaram de tal modo desconcertados que não tornaram a tocar na comida. Depois de refeito do susto, o rei ordenou aos serviçais:

— Peguem num machado e, se o maldito galo tornar a assomar à minha boca, cortem-lhe a cabeça!

Eles apressaram-se a obedecer e, quando a cabeça da ave voltou a aparecer, pretenderam cortá-la, mas retrocedeu com prontidão e atingiram a do amo, que caiu morto, como o galo predissera. E assim chega este conto ao fim.

Fonte: Ulf Diederichs, Palácio dos Contos. Lisboa/Portugal: Círculo de Leitores, 1999.

Recordando Velhas Canções (Nervos de aço)


 Lupicínio Rodrigues

Você sabe o que é ter um amor, meu senhor?
Ter loucura por uma mulher
E depois encontrar esse amor, meu senhor
Nos braços de um tipo qualquer?

Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
E por ele quase morrer
E depois encontrá-lo em um braço
Que nem um pedaço do meu pode ser?

Há pessoas de nervos de aço
Sem sangue nas veias e sem coração
Mas não sei se passando o que eu passo
Talvez não lhes venha qualquer reação

Eu não sei se o que trago no peito
É ciúme, é despeito, amizade ou horror
Eu só sinto é que quando a vejo
Me dá um desejo de morte ou de dor

Você sabe o que é ter um amor, meu senhor?
Ter loucura por uma mulher
E depois encontrar esse amor, meu senhor
Nos braços de um tipo qualquer?

Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
E por ele quase morrer
E depois encontrá-lo em um braço
Que nem um pedaço do meu pode ser?
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A Dor do Amor Não Correspondido em 'Nervos de Aço'

A música 'Nervos de Aço', composta pelo célebre Lupicínio Rodrigues, é um clássico do samba-canção, gênero que se caracteriza por suas letras melancólicas e melodias envolventes. A canção aborda a temática do amor não correspondido e do sofrimento que advém dessa situação. Lupicínio, conhecido por suas composições que falam de desamor e traição, utiliza-se de uma conversa direta com o ouvinte para expressar a dor de ver o ser amado nos braços de outra pessoa.

A letra da música é um desabafo de quem viveu intensamente um amor, chegando ao ponto de quase morrer por ele, e agora se vê obrigado a enfrentar a realidade de que esse amor pertence a outro. A expressão 'nervos de aço' sugere a necessidade de uma força sobre-humana para suportar tal dor, questionando se alguém sem emoção conseguiria lidar melhor com essa situação. A música transita entre sentimentos como ciúme, despeito, amizade e horror, mostrando a complexidade emocional que envolve o fim de um relacionamento amoroso.

A canção é um retrato da vulnerabilidade humana diante do amor e da perda, e Lupicínio Rodrigues consegue, com maestria, transmitir essa emoção em sua composição. 'Nervos de Aço' não é apenas uma música, é um testemunho da dor que muitos podem sentir, mas poucos conseguem expressar com tamanha profundidade e sinceridade.
https://www.letras.mus.br/lupcinio-rodrigues/127284/significado.html

Eduardo Martínez (Ataíde, o generoso)

Ataíde era um bom homem. Aliás, de tão bom, alguns poderiam supor que fosse um boboca, palavra que quase caiu em desuso nesses tempos tão corridos, em que há um otário em cada esquina. Mas usemos boboca, que, creio, cai melhor para descrever aquele ser ingênuo e de coração generoso além da conta.

Por causa dessa característica dadivosa, Ataíde, não raro, era passado para trás por algum espertinho, seja parente, seja amigo, seja conhecido de vista, seja até aquele completamente desconhecido. Mas de todos os aproveitadores, havia um que era uma avalanche de pedir favores aqui, ali, acolá, a qualquer hora do dia e da noite, madrugada adentro e sem qualquer cerimônia. Um verdadeiro cara de pau! Seu nome? Todavia, para encurtar a história, todos o conheciam por Abobrinha. 

Abobrinha, aliás, conhecia Ataíde desde os longínquos tempos em que usavam calças curtas. O tempo passou, é verdade, mas o interesse pela amizade cresceu de maneira exponencial com os anos, especialmente nos últimos meses, quando o Ataíde conseguiu um empregão numa firma de exportação. Quanto ao Abobrinha, além de pular de um trabalho para o outro, foi despedido na semana passada e expulso da casa dos pais, que já não aguentavam sustentá-lo. O safado nem sequer lavava um copo. 

Sem ter a quem recorrer, o pilantra foi até o eterno amigo, que, agora, estava bem de vida. Ataíde acolheu o Abobrinha de braços abertos. Tanto é que até o convidou para passar uma temporada no seu amplo apartamento, que, apesar de enorme, possuía apenas uma suíte, além de um quarto mais modesto.

Acredite ou não, quem se acomodou no cômodo maior foi justamente o Abobrinha. Ataíde, por sua vez, pareceu não ligar. Afinal, para que serve o conforto se não pode compartilhá-lo com os amigos?

Tudo ia bem, até que, certa manhã, quando o Ataíde estava quase saindo de casa para mais um dia de trabalho, o Abobrinha, com a cara mais lavada do mundo, apesar das remelas nos olhos, já que acabara de acordar, mandou uma fala para o amigo.

— Ataíde, meu querido. Preciso de um favorzinho seu.

— Pois diga, Abobrinha.

— Tô precisando de uma graninha.

— De quanto?

— Dez mil.

— Dez mil? 

— Isso mesmo.

— Aí, não, meu irmão! Assim, você forçou a amizade!

Fonte> Blog do Menino Dudu. 31 março 2024.
https://blogdomeninodudu.blogspot.com/2024/03/ataide-o-generoso.html

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Therezinha D. Brisolla (Trov" Humor) 25

 

Mensagem na Garrafa = 109 =

A. A. de Assis
(Maringá/PR)

Seguro eternidade

Ah que missão transcendente / a que ao corpo é atribuída: / levar a alma da gente / desde o ventre à eterna vida. - Penso que seja mais ou menos assim; que a vida do ser humano se realiza em duas etapas; a primeira com a alma associada a um corpo material; a segunda com a alma unida a um corpo espiritual. Mas fiquem tranquilos, porque não vou me meter em conversa de gente grande. O foco aqui será a necessidade de dispensar à saúde da alma um grau de cuidado pelo menos semelhante ao que dispensamos ao corpo físico.

Principalmente a partir das últimas décadas, os pais, professores e outros educadores têm ensinado as crianças e os jovens a cuidar melhor do corpo físico. Hábitos de higiene, vacinação, ginástica, boa alimentação, visitas frequentes ao médico e ao dentista, tudo isso vem ajudando as novas gerações a garantirem boa saúde, e é ótimo que assim seja.

Todavia é bom lembrar que a vida do corpo material é provisória (raras são as pessoas cuja existência terrena ultrapassa os cem anos), enquanto a vida da alma é eterna, não acaba nunca. E aí é que está o ponto: pouquíssima gente se preocupa em preparar-se para a etapa definitiva da existência. Pouquíssima gente pensa em "fazer um seguro eternidade".

Na medida em que vamos ficando mais velhos a gente até que começa a dar umas meditadas mais sérias sobre o que nos aguarda além do aqui. Mas os mais jovens nem querem saber de pensar em futuro da alma. Têm o tempo todo ocupado com estudo, trabalho, namoro, casamento, criação dos filhos, viagens de férias - essas urgências próprias da idade. Alma? Espírito? Transcendência? Não há lugar na agenda para tais cuidados.

Pois é, meninos. Mas o problema é que um dia todo mundo envelhece. Um dia todo mundo chega ao fim da jornada terrestre. E daí? Vocês estariam prontos para decolar?

Sabem como se faz o "seguro eternidade"? Tentando manter-se permanentemente preparados para partir a qualquer momento. Esse qualquer momento" poderá ser daqui a muitos anos, mas poderá também ser de repente. Então o seguro é assim: estar sempre com tudo em ordem: alma leve, coração limpo, consciência tranquila,

Talvez seja meio difícil para uma pessoa jovem renunciar a alguns gostosos abusos. Contudo vale a pena. A sensação de ficha limpa é uma delícia. Além da certeza de que sua vida será eternizada em estado de céu, sua própria permanência em nosso complicado planetinha será bem mais agradável. Você não terá medo de nada, dormirá sereno, livre de culpas e remorsos, e com isso a saúde física será também beleza.

Cuidar bem do corpo material é, sim, muito importante, porém cuidar bem da alma é mais importante ainda. Veja que maravilha: chegar ao final da etapa provisória com o corpo sadio e ao mesmo tempo com a alma limpinho e leve, pronta para transferir-se para o corpo espiritual e unida a ele viver feliz por toda a eternidade.

Fonte> A. A. de Assis. Histórias da história de Maringá. Maringá/PR: Zuli, 2024. 
Livro entregue pelo autor.

Lairton Trovão de Andrade (Panaceia de Trovas) 10


1
Pinhalão dos cafezais.
Pátria minha dos primores,
mil riquezas sem iguais,
terra amada sempre em flores!
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2
Indescritível bondade
tem o bom livro ao leitor;
com postura e seriedade,
é um exímio educador,
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3
Ao cair da noite, a Lua
se levanta no horizonte
e beija o Sol que a cultua
com tanta luz em sua fronte.
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4
Na madrugada serena,
os campos brilham de prata,
a Lua, dona da cena,
poemas faz à cascata.
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5
A Lua foi testemunha
das juras de um trovador;
você, então me propunha
eternizar este amor.
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6
Muitos não viajam de avião,
- terrível coisa da altura -
têm sufoco e aflição,
que se traduz em paúra.
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7
Nesta rua, onde moro,
passa a vida em liberdade;
mas não passa quem adoro
nem, de mim, passa a saudade.
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8
As pombas, que têm saudade,
voltam à tarde aos pombais;
mas quem foi pra eternidade,
ao tempo, não volta mais.
= = = = = = = = = 
9
Ainda que o seu passado
não tenha sido de glória,
você, com muito bom grado,
pode escrever nova história.
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10
A frequente impunidade,
que bem nos atesta a Imprensa,
leva a criminalidade
pensar que o crime compensa.
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11
A fogueira de São João,
com as chamas reluzentes,
traz calor à tradição
com alegrias ardentes.
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12
Pequeninas mãos rosadas
de mil graças - carinhosas,
de boninas perfumadas,
meigas mãos, sois milagrosas.
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13
Zabelê é uma jaó
que vela nalgum sertão;
seu canto é tristeza só,
- lembra a dor da solidão.
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14
A jaó, na mata ao longe,
põe tristeza no seu canto,
chora o funeral do monge
que vai para o campo santo.
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15
Quanta surpresa na vida
com as histórias de amor!
Quando a esperança é perdida,
fica uma história de dor.
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16
Ontem - Cidade Menina,
hoje -a mais linda senhora!
E terás sempre, Londrina,
os esplendores da aurora.
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17
Vivo no mundo da Trova,
sou feliz e não me queixo;
cada dia, há quadra nova
no "Jornal do Seu Aleixo*.
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Seu Aleixo: Proprietário de Jornal e amigo dos trovadores. Natal - Rio Grande do Norte.
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18
Maior que a galáxia infinda,
a Via - Láctea que vemos,
maior que o universo ainda,
é o Santo Deus que nós cremos.
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19
Muito além dos universos,
paira um poder infinito.
- Ó Deus, recebe os meus versos,
escuta, pois, o meu grito!
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20
Eu quero apenas seguir
os caminhos do meu Deus;
que eu tenha pra onde ir
após meu último adeus.
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21
Na terrível realidade,
não há, meu Deus, inocente?!
- Diante de tanta maldade,
salvo está o feto no ventre.
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Lairton Trovão de Andrade. Perene alvorecer. 2016. Enviado pelo autor.