quinta-feira, 5 de julho de 2012

Doze em Ritmo de Sextilhas (Parte 6)


121 - Assis
 Enfim a Copa está feita,
e agora sossega a bola...
Valente, dá duro a Holanda,
mas no fim do deita e rola
quem leva o caneco é a Espanha
ao toque da castanhola.

122 – Delcy
Foi linda a festa espanhola.
Hoje a Espanha é campeã.
Em primeira vez na história,
ergue a Taça, a nossa irmã!
Que na Copa de catorze
seja, a Espanha, nossa fã!

123 - Elisabeth 
Hoje a Espanha é a campeã 
e perdeu a "Canarinho"... 
Mas a vida continua, 
vamos rever com carinho 
onde foi que a gente errou 
e refazer o caminho! 

124 - Prof. Garcia. 
Eu vou mudar com carinho 
o canto desta toada, 
para escutar como escuto 
minha viola afinada, 
que já desperta cantando 
feitiços da madrugada! 

125 – Gislaine
O som da viola amada
à natureza se irmana,
é o canto de paz à vida,
no palácio ou na choupana
trazendo recordações

126 - Hélio
Todo o sertão se engalana
 se a noite é de lua cheia;
 o namorado se inspira,
 junta à amada galanteia,
 ao longe ouve a serenata
 da viola que ponteia.

127 - Milton
Se a vida é bonita ou feia,
não devemos reclamar.
Devemos, sim, lutar muito
para tudo melhorar:
Deus ajuda quem consegue
amar, trabalhar, sonhar...

128 - Ouverney
Lembrar de sertão... luar...
por si só é muito bom;
no embalo da noite mansa
nossa alma se embala ao som
da viola mais bela: a vida,
e no amor afina o tom!

129 - Tadeu
Eu digo alto e em bom som,
como poeta vivido
na busca de vários tons:
o amor é o tom colorido
e entre os tons de nossa vida
é sempre o tom preferido.

130 – Thalma 
Tema jamais preterido
por minha alma, o amor é chama,
é fogo eterno e sagrado
que a inspiração nos inflama,
que deita a luz da poesia
no coração de quem ama.

131 - Vanda
Se acaso a gente reclama,
é porque falta enxergar
tantos recados de amor
que podemos decifrar
nos mil sublimes detalhes
que em tudo Deus quer mostrar!

132 - Zé Lucas
Quem não aprendeu a amar
não tem olhos para ver
as coisas belas do mundo
que nos enchem de prazer;
existe enquanto está vivo,
mas se esquece de viver!

133 - Assis
Lembra aquele pobre ser
do Francisco Otaviano,
que passou por este palco
sem sequer erguer o pano:
não foi homem, não foi nada,
foi somente espetro humano.

134 – Delcy
O poeta, sem engano,
com entusiasmo escreveu
sobre o amor em seus versos
e o desamor combateu,
dizendo que quem não ama,
neste mundo,não viveu!

135 - Elisabeth 
Quem não ama não viveu! 
Mas nós sabemos, de cor,
que o Amor tem tal poder
de espargir luz ao redor
que aquele que tem  Amor,
por certo, vive melhor!

136 - Prof Garcia 
Enxerga a vida melhor 
quem ama todos iguais; 
Pois os pecados do amor, 
têm sentenças veniais, 
quem peca amando quem ama 
tem perdão entre os mortais!

137 – Gislaine
O amor não termina mais
quando é puro e verdadeiro.
Ao se instalar em nossa alma
se torna o bom companheiro,
que nos enche de confiança
e acompanha o tempo inteiro!

138 - Hélio Pedro
 É como um tiro certeiro
 que bate no coração,
 quando um amor verdadeiro
 nos tira da solidão,
 tal um vagão de alegria
 num trem cheio de emoção!

139 - Milton
O amor tem sempre razão
e pode até nos cegar.
Se estamos na sua mão,
nos faz errar e acertar.
Suspende qualquer ação
que não seja amar e amar...

140 - Ouverney
Eu não sei em que lugar
ouvi e guardo comigo,
que ter fortuna e ser só,
faz do ricaço um mendigo,
 aliás, muito pior,
 pois nem no Céu tem abrigo! 

141 - Tadeu
Eu tenho sempre comigo,
pelas graças do Senhor,
a sensação prazerosa
de quem conheceu o amor.
Por amar e ser amado,
já me sinto um vencedor.  

142 – Thalma
Descobri um grande amor
- meio século já faz -
e ainda hoje é o motivo
que sempre alegre me traz,
por ser a troca constante
de ternura, amor e paz.

143 - Vanda
Que seja o homem capaz 
de amar, amar sem medida,
de tal modo que a ternura
jamais seja resumida.
Amar a quem não nos ama
é o grande apelo da Vida!

144 - Zé Lucas
O amor da mulher querida
me fez virar trovador,
tornou-me o pai mais feliz
deste mundo encantador,
porque o sentido da vida
só se traduz com amor.
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continua...
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Parte 1 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/06/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-1.html 
Parte 2 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/07/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-2.html 
Parte 3 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/07/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-3.html
Parte 4 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/07/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-4.html
Parte 5 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/07/doze-em-ritmo-de-sextilha-parte-5.html

Fonte: 
Doze em Ritmo de Sextilhas: Debate pela Internet. 20.02.2010 a 22.12.2010., 2012.

Nilton Manoel (Cordel)


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Você já leu algum folheto de Cordel? Não! Nas bancas de jornais e revistas, existem histórias interessantes.

O cordel chegou a Ribeirão Preto, com a Editora Melodias e com o trabalho de Rodolfo Coelho Cavalcante por todo o Brasil. O cordelista morando em Salvador, próximo ao Mercado Modelo, editava seus folhetos e vendia-os em varais, ao mesmo tempo em que editava o jornal Brasil Poético, escrevia no Folha do Subúrbio (Camaçari-BA) e presidia entidades literárias nacionais. Inspiração fértil, mais de 1.800 folhetos, entre eles A moça que bateu na mãe e virou cachorra com quase dois milhões de cópias vendidas. Quando colunista do Diário de Notícias Nilton Manoel divulgava bastante os folhetos Rodolfo... Falecido em 1.986, nossa cidade consagrou-lhe o nome de uma rua e confirmou a data de 12 de março, Dia Municipal da Literatura de Cordel. O gênero é usado na prática pedagógica das escolas e tele-cursos. Ajuda na alfabetização infantil e adulta conforme estudos realizados por especialistas. A FTD tem o livro de Ruth Rocha e Ana Flora – Escrever e criar... é só começar... O PNLD diversas histórias e a Secretaria da Educação, Autores de Cordel, 1986. Na época dos conquistadores greco-romanos, fenícios, cartagineses e saxônicos, o Cordel já existia. No século XI, chegou a península Ibérica (Portugal e Espanha). Cordel é Cultura! Leia!Pesquise! Declame! Promova projetos de poesia e consagre espaço para os sua região. O Cordel está presente nos núcleos de língua-portuguesa do Japão, Holanda, França, USA e Brasil com destaque para a Biblioteca Nacional. Temos diversas arcádias entre elas a Ordem Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel e a Academia Brasileira da Literatura de Cordel. 

O CORDEL NA HISTÓRIA

          A história remonta a séculos. O vocábulo foi registrado pela primeira vez no Dicionário Contemporâneo de Aulete em 1881. Não há como precisar uma data do surgimento desse tipo de literatura, embora proceda a informação de que herdamos dos colonizadores portugueses que primeiramente desembarcaram na Bahia; porém não foram os portugueses os seus únicos criadores. Eles a assimilaram de fontes diversas a partir da Península Ibérica – região localizada entre Portugal e Espanha – e a ela imprimiram uma marca própria.

       Ler Camões (1524-1580), Cervantes (1547-1616) e Castro Alves (1847-1871) ampliamos nossa conceituação sobre a arte. Vejamos:- Em Luiz de Camões acham-se elementos dessa Cultura; idem na obra de Miguel Cervantes e do poeta baiano Castro Alves.

      Em vários países hispano-americanos e europeus, como no Chile e na França, também são perceptíveis os sinais dessa literatura.

     O paraibano Leandro Gomes de Barros foi o principal expoente da arte cordelista no Brasil (texto do livro A presença dos cordelistas e cantadores repentistas em São Paulo, Ibrasa, Assis Ângelo).

O CORDEL RIBEIRÃOPRETANO

A produção de literatura de Cordel em Ribeirão Preto é pequena, mas constante. Temos bons poetas no gênero. A poética cordelista exige cuidados específicos. 

O dia 12 de março é o Dia Municipal da Literatura de Cordel. O projeto 359/94 do vereador Cícero Gomes da Silva deu origem à Lei 6850/94 que homenageia Rodolfo Coelho Cavalcante, autor centenas de folhetos e palestras por todo o Brasil. Autor de sonetos, trovas e editor do jornal Brasil Poético. A constância literária deu-lhe homenagem pela Academia Brasileira de Letras por indicação de Jorge Amado. Diversos autores escrevem sobre Rodolfo.

CORDEL NAS ESCOLAS 

    Nas escolas, a literatura de Cordel está em projetos didáticos e numa série de livros do PNLD: Língua Portuguesa (coleção Conhecer e Crescer) da Escala Educacional, 5º ano. 2008, Língua Portuguesa, 4º ano, (projeto prosa,Editora Saraiva,2008.Na Semana Nacional do Folclore, o Cordel tem todos os espaços possíveis. A paulista Olímpia (SP), capital nacional do folclore, promove diversos eventos. A editora FTD na coleção Escrever e Criar é Só Começar, informa como se fazem folhetos de cordel. Encontramos hoje dezenas de outros autores com a poética do Cordel e a arte xilográfica.

No Brasil, pesquisadores apontam a literatura de Cordel como veio rico de educação, cultura e civismo. Temos núcleos de Cordel em vários países: na França, na Holanda, no Japão, em Portugal e USA, etc.

          Os franceses, pertencentes ao CNRS 
– Centre de Recherches Latino-americaines-Archivos (Poitier-Fr) pesquisam o Cordel. O mesmo ocorre com entidades brasileiras físicas e jurídicas; entre elas a Ordem Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel (BA) e a ABLC-Academia Brasileira de Literatura de Cordel (RJ).

        A ABLC ressalta:-
“Oriunda de Portugal, a literatura de Cordel chegou no balaio e no coração dos colonizadores, instalando-se na Bahia e mais precisamente em Salvador. Dali erradicou-se para os demais estados do Nordeste”.

       O verbete Cordel é polêmico e historiadores acreditam que a arte deveria ser conhecida como poesia popular ou poesia nordestina. O poema de cordel nordestino costuma trazer ilustrações xilográficas. Alguns deles fazem menções heráldicas e genealógicas

OFICINA DE CORDEL

Material necessário:- papel sulfite A4, branco, para o livro e colorido para a capa.  Lápis de cor ou giz de cera, grampeador Carbex 26/6 ou cola.  
Inspire-se! Seja criativo. Boa sorte.

A produção de um folheto de Cordel estimula o aluno à leitura, à escrita e a arte quando ilustra a capa ou a história por ele feita. Ainda a socialização do trabalho quando exposto em sala de aula ou pátio da escola.

O poema cordelista é um dos gêneros mais explorados na atualidade.

No aspecto material, o folheto em estilo nordestino é feito de uma folha de sulfite A 4 que, dobrada em quatro viram oito páginas. Seguindo nessa ordem 16,32...

 Os poetas gostam de explorar suas histórias em estrofes de seis versos (sextilhas ) ou sete versos (setilhas). As estrofes de seis versos (linhas) rimam apenas os versos 2ª,4º e 6ª e as setilhas: 2ª.4ª e 7ª e o 5ª com o 6º verso. Na metrificação os versos têm sete sílabas poéticas.

O poeta de Cordel é um mediador da cultura popular e erudita. Os produtores de Cordel adotam hoje a feitura em off set com fontes de micro-computadores (antigos tipos) de diversos formatos. As ilustrações são a cores (os folhetos da Luzeiro Editora) e as capas em papel encorpado. Nos bons tempos da geração mimeógrafo, poetas editavam com as letras da velha Remington 11. Os folhetos cordelistas exigem - como todo texto - a criatividade de seus autores. As histórias vão de 14 a 28 versos por página e multiplicam-se  por 8,16,32 etc. Quando o poeta tem fôlego, escreve uma história de  300 ou 400 versos, tranquilamente; muito comum nos romances. Nos concursos literários pede-se de 32 a 64 estrofes. Se o folheto tem 4 estrofes de sete versos, somam-se 28 versos e multiplicando-se pelo número de páginas o total de versos de um folheto.

A literatura de Cordel está nas feiras e galerias comerciais. Nas grandes cidades, mesmo aquelas que falam de preservação histórica, o poeta de cordel, repentista e folhetinista, tem perdido o espaço das praças centrais com a interferência das fiscalizações municipais. Literatura de Cordel é Educação e Cultura.

 (Nilton  Manoel, especialista em Educação, pedagogo (administração e supervisão), contabilista, jornalista, fotografo. Pertence a rede estadual de ensino. Afiliado a Apeoesp e Udemo. Faz parte de entidades literárias. Tem livros editados e prêmios recebidos)

Fonte:
Texto enviado pelo autor

Marco Aqueiva / SP (Alguns Metros de Sangue e Pó)


-
Nessas ocasiões o asfalto às vezes reclama
um asfalto tocado por um sangue rasteiro
pesa até o erro na moça de olhos vermelhos
deslizando pela avenida o corpo estendido

O corpo bem pouquinho acumulara blindagem
um olho estica-se aos pingos da chuva nas árvores
o outro já tentara estrelas e outros colírios
e a língua agora coberta de asfalto e frouxas sílabas

Meio-fio segurando com destreza a cabeça
o asfalto desarrumado, vidro e gritos moídos
teria de limpar-se do sangue da carne da eficaz
indiferença e vestir-se de rodas outra vez

Mantém-se disforme nódoa no espesso retrovisor
agarra-se ao olho e às mãos da repulsa
cola-se ao para-brisa apenas um olho
o outro esmagado na extensão do asfalto

Repisando alguns metros de sangue e pó
sem lá chegar, a pupila sem órbita a esticar-se
nessas ocasiões sem outro pálio ou fronteira
________
(*Poema premiado na fase estadual, edição 2011-2012, do Mapa Cultural Paulista, categoria Poesia)
–––––––––––
Sobre a foto acima:
A Ternura de um Passarinho
Aconteceu numa praça, no Japão.  Não se sabe como o pássaro morreu.  Ele estava ali no asfalto, inerte, sem vida. Segundo o relato do fotógrafo, uma outra ave permanecia próxima àquele corpo sem vida e ficara ali durante horas. Chamando pelo companheiro, ela pulava de galho em galho, sem temer os que se aproximavam, inclusive sem temer ao fotógrafo que se colocava bem próximo. Ela cantou num tom triste. Ela voou até o corpinho inerte, posou como querendo levantá-lo e alçou vôo até um jardim próximo. O fotógrafo entendeu o que ela pedia e, assim, foi até o meio da rua, retirou a ave morta e a colocou no canteiro indicado. Só então a ave solidária levantou vôo e, atrás dela, todo o bando. Segundo o relato de testemunhas, dezenas de aves, antes de partirem, sobrevoaram o corpinho do companheiro morto. Aquela ave que fez toda a cerimônia de despedida, quando o bando já ia alto, inesperadamente voltou ao corpo inerte no chão e, num grito de não aceitação da morte, tenta novamente chamar o companheiro à vida. Desesperada, mas com amor e carinho, ela se despede do companheiro, revelando o seu sentimento de dor.

Fonte do soneto:
Enviado por Nilto Maciel, de Literatura sem Fronteiras

Bruno Bettelheim (Análise de Chapeuzinho Vermelho)


-
por Maíra Althoff De Bettio

De acordo com Bruno Bettelheim, a versão de “Chapeuzinho Vermelho” escrita pelos Irmãos Grimm tem – entrelinhas – um apelo e caráter psicológico. Este, muitas vezes, não identificado por um adulto, porém, normalmente, fácil de ser internalizado por uma criança.

No decorrer do conto é identificado um paradoxo, o da menina pré-adolescente que consegue assimilar as instruções da mãe a seguir pela estrada e sem sair desta, todavia, é facilmente convencida pelo lobo a optar por outro caminho, no qual ele sugere que ela observe as flores e ouça o canto dos pássaros (mesmo com a indicação contrária da mãe).

Quando a menina sai para levar a cesta com doces e vinho para a avó, “Chapeuzinho deixa o lar voluntariamente. Não teme o mundo externo, e sim reconhece sua beleza, e aí está o perigo. Se o mundo fora do lar e do dever se torna atraente demais, poderá acontecer uma volta a um comportamento baseado no princípio do prazer”.

O autor compara “Chapeuzinho Vermelho” com “João e Maria” algumas vezes. Essa comparação é feita para mostrar a inocência infantil dos irmãos indo de encontro à “maturidade” (referente às crianças) da menina com capuz vermelho. Essa maturidade, que se encontra entre a infância e a puberdade da garota, é exemplificada quando ela nota alguma coisa de diferente na avó –quando o lobo passa-se por ela -, mas logo confunde-se e não dá importância, tendo em vista que o animal veste as roupas da parente.

Bettelheim cita também a questão masculina, tendo como personagens: o lobo e o caçador; suas personalidades são relacionadas, respectivamente, com sedução, violência e proteção, altruísmo. O caçador, de acordo com o autor, “é a figura mais atraente, tanto para os meninos como para as meninas, porque salva os bons e castiga o malvado”.

Finalmente, como é do caráter dos contos de fadas, a justiça e a lição estão presentes no momento em que a barriga do lobo é recheada com as pedras, isto é, como ele colocou indevidamente Chapeuzinho Vermelho e sua avó na barriga, comendo-as, assim que o caçador retirou-as de dentro do animal, este pôs os pedregulhos no lugar delas.

Fonte:
 http://www.scribd.com/doc/9937711/Bruno-Bettelheim-A-Psicanalise-Dos-Contos-de-Fadas

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 598)


-
 Uma Trova de Ademar  

Nos momentos mais tristonhos 
chega a musa da poesia, 
torna reais os meus sonhos 
num mundo de fantasia. 
–Ademar Macedo/RN– 

 Uma Trova Nacional  

A doce canção do vento 
à minha alma tanto diz 
que embala meu pensamento 
e sonho que sou feliz!... 
–Sonia Martelo/PR– 

 Uma Trova Potiguar  

Este sopro de alegria 
que invade meu coração 
é fruto da poesia 
emergindo da emoção. 
–Ieda Lima/RN– 

 Uma Trova Premiada  

1996  -  Belém do Pará/PA 
Tema  -  FOGO  -  M/E 

Comigo em noites desertas,
a saudade, por demência,
ateia fogo às cobertas
e incendeia a tua ausência...
–Edmar Japiassú Maia/RJ– 

 ...E Suas Trovas Ficaram  

Embora vivas cantando,
canário, tens vida triste:
- já vi lágrimas pingando
nessa vasilha de alpiste!
–Vasco de Castro Lima/SP– 

 U m a P o e s i a  

Ressurreição há de vir, 
não é simples teoria. 
O ateu pensa que é um mito, 
que seja mera utopia, 
mas, como prova concreta, 
depois da morte o poeta 
renasce em sua poesia. 
–Heliodoro Morais/RN– 

 Soneto do Dia  

REVERSOS DA VIDA. 
–Humberto Rodrigues Neto/SP– 

Foram-se embora, sim, os tempos ledos, 
em que da noite eu namorava os lumes; 
da mocidade aspirava os perfumes 
e hauria do amor os mais febris folguedos... 

O olhar bem claro, sem quaisquer ardumes 
a investigar do amor novos segredos 
e a me enlear em tão gentis enredos 
dos quais não lembro mágoas ou queixumes. 

Foi-se o tempo... Hoje há neve em meus cabelos, 
e pra tornar meus sonhos, pesadelos, 
o horror das rugas que o meu rosto invade! 

Dói ver um corpo que a idade corrói, 
mas a dor que mais punge e mais me dói 
é ter perdido a minha mocidade!

Lygia Bojunga Nunes (Corda Bamba) Parte 3– final


Maria, a personagem

 Maria, por ser apresentada como equilibrista de circo, por ter a característica de artista, pode suplantar a condição de criança, não ficando circunscrita apenas ao âmbito de sua faixa etária, podendo agir como profissional e vivenciar um problema de estado existencial.

 Desta forma, apresentando Maria com amnésia, devido ao choque sofrido quando presencia a morte dos pais no acidente no circo, o livro aborda o tratamento dado ao conflito da criança no interior da família. Do ângulo externo, a narrativa mostra os primeiros momentos da nova vida de Maria: a chegada à casa da avó, o aniversário de Quico, a conversa com Barbuda pelo orelhão, as aulas particulares, o relacionamento com os avós. Do ângulo interno, é apresentado o processo regressivo que a menina faz ao seu passado, antes mesmo da fase uterina, desvendando seus mistérios. O momento mais doloroso para Maria é a aceitação da morte dos pais, pois isso ocasiona um sentimento de culpa nela.

 Ao recuperar a memória, Maria liberta-se da culpa, pois percebe quem verdadeiramente ocasionara as dívidas contraídas pelos seus pais: sua avó. Assim, liberta-se também da influência dos pais, visto que, ao assumir a morte deles, livra-se simultaneamente do poder repressivo da avó e da lembrança opressiva ocasionada pela perda dos pais. Simbolicamente, trata-se da ruptura do cordão umbilical, representada pela corda bamba que leva Maria ao passado.

 Deste modo, Maria desprende-se do passado, pois consegue reconquistá-lo e planejar seu futuro, para vivê-lo autonomamente, buscando a emancipação perante os condicionamentos que os adultos lhe impõem e constituindo-se, portanto, num exemplo desse modelo emancipatório de representação familiar.

 Na obra, Maria defronta-se com vários modelos de família, por meio de diversos pais. Há seus pais verdadeiros, Márcia e Marcelo, representantes de uma família ideal que não exercem papéis de pais autoritários, cerceando a criança, mas a tratam com igualdade e respeito.

 Esse respeito também se percebe entre o casal Márcia e Marcelo. Eles formam o oposto da família em que um dos membros quer ser superior ao outro.

 Em contrapartida, após a morte dos pais, Maria passa a morar com sua avó, Dona Maria Cecília, mulher autoritária e repressora, e com Pedro, quarto marido de sua avó. O autoritarismo da avó já é percebido na relação entre mãe e filha, quando é narrado que Dona Maria Cecília manda e desmanda em Márcia, sem meias palavras, exercendo o papel de adulto autoritário, até o dia em que Márcia se apaixona por Marcelo e resolve seguir o seu caminho, segundo as suas concepções.

 Em relação à Maria, sua neta, Dona Maria Cecília também sempre usou de seu autoritarismo e de meios corruptos para tentar conquistá-la, como quando a raptou de seus pais.

 Separada dos pais, morando com a avó, é submetida a regime de clausura e vigilância, sendo suprida apenas com bens materiais.

 Não se observa durante determinadas passagens da narrativa em que Maria morou com a avó momento de carinho ou de compreensão, visto que Dona Maria Cecília reifica, monetariza a relação. O único desejo da menina é ir embora dali, fugir, se pudesse, conforme se pode perceber pelo pedido que ela faz, antes de apagar as velinhas do aniversário.

 Quando vem morar novamente com a avó, depois que os pais falecem, sente-se novamente solitária e enclausurada, e a relação entre ambas é conflituosa.

 A avó tenta desvincular Maria de suas raízes, de seu passado, do mundo circense. Tenta adaptá-la a uma nova vida, com outros valores, matriculando-a na escola, colocando na aula particular para igualá-la as outras crianças de sua idade. No entanto, embora esteja passando por um processo de amnésia, sem passado, sem identidade, Maria não deixa que os valores da avó se sobreponham aos seus.

 Assim, desde o primeiro momento em que chegou à sua casa, timidamente, vai desobedecendo sua avó, não permitindo que seus valores sejam anulados. Mesmo contrariando a avó, anda na corda bamba no meio da sala de seu apartamento e, além disso, resgata, por meios circenses, a sua identidade, libertando-se da prepotência da avó.

 Há ainda os pais substitutivos, Foguinho e Barbuda, pessoas amigas que, durante a ausência de Márcia e Marcelo, fizeram papel de seus pais e, na solidão de Maria, confortaram-na. Barbuda mostra-se amiga, compreensiva, tentando ajudá-la a resolver os problemas, como em relação à aula particular e ao cachorro, durante a conversa de orelhão. A relação do casal é também a de uma família ideal, ninguém querendo suplantar o outro, predominando o respeito mútuo entre as pessoas.

 Maria, estando em contato com vários modelos de família, após a morte dos pais consangüíneos, fica dividida entre o padrão de família autoritária e o de família democrática, solidária. Dona Maria Cecília é tanto representante da camada burguesa como símbolo de uma visão reificada do mundo. Barbuda e Foguinho são tanto representação da camada operária como símbolos de uma visão humanista do mundo. Desta forma, Maria acaba criando instrumentos para uma existência autônoma, decorrente de sua maturidade interior, emancipando-se dos valores ideológicos do adulto.

 Percebe-se, portanto, que Bojunga opta pelo modelo familiar emancipatório em Corda bamba. Escolhendo este modelo, a autora dá ênfase à emancipação do ser humano, reforçando a luta pela liberdade. Dessa forma, nota-se que o texto não assume postura pedagógica, mas promove o questionamento dos valores transmitidos, cabendo ao leitor fazer a escolha e com isso atenuando-se bastante a assimetria adulto/criança.

 Maria é apresentada vivendo na “corda bamba”, em tensão entre consciência e subconsciência. A corda esticada simboliza essa tensão.

 Inicialmente, aparece como menina tímida, insegura, com medo de enfrentar a realidade, pois se sente culpada pela morte dos seus pais. No seu entender, ela é a causadora da morte dos pais, conforme já foi comentado. Entretanto, no decorrer da narrativa, percebe-se a sua capacidade de superar o medo, para vencer os obstáculos, para recuperar a identidade perdida, mesmo inconscientemente.

 Ela não é uma personagem com perfil plano, acabado. Os seus traços pertinentes vão sendo esboçados no decorrer da ação, as suas transformações, registradas aos poucos.

 Essa busca da identidade perdida materializa-se pela idéia da invenção, por meio da criação, pela fantasia. No caso de Corda bamba, isso ocorre por intermédio dos sonhos, da imaginação. O sono é o remédio para o tratamento da amnésia de Maria, pois o sonho funciona como processo terapêutico natural de cura, visto que Maria supera os traumas por meio do sonho. Desta forma o esquecimento será substituído pela recordação por intermédio do mesmo remédio: o sono.

 O primeiro acontecimento que faz Maria recordar o passado é o voltar a andar na corda bamba, no apartamento de sua avó, durante o aniversário de Quico.

 O fato de voltar à corda bamba na casa da avó, permite à Maria um mergulho no seu subconsciente para trazer à tona, a memória perdida do que se passou.

 Verifica-se, nas produções de Lygia Bojunga Nunes, que a arte é apontada como uma atividade capaz de proporcionar a realização do ser humano, como uma atividade prospectiva que auxiliará na solução dos conflitos, promovendo novas significações e trazendo à tona forças antigas. Em Corda bamba, o circo adquire essa função: a de liberar as tensões de Maria, para fazê-la integrar-se ao grupo social, livre dos conflitos existenciais, visto que, utilizando-se de instrumentos circenses, Maria inicia uma volta ao passado, para resgatar a memória perdida.

 Para poder libertar-se da culpa, necessita reviver o passado, resgatá-lo e dar sentido à vida. Para consegui-lo, Maria entra em um processo de regressão, que a leva além da vida intra-uterina e, por meio da linha do tempo, revisita fatos marcantes de seu passado. A trajetória dessa caminhada, a história do seu passado, os acontecimentos vividos por ela e por seus pais são revelados a Maria e ao leitor de forma altamente simbólica e narrados no plano do imaginário, no mundo interior de Maria, no seu subconsciente.

 O processo de recordação do passado de Maria acontece em estado de letargia, por meio dos sonhos, como se ela estivesse hipnotizada, e pela linha do tempo, simbolizada pela corda, Maria começa sua regressão. No entanto, os primeiros indícios de que Maria entrará em processo de recuperação de sua memória acontecem logo após ela ter andado na corda a pedido das crianças, pois quando sua avó a leva para mostrar o quarto em que ficará, o que chama a sua atenção é a janela, sua vista de fora e a altura. Era como se o fato de ter andado na corda, a sensação de altura, olhando a paisagem de fora do apartamento, tivesse desencadeado lembranças esquecidas do passado.

 Nos dias que se seguem, o lugar preferido de Maria no apartamento da avó é a janela do seu quarto. Passava a maior parte do tempo debruçada nela, olhando um pátio interno. A visão que tinha era da área interna dos edifícios vizinhos, não era uma vista bonita, e nada de extraordinário havia; porém, algo chama a sua atenção: é uma janela diferente, com um andaime pendurado em sua frente, arredondada em cima como um arco, que ficava aberta dia e noite e sempre vazia.

 A insistência nessa visão pode ser interpretada como tentativas de rememorar fatos obscuros em sua mente. A janela em forma de arco na parte superior faz com que ela a associe ao arco de flor, à altura, ao trapézio, elementos circenses que os pais, trapezistas de circo, utilizavam ao realizar o espetáculo. Contudo, em estado de vigília, Maria não consegue relembrar os fatos pretéritos; é necessário entrar em estado onírico. Assim, o primeiro processo de recuperação de sua memória inicia-se por meio de Quico, que sonha o desejo de Maria. Ela conta ao seu primo que gostaria de, um dia, ver de perto a janela diferente do prédio vizinho, com forma de arco em cima. Desse modo, Quico, em sonho, vê Maria pegar a corda que ganhou de seu Pedro e laçar a antena de televisão do prédio bem em frente, no intuito de fixá-la, e principiar seu “passeio”.

 O relato de como Maria faz suas viagens ao passado gera ambigüidade entre o real e o imaginário, que se mantém durante toda narrativa, reforçando a qualidade estética da obra. Essa imprecisão é acentuada na narrativa, visto que os outros passeios de Maria acontecem logo após o seu despertar. Além disso, essas incursões ao passado são intercaladas com o tempo presente da diegese. No sonho, Maria se “vê”, ao mesmo tempo, como sujeito e objeto. Maria (sujeito), ao reviver a sua história, entra dentro do sonho e se “vê” no tempo passado, com sua idade atual, e avista outra menina (objeto) que é ela mesma, na fase que está rememorando: no ato do nascimento, aos 4, aos 7 e aos 10 anos, quando se “encontra”.

 Esticar a corda até o prédio vizinho significa “fazer a volta ao passado”, ao seu interior, pois é por meio da corda que Maria volta à sua vida pretérita para rememorar fases dela e libertar-se de seus traumas, edificando a sua vida. A corda representa o vínculo entre o presente e o passado e também entre o presente e o futuro, pois ata as pontas de sua vida (presente / passado / futuro), além de ligar o real e o imaginário, dando-lhe unidade e equilíbrio para solucionar seu conflito.

 Além da corda, há também outro instrumento de trabalho de Maria que a ajudará no processo de recuperação da memória: o arco. Este representa o instrumento que permite o equilíbrio na corda e a mobilidade a Maria e possui sentido de ligação devido à sua natureza circular, simbolizando a condição de a heroína manter-se sobre seus próprios pés. Maria, para atar os três momentos de existência e alcançar a plenitude de sua vida, faz dois movimentos circulares, revelando o percurso existencial da mesma: um do presente para o passado, durante o processo de recordação do período esquecido; outro, do presente para o futuro, quando então o pretérito, esquecido, já está incorporado à sua consciência, para projetar o seu destino Assim, retrocedendo na linha do tempo, Maria vai em direção à janela que chama sua atenção. Essa janela carrega toda uma simbologia, é como se fosse uma luz no fundo do túnel, para conduzi-la ao início de sua caminhada no inconsciente.

 Na sua viagem ao inconsciente, a primeira revelação ocorre no andaime. Nesse lugar, ela vê seus pais e vem a saber como eles se conheceram e começaram a namorar, além de se informar das diferenças sociais e econômicas dos dois. Como a corda leva Maria à fase anterior à vida intra-uterina, ela simboliza também o cordão umbilical, e o andaime, o útero, visto que é o local onde tudo se inicia, o começo da vida de Maria. Além disso, a partir do andaime, adentrando pela janela, Maria será levada a um corredor comprido ladeado por seis portas fechadas, uma de cada cor. O corredor comprido tem toda simbologia da viagem que Maria fará em seu interior, no seu inconsciente, e as portas coloridas, cada fase de sua vida, os diferentes momentos de sua existência.

 Portanto, analisando o percurso que Maria realiza, pode-se concluir que ela, ao passar pela janela, inicia sua incursão ao mundo desconhecido do inconsciente em que, ao rever as imagens do passado, adquire o conhecimento pleno de si mesma. A sua travessia pela janela constitui um ritual de iniciação, possibilitando o trânsito para o conhecimento do seu passado e a recuperação de sua memória, ao contemplar as cenas esquecidas que são exibidas nos quartos do prédio visitado.

Linguagem

 A linguagem utilizada por Bojunga em Corda bamba é predominantemente simbólica, fala por imagens e consegue comunicar as idéias abstratas. Por meio da análise dos elementos simbólicos vistos, percebe-se que a utilização dos símbolos é medular na obra. Tem o objetivo de ilustrar o elemento psicológico por meio do significado nele contido, visto que a trama principal da narrativa acontece na mente da protagonista, cenário de representação dos seus conflitos.

 Assim, desde a forma como o texto está estruturado até os pequenos objetos presentes na narrativa, tudo tem significação simbólica no texto, como ocorre nos contos de fadas. A estruturação fragmentada simboliza a própria vida conflitante de Maria, que se encontrava em pedaços após a morte dos pais. Ela se vê sem passado e sem futuro e, a partir do momento presente, reconstrói a vida passada para poder construir o futuro. Esse reconstruir e construir é realizado na sua mente, no espaço psicológico, recorrendo-se às imagens, à linguagem figurada, ao símbolo.

 Fonte: 
Alice Atsuko Matsuda Pauli - Dissertação de Mestrado - Faculdade de Ciências e Letras de Assis – Universidade Estadual Paulista. Disponível em Passeiweb 

Concurso de Poesias 'Professor Aparecido Roberto Tonellotti' (Resultado Final)


Confira abaixo a lista dos premiados e das menções honrosas:

Categoria - Infantil

 Primeiro Lugar
 Gisele Oliveira dos Santos - “A mãe” - Franco da Rocha/SP

 Segundo Lugar
 Tamires Cristina Rosa de Araújo - “O amor” - Franco da Rocha/SP

 Terceiro Lugar
 Stefani Silva dos Santos - “Um amor infinito” - Franco da Rocha/SP

 Menção Honrosa

 Ellen Beatriz Silva Lima - “Aqui falo do meu amor” - Franco da Rocha/SP

Categoria - Juvenil

 Primeiro Lugar
 Rebeca Lorena Mendes Lima - “Ser” - Cajamar/SP

 Segundo Lugar
 Carolina Olgado Freitas - “Culpado” - Guarujá/SP

 Terceiro Lugar
 Luciana Fidalgo Ramos Nogueira - “Já não te amo” - Santos/SP

 Menção Honrosa

 Taylor Ferreira dos Santos - “Conflito com o real” - Francisco Morato/SP

 Nicole Kimberly Batista - “O que posso ser” - Francisco Morato/SP

 Fernando Celso Petri - “Erudição” - São Gonçalo/RJ

 Susan Ferreira da Silva - “Coveiro” - Francisco Morato/SP

 Ingrid Duim Ferreira da Silva - “Um sonho meu” - Francisco Morato/SP

Categoria - Adulto

 Primeiro Lugar
 Richardson Silva de Santa Bárbara - “O nome da palavra” - Ubaitaba/BA

 Segundo Lugar
 Hernany Luiz Tafuri Ferreira Júnior - “Passario” - Juiz de Fora/MG

 Terceiro Lugar
 Tatiana Alves Soares Caldas - “Risco” - Rio de Janeiro/RJ

 Menção Honrosa

 Tiago Henrique Cardoso - “Poesia” - Francisco Morato/SP

 Robison Silva Alves - “Descaminhos” - Coaraci/BA

 Reginaldo Costa de Albuquerque - “Cadeira de Balanço” - Campo Grande/MS

 Felipe Cattapan - “Letras sós, só letras” - Rueschlikon/Suiça

 André Telucazu Kondo - “Passo” - Jundiaí/SP

 André Luiz Alves Caldas Amóra - “Ao fim” - Rio de Janeiro/RJ

 Todos os participantes que quiserem, podem solicitar seus certificados de participação através do e-mail: digaoxe@gmail.com

 Parabéns a todos os participantes. Continuem escrevendo e poetizando a vida! Até o próximo ano!

Fonte:
http://concursos-literarios.blogspot.com 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Doze em Ritmo de Sextilhas (Parte 5)


97 - Assis
Verdade, pura verdade,
a que esta sentença encerra,
válida agora e amanhã,
no Brasil e em toda a Terra:
– O amor sempre tem razão,
mesmo quando, às vezes, erra!

 98 - Delcy
 O amor,  em verdade, encerra
 o  verdadeiro  viver!
 Quem ama e se faz amado,
 sabe, ao outro, compreender
 e  vive  uma  vida plena,
 num contínuo  renascer!

99 – Elisabeth 
A vida, podemos crer, 
é um eterno aprendizado 
na busca da evolução... 
Nosso destino é traçado 
e tendo o amor por farol, 
o caminho é iluminado! 

100 - Prof. Garcia 
Se tudo já vem traçado 
vou esquecer meus anéis, 
porque sei que foi Jesus 
com a tinta dos seus pincéis, 
quem traçou o meu destino 
nas folhas dos meus papéis! 

101 – Gislaine
Sejamos, irmãos, fiéis.
Eu digo e posso provar,
pois as musas me ensinaram:   
Quem tem fé e sabe amar,
vivendo somente o amor,
não irá jamais chorar!  

102 - Hélio  
Se o mundo vulgarizar
a solidariedade:
- amor ocupando o espaço
  onde domina a maldade;
veremos em toda a Terra
medrar a paz e a bondade.

103 - Milton
É um sonho de qualidade
 fazer a paz se espalhar.
Alguns chamam de "utopia",
 não querem participar,
mas nós, poetas, queremos
 esta semente plantar

104 - Ouverney
Com tantas estrelas no ar
compondo esse mutirão;
com tantas vozes em coro 
buscando a aglutinação,
quero também fazer parte,
vamos plantar!  Por que não?

105 - Tadeu
 O início da plantação
de quem quer ardentemente
que a paz venha florescer
deve se dar, de repente
e de maneira exemplar,
dentro do peito da gente.

106 – Thalma 
Que a plantação seja urgente
enquanto a gente é capaz
de fazer do coração
o que quase ninguém faz:
a fonte de onde há de vir, 
a nossa almejada Paz.

107 - Vanda
Ciclo eterno: Alguém lá atrás,
plantou, regou... todavia,
se colho frutos agora,
 a quem devo esta alegria?
Saibamos plantar, também,
para que outro colha, um dia!

108 - Zé Lucas
 Feliz quem tem a alegria
de trabalhar bem disposto
e dizer, de fronte erguida:
graças a Deus, sinto o gosto
dos frutos bons que consigo
com o suor do meu rosto!

109 - Assis
O mundo está assim disposto:
reina a bola, e apenas ela.
O povo esquece o trabalho
e, ao som de uma vuvuzela,
grita gol... gol... gol... gol... gol...
e a vida se faz mais bela!

110 – Delcy
A bola hoje está mais bela,
de jabulani é chamada;
na conquista dos "meninos"
se apresenta como fada,
mas se ela nos der o hexa,
não precisamos mais nada!

111 - Elisabeth 
Nossa Pátria está empolgada 
na Copa Dois mil e dez... 
O povo esquece da crise 
nem quer pensar em revés, 
que a bola rola a emoção
no peito, agora.... dos pés! 

112 - Prof. Garcia 
Invertendo os meus papéis 
eu mudo de sintonia, 
deixando a bola de lado 
eu busco a luz que me guia, 
para despertar sonhando 
no reino da poesia.

113 – Gislaine
No momento da alegria,
a bola se faz poema,
a rolar pelos gramados,
procurando um novo esquema
com belos dribles e golos,
que são, do momento o tema!

114 - Hélio   
Todos juntos num só lema, 
vivendo essa parceria,
versamos qualquer assunto: 
O real, ou fantasia; 
que essa copa una as nações
e aqui nos una a poesia.

115 - Milton
Futebol traz alegria,
mas ninguém pode esquecer
que lá na África e no mundo
há tanta gente a sofrer.
Por mais justiça na Terra
nós precisamos torcer.

116 - Ouverney
Tenta o poeta fazer
que a vida ganhe mais vida
não só na África do Sul
mas onde a miséria incida;
governos, vamos ao "cumpra-se",
eis nossa grande torcida!

117 – Tadeu
Estamos de volta à vida
depois de tanta ansiedade
na batalha pela Copa.
Agora é usar a vontade
que mostramos ao torcer
pra enfrentar a realidade.

118 – Thalma
No mundo, a bem da verdade,
ainda impera o egoísmo
em doses que assusta a gente
e faz crescer o ateísmo...
É hora, então de lutarmos
pra salvar o cristianismo...

119 - Vanda
Cultivemos o otimismo,
apesar de tanto horror!
O mal vai grassando, sim,
mas persiste sempre o amor...
e, em vez de olhar os espinhos,
contemplemos cada flor!

120 - Zé Lucas
Sei que existe desamor,
mas somos a espécie eleita,
e, para viver o bem,
Deus nos ensina a receita,
por isso creio que, um dia,
este mundo inda se ajeita.

Parte 1 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/06/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-1.html 
Parte 2 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/07/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-2.html 
Parte 3 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/07/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-3.html
Parte 4 =http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/07/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-4.html

Fonte: 
Doze em Ritmo de Sextilhas: Debate pela Internet. 20.02.2010 a 22.12.2010., 2012.

João Antonio (Meninão do Caixote)


artigo por Felipe Araújo

O conto do escritor paulistano João Antônio, Meninão do Caixote, publicado no livro de contos Malagueta, Perus e Bacanaço, de 1963, apresenta a história de um menino que descobre ser um talento da sinuca. O garoto é fã de seu pai, que dirige um caminhão e o leva para o bairro da Vila Mariana, onde se diverte em uma lagoa. Por outro lado, o relacionamento do menino com a mãe é diferente. Ela vive repreendendo-o, dizendo o que fazer e lhe castigando.

O garoto descobre o talento da sinuca quando, a pedido de sua mãe, vai fazer compras no Bar Paulistinha. Com o início de uma chuva, ele é obrigado a ficar no estabelecimento, onde alguns homens estão jogando sinuca, entre eles Vitorino, que fica amigo do jovem. O menino, mais baixo pela idade, pega um caixote e coloca na beira da mesa, sobe nele para assistir o jogo. Então tem a oportunidade de jogar, vai aprendendo, jogando, e, aos poucos, se torna um taco, como eram chamados os bons jogadores.

No seguinte trecho, João Antônio descreve como foi a descoberta do garoto: “Joguei, joguei muito, levado pela mão de Vitorino, joguei demais. Porque Vitorino era um bárbaro, o maior taco da Lapa e uma das maiores bossas de São Paulo. Quando nos topamos Vitorino era um taco. Um cobra. E para mim, menino que jogava sem medo, porque era um menino e não tinha medo, o que tinha era muito jeito, Vitorino ensinava tudo, não escondia nada”.

Porém, a vida do novo jogador de sinuca entra em confronto com suas obrigações escolares e as preocupações de sua mãe. Ele começa a cabular aulas, tem discussões com a mãe e foge pela janela de casa para jogar. Agora a jogatina vale dinheiro, Vitorino torna-se uma espécie de agenciador do garoto, arrumando adversários, fazendo grana e passando sua fama no boca a boca dos botecos suburbanos.

O menino tentava largar o “joguinho”, como é descrito no trecho: “Larguei uma, larguei duas, larguei muitas vezes o joguinho. Entrava nos eixos. No colégio melhorava, tornava-me outro, me ajustava ao meu nome”. 

Porém, Vitorino, sedento por mais dinheiro e por ver o menino jogar, voltava para convencer o garoto a retornar ao salão.  “Vitorino arrumava um jogo bom, me vinha buscar. Eu desguiando, desguiando, resistia. Ele dando em cima. Se papai estava fora, eu acabava na mesa. Tornava à mesa com fome das bolas, e era: uma piranha, um relógio, um bárbaro. Jogando como sabia”.

Porém, a preocupação da mãe com o menino é representada em seu ápice quando, em uma das sessões de jogatinha do bar, ela aparece com a marmita para o filho. O garoto vê aquela cena, a mãe saindo de cortinhas verdes com sua comida em mãos, não aguenta e começa a chorar. É acudido pelos seus companheiros de sinuca, “Que é? Que é isso? ô Meninão!”. Então promete a si mesmo que vai abandonar o jogo novamente. De forma lírica, João Antônio encerra o conto: “Larguei as coisas e fui saindo. Passei a cortina, num passo arrastado. Depois a rua. Mamãe ia lá em cima. Ninguém precisava dizer que aquilo era um domingo… Havia namoros, havia vozes e havia brinquedos na rua, mas eu não olhava. Apertei meu passo, apertei, apertando, chispei. Ia quase chegando. Nossas mãos se acharam. Nós nos olhamos, não dissemos nada. E fomos subindo a rua”.

Fontes:
 ANTÔNIO, João. Malagueta, Perus e Bacanaço. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
http://jamantabege.blogspot.com.br/2012/05/conto-de-joao-antonio-meninao-do.html

Charles Kiefer (A Menina e o Mendigo)

artigo de Ana Lucia Santana.

Esta história sensível toca em pontos delicados e polêmicos da nossa vida em sociedade; ela é um retrato das chagas sociais que maculam o país, da discriminação e das manifestações de solidariedade que insistem em se impor, independente das hesitações morais de muitos brasileiros.

Carolina é uma garota já fisicamente desenvolvida, e por esta razão ela pode ir toda tarde na padaria próxima a sua casa para buscar leite e pão. Não há problemas em ir sozinha. Afinal, é só caminhar até a Avenida São Pedro, virar à esquerda e dar mais alguns passos. Pronto, lá está a mercearia.

Mas em um sábado que deveria ser como outro qualquer, ela não conta com um imprevisto em sua jornada: um garotinho sem rumo, aos prantos e sem se lembrar onde é sua casa. Ela fica confusa, pois não sabe como levar Digão de volta ao lar. E o pior de tudo é que a vizinhança também desconhece seu endereço.

Pouco antes, a menina havia passado por um mendigo sempre presente naquela região. Ele era um enigma para Carolina; a protagonista não compreendia a forma como o homem era tratado. Enquanto ela e sua mãe podiam se esconder sob as fachadas dos edifícios quando caía uma tempestade, o pedinte era proibido de fazer o mesmo.

A princípio a menina temia o mendigo, mas depois seu pai lhe fez perceber que não havia razão para temê-lo, porque era apenas uma pessoa que trazia em suas costas toda sua bagagem. Pois é justamente da parte dele que vem a solução para o problema de Digão e de Carolina.

Por meio de mensagens escritas o homem mudo interage com Carolina e a leva até a casa do menino. Mas, ao invés de gratidão, ele é recepcionado com rudeza e desagrado pelo pai do garoto. Com profunda delicadeza a voz do autor, em parceria com as lindas imagens tecidas por Marília Bruno, narra uma história de preconceito e de assimilação de seres marginalizados ao seio de uma comunidade social.

Apesar de o autor emprestar uma tonalidade adulta à narrativa, ela é vista do ponto de vista infantil, impresso, aliás, em um diário mais tarde convertido em criação literária. Portanto, é também uma representação do ato de contar histórias, com a ajuda de belas ilustrações.
––––––
Charles Kiefer nasceu na cidade de Três de Maio, no Rio Grande do Sul, no dia 5 de novembro de 1958. Seu ingresso nas veredas literárias se deu com o livro Caminhando na Chuva, dirigida ao público juvenil. Com a obra O Pêndulo do Relógio, de 1985, o autor foi reconhecido nacionalmente e conquistou o Prêmio Jabuti.

No ano de 1993 ele recebe outro Prêmio Jabuti pelo livro de contos Um Outro Olhar. Três anos depois o escritor é agraciado com a mesma premiação pela obra Antologia Pessoal. Desde então ele vem recebendo vários outros prêmios.

Fontes:
http://palavraria.wordpress.com/tag/a-menina-e-o-mendigo/
http://consulteecompre.blogspot.com/2011/12/obras-infanto-juvenis-em-destaque-para.html
http://livrosdeliteraturainfantojuvenil.pontofrio.com.br/A-Menina-e-o-Mendigo-475447.html