ARTHUR THOMAZ
Campinas/ SP
Nessa vida, hoje, eu vou indo
buscando um rumo na sorte.
pois sinto que estou seguindo
uma bússola sem norte.
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Soneto de
MARIA HELENA OLIVEIRA COSTA
Ponta Grossa/ PR
Uma aurora chamada saudade
Telhado tosco, chaminé de barro
e um céu de aurora em tons de carmesim...
Esse é o cenário em que, tristonho, esbarro
quando a saudade vem tanger em mim!
Sobre a mesinha um maltratado jarro
guardava aromas vindos do jardim.
Ao pé do rancho, bois em frente ao carro
cujo destino era seguir sem fim...
E nessa aurora, no fervor da prece,
um nobre vulto agradecia a messe,
certo que Deus estava em cada grão...
Ah... Quem me dera ver mais uma vez,
de mãos calosas e morena tez,
meu velho pai... curvado em oração!
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Trova de
ELISABETE DO AMARAL AGUIAR
Mangualde/Portugal
Batem três horas na torre,
é já tempo de dormir...
mas a noite corre, corre,
e eu fico a vê-la fugir…
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Soneto de
PLÁCIDO FERREIRA DO AMARAL JÚNIOR
Caicó/ RN
Seu nome
Sua chegada foi na minha vida
A luz da aurora no nascer do dia,
Iluminando o lar, e ao ser um guia,
Sanar de vez, a minha dor sofrida.
Pôs no meu ser a sua fé contida
E do seu nome fez também poesia
Ao me dizer o mesmo com magia,
Fazendo eu crer em ter a paz florida.
É minha sorte tê-la aqui comigo
Em todo instante em que pra mim, se vem,
E ao confirmar seu nome em toda hora.
Pois no seu nome eu tenho o meu abrigo
E nele vejo a cor que a mim convém
Por ter alguém que tem o nome. Aurora...
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Trova de
OLIVALDO JÚNIOR
Mogi-Guaçú/ SP
Coração de agricultor
tem mil ramas de beleza:
cada uma tem valor
porque preza a natureza.
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Soneto de
EDY SOARES
Vila Velha/ ES
Alvorada
As maritacas abrem cantoria
nos manacás e pés de tangerina,
até que em rebeldia a sururina
avisa que o arrebol já se anuncia.
O monte... O pico envolto na neblina,
a aurora ganha um tom de nostalgia...
De pronto surge em meio à névoa fria,
o sol, como quem rasga uma cortina.
Raios de luz nas frestas da paineira,
chegam lambendo as folhas da roseira
e, aos poucos, seca o orvalho dos canteiros.
O céu abraça o sol que vem surgindo
e ao fim desse espetáculo tão lindo
o dia chega em passos sorrateiros.
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Trova do
PROFESSOR GARCIA
Caicó/ RN
A terra inteira secou!…
E, a dor me fez sofrer tanto,
que quando a chuva voltou,
tinha secado o meu pranto!
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Soneto de
MARIA MADALENA FERREIRA
Magé / RJ
A acendedora da luz
O sol se foi:... A lua vem chegando:
Cada qual volta à sua moradia
- enquanto um sino - ao longe - vai lembrando
que é hora de rezar a "Ave-Maria":
As luzes vão - aos poucos - se apagando,
e um sono repousante se inicia
- o que nos faz sonhar - de vez em quando... -
que a vida é toda feita de harmonia:
E mal a impaciente passarada
anuncia o final da madrugada,
em sua costumeira algaravia,
um leve tom rodado - no horizonte -
vem revelar - antes que o sol desponte -
que... a AURORA anda a acender a luz do dia!!!
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Trova de
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/ RN, 1951 – 2013, Natal/ RN
A lua, de vez em quando
fica um pouco sem brilhar,
para ficar “espiando”
dois pombinhos namorar!
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Soneto de
FRANCISCO GABRIEL
Natal/ RN
Altar do amanhecer
Quando a noite abandona o firmamento,
nossa Lua da luz se divorcia;
é que a vida precisa de alimento
para fecundação de um novo dia.
No horizonte respira novo vento,
é que a Terra, entonando maestria,
engravida de Deus por um momento,
procriando uma nova poesia.
Surge a aurora pintando mil cantares,
irmanando universo, terra e mares,
na cantata de luz sobre o nascer.
Quando o Sol brilha em todos os lugares,
os cenários da Terra são altares,
aplaudindo outro novo amanhecer.
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/ RS, 1932 – 2013, São Paulo/ SP
A grandeza imaginária
que todo vaidoso tem,
é uma estrela solitária
brilhando sobre... ninguém...
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Hino de
SARAPUÍ/ SP
Sarapuí, Cidade da Paz;
da virtude e do labor,
tens a vida emoldurada na ordem;
no respeito e no humano calor.
Acesa tens a chama da fé,
definindo o teu perfil.
Ao cumprir o teu destino de glória,
avivas o ideal do Brasil.
Assim és Sarapuí,
cortejada pelos tropeiros.
Tornaste povo fecundo e operoso.
Sempre cordial e hospitaleiro.
Tens na flor do algodão,
bela e rica altiva estás.
Verdes prados ondulantes refletem;
seu vasto sentimento de paz.
A interpridez seu filho marcou,
na conquista de um lar feliz,
sua gente exalta e crê na família,
sonhando com o bem do país.
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Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/ SP
Sem ter fortuna aparente,
sob a luz de um lampião
fui bem mais rica e mais gente
naquela casa de chão.
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Soneto de
MESSIAS DA ROCHA
Juiz de Fora/ MG
Gênesis
Eu sei, amor, que, às vezes, me conduzes
em trevas densas por detrás dos muros,
onde as sombras se vestem com capuzes
e onde os frutos jamais ficam maduros.
Nas tuas mãos percebo, sempre, luzes
mas os dias se tornam mais escuros
e no calvário, em meio a tantas cruzes,
agonizam meus sonhos mais impuros.
Então, concebo um novo firmamento
e, na cruel solidão do pensamento,
forjo auroras nas noites tão vazias
e, por querer da escuridão o inverso,
lanço sonhos nas sombras do universo
e consigo dar vida a novos dias.
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Trova de
JOSÉ VALDEZ DE CASTRO MOURA
Pindamonhangaba/SP
As reticências discretas
do meu sofrer, a chorar,
mostram mágoas tão secretas
que eu não ouso revelar…
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Glosa de
JOSÉ FELDMAN
Floresta/ PR
MOTE:
Da vida não quero a glória
que tanto engana e seduz.
Prefiro não ter história
a renunciar minha cruz.
Filemon Martins
São Paulo/SP
GLOSA:
Da vida não quero a glória,
prefiro a paz do meu ser,
que brilha em singela história,
sem necessidade de ter.
Que tanto engana e seduz,
mas deixa um vazio imenso,
no brilho que a alma reluz,
encontrando um novo senso.
Prefiro não ter história,
se a verdade não é pura,
um caminho em sua trajetória,
que traz firmeza e ternura.
A renunciar minha cruz,
aceito o peso da vida,
pois nela, mesmo em sua luz,
encontro a força querida.
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Trova
A. A. DE ASSIS
Maringá/PR
Cresce a cidade… que pena…
crescendo, perde a poesia;
– na rua ninguém me acena,
ninguém mais me diz bom-dia!
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Poema de
RODRIGO ZUARDI VIÑAS
Porto Alegre/RS
Se eu partir antes de ti
Quero que isso aconteça
numa manhã tranquila
e agradável
para que o momento
seja eternizado
pela beleza do dia
e pelos sentimentos
que temos um pelo outro.
Ah, se eu partir antes de ti,
sei que, além de saudades,
manterás, por mim,
muito carinho e admiração.
A amizade que nos une
foi construída
com muito respeito, sinceridade
e companheirismo.
Ah, se eu partir antes de ti,
sei que me guardarás
como uma das tuas boas lembranças.
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Quadra Popular
AUTOR ANÔNIMO
Quero cantar, ser alegre,
Que a tristeza não faz bem;
Inda não via tristeza
Dar de comer a ninguém.
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Soneto de
JOSÉ RIOMAR DE MELO
Caucaia/CE
Meu verso
Se meu verso te agrada, te conforta,
Faz lembrar-te emoções que já viveste,
Com algum deles talvez te comoveste,
Ativando a esperança quase morta!
É sinal que choveu na minha horta,
Na emoção que a mim tu concedeste,
Ao sentir que no verso que tu leste
De euforia e de paz teu peito aborta;
Entretanto se um deles não ressoa,
Na fiel sintonia e te magoa,
Na palavra ou na frase te feriu...
Eu te peço perdão em tom profundo,
Porque mesmo agradar a todo mundo,
Jesus Cristo também não conseguiu...
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Trova de
DULCÍDIO DE BARROS M. SOBRINHO
Juiz de Fora/MG
Enquanto a gente descansa
na metade de um caminho,
um outro qualquer alcança
a outra metade sozinho.
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Glosa de
GISLAINE CANALES
Herval/RS, 1938 – 2018, Porto Alegre/RS
Rima e graça
MOTE:
Eu sinto o vento que passa
portador de boa nova
enchendo de rima e graça
os quatro versos da trova.
Antônio José Barradas Barroso
(Parede/Portugal)
GLOSA:
Eu sinto o vento que passa
a beijar , com seu carinho,
todas as flores da praça,
que encontra no seu caminho.
Esse vento é benfazejo,
portador de boa nova,
pois traz, a todos um beijo
de maneira sempre inova.
Mostra a sua força e raça
numa escala de alegria,
enchendo de rima e graça
a nossa amada poesia.
Esse vento acaricia
e a cada instante renova,
melhorando na poesia
os quatro versos da trova.
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Haicai de
EDMAR JAPIASSÚ MAIA
Miguel Couto/RJ
Ao ver no jardim
tua beleza e a da rosa
desejei as duas!
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Poema de
GONÇALVES DIAS
Caxias/MA, 1823 - 1864, Guimarães/MA
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas tem mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
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Trova de
LUCÍLIA ALZIRA TRINDADE DECARLI
Bandeirantes/PR
Da sua casa ao cartório
apenas um quarteirão...
Dada a preguiça, o casório
se fez por procuração.
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Endecha de
LUÍS VAZ DE CAMÕES
Coimbra, 1524 – 1580, Lisboa
Endechas à bárbara escrava
Aquela cativa
Que me tem cativo,
Porque nela vivo,
Já não quer' que viva.
Eu nunca vi rosa
Em suaves molhos,
Que para meus olhos
Fosse mais formosa.
Nem no campo flores,
Nem no céu estrelas
Me parecem belas
Como os meus amores.
Rosto singular,
Olhos sossegados,
Pretos e cansados,
Mas não de matar.
Uma graça viva,
Que neles lhe mora,
Para ser senhora
De quem é cativa.
Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde opinião
Que os louros são belos.
Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas Bárbara não.
Presença serena,
Que a tormenta amansa;
Nela, enfim, descansa
Toda minha pena.
Esta é a cativa
Que me tem cativo
E, pois nela vivo,
É força que viva.
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