sábado, 15 de novembro de 2025

Guirlanda de Versos * 51 *


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JOSÉ FELDMAN, poeta, trovador, escritor, professor e gestor cultural. Formado em técnico de patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas de São Paulo. Devido à situação financeira insuficiente não concluiu a Faculdade de Psicologia, na FMU, contudo se fez e ainda se faz presente em mais de 200 cursos presenciais e online no Brasil e no exterior (Estados Unidos, México, Escócia e Japão), sendo em sua maioria de arqueologia, astronomia e literatura. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Morou na capital de São Paulo, onde nasceu, em Taboão da Serra/SP, em Curitiba/PR, em Ubiratã/PR, em Maringá/PR. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Confraria Brasileira de Letras, Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Academia de Letras Brasil/Suiça, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul (com trovas do mundo). Apaixonado por cães e gatos, assina seus escritos por Floresta/PR. Dezenas de premiações em crônicas, contos, poesias e trovas no Brasil e exterior.
Publicações de sua autoria “Labirintos da vida” (crônicas e contos); “Peripécias de um Jornalista de Fofocas & outros contos” (humor); “35 trovadores em Preto & Branco” (análises); “Canteiro de trovas”; “Pérgola de textos” (crônicas e contos), “Caleidoscópio da Vida” (textos sobre trovas) e “Asas da poesia”.

Silmar Bohrer (Croniquinha) 148

Diz a letra daquela música - "Tenho andado tão só, quem me olha nem me vê...".  

Interessante, alguém não nos vê. Na verdade a afirmação pode ser ao contrário, do outro lado - nós não "enxergamos" alguém que olha sem ter nossa atenção. E então pensamos ser infelizes.

Andamos na estrada, na rua, estamos numa reunião e não mostramos urbanidade e simpatia com alguém que possa nos dar um sorriso, uma fala, uma guarida.  Estamos enrustidos no nosso nós. Tenho visto gente de cara feia, jeito amarrado, nem uma risadinha. E aí a gente pergunta - por quê? Uma conversa não anima, uma saída não relaxa, uma caminhada não renova?

Talvez a felicidade comece por aí. Ou esteja embutida em pequenos detalhes, espírito animado, alegria nas ideias. A felicidade começa em nós. Saibamos buscá-la, construindo felicidades mútuas.

A vida pede entendimento, 
                        bom senso, 
                        alumbração.
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Silmar Bohrer nasceu em Canela/RS em 1950, com sete anos foi para em Porto União-SC, com vinte anos, fixou-se em Caçador/SC. Aposentado da Caixa Econômica Federal há quinze anos, segue a missão do seu escrever, incentivando a leitura e a escrita em escolas, como também palestras em locais com envolvimento cultural. Criou o MAC - Movimento de Ação Cultural no oeste catarinense, movimentando autores de várias cidades como palestrantes e outras atividades culturais. Fundou a ACLA-Academia Caçadorense de Letras e Artes. Membro da Confraria dos Escritores de Joinville e Confraria Brasileira de Letras. Editou os livros: Vitrais Interiores  (1999); Gamela de Versos (2004); Lampejos (2004); Mais Lampejos (2011); Sonetos (2006) e Trovas (2007).
Fontes:
Texto enviado pelo autor.
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Monteiro Lobato (O camponês ingênuo)

Era um camponês muito ingênuo, que um dia partiu para a cidade de Bagdá a fim de vender uma cabra; foi montado num jumento, a puxar a cabra, que ia, tlin, tlin, tlin, com um cincerro ao pescoço. 

Três ladrões resolveram roubá-lo.

— Eu me encarrego de furtar a cabra — disse um deles.

— E eu, de furtar o jumento — disse o segundo.

— E eu, de furtar-lhe as roupas — disse o terceiro.

Assim combinados; os três malandros seguiram o pobre camponês. O primeiro deu jeito de passar a campainha do pescoço da cabra para o rabo do burro sem que o pobre homem percebesse. Sempre a ouvir o toque da campainha, só muito lá adiante é que olhou para trás e não viu cabra nenhuma.

Desesperado com aquilo, porque aquele animalzinho representava muito para ele, pulou do jumento abaixo e pediu a um homem que viu por ali que o segurasse enquanto ele ia em procura da cabra. 

Com a maior boa vontade o homem prontificou-se a segurar o jumento — e, assim que o camponês se afastou, fugiu. Esse homem era o segundo ladrão.

Quando o camponês voltou e não encontrou nem sinal do jumento, abriu a boca, desesperado. Nisto deu com outro homem que olhava para dentro dum poço, com grande aflição.

— Que houve? — perguntou o camponês. — Perdeu também algum jumento?

— Perdi muito mais! — disse o homem com voz de desespero. — Imagine que fui encarregado de entregar um escrínio de ouro ao califa, e sentando-me à beira deste poço, para descansar, não sei que jeito dei que o escrínio caiu lá dentro.

— Por que não desce para pegá-lo?

— Já pensei nisso, mas tenho medo de resfriar-me. Sou muito sujeito a resfriados. Estou esperando que apareça alguém que queira prestar-me este serviço.

— Quanto paga? — perguntou o camponês.

— Oh, pago dez moedas de ouro, porque se trata dum escrínio riquíssimo.

O camponês não disse mais nada. Sacou fora a roupa e desceu ao poço. E o tal portador do escrínio, que não era portador de escrínio nenhum e sim o terceiro ladrão, fugiu com a roupa dele…
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— Coitado! — exclamou Narizinho. — A vida é bem cruel. Os ingênuos e os bons são sempre iludidos pelos maus.

— Verdade, sim — concordou dona Benta.

— Os homens de boa fé saem sempre perdendo. Por isso o meu bisavô, que foi o homem mais matreiro da sua zona, costumava dizer: “Quando alguém me procura para propor um negócio, eu fico ouvindo e pensando cá comigo: “Onde estará o gato?” e descubro, porque em todo negócio que alguém propõe há sempre um gato escondido.” Nesse pau tem “mé”! — dizem os caboclos.

Mas Narizinho não tirava da ideia o pobre camponês.

— Coitado! Perder a cabrinha já foi um desastre. Perdeu depois o jumento, que valia muito mais que a cabrinha. E por fim acabou nu em pelo. E por quê? Só porque teve boa fé, só porque acreditou nos três homens…

— Por isso é que eu não gosto de gente — gritou Emília. — São os piores bichos da terra. Entre as formigas ou abelhas, por exemplo — quem é que já viu uma furtando outra, ou mentindo para outra, ou amarrando outra em rabo de burro bravo? Vivem em sociedade, aos milhares de milhares, na mais perfeita harmonia. Ah, quem quiser saber o que é honestidade de vida, vá a um formigueiro ou a uma colmeia. Aqui entre os homens é que não fica sabendo disso, não. Quanto mais conheço os homens, mais aprecio as abelhas e as formigas.
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Monteiro Lobato (José Bento Renato Monteiro Lobato) nasceu em 1882, em Taubaté/SP, e faleceu em 1948, em São Paulo. Foi promotor, fazendeiro, editor e empresário. Apesar de também escrever para adultos, ficou mais conhecido por causa dos seus livros infantis. Faz parte do pré-modernismo e escreveu obras marcadas pelo realismo social, nacionalismo e crítica sociopolítica. Já seus livros infantis da série Sítio do Picapau Amarelo possuem traços da literatura fantástica, além de apresentarem elementos folclóricos, históricos e científicos.Em 1900, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo. Em 1903, se tornou um dos redatores do jornal acadêmico O Onze de Agosto. Escreveu também para periódicos como Minarete, O Povo e O Combatente. Se formou em Direito no final do ano de 1904. Em 1908, se casou com Maria da Pureza. Com a morte do avô, em 1911, o escritor recebeu como herança algumas terras. Assim, decidiu morar na fazenda do Buquira. Ele passou a ser conhecido quando, em 1914, sua carta “Uma velha praga” foi publicada n’O Estado de S. Paulo. Em seguida, o autor criou o personagem Jeca Tatu. Três anos depois, desistiu da vida de fazendeiro e se mudou para São Paulo. Nesse ano, publicou o polêmico artigo Paranoia ou mistificação?, que critica as tendências modernistas. No ano seguinte, comprou a Revista do Brasil. Em 1920, fundou a editora Monteiro Lobato & Cia. Cinco anos depois, vendeu a Revista do Brasil para Assis Chateaubriand (1892–1968) e decretou a falência da editora Lobato & Companhia, que, a essa altura, já se chamava Companhia Gráfico-Editora Monteiro Lobato. Ele se tornou sócio da Companhia Editora Nacional. Se mudou para o Rio de Janeiro, em 1925. Dois anos depois, foi para Nova York, onde assumiu o cargo de adido comercial. Em 1929, devido à crise econômica, vendeu suas ações da Companhia Editora Nacional. No final de 1930, quando Getúlio Vargas (1882–1954) subiu ao poder, o escritor perdeu seu cargo de adido comercial. Retornou ao Brasil no ano seguinte. Em 1932, foi um dos fundadores da Companhia Petróleo Nacional. Anos depois, em 1941, o autor ficou preso, durante três meses, por fazer críticas ao regime ditatorial de Getúlio Vargas. Se tornou sócio da Editora Brasiliense, em 1946, ano em que decidiu morar na Argentina, onde foi um dos fundadores da Editorial Acteón. Voltou ao Brasil em 1947 e fez críticas ao governo de Eurico Gaspar Dutra (1883–1974). Em 1922, decidiu concorrer à cadeira número 11 da Academia Brasileira de Letras. Porém, desistiu da candidatura por não querer “implorar votos”. Já em 1926, voltou atrás e, novamente, concorreu a uma vaga na ABL, mas não foi eleito. Por fim, em 1944, recusou indicação para a Academia, em protesto por Getúlio Vargas ter sido eleito à Academia Brasileira de Letras em 1941

Fontes:
Monteiro Lobato. Histórias de Tia Nastácia. Publicado originalmente em 1937. Disponível em Domínio Público.  
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Manuel de Oliveira Paiva (Corda sensível)


Um fardão de coronel estava enfiado sobre o espaldar da cadeira de balanço, e a pequena Maria, apertando na mão uma fatia de pão com manteiga, olhava extasiada. A cor azul escura da casimira (tecido leve de lã), sob a claridade noturna que enchia a sala, modelava macieza de veludo e fingia reflexos de roxo. Nas ombreiras do fardão pousavam as dragonas maciças, de grande gala, com o seu chuveiro de torçais de ouro; e na frente o papo se escancarava, deixando ver a tela de crochê, com que se costuma proteger as mobílias. A um lado corriam-lhe os oito botões, cada um crescido como um olho-de-boi...

Mas, quando a pequena deu com o empastamento de condecorações que encobria lado a lado o peito ao fardão, não pôde resistir ao chamariz, e pondo um joelho à beira do assento e com os bracinhos estirados agarrando-se aos braços da cadeira, subiu, apesar do balanço. As mangas da farda começaram então um movimento de pêndulo, roçando no tapete os canhões encastoados pelas pesadas divisas de coronel. O amor ao equilíbrio forçou a pequena Maria a ir com a mão ao topo da cadeira, e aí, olha lá manteiga pelas abas.

Acode naquela cabecinha castanha uma ligeira ideia de remorso, e o que há de mais simples é deixar as coisas como estavam. A esse tempo brilhavam no escuro da rua, à altura do peitoril da janela, os olhos da filha do cabo de ordens, que espiava para dentro, pode ser que arrastada pelo cheiro da ceia, cujos tirlintintins se ouvia. Que ótimo desvio! E as duas começaram a conversar-se na janela, como pessoas sisudas; bem entendido, a pequena do cabo de ordens comendo o enfastiado pão com manteiga, a célebre fatia.

No dia seguinte, quando a criada veio sacudir os móveis, caiu das nuvens, coitada! Cada rombo deste tamanho, afora uma porção de rendinhas, na casimira do fardão, de modo que a intertela e os recheios do peitilho estava tudo estripado e esbrugado.

Consequência: um ódio entranhado aos ratos. Os cantos da casa povoaram-se de ratoeiras. Era um nunca acabar.

Pois, senhores, roerem a mais linda, a mais garbosa, a mais rica, a mais nobre farda da província?! Ah! se o coronel pudesse estrepar toda a ratagem unânime das nações na ponta de seu gládio!

Em um amanhecer de abril, sofrivelmente belo, a criada, deixando para mais tarde a visita às ratoeiras, aconteceu que ajuntaram-se à pequena Maria o pequeno Manuel e o caçula, e foram despescar, por sua conta e risco, as da despensa.

O cabeça do motim, que todos sabem ser a senhora dona Maria, como lhe chama a mãe quando se enfeza, não teve mais o que fazer, e, cercada pelos dois bargados consócios (companheiros espertos), assentou-se no chão, depondo a ratoeira sobre o pano do vestido que se fazia entre as duas perninhas abertas.

A ratoeira não era mais de que uma cúpula de arame cozida a uma rodelazinha de pinho. Dentro, porém, havia era um bicho cinzento e uma porção de bichinhos vermelhos, da cor dos dedinhos do caçula: fenômeno raro, que provocou uma gritaria hilariante, aliás inconveniente, porque atrás acudiram a criada, a mamãe e até o coronel, a ver o que fazia aquela troça de quenquéns.

Maria estava metendo a mão para abocanhar a bicharada — em tempo de ser mordida! — e o Manuel procurava também se havia outro buraco onde ele pudesse meter a dele.

— Virgem Maria! — vozeava a criada.

— Isto é o diabo! — roncava o coronel.

Recuaram todas as mãos, e a curiosidade das criancinhas foi achar nos olhos delas o desejado e inviolável refúgio.

A mamãe, porém, encarando o caso, juntou as mãos enternecidamente, e, cobrindo o marido e os três filhinhos com um daqueles olhares que só em mulheres se depara, exclamou cheia de profundo sentimento materno:

— Espera, que é uma ratinha que deu à luz na ratoeira!

O duro militar ficou embasbacado. Enquanto a rata puérpera, impunemente, pacatamente, com o salvo-conduto de sua boa estrela de mãe, saía, como um anão no meio de enormes gigantes de conto de fada, e galgava novamente as prateleiras prenhes de queijo. A ninhada se amontoava no regaço da pequena Maria, — uma porção de bichinhos vermelhos, da cor das carnes tenras do caçula, cujo corpinho nu estava ali acocorado, a alma de criança aberta nuns olhos admirativos, exclamando Com jubilosa admiração:

— Uói! — apontando para os ratinhos com o dedinho vermelho.
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MANUEL DE OLIVEIRA PAIVA (Fortaleza/CE, 1861 – 1892) foi um escritor cearense. Colaborou no periódico A Quinzena, publicação da agremiação cearense Clube Literário, do qual participavam João Lopes, Virgílio Brígido, Justiniano de Serpa, entre outros. Também publicou no jornal carioca A Cruzada e O Libertador, órgão da Sociedade Libertadora Cearense, período em que pública dois poemetos (Zabelinha ou a Tacha Maldita e 25 de Março) e um romance (A Afilhada). Sua obra de maior renome, Dona Guidinha do Poço, foi publicada postumamente, em 1952, por inciativa da pesquisadora e crítica literária Lucia Miguel Pereira. Cursou o seminário do Crato, mas trocou a vida eclesiástica pela militar, indo estudar na Escola Militar do Rio de Janeiro, retornando à terra natal em 1883, devido a problemas pulmonares. Teve participação ativa na campanha abolicionista, colaborando no jornal Libertador. Destacou-se, também, como membro do Clube Literário. Sua única obra publicada em vida foi A Afilhada, novela que saiu em folhetins no Libertador em 1889. Neste jornal e em A Quinzena saíram alguns de seus poemas abolicionistas e seus contos realistas. Em livro, porém, seus escritos só seriam publicados postumamente, algumas dezenas de anos depois da sua morte. Sua obra-prima, Dona Guidinha do Poço, escrita em 1892, é um dos maiores romances do Naturalismo brasileiro e possui uma história interessante: seus originais foram entregues pelo próprio autor ao amigo Antônio Sales, que entregou uma cópia a Lopes Filho, que a perde, e outra a José Veríssimo, que iniciou a publicação, interrompida com a falência da sua Revista Brasileira; no fim dos anos 40, porém, Lúcia Miguel-Pereira encontra uma cópia com Américo Facó, depois de intensa pesquisa. Ela publicou, finalmente, Dona Guidinha do Poço em 1952. A Afilhada ganhou edição em livro em 1961, e seus contos foram publicados pela Academia Cearense de Letras em 1976.

Fontes:
Manuel de Oliveira Paiva. Contos. Publicado originalmente em 1888. Disponível em Domínio Público.
Biografia = https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_de_Oliveira_Paiva 
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sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Asas da Poesia * 128 *


Poema de
VIVI VIANA
Natal/RN

Paixão
 
Penso em ti…
Sonhos e medos atormentam meu ser
sofro a condenação por te querer
choro, gosto, quero, não quero…
E assim vive minha pobre alma
tentando desvendar
o livro do teu ser.
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Soneto de
DOROTHY JANSSON MORETTI
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP

Cadeira de Balanço

“Tanto luar assim…?! Só pode ser engano”
Miguel Russowsky (1923 – 2009)

Ao suave balanço da cadeira,
ao clarão do luar, em meu recanto,
o sonho, de investida sorrateira,
me envolve com seu místico acalanto.

Se a lua é mentirosa ou verdadeira,
não importa; eu me entrego ao seu encanto.
(A vida é tortuosa e passageira,
mas eu aceito em paz meu tanto-ou-quanto).

Rebrilha a lua, a cadeira balança,
e eu, galopando ao dorso da lembrança,
revivo a minha saga, ano por ano.

E enfim, de volta à cena que me inspira,
tudo parece uma grande mentira…
Até o luar, também…. parece engano!
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Poema de
AUGUSTO MACÊDO
Santana do Matos/RN

Saudade é uma Ficção…

Chegaram a conclusão
que o cientista não mente,
está provado realmente:
Saudade é uma ficção.
Já existe outra versão
disse um grande pensador
que a saudade é uma dor
que a gente sente doer,
é oculta e ninguém “ver”
não tem perfume, nem cor!
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Trova Popular

Não me tentes com fortuna
para contigo casar:
eu prefiro mais que tenha
coração para me dar...
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Dobradinha poética (trova e soneto) de
LUCÍLIA ALZIRA TRINDADE DECARLI
Bandeirantes/PR

Destino Traçado

O tempo, que foi traçando
os caminhos teus e meus
viu o amor ressuscitando:
– predestinação de Deus!…

Enamorados, lado a lado, um dia,
nós dois felizes, pelo amor ligados…
Passou-se o tempo e veio a nostalgia
quando a distância pôs-nos separados.

Mas no destino escrito, todavia,
pudemos ler depois, quase assustados,
que uma saudade nunca se esvazia
sem que os anseios sejam debelados.

E, assim, tal qual ovelha que, ferida,
tem no pastor a mão compadecida,
ou passarinho procurando a flor…

Qual negra noite em busca do luar,
águas fluviais, unidas pelo mar:
somos nós dois… vencidos pelo amor!
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Poema de
HÉLIO PELLEGRINO
Belo Horizonte/MG (1924 – 1988)

“Menino de Marfim”

A doença devastou teu corpo
roeu tua carne
sacudiu teus ossos

A doença fustigou tua figura
secou teus músculos
expurgou tua forma

Ficaste a cada dia menor
como um pássaro na grande chuva
como um pobre animal tosado

Até que a morte
– acabamento e fim -
de ti extraiu tua essência:
um pequenino –   apaziguado –
menino de marfim.
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Soneto de 
CELITO MEDEIROS
Meleiro/SC

Um Soneto para Machado de Assis
(O primeiro e o último verso são frases de Machado de Assis)

Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura
Onde está a sua origem e fonte de vida?
Não vejo solução nesta minha amargura
Nenhum remédio para curar esta ferida

Tenho lutado para obter minhas vitórias
Sair do lamaçal que prende os humanos
Entender a filosofia perpetuando glórias
Com a liberdade do saber destes fulanos

É como o caranguejo fora do mangue
Não acreditar viver além desta malha
Onde é formada a verdadeira falange

Manter minha honra não é uma falha
Sair do jogo, esvaindo-se em sangue
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!
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Poema de
DORIVAL C. FERNANDES
Pontal do Paraná/PR

Quero

Quero que o seu dia seja
suave como a brisa matutina…
Todas as vezes, sempre calma e contínua.

Que o Sol tenha o calor
dos corpos que se desejam e amam…
Todas as vezes, sempre com muito amor.

Quero que a brisa afague você
num abraço envolvente “caliente”…
Todas as vezes, sempre com o meu querer.

Quero porque quero, um momento nosso
cheio de ternura, paixão e candura…
E por todo sempre porque é amor.
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Trova Funerária Cigana

Ao levantar tua campa,
tua imagem esperei.
Foi ilusão do desejo,
só teus ossos encontrei.
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Soneto de 
ALPHONSUS DE GUIMARAENS FILHO
Ouro Preto/MG, 1870 – 1921, Mariana/MG

Soneto do silêncio

Fantástico silêncio! Nele existe
um clarão momentâneo: e tudo dorme.
Ai! que a noite irreal, cega e disforme,
ainda o faz mais pungente e amargo e triste!

Fantástico silêncio moribundo
aos meus olhos aceso como velas
que iluminassem becos e vielas
pelas cidades pálidas do mundo...

Lá o vejo pender, fruto caído,
lá o vejo soprar contra muralhas
e recobrir — silêncio envelhecido —

o que a noite ocultou, e está perdido...
Lá o vejo oscilar nas cordoalhas
de algum veleiro desaparecido.
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Poema de 
APOLLO TABORDA FRANÇA
Curitiba/PR, 1926 – 2017

Um “Flash” Sertanejo

Pelos confins do sertão,
vive lá Zé Seresteiro...
Sempre com viola na mão:
- Perto um riacho e um pinheiro.
Seu rancho feito de palha,
o chão de terra batida...
Nele Zé bem se agasalha:
- No roçado a sua lida.

Beldades da Redondeza
faziam coro com Zé...
Ambiente de singeleza:
no terreiro um garnisé.
E do grupo a mais catita
que do Zé tinha atenção...
A lindeza da Zurita:
- lábios da cor do tição.

Faces lisas, cor-de-rosa,
os olhos verdes dos campos...
Zurita, a mais formosa:
- Lua cheia, pirilampos.
Se passarem muitas tardes,
Zé casou com a Zurita...
Petizada, seus alardes:
- Choupana toda de fita.

Zurita e Zé Seresteiro
levam a vida dourada...
Horta, feijão no celeiro:
- Cada noite nova toada.
Pelos ermos, pela mata,
o chilrear dos passarinhos...
Um sussurro se desata:
- Nas veredas, nos caminhos.

Tem coruja na vivência,
pica-pau e saracura...
João-de-barro, eficiência:
Quero-quero, com fartura.
Essa a vida sertaneja,
nos rincões do Paraná...
Tamanha beleza enseja:
- Se há outra, qual será?

Zurita e Zé Seresteiro,
um casal bem ajustado...
Juntinhos o dia inteiro:
- Ó que amor tão sublimado!
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Soneto do
Príncipe dos Poetas Piracicabanos 
LINO VITTI
Piracicaba/SP, 1920 – 2016

A Meu Pai

Lado a lado, meu pai, nas andanças da vida,
mãos dadas com carinho e com grandioso amor,
umas vezes a estrada é uma senda florida,
muitas outras, porém tem espinhos e dor.

Em você, caro pai, encontrei nesta lida
mil sonhos a cumprir, de luz um resplendor,
A todos conduziu, com nossa mãe querida,
a um porto bem seguro, a um porto salvador.

Que a idade não lhe seja um peso doloroso,
antes uma alegria, anseio realizado,
uma vitória em meio a este mar proceloso.

Eu lhe desejo, pai, tão extremoso e amado
que o proteja o bom Deus que é grande e poderoso,
que o conserve, feliz, por muito ao nosso lado.
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Hino de 
Nova Friburgo/RJ

Friburguenses, cantemos o dia
Que surgindo glorioso hoje vem,
Nesta plaga onde o amor e a poesia
São como as flores nativas também
Escutando os rumores da brisa,
Refletindo esse céu todo azul,
O Bengalas sereno desliza
Sob o olhar do Cruzeiro do Sul.

Estribilho

Salve, brenhas do Morro Queimado,
Que os suíços ousaram varar,
Pois que um século agora é passado,
Vale a pena esse tempo lembrar.

Do suspiro na fonte saudosa,
Há três almas que gemem de dor,
Repetindo esta prece maviosa
Da saudade, do ciúme e do amor
Estas serras de enorme estatura,
Alcançando das nuvens o véu,
São degraus colocados na altura,
São escadas que vão para o céu.

Estribilho

Salve, brenhas do Morro Queimado,
Que os suíços ousaram varar,
Pois que um século agora é passado,
Vale a pena esse tempo lembrar.

Coroemos de versos e flores
A Princesa dos Órgãos, gentil,
Embalada em seus sonhos de amores
Das aragens ao canto sutil.
Em teu seio de paz e bonança,
Sono eterno queremos dormir,
Doce anelo de nossa esperança,
Esperança de nosso porvir!

Estribilho

Salve, brenhas do Morro Queimado,
Que os suíços ousaram varar,
Pois que um século agora é passado,
Vale a pena esse tempo lembrar.
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Soneto de 
EMILIANO PERNETA 
Pinhais/PR, 1866 — 1921, Curitiba/PR

Soneto do sangue

Nada pode igualar o meu destino agora
Que o furor me feriu com um tirso de marfim,
Vede, não me contenho, o abutre me devora,
Com as suas mãos que são de nácar e jasmim...

Meu sangue flui, meu sangue ri, meu sangue chora,
E se derrama como o vinho dum festim.
Não há frauta que toque mais desoladora.
Ninguém o vê correr, mas ele não tem fim.

Possuísse, ao menos, eu, o dom de transformá-la
Numa folha, no aloés, no vento frio, do mar,
Ela que inda é mais fria e branca do que a opala...

Mas nada, nem sequer ao menos, eu, torcido
O tronco nu, o gesto doido, o pé no ar,
Hei de ver Salomé dançar como São Guido!
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Fábula em Versos de
JEAN DE LA FONTAINE
Château-Thierry/França, 1621 – 1695, Paris/França

O velho e os três mancebos

Plantava certo velho de oitenta anos.
«Plantar!» — diziam certos mancebinhos
Vizinhos e bairristas.
«Plantar!... Edificar tinha seu passe.
Por certo caducais. Ora, vos peço
Pelos numes do Olimpo,
Que fruto ideais colher desse trabalho?
Menos que envelheçais como Matusalém.
Que vai carregar a vida
Com o empenho dum porvir que há de escapar-vos?
Doravante cuidai nas vossas culpas;
Deixai esperanças longas,
Vasto assunto que a nós convém somente.
— Tão pouco a vós: que quanto estabelecemos,
Vem tarde, e pouco dura.
Zomba igualmente a mão das fuscas Parcas
Dos meus, dos vossos dias. Na curteza
Vão iguais nossos termos.
E qual de nós, da abóbada estelífera,
Verá último a luz? Há um momento
Que nos dê por seguro
Um segundo de vida? Os meus bisnetos
Dever-me-ão esta sombra. E bem? Ao sábio.
Tolhereis vós desvelos,
Que aos outros deem prazer? Fruto é, que eu logro
Já desde hoje e amanhã, e ainda outros dias
Talvez que ainda o goze,
E que inda, sobre as vossas campas, possa
Algumas vezes vir saudar a aurora.
Razão o velho tinha:
Que um dos três moços se afogou no porto,
Partindo para a América: o segundo,
Armando aos grandes postos,
Servindo o Estado, em marciais empregos,
Golpe imprevisto lhe cortou o estame
Dos dias seus; e o último,
Caiu do tronco em que enxertava um garfo.

Chorando, o velho lhes gravou nas campas
O que eu aqui vos conto.
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Cailin Dragomir (Histórias de Moșneagul*) Os três irmãos


Diz-se que Moșneagul, em certa ocasião, testou três irmãos que estavam tentando explorar a floresta para cortar as árvores mais antigas e valiosas, com a intenção de vender a madeira por um bom preço na vila. 

Cada irmão tinha um machado, e juntos decidiram que iriam derrubar a maior árvore da floresta, que, segundo os aldeões, era habitada por espíritos antigos.

Quando começaram a cortar a árvore, Moșneagul apareceu, disfarçado de um velho viajante, e perguntou:

— Por que estão incomodando a floresta, filhos? Não sabem que estas árvores têm vida?

Os dois irmãos mais velhos zombaram do velho, dizendo que ele era só um louco que acreditava em superstições. 

Mas o irmão mais novo, que era mais humilde, parou e respondeu:

— Estamos buscando sustento, mas talvez estejamos errados em não pedir permissão à floresta.

Impressionado pela sinceridade do irmão mais novo, Moșneagul revelou sua verdadeira identidade e avisou:

— Aqueles que tiram mais do que a floresta pode oferecer serão punidos. Mas aqueles que respeitam seus limites sempre encontrarão o que precisam.

Os dois irmãos mais velhos riram e ignoraram o aviso, continuando a cortar a árvore. 

No entanto, antes que conseguissem derrubá-la, um vento forte começou a soprar, e as árvores ao redor pareceram ganhar vida. As raízes se ergueram como serpentes, prendendo os dois irmãos mais velhos, enquanto o mais jovem, que havia parado, foi poupado.

Moșneagul então o abençoou, dizendo que ele viveria em harmonia com a natureza, enquanto seus irmãos teriam que trabalhar para restaurar o que haviam destruído. 

A lição foi transmitida de geração em geração, ensinando aos aldeões a importância de respeitar o equilíbrio da natureza.
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* Nota do autor:
Moșneagul, que significa "o velho" em romeno, é uma figura arquetípica nas tradições folclóricas da Romênia. Ele representa a sabedoria acumulada ao longo dos anos e a conexão profunda com a cultura e as tradições locais. É frequentemente retratado como um sábio que possui um vasto conhecimento sobre a vida, a natureza e as relações humanas. Ele serve como mentor para jovens e adultos, oferecendo conselhos valiosos e orientações que muitas vezes são baseadas em experiências pessoais e sabedoria popular. As histórias contadas por ele são uma parte essencial da cultura romena. Elas geralmente abordam temas universais, como amor, amizade, coragem, e a luta entre o bem e o mal. Suas narrativas muitas vezes incluem elementos do folclore, como criaturas míticas, heróis e lições morais. Ele frequentemente menciona plantas, animais e fenômenos naturais em suas histórias, usando-os como metáforas para ensinar lições sobre a vida e a convivência harmoniosa com o meio ambiente. 

Uma das principais funções de Moșneagul é transmitir a sabedoria das gerações passadas. Suas histórias são uma forma de preservar a memória cultural, passando adiante tradições, costumes e valores que poderiam se perder com o tempo. Moșneagul é muitas vezes visto como a personificação da tradição e da cultura romena. Ele representa a voz do povo, refletindo suas esperanças, medos e aspirações. Suas histórias ajudam a manter a identidade cultural viva, especialmente em tempos de mudança. Apesar da profundidade de suas lições, as histórias de Moșneagul frequentemente contêm humor e ironia. Ele utiliza o riso como uma forma de ensinar, fazendo com que as pessoas reflitam sobre suas próprias vidas de maneira leve e acessível.

As histórias de dele não apenas educam, mas também fortalecem a coesão social na aldeia. Elas criam um senso de pertencimento e identidade, unindo as pessoas em torno de valores compartilhados. Ele é mais do que um simples contador de histórias; ele é um símbolo da sabedoria coletiva, uma ponte entre o passado e o presente, e um farol de esperança e inspiração para todos que o ouvem.
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CAILIN DRAGOMIR nasceu em 1949, na cidade de Timișoara, na Romênia. Desde cedo, demonstrou uma paixão inata pela literatura e pela arte das palavras. Ele cresceu em um ambiente que refletia a rica herança cultural da sua cidade, onde a música e a poesia se entrelaçavam nas conversas cotidianas. Após concluir o ensino médio, ingressou na Universidade, onde se destacou em seus estudos de literatura. Sua dedicação e talento o levaram a continuar sua formação acadêmica, culminando em um pós-doutorado. Durante esse período, ele mergulhou na obra de grandes poetas romenos e internacionais, desenvolvendo um estilo próprio que misturava o lirismo clássico com uma abordagem contemporânea. Em 1992, tomou a decisão de se mudar para o Brasil, em busca de novas oportunidades e experiências. Ao chegar ao país, ele se estabeleceu em São Paulo, onde rapidamente se destacou como professor de literatura. Suas aulas eram conhecidas pela abordagem criativa e envolvente, inspirando os estudantes a apreciar a literatura de maneira profunda e significativa. Além de sua carreira acadêmica, cultivava uma paixão pelo xadrez. Ele se tornou um jogador forte e respeitado, participando de torneios e promovendo o jogo entre seus alunos. Dragomir acreditava que o xadrez, assim como a literatura, era uma forma de arte que desenvolvia o pensamento crítico e a estratégia, habilidades essenciais tanto na vida quanto na escrita. E em um clube de xadrez ele veio a conhecer o diretor dele, José Feldman, com quem estreitou laços de amizade não só pelo jogo, mas pela literatura, além do fato de que ambos possuíam uma paixão pela música e Feldman ser filho de pais romenos. Ao longo de sua vida, Cailin Dragomir se estabeleceu como uma figura influente na cena literária e educacional, deixando um legado duradouro tanto na Romênia quanto no Brasil. A influência da cultura romena em sua poesia se manifesta em diversos aspectos de sua obra. A rica tradição literária da Romênia, que inclui poetas como Mihai Eminescu e George Coșbuc, moldou a sensibilidade estética dele. Ele usa uma linguagem lírica e metafórica, incorporando elementos do folclore e da mitologia romena, que são essenciais na poesia romena clássica. A natureza é um tema recorrente na poesia romena, e Dragomir não é exceção. Suas descrições vívidas de paisagens romenas, como as montanhas dos Cárpatos e os campos de flores, refletem uma profunda conexão com o ambiente natural, transmitem uma sensação de integração e nostalgia.
       A riqueza do folclore romeno permeia sua poesia, com referências a mitos, lendas e tradições populares. Utiliza esses elementos para criar uma ponte entre a modernidade e as raízes culturais, trazendo à tona a sabedoria ancestral que ainda ressoa na vida contemporânea. A poesia romena é conhecida por sua profundidade emocional e introspecção. Seguindo essa tradição, explora sentimentos complexos como amor, perda e saudade, utilizando uma abordagem que reflete tanto a sensibilidade individual quanto a experiência compartilhada do povo romeno. Ele muitas vezes incorpora ritmos e cadências que evocam a sonoridade da música popular romena, criando uma harmonia entre palavra e som que enriquece a experiência do leitor.
       Após sua mudança para o Brasil, passou a incorporar a experiência da diáspora em sua poesia. Essa nova perspectiva enriqueceu sua obra, permitindo uma fusão de influências culturais que resultou em uma poesia mais ampla, reflexiva e acessível a diferentes públicos. 
       Em suas obras faz referências a figuras mitológicas romenas, como "Zmeu", um dragão que frequentemente aparece em contos populares. Ele utiliza essa figura para simbolizar desafios e superações, inserindo a luta contra o Zmeu como uma metáfora para as dificuldades da vida. Também é comum encontrar menções a "nossas montanhas", como os "Cárpatos", que não apenas servem como cenário, mas também como símbolo de resistência e força. Cailin pode descrever a beleza dessas montanhas em relação à história do povo romeno, evocando sentimentos de pertencimento. Ele inclui personagens folclóricos como "Moșneagul" (o velho sábio) e "Zână" (a fada), representando a sabedoria ancestral e a proteção, respectivamente. Esses personagens são frequentemente utilizados para transmitir lições de vida e a importância das tradições. Além disso, faz alusão a festivais tradicionais, como "Mărțișor", que celebra a chegada da primavera. Em seus versos, ele descreve a troca de fitas brancas e vermelhas como um símbolo de renovação e esperança, refletindo a alegria da vida. Histórias de amores impossíveis, como a lenda de "Făt-Frumos" e "Ilena Cosânzeana", podem ser exploradas em sua poesia. Ele usa essas narrativas para abordar temas de amor e sacrifício, conectando a experiência pessoal com a tradição. Há a presença de criaturas míticas, como o "Chimera" ou o "Roc", descrevendo esses seres como guardiões de segredos e mistérios, simbolizando os desafios que todos enfrentamos em busca de conhecimento. Esses elementos folclóricos não apenas enriquecem a poesia de Cailin Dragomir, mas também criam uma ponte entre o passado e o presente, permitindo que ele dialogue com suas raízes culturais enquanto se adapta a novas influências. Essa fusão é uma das marcas distintivas de sua obra.
          Como poeta, Dragomir publicou três livros : 1. "Ecos da Alma" - Uma coletânea de poemas introspectivos que exploram a complexidade das emoções humanas; 2. "Sussurros da Memória" - Uma obra que reflete sobre o passado, a nostalgia e a busca pela identidade; 3. "Caminhos de Luz" - Uma série de poemas que celebram a beleza da natureza e a conexão entre o ser humano e o mundo ao seu redor.
Fontes:
Texto enviado pelo autor.
Biografia = por José Feldman
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing