Enfeitei a minha casa
apenas com quatro rosas:
minha esposa, minha filha
e duas netas formosas.
ALBERTO WANDERLEY
- - - - - -
Quando tu ris, meu amor,
eu tenho a vaga impressão
de contemplar uma flor
desabrochando o botão.
ANTÔNIO MARTINS
- - - - - -
Não quero o que ela deseja,
mas, numa sábia intuição,
de repente ela me beija
e logo eu lhe dou razão...
APARÍCIO FERNANDES
- - - - - -
O coração, em verdade,
tem tanta contradição,
que chega a sentir saudade
de quem não tem coração!
ANTÔNIO NILO BORGES
- - - - - -
Achei-te tal diferença,
quando de novo te vi,
que, estando em tua presença,
tive saudades de ti!
ANTÔNIO SALES
- - - - - -
O meu destino tristonho
marcou-me, desde menino,
com a mágoa deste sonho
que me deixou sem destino!
ANTÔNIO SIQUEIRA
- - - - - -
Se amor não correspondido
matasse alguém neste mundo,
eu já teria morrido
em desespero profundo...
ANTÔNIO WERNECK
- - - - - -
Dizem que és boa, mas vejo
que não possuis coração...
— Peço-te a esmola de um beijo,
tu nem me dás atenção!
ARISTHEU BULHÕES
- - - - - –
Aliança! Algema divina,
a mais doce das prisões;
uma prisão pequenina
que encerra dois corações.
BASTOS TIGRE
- - - - - -
Eu não valho o teu perdão,
mas valho o grande castigo
da saudade que, chorando,
viverá sempre comigo!
BENEDITO LOPES
- - - - - -
Tu fingiste que me amaste,
eu fingi que acreditei.
Foste tu que me enganaste
ou fui eu que te enganei?!...
BENEDICTA DE MELO
- - - - - –
Meu diário poderia,
sem lhe tisnar a verdade,
resumir o dia a dia
numa palavra: Saudade!
C. A. BEIRAL
- - - - - -
Quando ela passa, esplende-te,
e sempre esplendendo vai,
é como estrela cadente:
brilha, passa, mas não cai!
CAIO MARANHÃO
- - - - - -
Sou austera e destemida
quando o momento requer;
mas nos teus braços, vencida,
sou simplesmente mulher.
CAROLINA AZEVEDO DE CASTRO
- - - - - -
Sempre em lágrimas, tristonhos,
são os olhos das rendeiras
que, a tecer rendas de sonhos,
envelheceram solteiras...
CESÍDIO AMBROGI
- - - - - -
Teu olhar tem a ternura
que me traz imensa dor,
pois meu peito ele perfura
com a terna flecha do amor.
DANIEL MARQUES DOS SANTOS
- - - - - -
Não me prometas ternura
nem carinhos, por favor.
Dá-me somente a ventura
da certeza desse amor!
DOLORES ALMEIDA R. DOS SANTOS
- - - - - -
De adorar seus lindos olhos
alguém me chega a culpar.
Mas que venha um dia vê-los
e depois deixe de amar...
DOMINGOS CALDAS BARBOSA
- - - - - -
Tu não gostavas de mim,
não eras o meu amor...
Teu carinho foi assim:
— misto de esperança e dor...
DONATILA DANTAS
- - - - - -
Ao beijar a tua mão,
que o destino não me deu,
tenho a estranha sensação
de estar roubando o que é meu.
DURVAL MENDONÇA
- - - - - –
Bordam, soltos, seus cabelos
caracóis negros na fronha.
E eu, insone, horas a vê-los,
fico a sonhar com quem sonha...
EDGARD BARCELLOS CERQUEIRA
- - - - - -
Foges debalde... és o rio,
sou o mar; por mais que escondas,
tuas águas hão de, um dia,
misturar-se às minhas ondas.
ÉDISON MOREIRA
- - - - - -
Na fonte do teu olhar
eu fui beber o meu sonho.
Agora vivo a cantar
os versos que te componho...
ELÍSIO DE VASCONCELOS
- - - - - –
Hoje, assim tristonho, penso,
na solidão que se expande:
— Como é que você, pequena,
deixou saudade tão grande?
EVANDRO MOREIRA
Fonte:
Aparício Fernandes. A Trova no Brasil: história e antologia. São Cristovão/RJ: Artenova, 1972.
Nenhum comentário:
Postar um comentário