A natureza é solidária. Sem solidariedade nada existiria. Os animais dependem dos vegetais, os vegetais dependem dos minerais, os minerais dependem dos vegetais, os vegetais dependem dos animais... O fantástico círculo da vida.
Há solidariedade em tudo. Veja o corpo humano: funciona como se fosse uma orquestra. O coração, os pulmões, os rins, os ossos, as veias, as mãos, as pernas. Da cabeça ao dedinho do pé, é um time só, coeso e harmônico. Se um dos componentes entra em pane, todo o organismo, em variados graus, sente a diferença.
Solidariedade, mútua ajuda, cooperação. Numa palavra: amor. Tudo na natureza é uma permanente relação de amor. Deveria ser assim também a convivência humana.
Estamos saindo de uma pandemia que causou prejuízo e dor em todos os lugares do mundo, atingindo a humanidade inteira. Foi um período de universal sofrimento, mas ao mesmo tempo uma oportunidade seriíssima para a gente refletir e tentar mudar o jeito de viver.
Os sobreviventes teremos muito o que agradecer, por todo o sempre, à heroica rede de solidariedade que tornou possível enfrentar o desafio até a chegada das vacinas e a recuperação da esperança. Agradecer aos cientistas, aos médicos, profissionais de enfermagem, voluntários para testes, laboratoristas, infectologistas, farmacêuticos, motoristas, seguranças, equipes de limpeza, auxiliares de serviços gerais, enfim a cada um dos que, com valentia e abnegação, se uniram por nós neste gravíssimo momento da história.
Nunca, antes, foi tão visível a fundamental importância da solidariedade, da capacidade humana de amar o próximo. É hora, portanto, de olhar para o céu e pedir a Deus que nos ajude a crescer como pessoas. Sursum corda. Corações ao alto.
Tudo é solidariedade, em toda a natureza. Só o ser humano permanece conscientemente egoísta. Por ambição, por arrogância, por vaidade, voltam-se irmãos contra irmãos, filhos contra pais, amigos contra amigos, colegas contra colegas. A humanidade é uma família doente. Precisa de tratamento urgente.
Quem pode ajudar nesse tratamento? Pais, professores, dirigentes religiosos, jornalistas. Cada um pode contribuir um pouquinho, pelo menos diminuindo a carga de estímulos à discórdia e colaborando mais assumidamente para a valorização dos bons exemplos de paz, justiça, bondade, mútuo respeito.
Podem dizer que insistir nessa linha é romantismo. Que seja. Bendito romantismo. Já brigamos demais. Agora é hora de serenar os ânimos. Discordar, discutir, debater no acidental, mas somar esforços no essencial.
Temos todos, entre nós, múltiplas diferenças. Isso é natural. Mas precisamos uns dos outros, da mesma forma que o coração precisa dos pulmões e os pulmões precisam do coração. Mãos dadas, intenções honestas, solidariedade. Sursum corda.