LEÔNCIO CORREIA
Paranaguá/PR (1865 – 1950)
No mar aberto em feridas
em cuja dor te renovas,
sana-se o mal de outras vidas
em meio de grandes provas.
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Triversos de
LUCIAH LOPEZ
Curitiba/PR
Vesperais
I
extraindo a saudade
das varandas e alpendres
tua substância esvanece
II
no horizonte vermelho
ídolos se avizinham
fugidias são as horas
III
ázimos serão os pães
que alimentarão as bocas
ao final do dia
IV
ao entardecer
o jardim é secreto
palco de euforias
V
ao cair da tarde
despertam cigarras cantadeiras
sonora euforia
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Trova de
GERSON CÉSAR SOUZA
São Leopoldo/RS
Ator, arisco ao cabresto,
rebelde, se for preciso,
a vida escreve o meu texto
e eu teimo e sempre improviso!
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
Lembranças de Minas Gerais
De manhãzinha -
Janela entreaberta
À mesa de madeira
Pequenas flores perfumam
A caneca de ágata,
Recebendo os tênues raios de sol,
Enquanto o gato se espreguiça
À soleira da porta -
Distancia-se o som do trem,
Sinto o aroma de café
Que evola do antigo bule azul,
Emoldurando
O despertar da vida
Em poesias e nas alegres
Borboletinhas brancas -
Manhã de primavera
Desperta em Minas...
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Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP
Guri do boné virado,
estilingue... palavrão...,
hoje, vigário ordenado: –
Pax vobiscum, meu irmão!
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Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal
Hei de render-me de braços levantados
(Mário Sousa Ribeiro, in “Textos de Amor”, p. 118)
Hei de render-me de braços levantados
Se apontares um beijo ao meu coração
E, algemados, arrastares à prisão
Estes meus olhos puros de amor armados.
Detido entre os teus braços já desfardados
Não irei implorar nada, nem perdão
E só assinarei uma confissão
A de querer os ferros eternizados.
Provo que sou culpado, sim, pela morte
Desses dias de pasmo e sinistra sorte
Que tive antes de tu bem me aprisionares.
Sei que o teu amor me salva e me redime
Mas irei cometer sempre o mesmo crime
Para nunca, nunca mais tu me soltares.
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Poetrix de
REGINA LYRA
João Pessoa/PB
Harmonia
Supostas teclas
dedilham saudades.
Música que fazíamos juntos.
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Poema de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918
Só
Este, que um deus cruel arremessou à vida,
Marcando-o com o sinal da sua maldição,
- Este desabrochou como a erva má, nascida
Apenas para aos pés ser calcada no chão.
De motejo em motejo arrasta a alma ferida...
Sem constância no amor, dentro do coração
Sente, crespa, crescer a selva retorcida
Dos pensamentos maus, filhos da solidão.
Longos dias sem sol! noites de eterno luto!
Alma cega, perdida à toa no caminho!
Roto casco de nau, desprezado no mar!
E, árvore, acabará sem nunca dar um fruto;
E, homem, há de morrer como viveu: sozinho!
Sem ar! sem luz! sem Deus! sem fé! sem pão! sem lar!
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Trova de
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/ RN, 1951 – 2013, Natal/ RN
Almoço e janto poesia.
E neste meu universo,
mastigo um pão todo dia
amanteigado de verso.
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Poema de
HEINRICH HEINE
Alemanha, 1797 – 1856
De Manhã Cedo
Minha esposa querida e boa.
Minha bem amada esposa,
Que logo pela manhã
Negro café, branco leite,
É ela mesma quem serve!
E com que encanto, que sorriso!
Em todo o mundo de Cristo
Não há quem sorria assim.
E a flauta que é sua voz
Só entre os anjos se encontra.
Cá por baixo, quando muito,
Entre os melhores rouxinóis.
E as mãos que são como lírios
E os cabelos que entressonham
Em volta do róseo rosto!
Ah, tudo nela é perfeito!
Hoje, porém, ocorreu-me
- Não sei porquê - que um pouquinho
Mais elegante o seu corpo
Pudera ser. Um pouquinho.
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP
Pergunta o padre ao noivinho:
- "É de espontânea vontade?"
e ele respondeu baixinho:
- "Não senhor...necessidade!...”
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Soneto de
MÁRIO QUINTANA
Alegrete/RS (1906 – 1994) Porto Alegre/RS
Eu sou aquele
Eu sou aquele que, estando sentado a uma janela,
a ouvir o Apóstolo das Gentes,
adormeci e caí do alto dela.
Nem sei mais se morri ou fui miraculado:
consultai os Textos, no lugar competente —
o que importa é que o Deus que eu tanto ansiava
como uma luz que se acendesse de repente,
era-me vestido com palavras e mais palavras
e cada palavra tinha o seu sentido...
Como as entenderia — eu tão pobre de espírito
como era simples de coração?
E pouco a pouco se fecharam os meus olhos...
e eu cada vez mais longe... no acalanto
de uma quase esquecida canção...
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Trova de
MIFORI
(Maria Inês Fontes Rico)
São José dos Campos/SP
A flor caiu dos cabelos
da jovem que ali passava
e levada foi sem zelos
para o mar que a cobiçava.
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Hino de
TORRES/ RS
Torres.
Tu és, cidade - menina,
A mais formosa praia sulina....
Tu és vida, luz e calor,
Tu és um poema de amor.
Entre as praias gaúchas,
Tu és a mais bela;
És uma linda aquarela.
De cor e de poesia...
És magistral sinfonia.
O teu mar de verdes águas,
Batendo contra os rochedos,
Vai cavando entre penedos
Tuas furnas deslumbrantes...
O Mampituba sereno,
A Torre Sul e a Guarita,
O Farol e a Torre Norte,
A Igrejinha tão bonita.
Recantos cheios de sonhos...
Torres : Ó praia tão sedutora,
Tens a beleza morena
Da menina sonhadora,
Da moça que devaneia
Sobre a tua areia...
Ó Torres :
Das três torres,
Tu és a rainha das praias...
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Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ
A palavra
Palavras no contexto expressam vida
de felizes momentos ou tristezas,
de dor, condenação ou de belezas,
mas sempre vão estar em tua lida.
As decisões tratadas nas empresas,
nas escolas, na rua ou na avenida,
terão pra sempre a nota definida
pelas palavras cheias de certezas.
Mas, se a elas usamos com desprezo
transformarão aquilo que fizermos,
perderão o sentido em apalermos.
Mas se o texto estiver já bem coeso,
com a palavra usada em bom contexto
vamos, pois, escrever, não há pretexto.
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Trova Premiada de
RITA MOURÃO
Ribeirão Preto/ SP
A mulher que é mãe me encanta,
no lar, seja aonde for.
Pois sendo mãe ela é santa
sendo mulher é o amor.
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Poema de
ANTONIO JURACI SIQUEIRA
Belém/PA
Missão
Quando alguém te ferir,
escreve;
quando a noite chegar,
escreve;
quando a chuva cair,
escreve;
quando o sonho acabar,
escreve!
Se a tristeza se for,
escreve;
se o amor renascer,
escreve;
se a esperança se impor,
escreve;
se o jardim florescer
escreve!
E só então
terás cumprido à risca
tua missão.
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Quadra de
AUTOR ANÔNIMO
Não sei se vou ou se fico,
não sei se fico ou se vou…
Se vou, eu sei que não fico,
se fico, eu sei que não vou…
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