EDMILSON FERREIRA MACEDO
Belo Horizonte/MG (1932 – 2008)
Oh, musa de mil encantos,
mulher divina e querida,
que sabe enxugar meus prantos
nas horas tristes da vida!
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Poema de
MARIA SABINA DE ALBUQUERQUE
Barbacena/MG (1898 – 1991) Rio de Janeiro/RJ
Cartas de amor
Quando recebo as minhas cartas cada dia,
tenho um lindo momento de alegria!
São notícias diversas
das criaturas amigas que, dispersas
por este mundo, aos quatro ventos,
recordam-se de mim com amizade
e, para suavizar a distância e a saudade,
vêm conversar comigo alguns momentos.
E alguém me disse um dia:
“Se tens tamanho encanto
em receber cartas amigas simplesmente,
tu que te alegras tanto,
certamente
enlouquecias de alegria,
estremecias de fervor
se estas cartas comuns fossem Cartas de Amor!
E então me recordei que no lindo romance
que foi o meu amor,
tive tudo o que estava ao meu alcance,
todo o esplendor,
a beleza, a ternura, o encanto, a ânsia,
mas não tive a Distância
nem as Cartas de Amor.
E hoje que a Eterna Ausência nos separa
e que a Distância que ninguém transpôs,
como uma Via Láctea imensa e clara
se estende entre nós dois,
como seria bom se as estrelas cadentes,
riscando a noite com seu fulgor,
pequeninos correios refulgentes,
trouxessem lá do céu minhas Cartas de Amor!
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Trova de
ARTHUR THOMAZ
Campinas/SP
Uma foto amarelada
foi, no passado, importante.
Hoje, nem sequer notada,
é esquecida numa estante…
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
Janela azul
Na pausa do olhar
A poesia, devagarzinha
Alisa e desliza
Na janela de madeira azul
De nós trabalhados pela
Passagem do tempo
São imóveis olhares...
Há uma rústica e desbotada
Interação entre os tons de azul
Que se mesclam à madeira-
Na pausa do olhar
A delicadeza
Das mãos, agora, invisíveis
Que tantas vezes
Entreabriram a janela...
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Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP
- Este bolso é meritório,
nunca viu nada roubado!
Perguntam lá do auditório:
- Terno novo, Deputado?
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Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal
Onde só haja espuma sal e vento
(Sophia de Mello Breyner Andresen in "Mar novo")
Onde só haja espuma, sal e vento
Irei plantar o germe da Poesia
Deixando que ela cure essa anemia
Que mói lugar tão ermo e avarento.
Por efeito do lírico fermento
Que a pobreza do chão e ar vencia
O verso cometeu a ousadia
De florir onde não havia alento.
A frase tudo vence quando prima
Pela pujança forte dessa rima
Que é gerada na verve de um poeta.
E o poema faz-se arma de batalha
Que peleja no chão por onde espalha
O Belo que na alma se arquiteta.
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Triverso de
EDSON KENJI IURA
São Paulo/SP
Chuva de primavera —
O casal na correria
rindo sem parar.
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Poema de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918
Rei destronado
O teu lugar vazio!... E esteve cheio,
Cheio de mocidade e de ternura!
Como brilhava a tua formosura!
Que luz divina te dourava o seio!
Quando a camisa tépida despias,
- Sob o reflexo do cabelo louro,
De pé, na alcova, ardias e fulgias
Como um ídolo de ouro.
Que fundo o fogo do primeiro beijo,
Que eu te arrancava ao lábio recendente!
Morria o meu desejo... outro desejo
Nascia mais ardente.
Domada a febre, lânguida, em meus braços
Dormias, sobre os linhos revolvidos,
Inda cheios dos últimos gemidos,
Inda quentes dos últimos abraços...
Tudo quanto eu pedira e ambicionara,
Tudo meus dedos e meus olhos calmos
Gozavam satisfeitos nos seis palmos
De tua carne saborosa e clara:
Reino perdido! glória dissipada
Tão loucamente! A alcova está deserta,
Mas inda com o teu cheiro perfumada,
Do teu fulgor coberta...
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Trova de
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/ RN, 1951 – 2013, Natal/ RN
No instante da despedida,
arquivei no pensamento
a tristeza da partida
e a dor do meu sofrimento.
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Poema de
EFIGÊNIA COUTINHO
Balneário Camboriú/SC
Cupido
Sendo eu mulher, muito mulher,
confesso (e me penitencio, se é mister),
que não nasci para ser pobre!
Está no meu feitio desejar que a existência
se desdobre na magnificência, jamais em privações.
.
Tenho gostos, requintes de caprichos,
ambições, e, sem razão, não nego aos meus
sentidos, os gozos com que a Vida me agracia,
enaltecendo a dor apenas em teoria!
Porem, nada possuo em realidade!
Nem fausto, nem poder...
Porque, para seguir um velho ditado,
do Grande Livro, Santo e Consagrado,
o meu despotismo deve ser restrito,
e pertence, inda assim, ao meu Amado!
Em meio ao destino que me impõe,
entretanto, eu duvido, haver outra
mulher a quem Cupido generoso ofertasse
um lindo trono, com mais magnificência do que
o meu, onde governo só, como a depositaria
de um tesouro de Amor, que tocou o apogeu!
E, por muito que conte e reconte,
meu Capital de multimilionária,
eu nunca chego ao fim, porquanto de
uma fonte fecunda e inexorável se origina.
Cresce dentro de mim esta riqueza ilimitada,
sólida e genuína, que me empresta atitudes de
Princesa! E, entre as Fortunas de que tomo
a nota, a minha é que mais vale e mais ressalta,
pois dos meus bens a renda não se esgota!
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP
Peixinho mais mascarado
do que aquele eu nunca vi:
- só belisca anzol marcado,
"minhoca com... pedigre"…
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Soneto de
MÁRIO QUINTANA
Alegrete/RS (1906 – 1994) Porto Alegre/RS
Os parceiros
Sonhar é acordar-se para dentro:
de súbito me vejo em pleno sonho
e no jogo em que todo me concentro
mais uma carta sobre a mesa ponho.
Mais outra! É o jogo atroz do Tudo ou Nada!
E quase que escurece a chama triste...
E, a cada parada uma pancada,
o coração, exausto, ainda insiste.
Insiste em quê? Ganhar o quê? De quem?
O meu parceiro... eu vejo que ele tem
um riso silencioso a desenhar-se
numa velha caveira carcomida.
Mas eu bem sei que a morte é seu disfarce...
Como também disfarce é a minha vida!
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Trova de
CAMPOS SALES
Lucélia/SP, 1940 – 2017, São Paulo/SP
Nosso amor foi tão verdade,
que mesmo tendo acabado,
há uma ponte de saudade,
ligando o nosso passado!
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Hino de
INAJÁ/PE
Coroada esta bela cidade
Por teus filhos criados por ti
és amada e adorada por todos
esta terra de esperanças mil.
Inajá Palmeiras Pequenas
Na ribeira do Rio Moxotó
O teu nome, gravado na história
se enfeita ao clarão do luar.
És o coração deste mapa
És a estrela D'alva no céu
Esse torrão que irradia
nessa pátria imortal de harmonia.
Inajá Palmeiras Pequenas
Na ribeira do Rio Moxotó
O teu nome, gravado na história
se enfeita ao clarão do luar.
Os Raios do Sol que iluminam
os campos verdes desta terra
entre todas és a mais encantada
no Brasil Luz que brilha ao nascer.
Inajá Palmeiras Pequenas
Na ribeira do Rio Moxotó
O teu nome, gravado na história
se enfeita ao clarão do luar.
Dois que data que marca
A vitória de uma liberdade
Auriverde nas margens do rio
Nova luz ao nascer do amanhã.
Inajá Palmeiras Pequenas
Na ribeira do Rio Moxotó
O teu nome, gravado na história
se enfeita ao clarão do luar.
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Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ
A passagem
Quando já se passaram muitos anos,
Deus vai nos preparando este caminho.
Não somente as tristezas, desenganos,
Mas colocando a vida em desalinho.
Pouco a pouco as ações e atos humanos,
Vai tirando de nós, também carinho.
Uma febril tristeza e desenganos
Transforma nossa vida em torvelinho.
Já não faz falta mais nossa presença,
Somos transtornos sempre a qualquer hora,
É melhor a partida que a doença.
Mas, Deus que é nosso pai muito bondoso,
Vai nos mostrando aos poucos vida a fora,
Uma nova visão do eterno gozo.
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Trova Premiada de
RITA MOURÃO
Ribeirão Preto/ SP
Abro a porta e a janela
do meu coração em festa
quando a manhã tagarela
põe voz na densa floresta.
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