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sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 284)
Textos enviados pelo Autor
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Aviso a Todos Trovadores
Aproveitem este espaço para mostrar os seus textos para as velhas e novas gerações. O espaço é seu, associado da UBT SP ou assinante do informativo, aproveite!
Não deixe que as trovas caiam no esquecimento, mantenhamos acesa a sua chama.
Envie suas trovas para J. B. Xavier, em http://www.ubtrova.com.br/contato.php
Participe! Divulgue! Deixe gravado o seu nome nas páginas de nossa história!
Obs: Site restrito aos associados da UBT São Paulo ou assinantes do informativo da UBT SP.
Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 283)
Uma Trova Potiguar
Quero paz, mão estendida,
carinho, amigos e enfim,
a escolha de amar a vida
e ser amado, por fim ...
–FABIANO WANDERLEY/RN–
Uma Trova Premiada
2007 - Porto Alegre/RS
Tema: NAU - Venc.
No mar revolto da vida,
mesmo sem ter o roteiro,
sei que não sou nau perdida
porque Deus é o timoneiro.
–THEREZINHA DIEGUES BRISOLLA/SP–
Uma Trova de Ademar
Eu que já nasci Poeta,
digo-lhe nesta obra prima:
meu coração só se aquieta
depois que eu faço uma rima!
–ADEMAR MACEDO/RN–
...E Suas Trovas Ficaram
Se a seca nos traz a mágoa,
seca total não existe:
- sempre cai um pingo d`água
dos olhos de um povo triste.
–APRYGIO NOGUEIRA/MG–
Simplesmente Poesia
Metade de Mim
–GISLAINE CANALES/SC–
Endosso as palavras do Poeta,
que disse como ninguém:
“Porque metade de mim é amor,
e a outra metade... Também“.
Minhas duas metades
se completam,
formando um todo de amor!
Metade de mim ama o Sol,
a outra metade ama a Lua...
Metade de mim ama a noite,
a outra metade ama o dia...
Metade de mim, ama a prosa,
a outra metade, a poesia!
Estrofe do Dia
Por capricho a doença me invade
me roubando a coragem, a força, a Fé,
tudo quanto eu sinto sei que é
consequência do peso da idade.
O meu corpo não tem agilidade,
para mim não existe mais saída,
só Jesus e Maria concebida
poderão este quadro reverter;
só se eu fosse maluco pra não ter
a certeza que estou no fim da vida.
–CHICO MOTA/RN–
Soneto do Dia
Amor-Próprio Ferido
–JOSÉ ANTONIO JACOB/MG–
Anos e anos eu sinto as invejosas
Pontadas de ciúmes no meu peito
Ao recitar poesias primorosas
Com versos que eu queria tê-los feito.
Ah! Deus! Eu trago em mim as rancorosas
Mágoas, e uma coroa de despeito
Das alheias estrofes luminosas
Que leio na penumbra do meu leito.
Mas, ainda tenho uma frase que alimenta
A vingança da dor que me restou...
Caio em delírio e a minha febre aumenta.
E o espectro de loquaz, que acho que sou,
Murmura um verso que a demência inventa
Para um amor que nunca me escutou.
---
Fonte:
Textos enviados pelo Autor
Montagem da Trova Nacional com fotos por J. B. Xavier e José Feldman
Apollo Taborda França (Encantos de Guaratuba)
Concursos da UBT São Paulo 2011 (Resultados Finais) 2a. Parte
CONCURSO ASSOCIADOS DA SEÇÃO SÃO PAULO – SP
VENCEDORES
Tema: Fornalha
CONCURSO HUMORÍSTICO ASSOCIADOS DA SEÇÃO SÃO PAULO – SP
Tema: Forró
VETERANOS E NOVOS TROVADORES
Fontes:
Revista "Concursos UBT São Paulo - 2011"
Fotos: José Feldman
UBT Seção São Paulo (Homenagem aos Pais)
Fonte:
http://www.ubtrova.com.br/visualizar.php?idt=3136563
Millôr Fernandes (Poesia Matemática)
Fonte:
Texto enviado por Efigênia Coutinho.
Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 282)
Monteiro Lobato (Viagem ao Céu) XIII – Proezas da Emília em Marte
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 281)
Meu quadro, na realidade,
se mostra pintado assim:
eu fugindo da saudade...
E saudade atrás de mim!...
–MARISA RODRIGUES FONTALVA/SP
Uma Trova Potiguar
Muito mal desperta o dia
e eu aqui já estou desperto:
Noite de amor e poesia...
Não fui ao céu, mas, fui perto!
–FRANCISCO MACEDO/RN–
Uma Trova Premiada
2007 - Porto Alegre/RS
Tema: CAIS - Venc.
De esperas fiz meu passado...
E compondo a vida assim,
tornei-me um barco ancorado
no cais do porto de mim...
–MARISA VIEIRA OLIVAES/RS–
Uma Trova de Ademar
Nem no Câncer... Senti dor,
e a “Gregrena” foi banida...
Ninguém foi mais vencedor
do que eu já fui nesta Vida!
–ADEMAR MACEDO/RN–
...E Suas Trovas Ficaram
Angústia é isto: este anseio,
pássaro aflito, doente.
Nem se sabe de onde veio
pra sofrer dentro da gente!
–VERA VARGAS/PR–
Simplesmente Poesia
Metapoema
–J. LUZ/RN–
A poesia anda sufocada
num livro compacto
em banca de jornal.
A poesia anda envelhecida,
exposta no silêncio entre poeiras
da biblioteca pública.
A poesia anda adoentada,
diuturnamente dissecada como corpo
em biopsia acadêmica.
O poema perdeu o verso,
o verso perdeu o metro
e o metro perdeu a rima;
o poema aboliu o ritmo.
O poeta expurgou a emoção.
O poema virou notícia
e perdeu a poesia.
O homem ficou menor
e o universo, maior.
O cotidiano esmaecido,
sem cor e olor.
Falta ética.
Falta estética.
Falta poesia.
Falta o homem ético e poético.
Falta o poeta...
Estrofe do Dia
Plantei um pé de uva
dentro de uma panela,
coloquei numa janela
da casa de uma viúva;
de noite veio uma chuva
com relâmpagos e trovão
e um forte furacão
arrebentou a janela,
torou no meio a panela
e a terra caiu no chão.
–BELARMINO DE FRANÇA/PB–
Soneto do Dia
Carência
–THEREZA COSTA VAL/MG–
Vagando pelas ruas, o menino,
sem esperança, sem palavra amiga,
não sabe o que esperar de seu destino
nem sabe se algum dia a paz consiga.
Conhece o sofrimento, o pequenino:
a dor, o desabrigo, o mal, a intriga,
e a fome sempre o traz em desatino...
E por viver com fome, ele mendiga.
Pobre criança entregue à própria sorte
que a vida leva em luta contra a morte,
seguindo o que, da rua, a lei ordena!
Como ser bom se a sorte não ajuda!...
Ele só quer, na sina que não muda,
ganhar de alguém carinho...Em vez de pena!
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Fonte da Imagem = http://eaobranasce.blogspot.com/
Selma Patti Spinelli fala de Octávio Babo Filho
Quando a Livraria Freitas Bastos lançou a Coleção Trovas e Trovadores, o nosso Trovador em Foco de hoje já aparecia no vol. 7 com seu Cantiga das horas vagas; e depois publicaria o seu Ao correr das horas. Estou falando de Octávio Babo Filho, ilustre carioca de uma família ilustre.
Ele pertenceu à velha guarda da Trova, com todo o nosso respeito: nasceu em 20 de julho de 1915 e nos oitenta e sete anos bem vividos, foi, não só, o ilustre advogado do Fórum do Rio de Janeiro, mas querido cancioneiro popular, tendo suas músicas entoadas não só no Rio, mas no Brasil.
Quem já não cantou essa valsa natalina:
Na janela do quintal.
Papai noel deixou
Meu presente de natal.
Como é que papai noel
Não se esquece de ninguém
Seja rico ou seja pobre
O velhinho sempre vem!
Pois é! Mesmo gozando de grande prestígio, seja como advogado ou como artista, Octávio Babo Filho era, no dizer dos que o conheciam bem, verdadeiramente um simples. E essa simplicidade o impedia muitas vezes de fazer Trova, tarefa que ele considerava das mais difíceis!
Até... que em 1960 desencabulou: foi classificado entre os dez primeiros colocados do I Jogos Florais de Nova Friburgo; e isso lhe abriu o caminho definitivo do sucesso na Trova. Eis a premiada:
Como custa querer bem,
Quanta gente gostaria
De não gostar de ninguém.
Ao lermos suas Trovas, podemos constatar que o conteúdo de suas mensagens revela muito de sua vida profissional de cidadão preocupado com a Justiça.
defendendo injustiçados.
- É que o vento da maldade
sopra de todos os lados.
Por que será que você,
tendo os defeitos que tem,
os seus defeitos não vê,
vendo os dos outros tão bem?
A facilidade imensa
com que os homens são julgados
simboliza bem a crença
de sermos todos culpados.
Nascemos sentenciados:
Os que vierem se vão.
E nem somos informados
do dia da execução...
Mas quando o conteúdo, não há dúvidas que seu tema mais presente é Mulher, a qual reverencia com carinho e algum temor, e também com uma certeira ironia:
tem um encanto qualquer.
Não tendo, é o que a gente vê
naquela que a gente quer.
Gosto de moça formosa,
sabendo embora o perigo
- Eu não desprezo uma rosa,
temendo o espinho inimigo...
A mulher sempre as mulheres
na pobre história de um homem:
A primeira me deu vida,
mas as outras me consomem...
Protegido pelo manto da modéstia, como se pode ver nestas Trovas:
mau poeta ah, isto sim!
Conheço e digo onde mora:
bem aqui... dentro de mim.
Nunca porfia de dois,
eu chego sempre em segundo.
Mas não reclamo depois:
há sempre um lugar no mundo.
... o nosso Trovador usa o refúgio do sonho, outro tema bastante presente, e que nos traz essas visões:
deles precisamos tanto!
Mudam pensares tristonhos
e secam fontes de pranto.
Teus encantos, criatura,
mexeram tanto comigo
que eu vivo da desventura
de sonhar sempre contigo...
Dormindo eu me disponho
alcançar o que desejo,
pois sem dormir eu não sonho
e sem sonhar não te beijo.
Penetrei fundo demais
no poço das ambições.
Vejo, agora, o mal que faz
um sonho sem proporções.
Homem religioso, sua Fé se manifesta em Trovas como esta:
traz tanto alento à minha alma
que, dentro da tempestade
sinto a natureza calma!
... mas interessante notar que é justamente no tema Fé que encontramos o mais sentimental lírico e apaixonado:
pela graça, que me deu,
de me sentir, quando passas,
dono do que não é meu.
Os santos de antigamente
só foram santos, porque,
conhecendo tanta gente,
não conheceram você...
Não lhe adivinhando o nome,
batizei-a de Maria.
E o remorso me consome:
nunca vi tanta heresia!
Não encontrei Trovas propriamente humorística na obra de Octávio Babo Filho; encontrei sim, um fina ironia ao brincar com temas profundos:
a respeito do seu dia,
não creio que nos matasse:
a gente é que morreria...
Se querer fazer mistério
de coisas tão triviais:
- É na paz do cemitério
que vivem todos em paz...
Enquanto os povos discutem
a teoria da paz,
os mais fracos se desnutrem
e os mais fortes comem mais...
... ironia sábia, a que transparece de um poeta que, acima de tudo, é um homem de bem com a vida:
quem vive sempre contente:
- A felicidade alheia
também faz feliz a gente.
As desventuras da vida,
eu não as conto a ninguém,
pois mágoa, que é transmitida,
se multiplica por cem.
Escolhi Octávio Babo Filho para resgatar uma característica que muito preza nas Trovas.... a simplicidade, da forma e o dizer o que pensa. Sem dúvida, tarefa difícil, mas não quando se é verdadeiro.
mas simples sabedoria:
convém fazer da Verdade
o esteio de todo dia.
Selma Patti Spinelli é presidente da União Brasileira dos Trovadores/ Seção São Paulo
Fonte:
UBT SP
Nilto Maciel (Literatura de Violência e Literatura de Baixo Nível)
Inicio este comentário com uma citação longa, de Alcir Pécora, em “Impasses da literatura contemporânea”: “Quem critica parece um vilão, um estraga-prazer, um intrometido. Quem critica as obras, ainda mais se faz isso com argumentos insistentes, tem qualquer coisa de indecente, de impróprio. Mas, por vezes, a insistência chata é fundamental para pensar um pouco melhor. Não se vai muito longe com um discurso que não admite contraditório, com um discurso de animação de parceiros. Mesmo em casos de parceria, sem alguma disposição para encarar a desafinação, não se vai longe: nessas condições, não há orquestra capaz de desconfiar de si mesma e exigir mais de seus membros. Espanta, pois, ver a intolerância para a crítica, como se fosse alguma traição pessoal. De onde vem essa ideia de parentesco traído? Pessoalmente, não vejo por que o crítico tem de ser animador, parceiro, divulgador ou chancela do escritor. Ele tem de apontar problemas no objeto, pois são problemas do objeto o interesse principal da arte, como da literatura”.
Não sou crítico literário, não tenho formação acadêmica em literatura, não sou estudioso de teorias literárias. Entretanto, tenho dado opiniões como leitor e escritor. E isto tem me rendido algumas malquerenças.
Quem não conhece a expressão “baixar o nível”? Como se sabe, nível é um instrumento de medição. Podemos também lembrar o vocábulo apelação, no sentido popular e usado em expressões como “apelar para a ignorância”, “apelar para a violência”. Em avaliação de qualidade literária de uma obra, também se usam estes termos e expressões: o escritor fulano baixou o nível; sicrano apela para a violência em seus romances.
Na resenha “Da crueldade humana” (relativa à coletânea Contos cruéis) escrevi: “a crueldade é matéria-prima indispensável para feitura de narrativa”. Acho que exagerei ou cometi grave engano: o final da frase poderia ser outro, como “matéria-prima utilizada por muitos escritores, nem sempre com bons resultados literários”. Ora, violência e sexo são motivos frequentes na prosa de ficção de todas as literaturas, porque a vida é sexo e é violência desde o ato da geração dos seres. Dizem até que a guerra é necessária, como limpeza da espécie, controle populacional (Darwin e Malthus abraçados). Também pragas, pestes, epidemias e pandemias seriam defesas da natureza em busca da redução do número exagerado de humanos. Quando surgiu a Aids, muitos disseram ser invenção de cientistas: vírus criado em laboratório. Primeiro para eliminar o maior número possível de africanos. Quando a praga se espalhou pela Europa e pelos Estados Unidos, aí já era tarde demais.
Para Freud, possuímos uma poderosa e instintiva quota de agressividade. Esse impulso de crueldade é natural. Todo ato humano é naturalmente violento. A vida é uma série contínua de atos de violência, do nascimento à morte. Durante toda ela o sexo estará presente. Quem tenta dele se livrar ou se isentar termina com aquele atirador de Realengo ou se morde de culpa como os padres que adoçam as boquinhas de meninos nos seminários e nas sacristias. Como tentaram castrá-los (com ensinamentos religiosos), eles querem provar para si mesmos o contrário: que não são castrados.
Imbuídos dessa vontade de chamar a atenção (como os assassinos e os padres), alguns contistas e romancistas brasileiros se voltaram exclusivamente para a narração de cenas de violência nua e crua. A violência na literatura brasileira (narração de atos de violência) não é de hoje nem de ontem. No romantismo ela é notória, embora tenha se manifestado com mais vigor no realismo e no naturalismo. Mais tarde, reapareceu no “romance de 30”. E se mostrou mais claramente nos anos 60/70 com João Antônio, Plínio Marcos e Rubem Fonseca.
No artigo “Literatura da violência”, Marcelo Coelho esboça um perfil dessa literatura urbana: “Com Rubem Fonseca o tom mudou completamente. O principal empenho literário desse autor, na minha opinião, foi o de eliminar o sentimentalismo com que muitos escritores trataram a vida dos pobres, e mesmo a vida dos malfeitores, no Brasil. A ideia do bandido “romântico”, do Robin Hood, do bandido “poético”, foi substituída por uma abordagem “hard-boiled”, influenciada pela literatura policial americana”.
Após abordar algumas obras de autores da nova geração, o escritor dedica algumas linhas ao que chama de “os principais defeitos da literatura da violência”. A seguir, pergunta e responde: “Quais são eles? Em primeiro lugar, é que com todo o “realismo” (entendido aqui como falar de fatos dolorosos sem eufemismo, sem “literatura”) a escola da violência tende para o alegórico”.
Em análise da obra de Rinaldo de Fernandes, especialmente os contos de O perfume de Roberta, o ensaísta Cristhiano Aguiar assim se manifesta: “A violência é um tema presente em várias das histórias do livro, confirmando uma tendência da nossa prosa contemporânea de refletir sobre este tema. Isto, nos dois sentidos que a palavra “refletir” nos permite: espelhar o real; ou introjetá-lo para, em seguida, transformar este real em questionamento sob forma de linguagem”. E arremata: “Rinaldo de Fernandes, não obstante nãoabra mão do experimentalismo, preocupa-se principalmente em nos contar boas histórias realistas, salpicadas, aqui e ali, de grânulos de metaforização, ou de elementos fantásticos e absurdos”.
O que distingue o escritor de alto nível daquele pobre narrador de fatos do cotidiano, copiados da imprensa marrom, é exatamente a capacidade de transfiguração do real, de reelaboração da matéria orgânica dos fatos. Ou a aptidão para transpor os limites que separam a realidade da invenção.
Alguns escritores talvez queiram apenas satisfazer o sadismo dos leitores e escrevem como se sádicos também fossem. Poderiam ser bandidos ou policiais. Talvez se realizassem como tais. Outros são aproveitadores. Escrevem assim porque é moda, as editoras publicam, os resenhistas comentam. Poderiam ser comerciantes, deputados, vereadores, agiotas, estelionatários, advogados, juízes, padres, pastores evangélicos. Essa cambada de malfeitores vestidos a rigor. Os ladrões aos quais se referia Antonio Vieira no “Sermão do bom ladrão”, os “ladrões de maior calibre e de mais alta esfera”; “os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com mancha, já com forças roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor nem perigo: os outros se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam”.
São muitos os escritores sem talento para a literatura. Como não têm imaginação, copiam a realidade dos jornais. Escrevem grandes reportagens, a que chamam de romances. Ou pequenas reportagens, quase notícias, a que chamam de contos. Mas há quem os defenda, sob o pretexto de que a língua se enriquece não em gabinetes, torres de marfim, ao redor de bibliotecas, mas nas ruas, com o falar do povo
Durante certo período, o cinema brasileiro se dedicou a mostrar cenas de sexo explícito. As cotas de exibição obrigatória, impostas pelo governo militar, deram espaço para o desenvolvimento desse gênero. Os “cineastas” optaram pelo mais barato e mais fácil. E adeus arte.
A cópia, a reprodução da vida real ocorre, pois, tanto no cinema como na literatura. Para alguns analistas, esse tipo de “arte” é apenas sintoma de uma sociedade doente. Ora, toda sociedade é doente e sempre foi doente. Ou há quem ache sadia a sociedade sueca? Só porque nela o sexo é livre e não há miséria? Ou a islâmica? Só porque o pecado é punido como crime?
Para completar este breve comento, mais um trecho de Alcir Pécora: “Ocorre, hoje, uma impressionante expansão das narrativas no cerne da própria existência. Antes mesmo de existir como evento, a ação já se apresenta como narrativa, como ocorre nos reality show, em que as pessoas, antes de agir, representam ou narram a ação que lhes cabe”. E assim completa o pensamento: “Escrever literatura, para mim, entretanto, é um gesto simbólico que traz uma exigência: a de ser de qualidade. Literatura mediana é pior que literatura ruim, pois, mais do que esta, denuncia a falta de talento e a frivolidade. A literatura decididamente ruim pode ser engraçada, ter a graça do kitsch, do trash, da paródia mesmo involuntária e grosseira: pode ter a graça perversa do rebaixamento. Já a literatura mediana não serve para nada. É a negação mesma da literatura, cuja primeira exigência é a de se justificar (justificar a própria presença) face aos outros objetos de cultura”.
Como isto não é um ensaio, ouso encerrá-lo com alguma confissão: Não escrevo de acordo com a moda. Também não escrevo como os antigos. Não tenho nostalgia. Não seria jamais um José Albano. Nunca fui da moda ou do lugar-comum. Não pertenço à maioria. Não torço para Flamengo, Corinthians ou Ceará, não sou católico (lugar-comum), evangélico (moda) ou muçulmano (atraso). Também não sou das minorias revoltadas, assanhadas ou espetaculosas. Não sou gay, bissexual ou bipolar. Não sou petista e muito menos liberal. Quero ser eu mesmo, embora reconheça influências. Não desse ou daquele escritor, mas de um modo, de um estilo. Quem não as tem? Minhas maiores influências são as minhas, as do meu passado. Como não sou só, minhas memórias são também as dos outros. Até dos que fazem “literatura mediana” e “literatura ruim”. Portanto, todos são necessários, como na natureza: do verme ao leão.
Leitura complementar:
AGUIAR, Cristhiano. O perfume de Roberta. Disponível em Laboratório – Literatura e Crítica, http://olaboratorio.wordpress.com, 4/8/2010.
COELHO, Marcelo. Literatura da violência. Caderno Ilustrada, jornal Folha de S. Paulo, 16/4/2011.
MACIEL, Nilto. Da crueldade humana. Oficina de produção psicanalítica e literária, http://paulofernandomonteiroferraz.blogspot.com, 8/4/2010.
PÉCORA, Alcir. Impasses da literatura contemporânea. O Globo, 23/4/2011.
Fonte:
Email enviado pelo Autor, disponível em http://literaturasemfronteiras.blogspot.com/2011/07/literatura-de-violencia-e-literatura-de.html
Eliana Ruiz Jimenez (O Fim da Letra Cursiva)
O ensino da letra cursiva nos Estados Unidos é agora facultativo. O último estado a aderir a essa recomendação foi Indiana. Em contrapartida, a partir dos 6 anos, as crianças deverão demonstrar habilidades progressivas no manejo e produção de textos utilizando o teclado do computador.
A mesma tendência ocorre na Alemanha, onde uma campanha promovida pela associação dos professores tenta abolir o ensino da letra cursiva argumentando que essa atividade consome muito tempo e, com a tecnologia de que se dispõe hoje em dia, é desnecessário o seu aprendizado.
Apesar de alguns especialistas apontarem perdas na atividade cerebral, que seria mais intensa na produção da letra manuscrita, a verdade é que essa alteração vai acabar ocorrendo, mais cedo ou mais tarde, de forma global.
A necessidade da letra cursiva já decresceu bastante. Os estudantes estão rapidamente aderindo ao uso dos netbooks e ipads no lugar do caderno para as atividades escolares e a própria assinatura pessoal já não tem o mesmo valor.
O reconhecimento de firma nos tabelionatos não é mais feito apenas pela assinatura, já que a foto e as impressões digitais fazem parte do pacote de tornar um documento autêntico e a digitalização está presente no dia a dia dos escritórios de advocacia, onde o advogado assina as petições virtualmente e acompanha os processos via internet.
A tradução das letras ilegíveis dos médicos em suas receitas também parece estar condenada ao passado, uma vez que a maioria já imprime suas prescrições.
Mas há perdas também. Desenhar as letras com capricho, fazer anotações ou resumo do que se estuda vai, sem dúvida, ficar prejudicado.
A pergunta que fica no ar é: - por que é preciso escolher um aprendizado em detrimento de outro? Por que não podem aprender tanto a letra cursiva como o manejo do computador? É exatamente isso que os jovens fazem hoje em dia e com bastante sucesso.
A simples supressão do ensino na letra cursiva seria uma forma de subestimar a chamada geração multimídia, ou alguém duvida que eles têm a capacidade de absorver tudo com a qualidade e velocidade que os novos tempos exigem?
Enquanto não se aparam as arestas e se afastam os excessos dessas novas diretrizes, os mais saudosistas suspiram.
Não haverá mais o caderno novinho no início do ano letivo convidando a aluna sonhadora a rabiscar corações nos cantos de suas folhas. Tristemente, também, não será o companheiro fiel das próximas gerações.
- A vida segue sempre em frente, o que se há de fazer? - cantou Toquinho em sua música e brilhantemente arrematou o último verso com um apelo do próprio caderno, que diz: “Só peço a você/ Um favor, se puder/ Não me esqueça/ Num canto qualquer".
Fonte:
http://elianaruizjimenez.blogspot.com/2011/07/o-fim-da-letra-cursiva.html
Antonio Barroso (Glosando Sonia Martelo)
e o ventre da terra alcança,
a vida se reverdece
e tem o tom da esperança.
*************
Quando a chuva do céu desce
sob a protecção divina,
na flor, que nasce e que cresce,
sua cor mais se ilumina.
Vem o sol a acompanhar
e o ventre da terra alcança,
traz amor para animar
tanta paz, tanta bonança.
Poemas, que o amor tece,
enchem a alma de alegria,
e a vida se reverdece
embrenhada em poesia.
No lusco-fusco poente,
o rosto duma criança
olha a flor, resplandecente,
e tem o tom da esperança.
António Barroso (Tiago) (19-07-2011)
Sonia Martello
Imagem = http://zeliafogaca.blogspot.com/2008/05/verde-esperana.html
Monteiro Lobato (Viagem ao Céu) XII – O Planeta Marte
O que lá no sítio Pedrinho ouvira de Dona Benta a respeito de Marte estava bem fresco em sua lembrança.
— Marte é um planeta de volume seis vezes menor que o da Terra — havia dito a boa senhora. — No dia em que houver facilidades de comunicação entre os mundos, Marte há de ser uma estação balneária da Terra. Os homens irão passar lá férias ou temporadas. É pertíssimo.
— A que distância fica?
— A 56 milhões de quilômetros.
— Só? — admirou-se Pedrinho, que já andava tonto com as tremendíssimas distâncias entre a Terra e as estrelas. — Esses 56 milhões de quilômetros a luz vence em 2 minutos e 6 segundos. Sabe, vovó, que a velocidade do nosso pó de pirlimpimpim é a mesma da luz? A Emília até diz que o pirlimpimpim é luz em pó...
Dona Benta riu-se da asneirinha e continuou a falar de Marte.
— As estações lá — disse ela — correspondem às daqui, com as mesmas temperaturas. As condições de Marte assemelham-se muito às nossas, mas o ano de lá tem 687 dias.
— Que “anão”! — exclamou Pedrinho admirado. — E o peso?
— Menor que aqui. Um quilo nosso pesa 374 gramas em Marte.
— Ótimo! Quem vai para Marte deve sentir-se leve como rolha. Para corridas e pulos deve ser o planeta ideal.
Houve um ponto em que Dona Benta muito insistiu: os canais que através dos telescópios os astrônomos enxergam nesse planeta. E disse:
— Os astrônomos distinguem em Marte uma verdadeira rede de canais, em linhas retas e curvas, ligando mares; mas não são coisas naturais — parecem artificiais, ou feitas pelos homens de lá.
— Como sabem? — duvidou Pedrinho.
— Porque parecem traçados a compasso e régua, que são invenções dos homens. A natureza tem o bom gosto de não usar esses instrumentos. Já reparou que ela nada faz perfeitamente reto ou perfeitamente curvo, como as linhas e círculos traçados pela régua e o compasso?
— Isso não, vovó! — contestou o menino. — Certas palmeiras têm o tronco em linha reta, e o maracujá e outras frutas são bem redondinhos.
— Se com a régua e o compasso você conferir a linha reta duma palmeira ou o redondo de qualquer fruta, verificará que são mais ou menos — nunca exatamente. A natureza tem horror à precisão da régua e do compasso.
— Eu sei — disse Pedrinho pensativo. — O instrumento que a natureza usa é o mesmo daquele Zé Caolho que esteve consertando a casa do Elias Turco: o olhômetro! O Zé Caolho mede tudo com aquele olho torto, a que Emília deu o nome de “olhômetro”. Ele não usa régua, nem compasso, nem trena, nem nível, nem prumo. É tudo ali na “batata do olhômetro”, como diz a Emília.
— Pois a natureza é assim, meu filho. Parece que tem horror à geometria. Faz tudo mais ou menos — e por isso são tão belas as coisas naturais. Se você mandar a geometria fazer uma árvore, ela faz uma árvore toda cheia de linhas retas e curvas, de elipses, espirais e triângulos, tudo de uma “precisão geométrica” — e fica a feiúra das feiúras. Mas com o seu olhômetro a natureza produz belezas como aquela — e apontou para o cedrão do pasto. — Veja. Não há naquela árvore nenhuma regularidade geométrica, e vem daí a beleza do nosso velho cedro. Pois os canais de Marte são assim — são duma regularidade que não é própria da natureza. Ora, se não são naturais, são artificiais.
Pedrinho admirava-se duma coisa — que os canais de Marte fossem avistados da Terra.
— Graças a Galileu, meu filho. Graças ao telescópio, filho da luneta que Galileu inventou, nós daqui enxergamos até os canais de Marte, uma coisa que está a 56 milhões de quilômetros de distância... Não é maravilhoso?
— Que quer dizer telescópio, vovó?
— Tele em grego é “longe” e skopeo é “eu examino”. Telescópio quer dizer “eu examino ao longe”.
— Que beleza o grego, hein, vovó? É batatal... Dona Benta estranhou aquele “batatal” que volta e meia vinha à boca de seu neto.
— Que história é essa de batata pra aqui, batata pra ali, que vocês vivem usando agora? Eu já ando abatatada de tanta batata que rola por esta casa.
— É a Emília, vovó — explicou Pedrinho. — Ela inventou a coisa e nós, sem querer, pegamos na mania. Eu bem não quero falar assim, mas sai. Emília inventou até um tal “batatalífero” que é batatal. E também usa o “batatalino”.
— Mas donde veio isso?
— Não sei, vovó. Essas coisas vêm do ar, como os resfriados. Parece que a gente enjoa das velhas palavras e precisa de novas — e vai inventando. Batatal quer dizer ótimo, otimíssimo, bis-ótimo. Mas se a gente diz “isto é ótimo” fica sem força. Parece que essa palavra está muito gasta. E Emília então diz: “Isto é batatal ou batatalino” e a gente arregala o olho.
Dona Benta filosofou sobre o pitoresco da gíria e depois voltou ao planeta Marte.
— O diâmetro de Marte é de 6.870 quilômetros. E o da Terra? Vamos ver se não esqueceu.
— É quase o dobro, vovó.
— Isso mesmo. E a circunferência de Marte também é mais ou menos metade da da Terra. Qual a circunferência da Terra, Senhor Flammarionzinho?
— Quarenta mil quilômetros! — berrou o menino — e Dona Benta deu-lhe grau 10 pela boa memória.
Em seguida contou que Marte era mais velho que a Terra.
— Esse planeta destacou-se do Sol milhões de séculos antes da Terra, de modo que tudo está lá muito mais evoluído que aqui. A vida em Marte deve ser como vai ser a daqui no futuro. Nós nem podemos fazer idéia dos animais de Marte, e muito menos do homem de Marte — o marciano.
— Marciano quer dizer habitante de Marte?
— Sim. E esses marcianos têm o gosto de ver em seu céu duas luas, em vez duma só, como nós aqui.
— Duas luas? Que engraçado...
— Dois satélites, sim, meu filho, aos quais os astrônomos deram os nomes de Deimos (Terror) e Fobos (Medo).
— Por quê? Que é que o Terror e o Medo têm a ver com dois astros do céu?
— Ah, isso é uma recordação duns versos de Homero na llíada. Existe nesse poema um pedacinho assim: Ao Terror e ao Medo ele ordena que atrelem meus corcéis Enquanto de suas cintilantes armas vai se vestindo.
— Mas que têm esses versos com as luas de Marte?
— Nada, meu filho. O astrônomo que deu esses nomes às luas de Marte devia ter lido na véspera a llíada de Homero e estava com as palavras Deimos e Fobos na cabeça. Só isso.
— E essas luas aparecem no céu de Marte do tamanho da nossa Lua aqui?
-— São muito menores. Deimos tem apenas 12 quilômetros de diâmetro.
— Só 12? — admirou-se o menino. — Isso é do tamanho duma cidade como Paris, Buenos Aires, São Paulo...
— Exatamente; mas como Deimos está apenas a 6.000 quilômetros de Marte, aparece grandinho no céu — assim da quarta parte do tamanho da nossa Lua.
— E Fobos?
— Esse está a 20.000 quilômetros de distância e é várias vezes menor que Deimos.
Isso era tudo quanto Pedrinho sabia do planeta Marte, segundo as informações recebidas de sua avó no sítio. Agora que voava para Marte levado pelo pó de pirlimpimpim iria ter ocasião de verificar se aquilo estava certo ou não. O caso dos canais de Marte e dos marcianos era o que mais o interessava.
Logo que chegaram e abriram os olhos, os três aventureiros celestes sentiram-se desnorteados. Tudo muito diferente do que tinham visto na Lua e do que era na Terra. Canais não viram nenhum, porque coisas grandes como canais só são avistáveis de longe. É como quem está dentro duma floresta: só vê galharada e folharada, não vê a floresta em seu conjunto. Eles puseram-se a prestar atenção às coisas próximas — mas não as entendiam.
— Isto aqui devem ser plantas — disse Narizinho. — Só que estou estranhando as formas e a cor.
— Pelo que disse vovó — informou Pedrinho — as plantas daqui são evoluidíssimas — são como vão ser as plantas da Terra daqui a milhões de anos.
Era uma vegetação amarela e avermelhada. Não havia verdes, e as formas não lembravam as plantas da Terra.
— E gente? E bichos? — indagou a menina. — Não vejo nada mexer-se. Será que Marte é desabitado?
Pedrinho também desapontou. Por mais que olhasse e reolhasse, não percebia traço de vida animal. E estavam caminhando por ali, a olharem para a direita e a esquerda, quando Emília os agarrou pelas mãos e os puxou para um lado com toda a força.
— Que há? — perguntaram os dois meninos assustados. A boneca respondeu levando o dedinho à boca em sinal de “bico calado!” e fez que ambos se escondessem atrás duma pedra.
— Agachem-se e não se mexam. Depois explico.
Emília olhava como se estivesse vendo coisas e mais coisas. E assim esteve muito atenta e quietinha, imóvel atrás da pedra, até que afinal desembuchou.
— Uff! Que susto!... — exclamou ela erguendo-se. — Acabamos de passar por um grande perigo. Este astro é mais que habitado — é habitadíssimo. Aquele puxão que dei em vocês foi porque um grupo de marcianos vinha vindo em nossa direção.
Os habitantes de Marte eram invisíveis para os olhos dos meninos, mas visibilíssimos para os olhos da Emília. Ela os tinha decorado e passou a descrevê-los.
— São esquisitíssimos! Parecem grandes morcegos brancos. Em vez de caminharem com dois pés, como nós, deslizam pelo chão e erguem-se nos ares quando querem. O corpo é oval e cheio de crocotós, isto é, de coisas esquisitas que não entendo bem. Parecem ter uma porção de braços e mãos, maiores e menores; e no lugar em que devia ser a cara, há mais crocotós — tudo muito diferente das criaturas da Terra. Nós temos olhos, nariz, boca e orelhas — eles devem ter tudo isso, mas de formas diferentes. São uns seres absurdos...
— E falam?
— Devem falar, mas sem sons, sem palavras, dum modo muito diverso do nosso. Bem no meio da tal coisa que deve ser a cara existe um chicotinho flexível que eles manejam com grande rapidez.
— Antenas, como nos insetos?
— Talvez. É com os movimentos desses chicotinhos no ar que eles se entendem.
Pedrinho e Narizinho ficaram apavorados com a descrição e ansiosos por fugirem daquele misterioso planeta. Pelo que informava a Emília, os marcianos não tinham dado pela presença deles ali. Era provável que não pudessem vê-los. Mas seria realmente assim? Às vezes uma coisa parece, mas não é. Tornava-se indispensável verificar esse ponto — mas como? Emília tomou uma resolução.
— Vou tirar a limpo esse ponto — disse ela. — Se me acontecer qualquer coisa, se eles me pegarem e me comerem, não faz mal. Não sinto dor, sou boneca — e, além disso, Tia Nastácia faz outra ainda melhor que eu... Fiquem caladinhos aqui atrás da pedra. Não se mexam até que eu volte — e foi tirar a limpo aquele ponto.
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Continua … XIII – Proezas da Emília em Marte
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Fonte:
LOBATO, Monteiro. Viagem ao Céu & O Saci. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. II. Digitalização e Revisão: Arlindo_Sa