domingo, 7 de agosto de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 289)


Uma Trova Nacional

Num egoísmo profundo
penso ao receber teus mimos,
que Deus só fez esse mundo
porque nós dois existimos.
–GERALDO AMÂNCIO/CE–

Uma Trova Potiguar

Teu doce beijo, querida,
que me acalma e tira o tédio,
é meu sol, é minha vida,
é meu sublime remédio!
–JOAMIR MEDEIROS/RN–

Uma Trova Premiada

2007 - Porto Alegre/RJ
Tema: CAIS - Venc.

No barco do amor, um dia,
sonhei navegar...Quem dera...
- O barco era uma utopia
preso ao cais de uma quimera!...
–MARISA VIEIRA OLIVAES/RS–

Uma Trova de Ademar

Esses meus versos doridos,
o amor, a fé, tudo enfim;
são retratos coloridos
que eu mesmo tirei de mim...
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Pelos momentos de amor
que na vida eu pude ter,
eu te agradeço, Senhor,
valeu a pena viver!
–ALFREDO DE CASTRO/MG–

Simplesmente Poesia

–Pedro Mello/SP–
FOI MELHOR ASSIM...

Não consigo esquecer, mesmo que eu queira...
Faz tanto tempo... ainda me pergunto
por que a gente, afinal, não ficou junto...
(Será que cometi alguma asneira...?)

Ou... terão sido nossas diferenças...?
Devo admitir que foi melhor assim...
O que nem começou chegou ao fim,
sem mágoas, sem rancor, sem desavenças...

Se essa paixão tivesse dado certo,
seríamos pessoas infelizes...
Tantas seriam nossas cicatrizes,
que nos odiaríamos, decerto...

Mas vou te confessar uma verdade:
- Ainda me permito ter saudade...

Estrofe do Dia

Quando avisto uma grande construção
Sendo erguida por vários operários
Recebendo migalhas de salários
Que mal dá pro sustento do seu pão,
Muitas vezes sofrendo humilhação
De arrogantes, perversos, assassinos,
Homens ricos que exploram pequeninos,
Que de voz e de vez são desprovidos;
Cada prédio em São Paulo construído
Tem o sal do suor dos Nordestinos.
–JÚNIOR ADELINO/PB–

Soneto do Dia

–BERNARDO TRANCOSO/SP–
A Timidez

Cede-me o teu olhar, junto à tua tez;
Aceita de uma vez o meu convite;
Se eu tentar te abraçar, beijar, permite;
Impede que te dite a timidez.

Os olhos rebaixados, a mudez,
Prá insensatez de quem dores admite,
Exceto não te ter. Deixa que grite
Tua alma e, nela, acata tal nudez.

Ser tímido é falar, mas não dizer;
Querer, poder e crer, mas não fazer;
Viver de um sentimento tão profundo

Como o amor e guardá-lo - quieto - ao peito,
Sofrendo sem parar, por um defeito,
O pecado mais puro que há no mundo.

Fonte:
Textos e imagem enviados pelo autor

Antonio Manoel Abreu Sardenberg (Poetas de Ontem e de Hoje IV)


Sino da minha sina
ANTONIO MANOEL ABREU SARDENBERG


Badala o sino sonoro
Tocando no vilarejo.
Em minha prece eu imploro
E rogo num só lampejo
Que a vida traga de volta
O amor que tanto desejo.

Pulsa, sino, em minha sina,
Ensina-me a entender
Por que a saudade bate
Fazendo a gente sofrer.

Sina, sino, sentimento,
Sonoro som a tanger,
Tristeza, dor e lamento...
No meu peito o sino bate
Louquinho por te querer!

Soneto
FAGUNDES VARELA
1841 / 1875

Desponta a estrela d'alva, a noite morre.
Pulam no mato alígeros cantores,
E doce a brisa no arraial das flores
Lânguidas queixas murmurando, corre.

Volúvel tribo a solidão percorre
Das borboletas de brilhantes cores;
Soluça o arroio; diz a rola amores
Nas verdes balsas donde o orvalho escorre.

Tudo é luz e esplendor; tudo se esfuma
Às carícias d'aurora, ao céu risonho,
Ao flóreo bafo que o sertão perfuma!

Porém minh'alma triste e sem um sonho
Repete olhando o prado, o rio, a espuma:
- Oh! mundo encantador, tu és medonho!

Quarenta anos
MÁRIO DE ANDRADE

1893/1945

A vida é para mim, está se vendo,
uma felicidade sem repouso:
eu nem sei mais se gozo, pois que o gozo
só pode ser medido em se sofrendo.

Bem sei que tudo é engano, mas, sabendo
disso, persisto em me enganar... Eu ouso
dizer que a vida foi o bem precioso
que eu adorei. Foi meu pecado... Horrendo

seria, agora que a velhice avança,
que me sinto completo e além da sorte,
me agarrar a esta vida fementida.

Vou fazer do meu fim minha esperança,
ó sono, vem!... Que eu quero amar a morte
Com o mesmo engano com que amei a vida.

Colar de Carolina
CECÍLIA MEIRELES

1901/1964

Com seu colar de coral,
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.

O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.

E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral

nas colunas da colina.

O Trabalho
REGINA COELI


Trabalha a terra e dela te alimenta
Ou reconhece aquele que madruga
E em sol bem forte a fronte ao suor enxuga
Regando a vida-mãe que a nós sustenta.

Sova com tuas mãos e em ti fermenta
O pão que traz o cheiro de uma ruga
Sulcada ao tempo que o minuto suga,
Cozida em Paz no forno que acalenta...

Faz da palavra artigo de primeira,
Sempre na moda viva da ternura
De dar Amor sem pátria e sem fronteira...

Trabalha a alma em Fé desperta e pura,
Cumpre na lida a parte verdadeira
Que faz sorrir o choro da amargura!

Todos chorarão
PROF. FRANCISCO GARCIA/RN


Se não houver mais flores nos jardins,
se faltar o perfume dos rosais,
sofrerão nossos anjos querubins
ao romper das auroras matinais!

Se faltarem belezas campesinas,
sabiás e os mais lindos rouxinóis,
que serão das auroras tão divinas
sem os cantos que encantam todos nós?

Sem os perfumes virginais dos campos,
sem a voz maviosa das cascatas,
chorarão os poetas pirilampos,
no silêncio final da voz das matas.

Todos nós choraremos de desgosto,
nunca mais os poetas vão cantar,
rolarão muitos prantos pelo rosto,
"as almas dos poetas vão chorar".

Súplica
MARIA NASCIMENTO S. CARVALHO/RJ


Jurei não lhe falar mais de ternura,
nem dar sinais de angústia nem de dor,
mas sinto as cicatrizes da censura
bem menos doloridas que as do amor...

Assim, movida pela desventura,
vivendo um sentimento embriagador,
tento afogar meu sonho na amargura,
e volto a lhe falar do meu amor.

Deixe que eu ame intensa e livremente,
sem censurar o meu comportamento,
sem ter pena das penas que padeço,

que eu sofro, por você, conscientemente,
e, por maior que seja o meu tormento,
estou sofrendo menos que mereço...

Fonte:
A. M. A. Sardenberg

Rio Grande Trovador (Participe da coletânea)


O organizador da obra, MÍLTON SOUZA, acaba de prorrogar para o dia 30 de agosto de 2011, o prazo para inscrições e remessa de trabalhos

(15 trovas, foto, biografia e cento e vinte reais)

para o 8º Volume da coletânea RIO GRANDE TROVADOR.

A capa do livro estampará, mais uma vez, uma das belas pinturas de MARIA TEREZA BONATTO DE CASTRO, filha de Delcy Canalles.

Cada participante recebe 10 exemplares da obra.

Contate o Milton: miltonsouza@redemeta.com.br

Fonte:
Pedro Ornellas

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 288)


Uma Trova Nacional

Dever do bom Trovador,
que desse dever dá provas,
é fazer Trovas de AMOR
pelo amor que tem às Trovas!
–DELCY CANALLES/RS–

Uma Trova Potiguar

Esta distância tão triste,
entre nós dois, na verdade,
mede a distância que existe
entre o AMOR e a saudade!
–PROF.GARCIA/RN–

Uma Trova Premiada

2010 - Curitiba/PR
Tema: IMAGEM - M/H

Quem pratica a temperança
e cultiva o dom do AMOR
tem, na imagem, semelhança
com seu próprio Criador.
–NEI GARCEZ/PR–

Uma Trova de Ademar

Nosso AMOR não se acabou,
e, ouvindo a voz da razão,
simplesmente atravessou
as fronteiras da paixão!
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram


Esta saudade infinita
do AMOR que a gente viveu,
é a mensagem mais bonita,
que o meu passado escreveu!...
–ALOÍSIO ALVES DA COSTA/CE–

Simplesmente Poesia

Bilhete
–MÁRIO QUINTANA/RS–

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o AMOR mais breve ainda...

Estrofe do Dia

Não pensei chorar tanto desse jeito,
meu açude de lágrimas sangrou;
abri todas comportas do meu peito,
e o velho coração não segurou.
O grande temporal veio depois
quando eu vi que o AMOR entre nós dois
se afogou no mar com os abrolhos;
esta dor foi demais, não suportei,
chorei tanto por ti que já sequei
a cacimba de prantos dos meus olhos.
–ADEMAR MACEDO/RN–

Soneto do Dia

Nunca Mais
–MARIA NASCIMENTO/RJ–

Não sei de onde é que vem tanta ansiedade
e essa angústia que me comprime o peito,
torturando, porque, na realidade,
nem de pensar em ti, tenho o direito.

E, como todo o ser mais que imperfeito,
que não doma os caprichos da vontade,
eu luto, mas sequer encontro um jeito
de me livrar das garras da saudade...

Bem sei que não entrei na tua vida,
e, mesmo tendo sido preterida,
meu AMOR floresceu, criou raiz...

Mas fui punida com severidade,
porque deixaste em mim tanta saudade
que nunca mais eu pude ser feliz!

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Monteiro Lobato (Viagem ao Céu) XVI – Aparece o burro


Quanto tempo estiveram desmaiadas lá em cima do cometa grande? Ninguém sabe. Só se sabe que em certo momento Narizinho estremeceu e foi lentamente abrindo um olho. Depois abriu o outro. Depois arregalou os dois — e viu pendurado sobre o seu rosto um focinho com duas ventas pretas. Apesar da tonteira em que ainda estava, reconheceu naquilo uma cara de burro. E súbito um clarão lhe iluminou o cérebro. O Burro Falante! Aquelas ventas, aquele focinho, aquelas pontas de orelhas só podiam ser do Burro Falante, porque o Burro Falante é que havia rolado pelo éter e na opinião de Pedrinho devia andar enganchado nalguma cauda de cometa.

O animal permanecia imóvel, de cabeça pendida. Com certeza estava naquela posição já de muito tempo, à espera de que a menina acordasse — e de tanto esperar dormiu também. Sim. O Burro Falante estava dormindo!

— Emília! — gritou Narizinho sacudindo a boneca desmaiada. — Acorde! Parece que estamos salvas e com o Burro Falante aqui às nossas ordens.

A boneca arregalou os olhos e esfregou-os.

— Burro Falante? — murmurou ainda tontinha, e só então seus olhos deram com o animal adormecido. Emília levantou-se e deu a mão a Narizinho já de pé. Ficaram as duas a olhar para o pobre burro de cabeça caída, imerso em sono profundo.

— Vou acordá-lo — disse Emília, e fazendo “Hu!” acordou-o. O aspecto tristonho do burro mudou para um ar de riso — um ar só, porque os burros não sabem rir, não podem nem sorrir, os coitados. O Burro Falante fez um ar de riso e falou na sua voz antiga de bicho do tempo dos animais falantes.

— Bofé! Até que enfim apareceram. Eu já estava cansado de esperar, e de tanto esperar dormi. Onde ficou o dragão? — e ao falar no dragão tremeu sem querer, com medo de que o monstro tivesse vindo atrás delas.

— Não tenha receio de nada, Senhor Burro — respondeu Emília. — O dragão está lá numa cova da Lua, amarrado na corrente.

O tremor do burro cessou.

— E a Senhora Anastácia?

Ele era a única pessoa no mundo que dizia “Senhora Anastácia”, em vez de “Tia Nastácia”, como os outros. Nunca houve burro mais bem-educado nem mais respeitador da gramática. Falava como se escreve, com a maior perfeição, sem um errinho. E falava num português já fora da moda, com expressões que ninguém usa mais, como aquele “Bofé!”

— Tia Nastácia ficou na Lua como cozinheira de São Jorge — respondeu a menina — e a estas horas ou está fritando bolinhos ou está fazendo pelo-sinais e dizendo credos.

— E o Senhor Pedro Encerrabodes?

O burro nunca disse Pedrinho; era sempre Encerrabodes.

— O Senhor Pedro sumiu! — gritou a boneca. — Vinha guiando pelos ares o Potro dos Céus, comigo na garupa, quando se pôs a explicar como é que os gregos tangiam a lira (não lira italiana, mas a tal lira que era a viola deles) e tantos gestos fez no ar que perdeu o equilíbrio e caiu no éter.

O burro empalideceu.

— Oh, isso é muito grave! — murmurou em seguida, franzindo a testa e erguendo as orelhas. — O Senhor Pedro Encerrabodes sempre foi o nosso guia. Sem o seu adjutório (ele não dizia ajutório) não sei como nos avirmos nestas terras desconhecidas. Estou aqui há horas (ou há séculos, não posso saber). Já galopei milhares de toesas por esses luminosos campos infinitos, sem encontrar sequer uma pequena touça de capim.

— E está com fome, Senhor Burro? — perguntou Emília.

— Nada mais natural, Senhora Marquesa.

— Pois se quer servir-se de estrelinhas recém-nascidas, tenho muitas aqui no bolso. É o que há...

O Burro Falante respondeu com toda a gramática:

— Não creio, Senhora Marquesa, que meu estômago aceite de bom grado semelhante iguaria. Antes continuar jejuando do que contrariar as leis da natureza com a ingestão dum alimento que nem eu nem meus antepassados jamais provamos.

— Faz muito bem — disse Narizinho. — Quem vai comendo a torto e a direito tudo o que encontra acaba estourando. Vovó sempre diz que o “animal se faz pela boca”, isto é: nós somos o que comemos. Um burro que se alimentar de estrelas é capaz de virar cometa.

O burro quis saber o que havia acontecido desde o momento em que Pedrinho lhe assoprou o pó de pirlimpimpim nas ventas. A menina sentou-se e foi contando. Enquanto isso a boneca pôs-se a passear por ali em procura de coisinhas pelo chão, como costumava fazer nas praias. Por causa desse hábito vivia encontrando coisas. Emília pôs-se a andar, e foi andando, e afastou-se para longe.

Em dado momento, quando Narizinho, depois de contar a chegada à Via-láctea, ia entrando na história do cometa-potro-xucro, uma voz distante chegou-lhe aos ouvidos: “Corra, Narizinho! Venha ver uma coisa do outro mundo...”

A menina ergueu-se e correu na direção da voz, até que avistou Emília sentada no chão com qualquer coisa ao colo. De longe não pôde distinguir o que era — pareceu-lhe uma criancinha nova. Mas seria absurdo admitir uma criança nova naquelas alturas.

Narizinho foi se aproximando. Chegou bem perto. Arregalou os olhos e esfregou-os, porque lhe custava acreditar no que seus olhos viam.

— Um anjinho, Emília? ... — exclamou afinal no maior dos espantos. — Onde descobriu semelhante maravilha? — e acocorou-se diante do anjinho lindo que a boneca tinha ao colo.

Era um anjinho mesmo! O mais lindo anjinho dos céus, a maior das galantezas. O rosto parecia feito de pétalas de rosa. Os cabelos em cachos pareciam feitos de fios de luz.

— Achei-o caído por aqui —: respondeu a boneca com os olhos irradiantes de gosto. — Deve ser um pobre anjinho que rolou dalguma nuvem e quebrou a asa. Está desmaiado. Olhe que galanteza! Louro que nem macela, de asas alvas como paina...

A menina ajoelhou-se ao lado da boneca e caiu em contemplação da maravilha. Que encanto de criaturinha! Teve vontade de comê-lo, como quem come um doce cristalizado.

Seu encantamento crescia. Ela olhava, olhava e não cessava de olhar. Depois bateu palmas. Ergueu-se e começou a dar pulos de contentamento.

— Corra! — gritou para o Burro Falante. — Venha ver o assombro dos assombros — um anjinho de asa quebrada...

E para a boneca:

— Imagine, Emília, nós lá no sítio com um ente destes pra brincar! Tia Nastácia sabe quanto remédio existe; há de saber também um bom para asa quebrada — e ele sara e vai voar para nós vermos. Vovó, coitada, juro que desta vez derruba o queixo, quando nos vir chegar com esta galanteza...

Passados alguns instantes o anjinho deu o primeiro sinal de vida, enquanto a menina lhe fazia esfregação pelo corpo. Seus olhos foram se abrindo. Eram azuis como o céu azul. Por fim falou na vozinha mais límpida e sonora.

— Onde estou eu? — foram suas primeiras palavras.

— No meu colo! — respondeu Emília cheíssima de si.

O anjinho olhou para ela sem nada compreender. Nunca tinha visto boneca, e não podia fazer a menor idéia de quem Emília fosse.

— E quem é a senhora? — perguntou em débil voz.

— Eu sou a antiga Marquesa de Rabicó — respondeu Emília toda ganjenta — e agora vou ser a sua mãezinha querida. Esta meninota aqui ao lado é a neta de Dona Benta, Narizinho. E aquele senhor de quatro pés é o único burro falante que existe lá na Terra. Nós o salvamos das garras dum leão terrível numa das nossas aventuras do pirlimpimpim, e o levamos para o sítio. Não tenha medo dele, não, bobinho. É muitíssimo bem-educado, incapaz de dar um coice numa mosca. Nossa história é essa. Agora conte-nos a sua.

Depois de olhar muito assustado para a menina e o burro, o anjinho falou. Explicou que andava de passeio pelo éter quando ouviu um tremendo estrondo (o choque dos dois cometas). O seu susto foi enorme, porque jamais tinha ouvido um trovão assim. O estrondo fê-lo perder o equilíbrio do vôo e cair desmaiado. Na queda havia batido em qualquer coisa dura no espaço e estava agora sentindo uma dor na asa esquerda.

— Que engraçado! — exclamou Emília. — O mesmo nos aconteceu, com a diferença que não nos machucamos e não quebramos a asa. Às vezes é bom não ter asas.

Só então o anjinho percebeu que tinha a asa esquerda quebrada. Quis erguê-la, como erguia a direita, e não pôde. Isso fez que ele se pusesse a chorar um chorinho muito sentido.

— Que vai ser de mim? — murmurou soluçando. — Com uma asa só não posso voltar para minha nuvem, lá onde moram meus irmãos celestes...

— Melhor! — disse Emília. — Irá morar conosco lá no sítio de Dona Benta, que é o lugar mais bonito dos mundos. Temos uma porção de árvores no pomar, e um rio cheio de peixes, e a Vaca Mocha, e os bolinhos de Tia Nastácia. E eu tenho uma canastrinha que até dou para você.

O anjinho nunca tinha visto árvore, nem rio, nem vaca, nem bolos, de modo que nada entendeu de tudo aquilo. Começou a fazer perguntas e mais perguntas, que ora Emília respondia, ora Narizinho. O que mais lhe interessou foi a Vaca Mocha, cuja descrição, feita pela boneca, era mesmo de despertar a curiosidade de todos os anjos do céu.

— Mas esse estranho animal não come gente? — perguntou ele muito admirado.

— Só come capim e palha — respondeu Emília. — E também abóbora, batata, milho e outras coisas assim.

— Capim? Que é capim? — indagou a galanteza com uma ruga de interrogação na testa.

Emília olhou para Narizinho e sorriu. Depois respondeu:

— Não vale a pena explicar. Essas coisas lá da Terra são facílimas de ser compreendidas, vendo. Assim de longe, só explicadas e sem amostras, não podem ser entendidas. Lá na Terra mostrarei o que é capim, o que é milho, o que é flor, o que é árvore, o que é tudo. Não tenha pressa.

— E lá nesse sítio a gente pode voar? — perguntou ele. — Eu gosto muito de voar.

— Pode, como não? — respondeu Emília. — Os patos de lá voam, os gaviões, os marrecos e até as galinhas-d’angola. Os passarinhos todos voam. O tempo voa. As borboletas, as abelhas, as içás — tudo voa que é uma beleza!...

— São anjos também, esses patos, gaviões e galinhas-d’angola?

Emília não pôde conter uma gargalhada gostosa — e voltando-se para Narizinho disse na “linguagem do P”, para que o anjo não percebesse: “Épé mapaispis bupurripinhopo dopo quepe opo Primpimcipipepe Espescapamapadopo”. (É mais burrinho do que o Príncipe Escamado.) E depois, para o anjinho:

— Não são anjos, não, meu amor. Os anjos que há lá são só os de procissão, isto é, crianças com asas de pato nas costas. Fingimento. E há também os “anjinhos” defuntos. As crianças que morrem viram “anjinhos” — mas em vez de voar, vão para os cemitérios em caixões cheios de flores. Anjo de verdade, dos “legímacos”, você vai ser o primeiro.

Outra vez o tal “legímaco”!

— E nunca mais poderei voltar para o céu com os meus irmãos? — perguntou o anjinho depois de refletir uns instantes.

— Poderá, sim, mas duvido que volte. É tão interessante a Terra, toda cheia de homens e mulheres e bichos e plantas, que anjo que cai lá nunca mais pensa em sair.

Nisto Emília bateu na testa e disse: “Não é que me ia esquecendo!” — e tirou do bolso do avental o célebre embrulhinho em papel de seda que lá guardara no dia da partida — o misterioso embrulhinho que não quis explicar a ninguém o que era. Enquanto a boneca desfazia o embrulho, a menina espichou o pescoço para ver do que se tratava. Uma bala puxa-puxa!

— Tome este presente que eu trouxe da Terra para você — disse Emília oferecendo a bala ao anjinho. — Desconfiei que ia encontrar por aqui alguém que merecesse uma bala e por prevenção vim com esta no bolso. Tome.

O anjinho tomou a bala com ar de quem nunca tinha visto semelhante coisa. Examinou-a por algum tempo; depois olhou para a boneca e para a menina como que pedindo mais explicações.

— É sua, bobinho! — disse Emília. — Ponha na boca e prove. Não tenha medo.

O anjinho obedeceu. Pôs a bala na boca e sem demora fez cara de estar gostando.

— É bom, sim! — disse ele. — Há muitas coisas gostosas como esta lá no sítio?

— Montes! — respondeu Emília. — Tia Nastácia faz desses doces (isso chama-se “doce”, decore) em quantidade, e de todas as cores e gostos. Há um amarelo, chamado “doce de abóbora”, que é muito bom. Há um roxo chamado “doce de batata”. Há as “cocadas”, que são branquinhas como a neve. Também há cocadas cor-de-rosa, com as quais eu me implico. Gosto só das brancas. Lá em casa você vai ter tudo isto até enjoar e ficar com dor de barriga e lombrigas. Ah, a nossa vida no sítio é uma beleza de suco...

Tão entretidas ficaram as duas na conversa com o anjinho, que se esqueceram de lamentar a sorte do “Senhor Pedro Encerrabodes”, perdido na imensidão do éter. Felizmente Pedrinho não se esquecera delas e, de repente, apontou ao longe.

— Olhem Pedrinho! — berrou Emília que foi a primeira a vê-lo. — Lá está ele, mais serelepe do que nunca...

Que alegria! Nunca a chegada dum personagem foi recebida com tantas demonstrações de contentamento.

— Pedrinho! Pedrinho!... Conte, conte tudo que aconteceu depois do tombo da lira.

— Nada de importante — respondeu o menino. — Também caí neste cometa, como vocês. Caí e perdi os sentidos, ficando desacordado até agora. Afinal voltei a mim. Olhei em redor: só vi este infinito campo luminoso, que logo adivinhei ser a cauda do cometa de Halley.

— Como sabe que é o cometa de Halley? — duvidou a menina, um tanto desconfiada de tanta ciência.

— Pelo jeito — respondeu Pedrinho — e tratou de mudar de assunto. — Logo que voltei a mim olhei para todos os lados. Não vi coisa nenhuma senão esta poeira luminosa. Pus-me a andar, sempre na mesma direção, com esperança de descobrir qualquer coisa. Tive sorte. Vim ter exatamente ao ponto onde vocês estavam. A primeira pessoa que avistei de longe foi o Burro Falante, coitado. Mas... — e Pedrinho interrompeu a narrativa, só então percebendo aquela criança no colo de Emília. — Que é isso? Parece um anjinho...

— E é de fato um anjo — respondeu a menina. — Um anjinho dos legítimos, que Emília achou por aqui. De asa quebrada — tombou lá das nuvens. Na queda bateu em qualquer coisa dura pelo caminho. Vai morar conosco no sítio. Imagine que lindeza...

Em vez de responder, Pedrinho pôs-se a dar pulos de contentamento. Ter um anjo no sítio era coisa que jamais havia passado pela sua imaginação.

— Que beleza, Narizinho! — exclamou ele depois de sossegar. — Até Peter Pan vai roer-se de inveja. Um anjinho de verdade na Terra é coisa que nunca houve desde que a Terra é Terra.

O Burro Falante, com as orelhas caídas e os olhos úmidos, contemplava enternecidamente aquele maravilhoso quadro.
____________
Continua … XVII – Saturno
–––––––––––-
Fonte:
LOBATO, Monteiro. Viagem ao Céu & O Saci. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. II. Digitalização e Revisão: Arlindo_Sa

sábado, 6 de agosto de 2011

Lúcia Constantino (Quem Te Olhou nos Olhos)


Quem Te olhou nos Olhos,
ouviu a canção das nuvens,
executada nas cordas solares.
E viu os lírios do coração se abrirem.
E naquele momento, sentiu
os justos se perderem de suas angústias
e as astúcias dos pensamentos
se converterem em serenos faróis.

Decifrou ele, em Teu Olhar,
os veios profundos
que no infinito desenham as estrelas,
teto de um mundo
que ainda vale a pena,
quando há no Ser o sonho
de reencontrar o verdadeiro lar.

Quem Te olhou nos Olhos,
sabia que estava diante do manancial solar,
maestro da lua, do mar
e de todos os vales profundos
onde ainda respiram os náufragos
e os insensatos passos dos absurdos.

Ao fitar Teus Olhos,
com certeza alimentou-se dessa aurora
e vestiu-se de gente pela primeira vez,
estreando a vida,
sentindo-se sagrada e ascendida criatura,
seiva da terra remida.

Aquele que Te fitou os Olhos
fez de si mesmo uma candeia eterna,
consciente de que ao olhar o próprio céu,
humanamente auto-gerou luz à sua hora
e enfim, se reconheceu.

Quem Te olhou nos Olhos
recebeu asas para a caminhada
ao longo dos séculos.

Nasceu.

Fontes:
http://asasonoras.blogspot.com/2011/06/quem-te-olhou-nos-olhos.html
Imagem = http://nitidaneblina.blogspot.com/

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 287)

Uma Trova Nacional

Uma Trova Potiguar

Pescaria só tem graça,
Se, lá na ponta do anzol,
vem um litro de cachaça,
limão e carne-de-sol.
–FRANCISCO MACEDO/RN–

Uma Trova Premiada


1998 -Sete Lagoas/MG
Tema: TROPEÇO - 1º Lugar.

A defender eu me apresso
o linguajar puro e rico.
Mineiro não diz “tropeço”:
Se for “da gema”, é “trupico”!
–MARISA DA CONCEIÇÃO PEREIRA/MG–

Uma Trova de Ademar

Se nós somos descendentes
de um homem feito de barro,
na certa somos parentes
de um pote velho, ou de um jarro!
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Um pesadelo medonho
que o genro nunca esqueceu:
a sogra surgiu-lhe em sonho
dizendo que não morreu...
–EDMILSON FERREIRA MACEDO/MG–

Simplesmente Poesia

MOTE.
A cachaça é lenitivo...
calmante pro coração!

GLOSA.
Aparenta corrosivo
não prejudica ninguém,
pelo sabor que ela tem
a cachaça é lenitivo...
traz em si o incentivo
para qualquer solução,
foi a maior invenção
caiu do céu como oferta
e agora foi descoberta:
calmante pro coração!
–AUGUSTO MACEDO/RN–

Estrofe do Dia

É comum encontrar homem casado
que só vive implorando a viuvez,
quando perde a mulher não passa um mês
sem ficar novamente apaixonado;
antes mesmo do luto ter passado
vai a tudo que é baile namorar,
compra nova mobília e monta o lar
e na igreja faz novo juramento,
todo mundo acha ruim o casamento
mas ninguém quer morrer sem se casar!
–PALMEIRAS GUIMARÃES/PE–

Soneto do Dia

Azar
–RENATA PACCOLA/SP–

Certo dia, acordei de mau humor –
resquício de uma noite mal dormida.
Peguei o carro, e então fundiu o motor,
Segui para o metrô, enfurecida.

Tentei continuar com minha lida,
mas fiquei presa num elevador.
Neste compartimento sem saída,
passei horas de angústia e terror,

e saí sob o som de bate-estaca.
Depois, no meio de um supermercado,
senti a dor de um burro quando empaca.

Foi aí que vi, quase ao meu lado,
irônicos dizeres numa placa:
“Sorria. Você está sendo filmado!”

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Gilbamar de Oliveira Bezerra (Trovas Esparsas)


PENSAMENTOS EM TROVAS

A MORTE
Não tenho medo da morte,
como temer o que é certo?
Ela é sempre nosso Norte,
vezes longe, vezes perto

A TRISTEZA
Apague toda tristeza
guardada no coração,
pois ela, com certeza,
é venenoso escorpião

O DESTINO
Seja seu próprio destino,
quem faz seu futuro é você,
levando a vida sorrindo,
não haverá muito sofrer

O AMOR
Só ama quem é amado
até mesmo o altruísta
porque o amor despojado
é dar uma de artista

TROVAS DESCONTRAÍDAS

Dói ver uma criança
passando necessidade,
é quando perco a esperança
na nossa humanidade
*
Não deveria sofrer
quem trabalha e envelhece,
pois ele fez por merecer
o descanso que enobrece
*
Não gosto de vagabundo
que dá uma de esperto,
jamais quero ter no mundo
um cara desse por perto
*
Um sorriso feminino
é oceano de sedução,
faz de um homem menino
que se afoga na paixão
*
Sou fragmentos de poesia
num jardim espalhados,
sou restos de fantasia
na tristeza desprezados

TROVAS DO CORAÇÃO

Tantos amores se vão
deixando tristeza no ar,
são coisas do coração
que não se cansa de amar

E nessa árdua jornada
sem pensar no seu sofrer
sai em busca da amada
buscando um novo querer

Se perde a grande paixão
nos reveses da vida,
esse pobre coração
sofre nova despedida

Mas nesse diapasão
vai em frente a procurar
essa perfeita união
pois seu destino é amar

Ah, como sofre o coração
que nunca logra desbravar
essa doce ilusão
de seu amor encontrar

Fonte:
http://gilbamar-poesiasecronicas.blogspot.com/search/label/Trova

Ademar Macedo (O Trovadoresco n. 74 - agosto de 2011)

Ademar Macedo

Gilbamar de Oliveira Bezerra (Antologia Poética)


MINHA POESIA

Quando já nada restar de mim,
posto que serei pó do tempo,
que será dos resquícios poéticos
hoje ainda brotando em minh'alma?

Terão maior valia para alguém
num mundo tão conturbado,
onde a poesia quase não tem vez
e a ternura pereceu sem graça?

Do meu coração, provavelmente,
continuarão fluindo doces poemas
e doravante ainda mais singelo serei
mesmo que nunca fascine ninguém

Os homens não plantam árvores
somente para si próprios, eles vão,
elas permanecem dando sombra
a quantos virão depois, e isso é lindo

DOCE VENENO

Meu último suspiro será por você,
para que sorria e eu leve comigo
a beleza do seu sorriso,
eu versejo e murmuro feliz
porque você é a minha poesia.
Sua voz é a bela música
que o meu coração sempre
desejou ouvir tantas vezes.
Então, fala-me, murmura,
canta para mim
Você é o veneno doce
que só faz bem a mim
você transformou o menino
que havia em mim no homem
que eu apenas aparentava ser
antes de a conhecer.

A TI AMO

Recorro aos gestos
e falo às mãos
desdobro-me em carícias
divido-me em mil
sou todo afagos
eis-me feito afeição
para expressar
o quanto te amo!

A ti amo tanto
quanto o céu é azul
a lua é dourada
o sol brilha e queima
as nuvens são brancas
a água é límpida
o mar é salgado!

Nesse grandioso amor
com que me enlaço
flutuo, danço, voo,
sou primavera
viro beija-flor
semeio jardins
de gozo pereço
morrendo em mim
e renascendo em ti.

MULHER, ESSE CÉU

Cada mulher é como jardins floridos
onde muitos beija-flores tentam,
a todo custo, usufruir de seu néctar.

Cada mulher é um sol de alegria,
maravilhosa lua de encanto,
estrela de brilho raro, céu de prazer,

Cada mulher é um misterioso universo
onde descobrimos as delícias
mais encantadoras de estar vivo

Cada mulher é um universo
a ser conquistado, um castelo
a ser desbravado, um oceano
onde mergulhar para ver o paraíso

Cada mulher se torna assim,
um sorriso especial que encanta,
fascina e, por vezes, apunhala
o coração do homem

Cada mulher é um amor inusitado
escrevendo dia após dia uma
nova e inconfundível história.

Cada mulher é delicioso sonho novo,
agradável e rara ternura inolvidável,
sorridente êxtase extraordinário.

EXPLOSÃO DE VIDA

Como lágrimas de anjos a chuva cai
refrescando docemente a alma da cidade
cujo suave gesto feminino se sobressai
parecendo de algo sentir muita saudade

Os milhões de respingos assim diluídos
formando gigantesca cascata celeste
são lençóis plúmbeos constituídos
que a cidade nua no momento veste

Pássaros voam em bandos alegremente
porque a água que vem do céu é branda
alguns gorjeiam, outros carregam semente
a natureza embonecada sorri e canta

Quão linda é a vida sob esse belo prisma
é quando percebemos de Deus o Seu poder
e ainda que o descrente hesite em sua cisma
"há um Criador sim", ele diz sem perceber

OLHOS SEM CORAÇÃO

Somente olhos sem coração,
insensíveis, pejados de dor,
incapazes de sorrir
não contemplam flores.
São olhos apagados,
descoloridos, quase mortos,
turvos, sombrios, pobres,
que não se alegram.
Olhos órfãos da felicidade,
opacos, fósseis de tantas
e estranhas melancolias.
São olhos moribundos
que não derramam lágrimas,
olhos secos sem traços
ou sinais de vida.
Oh, céus, são tristes
olhos necessitados
de se deixar vencer
pelo poder catalizador
do pranto.

ALGUMAS COMIDAS NORDESTINAS

Como estamos vivenciando o período junino, achei de bom alvitre postar novamente um dos meus cordéis mais conhecidos, lidos e comentados. Divirtam-se e agucem o apetite lendo esses versos nascidos da inspiração oriunda das guloseimas degustadas no Nordeste.

A culinária nordestina
é modesta porém variada
agradando qualquer paladar
tem cuscus com leite, buchada,
a boa cocada de rapadura
além da gostosa panelada

O baião-de-dois, que petisco!
Arroz-d-leite, carne de bode,
manteiga da terra, chouriço,
desde que não engorde
mas se engordar, que fazer?
Come, balança e sacode

Carne-de-sol com farofa,
queijo de coalho e goiabada,
feijão verde, arroz da terra,
pamonha, café e coalhada,
bolacha preta, canjica,
tapioca doce e salgada

Caldo de cana e pão doce,
cocada feita com leite,
fuçura de bode cozida,
doce de banana, um deleite,
pé-de-moleque, espéce,
um docinho de caju, aceite!

Bolo de milho, doce de coco
manga, suco de maracujá
abacaxi quase açúcar,
sapoti, melão, mungunzá
seriguela e cajarana
mocotó com feijão e juá

Grude, cocorote, broa
mel de engenho, milho assado
sequilhos feito de goma
galinha guisada, guiné torrado,
sopa de feijão todos gostam,
e posta frita de Dourado

Sirvam-se de doce de jerimum,
de mamãe, banana ou caju,
goiaba em calda ou compota,
mangaba e batida de umbu,
arroz doce, um espetáculo,
que tal um melzinho de uruçu?

Claro que tem muito mais
não guardo tudo na cachola
há outras tantas variações
é só procurar, ora bolas!
Pelo menos podemos saber
que o Nordeste é da hora.

Fonte:
http://gilbamar-poesiasecronicas.blogspot.com/
http://sitedepoesias.com/poesias/60467

Gilbamar de Oliveira Bezerra (1951)


Natural de Mossoró/RN, nascido a 31 de agosto de 1951, filho de Severino Bezerra de Oliveira e de Terezinha Leite de Oliveira.

Funcionário do Banco do Brasil, e também Bacharel em Ciências Jurídicas pela UERN, turma de 1985.

Membro de diversas instituições culturais, dentre as quais estão a Academia Uruguaiana de Letras, Academia Internacional de Letras “3 Fronteiras” e Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP). Cadeira n. 3 da Academia Mossoroense de Letras.

Casado, autor de três livros, sendo dois de contos e crônicas e um sobre o frustrado ataque dos cangaceiros a Mossoró, fato ocorrido em 13/06/1927.

Participou de vários concursos de contos, poesias e crônicas, sendo premiado em alguns e participando de coletâneas.

Atualmente escreve nos sites: http://recantodasletras.uol.com.br/escrivaninha/publicacoes/editor.php?acao=ler&idt=1051523&rasc=0, www.ver-o-poema.com.br e www.sonetos.com.br.

Blog: http://gilbamar-poesiasecronicas.blogspot.com/.

Livros de sua autoria, ainda inéditos, encontram-se no site www.mesadoeditor.com.br aguardando aprovação.
Link
Possui uma coluna semanal no jornal O Mossoroense.

Livros:
A Derrota de Lampião
O Ataque de Lampião a Mossoró – Trovas
O Motim dos Flagelados – Contos

Fontes:
http://gilbamar-poesiasecronicas.blogspot.com/
sitedepoesias.com/poetas/Gilbamar
Academia Mossoroense de Letras

Ialmar Pio Schneider (Soneto a Jorge Amado)


In Memoriam
Falecimento do escritor em 6.8.2001

Bem sabemos que foi o Jorge Amado,
o escritor portentoso e dos mais lidos,
e que seus livros são os preferidos,
por conterem também um texto ousado.

Sempre fiel, ao romance devotado,
soube fazer relatos divertidos,
também jamais hão de ser esquecidos
os personagens que tem seu legado.

Na simples homenagem destes versos,
desejo traduzir uma lembrança
do ABC de Castro Alves, de Gabriela,

de outros romances fortes e diversos;
e vejo O Cavaleiro da Esperança
em sua luta para a vida bela !

Fonte:
Soneto enviado pelo autor

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 286)

Héron Patrício e Yedda Ramos Maia Patrício, na UBT SP
Uma Trova Nacional

Cabe ao homem, no contexto
de um só ato, único e breve,
pôr esperanças no texto
das cenas que a vida escreve...
–HÉRON PATRÍCIO/SP–

Uma Trova Potiguar

Não busco da vida o intento
senão de ser, todo dia,
feliz a cada momento
no meu ninho de poesia!
–MARA GARCIA/RN–

Uma Trova Premiada

2008 - Bandeirantes/PR
Tema: AUDÁCIA - M/E.

Luto por meus ideais,
com audácia entre os abalos,
que não abalam jamais
a esperança de alcançá-los!
–WANDA DE PAULA MOURTHÉ/MG–

Uma Trova de Ademar

Nenhuma ciência explica
as satisfações da mente.
O prazer não se fabrica,
ele nasce... Simplesmente.
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

De longe sinto a fragrância
de tua doce presença,
pois não existe distância
que uma saudade não vença.
–FRANCISCO PÉRSIO FALABELLA/MG–

Simplesmente Poesia

Poema da Vergonha
–ELISABETH SOUZA CRUZ/RJ–

Tenho vergonha deste meu poema,
porém não calo a voz da poesia....
Eu nem queria dar a quem blasfema
a chance do meu verso... ( que ironia!).

O preconceito ainda é um grande edema,
a sociedade mostra a anomalia
de existir gente formando um sistema,
tentando praticar a hegemonia!

Minha caneta hoje não cruza os braços,
e vem aqui para estreitar os laços,
porque o Brasil requer uma Unidade!

Ninguém agrida o povo Nordestino,
que essa agressão é um grande desatino...
É uma vergonha.... é uma imbecilidade!

Estrofe do Dia

Santana do Matos aniversaria,
e este seu filho que ela viu nascer,
lhe manda com carinho esta poesia
mas nem sabe direito o que dizer!
Apesar de nascer de sua entranha
bem cedo me mudei pra terra estranha
quando ainda era muito pequenino;
mas eu guardei no vídeo da memória...
É aqui que começa a minha história
e amar esta cidade é meu destino.
–ADEMAR MACEDO/RN–

Soneto do Dia


Um Filho de Santana do Matos.
–GILSON FAUSTINOMAIA/RJ–

Pode um filho fugir da mãe querida,
mesmo sendo inda tenro, esse menino;
percorra pelo mundo outro destino,
sempre a mãe lhe dará uma acolhida.

Sua terra natal é sua vida.
Amar o antigo berço é dom divino.
Ali Deus colocou, do pequenino,
o início dessa estrada percorrida.

Em Santana do Matos tua história
estará para sempre na memória
do povo teu irmão do antigo lar.

Não preciso nem mesmo ser profeta,
pra saber, Ademar, que és o poeta
mais nobre e mais querido do lugar.

Fontes:
Textos enviados pelo Autor
Foto por José Feldman

Monteiro Lobato (Viagem ao Céu) XV – A cavalgada louca


Aquilo até parecia fábula. Estarem montados num cometa, a voarem com velocidade de cavalos-luz, era coisa que quando fosse contada aos povos da Terra havia de provocar sorrisos de incredulidade.

— É o que me aborrece — ia dizendo Pedrinho. — Quando contarmos esta proeza, ninguém na Terra vai acreditar...

— Vovó acredita, juro! — disse Narizinho. — Vovó está tão treinada em nossas maravilhas que não há nada em que não acredite. E Tia Nastácia também.

— Isso sei eu — mas os outros? Todos os outros adultos hão de dizer que é fantasia nossa.

— Ora os adultos! — exclamou Narizinho com ar de pouco-caso. — Não há maior sem-gracismo do que ser adulto.

Bem razão tinha Peter Pan em não querer crescer, em não querer nunca virar gente grande — ou “adulto”, como eles dizem com todo o pedantismo. A tal gente grande não sabe fazer a única coisa interessante que há na vida...

— Que é, Narizinho?

— Ora que é! Brincar, bobo. Tirando o brinquedo, que é que resta na vida? As gentes grandes arrumam a casa, varrem, lavam roupa, guiam bondes nas ruas, entregam pão nas portas, constroem navios, escrevem livros, jogam no bicho, guerreiam — fazem tudo, menos a grande coisa que é brincar, brincar, brincar até arrebentar, como nós...

— É verdade — concordou o menino. — Mas por que será que os adultos não brincam?

— De medo de parecerem crianças. Eles morrem de medo de parecer crianças, como se não fosse dez vezes mais importante ser criança do que ser uns homões de bigodes feito taturanas debaixo do nariz, ou umas mulheronas gordas, cheias de rugas na cara, sardas e pés-de-galinha.

— É como eu penso — volveu Emília lá da garupa. — Se em vez de boneca eu tivesse nascido gente grande, sabem o que fazia? Suicidava-me com um tiro de canhão na orelha.

Enquanto isso o cometinha voava pelos espaços com uma velocidade incrível. Quanto tempo durou aquela corrida? Impossível calcular.

— Estamos devorando anos e mais anos-luz — dizia Pedrinho.

E na corrida louca passavam perto de quantas constelações existem pelos céus.

— Lá está a Grande Ursa — explicava Pedrinho. — E agora vamos nos aproximando da constelação de Cassiopeia e da constelação da Girafa...

Todos se admiravam da sabedoria de Pedrinho. Parece que sabia de cor todas as estrelas do céu. Em certo ponto Emília pediu:

— Não se esqueça de me chamar a atenção quando passarmos perto da Cabeleira de Berenice. Fiz aquela promessa a São Jorge e tenho de cumprir.

— E aquela lá longe é a constelação da Lira — continuou Pedrinho. — Recebeu esse nome porque lembra a forma de vaso duma lira.

— Isso não! — contestou a boneca. — A lira sempre foi redonda.

— Redonda? Você está sonhando, Emília.

— Sim, sim — insistiu a bobinha. — Dona Benta tem várias moedas na gaveta e entre elas uma lira bem redonda.

Pedrinho deu uma gargalhada.

— Boba! A lira dessa constelação não é a lira moeda da Itália — é a lira grega, um instrumento de música dos antigos, quando não havia violão nem piano. Os poetas até hoje falam muito em lira. Eles vivem “tangendo a lira...”

— E não se pode dizer “tocando a lira”? — quis saber a boneca.

— Não — respondeu Pedrinho. — A lira tange-se, não se toca. Tocar é para sino, viola ou piano.

— E para frango também — acrescentou Emília. — Tia Nastácia vive tocando os frangos que entram na cozinha.

Emília quis saber a forma da lira, quantas cordas tinha e de que modo era “tangida”. E Pedrinho estava a explicar tudo isso minuciosamente, com muitos gestos e micagens, quando, de repente, perdeu o equilíbrio e caiu do cometa abaixo, exatinho como quem cai dum cavalo xucro — e lá rodou pelos espaços infinitos.

— Acudam! — berrou Narizinho na maior aflição. — Pedrinho caiu no éter.

A situação era na verdade gravíssima. Dos três viajantes só Pedrinho era astrônomo e, além disso, só em seu bolso havia o maravilhoso pó de pirlimpimpim. Sem Pedrinho e sem o pó, como se arrumariam — como voltariam para casa? E Narizinho começou a sentir todas as angústias do terror.

— E agora? — gemia ela. — E agora, Emília, que vai ser de nós, largadas sozinhas nestes desertos infinitos? Gritar não adianta. Chorar, ainda menos. Que havemos de fazer, Emília?

A boneca não se apertou.

— O que temos a fazer, Narizinho, é não fazer coisa nenhuma. É ficarmos agarradinhas a este cometa e deixarmos que ele corra pelo espaço até que se canse e pare. Depois veremos.

A calma da boneca não sossegou a menina; mas ao lembrar-se de que muitas vezes se vira em aperturas tremendas e tudo acabou bem, resolveu sossegar — e foi sossegando. A falta de Pedrinho, entretanto, era enorme. Só ele sabia a ciência do céu, o nome das estrelas e planetas, de modo que sem ele um vôo pelos espaços de nada adiantava — iam passando perto das mais lindas constelações sem saber como se chamavam.

E assim rodaram as duas em silêncio durante minutos e minutos. A velocidade do cometa parecia cada vez maior. Se Dona Benta pudesse prever por onde elas andavam...

Súbito, Emília deu voz de alarma.

— Um cometão! — gritou. — Um cometão enorme vem vindo ao nosso encontro.

Narizinho, que estava de cabeça baixa, pensativa, ergueu os olhos e viu. Viu realmente um cometa de enormíssima cauda avançando na direção do delas. Pelo jeito os dois iam encontrar-se e chocar-se — e ai do pequenino! Narizinho lembrou-se da conversa de Dona Benta sobre a atração que os astros exercem uns sobre os outros, e viu que a força de atração do cometa grande estava puxando para si o cometinha. Era talvez por isso que a velocidade aumentava tanto. E a conseqüência seria fatal: o grande engoliria o pequeno.

— Vamos ficar sem cavalo, Emília! O cometa grande está atraindo o nosso...

— E que tem isso? — foi a resposta da boneca. — Se o cometa grande atrair o nosso, apenas mudaremos de cavalo. Em vez de montadas num cavalinho, iremos devorar o éter num verdadeiro cavalão de Tróia.

O cometa grande rapidamente crescia de vulto. Foi ficando imenso, imensíssimo, até que...

Bum!... os dois se chocaram com horrível estrondo. Narizinho e Emília perderam os sentidos.
____________
Continua … XVI – Aparece o Burro
–––––––––––-
Fonte:
LOBATO, Monteiro. Viagem ao Céu & O Saci. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. II. Digitalização e Revisão: Arlindo_Sa

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 285)


Uma Trova Nacional

Ao vê-la perto do altar,
à luz dos vitrais vermelhos,
num reflexo, sem pensar,
fui dobrando os meus joelhos...
–HÉRON PATRÍCIO/SP–

Uma Trova Potiguar

Vida: caminho que alcança
na esquina a sua metade;
de um lado, vive a esperança,
do outro, dorme a saudade.
–MARA MELINNI/RN–

Uma Trova Premiada

2008 - Bandeirantes/PR
Tema: AUDÁCIA - M/E.

Com seu jeitinho de santa,
no mesmo olhar ela oferta
a timidez que me encanta
e a audácia que desconserta!
–JOSÉ OUVERNEY/SP–

Uma Trova de Ademar

Ouvi ainda criança
uma frase e não esqueço,
causou-me desesperança...
“Todo homem tem seu preço!”
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

As estrelas...na amplidão,
nem todos conseguem vê-las.
Um sonhador põe a mão
muito além dessas estrelas!
–ALOÍSIO ALVES DA COSTA/CE–

Simplesmente Poesia

Meu Credo
–SERGIO AUGUSTO SEVERO/RN–

Creia!
Eu não perdi o gosto pela luta!
Minha Dama deu-me o motivo
(Sou seu campeão!);
Um Nobre Amigo sagrou-me Cavaleiro,
mas confessou-me
“ser a pena mais forte que a espada!”

E agora,
caneta em riste,
sigo atacando, qui-xo-tes-ca-men-te,
os meus Moinhos de Vento!

Estrofe do Dia

Dentre as delícias da vida,
de uma não abro mão;
é mergulhar o meu sonho
na fonte de inspiração
das rimas de um bom poeta
que acerte sempre na meta,
varando o meu coração.
–DOROTHY JANSSON MORETTI/SP–

Soneto do Dia

A Rosa e os Espinhos
–ALDA CORRÊA MENDES/RJ–

Era tão linda a rosa amarela que achei!
A sua cor jamais me demonstrou tristeza,
e ninguém percebeu as dores que amarguei
quando eu a vi murchar com tanta singeleza.

Nem ninguém saberá o pranto que abafei
ao ver que aquele viço era a grande certeza
da prova de um amor que nunca revelei,
sem esperar da vida a volta da beleza.

E agora que estou só, fitando a simples haste
daquela bela flor que espargia carinhos,
tenho em meu peito dor que só me traz desgaste.

Chorando o fim da rosa, eu procuro caminhos
que anulem este amargo e penoso contraste,
pois triste é encontrar apenas os espinhos!

Fontes:
Textos enviados pelo Autor
Foto obtida no blog de Pedro Ornellas http://www.vivatrova.blogspot.com

Sá de Freitas (A Lua e o Sol)

Fonte:
O Autor

Antonio Manoel Abreu Sardenberg (Projeto Quatro em Um) numero 6


Voz da Razão
ANTONIO MANOEL ABREU SARDENBERG

Quando minha razão fala,
com a voz do coração,
tudo em mim então se cala
e minha vida se embala
na mais sublime canção.

E quando a luz matutina
vem meiga me despertar,
a esperança descortina
e a fé, então, me ensina:
é hora de agradecer,
é momento de rezar!

E quando o silêncio cala
profundo dentro da gente,
sem querer a alma sente
que por nós é DEUS quem fala!

A Rosa e os Espinhos
ALDA CORRÊA MENDES MOREIRA

Era tão linda a rosa amarela que achei!
A sua cor jamais me demonstrou tristeza,
e ninguém percebeu as dores que amarguei
quando eu a vi murchar com tanta singeleza.

Nem ninguém saberá o pranto que abafei
ao ver que aquele viço era a grande certeza
da prova de um amor que nunca revelei,
sem esperar da vida a volta da beleza.

E agora que estou só, fitando a simples haste
daquela bela flor que espargia carinhos,
tenho em meu peito dor que só me traz desgaste.

Chorando o fim da rosa, eu procuro caminhos
que anulem este amargo e penoso contraste,
pois triste é encontrar apenas os espinhos!

Dorme
FERNANDO PESSOA
1888 - 1935

Dorme enquanto eu velo...
Deixa-me sonhar...
Nada em mim é risonho.
Quero-te para sonho,
Não para te amar.
A tua carne calma
É fria em meu querer.
Os meus desejos são cansaços.
Nem quero ter nos braços
Meu sonho do teu ser.
Dorme, dorme. dorme,
Vaga em teu sorrir...
Sonho-te tão atento
Que o sonho é encantamento
E eu sonho sem sentir.

TROVAS

As almas de muita gente
São como o rio profundo:
-A face tão transparente,
E quanto lodo no fundo!...
BELMIRO BRAGA - JUIZ DE FORA

Mesmo soltas e espalhadas
as pétalas são formosas;
porém somente abraçadas
é que elas se tornam rosas!
A. A. DE ASSIS – MARINGÁ

Baú velho, tampo torto,
cartas e fotos mofando...
-Refúgio de um sonho morto
que eu vivo ressuscitando!...
JOSÉ OVERNEY - PINDAMONHANGABA

Quisera ser um brinquedo
ou ser fios de esperanças,
para morar em segredo
no coração das crianças!
MARIA NASCIMENTO - RIO DE JANEIRO

No tear da solidão,
rendeiro em dias tristonhos,
basta um fio de ilusão
para tecer os meus sonhos!
ELISABETH SOUZA CRUZ - NOVA FRIBURGO

Amigos que não convêm
São aves de arribação:
- Se faz bom tempo eles vêm...
- Se faz mau tempo eles vão...
SOARES DA CUNHA – BELO HORIZONTE

Num dos lances mais astutos
que a vida tem-me inspirado,
eu mostro os olhos enxutos,
e escondo o lenço molhado.
VANDA FAGUNDES QUEIROZ - CURITIBA

Fonte:
A. M. A. Sardenberg

Trova Viva (Novo Blog de Trovas)


Amigo trovador,

Vim fazer um pedido: quero que conheça o Blog "Trova Viva".

Apenas mais um blog poético?

Não! O Trova Viva tem conteúdo diferenciado, informações úteis e interessantes, histórias, fotos, documentos, curiosidades, episódios marcantes, causos engraçados, tudo relacionado com o mundo da trova.

Não é nossa prioridade divulgar concursos e resultados, nem a publicação de trovas em si, porém, mantemos links dos principais sites e blogs que têm essas finalidades. Assim, entrando no "Trova Viva" poderá visitar esses com apenas um clique.

Faça uma visita agora mesmo!

Deixe seu comentário ao final das postagens e/ou no Mural de Recados - isso me alegrará muito! Todas as opiniões são bem vindas!

Clique aqui: www.vivatrova.blogspot.com ou copie e cole em seu navegador.

Fonte:
Pedro Ornellas

II Jogos Florais de São Francisco de Itabapoana (Âmbito Estadual – Rio de Janeiro – Resultados Finais)


TEMA: VENTO - L/F

VENCEDORAS POR ORDEM ALFABÉTICA

Não há erro ou exagero,
vento, uivando, sem guarida,
é o grito de desespero
da natureza agredida
ALMERINDA F. LIPORADE- Rio de Janeiro

Anos contados de espera,
nem assim você voltou,
tanta saudade quimera
que o vento já dispersou!
DIRCE MONTECHIARI – Nova Friburgo

Senhor da calma e tormento,
do tempo bom, do que chove,
é pelas asas do vento,
que a natureza se move!
EDERSON CARDOSO DE LIMA – Niterói

Não importa eu me algemar
às grades dos sentimentos...
Quem ama aprende a voar
na liberdade dos ventos!
EDMAR JAPIASSÚ MAIA – Rio de Janeiro

Quando o vento, aos meus ouvidos,
sopra as palmas do coqueiro,
pareço ouvir os gemidos
das dores do mundo inteiro.
RENATO ALVES – Rio de Janeiro

MENÇÃO HONROSA

Te amo tanto, ninguém nega,
e o vento me causa ciúme
pois ele sempre carrega
junto dele o teu perfume.
CARLOS AUGUSTO SOUTO DE ALENCAR – Campos dos Goytacazes

Enquanto meu pensamento
recorda a felicidade,
lá fora a canção do vento
embala a minha saudade.
JOÃO COSTA – Saquarema

Você foi brisa envolvente,
pelo bem que me fazia...
Hoje, ao partir de repente,
mais que vento, é ventania!
JOÃO FREIRE FILHO – Rio de Janeiro

Que dera que os pensamentos
pudessem ser, de verdade,
sempre livres como os ventos,
arejando a humanidade.
SANDRO PEREIRA REBEL – Niterói

O vento, com peraltice,
leva folhas pelo espaço.
Que bom se um dia o sentisse
levando as preces que faço...
RUTH FARÁH NASCIF – Cantagalo

MENÇÃO ESPECIAL

A saudade é como o vento.
Não sabemos de onde vem.
Sopra em nosso pensamento
quando lembramos de alguém.
ABÍLIO KAC – Rio de Janeiro

Parece que a mão do VENTO
empurra os passos da hora
e apressa o triste momento
em que a gente vai embora...
HEMOCLYDES S. FRANCO - Rio de Janeiro

Repare na voz do vento,
tem um som especial,
expressa seu sentimento:
vai, da brisa, ao vendaval!!!
ALBA HELENA CORRÊA – Niterói

Quem passa a vida ao relento
e se entrega ao deus dará
joga a própria vida ao vento,
não sabe o fim que terá!
THEREZINHA TAVARES – Nova Friburgo

Na febre do meu tormento
cresce mais o meu ciúme,
quando imagino que o vento
leva aos outros teu perfume.
GILVAN CARNEIRO DA SILVA – São Gonçalo

TEMA: PULGA – HUMORÍSTICA

VENCEDORAS

Esnobe e em tom de bravata,
diz a pulga, dessa vez,
que mudou do vira-lata
pra morar num pequinês!
EDMAR JAPIASSÚ MAIA – Rio de Janeiro

À pulguinha apaixonada,
promete o pulgão infame
amor eterno e morada
em cachorro de madame.
JOÃO COSTA – Saquarema

Se a pulga valesse tanto
no mercado monetário,
meu amigo, eu te garanto
meu cão era milionário.
JOÃO MOREIRA MONTEIRO – Bom Jardim

Um chimpanzé – que se julga
¨expert¨ em bichos – garante
já ter visto muita pulga
encarando um elefante!!!
MARIA MADALENA FERREIRA – Magé

O “pulgo” ficou cismando
quando viu, pelo caminho,
sua pulga passeando
no cachorro do vizinho...
RENATO ALVES – Rio de Janeiro

MENÇÃO HONROSA

Casamento foi desfeito,
da pulga com o pulgão.
brigas e muito despeito...
até mudaram de cão!
DIRCE MONTECHIARI – Nova Friburgo

A pulga é sempre um perigo!
Causa furor, eu bem sei...
no paletó de um mendigo,
ou na cueca de um rei...
GILVAN CARNEIRO DA SILVA – São Gonçalo

A pulga e o “pulgo” a brigar...
Foi enorme a confusão!
A pulga deixou o lar
e... foi morar noutro cão!
RENATO ALVES – Rio de Janeiro

Num desespero danado,
pelo quarto deita e rola.
Um coça-coça engraçado:
-Com pulga na camisola...
DIAMANTINO FERREIRA – Campos dos Goytacazes

A pulga ficou doente,
com o sangue aferventado,
ao morder cachorro quente,
ficou com beiço empolado...
AILSON CARDSO DE OLIVEIRA - Magé

MENÇÃO ESPECIAL

Diz, a pulga, saltitante:
Vou pegar a condução,
Chego, à festa, num instante,
Vou, de carona, num cão!!!
ALBA HELENA CORRÊA - Niterói

Com a pulga atrás da orelha
e muito desconfiada...
a minha sogra, uma”abelha”,
me deu uma forte picada!
CARLOS ALBERTO DE CARVALHO – São Gonçalo

Pôs o cachorro no chão
depois saiu rebolando...
Não podia por a mão
onde a pulga estava andando
GILVAN CARNEIRO DA SILVA – S. Gonçalo

-Ufa, escapei por um triz!
Disse a pulga apavorada:
-Por que esse cão infeliz,
se coça tanto por nada?
JESSÉ NASCIMENTO- Angra dos Reis

Indo ao baile lá na roça,
me senti meio doidão:
ora as pulgas da palhoça,
ora o efeito do quentão!
RUTH FARAH NASCIF – Cantagalo

Fonte:
Roberto Pinheiro Acruche