quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 391)


Uma Trova Nacional

Como dizia vovó,
com sabedoria exata:
saudade, meu neto, é um nó
que a gente nunca desata!
–AGNELO CAMPOS/SP–

Uma Trova Potiguar

Sempre sozinha, aos farrapos,
mas de rosário na mão.
A fé tecida entre os trapos
remendava a solidão!
–PROF. GARCIA/RN–

Uma Trova Premiada

2011 - ATRN-Natal/RN
Tema: VERTENTE - 2º Lugar

Nas ilusões eu me orgulho
de vencer tempos tristonhos,
pois, destemido, mergulho
numa vertente de sonhos...
–EDMAR JAPIASSÚ MAIA/RJ–

Uma Trova de Ademar

Hoje eu culpo a mocidade
que ao encher-me de alegrias
deu-me um cofre de saudade
e um milhão de fantasias!...
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Tu partes com tal frequência
que, embora em meio às promessas,
persiste um sabor de ausência
toda vez que tu regressas.
–ALCY RIBEIRO S. MAIOR/RJ–

Simplesmente Poesia

Saga
–HÉLVERTON BAIANO/GO–

Os marços de minha vida
me chegam tão de repente
parece até que não vivo
vou passando simplesmente.

Parece até que eu morro
um centímetro por dia
querendo saber da cova
que fundura tem por guia.

E assim passo passando
parte do que passaria
quisera que só passasse
0 que fica em agonia.

Agora recomeçasse
sem sofrer, sem mal, sem dor
passasse o caos e a crueldade
e só ficasse o amor.

Estrofe do Dia

Quero ser eu de verdade;
quero um não sem lero-lero;
quero ter tudo que eu quero;
quero usar minha vontade.
Quero minha liberdade;
quero dar mais confiança;
quero ser a esperança;
quero ser bem educado;
quero amar e ser amado;
quero, apenas, ser criança.
–TARCÍSIO FERNANDES/RN–

Soneto do Dia

O Sinal
–JOSÉ OUVERNEY/SP–

Absorto, incompreendido em seu dilema,
a questionar o próprio potencial,
ele costura nova estrofe ao tema,
lendo-a em voz alta, ríspido e formal;

carente de um melhor estratagema
que faça a inspiração dar-lhe um sinal,
navega horas a fio no poema,
à procura do enfoque original;

gosta, desgosta... Tira e põe remendo...
(Ah, esses poetas que eu jamais entendo!)
Lança outro olhar ao rasurado texto;

por fim, como a extirpar o próprio ser,
cético, arranca a página, a sofrer,
amassa a "obra-prima" e "zás"... no cesto!...

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

57a. Feira de Livros de Porto Alegre (Programação de 11 de novembro, sexta-feira)


12ª Encontro de Promotores de Eventos Literários do Rio Grande do Sul
09:00
Credenciamento

Sessão de Autógrafos do Colégio Luterano da Paz - Porto Alegre
09:00

Contação e cantação de histórias com a equipe do QG
09:00
Contos dos Irmãos Grimm

Mostra Vivências criativas com jogos culturais
09:00

O Autor no Palco
09:00
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

Mostra do Programa de Leitura Adote um Escritor
09:00

12ª Encontro de Promotores de Eventos Literários do Rio Grande do Sul
10:00
Abertura do Encontro e Lançamento da Semana do Livro 2012 Abertura com João Carneiro, presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro; Carla Chilanti Pinheiro, coordenadora da Área de Cultura e ...

Fluência Digital - Sala de Aula do Futuro
10:00
Parceria: Procempa

Encontro com autor
10:30

Contação e cantação de histórias com a equipe do QG
10:30
Histórias de Princesa

O Autor no Palco
10:30
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

12ª Encontro de Promotores de Eventos Literários do Rio Grande do Sul
11:00
Palestra com a autora Eliana Yunes

Blog, Rádio e TV ? faça você mesmo! - Sala de Aula do Futuro
11:00
Parceria: Procempa

Oficina: Leitura e Construção da subjetividade
13:30
O ato de ler, suas implicações e desdobramentos. Oficina em módulo único

Mercosul e literatura
14:00

Oficina: Crítica Literária
14:00
Apresentação expositiva, leitura e discussão de textos e prática de crítica literária. Módulo 3/3

Maria vai com as outras
14:00
Contação da história de Sylvia Orthoff por Bárbara Camargo

12ª Encontro de Promotores de Eventos Literários do Rio Grande do Sul
14:00
Saudação da patrona da Feira, Jane Tutikian. A Construção do Plano Municipal do Livro e da Leitura - Relato de Lúcia Jahn e Fernando Rossano, coordenadores do GT do PMML Porto Alegre

Sessão de Autógrafos do Colégio São Paulo - Porto Alegre
14:00

Contação de Histórias dos Livros Chuvesia e Lilly, de Marion Cruz
14:00

Dez Anos de Leis e de Ações Municipais
14:00
Editora: Gráfica Progressiva-Curitiba

I Encontro de Historiadores e Escritores - Mesa 1: Os Açorianos na obra de Luiz Antônio Alves
14:30

Mesa 2: Açorianos - Décima ilha Açoriana

Tenda: Documentário Sangue Latino
14:30
Com apresentação do jornalista e escritor Erick Nepomuceno, são entrevistados neste documentário: Eduardo Galeano, Mempo Giardinelli e Francisco Buarque de Holanda

Lampada de Lua/Lampada de Luna - Se Tivesse Tempo/Se Tuviera Tiempo
15:00
Editora: Escala

Fábulas de Ítalo Calvino
15:30
Contação de histórias

12ª Encontro de Promotores de Eventos Literários do Rio Grande do Sul
15:30
Relatos de promotores de feiras de livros e de outros eventos literários

Encontro com autor
15:30

Cine SESC
15:30
Exibição do filme Azur e Asmar

A Arte Levada a Sério
15:30
O menino que quase morreu afogado no lixo - apresentação teatral da Escola Municipal 25 de Julho de Ivoti

Ebulição
15:30
Editora: Meia Lua

Caravanas de Divulgação - Histórias de Espiritismo Familiar
15:30
AutógrafosEditora: FERGS

Oficina: O prazer da poesia
16:00
Identificação da linguagem poética em diferentes poemas objetivando a escrita criativa. Oficina em módulo único

Boca cheia de histórias
16:00
Leitura de textos de escritores latinos

Autor presente, uma ação transversal entre Cultura e Educação
16:00

Nikos e o Labirinto
16:00
Editora: Palmarinca e Modelo de Nuvem

Léguas de Milongas
16:00
Editora: Imprensa Livre

II Antologia da Academia Rio-Grandense de Letras - Prosa - Edição Comemorativa
16:00
Editora: Relâmpago

Oficina: Os bastidores de Ribamar - Como nasce um romance?
16:30
Leitura comentada de alguns dos capítulos principais do romance e debate a respeito das condições, obstáculos, medos, impasses e alegrias que envolvem a criação literária. Módulo 3/3

Manoelito o palhaço tristonho
17:00
Contação de Histórias com Angélica Rizzi

Presença de Alan Pauls
17:30

Autor conversa com o público sobre sua obra e a literatura na Argentina

Sem medo de voar
17:30
Editora: Já Editores

Tu ser joven
17:30
Editora: Dunken

Nua e crua e Xíxua com x
17:30
Editora: Cidadela

Lançamento do livro Saia Justa
18:00
Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre

Reminiscências e Futurismo - XVI Antologia União Brasileira de Escritores do RS
18:00
Editora: UBE/RS

Fronteiras da Integração: dimensões culturais do Mercosul
18:00
Editora: Território das Artes

Guia politicamente incorreto da América Latina
18:30
Histórias de heróis e revoluções talvez um pouco exageradas, equivocadas ou mentirosas e mítico dos países latinos

Oficina: Contos - a literatura e as sensações - Com Cíntia Moscovich
18:30
Oficina de escrita criativa com ênfase no conto e em técnicas narrativas variadas. Visa ao desbloqueio criativo e ao incremento de memória sensorial. Módulo 2/3

Esquetes teatrais com textos de Bertold Brecht
18:30

Universos complementares: astrobiologia, ficção científica e o crescimento exponencial da tecnologia
18:30
Editora: Suliani Letra & Vida

Travessia: quinze contos peregrinos
18:30
Editora: Editora da Cidade/SMC

Pulsações na tela
18:30
Editora: maisqnada

Ribamar
18:30
Editora: Bertrand

O segredo de Frida Kahlo - Presença de autor mexicano
19:00
Com ingredientes que não podem faltar na cozinha de ninguém - paixão, romance, dor, traição, luxúria e drama - essa mistura de realidade e ficção desvenda a vida dessa ousada e intrigante artista

Oficina: Trajetórias da escrita de um livro
19:00
Da preparação do escritor ao projeto do que será publicado. Módulo 2/2

Cine Santander Cultural
19:00
Sessão Comentada

História do Cabelo
19:30
Editora: Cosacnaify

Conversas Apócrifas com Enrique Vila-Matas
19:30
Editora: Palmarinca e Modelo de Nuvem

O sexo das antas
19:30
Editora: Palmarinca e Pergamus

Poemas de Aprendiz
19:30
Editora: Movimento

Cordão da Saideira: Dando uma banda pela América Latina
20:00
O Cabaré do Verbo propõe uma viagem pela América Latina através de seus contos, causos, verdades e mentiras!

Antologia III - Academia dos Escritores do Litoral Norte Gaúcho - AELN
20:00
Editora: Secco

Chico Bastos - O Pescador
20:30
Editora: UniverCidade

Os segredos de Frida Kahlo
20:30
Editora: Planeta

Guia politicamente incorreto da América latina
20:30
Editora: Leya

Coisas de Mulherzinha 2
20:30
Editora: Cidadela

Fonte:
http://www.feiradolivro-poa.com.br

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Alerta sobre as Postagens desta Semana


Em virtude de eu estar fazendo um curso no SEBRAE sobre abertura de microempresa, as postagens estão meio irregulares, mantendo-se apenas as mensagens poéticas e a programação da Feira de Livros de Porto Alegre, contudo na sexta-feira (11) elas voltarão ao normal.

Obrigado
José Feldman

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 390)

Uma Trova Nacional


Uma Trova Potiguar

P’ra esquecer a ingratidão
que à noite me fez sofrer,
plantei uns pés de perdão
no vale do amanhecer!!!
–LUIZ DUTRA BORGES/RN–

Uma Trova Premiada

2007 - Niterói/RJ
Tema: ALVORADA - Venc.

Nosso sonho deu em nada,
mas nosso amor ergue a voz,
em busca de outra alvorada
que vive dentro de nós!
–RODOLPHO ABUDD/RJ–

Uma Trova de Ademar

Quando se perde quem ama,
além de mágoa e queixume,
fica nos lençóis da cama
o cheiro do seu perfume!...
ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Por meus possíveis fracassos
assumo a culpa sozinho:
Se Deus libera os meus passos,
sou eu que escolho o caminho.
NEY DAMASCENO/RJ–

Simplesmente Poesia

A Lua Nua Olha a Rua
–MARIA DE F. CARVALHO/RN–

A lua nua
sem nuvem alguma
simplesmente linda
clareia a rua
que triste estar a chorar
também tão nua
a paz se foi...
O silêncio reina...
E o medo vaga...
A espantar
quem vestia a rua
mas a lua nua!
Não vai deixar a rua.

Estrofe do Dia

Ontem mesmo eu lembrei com alegria
dos bons tempos da minha juventude,
do meu corpo gozando de saúde
pra brincar toda hora que queria,
fui feliz neste tempo e não sabia
que os maus tratos do peso da idade
marcaria pra sempre com maldade
o meu rosto abatido e enrugado;
invadi o espaço do passado
viajando nas asas da saudade.
–JÚNIOR ADELINO/PB–

Soneto do Dia

Se...
–AMILTON MACIEL/SP–

Se eu posso ser a chuva que umedece
O ressequido ânimo de um irmão,
Que, sem saber chorar, então padece
Com a sede de seu próprio coração...

Se eu posso ser a ponte que oferece
Uma oportunidade de, antemão,
Fazer que alguém perdido, logo acesse
O lado firme e bom da salvação...

Se de algum modo, enfim, posso ser útil,
Mas fico empedernido em vida fútil,
Tal qual um fruto torpe do hedonismo...

E se jamais eu rumo para o norte
Da virtude e não largo o meu cinismo...
O que minh´alma aguarda após a morte?

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

57a. Feira de Livros de Porto Alegre (Programação de 10 de novembro, quinta-feira)


Encontro com autor
10/11/2011 - 09:00

O Autor no Palco
10/11/2011 - 09:00
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

A Arte Levada a Sério
10/11/2011 - 09:00
Atividades das escolas que participam do Programa de Leitura Fome de Ler

Mostra do Programa de Leitura Fome de Ler
10/11/2011 - 09:00

Contação de histórias
10/11/2011 - 09:30
Contação de histórias com Bárbara Camargo

Roda de histórias com a equipe do QG
10/11/2011 - 09:30
Roda de Histórias

Sessão de Autógrafos da EMEF Aramy Silva - Porto Alegre
10/11/2011 - 10:00
Lançamento do livro escrito pelos alunos

Apresentações alunos - Sala de Aula do Futuro
10/11/2011 - 10:00
Até às 11h. Parceria: Procempa

Encontro com autor
10/11/2011 - 10:30

O Autor no Palco
10/11/2011 - 10:30
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

Oficina: Libertando a escrita criativa
10/11/2011 - 13:30
Através de jogos e exercícios, a oficina busca remover bloqueios e levar à produção de textos que evidenciem o potencial criativo de cada participante. Módulo 3/3

Contação de histórias com a equipe da Arena das Histórias
10/11/2011 - 14:00
Contação de histórias

O mundo de Camila - Performance e bate-papo
10/11/2011 - 14:00

Encontro com autor
10/11/2011 - 14:00
O terror na Literatura

3º Seminário AEILIJ - Por um espaço especial para a literatura na escola
10/11/2011 - 14:00
Oficina

O Autor no Palco
10/11/2011 - 14:00
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

Encontro Professores Línguas Adicionais - Escolas Municipais de Porto Alegre (Coord. Profª Márcia Viegas)
10/11/2011 - 14:00
Parceria: Procempa

Contação de histórias com a equipe do QG dos Pitocos
10/11/2011 - 14:00

História das idéias: proposições, debates e perspectivas
10/11/2011 - 14:00
Editora: EDUNISC

Uma poética da memória: o holocaustro na obra de Jorge Semprun
10/11/2011 - 14:30
Editora: EDUNISC

Aprendizagem baseada em problemas no Curso de Medicina da UNISC/RS
10/11/2011 - 14:30
Editora: EDUNISC

Quando o futuro morreu?
10/11/2011 - 14:30
Editora: EDUNISC/Editora Gazeta Santa Cruz Ltda.

Estudos Hispânicos: história, língua e literatura
10/11/2011 - 14:30
Editora: EDUNISC

Memória e cultura do carvão em Santa Catarina
10/11/2011 - 14:30
Editora: EDUNISC

Encontro Professores Línguas Adicionais - Escolas Municipais de Porto Alegre (Coord. Profª Márcia Viegas)
10/11/2011 - 15:00
Parceria: Procempa

Contação de histórias
10/11/2011 - 15:30

com Bárbara Camargo

Confraria das Letras em BRAILE
10/11/2011 - 15:30

Contação e cantação de histórias com a equipe do QG
10/11/2011 - 15:30
Belinda a Bailarina, de Amy Young

O Autor no Palco
10/11/2011 - 15:30
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

1º Congresso da Cidade: Canoas Voa Mais Alto
10/11/2011 - 15:30
Editora: CORAG

Sobre o País que Queremos
10/11/2011 - 15:30
Editora: Senado Federal

Abordagens Atuais em Segurança Pública
10/11/2011 - 15:30
Editora: EDIPUCRS

Romance-folhetim alemão
10/11/2011 - 15:30
Editora: EDUNISC

Entre o Sena e o Guaíba - Entre la Seine et Le Guaiba
10/11/2011 - 16:00
Contos sobre Paris e Porto Alegre: Contar Paris para os portoalegrenses e Porto Alegre para os parisienses

Dança, ação e narrativa
10/11/2011 - 16:00
Fragmentos de histórias de sexo e paixão sob a perspectiva do corpo. A narrativa intertextual: a fala, a ação, a imagem e o fluxo das formas de dança

Menino e seu irmão
10/11/2011 - 16:00
Editora: Record

Diálogos em geografia física
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Biologia da desmielinização e remielinização:a base da esclerose múltipla
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Concretizando um ideal: A cidade universitária da UFSM de 1960 a 1973
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Entomologia florestal - 2 ed. - revista e ampliada
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Educação da cultura visual: conceitos e contextos
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Imigração e educação no Brasil: histórias, práticas e processos escolares
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Introdução à geologia da engenharia - 4 ed. - revista e ampliada
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Musas na encruzilhada ensaios da literatura comparada
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Na batida da concha sociabilidades juvenis e homossexualidades reservadas no interior do Rio Grande do Sul
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM/FATEC

"Palmas" para o quilombo: processos de territorialidade e etnicidade negra
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Encontro Professores Línguas Adicionais - Escolas Municipais de Porto Alegre (Coord. Profª Márcia Viegas)
10/11/2011 - 16:00
Parceria: Procempa

Oficina: Os bastidores de Ribamar - Como nasce um romance?
10/11/2011 - 16:30
Leitura comentada de alguns dos capítulos principais do romance e debate a respeito das condições, obstáculos, medos, impasses e alegrias que envolvem a criação literária. Módulo 2/3

Parteiras, buchudas e aperreios
10/11/2011 - 16:30
Editora: EDUNISC

A nutrição e as doenças geriátricas
10/11/2011 - 16:30
Editora: EDIPUCRS

Da Gravidez à Amamentação
10/11/2011 - 16:30
Editora: Nova Era

Sala de espera
10/11/2011 - 16:30
Editora: BesouroBox

Oficina: Higienização de acervo bibliográfico
10/11/2011 - 17:00
Higienização básica de acervo bibliográfico, dicas de conservação e cuidados básicos com os livros e acervos em papel

Menina da Fazenda
10/11/2011 - 17:00
Editora: Palmarinca e Modelo de Nuvem

Encontro Professores Línguas Adicionais - Escolas Municipais de Porto Alegre (Coord. Profª Márcia Viegas)
10/11/2011 - 17:00
Parceria: Procempa

Envelhecimento e suas múltiplas áreas do conhecimento / Nutrição e as doenças geriátricas
10/11/2011 - 17:30
Editora: EDIPUCRS

Literatura e medicina: aliadas no ofício e no prazer
10/11/2011 - 18:00
A interface entre literatura e medicina como ferramenta da relação médico-paciente

Bate-papo para ler e fazer bem à saúde
10/11/2011 - 18:00
Dicas de leitura sobre saúde, comportamento, nutrição e atividade física

Sexualidade Humana - Crianças e Adolescentes em Interação com o Ambiente
10/11/2011 - 18:00
Editora: ARTMED

Entre o Sena e o Guaíba
10/11/2011 - 18:00
Editora: Independente

Oficina: Contos - a literatura e as sensações - Com Cíntia Moscovich
10/11/2011 - 18:30
Oficina de escrita criativa com ênfase no conto e em técnicas narrativas variadas. Visa ao desbloqueio criativo e ao incremento de memória sensorial. Módulo 1/3

Saúde da Criança
10/11/2011 - 18:30
Editora: EDIPUCRS

Tem filhos? Prepare-se para eles
10/11/2011 - 18:30
Editora: EDIPUCRS

Minha seresta - Vida e música de Alcides Gonçalves
10/11/2011 - 18:30
Editora: Editora da Cidade/SMC

Synthomas de poesia na infância
10/11/2011 - 18:30
Editora: Paulinas

SPAs - A alquimia de uma jornada
10/11/2011 - 18:30
Editora: BesouroBox

Histórias íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil
10/11/2011 - 19:00
Cinco séculos de história do país sob o prisma da sexualidade

Oficina: Trajetórias da escrita de um livro
10/11/2011 - 19:00
Da preparação do escritor ao projeto do que será publicado. Módulo 1/2

3º Seminário AEILIJ - Por um espaço especial para a literatura na escola
10/11/2011 - 19:00
A biblioteca para além dos muros da escola – práticas e projetos

Um garatuja entre wotan e o fauno-NEPOMUCENO
10/11/2011 - 19:30
Editora: Movimento

Monumenta Porto Alegre: Registro de uma experiência
10/11/2011 - 19:30
Editora: Iphan/Programa Monumenta

Com sabor de terra
10/11/2011 - 19:30
Editora: L&PM Editores

Delicadamente Feio
10/11/2011 - 19:30
Editora: Dublinense

A Fotografia de Luiz Carlos Felizardo
10/11/2011 - 19:30
Editora: Palmarinca

Kate Chopin: contos traduzidos
10/11/2011 - 19:30
Editora: Luminara

Memórias de um corpo eviscerado
10/11/2011 - 19:30
Editora: Luminara

Coletânea Gaudéria
10/11/2011 - 19:30
Editora: Cidadela

IX Mostra do Arquivo Público
10/11/2011 - 19:30
Autógrafos

Cordão da Saideira: Sarau erótico
10/11/2011 - 20:00
Em sua 2ª edição na feira, o grupo Somos traz uma versão mais dinâmica com leituras dramáticas, entrevistas e bate-papo com personalidades, artistas e participação do público presente

3º Seminário AEILIJ - Por um espaço especial para a literatura na escola
10/11/2011 - 20:00
Palestra de encerramento

Atualizações em Geriatria e Gerontologia III: Nutrição e Envelhecimento
10/11/2011 - 20:00
Editora: EDIPUCRS

Histórias Íntimas
10/11/2011 - 20:30
Editora: Planeta

O Expurgado
10/11/2011 - 20:30
Editora: maisQnada

Viver Muito
10/11/2011 - 20:30
Editora: Leya

Geração Pixel
10/11/2011 - 20:30
Editora: Independente

Fonte:
http://www.feiradolivro-poa.com.br/

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 389)


Uma Trova Nacional

Quando os nevoeiros fito,
nos malabarismos seus,
nas digitais do infinito,
vislumbro os dedos de Deus.
GERALDO AMÂNCIO/CE–

Uma Trova Potiguar

Quando o heroico pescador
lança o anzol em água calma,
se assemelha ao trovador
tirando trovas da sua alma.
–FRANCISCO MACEDO/RN–

Uma Trova Premiada

2010 - Rio de Janeiro/RJ
Tema: NUVEM - M/E

Quando a saudade me abraça,
num devaneio febril,
até na nuvem que passa
eu diviso o teu perfil.
–NEOLY VARGAS/RS–

Uma Trova de Ademar

É divinamente lindo,
é um momento singular,
ver a luz do sol partindo
que é para a noite chegar...
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

No poente, um adeus langue
da hora crepuscular,
vestindo nuvens de sangue
o sol se afoga no mar!
–LAVÍNIO GOMES DE ALMEIDA/RJ–

Simplesmente Poesia

Poesias
PAULO LEMINSKI/PR

Tudo é vago e muito vário
meu destino não tem siso,
o que eu quero não tem preço
ter um preço é necessário,
e nada disso é preciso.

Estrofe do Dia

Os poetas, em seus ninhos,
Cantam, à luz da emoção,
As alvoradas da vida
E os jardins do coração,
Entoando cada verso
Ao som de linda canção.
EVA YANNI GARCIA/RN–

Soneto do Dia

Caminho do Sertão.
–AUTA DE SOUZA/RN–

Tão longe a casa!... Nem sequer alcanço
vê-la, através da mata. Nos caminhos,
a sombra desce... E, sem achar descanso,
vamos, nós dois, meu pobre irmão, sozinhos!

E' noite, já! Como, em feliz remanso,
dormem as aves nos pequenos ninhos...
Vamos mais devagar... de manso e manso,
para não assustar os passarinhos.

Brilham estrelas... Todo o céu parece
rezar de joelhos a chorosa prece,
que a Noite ensina ao desespero e à dor...

Ao longe, a Lua vem dourando a treva,
turíbulo imenso, para Deus eleva
o incenso agreste da jurema em flor.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Eduardo F. Coutinho (Guimarães Rosa: Um Alquimista da Palavra)


UM DOS MAIORES ourives da palavra que a literatura brasileira jamais conheceu e ao mesmo tempo um dos mais perspicazes investigadores dos matizes da alma humana em seus rincões mais profundos, Guimarães Rosa é hoje, entre os escritores brasileiros do século XX, talvez o mais divulgado nos meios acadêmicos nacionais e estrangeiros e o detentor de uma fortuna crítica não só numericamente significativa, como constituída pelo que de melhor se vem produzindo em termos de crítica no país. No entanto, apesar da complexidade de sua obra, resultante em grande parte da verdadeira revolução que empreendeu da linguagem ficcional, o sucesso de Guimarães Rosa não se restringe ao contexto intelectual.

Prova-o bem a grande quantidade de edições que se sucedem de seus livros e o número expressivo de traduções que povoam cada vez mais o mercado internacional. Prova-o também a série de leituras que ela vem recebendo por parte do teatro (Sarapalha, por exemplo), e da mídia cinematográfica e televisiva (longametragens como A hora e vez de Augusto Matraga, Duelo, Noites do sertão, Cabaré mineiro e A terceira margem do rio, entre outros, e a série televisiva Diadorim). A presente edição tem o mérito de reunir, pela primeira vez em volumes conjuntos, a obra completa do autor, acompanhada de cronologia, bibliografia ativa e passiva atualizada, e uma breve seleção de sua fortuna crítica. É uma contribuição extremamente relevante que a Nova Aguilar oferece ao público, revitalizando, como já o vem fazendo há algum tempo, a tradição iniciada por Afrânio Coutinho e consolidada nos áureos tempos da antiga Aguilar.

Desde a publicação, em 1946, de seu primeiro livro, Guimarães Rosa se tornou alvo de interesse da
crítica. Efetuando um verdadeiro corte no discurso tradicional da ficção brasileira, máxime no que concerne à linguagem e estrutura narrativa,

Sagarana causou forte impacto no meio literário da época, dividindo os críticos em duas posições extremas: de um lado aqueles que se encantaram com as inovações presentes na obra e teceram-lhe comentários altamente estimulantes, e de outro os que, presos a uma visão de mundo mais ortodoxa e baseados no modelo ainda dominante da narrativa dos anos 3O - o chamado "romance do engajamento social" - acusaram o livro de "excessivo formalismo". Estas posições da crítica, tanto a apologética quanto a restritiva, que apreenderam a obra através de uma perspectiva monocular, vão sofrer séria revisão mais tarde - principalmente após o surgimento de Grande sertão: veredas - mas o registro de sua reação no momento da publicação de Sagarana indica o sentido de ruptura que caracteriza a obra com relação à tradição literária brasileira ainda dominante, apesar dos esforços da primeira geração modernista, e aponta o seu parentesco com outras obras também inovadoras que vinham surgindo ou já haviam surgido no seio de outras literaturas vinculadas à nossa, como a hispano-americana e a norte-americana, ou, de maneira mais ampla, no próprio corpus da literatura ocidental como um todo.

Deixando de lado o segundo aspecto por implicar um estudo comparativo mais amplo que transcenderia o objetivo deste ensaio, e concentrandonos no primeiro, lembremo-nos de que, no quadro da literatura brasileira, a obra de Guimarães Rosa é geralmente situada dentro da terceira geração modernista, também designada "geração do instrumentalismo", por caracterizar-se, entre outras coisas, por acentuada preocupação com a exploração das potencialidades do discurso, com o sentido "estético" do texto, e por expressar, na maioria dos casos, profunda consciência do caráter de ficcionalidade da obra, de sua própria literariedade. Tais elementos, presentes em quase todos os autores que a historiografia literária normalmente inclui nessa geração, são levados a um extremo na ficção rosiana, o que explica em parte a reação mencionada da crítica.

Contudo, o que esta crítica não percebeu de imediato é que a ruptura introduzida por Guimarães Rosa, longe de constituir mera obsessão formal, uma espécie de capricho ou moda, acarretava ao contrário uma proposta estético-política de caráter mais amplo, somente evidenciável quando confrontada com a visão de mundo dominante no período imediatamente anterior - a da narrativa dos anos 3O - e expressa em premissas, formuladas pelo próprio autor em entrevista ã Günter Lorenz, como a de que "o escritor deve ser um alquimista" e de que "somente renovando a língua é que se pode renovar o mundo".

Fonte:
ROSA, João Guimarães. Ficção completa, em dois volumes. Rio de Janeiro : Nova Aguilar,1994.

Cruz e Souza (O Livro Derradeiro) Parte XIV


DISPERSAS

AVANTE

(17 set. 1880)

Ao distinto e talentoso jovem
José Arthur Boiteux
......................................................... .
Avante, sempre nessa luz serena,
Empunha a pena, sem temor, com fé!...
Eleva as turbas as idéias d’oiro,
Que um tesouro tua fronte é!...

Eia, caminha nessa senda nobre
Na pátria pobre, no teu berço aqui!...
Prossegue altivo, sem parar, constante,
Faz-te gigante, diz depois: Venci!...

Imita os grandes, incansáveis vultos
Que lá sepultos no pó negro estão!...
Anda, romeiro dos vergéis divinos,
Mergulha em hinos a gentil razão!...

Eia, que sempre na brasílea história
De alta glória colherás o jus!...
O livro augusto do Porvir descerra,
Sê desta terra o precursor da luz!...

AWAY!

A meu distinto amigo e talentoso jovem José Arthur Boiteux

O livro, esse audaz guerreiro,
Que conquista o mundo inteiro,
Sem nunca ter Waterloo!...
(Castro Alves)

Avante, sempre, nessa luz serena,
Empunha a pena, sem temor, com fé!...
Eleva as turbas as idéias d’ouro,
Que um tesouro tua fronte é!...

Eia, caminha nessa senda nobre,
Na pátria pobre, no teu berço aqui!...
Prossegue altivo, sem parar, constante,
Faz-te gigante, diz depois -- Venci!...

Ala-te à glória num voar titâneo,
Burila o crânio de fulgor sem fim!...
E entre o livro d’imortais perfumes
Calca os ciúmes d’imbecil Caim!

Imita os grandes, incansáveis vultos
Que lá sepultos no pó negro estão!...
Anda, romeiro dos vergéis divinos,
Mergulha em hinos a gentil razão!

Estás na quadra radiante e linda,
É cedo ainda para enfim descrer!
És jovem... pensas... és portanto um bravo
Ser ignavo... é sucumbir... morrer!

Vamos, caminha, mesmo embora exangue
Da fronte o sangue vá rolar-te aos pés!
Agita a alma qual febris as vagas,
Que dessas chagas brotarão lauréis!

Além do livro, colossal, enorme,
Que nunca dorme perscrutando os céus!.
Acima dele supernal, potente
Está somente, tão-somente Deus!

Vai! ... vai rasgando, percorrendo os ares,
Novos palmares, meu gentil condor!
Depois de teres pedestal seguro
Lá do futuro te erguerás senhor!...

Qual Ney ousado que, ao vibrar da lança,
Nutre esperança de ganhar, vencer,
Assim co’a idéia vai lutar, trabalha,
Vence a batalha do dinal saber.

Eia que sempre na brasílea história
De alta glória colherás o jus!...
O livro augusto do porvir descerra,
Sê desta terra precursor da luz!!!

POESIA

C'est la musique la poesie de l’âme;
et la gloire est Dieu, ce sont les
deux choses les plus charmantes, les
plus belles, les plus grandes de la vie!
(Do Autor)

Da música escutando preclaras harmonias
Vendo em cada lábio brilhar ledo sorriso
Vendo luz e flores e tanto entusiasmo
Julguei-me transportado ao célico Paraíso!

Foi sonho na verdade -- mas hoje realizado
Vos dá, distintos sócios, venturas mais de mil,
A vós que à frente tendo Penedo, grande, forte,
Subis, alistridente, qual ave mais gasil!

E quando executais as vossas belas peças
As notas quais gemidos vagam n’amplidão
Parece que o infinito derrama sobre vós
Centelhas sublimadas só d’inspiração!

Da arte de Mozart vós sois grandes romeiros
Lutais como nas vagas o triste palinuro,
Os olhos tendes fitos na glória que dá brilho
No livro tricolor e ovante do futuro!

Hoje que os sorrisos assomam em vossos lábios
Que da “Guarani” alçais áureo pendão,
Eu humilde e fraco -- com flores inodoras
Somente aqui vos venho fazer uma ovação!

Quando há só coragem, força, intrepidez
Quando se alimenta no peito divo ardor,
O homem não recua, caminha p’ro progresso
Co’a fronte sempre erguida, sem ter menor temor,

Sem ter algum trabalho jamais s’alcança trono
Sem ter valor e força jamais se tem lauréis
P’ra vossa grande glória, além do grã futuro
Deus já tem erectos milhares de docéis!

Mas dentre vós vulto sereno se destaca
Qual Rodes portentoso, imenso, verdadeiro
Que nunca recuou sequer um só momento
Que sempre em trabalhar foi pronto companheiro!

E este vosso sócio, digno diretor
Que forte não pensou jamais em recuar!
É José Gonçalves -- águia valorosa
A quem, altivamente, eu ouso aqui louvar!

Vencendo mil tropeços, altiva os derribando
A bela “Guarani” se mostra triunfante
Foi como esses heróis -- na mão sustenta o gládio
-- O gládio da vitória serena e radiante!

Portanto erguei ridente a fronte ao infinito!
Erguei ó grandes bravos a fronte toda luz!
Eis, a senda é bela, sublime, é grandiosa
Avante pois ness’arte, avante, avante, sus!

E agora concluindo palavras pobrezinhas
Que eu pronunciar humilde vim aqui,
Saúdo fervoroso -- do imo de minh’alma
A essa tão gentil, simpática “Guarani”!

SAUDAÇÃO

(Desterro, 14 nov. 1880)

Qual o que não exulta ao ler uma epopéia!
Qual o que a ver dor não lhe estremece o crânio,
Em confusões cruéis?! Qual o que tem fresca, sublime, pronta a idéia,
E do altar da caridade no supedâneo,
Não deixa alguns lauréis?!
(Do Autor)

Ontem, grande desgraça
Que o povo se abraça
D’Itajaí em geral!
Ontem, o cetro divino
Que se tornando ferino
Tudo esmaga afinal!
Ontem, prantos e dor. . .
Grandes gritos d'horror...
A fatal confusão!
Ontem, lampas perdidas
De centenas de vidas,
Que nas águas lá vão!
Ontem, negras as vagas,
Os belos céus, essas plagas,
-- Onde existe o Senhor!
Ontem, -- fatalidade!
A pobrezinha cidade
Toda envolta em negror!
Hoje, oh! Deus sempiterno!
-- O teu gládio superno
De bonança a irradir,
Veio ao povo esmagado
Ao tredo peso do fado
Fazer do caos ressurgir!
Hoje, o íris brilhante
Lá nos céus, radiante,
Já se faz divulgar!
E todo o povo prostrado
Te agradece arroubado
Mas ainda a chorar!
E corações caridosos
Farão a dar pressurosos
Os seus globos gentis!
Dai! é doce a esmola!
Ela aos pobres consola,
Torna-os ledos, gasis!
A miséria chorava
Em delírio bradava
Por um pouco de pão!
E eles foram dizendo
-- Ide, pois vos mantendo,
Aqui tendes a mão!
E vós -- lá no tablado,
O mor rasgo, elevado,
De fazer acabais!
E um rasgo de glória
De brilhante memória

Pros vindouros anais!
Vós fazeis do cenário
Um dinal santuário
Trabalhando p’ra pobres!
Mostrais bem que nas almas
Possuís celsas palmas
De ações muito nobres!
P’ra louvar amadores,
Tantas lutas, labores,
Tanta excelsa virtude!
Ah! me falta uma lira
Que um poema desfira...
Ai! me falta alaúde!
Só Deus pode dar louros
De mil glórias, tesouros,
Como vós mereceis!
Pois que feitos são divos,
Tão imensos, altivos
Só d’heróis ou de reis!
Amadores briosos!
Vós sois tão valorosos
Qual os bravos na guerra!
Sois os nautas valentes
Socorrendo ridentes
Quem cá gema na terra!
Amor, Deus, Caridade
-- E a sublime trindade
Radiante de Luz!
Donde vós, amadores,
Lá colheis os fulgores,
De mil graças a flux!

AO DECÊNIO DE CASTRO ALVES

Quem sempre vence e o porvir!
No espadanar das espumas
Que vão à praia saltar!
Nos ecos das tempestades
Da bela aurora ao raiar,
Um brado enorme, profundo,
Que faz tremer todo o mundo
Se deixa logo sentir!

E como o brado solene,
Ingente, celso, perene,
É como o brado: -- Porvir!
Pergunta a onda: -- Quem é?...
Responde o brado: -- Sou eu!
Eu sou a Fama, que venho
C’roar o vate, o Criseu!
Dormi, meu Deus, por dez anos
E da natura os arcanos
Não posso todos saber!

Mas como ouvisse louvores
De glória, gritos, clamores,
Também vim louros trazer.
Fatalidade! -- Desgraça!
Fatalidade, meu Deus!
Passou-se um gênio tão cedo,
Sumiu-se um astro nos céus!

As catadupas d’idéias,
De pensamento epopéias
Rolaram todas no chão!
Saindo a alma pra glória
Bradou pra pátria -- vitória!
Já sou de vultos irmão!
Foi Deus que disse: -- Poeta,
Vem decantar a meus pés.

Na eternidade há mais luz,
Dão mais valor ao que és.
Se lá na terra tens louros,
Receberás cá tesouros
De muitas glórias até!
Terás a lira adorada
C’o divo plectro afinado
De Dante, Tasso e Garret!

Então na terra sentiu-se
Um grande acorde final!
O belo vate brasíleo
Pendeu a fronte imortal!
O negro espaço rasgou-se
E aquele gênio internou-se
Na sempiterna mansão.

A sua fronte brilhava
E o áureo livro apertava
Sereno e ledo na mão...
E o mundo então sobre os eixos
Ouviu-se logo rodar!
É que ele mesmo estremece
A ver um vulto tombar.

É que na queda dos entes
Que são na vida potentes,
Que têm nas veias ardor,
Há cataclismos medonhos
Que só sentimos em sonhos
Mas que nos causam terror!...

E o coração s'estortega
E s'entibia a razão!
No peito o sangue enregela
E logo a história diz: -- Não!
Não chore a pátria esse filho,
Se procurou outro trilho
Também mais glórias me deu!

E quando os séculos passarem
Se hão de tristes curvarem
Enquanto alegre só eu?...
Oh! Basta! Basta! Silêncio!
Repousa, vate, nos Céus!
Que muito além dos espaços
Os cantos subam dos teus!

Se nesta vida d'enganos
Não são bastante os humanos
Pra te render ovações!
Perdoa os fracos, ó gênio,
Que pra cantar teu decênio
Somente Elmano ou Camões!

Fonte:
Cruz e Sousa, Poesia Completa, org. de Zahidé Muzart, Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.

Monteiro Lobato (Reinações de Narizinho) O Sítio do Picapau Amarelo VI – A Viagem

Deitaram-se bem tarde naquela noite. Tanta coisa tinha o menino a contar, coisas da casa da dona Antonica e da escola, que somente às onze horas foram para a cama. Que sono regalado! Isto é, regalado até uma certa hora. Daí por diante houve coisa grossa.

Narizinho estava justamente no meio dum lindo sonho quando despertou de sobressalto, com umas pancadinhas de chicote na vidraça — pen, pen, pen... E logo em seguida ouviu a voz do marquês de Rabicó, que dizia:

— O sol não tarda, Narizinho. Pule da cama que são horas de partir.

Chegando à janela, viu o marquês montado num cavalinho de pau à sua espera.

— E a condessa? Já está pronta? — perguntou a menina.

— A senhora condessa já está lá embaixo, corcoveando no cavalo Pampa.

— Pois então que me selem o pangaré. Em três tempos me visto.

Enquanto por ordem do marquês selavam o cavalo pangaré, a menina punha o seu vestido vermelho de bolso. Precisava de bolso para levar os bolinhos de tia Nastácia sobrados da véspera e também para trazer coisas do reino das Abelhas.

Porque era para o reino das Abelhas que eles iam, a convite da rainha. Reino das Abelhas ou das Vespas? Não havia certeza ainda.

Na véspera chegara um maribondo mensageiro com um convite assim:

“Sua Majestade a Rainha das... dá a honra de convidar vocês todos para uma visita ao seu reino.”

Como o papelzinho estivesse rasgado num ponto, havia dúvida se o convite era da rainha das Vespas ou da rainha das Abelhas.

Narizinho respondeu ao convite por meio dum borboletograma.

Não sabem o que é? Invenção da Emília. Como não houvesse telégrafo para lá, a boneca teve a idéia de mandar a resposta escrita em asas de borboleta. Agarrou uma borboleta azul que ia passando e rabiscou-lhe na asa, com um espinho, o seguinte:

“Narizinho, a Condessa e o Marquês agradecem a honra do convite e prometem não faltar.”

— Por que não incluiu o nome de Pedrinho, Emília? — perguntou a menina.

— Porque ele não é nobre — nem barão ainda é!... Pronto que foi o borboletograma, surgiu uma dificuldade. A quem endereçá-lo? À rainha das Vespas ou à das Abelhas?

— Já resolvo o caso — disse Emília, e soltou a borboleta com estas palavras: “Vá direitinha, hein? Nada de distrair-se com flores pelo caminho.”

— Ir para onde? — perguntou a borboleta.

— Para a casa de seu sogro, ouviu? Malcriada! Atrever-se a fazer perguntas a uma condessa!

— Mas... — ia dizendo humildemente a borboleta.

Emília, porém, interrompeu-a com um berro.

— Ponha-se daqui para fora! Não admito observações. Conheça o seu lugar, ouviu?

A borboleta lá se foi, amedrontada e desapontadíssima.

— Você parece louca, Emília! — observou Narizinho. – Como há de ela saber o endereço se você não deu endereço algum?

— Sabe, sim! — retorquiu a boneca. — São umas sabidíssimas as senhoras borboletas. Se sabem fabricar pó azul para as asas, que é coisa dificílima, como não hão de saber o endereço dum borboletograma ?

Narizinho fez cara de quem diz: “Ninguém pode entender como funciona a cabeça da Emília! Ora raciocina muito bem, tal qual gente. Outras vezes, é assim — tão torto que deixa uma pessoa trapalhada...”

O cavalo pangaré veio, a menina montou e lá partiram todos pela estrada afora — pac, pac, pac... Em certo ponto Narizinho disse à boneca:

— Vamos apostar corrida? Emília aceitou, muito assanhada.

— Pois toque, então!

Emília — lept, lept! chicoteou o cavalinho pampa, disparando numa galopada louca. Narizinho, porém, não se moveu do lugar. O que queria era ficar só com o marquês de Rabicó para uma conversa reservada — o casamento dele com a condessa.

— Mas afinal de contas, marquês, quer ou não quer casar-se com a condessa?

— Já declarei que sim, isto é, que casarei, se o dote for bom. Se me derem, por exemplo, dois cargueiros de milho, casarei com quem quiserem — com a cadeira, com o pote d’água, com a vassoura. Nunca fui exigente em matéria matrimonial.

— Guloso! Pois olhe que vai fazer um casamentão! Emília é feia, não nego, mas muito boa dona de casa. Sabe fazer tudo, até fios de ovos, que é o doce mais difícil. Pena ser tão fraquinha...

— Fraca? — exclamou o marquês admirado. — Não me parece. Tão gorda que está...

— Engano seu. Emília, desde que caiu n’água e quase se afogou, parece ter ficado desarranjada do fígado. E aquela gordura não é banha, não, é macela! Emília o que está é estufada. Inda a semana passada tia Nastácia a recheou de mais macela.

O marquês pensou lá consigo: “Que pena não a ter recheado de fubá!” mas não teve coragem de o dizer em voz alta, limitando-se a exclamar:

— Pois pensei que fosse toucinho e do bom!...

— Que esperança! Toucinho do bom está aqui, disse a menina apalpando-lhe o lombo. — Dos tais que dão um torresminho delicioso! — e lambeu os beiços, já com água na boca. Felizmente o dia de Ano Bom está próximo!...

Dia de Ano Bom era dia de leitão assado no sítio, mas Rabicó não sabia disso.

— Dia de Ano Bom? — repetiu ele sem nada compreender.

— Que tem isso com o meu toucinho ?

— Nada! É cá uma coisa que sei e não é da sua conta — respondeu a menina piscando o olho.

E assim, nessa prosa, alcançaram a condessa, que estava lá adiante, furiosa com o logro.

— Não achei graça nenhuma! — foi dizendo Emília logo que a menina chegou. — Nem parece coisa duma princesa (Emília só a tratava de princesa nas brigas).

— Pois eu, Emília, estou achando uma graça extraordinária na sua zanguinha! Sua cara está que é ver aquele bule velho de chá, com esse bico...

Mais zangada ainda, Emília mostrou-lhe a língua e dando uma chicotada no cavalinho tocou para a frente, resmungando alto:

— Princesa!... Princesa que ainda toma palmadas de dona Benta e leva pitos da negra beiçuda! E tira ouro do nariz... Antipatia!...

Calúnias puras. Narizinho nem tomava palmadas, nem levava pitos, nem tirava ouro do nariz. Emília, sim...
–––––––––
Continua... O Assalto

Fonte:
LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. I. Digitalização e Revisão: Arlindo_Sa

57a. Feira de Livros de Porto Alegre (Programação de 9 de novembro, quarta-feira)


Encontro com autor
09/11/2011 - 09:00

O Autor no Palco
09/11/2011 - 09:00
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

A Arte Levada a Sério
09/11/2011 - 09:00
Apresentação da Oficina de Teatro do Colégio São Paulo

Mostra dos Projeto de Leitura da Prefeitura de Canoas
09/11/2011 - 09:00

Contação de histórias com a equipe do QG
09/11/2011 - 09:30
Alunos especiais; agendamento completo

Encontro Coordenadores do Projeto Adote Escritor - Sala de Aula do Futuro
09/11/2011 - 10:00
Parceria: Procempa

Encontro com autor
09/11/2011 - 10:30

O Autor no Palco
09/11/2011 - 10:30
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

Encontro Coordenadores do Projeto Adote Escritor - Sala de Aula do Futuro
09/11/2011 - 11:00
Escolas Infantis (Coord. Profª Sandra Porto)

Oficina: Libertando a escrita criativa
09/11/2011 - 13:30
Através de jogos e exercícios, a oficina busca remover bloqueios e levar à produção de textos que evidenciem o potencial criativo de cada participante. Módulo 2/3

Oficina: Crítica Literária
09/11/2011 - 14:00
Apresentação expositiva, leitura e discussão de textos e prática de crítica literária. Módulo 2/3

Encontro com autor

09/11/2011 - 14:00
Sessão de Autógrafos do livro Crianças do Rio Grande escrevendo Histórias
09/11/2011 - 14:00

3º Seminário AEILIJ - Por um espaço especial para a literatura na escola
09/11/2011 - 14:00
Oficina

3º Seminário AEILIJ - Por um espaço especial para a literatura na escola
09/11/2011 - 14:00
Oficina

O Autor no Palco
09/11/2011 - 14:00
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

Casa do Poeta 47 anos/2011
09/11/2011 - 14:00
Editora: Edições Caravela

Educação Infantil - projetando e registrando a ação educativa
09/11/2011 - 14:30
Editora: Paulinas

II Encontro Latino Americano de Casas de Poetas
09/11/2011 - 15:00
Encontro de poetas e escritores para divulgar os eventos e participações nas casas culturais e suas realizações em prol da cultura poética das entidades representantes do ativismo cultural

De pernas pro ar
09/11/2011 - 15:00
Editora: Editora FTD

Herança histórico-cultural no Açorianos III
09/11/2011 - 15:30
Os 260 anos do povoamento Açoriano no RS

Encontro com autor
09/11/2011 - 15:30

Contação e cantação de histórias com a equipe do QG
09/11/2011 - 15:30
Os três porquinhos mal-educados e o lobo bom, de Liz Pichon

O Autor no Palco
09/11/2011 - 15:30
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

Introdução ao Pensamento de Martin Heidegger
09/11/2011 - 15:30
Editora: EDIPUCRS

Livro digital e novas mídias na educação
09/11/2011 - 16:00
Com o surgimento dos livros digitais, é preciso compreender o que são os e-books, como funcionam e quais as oportunidades que trazem para a Educação

Debate sobre o Plano Nacional de Educação
09/11/2011 - 16:00
Debate sobre o Plano Nacional de Educação, que definirá as metas e estratégias para a educação brasileira nos próximos 10 anos

Oficina: Introdução à arte de escrever
09/11/2011 - 16:00
Iniciação à arte da escrita, visando despertar o processo criativo e transmitir técnicas de aperfeiçoamento. Módulo 3/3

Histórias em trânsito
09/11/2011 - 16:00
Captura do cotidiano em minicontos, poemínimos e manifestações recriadoras de imagens e de memórias, provenientes das vivências comuns

Institutos Federais - –Uma Revolução na Educação Profissional e Tecnológica
09/11/2011 - 16:30
Apresentação da obra "Institutos Federais – Uma Revolução na Educação Profissional e Tecnológica" lançada durante a 57ª. Feira do Livro de Porto Alegre. O livro reúne ensaios dos ...
Oficina: Os bastidores de Ribamar - Como nasce um romance?
09/11/2011 - 16:30
Leitura comentada de alguns dos capítulos principais do romance e debate a respeito das condições, obstáculos, medos, impasses e alegrias que envolvem a criação literária. Módulo 1/3

Sessão de Autógrafos da Rede Metodista de Educação do Sul
09/11/2011 - 17:00

Diários de um professor
09/11/2011 - 17:30
Lançamento do livro com coletânea de textos de 62 ilustres professores que fazem parte da história da educação no Rio Grande do Sul

Demétrio Ribeiro
09/11/2011 - 17:30
Editora: CORAG

Educação em diálogo
09/11/2011 - 17:30
Editora: Editora Autores Associados

Observatório da cidade de Porto Alegre - novas ferramentas
09/11/2011 - 18:00
Lançamento do novo site do observatório da cidade de Porto Alegre, que tem o objetivo de disponibilizar uma ampla base de informações socioeconômicas

Obra de Oliveira Silveira e Vera Karam
09/11/2011 - 18:00
Organizadores apresentam as obras dos autores

Todo Mundo Pode
09/11/2011 - 18:00
Todo Mundo pode contar histórias - Oficina para pais, avós, babas e outros cuidadores de crianças

Ouvir o que a criança tem a dizer: antropologia e educação
09/11/2011 - 18:00
Bate-papo com pais, educadores e outros mediadores de leitura

Institutos Federais - Uma Revolução na Educação Profissional e Tecnológica
09/11/2011 - 18:00
Editora: Moderna Lançamento do livro "Institutos Federais – Uma Revolução na Educação Profissional e Tecnológica" organizado por Eliezer Pacheco.

A história e os museus: desafios da educação na contemporaneidade
09/11/2011 - 18:30
Conferência sobre ensino, história e museologia. Conhecimentos para um ensino além das salas de aulas

Oficina: Tradução Literária, um mal necessário
09/11/2011 - 18:30

Como dizia Borges, os livros intraduzíveis não tem importância. Módulo 3/3

Macaco Chulé
09/11/2011 - 18:30
Editora: Editora Alcance

Assim Twittei
09/11/2011 - 18:30
Editora: CORAG

Alfabetização e Cognição
09/11/2011 - 18:30
Editora: EDIPUCRS

Assim me lembro
09/11/2011 - 18:30
Editora: Alternativa

Pela janela da imaginação
09/11/2011 - 18:30
Editora: Cidadela

Filé de Borboleta, o Don Juan de Bagé//O Mar
09/11/2011 - 18:30
Editora: Mecenas

Entrevista com Lídia Jorge
09/11/2011 - 19:00
Escritores gaúchos entrevistam a escritora portuguesa que fala sobre sua obra e a literatura de seu país

Oficina do livro - O livro passo a passo
09/11/2011 - 19:00
Dicas e orientações para produção de um livro. Módulo 3/3

3º Seminário AEILIJ - Por um espaço especial para a literatura na escola
09/11/2011 - 19:00
A vivência em biblioteca retratada na literatura infantil e juvenil

O Brasil enfrentando a pós-modernidade
09/11/2011 - 19:30
Face cultural de um mundo globalizado

Sessão de Autógrafos do Colégio Kennedy
09/11/2011 - 19:30

Um escritor no fim do mundo
09/11/2011 - 19:30
Editora: Record

Os atores do desenvolvimento rural: perspectivas teóricas e práticas sociais
09/11/2011 - 19:30
Editora: Editora da UFRGS

Na outra margem
09/11/2011 - 19:30
Editora: Independente

Dicionário de Cruz Alta
09/11/2011 - 19:30
Editora: Martins Livreiro Editora Ltda.

Uma viagem pelo folclore brasileiro
09/11/2011 - 19:30
Editora: Martins Livreiro Editora Ltda.

Sem bossa não há quem possa! Cassino dos Operários - uma história
09/11/2011 - 19:30
Editora: Martins Livreiro Editora Ltda.

Eventos e Egos
09/11/2011 - 19:30
Editora: Independente

Cordão da Saideira: Freud & Lou Andreas-Salomé
09/11/2011 - 20:00
A mulher que revolucionou a condição feminina no século passado

Caderno de Literatura 20, da AJURIS
09/11/2011 - 20:00
Editora: WS Editor

Diário de um professor
09/11/2011 - 20:00
Editora: Orquestra

Lauro Frohlich - Vida e Obra
09/11/2011 - 20:30
Editora: Editora Alcance

Negrinho do pastoreio
09/11/2011 - 20:30
Editora: Editora Alcance

O vento assobiando nas gruas - Record
09/11/2011 - 20:30
Editora: Record

A Magia das Rosas Vermelhas
09/11/2011 - 20:30
Editora: Cidadela

Fonte:
http://www.feiradolivro-poa.com.br/

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Trova 208 - Wandira Fagundes Queiroz (Curitiba/PR)

Carlos Drummond de Andrade (A Mãe e o Fogão)


O Dia das Mães já passou, para sossego delas e nosso, mas algumas estão resolvendo, nesta semana, problemas resultantes da extraordinária concentração de afeto que se operou no segundo (e azul) domingo de maio de 1961.

Umas tantas repousam das manifestações coletivas e entusiásticas que receberam, não na qualidade geral de mães, mas na específica de mães de autoridades. Se amanhã o desfavor público envolver essas autoridades, é de desejar que não atinja suas venerandas genitoras, vítimas de tais homenagens.

Outras, entre beijos, receberam presentes pouco adequados, objetos de uso que não gostariam de usar, mas usarão assim mesmo, porque mãe é sempre mãe, não desaponta filho.

Os garotos de Dona Esmeralda é que foram mais previdentes do que muito filho marmanjo. Reunidos em assembléia, discutiram a dádiva a oferecer, e chegaram à conclusão de que seria ideal um vestido de inverno, com os complementos. Nenhum deles está em idade de escolher tecidos, bolsa, luvas e sapatos; mas confiar a tarefa a terceiros, não. "Damos o dinheiro e mamãe compra a seu gosto": combinado.

Como o dinheiro não chegasse, recorreram ao pai. Assim, Dona Esmeralda recebeu de véspera, num envelope, quinze abobrinhas, que não dariam para uma toalete digna do grill do Copa, mas sempre podem produzir algo de elegante. Ela chorou e sorriu e chorou outra vez de emoção pelo carinho da meninada.

Quis logo retribuir-lhes a gentileza com um bolo de chocolate com frutas, mas o fogão - um caso sério, sempre em conserto-se recusou a cooperar. Por mais que lhe explicasse que era um serviço sentimental e urgente, Dona Esmeralda não obteve dele nenhuma dessas provas de consideração e camaradagem que até os fogões velhos costumam dar às mães amorosas. Então ela não teve dúvida: num impulso verdadeiramente materno, trocou logo o vestido futuro por um fogão novo, comprado na loja mais próxima. Para inteirar, deu mais três mil cruzeiros de suas economias, que ela não é de crediário. Recomendou que o fogão fosse entregue na hora, e a instalação feita imediatamente. O vestido ficava para mais tarde, a ser ganho num possível "Dia da Esposa", que vem aí. Os filhos não podiam ficar sentidos: tinham dado um presente útil, é tão bom um presente útil.

De volta à casa, feliz, telefonou para a amiga mais chegada, contando-lhe a compra (se um dos prazeres femininos é comprar, até mesmo um fogão, outro é contar que comprou) . A amiga interrompeu-a:

- Mas que idéia essa de comprar fogão novo se o velho ainda serve?

- Serve nada. Acendi o gás e ele não funcionou.

- E como você queria que ele funcionasse, filha, se não houve gás esta manhã?

Ao terminar a conversa, a turma de instalação já havia desligado o fogão velho e ia ligar o fogão novo. Dona Esmeralda mandou parar o serviço e correu à loja para desfazer a transação. Negociações prosseguem, laboriosas. Não houve bolo de chocolate com frutas.

Carlos Drummond de Andrade (O Poeta Singrando Horizontes VII)


A BOMBA

A bomba
é uma flor de pânico apavorando os floricultores
A bomba
é o produto quintessente de um laboratório falido
A bomba
é estúpida é ferotriste é cheia de rocamboles
A bomba
é grotesca de tão metuenda e coça a perna
A bomba
dorme no domingo até que os morcegos esvoacem
A bomba
não tem preço não tem lugar não tem domicílio
A bomba
amanhã promete ser melhorzinha mas esquece
A bomba
não está no fundo do cofre, está principalmente onde não está
A bomba
mente e sorri sem dente
A bomba
vai a todas as conferências e senta-se de todos os lados
A bomba
é redonda que nem mesa redonda, e quadrada
A bomba
tem horas que sente falta de outra para cruzar
A bomba
multiplica-se em acções ao portador e portadores sem acção
A bomba
chora nas noites de chuva, enrodilha-se nas chaminés
A bomba
faz week-end na Semana Santa
A bomba
tem 50 megatons de algidez por 85 de ignomínia
A bomba
industrializou as térmites convertendo-as em balísticos interplanetários
A bomba
sofre de hérnia estranguladora, de amnésia, de mononucleose, de verborreia
A bomba
não é séria, é conspicuamente tediosa
A bomba
envenena as crianças antes que comece a nascer
A bomba
continua a envenená-las no curso da vida
A bomba
respeita os poderes espirituais, os temporais e os tais
A bomba
pula de um lado para outro gritando: eu sou a bomba
A bomba
é um cisco no olho da vida, e não sai
A bomba
é uma inflamação no ventre da primavera
A bomba
tem a seu serviço música estereofónica e mil valetes de ouro, cobalto e ferro além da comparsaria
A bomba
tem supermercado circo biblioteca esquadrilha de mísseis, etc.
A bomba
não admite que ninguém acorde sem motivo grave
A bomba
quer é manter acordados nervosos e sãos, atletas e paralíticos
A bomba
mata só de pensarem que vem aí para matar
A bomba
dobra todas as línguas à sua turva sintaxe
A bomba
saboreia a morte com marshmallow
A bomba
arrota impostura e prosopéia política
A bomba
cria leopardos no quintal, eventualmente no living
A bomba
é podre
A bomba
gostaria de ter remorso para justificar-se mas isso lhe é vedado
A bomba
pediu ao Diabo que a baptizasse e a Deus que lhe validasse o baptismo
A bomba
declare-se balança de justiça arca de amor arcanjo de fraternidade
A bomba
tem um clube fechadíssimo
A bomba
pondera com olho neocrítico o Prémio Nobel
A bomba é russamenricanenglish mas agradam-lhe eflúvios de Paris
A bomba
oferece de bandeja de urânio puro, a título de bonificação, átomos de paz
A bomba
não terá trabalho com as artes visuais, concretas ou tachistas
A bomba
desenha sinais de trânsito ultreletrônicos para proteger velhos e criancinhas
A bomba
não admite que ninguém se dê ao luxo de morrer de câncer
A bomba
é câncer
A bomba
vai à Lua, assovia e volta
A bomba
reduz neutros e neutrinos, e abana-se com o leque da reação em cadeia
A bomba
está abusando da glória de ser bomba
A bomba
não sabe quando, onde e porque vai explodir, mas preliba o instante inefável
A bomba
fede
A bomba
é vigiada por sentinelas pávidas em torreões de cartolina
A bomba
com ser uma besta confusa dá tempo ao homem para que se salve
A bomba
não destruirá a vida
O homem
(tenho esperança) liquidará a bomba.

A FLOR E A NÁUSEA

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cizenta.
Melancolias, mercadorias, espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que triste são as coisas, consideradas em ênfase.

Vomitar este tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam pra casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens macias avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

A GRANDE DOR DAS COUSAS QUE PASSARAM

A grande dor das cousas que passaram
transmutou-se em finíssimo prazer
quando, entre fotos mil que se esgarçavam,
tive a fortuna e graça de te ver.

Os beijos e amavios que se amavam,
descuidados de teu e meu querer,
outra vez reflorindo, esvoaçaram
em orvalhada luz de amanhecer.

Ó bendito passado que era atroz,
e gozoso hoje terno se apresenta
e faz vibrar de novo minha voz

para exaltar o redivivo amor
que de memória-imagem se alimenta
e em doçura converte o próprio horror!

A MÁQUINA DO MUNDO

E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco

se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas

lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,

a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.

Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável

pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar

toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.

Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera

e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,

convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas,

assim me disse, embora voz alguma
ou sopro ou eco ou simples percussão
atestasse que alguém, sobre a montanha,

a outro alguém, noturno e miserável,
em colóquio se estava dirigindo:
"O que procuraste em ti ou fora de

teu ser restrito e nunca se mostrou,
mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
e a cada instante mais se retraindo,

olha, repara, ausculta: essa riqueza
sobrante a toda pérola, essa ciência
sublime e formidável, mas hermética,

essa total explicação da vida,
esse nexo primeiro e singular,
que nem concebes mais, pois tão esquivo

se revelou ante a pesquisa ardente
em que te consumiste... vê, contempla,
abre teu peito para agasalhá-lo.”

As mais soberbas pontes e edifícios,
o que nas oficinas se elabora,
o que pensado foi e logo atinge

distância superior ao pensamento,
os recursos da terra dominados,
e as paixões e os impulsos e os tormentos

e tudo que define o ser terrestre
ou se prolonga até nos animais
e chega às plantas para se embeber

no sono rancoroso dos minérios,
dá volta ao mundo e torna a se engolfar,
na estranha ordem geométrica de tudo,

e o absurdo original e seus enigmas,
suas verdades altas mais que todos
monumentos erguidos à verdade:

e a memória dos deuses, e o solene
sentimento de morte, que floresce
no caule da existência mais gloriosa,

tudo se apresentou nesse relance
e me chamou para seu reino augusto,
afinal submetido à vista humana.

Mas, como eu relutasse em responder
a tal apelo assim maravilhoso,
pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,

a esperança mais mínima — esse anelo
de ver desvanecida a treva espessa
que entre os raios do sol inda se filtra;

como defuntas crenças convocadas
presto e fremente não se produzissem
a de novo tingir a neutra face

que vou pelos caminhos demonstrando,
e como se outro ser, não mais aquele
habitante de mim há tantos anos,

passasse a comandar minha vontade
que, já de si volúvel, se cerrava
semelhante a essas flores reticentes

em si mesmas abertas e fechadas;
como se um dom tardio já não fora
apetecível, antes despiciendo,

baixei os olhos, incurioso, lasso,
desdenhando colher a coisa oferta
que se abria gratuita a meu engenho.

A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,

se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mãos pensas.

Este poema foi escolhido como o melhor poema brasileiro de todos os tempos por um grupo significativo de escritores e críticos, a pedido do caderno “MAIS” (edição de 02-01-2000), publicado aos domingos pelo jornal “Folha de São Paulo”. Publicado originalmente no livro “Claro Enigma”.

Raimundo Candido Teixeira Filho (Livro de Poesias)


BODEGA

Às vezes, no rústico balcão
de velha tábua enegrecida
o tempo parava...

Às vezes, o vento passava
e o papel de embrulho acenava
convidando o cliente
a absorver o aroma
pungente de couro curtido
que se irradiava no ar...

Só a velha balança parada
com os pratos vazios
ponderava o que havia
de sabor no denso langor
de algo invisível a indicar
que a tarde se dissipava
pesarosa a chorar...

E quando vinha freguês
antonio, maria ou joão
de caderneta na mão
fiava o açúcar, a farinha,
num embrulho feito com arte
com dedos magros da mão
de um bodegueiro artesão!

PORTEIRA


O aboio de meus ancestrais
é o que escuto ao longe
quando o olho se depara
no langor da velha porteira...

Ouço o som puxado
do canto de meu bisavô
tangendo uma boiada,
depois outro, entoando...
é meu avô gravando no ar
o seu ecoar de saudade.

E na cancela, ruína
empenada, corroída
pela angústia de seu fim,
algo cordial ainda pulsa
como álbum de fotografia
e me dá a impressão que
os mesmos paus corredios
se abrem... se fecham...
sozinhos! logo ao ouvir
um pungente mugido ou
o grito de aboio de meu avô.

FASTIO

Ultimamente,
tenho carregado demasiado peso:
ausências indefinidas,
presenças indesejadas
e saudade de um doce sal
que jamais provei!

A vontade de conter o mundo
me franze as sobrancelhas
neste nevoeiro denso
a me reter num abraço.

Necessito verter um vômito
inorgânico que se acumulou
em minhas prateleiras:
aclamações induzidas,
anulações forçadas
e as crenças ilusórias
que retraíram meu ser!

ABUTRES

Então patrulham
o indelével rastro
das visagens que
se diluem aos abutres!

Então farejam
o odor mórbido
do último suspiro que
se avigora aos abutres!

Então grasnam
transcendentes
ao pendor fúnebre que
se oferta aos abutres!

TEOREMA PRA NOS TANGER

Há um pequeno porém
ao ultrapassar travessias;
o trabalho é na espora,
todavia, o lume da carga
nem pende, nem pesa,
parece flutuar nos arreios.
Só o bornal descontente
sem empenho transporta
uma época de intenções
e travessuras pelas veredas
penosas, longas e sinuosas,
como obrigação imposta
até a armadura do gibão
treme por conta do som
estridente da ave de rapina
e do chicotear do couro cru
que lembra como é a morte
cruel no lamber das esporas.

LEMBRANÇA VIVA


A uma distante deusa.

Um dia, meu sangue
e minha alma ferviam
em tuas vulcânicas mãos,
entorpecido ao teu aroma
e ao teu volúvel poder
azedo, amargo, doce
que agora me dói
na tua longa ausência ...

E hoje, como vulto, apareces
surpreendente, diante de mim?

Um dia, toda amargura
dissipada no forno do tempo
voltou a existir, apagando
a ilusão de te esquecer
e em repentino instante
condensou-se a esperança
que agora falta em mim
por tua longa ausência...

E hoje, como vulto, apareces
soberana, diante de mim?

Um dia, ao teu lado
mil delirantes vidas; vivi,
com destemor e sem perceber
que de repente ia perder
na névoa branca e crua
a tua sublime presença,
que agora me tolhe a alma
na tua longa ausência...

E hoje, como vulto, desapareces
inumana, diante de mim!

Fontes:
Antonio Miranda

Araçatuba e Região

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 388)


Uma Trova Nacional

Saudade, flor que se dá
ao cemitério tristonho,
que tristeza é enfeitar
a sepultura de um sonho.
–ARLENE LIMA/PR–

Uma Trova Potiguar

Quando a noite vai embora,
a aurora vem, de mansinho,
despertando fauna e flora
na mata e no ribeirinho.
–MARCOS MEDEIROS/RN–

Uma Trova Premiada

2010 - Curitiba/PR
Tema: IMAGEM - M/H

Quem pratica a temperança
e cultiva o dom do amor
tem, na imagem, semelhança
com seu próprio Criador.
–NEI GARCEZ/PR–

Uma Trova de Ademar

Para o pobre interagir,
Deus lhe deu, para viver:
uma boca p’ra pedir...
duas mãos p’ra receber!...
ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Parti, lutei vida afora,
foi longo o tempo de ausência...
Mas volto a abraçar-te agora,
meu berço, minha querência!
–MANITA/RJ–

Simplesmente Poesia

Foto Factual
–DIULINDA GARCIA/RN–

Frequentemente me perco,
entre a insatisfação contida
de um povo
e a volúpia irreprimida
da indignação.
Faço uma fotografia digital,
que revela o olhar adormecido
de um fato social,
escondido nos porões do esquecimento
e da miséria.
Lá a dor se pode suportar,
a fome deve esperar
e a vida resseca
e se aguenta
na soleira escaldante
o ano inteiro.

Estrofe do Dia

Eu criei meu zebu com muito gosto
Na ração dei capim, melaço e sal
De manhã ao levá-lo ao matagal
Eu sentia correr suor do rosto,
Ao buscá-lo, à tardinha, o sol já posto
Muito alegre encontrava o meu tesouro
E pra mim bem pior que algum estouro
Foi levá-lo pro fim dessa jornada
Como é triste a imagem da boiada,
Quando segue em destino ao matadouro.
–ISMAEL GAIÃO/PB–

Soneto do Dia

Ao Semeador
–JOÃO JUSTINIANO DA FONSECA/BA–

Encontre-se entre os frutos uma oliva
e ao menos uma rosa nos florais.
Se a fortuna vos falha, por esquiva,
plantai de novo, e sempre, e muito mais.

Segui, juncando a orla dos caminhos
de roseiras sem conta e de olivais.
Sangrar-vos-eis, de certo, nos espinhos,
certo, vos queimarão sois estivais.

Vezes a praga e os pássaros daninhos
perderão a colheita, ou a primitiva
semente esconderão os chãos maninhos.

Árdua é a tarefa. Embora! A alternativa
de servir os passantes e os vizinhos,
compensa o dissabor e em paz deriva.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Júlia Lopes de Almeida (Predestinação! )


Quantos e quantos dias se passaram depois daquele em que a mão divina de Shakespeare escreveu no seu imorredouro Hamlet:

"There are things in heaven and hearth, Horatio,
Than are dreamt of in your philosophy."

E ainda hoje, como talvez daqui a um longuíssimo amanhã, se continua a sentir o mesmo que o príncipe da Dinamarca afirmava ao amigo que há coisas no céu e na terra que não são suspeitadas pela filosofia...

Por mais que as ciências vitoriosas dêem ao homem moderno uma idéia positiva da vida, ele sente-se acorrentado por um doce fantasma ao mundo invisível que abre a sua imaginação inquieta perspectivas infinitas. O mais independente e, quiçá mais feliz, que tudo nega, lá encontra um dia no seu caminho uma interrogação a que não sabe responder e que o obriga a levantar os olhos com espanto.

Uma crença que nasce, uma visão que passa, um pressentimento, um aceno do nada, um sopro, bastam para ligar muita vez, mesmo que momentaneamente, o espírito mais livre ao singular encanto do mistério. De resto, não há quem não conte, ainda que vagamente, com o auxílio da sorte, o que é ainda acreditar nas determinações do desconhecido, certos como estamos que nem tudo dependerá nunca de nós mesmos. O — "se Deus quiser", — que é para os deistas uma fórmula sem contestação, não deixa de ter na boca dos ateus uma significação, inexplicável, mas sincera.

Toda a gente conta com uma força superior que vai regendo os destinos humanos, impassivelmente, através dos séculos, e de que se emana todo o bem — e todo o mal da nossa alma.

Haverá quem viva na terra só pela terra, sem outra preocupação que a da hora porque está passando e o trabalho sobre que está curvado? Não conhecendo o embalamento da esperança amiga, a mais perceptível das criações sonhadas, como poderá esse ente arquitetar os castelos em que nos abrigamos nos momentos de susto ou de enfado? Sem o mundo irreal, já não me lembro quem perguntou, não seria insuportável o mundo visível? E para que nos cansarmos procurando em vão, sempre em vão, adivinhar o que nos parece apenas pressentir?

Para esta fome da alma, nunca satisfeita, nunca apaziguada, nasceram as religiões, que se transformam, mas não acabam, e que ainda assim não bastam, visto que mesmo os homens mais religiosos não são alheios à superstição.

Fatalidade! Eis a palavra que sem explicar nada tudo explica, e é como que um grande manto de demência atirado sobre todos os cumes e todas as obsessões.

Um dia entrou-me em casa um cavalheiro de cabelos brancos e mãos trêmulas, causadas do trabalho bendito de apontar às crianças as letras do A B C.

Deve ser conhecido aí pela cidade; tem setenta anos, ainda moureja, e passou toda sua vida clareando o espírito dos analfabetos. Aí está um trabalho!

Quando o vi entrar, por ele ser velhinho dei-lhe a melhor cadeira, e como sou da raça dos que amam ouvir histórias, prestei-me a ouvir a sua.

Têm reparado? Para os velhos não há prazer comparável ao de contar a sua vida. Relembrando as horas rapidíssimas do prazer, ou as lentas da agonia, luzem-lhes nas pupilas, através da névoa da velhice, que com mais acerto se deveria chamar — nevoeiro da saudade — uma claridade branda, de primavera.

É uma ternura, um rejuvenescimento da alma, que atestam, mais que tudo, como a vida é boa e amada. O carinho com que são lembrados os dias da mocidade, tão passageira, tão fugitiva!

"Sou um predestinado, dizia-me ele; não acredita na predestinação? Sete vezes o fogo reduziu a cinzas os meus haveres e me deixou nu, quase a pedir esmolas! Nasci para reagir..."

Na primeira vez, contou-me, ele ainda era moço quando um incêndio lhe devorou o negócio. Forte e sereno, levantou os ombros e disse — Paciência!

No dia imediato ao do desastre recomeçou a trabalhar para reconstruir o que as labaredas tinham desfeito. Pouco a pouco, com economia e ambição de fortuna, angariou alguns contos de réis. Casou então, teve um filho, e quando maior número de promessas lhe fazia o futuro, veio outro incêndio que lhe levou até o berço do filhinho.

Mas ele ainda era moço e tinha confiança em si — Paciência! — murmurou ainda, e recomeçou na canseira.

Não me lembram as minúcias do drama em que esse novo Job cavou e perdeu sucessivamente sete fortunazinhas, duramente adquiridas. O que me impressionou não foi isso; à força de ler e de ouvir misérias vai a gente ficando preparada para as mais dolorosas confidências. O que me deu uma sensação de novidade foi este desfecho, contado com simplicidade e tristeza:

"Depois do sétimo incêndio, fiquei sem ter que vestir. A mulher tinha morrido, o filho estava fora. Um vizinho, condoído, deu-me umas roupas e dinheiro para um par de botinas, visto que eu nunca me acostumara a andar descalço e as que trazia estavam em mísero estado. Fui ao meu velho sapateiro, único homem que sabia ajeitar o couro nos meus pés doloridos; fiz-lhe a encomenda, paguei-lha e voltei resignado para o canto de empréstimo em que eu descansava os ossos magoadíssimos.

Estava cansado, mas não desanimado; mais uns dias de repouso, embora poucos, e eu voltaria para o cepo a recomeçar a vida pela oitava vez!

Uma manhã, apelando para toda a minha energia de homem, desci à cidade a trabalhar para o último filho que me restava. Havia ainda alguém que precisava da minha coragem e da minha força, e esse alguém seria servido.

Para apresentar-me no emprego era mister que eu fosse antes calçar as botinas novas; dirigi-me para a sapataria e encontrei-a transformada em um montão de cinzas: ardera toda na véspera; só havia de pé uns restos de paredes e umbrais carbonizados! Minha surpresa foi tamanha, que não cria nos meus olhos; e eu, que já sete vezes tinha visto destruída pelo fogo a minha propriedade, ganha com tanto esforço e tanto sacrifício; eu, que por causa de incêndios passara por humilhações e trabalhos sem conta, sempre com uma resignação que nem sei de onde me vinha, por amor daquele par de botinas sucumbi e, pela primeira vez, chorei como uma criança!

Percebi então claramente que em vão lutaria contra o meu destino. Agora, já serenado, espero o oitavo incêndio, que consumirá os meus ossos e purificará a minha carne."

Assim falou o velho de barbas brancas e mãos trêmulas, que tão vivamente me trazia à lembrança o experimentado varão da terra de Hus. Job, tosquiando a cabeça e rasgando os vestidos, sentou-se num monturo a raspar com um caco de telha a imundice do corpo, em servidão espontânea aos mandados de Deus. Este novo Job, conquanto certo de uma perseguição misteriosa que o há de vencer, luta, trabalha com pertinácia, e ainda se chega para onde ouve falar em criancinhas, com o sentido de ensiná-las a ler!

"Enquanto se vive trabalha-se" resumiu ele ao despedir-se de mim. Sim; agora, como nos tempos antigos, há coisas no céu e na terra que não são nem sequer sonhadas pela filosofia; mas a verdade é que a maneira de gozar ou de sofrer a influência dessas coisas impenetráveis, é hoje, ainda bem para nós todos, muito diferente da dos dias de Job!

Fonte:
Júlia Lopes de Almeida. Livro das Donas e Donzelas. Belém/PA: Núcleo de Educação a Distancia da Universidade da Amazonia (UNAMA).