quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Vereda da Poesia = 209


Trova Premiada de
SÉRGIO BERNARDO
Nova Friburgo/RJ

“Vim aqui pagar promessa.”
Diz, com a vela na mão.
E o vigário: — “Vem depressa!
Vai ser dinheiro ou cartão?”
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Soneto de
PAULO CEZAR TÓRTORA 
Rio de Janeiro/ RJ

Aurora primaveril

Desabrocha sorrindo a beleza da vida.
Primavera! A estação da alegria e do amor...
Os casais se beijando em total despudor
Ornamentam de afeto a pracinha florida,

E na aurora eis o sol, em dourada investida.
Reverbera no voo do fugaz beija-flor,
A aquarela de tons que nos leva a supor
Ser a felicidade a razão desta vida.

Entre a copa cerrada o hospedeiro arvoredo
Dá aos ninhos, abrigo, em um lúdico enredo
De uma história irreal de mil sonhos dispersos.

E, num canto da praça o poeta, arredio,
Diz ao seu coração que preencha o vazio
E que iluda a tristeza, ao tecer os seus versos.
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Trova Premiada de
GERSON SILVESTRE A. GONÇALVES 
Belo Horizonte/MG

Santo Antônio saiu dessa
de “santo casamenteiro”,
pois se cobra uma promessa
divórcio chega primeiro.
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Poema de
DANIEL MAURÍCIO
Curitiba / PR

Sem pressa...
Na tua calmaria
Desacelero meu pensamento 
E como é bom respirar direito
Seguindo o ritmo do teu peito
Trocar a ansiedade
Pela pausa da saciedade 
Sem pressa
Pois tu és 
A fonte dos meus desejos.
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Trova Premiada de
A. A. DE ASSIS 
Maringá/PR

Promessa do esperto moço
ao bom sogro, ao se casar:
-- Voltaremos para o almoço,
todo dia... e pro jantar!
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Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal

O silêncio tem a voz duma saudade
(Cacilda Celso in "Mar Mítico / Mer Mythique", p. 27)

O silêncio tem a voz d’uma saudade
Não bate à porta e entra sem licença
Impondo a sua incômoda presença
E em casa os cantos todos ele invade.

Senta-se à mesa sem urbanidade
Mal entra pousa em tudo, sem detença
Alastra e tudo infecta, qual doença
Que venha só mostrar sua maldade.

Que se vá embora, eu tanto lhe imploro
E que me deixe em paz, eu quase choro
Temendo o que ele quer e, ao menos, fale!

Mas arrogante, mau e prepotente
Aos meus queixumes sempre indiferente
É ele que me exige que eu me cale!
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Trova Premiada de
ELVIRA GLÓRIA DRUMMOND
Fortaleza/CE

Fez promessa ao seu Doutor
que lhe disse: — Corte o pão!
A gordinha, a seu favor,
fatia o pão, desde então! 
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Soneto de
DANIEL FERNANDES DA SILVA 
Belo Horizonte/ MG

Alvorecer

Já o Sol, desdobrando o claro manto,
Entorna seus primeiros resplendores,
E as nuvens, matizadas de mil cores,
Vão dando ao firmamento um novo encanto;

Já se escuta entoar um doce canto
O coro dos alígeros cantores,
E do prado regando as lindas flores
Derrama a Aurora seu saudoso pranto;

Já enfim, pela luz do dia acesa,
Vê-se romper a sombra horrenda, escura
Que de luto tingia a natureza.

Só nest'alma, onde a noite sempre dura,
Não se aclaram as sombras da tristeza
Em que me tem envolto a Desventura.
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Trova Premiada de 
CEZAR DEFILIPPO 
Astolfo Dutra/MG

Não beber mais – garantiu,
promessa perante o santo!
E o bebum diz que cumpriu:
- tô bebendo o mesmo tanto!!!
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Soneto de
JOSAFÁ SOBREIRA DA SILVA
Jacarepaguá/ RJ

O show da aurora

Eu reparei que as fúlgidas auroras
realçam magistrais policromias
e, em seu prenúncio, no avançar dos dias,
mudam-se as cores, no mover das horas.

Descortinei que, sem longas demoras,
exibe a aurora loucas fantasias,
em que dormitam danças e magias,
depois que os ventos fincam-lhe as esporas.

Eu me encantei a cada dia lindo
e em cada aurora que fosse surgindo,
nesse mover de um frêmito sem fim!

E, acalentado por meus pensamentos,
nas manhãs frias suportava os ventos
vendo esse show que Deus montou pra mim!
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Trova Premiada de
JUAREZ F. MOREIRA DA SILVA 
Rio das Ostras/RJ

Não cumpriste ser fiel...
Mas, foi promessa de altar.
Te vi sair do motel
na hora em que eu ia entrar...
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Poetrix de
RONALDO RIBEIRO JACOBINA
Salvador/BA

Pena capital

Confesso e pena peço.
Senhor Juiz, eu roubo os sonhos
E registro-os em versos.
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Soneto de
MAURÍCIO CAVALHEIRO 
Pindamonhangaba/ SP

Auroras

Abria a porta quando vinha a aurora
com seus pincéis de singulares cores
pintar a serra, o ribeirão, as flores,
os bois no pasto, o céu e o pé de amora.

Sentia paz ante a visão, e embora
o reumatismo provocasse dores,
se ajoelhava a oferecer louvores
a Deus por mais uma divina hora.

Após a prece ela se punha em pé
e entrava na casinha de sapé
onde morava há muito tempo, só.

Essa senhora de tão longa idade,
que quis morar distante da cidade,
se chama Aurora... Ela é a minha avó.
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Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ

Nos trilhos da ferrovia,
ela, brincando, caminha.
- Até que afinal Maria
resolveu andar na linha...
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Hino de 
PELOTAS/RS

Salve, salve, ó Pelotas querida
Formosíssima terra do Sul
Tens coberta de glória a vida
Como é lindo o teu céu tão azul.

Não há terra no mundo grandiosa
Que te iguale no esplêndido brilho
De Pelotas a terra formosa
Tenho orgulho também de ser filho.

No teu seio aparece, fulgura
Alegria, instrução e valor
São Gonçalo baixinho murmura
A canção da saudade e do amor.

Salve, salve, ó Pelotas querida
Formosíssima terra do Sul
Tens coberta de glória a vida
Como é lindo o teu céu tão azul.

Hei de sempre Pelotas te amar
E trazer-te na minha memória
Aprendi no teu seio a chorar
E a sorrir nos momentos de glória.

Meus avós te souberam amar
Com orgulho, carinho e respeito
E ao morrer me fizeram herdar
Esse amor que conservo no peito

Salve, salve, ó Pelotas querida
Formosíssima terra do Sul
Tens coberta de glória a vida
Como é lindo o teu céu tão azul
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Soneto de
PAULO MAURICIO G. SILVA 
Teresópolis/ RJ

Teu violão

Magia dos acordes delicada...
Doce magia... Tons da inspiração...
Lembra o som de uma aurora imaculada.
Louros trigais dourando a imensidão.

Que vibração celeste, sossegada...
Raios de sol abrindo uma estação...
A minha alma flutua, acariciada
pelas notas sublimes de um refrão...

Que melodia suave, bem ritmada...
Afagos de uma brisa perfumada.
Remanso de uma tarde de verão.

Envolve-me a bucólica energia...
Meus nervos embriagados na harmonia
são cordas musicais do teu violão.
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Trova Premiada de
 LETÍCIA MATELA LOBOSCO 
Nova Friburgo/SP

“Boca livre garantida!”
Foi promessa do cunhado...
Cheguei lá, pouca comida
para muito convidado!
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Uma Lengalenga de Portugal
ERA UMA VEZ… 2
 
Era uma vez
Um gato maltês
Tocava piano
Falava francês
Saltou-te às barbas
Não sei que te fez
A dona da casa
Chamava-se Inês
O número da porta era o 33!
Queres que te conte outra vez?
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Trova Popular de
AUTOR ANÔNIMO

Minha mãe, case-me cedo,
enquanto sou rapariga,
que o milho sachado tarde
não dá palha, nem espiga.
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

A janela entreaberta

O Vento deixou
A janela  entreaberta,
E o Tempo tentou fechá-la,
Mas, não conseguiu
O Vento sorriu, enquanto
A noite trouxe a chuva,
Deslizaram gotas d’água
Em meu rosto,
E em cada gota, senti  uma carícia
Repleta  de Saudade,
Beijos em movimento…
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