uma jovem que se acaba,
olhando o filho da gente
e por quem a gente baba…
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Ah, mulher, tu me cativas,
mas os teus modos são tais,
que as glândulas que me ativas
são somente as lacrimais...
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A mulher, que é uma graça,
ao marido, que é um bicho:
"Fica lá fora que passa
hoje o caminhão de lixo..."
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A nossa língua não tem
o feminino de "padre".
O de "marreco", porém,
em hospital, é "comadre".
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Ante alguém maior do que eu,
vem-me o pensamento mau:
pode ser algum pigmeu
usando perna-de-pau...
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Às quartas, sofro um bocado
nas mãos de linda criatura
Jesus foi crucificado,
mas não fez acupuntura.
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Bombeiro botafoguense
se cala, em dia de jogo,
pois, quando seu time vence,
como gritar: "Botafogo?"
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Depois da "idade do lobo",
ao ver tudo por que passo,
ocorre a "idade do bobo",
que finda "na do palhaço"...
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Devem-se, a certo "sargento",
que não gostava de "cabo",
a criação e o lançamento
da palavra "menoscabo"...
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Dizem que mulher não pensa!
Pensa, sim. E por que não?
Se a morte traz dor imensa,
pensa, pensa na pensão!
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Eu tenho me perguntado
qual, enfim, é meu formato;
uns dizem que sou "quadrado",
outros falam que sou "chato"...
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"Hálux", que nome pomposo!
Sabes por acaso o que é?
Além de algo luminoso,
é também dedão do pé...
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"Limpo este mundo", dizia
certo escritor neurastênico.
Do jornal, onde escrevia,
faziam papel higiênico...
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"Minha vida", diz Gracinha,
"lembra tragédia de teatro.
Vejam que família a minha:
sai um, porém voltam quatro..."
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Muito fácil perceber
o caminho do pecado.
Basta só reconhecer
qual o mais congestionado.
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Na Criação, se deduz
qual o plano que Deus leva:
Ele faz, no início, a Luz
e ao fim, a Treva, digo Eva.
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Na mocidade florida:
"Ah, quanta beleza e encanto!"
Mas chega o final da vida:
"Ah, quanta feiúra e... espanto!"
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Não traz a felicidade,
ter dinheiro de montão.
Mas igualmente é verdade
que não ter também traz não...
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Nem "my darling" nem "mon cher"
me deixam assim bocó,
como quando essa mulher
me chama de "meu xodó"...
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No dia das mães, o galo
lamentava-se na rinha:
"Como vou comemorá-lo,
se minha mãe é galinha.?"
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O esquecimento, em mim, lavra,
mas não sei por que razão
me esqueço de uma palavra
e jamais de um palavrão...
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O homem sente falta imensa
do ar e da mulher que ele ama.
Há só uma diferença:
o ar atende e não reclama...
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Por não conseguir limpar
este imenso mundo nosso,
não deixo de me lavar
todas as vezes que posso...
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Qual Jesus, eu vou morrendo,
mas com estas restrições:
não na cruz - suplício horrendo -
nem só entre dois ladrões...
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Queixava-me da velhice,
querendo ouvir um conselho.
O doutor, então, me disse:
"Olha-te menos no espelho..."
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"Sê bem-vindo!" Interessante
é ler em super-mercado
o que pensa um assaltante
de quem vai ser assaltado...
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Se de "Ana" o diminutivo
é "Aninha", estranho, então,
ao pensar que o aumentativo
deva ser menor: "Anão"...
Fonte: José Fabiano & A. A. de Assis. Trovas brincantes. 2007 (livreto). Enviado por Assis
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