LUÍZA FILLUS
Irati/PR
Bendita realidade
quando a paz for preservada
não deixar a humanidade
viver mais desamparada.
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Poema de
SOLANGE COLOMBARA
São Paulo/SP
Soneto de um amor impossível
E devagar você foi chegando...
No meu coração se aconchegando.
Os meus dias frios tornaram-se verão,
De tanto carinho, houve a explosão.
Que vício delicioso é sua boca.
Nossos corpos colados sem roupa.
Nunca imaginei sentir algo assim,
Maravilhoso do começo ao fim.
Fomos felizes ao estarmos juntos.
Ríamos como dois adolescentes,
Nos olhávamos profundamente.
Era meu refúgio, meu bem querer.
Sem você, tudo perdeu o sentido.
Sem você, não conseguirei viver.
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Trova de
LUCILIA A.T. DECARLI
Bandeirantes/PR
O tempo intervém nos passos
e a vontade predestina,
se elimino os meus fracassos,
ou me curvo à triste sina!
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Soneto de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal
Antes que vosso amor meu peito vença
(Soror Violante do Céu in "Cem Sonetos Portugueses", p. 31)
Antes que vosso amor meu peito vença
Eu me entrego ao exército inimigo
Desse olhar que me traz em grande perigo
De eu mesma já não ser de mim pertença.
É uma peleja a vossa benquerença
Mesmo sem espada a que haveis comigo
E antes que, por derrota, ache castigo
A minha mão vos dou, em recompensa.
Madrigais foram armas da batalha
Insistindo fenderam a muralha
Onde eu guardava a minha castidade.
A vós se rende, alegre, o coração
Fazei dos vossos braços a prisão
Onde eu, feliz, me sinta em liberdade.
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Trova de
JESSÉ FERNANDES DO NASCIMENTO
Angra dos Reis/ RJ
Contemplo maravilhado,
me inspirando em cada verso,
o céu noturno estrelado
embelezando o universo.
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Poema de
ATÍLIO ANDRADE
Curitiba/PR
Poeira
A poeira
que o tapete
esconde
é a divisória
entre nós…
Do saber
e do não ver,
do ver e crer
e do não querer saber.
É na decência
que se ilumina
a descrença
na utopia
do dia a dia.
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Trova de
MARIA HELENA URURAHY CAMPOS DA FONSECA
Angra dos Reis/ RJ
Quando a noite em seu langor
se despede embriagada,
o amanhecer, em louvor,
ilumina a madrugada.
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Poema de
CARLOS FERNANDO BONDOSO
Alcochete/ Portugal
Vi-te no vento
olho-te
nos passos dos meus olhos
vejo escolhos
solidão e silêncios
lanço os braços agasalhos
frios pensamentos
afagados por momentos
no teu rosto quente
sinto-te
na difusa luz da minha mente
amor
por ti estou aqui
o brilho que sinto
no espaço que serpenteias
são teias teares e meias
que me vestem
nos silêncios
danças dançarinas
embaladas não foram meninas
foram melodias acabadas pelo som dos tambores
foram canções onde brotei amor e falei de ti
vi-te no vento
diluindo fugiste
deixas-te as partículas da dor
no tempo
corro e não consigo abraçar
o momento
que passa e que graça
agarro o Sol o brilho marfim
espiga
o teu sorriso de mulher
na minha alma de poeta
sim!
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Trova de
LÉLIA MIGUEL MOREIRA DE LIMA
Angra dos Reis/ RJ
Aquela folha que vaga,
naquela mata sou eu!
Aquele vento que afaga,
lembra quando tu eras meu.
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Poema de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918
A boneca
Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.
Dizia a primeira: “É minha!”
— “É minha!” a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.
Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha...
Tanto puxaram por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.
E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando à bola e à peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca...
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Trova de
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/ RN, 1951 – 2013, Natal/ RN
Em humor não me destaco,
mas, por pura peraltice;
mesmo não sendo macaco,
vou fazendo macaquice.
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Poema de
CRIS ANVAGO
Lisboa/ Portugal
Existe sim, uma força maior,
um querer, um desejo
de caminhar lado a lado
O coração só quer amar
E ser amado!
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP
Ficou rico o Zé Maria
na seca do Juazeiro,
vendendo "fotografia
de chuva"... por "dois cruzeiro"...
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Poema de
CÉLIA EVARISTO
Lisboa/Portugal
Leva-me contigo
Leva-me contigo
sempre que viajares por aí.
Guarda-me de mansinho,
seguirei deveras em ti.
Mas não vás sem mim,
não me deixes, por favor, assim.
Não me trates como uma desconhecida,
como se não te tivesse tocado jamais.
Fazes-me sentir perdida,
apenas mais uma entre as demais.
És o caminho que tanto sigo,
leva-me contigo.
E se não me levares,
que eu aprenda a sossegar o meu coração
que respira e palpita,
que sangra por dentro e por fora,
que a ansiedade devora,
ao sabor desta emoção.
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Trova de
CAROLINA RAMOS
Santos/ SP
Se a ternura nos aquece
e um grande amor nos ampara,
é quando a penumbra desce
que a vida fica mais clara!
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Hino de
OSASCO/SP
De mãos dadas, unidos, mil sonhos
Gestaremos no sul do querer
O ontem vitória dos tempos
Faz o hoje feliz florescer
É Osasco cantando a História
As glórias de um povo em ação
O movimento dos autonomistas (bis)
E voos que a vista
Dá no coração
Osasco
Osasco brilha
Na América do Sul
Foi em Osasco que o Homem
Sonhou e conquistou
O céu azul
Osasco
Osasco trilha
Os corações do porvir
Do trabalho ao esporte: a semana (bis)
A arte proclama
Um jeito de ser Brasil
De mãos dadas, cultura e raças
Se embalaram num mesmo querer
E do sonho se fez a cidade
Que hoje se orgulha de ser
"Osasco-Cidade Trabalho"
Bandeira de um povo em ação
Unido na fé e esperança (bis)
Brasão da vitória
Do "SIM" sobre o "NÃO"
Osasco
Osasco brilha
Na América do Sul
Foi em Osasco que o Homem
Sonhou e conquistou
O céu azul
Osasco
Osasco trilha
Os corações do porvir
Do trabalho ao esporte: a semana (bis)
A arte proclama
Um jeito de ser Brasil
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Trova de
SÍLVIA ALICE DE CARVALHO SOARES
Angra dos Reis/ RJ
No jogo do “perde e ganha”
Da guerra da Humanidade,
até sonho se barganha,
pois falta autenticidade!
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Poema de
APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA
Vila Velha/ES
Mudez
Sentado na calçada
do meu silêncio,
escuto vozes de parentes
que já se foram...
Não sei se irei revê-los
um dia,
em algum lugar, talvez, quem sabe...
e o silêncio, nada esclarece...
Apenas, como eu,
segue ao meu lado, sem dizer nada.
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Trova de
NEUSA APARECIDA MOREIRA MAIA
Angra dos Reis/ RJ
Coração apaixonado
não se cansa de esperar,
retorna sempre ao passado,
para o amor reencontrar.
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Poema de
ANTERO JERÓNIMO
Lisboa/ Portugal
Impunidade
Das muralhas frontais da tua determinação
Pensamento vigilante nas ameias da coragem
Com o fogo do sangue correndo nas veias
Implodiste a vontade de respirar liberdade
Na noite longa clareaste a madrugada
Hoje as muralhas estão corroídas
erodidas por ventos agrestes de corrupção
As ameias enfraquecidas de valores
não conferem proteção ao amor pelo próximo
Corre pelas veias o sangue da indiferença
cobiça e inveja são armas dilacerantes
O dia cinzento ecoa em seu prolongado lamento.
Levantem-se as sentinelas da integridade
Sacuda-se das vestes o cheiro bafiento* a impunidade!
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* Bafiento = mofado
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Trova de
RITA MOURÃO
Ribeirão Preto/ SP
Minha casa é pequenina,
com janelas sem vidraça,
mas tem a luz genuína
que do céu me vem de graça.
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Aldravia de
LUIZ GONDIM
Rio de Janeiro/RJ
incorporo
emoções
onde
debruço
meus
cansaços
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Poema de
PEDRO MACHADO ABRUNHOSA
Porto/ Portugal
Viagens
Já vai alta a noite, vejo o negro do céu,
deitado na areia, o teu corpo e o meu.
Viajo com as mãos por entre as montanhas e os rios,
e sinto nos meus lábios os teus doces e frios.
E voas sobre o mar, com as asas que eu te dou,
e dizes-me a cantar: "É assim que eu sou".
Olhar para ti e ver o que eu vejo,
olhar-te nos olhos com olhares de desejo.
Olhar para ti e ver o que eu vejo,
olhar-te nos olhos com olhares de desejo.
Eu não tenho nada mais pra te dar,
esta vida são dois dias,
e um é para acordar,
das historias de encantar,
das historias de encantar.
Viagens que se perdem no tempo,
viagens sem princípio nem fim,
beijos entregues ao vento,
e amor em mares de cetim.
Gestos que riscam o ar,
e olhares que trazem solidão,
pedras e praias e o céu a bailar,
e os corpos que fogem do chão.
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Poema de
ALESSANDRA GUIMARÃES
Ubiratã/PR
Madrugada fria
Todos dormem,
num profundo sono.
Rua deserta e silenciosa,
pássaros quietos, se escondem.
Somente gotículas de orvalho,
caindo sobre a calçada,
na madrugada fria.
A lua se esconde,
atrás de uma nuvem que passa,
tornando a noite mais escura.
Nuvens formosas,
carregadas d’água,
se congelam,
na madrugada fria.
O brilho das estrelas,
no infinito desaparecem.
O riacho murmura, levemente,
o vento sopra calmamente,
o eco se cala lentamente,
somente o amor vibra,
na madrugada fria.
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Quadra Popular
AUTOR ANÔNIMO
Vai-te, carta venturosa,
vai ver a quem quero bem,
diz-lhe que eu fico chorando
por não poder ir também.
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Décimas de
UGOLINO DO SABUGI
(Ugolino Nunes da Costa)
Teixeira/PB, 1830 – 1893
As obras da natureza
As obras da Natureza
São de tanta perfeição,
Que a nossa imaginação
Não pinta tanta grandeza!
Para imitar a beleza
Das nuvens com suas cores,
Se desmanchando em louvores
De um manto adamascado,
O artista, com cuidado,
Da arte, aplica os primores.
Brilham, nos prados, verdumes
De um tapete aveludado;
Brilha o rochedo escarlado*,
Das penhas seus altos cumes;
Os montes formam tais gumes,
Que a gente, os observando,
Vê como que se alongando,
Sumir-se na imensidade ...
Nossa visibilidade
os perde se está olhando.
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* Escarlado = Cor brilhante de carmesim vivo
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Triverso de
PAULO LEMINSKI
Curitiba/PR, 1944 – 1989
tudo dito,
nada feito,
fito e deito
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Soneto de
PEDRO MELLO
União da Vitória/PR
Pequeno tratado sobre a dor
A dor do infarto, dor que chama a morte,
a dor que ataca um mal cuidado dente,
a dor pós-cirurgia, a dor do corte,
a dor da cãibra, o músculo torcente...
o chute acidental... e um homem forte
da partida-batalha sai dormente...
a dor do câncer faz perder o norte,
a dor do parto abala quem a sente...
Mas entre dores tantas, afinal,
qual é a que faz alguém perder o sono
e despencar o pranto sem contê-lo?
...É a dor de todos, dor universal,
amargo resultado do abandono,
a dor pior... é a dor de cotovelo…
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Trova de
OLIVALDO JUNIOR
Mogi-Guaçu/SP
Entre velhos pergaminhos,
chilreando feito gralhas,
namorados são pombinhos
que dividem as migalhas.
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Spina de
ISABEL PERNAMBUCO
Maceió/AL
Jardim em flor...
Passeio num jardim
de flores perfumadas
regadas com carinho
Lindas borboletas celebram a vida,
atraídas pelas cores que cintilam!
Colibri em liberdade constrói ninho,
sugando suave néctar das amarílis!
Rosas, lírios, ipês, ornam caminho.
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Haicai de
GUILHERME DE ALMEIDA
Campinas/SP, 1890 – 1969, São Paulo/SP
Equinócio
No fim da alameda
há raios e papagaios
de papel de seda.
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Epigrama de
MILLÔR FERNANDES
Rio de Janeiro/RJ, 1923- 2012
Aqui jaz minha mulher
que partiu para o Além.
Agora descansa em paz
e eu também.
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Soneto de
IALMAR PIO SCHNEIDER
Porto Alegre/RS
O soneto
Para escrever quatorze linhas, tenho
que dedicar o tempo disponível,
e embora seja humilde meu engenho,
vale a pena, afinal, tornar possível
esta tarefa nobre de alto nível...
É preciso sonhar e ter empenho
de alimentar um grande amor incrível,
somente realizável por um gênio...
Sinto, no entanto, que não devo alçar
voo tão alto, e me penitenciar
de assim querer e então me comprometo
a desobedecer esta vontade;
e caindo, por fim, na realidade,
aqui me despedir... Eis o Soneto !…
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Limerique de
TATIANA BELINKY
São Petersburgo/Rússia, 1919 – 2013, São Paulo/SP
Quem pensa que eu sou uma ogra
No seu pensamento malogra.
Língua bifurcada?
Só quando enfezada.
Porque eu sou mesmo é sogra.
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