Cláudio de Cápua
São Paulo/SP, 1945 – 2021, Santos/SP
Unindo a seresta ao verso
quero compor na amplidão.
Sou menestrel do universo,
em tardes de solidão.
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Soneto de Santo André/SP
Rommel Werneck
(Rommel dos Santos Andrade Werneck)
LUA LACRIMOSA
Não chores, lacrimosa e nívea Lua!
Se algo que falei agora te magoa,
Perdoa-me por vil lágrima tua
Que em ti desliza e em mim, na alma, ressoa!
Não chores, não destruas a beleza!
Por minha causa, por causa do amor
Eu não quis te causar nenhuma dor
Sabes que te amo, Musa da Pureza!
Mas, mesmo sendo à noite, a sinfonia,
Ficarias mais linda sendo rosa...
Ficarias mais linda sendo estrela...
Tu, se me amares, pálida e tão bela
Deixarás de ser lua lacrimosa
E serás o Sol, luz, fonte do dia!
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Trova Humorística do Rio de Janeiro/RJ
Jotão Silva
Casamento de verdade
pouca gente ainda procura:
querem ter a propriedade
sem pagar pela escritura!
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Poema de Cachoeira do Sul
Jaqueline Machado
QUERIA SER
Na fração de tempo que cabe todo o meu existir,
queria ser o brilho eterno de um raio dourado
a despertar a consciência
de quem não sabe que nasceu para ser feliz...
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Trova de Sorocaba/SP
Dorothy Jansson Moretti
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP
A cada golpe que malha
a rude pedra, o escultor
bendiz o cinzel que entalha
a estátua do seu amor.
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Quase um Soneto, de Maringá/PR
José Feldman
A VELHA CHATA
Essa é uma história ridícula,
com certeza é puro papo,
que vivia em uma edícula
uma velha... que era um trapo.
Sempre estava resmungando,
sobre todos, sobre tudo,
e sua vida, estagnando
em seu modo carrancudo.
Passam horas, passam dias,
se esvaindo as alegrias
passa o tempo sem cessar.
Só esta velha não passa,
chata... parece pirraça,
a todos a azucrinar.
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Trova de Angra dos Reis/RJ
Jessé Nascimento
(Jessé Fernandes do Nascimento)
Me esculpindo a cada dia,
vendo no Mestre o padrão,
tento chegar - que utopia! -
mais perto da perfeição.
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Sextilha de Caicó/RN
Hélio Pedro
(Hélio Pedro Souza)
Surge em cada alvorecer,
o sol que cumpre o seu plano
de aquecimento ao planeta
sem que falte ano após ano,
mas no mundo o que mais falta
é o calor do ser humano.
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Haicai de Manaus/AM
Anibal Beça
(Anibal Augusto Ferro de Madureira Beça Neto)
Manaus/AM, 1946 – 2009
Morcego em surdina
morde e sopra o velho gato.
Não contava o pulo...
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Pantun de Caicó/RN
Professor Garcia
(Francisco Garcia de Araújo)
PANTUN DE ELEVADA PRECE
TROVA TEMA:
Na aurora de cada dia,
a Deus elevo uma prece;
- Pai, enchei de poesia
nosso povo que padece!
(Joamir Medeiros – RN)
PANTUN:
A Deus elevo uma prece;
ó Pai, salvai por favor,
nosso povo que padece
por falta de pão, de amor,
Ó Pai, salvai por favor,
os excluídos do afeto,
por falta de pão, de amor,
vivem sem lar e sem teto.
Os excluídos do afeto,
não têm voz, nem têm razão,
vivem sem lar e sem teto
ante a cruel exclusão.
Não têm voz, nem têm razão,
por berço, a melancolia,
ante a cruel exclusão
na aurora de cada dia.
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Trova Humorística de Maringá/PR
A. A. de Assis
(Antonio Augusto de Assis)
Aceitas dar-me os deleites
da próxima contradança?...
– Aceito, desde que aceites
não me apertar contra a pança!
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Soneto de São Paulo/SP
Therezinha Dieguez Brisolla
ACEITAÇÃO
É sorrateira… chega de improviso.
Não há ninguém que a queira ou que a cobice!
Tento aceitá-la… sinto que é preciso
pois expulsá-la, eu acho que é tolice.
Não bate à porta… entra sem aviso.
Põe em meu rosto triste, tal meiguice!
E me faz calma… abranda o meu sorriso
me dá também um “quê” de criancice.
Mas, não vem só… me traz esta saudade
e a nostalgia desta dor que invade
meu coração e nele se encarcera.
Pondero bem… e ao discutir comigo
refaço sonhos e, feliz, lhe digo
“Entre, velhice… estava à sua espera”
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Trova Premiada em São Francisco de Itabapoana/RJ, 2007
Alba Helena Corrêa
Niterói/RJ
Onde Deus pôs mais beleza?
Na face? Creio que não!
Trago comigo a certeza:
Foi dentro do coração!
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Soneto de Vila Velha/ES
Edy Soares
(Edmardo Lourenço Rodrigues)
QUANDO EU PARTIR
Dá-me o teu colo, afagos e aconchego,
conta-me histórias, dá-me o teu abraço,
sê meu parceiro em coisas que hoje eu faço,
demonstra em vida que me tens apego.
Quando eu mais velho reclamar cansaço,
estende o braço e dá-me paz, sossego
e, ao fim da vida apenas desapego,
deixa eu partir, sem muito estardalhaço.
Não me interessa quem me chora a morte,
melhor saber que em vida eu tive a sorte
de não ter tido amigos de mentira!
Quando chegar o dia da partida,
se vou deixar um corpo já sem vida,
pouco me importa quem acenda a pira.
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Aldravia de São Caetano do Sul/SP
Francisco Nunes
o
salva-vidas
morreu
afogado
na
tristeza
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Sextilhas de Niterói/RJ
Fagundes Varela
(Luiz Nicolau Fagundes Varela)
Rio Claro/RJ, 1841 – 1875, Niterói/RJ
Amo o cantor solitário
Que chora no campanário
Do mosteiro abandonado,
E a trepadeira espinhosa
Que se abraça caprichosa
À forca do condenado
Amo os noturnos lampírios
Que giram, errantes círios,
Sobre o chão dos cemitérios,
E ao clarão das tredas luzes
Fazem destacar as cruzes
De seu fundo de mistérios
Amo as tímidas aranhas
Que lacerando as entranhas
Fabricam dourados fios
E com seus leves tecidos
Dos tugúrios esquecidos
Cobrem os muros sombrios
Amo a lagarta que dorme,
Nojenta, lânguida, informe,
Por entre as ervas rasteiras
E as rãs que os pauis habitam
E os moluscos que palpitam
Sob as vagas altaneiras
Amo-os, porque todo o mundo
Lhes vota um ódio profundo,
Despreza-os sem compaixão
Porque todos desconhecem
As dores que eles padecem
No meio da criação.
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Trova de Bandeirantes/PR
Lucília Alzira Trindade Decarli
A felicidade é rara
e bem poucos a conhecem…
Os que a viram “cara a cara”,
nunca mais dela se esquecem!
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Poema de Portugal
Adolfo Casais Monteiro
(Adolfo Vítor Casais Monteiro)
Porto/Portugal, 1908 – 1972, São Paulo/SP
AURORA
A poesia não é voz - é uma inflexão.
Dizer, diz tudo a prosa. No verso
nada se acrescenta a nada, somente
um jeito impalpável dá figura
ao sonho de cada um, expectativa
das formas por achar. No verso nasce
à palavra uma verdade que não acha
entre os escombros da prosa o seu caminho.
E aos homens um sentido que não há
nos gestos nem nas coisas:
vôo sem pássaro dentro.
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Epigrama de Salvador/BA
Roberto Correia
(Roberto José Correia)
1876 – 1941
No Brasil, é pragmática,
Das discussões na fervura,
Entrar – no meio – a gramática,
No fim a descompostura.
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Glosa de Fortaleza/CE
Francisco Pessoa
(Francisco José Pessoa de Andrade Reis)
Fortaleza/CE, 1949 - 2020
CADA PASSO É MAIS UM SONHO
AO LONGO DO CAMINHAR
Esteja alegre ou tristonho
O poeta enxerga a vida
Tal a terra prometida…
Cada passo é mais um sonho.
Chega ao destino risonho,
Pelo prazer de rimar
E antes mesmo de apear
Em pensamentos, imerso,
Olha pra trás, vê seu verso
Ao longo do caminhar.
Usei todos os atalhos
Que encontrei pelo caminho,
Fiz de quando em quando um ninho,
Fiz de estrelas agasalhos.
Os meus cabelos grisalhos
Tingidos pelo luar,
Retratam bem meu andar…
Embora um tanto tardonho,
Cada passo é mais um sonho
Ao longo do caminhar.
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Trova Premiada em Bauru/SP, 2004
Neide Rocha Portugal
Bandeirantes/PR
Entre o barro e o pó da estrada
das lavouras de onde eu venho,
minha herança, na jornada,
são esses calos que eu tenho!
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Spina* de São Paulo/SP
Solange Colombara
SEMENTE
Renasço cada manhã,
ecoando em silêncios
esta intensa sensação
de sentir-se viva, uma ilusão
em que fragmentos da alma
unem-se aos ecos no chão,
germinando de novo a vida...
abraçando a voz do coração.
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* O Spina é um poema de duas estrofes. A primeira de três versos com três palavras, obrigatoriamente, iniciada por uma acepção trissílaba. A última palavra desta estrofe rimará sempre com a última do terceiro e quinto versos. Cada palavra dos versos está representada pelo sinal diacrítico (til). A segunda estrofe é composta por cinco versos com cinco palavras em cada verso.
Palavras compostas com e sem hífen são censuradas no início do poema. Da mesma forma que a ênclise e a mesóclise.
O último verso da primeira estrofe rimará sempre com o terceiro e quinto verso da segunda estrofe. Além deste esquema rímico obrigatório: ABC//DECFC se admite rimas nos demais versos. No entanto, não se deve mudar o esquema rímico obrigatório.
O título e a métrica são opcionais. Ao optar pela métrica regular, não se deve, jamais, alterar a quantidade de palavras dos versos com o intuito de alcançar a métrica desejada.
As conjunções: mas, e, porém, no entanto, entretanto, pois, todavia, contudo, são todas proibidas. As palavras compostas por hífen são contadas como uma única palavra. As compostas sem hífen são contadas individualmente. A aglutinação de palavras por apóstrofo não as tornam vocábulos únicos. Cada elemento será contado como único.
Utilizar palavras iguais nas rimas quando os seus significados forem diferentes; não são permitidas rimas imperfeitas nas sequências obrigatórias.
As palavras contendo as chamadas consoantes mudas (e sonoras) que tenham três sílabas compostas por consoantes e vogais podem iniciar o SPINA.
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