A. A. de Assis
(Antonio Augusto de Assis)
A prata, em nosso cabelo,
faz ninho se a idade vem...
Que pena ela não fazê-lo
em nossos bolsos também!
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Poema de Castro/PR
Maria Antonieta Gonzaga Teixeira
PÔR DO SOL DA MINHA JANELA
Janela encantada
Em primavera florida
É natureza de encantos
De beleza e vida.
O pôr do sol da minha janela
É aquarela de mil cores.
Que embriaga pensamentos
bem-quereres e amores.
Com o pôr do sol
As lembranças chegam devagarinho
Nas saudades dos momentos felizes
De nossas carícias e juras de amor.
Olho o sol se pondo….
E vejo em quantas primaveras
Vimos esse pôr do sol...
E hoje sinto sua falta.
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Epigrama de Portugal
Bocage
(Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage)
Setúbal, 1765 – 1805, Lisboa
Levando um velho avarento
Uma pedrada num olho,
Pos-se-lhe no mesmo instante
Tamanho como um repolho.
Certo doutor, não das dúzias,
Mas sim médico perfeito,
Dez moedas lhe pedia
Para o livrar do defeito.
“Dez moedas! (diz o avaro)
Meu sangue não desperdiço:
Dez moedas por um olho!
O outro dou eu por isso.”
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Poema de Curitiba/PR
Sonia Cardoso
IR E VIR
Sim, já vesti os mortos
E desvesti os vivos
Acompanhei suas dores,
Melancolias profundas
Caminhadas trôpegas
E saídas jubilosas
O ir e vir da vida.
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Trova Premiada em Belo Horizonte/MG, 2005
Dorothy Jansson Moretti
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP
Quando me entrego ao passado,
sinto-o tão perto e envolvente,
que – esquecido e enevoado –
longe de fato... é o presente.
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Poema de Alverca/Lisboa/Portugal
Célia Evaristo
SER CRIANÇA
No coração de uma criança
há todo um misto de emoções.
No olhar brilha a esperança
que saltita entre canções.
Tem o perfume das flores
em cada dedo da mão.
E nas suas brincadeiras
rebola pelo chão.
Em cada estrela tem uma amiga,
faz o dia nascer.
E enquanto assobia
há um sonho a acontecer.
No sorriso espelha alegria
e tanto para ensinar.
Tem pozinhos de magia,
o dom de transformar.
Não conhece a maldade,
ainda lhe resta a pureza.
Neste mundo de crueldade
tenta afastar a tristeza.
Está sempre a cantarolar,
agarra as nuvens e vai.
Fecha os olhos e, a voar,
nem dá conta que deste mundo sai.
Ser criança é ser maior,
não contar o tempo pela idade.
É viver de abraços e de amor
no coração da liberdade.
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Poetrix de Palmeira das Missões/RS
Carlos Vilarinho
fio da navalha
O fio da navalha,
Onde o verso se apóia,
O poeta se equilibra…
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Poema de Lisboa/Portugal
Antero Jerónimo
A saudade são alvos fiapos
dependurados na imensidão do pensamento
nesse lugar bem cativo
onde a lembrança se faz eterna.
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Trova de Barreiro/Portugal
Victor Manuel Capela Batista
A seca traz muita fome
enche todos de tristeza,
para gente que mal come
o porvir é uma incerteza.
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Soneto de Taubaté/SP
Luiz Antonio Cardoso
CHEGASTE…
Chegaste em meu destino, de repente,
com poucas palavrinhas, a sorrir.
Chegaste no meu mundo e docemente,
fizeste a minha vida refulgir.
Chegaste, completando o meu presente…
traçando com detalhes meu porvir.
fazendo renascer, efervescente,
a vida – que queria inexistir !
Chegaste, numa noite irretocável,
alimentando sonhos magistrais
de um tempo de carícia incomparável.
Chegaste… e amanheceu neste jardim…
e aquele que era triste? Não é mais…
fizeste florescer dentro de mim !
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Haicai de São Vicente/SP
Marly Barduco Palma
Lembranças da infância –
No vestido da menina
Pousa joaninha.
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Décima de Petrópolis/RJ
Gilson Faustino Maia
Você conhece o poeta,
aquele que canta em versos
as belezas do Universo
e que de forma discreta,
fala da vida secreta
dos seus ais, dos seus amores?
De seu mundo de esplendores?
Ele está em toda parte,
canta com garra e com arte,
sua fé e seus louvores.
Está na terra e no ar,
está na morte e na vida,
no olhar da mulher querida,
em seu viver, seu sonhar
e no desejo de amar.
Canta o mar com seu furor,
os desencontros do amor,
florestas, aves em festas,
madrugadas e serestas
e as mágoas do trovador.
A lua e sua beleza.
Canta a paz, tão desejada,
o amor que ficou na estrada,
as forças da natureza
e do sol, a realeza.
Canta a vida, tão sofrida,
sua pobreza bandida,
sua ternura no olhar.
Porém quem irá cantar
sua eterna despedida?
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Trova de Santos/SP
Carolina Ramos
Só tu, sabiá tristonho,
preso, conheces a dor,
da atroz solidão de um sonho
dos que vivem sem amor!
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Poema de Floriana/Ilha de Malta
Oliver Friggieri
SOMOS ÁGUA VIVA
Nossa história deve terminar algum dia
Como água do manancial que ao remanso chega
Ou pedra que rola até deter-se,
Como um pêndulo de relógio que ao fim se imobiliza.
Cada dia ao anoitecer, em nossas casas
Quando nossos filhos perguntam o que está passando
Trocamos de tema ao não ter resposta
E cantamos o estranho hino de nossa idade:
“Somos água viva e nada a bebe
Porque nas ondas se encontra o sal da destruição.
Somos pedras eliminadas dos altares
De Deuses enfermos que iam mortos desesperados
Em uma luta contra eles mesmos. Pêndulo somos
Que está a ponto de gastar o seu vigor.”
(tradução de José Feldman)
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Quadra Popular
Rouxinol canta de noite,
de manhã a cotovia;
todos cantam, só eu choro
toda a noite e todo o dia!
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Elegia* do Rio de Janeiro/RJ
Alphonsus de Guimaraens Filho
(Afonso Henriques de Guimarães Filho)
Mariana/MG, 1918 – 2008, Rio de Janeiro/RJ
ELEGIA PARA MÁRIO DE ANDRADE
Era doce viver, se a madrugada
paulistana molhava as rosas, os milhões
de rosas paulistanas... A arraiada
afugentando pasmos... Mas, pinhões!
que não seria desta vida airada,
destes sítios de dor, destes sertões!
Havia o mundo, a face ensanguentada
do mundo... uivando, uivando nos salões.
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cinquenta,
Mário dizia, o coração batendo
de amor, de um forte amor insaciado.
Mário de humanidade se alimenta.
Mário é milhões de corações sofrendo.
E um dia o corpo... um sonho inanimado.
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*Na Literatura Grega antiga o termo "elegeia" originariamente referia-se a qualquer verso escrito em dístico elegíaco cobrindo uma vasta gama de assuntos, entre eles, os epitáfios para túmulos. A elegia na Literatura Latina foi mais erótico ou mitológico. Devido ao seu potencial estrutural para efeitos retóricos, o dístico elegíaco foi também utilizada pelos poetas gregos e romanos para assuntos espirituosos, engraçados e satíricos.
Modernamente, elegia é uma poesia de tom terno e triste. Geralmente é uma lamentação pelo falecimento de um personagem público ou um ser querido. Vale ressaltar que na elegia também há digressões moralizantes destinadas a ajudar ouvintes ou leitores a suportar momentos difíceis. Por extensão, designa toda reflexão poética sobre a morte: a elegia, assim como a Ode, tem extensões variadas. O que as difere é que a elegia trata de acontecimentos infelizes.
Na antiguidade, a elegia era uma composição da poesia lírica monódica (ou seja, declamada pelo próprio poeta, geralmente, e acompanhada por um só instrumento musical - como a lira; ao contrário da lírica coral, apresentada por um coro, como ou sem acompanhamento musical), aparentada à épica pela sua forma. No entanto, o metro utilizado era o dístico elegíaco. Havia vários tipos de elegia, conforme seu conteúdo: elegia marcial ou guerreira, elegia amorosa e hedonista, elegia moral e filosófica, elegia gnômica...
Inicialmente definida pelo metro específico, chamado metro elegíaco, a elegia passou a designar um gênero poético que se caracterizou não pela forma, mas pelo assunto: a tristeza dos amores interrompidos pela infidelidade ou pela morte.
A elegia surgiu na Grécia antiga, com Calino de Éfeso (século VII a.C.), Tirteu e Mimnermo. Seus poemas eram cantos guerreiros que incitavam à luta. Calímaco, importante poeta alexandrino do século III a.C., foi um dos primeiros a escrever elegias no sentido do moderno termo, ou seja, como poemas líricos e tristes. Sua elegia Os cabelos de Berenice, da qual só restaram fragmentos, constituiu o primeiro modelo do gênero.
Entre os romanos, o primeiro grande poeta elegíaco foi Tibulo. Seus três livros sentimentais, muito lidos durante a Idade Média, influenciaram fortemente os poetas da Renascença. Foram preferidos às elegias de Propércio, que inauguraram um subgênero, com poemas ardentemente eróticos. O mais importante dos elegíacos romanos foi Ovídio: os Poemas tristes e as Cartas do Ponto, que lamentavam seu exílio, se aproximam bastante das elegias modernas.
No século XVI, a elegia transformou-se num dos gêneros poéticos mais cultivados, embora ainda pouco definido. Em Portugal, o primeiro escritor de elegias foi Sá de Miranda, mas Camões foi o principal: da edição de 1595 de suas obras completas, constam quatro elegias, tidas pelas melhores em língua portuguesa. Na França da Renascença, destacou-se no gênero Pierre de Rosnard.
Na poesia inglesa, a elegia apareceu com Astrophel, lamento fúnebre de Edmund Spenser. Durante quase três séculos produziram-se, dentro desse modelo, alguns dos maiores poemas da literatura inglesa, como Lycidas, de Milton (1638), Adonais, de Shelley (1821), sobre a morte de Keats, e muitas outras. Contudo a mais famosa elegia da língua inglesa foi Elegy Written in a Country Church Yard (1751; Elegia escrita num cemitério da aldeia), de Thomas Gray, meditação sobre a morte de gente humilde e anônima e uma das obras capitais do pré-romantismo europeu.
Em outras literaturas, a elegia assumiu características pagãs, como as belas e eróticas Römische Elegien (1797; Elegias romanas), de Goethe, obra prima da literatura alemã. No século XX, a obra mais importante do gênero foi sem dúvida Duineser Elegien (1923; Elegias de Duino), do poeta alemão Rainer Maria Rilke. No Brasil, o mais importante autor de elegias foi Fagundes Varela, no século XIX. Destacam-se ainda Cristiano Martins, Vinicius de Moraes, Cecília Meireles (em Solombra) e Dantas Mota, no século XX. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Elegia)
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