domingo, 29 de dezembro de 2024

Vereda da Poesia = 189


Trova de
JOSÉ VALDEZ DE CASTRO MOURA
Florianópolis/ SC

Tento fugir da rotina,
conquistar um novo espaço...
mas minha tristeza assina
seu nome por onde passo...
= = = = = =

Soneto de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal

Tão leve estou que já nem sombra tenho
Mário Quintana in "A rua dos Cataventos", p. 48

Tão leve estou que já nem sombra tenho
Como nuvem que passe transparente
No céu dos dias onde é sempre ausente
A cor forte do velho e nobre estanho.

Sou como o traço fino de um desenho
Magro e sumido, um corpo em seu poente
Que viva da palavra e se alimente
Do verso que estiver de bom tamanho.

Tão leve, qualquer dia eu me evaporo
Deste corpo onde quase já não moro
Por castigo ou capricho do destino.

Mas por graça da suma divindade
Subirei através da claridade:
Vou ser eternamente e só menino!
= = = = = = = = =  

Trova de
EDUARDO AMARAL DE OLIVEIRA TOLEDO
Pouso Alegre/ MG

A mentira mais fingida
que aprendi, quando criança,
foi ouvir que pela vida
quem espera sempre alcança.
= = = = = = 

Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

Faço-me lágrima

Quando àquelas distantes
nuvens
Nublam teu olhar
(Abraço teus tons
de gris)
Abro e
fecho
parênteses
E inebriada, silencio-me

Faço-me lágrima
Para deslizar dos teus cílios,
Alongando desejos
De te beijar
E desaguo no cantinho
Dos teus lábios
E, assim desperto uma pontinha
Do teu sorriso...
= = = = = = 

Trova de
MAURÍCIO NORBERTO FRIEDRICH
Porto União/SC, 1945 – 2020, Curitiba/PR

Num relógio, vendo a hora,
no outono de minha lida,
vejo que não há demora
no ocaso de minha vida!

= = = = = = 

Soneto de
LAÉRCIO BORSATO
Poços de Caldas/MG (via Port Hope, Canadá)

... Às margens do Lago Ontário 

Andando às margens do lago Ontário
Por alguns instantes, após o sol posto.
Dia vinte e seis deste lindo mês de agosto.
Como o sol, havíamos cumprido o itinerário...

Nessa tarde sentia-me feliz e disposto,
Caminhava e tinha em mente, involuntário
Desejo de voltar. Via naquele cenário,.
O espelho das águas, esculpir o meu rosto...

Desviei o olhar nas orlas do horizonte
Ataviadas em cores róseas. Vi o monte
Exibindo um verde que não vira, até então.

Nesse devaneio ao meio a lindas flores,
Vi estrelas mostrando seus resplendores;
E a saudade invadiu de vez meu coração.
= = = = = = = = = 

Trova de
LORIS TURRINI
Tremembé/SP

Este manto que carregas,
como bandeira estendida,
é vitória das refregas
que enfrentaste nesta vida!
= = = = = = 

Soneto de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918

Incontentado

Paixão sem grita, amor sem agonia,
Que não oprime nem magoa o peito,
Que nada mais do que possui queria,
E com tão pouco vive satisfeito...

Amor, que os exageros repudia,
Misturado de estima e de respeito,
E, tirando das mágoas alegria,
Fica farto, ficando sem proveito...

Viva sempre a paixão que me consome,
Sem uma queixa, sem um só lamento!
Arda sempre este amor que desanimas!

Eu, eu tenha sempre, ao murmurar teu nome,
O coração, malgrado o sofrimento,
Como um rosal desabrochado em rimas.
= = = = = = 

Trova de 
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/ RN, 1951 – 2013, Natal/ RN

O papel que eu desempenho 
na poesia, não tem preço; 
pelos amigos que eu tenho… 
Ganho mais do que mereço!
= = = = = = 

Poema de 
JOSÉ FARIA NUNES
Caçu/GO

Poesia e liberdade

A caneta do poeta
rebela-se
ante a injustiça
do poder.
E faz-se poder
na liberdade
do ato de pensar.
Quando o poder
em seu império de força
impõe-se
sobre a caneta do poeta
então este carece
de ser mais que poeta:
dele se exige
a engenharia dos deuses
na construção mágica
do amor.
= = = = = = 

Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP

Na briga que o meu cabelo, 
e a careca estão travando 
lamento ter que dizê-lo, 
a careca está ganhando...
= = = = = = 

Poema de
TERESINKA PEREIRA
Ohio/Estados Unidos

As portas 

Não podemos aceitar 
todo o sofrimento 
que nos impõe o desconhecido. 
Para cada porta fechada 
haverá mais de cem portas abertas 
na história da nossa vida. 
Nossa mente fará a jornada 
se permitirmos que nos deve 
mais uma vitória 
neste vertiginoso romance 
com as pessoas que nos amam 
o suficiente para entender-nos.
= = = = = = 

Trova de
CAROLINA RAMOS 
Santos/ SP

As bandeiras desfraldadas..,
O povo em vai-vem nas ruas...
e as esperanças sonhadas
são minhas... e também tuas!
= = = = = = 

Hino de
BODOCÓ/ PE

No sopé dessa serra planalto
Bodocó se afirmou e cresceu
E é hoje o destaque mais alto
No cenário erudito e plebeu

Já contando alguns anos de vida
Desde que por lei se emancipou
É a nossa cidade querida
A quem rendemos nosso louvor

A cidade sempre adolescente
Com orgulho costuma mostrar
Sua juventude inteligente
Que estuda e quer prosperar

O seu povo é muito ordeiro
Pois aqui só se pensa em crescer
E o exemplo há de ser pioneiro
Do progresso e do bom conviver
= = = = = = = = =  

Trova de
CÉLIA GUIMARÃES SANTANA
Sete Lagoas/MG

O guri, a todo dia,
uma vidraça quebrava.
O seu pai empobrecia...
E o vidraceiro enricava!
= = = = = = = = =  

Soneto de 
MÁRCIA SANCHEZ LUZ
São Paulo/SP

Bilhete de Julieta

Por que você partiu sem me contar
que o fim estava próximo e que nós
não poderíamos nos ver após
a cotovia, lúgubre, cantar?

Não foi de fato amor de acarinhar,
nem foi de fato amar de amor feroz.
Da forma como veio, assim veloz,
partiu e me deixou sem me acordar.

E agora o que fazer sem seu carinho
para acalmar a febre em sonhos meus?
Não quero mais ninguém em nosso ninho.

Eu sei – a vida é assim –, dirá quem ler,
mas não sei mais o que fazer, meu Deus!
Como é difícil deste amor morrer!
= = = = = = = = =  = = = = 

Trova Premiada de
RITA MOURÃO
Ribeirão Preto/ SP

Não diga adeus por favor, 
me deixa assim , iludida. 
Quero pensar que este amor 
não tem porta de saída.
= = = = = = = = = 

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