segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Vereda da Poesia = 117 =


Trova de
VICTOR BATISTA
Barreiro/Portugal

Um pescador de talento
é quem espera e confia,
tirar do mar o sustento
no nascer de cada dia
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Poema de
VIVI VIANA
Natal/RN

Paixão
 
Penso em ti…
Sonhos e medos atormentam meu ser
sofro a condenação por te querer
choro, gosto, quero, não quero…
E assim vive minha pobre alma
tentando desvendar
o livro do teu ser.
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP

A saudade não me poupa,
desenhando, fio a fio,
o perfil da tua roupa
no guarda-roupa vazio...
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Soneto de
DOROTHY JANSSON MORETTI
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP

Cadeira de Balanço

“Tanto luar assim…?! Só pode ser engano”
Miguel Russowsky (1923 – 2009)

Ao suave balanço da cadeira,
ao clarão do luar, em meu recanto,
o sonho, de investida sorrateira,
me envolve com seu místico acalanto.

Se a lua é mentirosa ou verdadeira,
não importa; eu me entrego ao seu encanto.
(A vida é tortuosa e passageira,
mas eu aceito em paz meu tanto-ou-quanto).

Rebrilha a lua, a cadeira balança,
e eu, galopando ao dorso da lembrança,
revivo a minha saga, ano por ano.

E enfim, de volta à cena que me inspira,
tudo parece uma grande mentira…
Até o luar, também…. parece engano!
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Trova de
PAULO ROBERTO WALBACH PRESTES
Curitiba/PR, 1945 – 2021

O refúgio que eu habito
para mim é tão sagrado:
é minha alma, eu acredito,
o meu lar ensolarado.
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Poema de
AUGUSTO MACÊDO
Santana do Matos/RN

Saudade é uma Ficção…

Chegaram a conclusão
que o cientista não mente,
está provado realmente:
Saudade é uma ficção.
Já existe outra versão
disse um grande pensador
que a saudade é uma dor
que a gente sente doer,
é oculta e ninguém “ver”
não tem perfume, nem cor!
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Trova Popular

Não me tentes com fortuna
para contigo casar:
eu prefiro mais que tenha
coração para me dar...
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Dobradinha poética (trova e soneto) de
LUCÍLIA ALZIRA TRINDADE DECARLI
Bandeirantes/PR

Destino Traçado

O tempo, que foi traçando
os caminhos teus e meus
viu o amor ressuscitando:
– predestinação de Deus!…

Enamorados, lado a lado, um dia,
nós dois felizes, pelo amor ligados…
Passou-se o tempo e veio a nostalgia
quando a distância pôs-nos separados.

Mas no destino escrito, todavia,
pudemos ler depois, quase assustados,
que uma saudade nunca se esvazia
sem que os anseios sejam debelados.

E, assim, tal qual ovelha que, ferida,
tem no pastor a mão compadecida,
ou passarinho procurando a flor…

Qual negra noite em busca do luar,
águas fluviais, unidas pelo mar:
somos nós dois… vencidos pelo amor!
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Trova de
DÁGUIMA VERÔNICA
Santa Juliana/MG

Tomou nocivo caminho
a convivência no lar;
outrora, amor e carinho...
Hoje o foco é o celular!
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Poema de
HÉLIO PELLEGRINO
Belo Horizonte/MG (1924 – 1988)

“Menino de Marfim”

A doença devastou teu corpo
roeu tua carne
sacudiu teus ossos

A doença fustigou tua figura
secou teus músculos
expurgou tua forma

Ficaste a cada dia menor
como um pássaro na grande chuva
como um pobre animal tosado

Até que a morte
– acabamento e fim -
de ti extraiu tua essência:
um pequenino –   apaziguado –
menino de marfim.
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Trova Humorística de
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
São Paulo/SP

"Depois do jantar, o mate",
diz, ao filho, o anfitrião.
Foge, ao perigo, o mascate.
Foi... sem tomar chimarrão!…
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Soneto de 
CELITO MEDEIROS
Curitiba/PR

Um Soneto para Machado de Assis
(O primeiro e o último verso são frases de Machado de Assis)

Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura
Onde está a sua origem e fonte de vida?
Não vejo solução nesta minha amargura
Nenhum remédio para curar esta ferida

Tenho lutado para obter minhas vitórias
Sair do lamaçal que prende os humanos
Entender a filosofia perpetuando glórias
Com a liberdade do saber destes fulanos

É como o caranguejo fora do mangue
Não acreditar viver além desta malha
Onde é formada a verdadeira falange

Manter minha honra não é uma falha
Sair do jogo, esvaindo-se em sangue
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!
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Trova de
MARIA LÚCIA DALOCE
Bandeirantes/PR

Em meus rascunhos guardados,
não há mistérios… Porque
nos versos que são lavrados
o tema é sempre… você!
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Poema de
DORIVAL C. FERNANDES
Pontal do Paraná/PR

Quero

Quero que o seu dia seja
suave como a brisa matutina…
Todas as vezes, sempre calma e contínua.

Que o Sol tenha o calor
dos corpos que se desejam e amam…
Todas as vezes, sempre com muito amor.

Quero que a brisa afague você
num abraço envolvente “caliente”…
Todas as vezes, sempre com o meu querer.

Quero porque quero, um momento nosso
cheio de ternura, paixão e candura…
E por todo sempre porque é amor.
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Trova Funerária Cigana

Ao levantar tua campa,
tua imagem esperei.
Foi ilusão do desejo,
só teus ossos encontrei.
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Soneto de 
ALPHONSUS DE GUIMARAENS FILHO
Ouro Preto/MG, 1870 – 1921, Mariana/MG

Soneto do silêncio

Fantástico silêncio! Nele existe
um clarão momentâneo: e tudo dorme.
Ai! que a noite irreal, cega e disforme,
ainda o faz mais pungente e amargo e triste!

Fantástico silêncio moribundo
aos meus olhos aceso como velas
que iluminassem becos e vielas
pelas cidades pálidas do mundo...

Lá o vejo pender, fruto caído,
lá o vejo soprar contra muralhas
e recobrir — silêncio envelhecido —

o que a noite ocultou, e está perdido...
Lá o vejo oscilar nas cordoalhas
de algum veleiro desaparecido.
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Trova de
FERNANDO VASCONCELOS
Diamantina/MG  [1937 -2010] Ponta Grossa/PR

Registrando alguma ausência,
contabilidade ingrata,
nosso amor pediu falência,
desistiu da concordata!
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Poema de 
APOLLO TABORDA FRANÇA
Curitiba/PR, 1926 – 2017

Um “Flash” Sertanejo

Pelos confins do sertão,
vive lá Zé Seresteiro...
Sempre com viola na mão:
- Perto um riacho e um pinheiro.
Seu rancho feito de palha,
o chão de terra batida...
Nele Zé bem se agasalha:
- No roçado a sua lida.

Beldades da Redondeza
faziam coro com Zé...
Ambiente de singeleza:
no terreiro um garnisé.
E do grupo a mais catita
que do Zé tinha atenção...
A lindeza da Zurita:
- lábios da cor do tição.

Faces lisas, cor-de-rosa,
os olhos verdes dos campos...
Zurita, a mais formosa:
- Lua cheia, pirilampos.
Se passarem muitas tardes,
Zé casou com a Zurita...
Petizada, seus alardes:
- Choupana toda de fita.

Zurita e Zé Seresteiro
levam a vida dourada...
Horta, feijão no celeiro:
- Cada noite nova toada.
Pelos ermos, pela mata,
o chilrear dos passarinhos...
Um sussurro se desata:
- Nas veredas, nos caminhos.

Tem coruja na vivência,
pica-pau e saracura...
João-de-barro, eficiência:
Quero-quero, com fartura.
Essa a vida sertaneja,
nos rincões do Paraná...
Tamanha beleza enseja:
- Se há outra, qual será?

Zurita e Zé Seresteiro,
um casal bem ajustado...
Juntinhos o dia inteiro:
- Ó que amor tão sublimado!
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Trova de
OLYMPIO DA CRUZ S. COUTINHO
Belo Horizonte/MG

Nas noites claras de lua,
no desenho da calçada, 
vejo a silhueta tua
à minha sombra abraçada.
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Soneto do
Príncipe dos Poetas Piracicabanos 
LINO VITTI
Piracicaba/SP, 1920 – 2016

A Meu Pai

Lado a lado, meu pai, nas andanças da vida,
mãos dadas com carinho e com grandioso amor,
umas vezes a estrada é uma senda florida,
muitas outras, porém tem espinhos e dor.

Em você, caro pai, encontrei nesta lida
mil sonhos a cumprir, de luz um resplendor,
A todos conduziu, com nossa mãe querida,
a um porto bem seguro, a um porto salvador.

Que a idade não lhe seja um peso doloroso,
antes uma alegria, anseio realizado,
uma vitória em meio a este mar proceloso.

Eu lhe desejo, pai, tão extremoso e amado
que o proteja o bom Deus que é grande e poderoso,
que o conserve, feliz, por muito ao nosso lado.
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Trova da Princesa dos Trovadores
CAROLINA RAMOS
Santos/SP

Guarda sempre esta mensagem
da própria vida que diz:
- É feliz, quem tem coragem
de acreditar que é feliz!
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Hino de 
Nova Friburgo/RJ

Friburguenses, cantemos o dia
Que surgindo glorioso hoje vem,
Nesta plaga onde o amor e a poesia
São como as flores nativas também
Escutando os rumores da brisa,
Refletindo esse céu todo azul,
O Bengalas sereno desliza
Sob o olhar do Cruzeiro do Sul.

Estribilho

Salve, brenhas do Morro Queimado,
Que os suiços ousaram varar,
Pois que um século agora é passado,
Vale a pena esse tempo lembrar.

Do suspiro na fonte saudosa,
Há três almas que gemem de dor,
Repetindo esta prece maviosa
Da saudade, do ciúme e do amor
Estas serras de enorme estatura,
Alcançando das nuvens o véu,
São degraus colocados na altura,
São escadas que vão para o céu.

Estribilho

Salve, brenhas do Morro Queimado,
Que os suiços ousaram varar,
Pois que um século agora é passado,
Vale a pena esse tempo lembrar.

Coroemos de versos e flores
A Princesa dos Órgãos, gentil,
Embalada em seus sonhos de amores
Das aragens ao canto sutil.
Em teu seio de paz e bonança,
Sono eterno queremos dormir,
Doce anelo de nossa esperança,
Esperança de nosso porvir!

Estribilho

Salve, brenhas do Morro Queimado,
Que os suiços ousaram varar,
Pois que um século agora é passado,
Vale a pena esse tempo lembrar.
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Trova Humorística de 
RENATA PACCOLA
São Paulo/SP

A garota calculista
procura o pastor metódico
e pede um desconto à vista
no “dízimo periódico”!
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Soneto de 
EMILIANO PERNETA 
Pinhais/PR, 1866 — 1921, Curitiba/PR

Soneto do sangue

Nada pode igualar o meu destino agora
Que o furor me feriu com um tirso de marfim,
Vede, não me contenho, o abutre me devora,
Com as suas mãos que são de nácar e jasmim...

Meu sangue flui, meu sangue ri, meu sangue chora,
E se derrama como o vinho dum festim.
Não há frauta que toque mais desoladora.
Ninguém o vê correr, mas ele não tem fim.

Possuísse, ao menos, eu, o dom de transformá-la
Numa folha, no aloés, no vento frio, do mar,
Ela que inda é mais fria e branca do que a opala...

Mas nada, nem sequer ao menos, eu, torcido
O tronco nu, o gesto doido, o pé no ar,
Hei de ver Salomé dançar como São Guido!
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Trova de 
ARTHUR THOMAZ
Campinas/SP

És tão frágil, ilusão!
Moldada em vãs esperanças
e sonhos em profusão…
E ao fim, te esvais em lembranças…
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Fábula em Versos de
JEAN DE LA FONTAINE
Château-Thierry/França, 1621 – 1695, Paris/França

O velho e os três mancebos

Plantava certo velho de oitenta anos.
«Plantar!» — diziam certos mancebinhos
Vizinhos e bairristas.
«Plantar!... Edificar tinha seu passe.
Por certo caducais. Ora, vos peço
Pelos numes do Olimpo,
Que fruto ideais colher desse trabalho?
Menos que envelheçais como Matusalém.
Que vai cargar a vida
Com o empenho dum porvir que há de escapar-vos?
Doravante cuidai nas vossas culpas;
Deixai esperanças longas,
Vasto assunto que a nós convém somente.
— Tão pouco a vós: que quanto estabelecemos,
Vem tarde, e pouco dura.
Zomba igualmente a mão das fuscas Parcas
Dos meus, dos vossos dias. Na curteza
Vão iguais nossos termos.
E qual de nós, da abóbada estelífera,
Verá último a luz? Há um momento
Que nos dê por seguro
Um segundo de vida? Os meus bisnetos
Dever-me-ão esta sombra. E bem? Ao sábio.
Tolhereis vós desvelos,
Que aos outros deem prazer? Fruto é, que eu logro
Já desde hoje e amanhã, e ainda outros dias
Talvez que ainda o goze,
E que inda, sobre as vossas campas, possa
Algumas vezes vir saudar a aurora.
Razão o velho tinha:
Que um dos três moços se afogou no porto,
Partindo para a América: o segundo,
Armando aos grandes postos,
Servindo o Estado, em marciais empregos,
Golpe imprevisto lhe cortou o estame
Dos dias seus; e o último,
Caiu do tronco em que enxertava um garfo.

Chorando, o velho lhes gravou nas campas
O que eu aqui vos conto.

Dicas de Escrita (Como escrever uma história de mistério) – Parte 2

texto por Lucy V. Hay
DESENVOLVENDO SUA PERSONAGEM PRINCIPAL E ESBOÇANDO A HISTÓRIA 

1. Crie o detetive
Sua personagem principal também pode ser um cidadão comum ou o espectador inocente de um crime que se envolve na solução do mistério. Faça um brainstorm de detalhes específicos do seu protagonista, incluindo:

O tamanho e o formato do corpo, a cor do cabelo e dos olhos e quaisquer outras características físicas. 

Por exemplo, você poderá ter uma personagem principal feminina baixinha e com cabelo escuro, óculos e olhos verdes, ou pode querer um detetive mais típico: alto, com o cabelo penteado para trás e a barba por fazer.

Roupas: o vestuário da sua personagem não vai só criar uma imagem mais detalhada para o leitor, mas também pode indicar em que período de tempo sua história se passa. 

Por exemplo, se a personagem principal usa uma armadura pesada e um elmo com um timbre, o leitor perceberá que a narrativa se passa na época medieval. Caso o protagonista use uma blusa com capuz, calça jeans e uma mochila, seus leitores saberão que a história provavelmente se passa na era contemporânea.

O que torna a personagem principal única: é importante criar um protagonista que se destaque para o leitor e que pareça ser cativante o suficiente para sustentar várias páginas em uma história ou romance.

Pense sobre o que a personagem gosta ou não gosta. Talvez sua detetive feminina seja tímida e desajeitada em festas, e tenha uma paixão secreta por répteis. Ou talvez o investigador seja um completo tolo e não se considere esperto ou forte. Concentre-se em detalhes que ajudarão a criar uma personagem principal única e não tenha medo de usar aspectos da sua vida pessoal ou das suas próprias preferências e gostos.

2. Determine o ambiente
Coloque a história em um cenário que você conheça bem, como sua cidade natal ou sua escola, ou faça uma pesquisa sobre um local com o qual não esteja familiarizado, como a Califórnia dos anos 1970 ou a Inglaterra dos anos 1940. 

Se for usar um  espaço que não conhece em primeira mão, concentre-se em contextos específicos, como uma casa de subúrbio na Califórnia dos anos 1970 ou uma pensão na Inglaterra dos anos 1940.

Caso você decida situar a sua história em um período de tempo ou localização com os quais não esteja familiarizado, faça uma pesquisa sobre eles em sua biblioteca local, fontes online ou entrevistas com especialistas em um determinado período de tempo ou espaço. Seja específico em suas pesquisas e durante suas entrevistas para garantir que você obtenha todos os detalhes.

3. Crie o enigma
Nem todos os mistérios precisam ter um assassinato ou crime grave, mas quanto maior o crime, geralmente maiores os riscos na história. Os riscos altos são importantes porque envolvem o leitor e dão a ele uma razão para continuar a ler. As possíveis origens do mistério poderiam ser:

Um item é roubado da sua personagem principal ou de alguém próximo a ela.

Uma pessoa próxima ao protagonista desaparece.

A personagem principal recebe bilhetes ameaçadores ou perturbadores.

O protagonista testemunha um crime.

A personagem principal é convidada para ajudar a resolver um crime.

O protagonista se depara com um mistério.

Você também pode combinar vários destes cenários para criar um mistério com mais camadas. Por exemplo, um item pode ser roubado da sua personagem principal, uma pessoa próxima a ela pode desaparecer, e a personagem pode testemunhar um crime e depois ser convidada para ajudar a resolvê-lo.

4. Decida como vai complicar o enigma ou o mistério
Crie tensão na história tornando difícil para o protagonista resolver o quebra-cabeça. 

Você pode usar obstáculos como outras pessoas ou suspeitos, pistas falsas e enganosas ou outros crimes.

Crie uma lista de possíveis suspeitos que a personagem principal pode encontrar ao longo da história. Você pode usar vários para colocar o detetive ou o leitor na direção errada, criando suspense e surpresa.

Escreva uma lista de pistas. As manobras de diversão são pistas falsas ou enganosas. Sua história será mais forte se você incluir várias manobras desse tipo na história. Por exemplo, a personagem principal poderá encontrar uma pista que aponta para um suspeito, porém mais tarde descobrir que ela na verdade está ligada a outro. Ou o detetive poderá encontrar uma pista sem perceber que ela é crucial para desvendar todo o mistério.

5. Use ganchos para manter a história interessante
O gancho é um momento, geralmente no final de uma cena, em que o protagonista fica em uma situação que o prende ou o coloca em perigo. Ele é importante em um mistério porque mantém o leitor envolvido e impulsiona a história para frente. Possíveis ganchos poderiam ser:

A personagem principal está investigando uma pista sozinha e encontra o assassino.

O protagonista começa a duvidar de suas habilidades e abaixa a guarda, permitindo que o assassino mate novamente.

Ninguém acredita na personagem principal. Ela tenta solucionar o crime sozinha e acaba sendo sequestrada.

O protagonista é ferido e preso em um lugar perigoso.

A personagem principal perderá uma pista importante se não puder sair de um determinado local ou situação.

6. Crie uma resolução ou final
Encerre a história com a solução para o enigma. No final da maior parte dos mistérios, a personagem principal tem uma mudança positiva na perspectiva dela. As possíveis resoluções incluem: 

O protagonista salva alguém próximo a ele ou uma pessoa inocente envolvida no mistério.

A personagem principal se salva e muda por causa de sua coragem ou inteligência.

O protagonista expõe um mau caráter ou uma organização criminosa.

A personagem principal expõe o assassino ou a pessoa responsável pelo crime.

7. Faça um rascunho da história
Agora que você já considerou todos os aspectos, crie um contorno claro da trama. É importante mapear como exatamente o mistério vai se desdobrar antes de sentar para escrever a narrativa, pois assim será possível garantir que não haja pontas soltas. Seu esboço deverá seguir a ordem em que os eventos ou pontos do enredo acontecerão. Ele deve incluir:

A apresentação da personagem principal e do cenário.

O incidente ou crime desencadeador da ação.

A chamada para a ação: o protagonista se empenha na solução do crime.

Testes e tribulações: a personagem principal encontra pistas e potenciais suspeitos e tenta se manter viva enquanto busca a verdade. As pessoas próximas podem ser sequestradas como ameaça.

A provação: o protagonista acredita que encontrou uma pista ou suspeito chave e que resolveu o crime. Esta é uma falsa resolução e uma boa maneira de surpreender o leitor quando ficar provado que a personagem principal entendeu errado.

O grande revés: tudo parece perdido para o protagonista. Ele encontrou o suspeito ou a pista errados, outra pessoa foi morta ou ferida e todos os seus aliados já o abandonaram. Um grande revés vai aumentar a tensão  na história e manter o leitor interessado.

A revelação: a personagem principal reúne todas as partes interessadas, expõe as evidências, explica as pistas falsas e revela quem é o assassino ou culpado
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continua…

Fonte: Wikihow
https://pt.wikihow.com/Escrever-uma-História-de-Mistério

Recordando Velhas Canções (Desafinado)


(bossa nova, 1959) 

Compositor: Tom Jobim e Newton Mendonça

Se você disser que eu desafino, amor
Saiba que isto em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu

Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é Bossa Nova, que isto é muito natural
O que você não sabe, nem sequer pressente
É que os desafinados também têm um coração

Fotografei você na minha Roleiflex
Revelou-se a sua enorme ingratidão
Só não poderá falar assim do meu amor
Ele é o maior que você pode encontrar

Você com a sua música esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados
No fundo do peito bate calado
Que no peito dos desafinados
Também bate um coração

Se você disser que eu desafino, amor
Saiba que isto em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu

Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é Bossa Nova, que isto é muito natural
O que você não sabe, nem sequer pressente
É que os desafinados também têm um coração

Fotografei você na minha Roleiflex
Revelou-se a sua enorme ingratidão
Só não poderá falar assim do meu amor
Ele é o maior que você pode encontrar

Você com a sua música esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados
No fundo do peito bate calado
Que no peito dos desafinados
Também bate um coração

A Harmonia do Amor Além da Música em 'Desafinado'
A canção 'Desafinado', é um clássico da Bossa Nova que aborda a temática da imperfeição e da sensibilidade humana através da metáfora da desafinação musical. A letra, escrita por Newton Mendonça com música de Tom Jobim, utiliza a crítica de desafinar como um ponto de partida para discutir a aceitação das imperfeições humanas e a profundidade dos sentimentos.

O eu lírico da canção se dirige a um amor que o critica por desafinar, expressando a dor que essa crítica lhe causa. A desafinação aqui pode ser vista como uma metáfora para as imperfeições que todos possuem, e a dor mencionada é a dor da rejeição e do não reconhecimento. A música sugere que, assim como na Bossa Nova, onde a desafinação pode ser vista como uma característica natural e até desejável, as imperfeições humanas também devem ser aceitas e compreendidas.

Além disso, a canção destaca a importância do amor e dos sentimentos, que são tão ou mais importantes do que a perfeição técnica. O refrão 'no peito dos desafinados também bate um coração' reforça a ideia de que, independentemente das habilidades ou da perfeição, todos têm emoções e merecem amor e compreensão. A música é um apelo à empatia e ao reconhecimento da humanidade compartilhada, independentemente das falhas de cada um.

Soando como a coisa mais estranha que aparecera até então na música brasileira, a primeira gravação de “Desafinado” (Odeon), lançada em fevereiro de 59, já mostrava tudo o que a bossa nova oferecia de inovador e revolucionário: o canto intimista, a letra sintética, despojada, o emprego de acordes alterados e, sobretudo, um extraordinário jogo rítmico entre o violão, a bateria e a voz do cantor.

Responsável por este jogo rítmico, seu interprete, João Gilberto, assumia assim de imediato um papel destacado no trio — completado pelo compositor Tom Jobim e o poeta Vinícius de Moraes que, criando a bossa nova, alteraria de forma irreversível o curso de nossa música popular. Apenas com Tom e Vinicius teríamos certamente uma música moderna, sofisticada, renovadora, mas que não seria o que se chamou bossa nova.

A melodia de “Desafinado” é bastante “torta” (“era mais ainda na concepção original. O João é que alterou alguma coisa na hora de gravar”, informa Tom Jobim) em razão principalmente de uma engenhosa alteração no quinto e sexto graus da escala na frase inicial (“Se você disser que eu desafino, amor”) que recai sobre as sílabas “de” (de “de-sa-fino”), “a” e “mor” (de “a-mor”).

Ao sustenizar a dominante e bemolizar a super-dominante, foram produzidos intervalos melódicos inusitados para os padrões da música brasileira da época, a ponto de dificultar a interpretação de alguns cantores menos dotados. Localizando essa alteração sobre a palavra “desafino”, os autores criaram a impressão de que o cantor semitonava, ou seja desafinava, o que levou muita gente a achar João Gilberto um cantor desafinado. Ao mesmo tempo, a batida deslocada do violão e o contratempo da percussão confundiram os músicos, provocando estupefação geral.

Tanta novidade apresentada numa única composição a levaria inevitavelmente ao sucesso, que se estenderia ao exterior. Nos Estados Unidos, por exemplo, o single de “Desafinado”, com Stan Getz e Charlie Byrd, gravado em 1962, ultrapassou a marca de um milhão de cópias e recebeu o prêmio Grammy de melhor performance de jazz. O fonograma foi extraído do álbum Jazz samba, que permaneceu setenta semanas no hit-parade americano e também ultrapassou a marca de um milhão de cópias. Esta gravação é considerada o marco inicial da bossa nova nos Estados Unidos.

Fontes: 
– Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello. A Canção no Tempo. Vol. 2. Editora 34, 1997.