sexta-feira, 7 de abril de 2023

Lima Barreto (As teorias do dr. Caruru)

O sábio dr. Caruru da Fonseca despertou naquele dia com o humor igual com que despertava em todos os outros.

Mme. Caruru ainda ficou na cama, muito certa de que a Inácia daria o café ao seu ilustre marido. Era este uma sumidade em matéria de psiquiatria, criminologia, medicina legal e outras coisas divertidas.

Tinha, na nossa democracia, por ser sumidade e doutor, direito a exercer quatro empregos.

Era lente da Escola de Medicina, era chefe do Gabinete Médico da Polícia, era subdiretor do Manicômio Nacional e também inspetor da Higiene Pública.

Caruru tinha mesmo publicado várias obras, entre as quais se destacava Os caracteres somáticos da degenerescência (segundo o qual características físicas seriam estigmas demarcados de degenerescência física e moral) — livro que fora muito gabado pelo estilo saborosamente clássico. Um crítico disse:

O milagre que, no seu livro, conseguiu o dr. Caruru obter, foi exprimir ideias e concepções modernas com a sã e enérgica linguagem dos quinhentistas e mesmo dos seus antecessores. Seguiu, portanto, André Chénier, que desejava fazer poesias modernas com versos antigos. Cito de memória. Não há como louvar etc.

Caruru, como esperava a sua dorminhoca mulher, foi logo servido do café pela dedicada Inácia e não tardou que lhe viessem os jornais.

Leu o primeiro que lhe caiu sob os olhos e quase teve um ataque quando deu com um “controlava”.

— Que gente! — disse de si para si. — Estão a esbodegar esta maravilhosa língua.

Apanhou outro, desprezou a parte política e correu ao noticiário policial. Deparou-se-lhe a seguinte notícia:

Ontem, ao atravessar a avenida Central, foi acometido de um ataque o pintor Francisco Murga, morrendo repentinamente. Murga, que era ainda moço, pois contava pouco mais de trinta anos, estreou-se com grande brilho há uns dez anos passados, tendo obtido o prêmio de viagem* e tudo fazia crer que ele continuaria a dar-nos obras-primas, ou quase isso, como foi o seu primeiro quadro, O banzo. Entretanto, tendo se entregado à mais desordenada boemia, tal não fez, embora não deixasse sempre de produzir etc. etc.

O dr. Caruru exultou. Que caso! Devia ser um exemplar típico de dipsomaníaco, de degenerado superior e ele, o doutor, como chefe do Gabinete da Polícia, ia ter o seu cadáver às ordens, para bem verificar as suas teorias mais ou menos à Lavater ou Gall.** A diferença entre ele e estes dois últimos é que Caruru encontrava seguros indícios do caráter, da inteligência etc. dos indivíduos em todas as partes do corpo.

O doutor pediu mais uma xícara de café e não se pôde conter:

— Gertrudes! — gritou para a mulher. — Tenho hoje um caso excelente. 

A mulher apareceu em trajes matinais e ele narrou toda a sua alegria. Caruru vestiu-se e correu à faculdade. Aos primeiros estudantes que lá apareceram, Caruru os convidou para irem ao necrotério verificar a certeza das asserções que fazia no seu célebre livro, escrito no estilo de Rui de Pina*** e, por pouco, que não o era no da Notícia de partição. Foram estudantes de medicina, de farmácia, de dentista e até uma dama que estudava para parteira.

Chegado que foi ao necrotério, o dr. Caruru armou-se de uma bateria de compassos graduados, de uma porção de réguas, de todo um arsenal de instrumentos de antropométrica e começou a preleção diante do cadáver:

— Meus senhores. Estamos certamente diante de um caso típico de degenerado...

A sua linguagem falada era diferente da escrita. Ele escrevia clássico ou pré-clássico, mas falava como qualquer um de nós.

— O indivíduo que está aqui, bêbedo incorrigível, vagabundo, incapaz de afeições, de dedicações, vai demonstrar com as injeções que lhe vou fazer, a verdade das minhas teorias. Vejamos os pés...

Caruru armou-se de uma das tais réguas, enquanto um servente chorava.

Aplicou-a aos pés do defunto e, pouco depois, exclamou triunfante:

— Vejam só! O pé direito mede quase mais um centímetro que o esquerdo. Não é o que eu dizia? É um degenerado! Essa assimetria dos pés...

O servente que chorava interrompeu-o:

— Vossa Excelência só por causa dos pés do senhor Murga não pode dizer isto. Ele não nasceu assim.

— Como foi então?

— Fui seu amigo e devo-lhe muitos favores. Eu conto a Vossa Excelência...

“Seu” Murga teve um tumor no pé direito e foi obrigado a andar com chinelo num pé, durante cerca de dois meses, enquanto o esquerdo estava calçado. Naturalmente aquele aumentou enquanto o outro ficava parado. Foi por isso.
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Notas:
*Prêmio concedido a artistas da Academia que lhes permitia viajar à França ou à Itália para aprimorar a formação. O prêmio foi instituído durante o Segundo Reinado.

**Joahann Kaspas Lavater (1741-1801) foi um teólogo e filósofo suíço e Franz Joseph Gall (1758-1828), um médico e anatomista alemão.

***Rui de Pina (1440-1522) foi cronista oficial de d. João II.

Fonte:
Disponível em Domínio Público.
Lima Barreto. Histórias e sonhos. Publicado originalmente em 1915.

quinta-feira, 6 de abril de 2023

Varal de Trovas n. 579

 

Alba Christina Campos Netto (Ricardo voltou)

Não esperava mais que Ricardo voltasse. Ricardo que preencheu tantas horas da minha vazia meninice, brincando comigo, me fazendo rir, me contando histórias, enquanto eu, inocente e sem perspectiva, ouvia a vitrola, ou me imaginava estrela de cinema. Ricardo sempre perto, embalando os meus sonhos, contando casos, me levando doces. E eu, por meu lado, na minha inocência útil, fazendo com que Ricardo encontrasse o seu amor ao lado da namorada que era minha vizinha. Era por ela que Ricardo vinha à minha casa. Não por mim. Não por minha solidão. Por ela. Por Marieta.

Ele trazia a irmã, a Lúcia, para ficar comigo enquanto ele e a Marieta namoravam. Era belo ...Eu achava lindo. Os dois juntinhos, eu e a Lúcia observando. Mas não deu certo. Brigaram. Marieta foi embora de nossas vidas.

Mas como tudo tem ciclos, um dia Ricardo apareceu com nova namorada. Irmã da minha amiga, a Joyce. Achei mais lindo ainda. Só que o que eu não sabia, era por que eu achava tudo lindo. No fundo eu amava Ricardo. E amava tanto que começava a amar as mulheres que ele amava.

E essa agora, como era mesmo o nome? Irene, se não me engano. Não lembro, nem quero lembrar. Fui até assistir ao casamento dele. Era um amor bonito, puro, segundo a Joyce. Mas eu não sei porque, Ricardo começou a se fixar no meu pensamento. Não sabia na época, pelo menos.

Acompanhava todos os passos da Joyce, das irmãs dela, da Irene, mas o que eu queria mesmo era saber do Ricardo - O seu sorriso, os seus olhos, a maneira de me tratar, quando me encontrava, tinha sempre uma palavra de carinho: aquela menina que ele conheceu pequena, que era para ele uma irmãzinha. Eu adorava, sem saber que, no fundo, eu não estava nem um pouco a fim de ser irmãzinha...

Os tempos passaram. Lá se vão uns quarenta anos. E agora Ricardo voltou. Teve aventuras, teve dissabores, não está mais com a Irene, que se transformou na Mabel, que não era nem um pouco parecida com a Marieta, e que não tinham nada a ver comigo.

Não pensei que Ricardo voltasse. Nem tampouco que voltasse com tanta impetuosidade sobre o meu sonho, sobre a minha emoção. Foi como um sonho. Um dia acordei e vi Ricardo ao meu lado. Não saiu do meu lado o dia todo. Fiquei menina de novo, rejuvenesci, amei Ricardo na minha imaginação. Pensei que desta vez ele ficaria. Não... não podia. É tarde. Era melhor que fosse embora. Era melhor esquecer. Mas como? Pensar noutra coisa, noutros Ricardos? Não foi possível. Ele quis ficar.

Deixei. Consenti. Sonhei de novo. Sonhei com ele junto a mim, me amando como agora eu sei que gostaria que ele me amasse. Deixei que ele tomasse conta dos meus dias, dos meus pensamentos, dos meus sonhos, das minhas fantasias. Fiquei horas ao lado dele sonhando, esperando.

Só então soube que ele procurava a Ângela. Ângela, era esse o nome. E chamei Ângela. Mais uma vez eu fui a ponte para o amor de Ricardo. Não era mais a menininha que ele tratava como irmã, não era mais a amiga da irmã, não era, nem mesmo fui, a namorada, a amante, a mulher que ele procurava. Eu era o caminho para que ele se encontrasse. E levei Ricardo até Ângela. Fiz o encontro dos dois, deixei que se amassem, que se unissem, que não se separassem.

Fiquei com eles vários dias, até ter certeza de que realmente Ricardo tinha encontrado a mulher de sua vida.

Nunca mais, Ricardo, nunca mais me procure. Sei que não sou para você, que você não é para mim. Você foi somente a minha fantasia, o meu amor imaginário, a segurança de uma época triste e solitária, quando ninguém, mas ninguém mais além de você, podia casar com os meus pensamentos. Seja feliz. Sejam felizes. Ângela, adoro você que encontrou Ricardo num momento certo, num momento bom para ele, para você, para mim. Deixe que a vida faça vocês dois um exemplo de felicidade e amor para quem quer que os veja, como estão sendo para mim.

Às vezes me sinto em Ângela, às vezes me imagino com Ricardo como se fosse Ângela, ou Ângela fosse eu. Assim me recupero um pouco das frustrações que a vida me trouxe. Mas sei que amanhã, que daqui uns dias, quando não mais estiver com a garganta me apertando tanto, vou poder falar, cantar, dizer a todos que estou muito feliz. Cheguei a meu destino. Ricardo voltou. E eu dei a ele um destino que não era, de nenhum modo, o meu.

Fonte:
Cláudio de Cápua. Era uma vez… (coletânea de contos). Comptexto: outubro 1989.

Professor Garcia (Reflexões em Trovas) 22

Ao ver mamãe de joelhos,
mãos postas, que olhar bonito!
Eu vi, quem crer nos conselhos
do silêncio do infinito!
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Busca-me com passos certos,
que esta busca não te cansa;
porque, meus braços abertos,
te esperam desde criança!
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Cada flor que tu semeias
aos desafetos e irmãos,
se perfuma almas alheias,
põe perfume em tuas mãos!
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Decidiste impor intrigas,
mas a distância, sem voz...
Diz que é melhor nossas brigas
que esse silêncio entre nós!
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Do lar que nasci um dia,
guardo ensinos naturais,
da riqueza que existia
na pobreza de meus pais!
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Essa angústia, que te abraça
e, que tanto te angustia...
Esquece-a, que a angústia passa,
como passa a luz do dia!
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Fui nauta!... E, entre os mais tristonhos,  
pescava nos lagos meus,
tentando pescar meus sonhos,
no lago dos olhos teus!
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Lágrima, essência que habita,
nos esconderijos da alma;
de pranto, é dor infinita,
do riso, essência que acalma!
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Na ausência de teus carinhos,
sem tua voz que me acalma,
abrem-se incertos caminhos
na contramão de minha alma!
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Não quero prata nem ouro,
nem falsos lauréis nem glória;
basta-me o simples tesouro
de honrar meu nome na história.
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No teu olhar tão risonho,
que escondes dos olhos meus,
tens a tinta do meu sonho
no verde dos olhos teus!
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Nunca te iludas com nada;
prepara tuas defesas...
Por sob a cinza apagada,
pode haver brasas acesas!
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O grande poeta é aquele,
que por tudo quanto deixa...
Nem leva mágoa com ele,
nem dele, ninguém se queixa!
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O velho outono, é aquarela
que, aos poucos, perdendo a cor,
deixa a velhice mais bela,
sábia, e mais rica de amor!
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Peço sempre, humildemente,
diante do altar todo dia,
que a luz se faça presente
no olhar do cego de guia!
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Pedi a Deus, um conselho:
Dá-me a humildade da lua,
que sorri diante do espelho
de qualquer poça da rua!
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Por mais que a maldade busque
me ofuscar da crença, a luz...
Não há maldade, que ofusque
a fé que trago na cruz!
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Por que não me estende as mãos,
aurora do meu sonhar,
pondo luz nos sonhos vãos
que a vida não quis me dar?!...
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Por timidez e, indeciso,
passo a vida a mendigar,
uma esmola do sorriso
que há na luz do teu olhar!
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Por tua ausência em meu leito,
essa dor que me corrói,
se não dói mais no teu peito,
mas, no meu peito, ainda dói!
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Quando a mãe, nos aconselha,
a seguir com passos certos,
nossa vida se assemelha
ao bem, de braços abertos!
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Relógio, por quem tu choras?
teu bater tão triste assim,
mastiga o sono das horas,
das noites que não têm fim!
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Se a empatia, por encanto,
não requer lei, nem decreto,
por que ela se esconde tanto
nos espigões de concreto!...
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Se a saudade é um desafio,
até defendo a saudade,
quando consola o vazio
de quem vive na orfandade!
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Se o filho tropeça e cai,
ou simplesmente escorrega...
Minha angústia, por ser pai,
mede a aflição da mãe cega!
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Se os sonhos que tu conduzes,
contêm da treva, o negror,
põe candelabros de luzes
nas reticências do amor!
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Vi no riso da criança
e no olhar triste e profundo,
os encantos da esperança
e os desesperos do mundo!

Fonte:
Enviado pelo trovador.
Professor Garcia. Versos para refletir. Natal/RN: Trairy, 2021.

Nilto Maciel (Colombo e as Carícias)

Desnorteados, Colombo e sua jangada vagavam pelo mar das tempestades. O sol há muito se metera nas profundezas das águas. Nenhuma estrela indicava rumos.

Era esperar pelo pior. Horas e dias de perdição, fome e sede. Depois a morte.

E o jangadeiro adormeceu.

As correntes, entanto, levavam a jangada ao reino do deus-dará. E antes do amanhecer aportou numa remota ilha. Encalhou na praia.

Com o sol no rosto, Colombo despertou. O barulho das ondas quebrando e o sossego da jangada pouco diziam. Não se lembrava ainda do desespero de horas atrás. E nem quis pensar.

Sem delongas, levantou-se e pulou para a terra. Sim, lembrava-se de tudo e se sabia salvo. O mar não o sepultara daquela vez.

Exultante, andou para lá e para cá. Pensou até em rabiscar umas figuras na areia. Talvez umas letras. Ser menino de novo. Construir uns castelos enormes, cheios de torres.

Súbito, parou. Ora, aquilo só podia ser uma ilha, terra nova, desconhecida dos homens. Maravilha! Voltaria ao Ceará e anunciaria ao mundo a sua descoberta. Iria aos jornais, às rádios, às televisões. Até ficaria famoso.

Enquanto sonhava, uns indivíduos o cercaram.

— Quem é você?

— De onde veio?

— O que quer aqui?

Colombo disse ser de paz, etc. Tão pacífico que não portava armas e andava só.

— Sou apenas um jangadeiro.

Os nativos da ilha terminaram encantados dele. E, para não o verem partir, destruíram a jangada.

Porém Colombo queria voltar à mulher, aos filhos e companheiros do mar. Aquela ilha não o encantava. Muito menos seus habitantes.

E, numa noite sem lua, meteu-se no mar e se pôs a nadar. Batia os braços com sofreguidão. Um dia chegaria ao Ceará.

No entanto, as braçadas do nadador fugitivo logo se transformaram em socos. E a vítima deles, coitada!, talvez sonhasse carícias.

Aos gritos, a mulher de Colombo acordou.

Fonte:
Enviado pelo autor.
Nilto Maciel. Pescoço de Girafa na Poeira. Brasília/DF: Secretaria de Cultura do Distrito Federal/Bárbara Bela Editora Gráfica, 1999.

Estante de Livros (Diário de um pároco de aldeia, de Georges Bernanos)


Sinopse: 
Escrito em 1934 e publicado em 1936, este romance confessional traça o doloroso itinerário espiritual de um jovem sacerdote, pobre e doente, enviado para uma terriola habitada por uma sociedade pragmática, descrente de fé e de cristandade. Neste cenário começa a luta contra a penetração do mal com armas como a humildade, o sofrimento e a solidão.

A história, em tom confessional, descreve a vida de um jovem padre católico na paróquia de Ambricourt, no norte da França, quase divisa com a Bélgica. A vida do padre é marcada por um câncer no estômago e pela falta de fé da pequena população local.

Comentários: 
Uma grande obra é aquela que agrega conhecimentos sobre a realidade e aumento de consciência da condição humana. Diário de um pároco de aldeia faz isso com magistral propriedade. Mais que isso, ultrapassa esses propósitos e nos dá uma verdadeira demonstração de fé, cristianismo e santidade e uma aula verdadeiramente filosófica. É uma história comovente, muito bonita e maravilhosa, contada com grande maestria literária. Entretanto, não é um livro fácil de ler porque é um livro com sentido filosófico onde a personagem central está argumentando em torno de ideias e o leitor moderno não está mais acostumado com isso.

O nosso herói é um jovem padre, cujo nome nós não sabemos e que registra em seu diário a vida angustiante que leva numa paróquia de interior. A obra denuncia como o Cristianismo está sendo transformado em rotina no mundo moderno, simbolizada pelo padre na aldeia de Ambricourt. No fundo, a história retrata a morte simbólica do mundo.

O livro começa com o padre descrevendo como é a vida na sua paróquia. O tempo todo se tem a impressão de que o padre está lutando contra um caso perdido, como se àquele lugar não pudesse ser recuperado.

Minha paróquia é uma paróquia como todas as outras. Todas as paróquias se parecem. As paróquias de hoje, naturalmente. Eu dizia ontem ao pároco de Norenfontes: o bem e o mal devem ficar em equilíbrio nelas, só que o centro da gravidade está lá embaixo, bem lá embaixo. Ou se preferir, os dois se sobrepõem nelas sem se misturar como dois líquidos de densidades diferentes. O padre riu na minha cara. Ele é um bom sacerdote, muito benevolente, muito paternal, e que no arcebispado passa até por incréu, um pouco perigoso. Suas tiradas fazem a alegria das casas paroquiais, e ele as reforça com um olhar que ele gostaria que fosse vivo, e que acho tão gasto e cansado que sinto vontade de chorar.

Minha paróquia é devorada pelo tédio, essa é a palavra certa. Como todas as outras paróquias. O tédio a devora diante de nossos olhos e não há nada que possamos fazer. Talvez um dia destes sejamos contagiados, e descubramos em nós esse câncer. Pode-se viver muito tempo com isso.”

Há algo de errado na sociedade e que acaba influindo na vida do pároco. E como o padre é jovem, os problemas são maiores, as dúvidas são maiores, e os sonhos são grandes. O problema está no grande abismo que separa o pároco entre o que ele sonhou ser e o que a aldeia espera que ele seja, e o que ele consegue ser, na prática.

Ele é um pároco numa cidade de gente descrente, gente cínica, gente ferozmente pragmática. Ele não tem nenhum colega de profissão que o ajude de verdade, porque todos eles estão apenas tentando transformá-lo em um ser tão cínico quanto eles. Em última análise, ficou sozinho e completamente solitário nessa vida.

“Eu me dizia então que o mundo é devorado pelo tédio. Naturalmente, é preciso refletir um pouco para se dar conta disso, não é uma coisa que se perceba imediatamente. É uma espécie de poeira. A pessoa vai e vem, sem a ver, respira essa poeira, come e bebe essa poeira, e ela é tão fina que nem faz barulho quando é mordida. Mas basta parar um momento e ela torna a cobrir o rosto e as mãos da pessoa. É preciso se agitar sem parar a fim de sacudir essa poeira de cinzas. Por isso mesmo, o mundo se agita muito.”

Este tédio que o padre descreve, é algo que não se percebe que acontece, uma espécie de poço invisível, um estado de coisas profundo e estabelecido, que não se consegue mexer. É como a poeira com a qual as pessoas se acostumam e com a qual não conseguem lidar. Este é mais ou menos o clima que se estabeleceu ali na paróquia do nosso herói.

O padre acha que a sua própria vida não tem mistério algum e o diário que ele se utiliza é um exercício para anotar as coisas que acontecem, com sinceridade que ele tem com ele mesmo.

SENTIDO DA OBRA:
1. A obra é um estudo sobre a santidade. O padre vai morrendo ao longo da história e há um sentido simbólico por trás disso.

2. O mote da obra é o confronto entre a conformidade e inconformidade.

3. O autor nos mostra o paradoxo entre espiritualismo e pragmatismo. O padre de Ambricourt simboliza o espiritualismo, enquanto o padre de Torcy e o senhor deão, seu superior, simbolizam o pragmatismo.

CONCLUSÃO:
A obra busca despertar a consciência de que o pragmatismo está sufocando o espírito do cristianismo.

Fonte:
Anatoli Oliynik. Anatoli: um blog cultural

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Tertúlia da Saudade 03: Milton S. Souza

 

Arthur de Azevedo (O chapéu)

O Ponciano, rapagão bonito,
Guarda-livros de muita habilidade,
Possuindo o invejável requisito
De uma caligrafia
A mais bela, talvez, que na cidade
E no comércio havia,
Empregou-se na casa importadora
De Praxedes, Couceiro & Companhia,
Casa de todo Maranhão credora,
Que, além de importadora, era importante,
E, se quebrasse um dia,
Muitas outras consigo arrastaria.

Do comércio figura dominante,
Praxedes, sócio principal da casa,
Tinha uma filha muito interessante.
O guarda-livros arrastava-lhe a asa.

Começara o romance, o romancete
Num dia em que fez anos
E os festejou Praxedes co'um banquete,
Num belo sítio do Caminho Grande,
Sob os frondosos galhos veteranos

Que secular mangueira inda hoje expande.
A mesa circular, sem cabeceira,
Rodeando o grosso tronco da mangueira,
Um belíssimo aspecto apresentava:
Reluzindo lá estava
O leitão infalível,
Com o seu sorriso irônico,
Expressivo, sardônico.
Sabeis de alguma coisa mais terrível
Do que o sorriso do leitão assado?
E nos olhos, coitado!
Lhe havia o cozinheiro colocado
Duas rodelas de limão, pilhéria
Que sempre faz sorrir a gente séria.
Dois soberbos perus de forno; tortas
De camarão, e um grande e majestoso
Camorim branco, peixe delicioso,
Que abre ao glutão do paraíso as portas;
Tainhas ouríchocas recheadas,
Magníficas pescadas,
E um presunto, um colosso,
Tendo enroladas a enfeitar-lhe o osso,
Tiras estreitas de papel dourado.

Compoteiras de doce, encomendado
A Calafate e a Papo Roto; frutas;
Vinho em garrafas brutas.
Amêndoas, nozes, queijos, o diabo.
Que se me meto a descrever aquilo,
Tão cedo não acabo!

O Ponciano fora convidado:
Quis o velho Praxedes distingui-lo.
Fazia gosto vê-lo
Convenientemente engravatado,
De calças brancas e chapéu de pelo,
E uma sobrecasaca
Que estivera fechada um ano inteiro
E espalhava em redor um vago cheiro
De cânfora e alfavaca.

Mal que o viu, Gabriela
(Gabriela a menina se chamava)
Lançou-lhe uma olhadela
Que a mais larga promessa lhe levava...
Como que os olhos dele e os olhos dela
Apenas esperavam
Encontrar-se; uma vez que se encontravam,
De modo tal os quatro se entendiam
Que, com tanto que ver, nada mais viam!

Apesar dos perigos,
Por ninguém o namoro foi notado.
Pois que o demônio as coisas sempre arranja.
Praxedes, ocupado,
Fazia sala aos ávidos amigos;
A mulher de Praxedes, nas cozinhas,
Inspecionava monstruosa canja
Onde flutuavam cinco ou seis galinhas
E um paio, um senhor paio,
E os convivas, olhando de soslaio
Para a mesa abundante e os seus tesouros
Não tinham atenção para namoros.
Quando todos à mesa se assentaram,
Ele e ela ficaram
Ao lado um do outro... por casualidade,
E durante três horas, pois três horas
Levou comendo toda aquela gente,
Entre as frases mais ternas e sonoras
Juraram pertencer-se mutuamente.
Quando na mesa havia só destroços,
Cascas, espinhas, ossos e caroços,
E o café fumegante
Circulou, - nesse instante,
Eram noivos Ponciano e Gabriela.

- Como, perguntou ela,
Nos poderemos escrever? Não vejo
Que o possamos fazer, e o meu desejo
É ter notícias tuas diariamente.
Respondeu ele: - Muito facilmente:
Quando a casa teu pai volta à noitinha
Traz consigo o Diário, por fortuna;
Escreverei com letra miudinha,
Na última coluna,
Alguma coisa que ninguém ler possa
Quando não esteja prevenido. - Bravo!
Que bela ideia e que ventura a nossa
Porém se esse conchavo
Serve para me dar notícias tuas,
Não te dará, meu bem, notícias minhas. -
Mas não esteve com uma nem com duas
O namorado, e disse:
- Temos um meio. - Qual? Não adivinhas?
Teu pai usa chapéu. . - Sim... que tolice! -
- Ouve o resto e verás que a ideia é boa;
Um pedacinho de papel à-toa
Tu meterás por baixo da carneira
Do chapéu de teu pai; dessa maneira
Me escreverás todos os dias... - úteis.
Oh!, precauções inúteis!
Durante um ano inteiro
O pai ludibriado
Serviu de inconsciente mensageiro
Aos amores da filha e do empregado.
- Até que um dia (tudo é transitório,
Até mesmo os chapéus) o negociante
Entrou de chapéu novo no escritório.

Ponciano ficou febricitante!
Como saber qual era o chapeleiro
Em cujas mãos ficara o chapéu velho?
Muito inquieto, o brejeiro
Ao espírito em vão pediu conselho;
Dispunha-se, matreiro,
A sair pelas ruas, indagando
De chapeleiro em chapeleiro, quando
O chapeleiro apareceu!... Trazia
O papelinho que encontrado havia!
Atinara com tudo o impertinente
E indignado dizia:
- Sou pai de filhas!... venho prontamente
Denunciar uma patifaria!
O hipócrita queria
Mas era, bem se vê, cair em graça
A um medalhão da praça.

O pai ficou furioso, e, francamente,
Não era o caso para menos; houve
Ralhos, ataques, maldições, etcetera;
Mas, enfim, felizmente
Ao céu bondoso aprouve
(O rapaz tinha tão bonita letra!)
Que não fosse a menina pro convento,
E a comédia acabasse em casamento.
Ponciano hoje é sócio
Do sogro, e faz negócio.
Deu-lhe uma filha o céu
Que é muito sua amiga
E está casa não casa;
Mas o ditoso pai não sai de casa
(Aquilo é balda antiga)
Sem revistar o forro do chapéu.

Fonte:
Disponível em Domínio Público
Artur de Azevedo. Contos em verso. Publicado originalmente em 1898. 

Amélia Luz (A arte é vida)


A arte é vida em grandeza 
brotando na nossa alma
em fantasia e em calma 
formando a nossa identidade
em total liberdade. 

No singelo, no belo,
no imenso, no profundo, 
nas estrelas incontáveis dos mistérios 
deste mundo colossal e fecundo.

A arte é ritmo na batuta mestra do maestro,
nos acordes e nas sinfonias musicais, em espirais.
No teatro, em drama ou comédia,
 no riso ou na tragédia,
a arte é um caminho iluminado sem fim.

É palco, luzes, ribalta e vida na beleza da dança,
na expressão corporal sublime
que suave delineia e define
o entusiasmo, a emoção, 
a coreografia em explosão
que nos faz sentir a sedução 
dos movimentos leves e compassados.

A arte é fusão de cores, 
tufos de flores em tinta na tela,
arco-íris vivo, colorido, 
que nos mostra com certeza
que Deus é o artista primeiro ao nos fazer
à sua imagem e semelhança.

Escultor primoroso da vida
diante do espetáculo maravilhoso do universo
em que, humilde confesso, 
a arte é o imenso, o desconhecido,
o todo, a cultura, o global, o infinito. 

Na linguagem pura da poesia
na comunicação incontida 
de apreciar, aplaudir, 
viver e sentir o dia que nos espera lá fora,
como a mais perfeita obra de arte
presente grandioso que recebemos a cada manhã
das mãos operosos do nosso Criador.

Fonte:
Poema enviado pela poetisa.

Aparecido Raimundo de Souza (Irritante)

ALFINETE CARDOSO pega o telefone e liga para um número que está sobre a mesinha de cabeceira escrito num papel de guardanapo. Na quinta vez, atende uma voz feminina:

— Bom dia! Pois não?

— Bom dia. De onde fala?

— Que número o senhor ligou?

— O que estou falando com você, perdão, com a senhora.

— Tudo bem, senhor, mas qual o número?

— Minha linda, aí não é do Jóquei Clube?

— O senhor deve ter ligado errado. Aqui é da “Funerária Suba em Paz e Renasça na Eternidade”.

— Credo em cruz. Funerária? Estou fora. Obrigado.

Três minutos depois Alfinete Cardoso tenta novamente. Na pressa, pode, de fato, ter discado um número errado ao invés do correto. Na oitava vez, um homem de voz grossa se faz presente:

— Bom dia?

— Bom dia, meu amigo. Com quem falo, por favor?

— Com quem o senhor pretende, ilustre cavalheiro?

— Com o Durcaine do Jóquei Clube.

— Não, meu amigo. Aqui não é do Jóquei Clube. E nem tem essa pessoa com tal nome. Como é mesmo o patronímico que o senhor mencionou?

— Durcaine.

—  Realmente o senhor se enganou.

— O que funciona aí?

— O açougue do Barbosinha.

Alfinete Cardoso se espanta:

—  Meu Deus, não é possível. Açougue do Barbosinha?

— Sim senhor. Por que a estranheza?

— Por nada, desculpe.

Impaciente, a criatura parte para nova tentativa. Comprime as teclas pausadamente, objetivando não errar. Na segunda vez, atende uma criança:

—  Oi... quem é?

— Sou eu... é vovô?

Alfinete Cardoso apura o rosto num sorriso amarelo. Fala com certa ternura na voz:

— Como é seu nome, meu doce?

— O meu?

— Sim!

A menina, feliz da vida se debulha faceira num enorme contentamento:

— Você sabe, vô. É Lulu. 

— Lulu, que nome bonito. Mamãe está?

— Acho que está!

— Chama ela pro titio.

— É vovô?

— Não, não é o vovô.

— Quem é então?

— Chama sua mãe para o titio.

— É vovô. Vovô por que mudou a voz?

— Não mudei...

— Mudou sim, E você não é meu tio, é vovô. Pai da minha mãe. 

Alfinete Cardoso, irritado, pensa em desligar o telefone:

Todavia, desiste:

— Minha gatinha querida, chama a sua mamãe:

— Me dá um tempo. Vou espiar se ela está no troninho.

Alfinete Cardoso meio sem graça cai numa gargalhada repentina: 

— Era só o que me faltava...

Dois minutos depois a garota retorna à carga:

— Vô, a mãe não está.  

— Meu Deus! E quem ficou aí com você?

— A Ziguinha, vô. Você sabe. Por que pergunta se já sabe que é a Ziguinha e não a mamãe?

— Não sou seu avô, minha linda. E quem é a Ziguinha?

— Vovô, por acaso você bebeu?

Alfinete Cardoso começa a dar sinais de estar às portas de mandar aquela garotinha às favas e encerrar o papo furado: 

— Lulu, Luluzinha, pelo amor de Deus, me chama a sua mãe.

— Vô, ela não está. Serve a Ziguinha?

— Que seja. Pede para vir falar comigo.

— Você vai me comprar a nova bonequinha da Barbie? Ontem você prometeu... 

— Gracinha, já falei: não sou seu avô.

— É sim. Por que está mudando a voz? A mamãe pegou você no flagra beijando a Ziguinha... eu sei de tudo... 

— De tudo o que, como, Lulu?

— Vô, não cansa a minha beleza. A Ziguinha cantou a pedra pra mamãe... sou pequena, mas não sou besta. Mamãe está careca de saber que você tem um caso com a Ziguinha. Vai me dar a nova bonequinha da Barbie?  

Silêncio momentâneo:

— Ei, vô, tá me ouvindo?

A quietude continua...

— Vô... fala comigo... vôôôôôôô...

Alfinete Cardoso se encontra a poucos passos de explodir:

— Estou ouvindo.

— Vai me dar a bonequinha nova da Barbie?

— Se eu der você chama a sua mãe ou a tal da Ziguinha?

— Não. Mas passo o telefone para o meu tio Durcaine. Ele acabou de chegar do Jóquei Clube... 

Durcaine finalmente entra na linha. Sorri bonachão:

— Fala meu amigão Alfinete. Tudo azul?  

Alfinete Cardoso pálido, sem voz, atônito e espantado, interrompe imediatamente a comunicação.

Fonte:
Texto enviado pelo autor.

segunda-feira, 3 de abril de 2023

Vanice Zimmerman (Tela de Versos) 14

 

Silmar Böhrer (Croniquinha) 79

O trabalho dá a sobrevivência prazerosa, mas não podemos deixar de pensar que, se precisamos do mundo, o mundo também precisa de nós. A recíproca sempre foi verdadeira. Se cada um fizer a sua parte na cidade, no bairro, na sua casa, essa vida terá muito mais razão para existirmos. E o mundo será melhor para todos. Os custos serão pequenos, e os resultados, imensos. O comodismo prende, desafia, desarma. Em algum momento podemos ser empreendedores e não o somos. 

E a gente lembra Ralph Emerson: " Nós podemos mais do que fazemos ". 

Fonte:
Texto enviado pelo autor.

George Abrão (Os mandamentos da amizade)

1° NUNCA SE ESQUEÇA DE UM AMIGO

Pois se um dia você e ele afastarem, por mudança ou outras contingências, se a amizade for verdadeira, vocês sempre estarão juntos em espírito. Tenho alguns exemplos disso e vou citá-los: 

Em minha adolescência e juventude, minha amizade era muito grande com os irmãos Carlos Alberto de Almeida dos Santos Piedade e com seu irmão Walter Jorge. Eles foram morar em São Paulo e ficamos sem nos ver por quase cinquenta anos, um dia nos reencontramos pela Internet e pouco tempo depois pessoalmente, na minha Jaguariaíva, quando do lançamento de um dos meus livros. E foi como se nos tivéssemos visto no dia anterior.

O mesmo aconteceu com os meus amigos Enio de Almeida Faria, Rubens Roberto Blaszezyk e Luiz André Sartori, os quais, depois de também mais de quarenta anos, nos reencontramos também em Jaguariaíva e nossa amizade continuava igual.

Com os meus amigos Chiquinho Woitiski, João Euzebio Delgado Ferreira, Manoel Queiroz Leite, ainda não me reencontrei pessoalmente, mas em nossas conversas pela Internet é como se estivéssemos sempre juntos.

E assim com muitos outros, que peço desculpas por não nominá-los para não parecer repetitivo.

2° SEMPRE MANTENHA O SEU AMIGO E A ELE SEJA FIEL

Pois não existe amor mais puro nem mais sincero do que o amor entre amigos, é uma coisa divina, inexplicável.

3° A VERDADE É PRIMORDIAL ENTRE AMIGOS

Se a verdade não imperar sempre entre amigos, a amizade não existe realmente.

4° NUNCA DEIXE UMA AMIZADE ACABAR POR CAUSA DE FUTILIDADES 

Pois existem coisas que nunca deveriam terminar.

5° RESPEITE SEMPRE AS IDEIAS E O “JEITÃO DE SER DO SEU AMIGO

Pois seu estilo, gosto, ideologias, podem não ser os mesmo que os dele.

6° NÃO CONTE A PESSOA ALGUMA UM SEGREDO QUE LHE FOI CONFIADO PELO SEU AMIGO

Se for algo em que seu amigo está errado: repreenda-o, mas o elogie para as outras pessoas.

7° FAÇA TUDO O QUE FOR POSSÍVEL PARA AJUDAR O SEU AMIGO QUANDO ELE PRECISAR

Às vezes não conseguimos ajudá-lo efetivamente, mas um gesto de carinho, uma palavra, um momento de atenção, sempre ajudam.

8° TRATE O SEU AMIGO COMO TRATARIA UM SEU IRMÃO

Pois um irmão, muitas vezes, pode não ser seu amigo; mas um amigo, sempre será seu irmão.

9° SEMPRE E A QUALQUER HORA OU LUGAR, DÊ A MERECIDA ATENÇÃO AO SEU AMIGO

Atenda-o da mesma maneira que você gostaria que ele o atendesse sempre aos seus chamados, como você gostaria que ele atendesse aos seus.

10° NA MEDIDA DO POSSÍVEL, FAÇA SEMPRE O SEU AMIGO FELIZ

Pois de toda felicidade que você lhe der, a recíproca será certa.

POIS:
“Amigo é coisa pra se guardar, debaixo de sete chaves, dentro do coração” – Milton Nascimento

Fonte:
Ebook enviado pelo autor.
George Roberto Washington Abrão. Momentos – (Crônicas e Poemas de um gordo). Maringá/PR, 2017.