MARIA HELENA OLIVEIRA COSTA
Ponta Grossa/PR
O amor, atrás das vidraças,
num peito que não se cansa,
faz descerrar, quando passas,
as cortinas da esperança...
= = = = = =
Poema de
CRIS ANVAGO
Lisboa/ Portugal
Olhas
Inventas perfeições
Sonhos e fantasias
Moldas o rosto e o coração
Sonhas com as noites e os dias
Caminhas numa estrada repleta de flores
Desenhas amores e paixões
Juntas dois corações
Cantas a mesma melodia
Moldas com a imaginação
A pessoa ideal
Leal nas tuas convicções
Não pensas em mais nada
É claro, límpido como a água
Daquele rio com que sonhas
A mão na mão amada
Perfeição
Na imaginação
De um ser que inventas
A descoberta das imperfeições
acabam com o sonho perfeito
da realidade outrora idealizada!
= = = = = = = = = = = = = =
Trova de
ANTÔNIO M. CESTARI
Bragança Paulista/SP
A chuva, que habilidade,
varreu todo o meu jardim,
mas não levou a saudade
que habita dentro de mim.
= = = = = =
Poema de
CÉLIA EVARISTO
Lisboa/ Portugal
Quatro estações
No meu corpo nascem flores,
sou a primavera a renascer.
Num jardim sou as cores
nas quais acabas por te prender.
Sou o verão em que mergulhas,
todas os dias, ao amanhecer.
Sou o mar que te beija
e do teu corpo quer beber.
Sou o outono em cada árvore,
cujas folhas acabam por cair.
Sou estrela que te entrega
o seu modo de ser, o seu sorrir.
Ao fim do dia sou o inverno
e o frio percorre-me a alma.
O ar gélido que respiro
recebe o teu calor, doce calma.
Sou amiga do Sol e da Lua,
ambos me fazem companhia.
Acordo na mesma rua
em que mora a alegria.
Em cada estação sou eu mesma,
sou um pouco de tudo e de nada.
Sou menina, sou mulher,
sou a vida, eterna apaixonada.
= = = = = =
Trova de
CARLOS HENRIQUE DA SILVA ALVES
Senhor do Bonfim/BA
Bondade não nasce grande
mas cresce como os açudes:
– devagarinho se expande
nas pequenas atitudes...
= = = = = =
Poema de
CARLOS FERNANDO BONDOSO
Alcochete/Portugal
Ser
quero ser o não ser
para ter olhos e me ver morrer
tenho o encanto da vida
quero ter o poder da poesia
ouvir as ondas e o som da maresia
inundar a minha alma que se esvazia
é no mar que encontro a libertação
e vejo o equilíbrio do pensamento
tenho força nos meus silêncios
quando escrevo em solidão
a morte pode acontecer num momento de prazer
ainda hoje não sei como começar
talvez eu saiba acabar
vou em direção do Norte não tenho transporte
quero abrir a porta dos ventos para me libertar
de mistérios e seus enigmas
e ter esperança na visão dos meus caminhos
não tenho medo das chuvas dos temporais
nem de ventos tornados e furacões
a noite cai as estrelas dão luz à escuridão
tenho a força da tempestade dentro de mim
quero escrever sempre com os dedos da mão
e viver até ter alma para dizer que não
= = = = = = = = =
Trova de
PROFESSOR GARCIA
Caicó/ RN
Busquei no universo um dia,
uma resposta eficaz;
que transformasse a poesia
num hino de amor e paz!!!
= = = = = =
Poema de
ANTERO JERÓNIMO
Lisboa/ Portugal
Silêncio na voz
Há palavras com silêncio na voz
usadas e abusadas no gênero
como um qualquer artigo indefinido
mascaradas de transparência
fingem no seu ato de subserviência
Há palavras que carregam no ventre
o malfadado segredo do seu fado
desditosas, rebaixadas
logo irão nascer amordaçadas
que inventam esperança
em nome de um amor que tudo alcança
Há palavras órfãs, amarguradas
esperando ver luz na madrugada
irmãs da tristeza em laços de solidão
lágrimas reprimidas no silêncio da ilusão
Há palavras com silêncio na voz
necessitando abraçar forte a coragem
para gravar as passadas de uma nova viagem.
Há palavras com fome de dizer basta!
= = = = = =
Trova de
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/ RN, 1951 – 2013, Natal/ RN
A Lua, que a noite ronda
com o seu lindo clarão,
é a lamparina redonda
que ilumina o meu sertão!
= = = = = =
Soneto de
ALFREDO SANTOS MENDES
Lisboa/Portugal
Máscara
Por que se escondem vós, forças do mal?
Abandonai de vez vosso covil!
Por que escondeis o vosso rosto vil,
atrás de um rosto puro, angelical?
Já chega de prosápia assaz banal,
de tanto fingimento, vão, servil!
Há muito conhecemos vosso ardil,
p’ra tudo conseguirem no final!
Pois mal se apanham donos do poder…
Só querem seus discursos esquecer,
e não cumprir promessas propaladas!
E enquanto o Zé povinho vai sofrendo,
vós, tubarões, os bolsos vão enchendo,
sem nenhum preconceito, às descaradas!
= = = = = =
Trova Humorística de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/ RS, 1932 – 2013, São Paulo/ SP
Ao ser preso, o vigarista,
explica, muito matreiro:
- Sou apenas cientista,
faço "clones" de... dinheiro!
= = = = = =
Hino de
FLOR DA SERRA DO SUL/ PR
No encontro de três povos, um novo rumo foi buscado,
Gaúchos e catarinenses com paranaenses irmanados,
Foi com lutas e sacrifícios, palmo a palmo conquistado.
O solo fértil, num planalto cercado com pinheirais,
Com trabalho e justiça expandiu-se mais e mais
Flor da Serra, Flor da Serra, onde o céu é mais azul,
Flor da Serra no passado, hoje Flor da Serra do Sul.
E passados muitos anos, um brado forte ecoou,
Ser distrito era pouco e um plebiscito se criou,
Em dezoito de Junho de noventa, a assembleia aprovou,
Com anseio, com justiça, Flor da Serra emancipou,
Em vinte e dois de Dezembro, a bandeira levantou.
Nos braços do sudoeste, no querido Paraná,
Na rota do Mercosul, és a estrela a brilhar,
A ecologia, nossas culturas, belas fontes a brotar,
É celeiro de fartura, resplandece encantos mil,
Povo gentil e hospitaleiro que engrandece o Brasil.
= = = = = =
Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/ SP
Os meus desejos de agora,
juntei-os, pus no correio:
(destino, Natais de outrora),
mas a resposta não veio
= = = = = =
Soneto de
LUIS VAZ DE CAMÕES
Coimbra/Portugal, 1524 – 1580, Lisboa/Portugal
Soneto 125
Este amor que vos tenho, limpo e puro,
de pensamento vil nunca tocado,
em minha tenra idade começado,
tê-lo dentro nesta alma só procuro.
De haver nele mudança estou seguro,
sem temer nenhum caso ou duro Fado,
nem o supremo bem ou baixo estado,
nem o tempo presente nem futuro.
A bonina e a flor asinha passa;
tudo por terra o Inverno e Estio
deita, só para meu amor é sempre Maio.
Mas ver-vos para mim, Senhora, escassa,
e que essa ingratidão tudo me enjeita,
traz este meu amor sempre em desmaio.
= = = = = = = = =
Trova de
CYNIRA ANTUNES DE MOURA
Santos/SP
Mãos macias ou calosas...
mas pouco importa a estrutura,
quando num gesto bondosas,
suavizam a desventura!
= = = = = = = = =
Poema do Folclore Brasileiro de
CHICO RIBEIRO
Negrinho do Pastoreio
A mão da noite fechara
a porta grande do dia,
era noite e dentro dela
a tempestade rugia...
O vento! Como ventava!
A chuva! Como chovia!
O trovão de boca aberta!
O raio, de quando em quando,
Soltando-se do trovão,
corria dentro da noite,
cortando em riscos de fogo
o seio da escuridão!
Ia fundo a tempestade:
O vento ventando mais,
a chuva chovendo mais.
E o Negrinho, como a ronda,
dentro da noite perdido!...
A tempestade crescendo,
cada vez roncando mais!...
E o Negrinho acocorado
entre as macegas, ouvindo,
ouvindo, vendo e sentindo,
o bate-bate da chuva,
o martelar do trovão.
E o raio...com que violência
cortava o raio a amplidão!...
E o Negrinho ouvindo tudo!
Tudo lhe vem aos ouvidos,
enche-lhe a vista, os sentidos,
menos o passo da ronda,
que lhe confiara o -Sinhô-,
a ronda que a tempestade
de vento e chuva espalhou...
A tempestade crescendo,
cada vez roncando mais!...
Depois, depois ... oh! Senhor!
Depois que tudo acabou,
que a chuva não mais choveu,
que o vento não mais ventou
e o raio se terminou
porque o trovão se calou.
E o Negrinho também!
A não ser pelos milagres,
pelo bem que ele nos presta
quando se perde um tareco,
ninguém mais dentro do mundo
no vão dos dias, das noites,
acompanhado ou sozinho,
conseguiu botar os olhos,
PODE ENCONTRAR O NEGRINHO!
= = = = = = = = =
Nenhum comentário:
Postar um comentário