JOSÉ FABIANO
Uberaba/MG, 1928 – 2020, Portugal
– Perdão! Perdi a cabeça...
E a esposa assim retrucou:
– Tudo bem, não se aborreça...
Azar é de quem a achou!
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Poema do Folclore Brasileiro de
JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/PR
Pena Branca
Nas brisas do campo, um canto a soar,
Pena Branca, espírito que vem a guiar,
com plumas de luz, traz calma e amor,
protege os perdidos, alivia a dor.
Seu sussurro é doce, como a brisa a passar,
Nas trilhas da vida, um farol iluminando,
em cada amanhecer, um novo despertar,
que ensina ao viajante a seguir caminhando.
É a voz da esperança, o eco da paz,
e no toque gentil, o conforto a chegar,
com ele, o coração se aquieta e se faz,
Pena Branca, ser que nos ajuda a amar.
Na dança do tempo, um bálsamo a trazer,
com sua presença, a alma a renascer.
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Trova de
EDNA DE CASTRO
Pouso Alegre/MG
Todos nós temos na vida,
quer seja agitada ou mansa,
a doce, a terna guarida,
onde se abriga a esperança!
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Poema de
RUDYARD KIPLING
Bombain/Ìndia, 1865 – 1936, Londres/Inglaterra
Se
Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires;
De sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores;
Se, encontrando a desgraça e o triunfo, conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: “Persiste!”;
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E – o que mais – tu serás um Homem, ó meu filho!
(Tradução de Guilherme de Almeida)
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Trova de
RODOLPHO ABBUD
Nova Friburgo/RJ, 1926 – 2013
Ao hospício conduziu
a mulher para internar...
Feito o exame, ela saiu,
e ele teve que ficar!…
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Poema de
EDUARDA CHIOTE
Bragança/ Portugal
A Infância: Esse vazio
Não é por já saber voltar as páginas do livro
ou levar a colher à boca
que distingo, do vazio, o sobressalto.
Às vezes penso que nasces das torneiras,
e então, cúmplice dessa facilidade,
ponho-me a rodopiar
como se de água em água, meu corpo de água
em água se afogasse.
Censuras fria, docemente. Não sabes, da alegria,
o lado indiscreto da tristeza,
nem o quanto afeta
a polidez que a indiferença passa.
Entre o pesadelo de
não apareceres e o receio de partires,
onde tão atroz infelicidade?
Nenhuma previsão me é possível,
só pelo naufrágio vences
a prisão de culpas e desastres.
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Trova de
PROFESSOR GARCIA
Caicó/ RN
Deus - pintor da natureza,
usando a tinta mais viva:
pinta o céu, de azul-turquesa
e os mares, de verde-oliva!
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Soneto de
RAUL DE LEONI
Petrópolis/RJ, 1895-1926
Argila
Nascemos um para o outro, dessa argila
De que são feitas as criaturas raras;
Tens legendas pagãs nas carnes claras
E eu tenho a alma dos faunos na pupila…
Às belezas heroicas te comparas
E em mim a luz olímpica cintila,
Gritam em nós todas as nobres taras
Daquela Grécia esplêndida e tranquila…
É tanta a glória que nos encaminha
Em nosso amor de seleção, profundo,
Que (ouço ao longe o oráculo de Elêusis)
Se um dia eu fosse teu e fosses minha,
O nosso amor conceberia um mundo
E do teu ventre nasceriam deuses…
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Trova de
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/ RN, 1951 – 2013, Natal/ RN
A vida escreve-me enredos
com finais que eu abomino.
Meus sonhos viram brinquedos
nas mãos cruéis do destino…
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Poema de
HILDA HILST
São Paulo/SP, 1930 – 2004, Campinas/SP
Passeio
De um exílio passado entre a montanha e a ilha
Vendo o não ser da rocha e a extensão da praia.
De um esperar contínuo de navios e quilhas
Revendo a morte e o nascimento de umas vagas.
De assim tocar as coisas minuciosa e lenta
E nem mesmo na dor chegar a compreendê-las.
De saber o cavalo na montanha. E reclusa
Traduzir a dimensão aérea do seu flanco.
De amar como quem morre o que se fez poeta
E entender tão pouco seu corpo sob a pedra.
E de ter visto um dia uma criança velha
Cantando uma canção, desesperando,
É que não sei de mim. Corpo de terra.
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/ RS, 1932 – 2013, São Paulo/ SP
Coração não tem idade
quando vive de lembrança;
se a lembrança tem saudade,
faz, da saudade, "esperança''!
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Hino de
MARIPÁ/ PR
Terra fértil de grande cultivo
Traz riqueza e conforto sem par
Liberdade, esperança, incentivo,
Aos teus filhos com fé vais legar
A coragem dos pioneiros valentes,
Que investiram neste sertão
Este povo plantou a semente
Germinou e floriu este chão
Maripá, Maripá, sempre frente !
Teu futuro será promissor
O progresso com força crescente
A este solo trará mais valor
Cidade das orquídeas é chamada
Flores que enfeitam as avenidas
A natureza amada e respeitada
Por teu povo que cultiva a vida
Com orgulho tua gente honraremos
Ó querida e feliz Maripá
Sob as bênçãos de Deus seguiremos
A exaltar este bom Paraná
Maripá, Maripá, sempre frente !
Teu futuro será promissor
O progresso com força crescente
A este solo trará mais valor
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Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/ SP
Este meu andar sisudo,
que modela a caminhada
já retrata quase tudo
que a vida transforma em nada!
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Poema de
EUGÉNIO DE ANDRADE
Fundão/ Portugal, 1923 – 2005, Porto/ Portugal
Passamos pelas coisas sem ver
Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.
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Trova de
HILDEMAR ARAÚJO COSTA
Salvador/BA (1932 – ????)
Nem toda a árvore caída
se iguala depois do corte:
– faz uma o berço da vida,
faz outra, o caixão da morte.
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